Fazer sofrer: os caminhos da governamentalidade pelas narrativas da dor e diagnósticos de depressão na Encosta da Serra, RS

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Neste trabalho busco analisar como a produção do sofrimento enquanto um estado corporal passível de clínica médica permite a produção cotidiana de governamentalidade. Para tanto, parto de minha pesquisa de campo realizada em uma comunidade de alemães da região da Encosta da Serra, RS. Nele, pude acompanhar as consultas médicas e as visitas de agentes comunitárias de saúde da equipe de uma Unidade Saúde da Família. Durante as consultas, o diagnóstico mais comum era o de depressão, “nossa maior epidemia” segundo o médico da unidade. Contudo, no decorrer da pesquisa, percebi que entre moradoras e moradores aquilo que era chamado de depressão pela clínica médica se transformava em narrativas ético-morais sobre se judiar no trabalho, narrativas da dor que formavam e informavam sobre laços afetivos, parentes, família, casa, passado e o próprio lugar da comunidade. Minha aposta, então, é que a produção do sofrimento enquanto estado clínico permitia a produção correlata de governo, na proliferação de casos de depressão que eram medicalizados e mapeados pela equipe de saúde da família. Neste sentido, a governamentalidade era atual, e sua produção era correlata com o lugar formado pelas narrativas da dor, formando igualmente um lugar de governo.
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