Felipe Neto faz sentido ? Modos narcísicos de aparecer em dois canais no YouTube

May 30, 2017 | Autor: Tiago Salgado | Categoria: Media Studies, Social Media, Youtube
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Felipe Neto faz sentido ? Modos narcísicos de aparecer em dois canais no YouTube Tiago Barcelos Pereira Salgado1 Laura Baptista da Silva2

Resumo Ao aparecerem frente a diferentes audiências, como em um espetáculo de si mesmas, os sujeitos contemporâneos conquistam visibilidade e cativam diferentes seguidores. Do anonimato para a notoriedade, as subjetividades, outrora introdirigidas, apoiam-se nos media como sustentadores da espetacularização de pessoas ordinárias. No artigo, buscamos evidenciar o modo como as subjetividades tem se configurado na atualidade, centrando-nos no narcisismo como uma característica própria de sujeitos que se colocam frente ao olhar alheio em busca de reconhecimento e legitimação para suas práticas exibicionistas. Dentro desse contexto, procedemos a análise de dois canais de Felipe Neto no YouTube, que nos dão a ver um comportamento exteriorizado e fortemente alicerçado em uma imagem que visa produzir sentido sobre si mesma. Palavras-chave: aparência; espetáculo; Felipe Neto; narcisismo; YouTube.

Introdução

É o seguinte: cê gosta de ter um rosto? É... um rosto... rosto... Eu sei que eu gosto muito de ter meu rosto, afinal eu uso o meu rosto pra muita coisa. Pra comer, pra respirar, pra tirar foto, pra satisfazer meu ego. Você também deve gostar muito do seu rosto, nem que seja para tirar foto fazendo beiço de puta... de pato... de pato... Pois é... mas tem um menino chamado Oziel que não pode compartilhar da alegria de ter um rosto que nem a gente. (NETO, 2012).

Abrimos o nosso artigo com um trecho da fala de Felipe Neto no vídeo “Ajude Oziel”, postado no canal “Não Faz Sentido!” do YouTube no dia 19 de abril de 2012, para problematizarmos a maneira como as subjetividades tem se produzido contemporaneamente. Nesse sentido, o fragmento acima nos serve como ponto de partida para pensarmos os modos como os sujeitos sociais tem se apresentado perante múltiplos olhares em busca de reconhecimento. Acreditamos que o comportamento exibicionista desses sujeitos, que clamam por atenção e legitimação, é guiado por um tom narcisista, em que a associação com

1

Mestrando pelo Programa de Pós -Graduação em Comunicação Social da UFMG. Integrante do grupo de Pesquisa Poéticas da Experiência – subgrupo Performances (UFMG). Bolsista do CNPq-Brasil. 2 Especialista em Imagem e Culturas Midiáticas pela UFMG.

os media, bem como a visibilidade implicada nos próprios meios, possibilitam a produção de sentido sobre si mesmos. Felipe Neto nasceu em 1988 na cidade do Rio de Janeiro. Durante a adolescência, fez cursos de teatro e atuou como ator amador em alguns espetáculos teatrais. Em abril de 2010, com 22 anos, ele criou o seu primeiro canal no YouTube, o “Não Faz Sentido!”.3 Em maio do mesmo ano, Neto inaugurou o seu segundo canal, o “Vlog do Felipe Neto”.4 O primeiro canal aborda temas da atualidade e remete críticas a comportamentos e atitudes de artistas e da população em geral. O segundo canal, por sua vez, nomeia-se vlog5 e destaca aspectos pessoais da vida de Neto, bem como um making-of do primeiro canal. Os vídeos ganharam notoriedade e são alguns dos mais acessados no YouTube. Em função do sucesso dos vídeos e dos temas abordados, que reverberam em outros ambientes midiáticos, tais como: Facebook, Orkut, Twitter, entre outras redes sociais online e off-line, Felipe Neto recebeu o convite para participar de programas televisivos. Ao longo dos anos, atuou em diversas campanhas publicitárias para diferentes clientes. Atualmente, ele tem se dedicado, preferencialmente, à “Parafernalha”, produtora e canal de humor no YouTube. (FELIPE NETO TEAM, 2012; WIKIPÉDIA, 2011). A passagem do vídeo de Neto citada na abertura nos conduz a refletirmos sobre a importância do rosto nos processos comunicativos, entendidos aqui, como práticas sociais em que sujeitos se encontram em interação (simbólica), ou seja, uns em relação para com os outros por meio da linguagem (verbal ou não). O rosto, como podemos perceber, assume relevância no modo de se expressar e se exibir frente a outrem em função de revelar, por meio da linguagem, aquilo que visa comunicar. “O rosto é, sobretudo, paixão por revelação, paixão 3

Disponível em: Acesso em: 25 jul. 2012. Disponível em: Acesso em: 25 jul. 2012. 5 A nomenclatura faz menção aos blogs em forma de vídeo que são postados na web. O termo blog nomeia uma prática de exposição da intimidade que remonta aos diários íntimos, redigidos por seus donos, aos quais somente eles teriam acesso. Em forma de pequenos textos, chamados de posts, os usuários podem dar a ver na web um relato individual de suas vidas cotidianas e que chama a curiosidade de outros em função do “segredo” que conteriam, bem como do caráter de confissão e desabafo (SIBILIA, 2008a). Dessa maneira, os vlogs podem ser compreendidos como diários virtuais em vídeo. 4

por linguagem.” (AGAMBEN, 2000, p. 92, grifo do autor, tradução nossa). É por meio dele, como sustenta Agamben (2000) que rompemos com a incomunicabilidade, uma vez que ele é, em si, a “revelação da própria linguagem”, “unicamente comunicabilidade”. O rosto, podemos afirmar, é um dispositivo de visibilidade por excelência, pois ordena e confere sentido àquilo que é expresso – não necessariamente como uma anterioridade que se pretende comunicar, mas também como sentidos partilhados durante o processo. Para além de sua dimensão fisiológica, em que o rosto propicia aos seres humanos respirarem e se alimentarem – como enfatiza Neto no trecho destacado – ou sua dimensão biológica, em que podemos constatar aspectos físicos que nos permitem descrever um indivíduo, tais como características que lhes são próprias, como idade, etnia e sexo; o rosto também expressa desejos e estados emocionais (alegria, tristeza, raiva, tédio etc.) (CAMARGOS; MENDONÇA; DUARTE,

2009).

Podemos concordar e acrescentar

juntamente com os autores que o rosto, como também todo o corpo, ou pelo menos a ideia que se tem deles, é um constructo histórico, social, cultural e individual. Na cultura ocidental, por exemplo, os “padrões de beleza” se diferenciam daqueles próprios à cultura oriental. Atestamos, ainda, que os sujeitos se apropriam do corpo à sua maneira, como evidenciam os diferentes usos do corpo por travestis, transexuais, transformistas e drag queens. No vídeo “Ajude Oziel”, que fizemos menção, percebemos a importância do rosto na performance social dos agentes, ou seja, no modo como aparecem para outras pessoas em diferentes situações (GOFFMAN, 1956). Felipe Neto declara que o rosto serve para muitas coisas, dentre as quais ele destaca a satisfação do ego. O rosto lhe permite ser alguém e aparecer para muitos. A ausência de um rosto, seja em função de uma doença que implica a remoção de parte do tecido facial, por exemplo, como no caso de Oziel, supracitado no vídeo, seria o fim da felicidade, como destaca Felipe. Seria, ainda, o apagamento ou a remoção da identidade dos sujeitos. Desse modo, como ser reconhecido, notado e apreciado sem um

rosto? Sem um rosto não se é alguém, não se pode aparecer, pois o sentimento do outro, ao invés de ser contemplativo, torna-se repulsivo. Dentro desse horizonte temático que buscamos delimitar, então, como olhar para a performance dos agentes sociais nos media? Em outras palavras, como apreender um comportamento exibicionista de sujeitos ordinários (GOFFMAN, 1956; SIBILIA, 2010) que se apresentam cotidianamente a diferentes olhares em função da visibilidade implicada nos media? Com a finalidade de respondermos a tal questão, recorremos ao narcisismo como um operador consistente e adequado para compreendermos esse tipo de conduta que se coloca entre aquele que realiza a ação e aqueles aos quais ela se endereça.

Apresentando Narciso

O mito de Narciso é uma das principais referências utilizadas para a compreensão de um tipo de comportamento que se volta para si mesmo, que reivindica sua posição no mundo a partir de seu próprio ponto de vista, de sua própria ação frente aos outros. Recorremos, assim, à narrativa mítica para ampliarmos as possibilidades de entendimento dessas modalidades flexíveis e abertas de ser e estar no mundo (SIBILIA, 2008a) que se ordenam segundo as lógicas atuais do mercado e dos media. Narciso (auto-admirador, em grego), filho do deus do rio Césifo e da ninfa Liríope, teria uma vida longa se não contemplasse a si mesmo. Quando adulto, o belo homem foi admirado por várias moças e ninfas que se apaixonaram por ele. Inconformadas com o amor não correspondido, as pretendentes rogam aos deuses para vingá-las e são atendidas por Nêmisis. Em um dia muito quente de caça, a deusa da vingança induz Narciso a debruçar-se numa fonte para saciar a sede. Ao apoiar-se para beber água, o jovem vê seu rosto refletido na

fonte e apaixona-se pela própria imagem. Imóvel durante a contemplação, o belo jovem morre e, no lugar, nasce uma flor frágil e de vida curta de singela beleza. (KURY, 2008). O narcisismo, comumente associado à vaidade, tem sido estudado pela psicanálise. Em seu texto mais recorrente sobre o tema, Freud (2010) pontua o lugar ocupado pelo narcisismo no desenvolvimento sexual, bem como as questões problemáticas que permeiam as relações entre o ego e os objetos externos. Ao remontar aos estudos de Paul Näcke, realizados em 1899, o neurologista austríaco esclarece-nos que o conceito descreve a atitude de uma pessoa que trata o próprio corpo da mesma maneira como lida com o objeto sexual. Por essa perspectiva, o corpo adquire a posição de objeto sexual prazeroso, ou seja, o prazer é propiciado pelo próprio corpo. Muitas vezes tomado como patologia, o narcisismo se desenvolve em função de desvios de interesse pelo mundo externo, ou seja, pelas pessoas e as coisas. O narcisista, nesse sentido, interessa-se por si mesmo, como enfatiza o mito de Narciso. A libido, afastada do mundo exterior, é conduzida para o ego, dando margem a uma atitude que pode ser nomeada de narcisismo.6 Voltando sua energia sexual para si mesmo, o indivíduo, portanto, ama a si mesmo, deixando de amar o próximo (como a si mesmo) (FREUD, 2010). Para além do amor próprio, Lasch (1983) argumenta que o narcisismo desenvolve-se como uma defesa pessoal contra impulsos agressivos, o que, em certa medida, aproxima-se à distinção feita por Freud (2010) a respeito do narcisismo primário e do narcisismo secundário. A discussão é ampla e exaustiva, não cabendo aqui priorizá-la. Em decorrência disso, tendo em vista a abordagem comunicativa que pretendemos, procuramos ressaltar, segundo a proposição de Lasch (1983), que a proliferação de imagens, como também mudanças na vida familiar e nos padrões variáveis de socialização acentuam o caráter narcisista dos sujeitos sociais. Fromm citado por Lasch (1983) observa que Freud, em 1922, afirma que o “id” deve ser reconhecido como o maior reservatório da libido e não o “ego”. 6

Ao ver o mundo como um “espelho do eu”, a personalidade narcísica de nossos dias ancora-se na autopromoção e investe na aparência como recursos estratégicos que visam cativar os olhares alheios que miram o “show do eu” (LASCH, 1983, SIBILIA, 2008b, 2010).7 A produção de espetáculos de si mesmo, podemos pensar, direciona os holofotes para o protagonista da performance social, o eu, visando iluminar partes da vida íntima que outrora estavam relegadas à penumbra, à sombra, à intimidade, beirando os limites não mais tão precisos e estanques da publicidade e da privacidade totais. Nesse “mercado de personalidades”, em que a própria vida, se torna uma mercadoria pronta para o consumo, a imagem pessoal adquire o principal valor de troca (SIBILIA, 2008b). Imagens que se aglomeram conjuntamente nas telas de vidro e que passam a mediar as relações sociais, perpassadas, prioritariamente na atualidade, pelos media. Ao deslocarem o eixo de dentro de si para tudo aquilo que pode ser visto, admirado e contemplado pelos outros, as subjetividades podem forjar-se exteriormente, migrando de um caráter introdiridigo para um caráter alterdirigido. Produzindo-se como “eus visíveis” e “eus espetaculares” (SIBILIA, 2008a), então, as personalidades narcísicas deixam que os outros vejam aquilo que mostram, de modo que, para existirem, precisam ser vistas. Se o advento dos meios de comunicação e informação nas sociedades contemporâneas tem tornado frequente a exposição de pessoas comuns nos media, que tipo de espetáculo temos assistido? De que maneira os múltiplos olhares importam a fim de que sejam tão solicitados? Como Narciso pode sair do anonimato sem deixar de ser autêntico e amado por muitos? Como as imagens de Narciso refletidas nas telas de vidro dizem de uma cena própria ao nosso tempo?

A respeito do termo “personalidade”, Lasch (1983) fundamenta-se em Durkheim, para quem a nomenclatura designa o indivíduo socializado. Por essa vertente sociológica, compreendemos, juntamente com os teóricos, que a família, a escola, bem como outras instituições que atuam na formação do caráter do s indivíduos, operam um “processo de socialização” que altera a natureza humana para que ela se sujeite às normas sociais em vigência. No caso preciso de nosso artigo, consideramos a mídia como instituição social, não hegemônica, que regula as posições sociais dos sujeitos de acordo com a cultura. 7

Entre o espetáculo midiático e o espetáculo do comum

Ao pensar sobre “as personalidades narcisistas dos nossos dias”, Lasch (1983) aponta que a existência de um olho que tudo vê não surpreende e respondemos aos outros como se nossas atitudes estivessem sendo vistas e registradas a todo momento. É uma visão narcísica, “que vê o mundo como um espelho de si mesmo e não se interessa por eventos externos, a não ser que devolvam um reflexo de sua própria imagem” (LASCH, 1983, p. 73). Na atual espetacularização da vida, a pessoa narcisista busca por audiências que a admirem, que validem sua posição, como pontua Primo (2010), ao retomar as considerações de Lasch (1983): “Já o narcisista entende que o mundo é um espelho, no qual busca reafirmação constante. O homem narcísico não busca impor seus pontos de vista aos outros, mas procura incansavelmente sentido para sua vida.” (PRIMO, 2010, p. 161). Em meio ao fluxo de imagens que proliferam atualmente, Lasch (1983) aponta que estamos imersos em uma “sociedade do espetáculo”, focada na reprodução mecânica da cultura e na proliferação de imagens intrínsecas ao nosso mundo e diretamente ligadas a nossas experiências. O termo “espetáculo” remonta às formulações de Guy Debord (1997) e é retomado por Sibilia (2008a) e Bruno e Pedro (2004) para refletir sobre o “espetáculo midiático” e o “espetáculo do comum”. Sibilia (2008a) considera que o espetáculo tornou-se o nosso modo de vida e visão de mundo, estando diretamente relacionado ao modo como nos organizamos socialmente. Neste contexto espetacular, em que as relações sociais passam a ser mediadas, preferencialmente, pelas imagens (DEBORD, 1997), as dimensões interativa e visual se encontram ressaltadas. As ferramentas propostas pelas tecnologias se oferecem, assim, como recursos estratégicos aos quais os sujeitos recorrem para atuar nas novas demandas culturais da “sociedade do espetáculo”, em que se é o que se vê. Dito de outra maneira, os recursos comunicacionais e

informacionais,

como

o

YouTube,

possibilitam aos

sujeitos

atuarem na

sociedade

contemporânea ao se colocarem frente a múltiplos espectadores, que não apenas observam, como também espiam vidas alheias. A respeito desta visibilidade midiatizada, ou seja, fortemente marcada pela presença dos media, Bruno e Pedro (2004) levantam a questão que hoje os indivíduos vivem em vigilância quase que contínua e são acompanhados a todo o momento. Os dispositivos de visibilidade, podemos afirmar, integram a tendência da sociedade atual em focar, ajustar e mirar as câmeras para os indivíduos comuns, procurando registrar, arquivar e documentar flagrantes de situações cotidianas e triviais. Os outrora anônimos passam a ter o seu dia a dia sob o domínio dos media. Há um regime de visibilidade operado pelos meios que confere notoriedade e coloca em evidência a vida cotidiana, elevada à potência de espetacularização do ordinário. Nesse sentido, concordamos com Bruno (2004) a respeito da impossibilidade de separar subjetividade e visibilidade.

Ambas são

indissolúveis pois estão

fortemente

integradas. Ao recorrer a Foucault, em “Vigiar e Punir”, a pesquisadora compreende que o modo como os indivíduos constituem a si próprios e modulam a identidade se dá em relação ao olhar dos outros. O olhar alheio, dessa maneira, “deve constituir um olhar sobre si, deve abrir todo um outro campo de visibilidade que se situa agora no interior do próprio indivíduo e que deve ser ‘observado’ por ele mesmo.” (BRUNO, 2004, p. 112). Na mesma vertente, as problematizações de David Lyon (2010) a respeito das motivações pelas quais as pessoas permitem que outros as observem nos auxiliam a complementar as reflexões acerca do desejo de olhar e ser olhado. Ao retomar o modelo panóptico proposto por Jeremy Bentham e discutido por Foucault, em que poucos observam muitos, bem como o modelo sinóptico trabalhado por Thomas Mathiesen, em que muitos

observam poucos, Lyon (2010) reforça que ambos os processos são simultâneos e que dependem cada vez mais de tecnologias de comunicação eletrônica. Destacando que estamos em uma “cultura da observação” (MEYROWUTZ apud LYON, 2010) ou em uma “sociedade espectadora” (viewer society) (MATHIESEN apud LYON, 2010), o pesquisador argumenta que “quanto mais se pode ver, mais queremos ver” (LYON, 2010, p. 135). Haveria, desse modo, um prazer em ver a si mesmo e ser visto por outros. Segundo o autor, a internet opera nesse meio, apresentando processos sinópticopanópticos paralelos e, podemos acrescentar, o processo de “holoptismo”, em que muitos veem muitos (BRUNS, 2008). O desejo pela observação ou amor pelo olhar tem sido tratado por teóricos do cinema, como Christian Metz citada por Lyon (2010), enquanto “escopofilia”.

O termo tem sua

origem nas teorias psicanalíticas de Freud e Lacan, pensadores que se voltam para “a observação da experiência da infância como determinantes para o desenvolvimento de um sentido de “eu” (self)” (LYON, 2010, p. 133) e reconsiderações sobre o narcisismo. A “escopofilia” se refere, portanto, ao quão essencial para a formação da identidade é a capacidade de olhar e de ver a nós mesmos como os outros nos veem. O olhar alheio, nesse sentido, valida-nos como sujeitos e integra a nossa própria identidade, uma vez que nos portamos frente aos outros aos modos como pensamos que eles nos observam. O querer mostra-se e, ao mesmo tempo, o querer ser visto se justificam, também, segundo Lyon (2010), em função do gosto próprio em ser observado como, ainda, pelo benefício que os performers recebem em troca de se exporem. A recompensa da exibição estaria, assim, em receber o status de celebridade, pessoa famosa e, no caso de Felipe Neto, seguida por uma legião de fãs que acompanham os relatos pessoais do ídolo ou por usuários com vontade de saber e espiar vidas alheias.

Semelhantemente, Sibilia (2008a) nos esclarece que a profusão de diferentes telas expandem o campo de visibilidade em que os atores sociais podem se construir enquanto subjetividades alterdirigidas, que se estruturam a partir do próprio corpo. Do próprio rosto, enfatizamos. Essa autoconstrução, ao recorrer aos recursos audiovisuais disponíveis pelos media, atrela-se à lógica da visibilidade e exteriorização do eu, de modo que, em termos foucaultianos, a vontade de falar e aparecer vai de encontro à finalidade de “saciar os vorazes dispositivos que têm “vontade de saber”” (SIBILIA, 2008a, p. 77). A visibilidade do comum, segundo tais perspectivas, expande-se com o advento e aprimoramento de tecnologias de comunicação e informação, dentre as quais a web pode ser apreendida como um ambiente midiático propício para a difusão do que antes estava relegado ao âmbito privado da vida. Nesse sentido, os blogs, fotologs e vlogs se apresentam como loci oportunos em que as subjetividades e identidades são forjadas, não mais voltadas para o interior e sim para o exterior (BRUNO; PEDRO, 2004, BRUNO, 2006, SIBILIA, 2008a). Ao tomarmos os vlogs de Neto no YouTube, compreendemos que a conquista de diferentes audiências, evidenciadas pelos dados estatísticos disponibilizados gratuitamente pelo site para cada um dos vídeos de Neto, salienta o comportamento exibicionista de um performer – aquele que realiza uma ação com influência frente aos outros (GOFFMAN, 1956) – posto em cena. No intuito de estabelecer um diálogo com o outro, ou vários outros, Felipe decide ligar a sua câmera, utilizando o próprio quarto como cenário. De mera ferramenta, o aparelho adquire a dimensão de janela para o mundo, em que o agente pode se dar a ver, falando o que pensa e opinando sobre temas gerais, que em sua maioria se aproximam dos interesses dos grupos que se formam em seu entorno, interessados ou não naquilo que é disponibilizado pela interface, como notamos no seguinte trecho do vídeo “Desabafo e coisas da madrugada”:

Olá. É... São cinco e três da manhã nesse exato momento... de uma... terça-feira. Eu estou sem nada pra fazer, absolutamente sem nada pra fazer. E eu decidi ligar minha câmera porque... eu gosto de falar com vocês. Mesmo que isso signifique na verdade falar com a minha câmera... o que é muito esquizofrênico, mas eu gosto. (NETO, 2010).

Duas faces colocadas uma frente a outra, ou melhor, a face do performer posta frente às faces das audiências. Uma sobreposição de rostos que se assemelham em função de interesses comuns partilhados durante o acesso e exibição do material audiovisual, ainda que o interesse seja apenas em assistir a um ou mais vídeos de Neto. Dessa maneira, os registros de usuários comuns são operados por webcams ou câmeras de vídeo e dispostos no YouTube, que se apresenta como uma vitrine para exibicionistas e para o consumo de vidas alheias. O protagonista, então, é o próprio usuário, também produtor de conteúdo e não apenas consumidor dele. Os anônimos são vistos da forma que desejam, ou seja, do modo como se permitem aparecer. Se antes eles necessitavam dos meios de massa tradicionais (jornal, revista, rádio e televisão) para estarem nos media, agora eles precisam apenas de uma câmera e da disponibilização do conteúdo na web. Em uma sociedade midiatizada, a exposição contínua da vida íntima se soma à relação dos indivíduos com as imagens e se integra ao espetáculo dos comuns. Os usuários formatam, a partir das ferramentas disponibilizadas, seu próprio eu na visibilidade conferida pelas telas. Nesse sentido, a exposição de si em ambientes midiáticos requer do outro o seu olhar, a fim de que aquilo que é mostrado seja legitimado. Olhar que deixa de operar apenas pela vigilância e que passa a interpretar e produzir sentido sobre aquilo que observa. Fazer-se visível, portanto, se torna uma condição necessária ao reconhecimento pelo outro. As premissas de onde o eu passa a ser edificado, como destaca Sibilia (2008a), encontram-se alteradas, uma vez que as chances dos usuários se exibirem para diferentes audiências foram ampliadas. Logo, a possibilidade de ascender à visibilidade proporcionada pelos media desloca as subjetividades interiorizadas para outras formas de autoconstrução:

Na atual sociedade do espetáculo, [...], se quisermos ‘ser alguém’, temos que exibir permanentemente aquilo que supostamente somos... [...] Esses são os valores que têm se desenvolvido intensamente nos últimos tempos, uma época na qual, por diversos motivos, se enfraqueceram as nossas crenças em tudo aquilo que não se v ê, em tudo aquilo que permanece oculto. (SIBILIA, 2009, p. 11).

As diversas práticas confessionais na web, por meio de blogs, fotologs e vlogs, testificam a questão levantada por Sibilia (2009) sobre o “ser alguém”. Ao evidenciarem narrativas de si que recorrem a uma intimidade inventada, tais práticas trazem o espetáculo para perto de si mesmo. Assim, com a exibição de seus diários online, os usuários conquistam e comandam sua própria aparência, fomentando a vontade das audiências em bisbilhotarem e consumirem a vida do próximo. Dentro desse modo como a sociedade tem se configurado contemporaneamente, o filósofo canadense Charles Taylor (2010) situa, de modo particular, uma “cultura da autenticidade”. Trata-se de uma compreensão da vida em que cada um de nós possui sua própria maneira de realizar a humanidade, em que o importante é encontrar a si próprio e viver a partir de si mesmo. Historicamente, o pensador pontua que a “autoexpressão” e a “autorrealização” remontam ao modo de se compreender a vida que emerge com o expressionismo romântico do século XVIII e que tem sua dimensão individualista acentuada no período após a Segunda Guerra Mundial. A crítica do teórico não se dirige à autenticidade em si, mas ao modo como ela é constituída como valor nas sociedades atuais, ou seja, não como um mote à geração de vínculos ou à formação de comunidade, mas como fator de “autocentramento”, voluntarismo e uma “lei do vale tudo”. Nesse sentido, concordamos com os argumentos do autor a respeito de um modo próprio dos indivíduos de realizarem suas vidas, que são relativizados por ele mesmo quando acrescenta que “cada indivíduo ou pequeno grupo age por si mesmo, mas consciente de que sua exibição diz algo para os demais, [recebendo] uma resposta da parte deles, [ajudando] a construir um modo ou tom comum que matizará as ações de cada um.”

(TAYLOR, 2010, p. 565, parênteses nosso). Isso nos permite adicionar que Narciso não seria ninguém se não se mostrasse aos outros. Ser autêntico, de acordo com essa formulação teórica, diz de ser si mesmo sem abrir mão do outro, justamente porque somos sujeitos sociais, constituídos em relação, em que comportamentos são moldados e sentidos são reordenados ao longo do processo interacional. Enquanto Taylor (2010) busca pensar um eu (self) que se expande e tenta se libertar de suas próprias amarras e da conformação a modelos impostos sobre si mesmo pela sociedade, Lasch (1986), ao recuperar e esclarecer algumas questões pouco discutidas no livro “Cultura do Narcisismo”, procura versar sobre um eu contraído em função da proliferação de imagens ou, como ele mesmo nomeia, um “eu mínimo” (minimal self), que equivale, segundo o autor, ao narcisista. Nesse sentido, os termos designam “um eu inseguro de seus próprios limites, que ora almeja reconstruir o mundo à sua própria imagem, ora anseia fundir-se em seu ambiente numa extasiada união.” (LASCH, 1986, p. 12). Esse aspecto se aproxima do caráter defensivo apontado por Lasch (1983) que ressaltamos anteriormente. Embasando-nos nas reflexões propostas por Sibilia (2008a), ao pensar sobre uma migração de um caráter introdirigido para um alterdirigido, bem como a transição da sinceridade à autenticidade, compreendemos que, ao apresentar seu espetáculo às audiências, recorrendo aos media para a divulgação, Narciso faz de si mesmo um show, que oscila entre o espetáculo midiático e o espetáculo do comum. Observamos, juntamente com a pesquisadora, subjetividades que, desde o período oitocentista, apresentam-se de maneira contraditória, fragmentada, renunciando às “pretensões de ser sincero acerca de quem se é” (SIBILIA, 2008a, p. 105). Ao abdicar a sinceridade, as subjetividades se voltam, então, para a autenticidade como objetivo ou, ainda, como um imperativo: “É preciso ser você mesmo.”. A esse modo como temos argumentado, defendemos que, ao atravessarem os media e se valerem da visibilidade intrínseca aos meios, os sujeitos comuns incorporam Narciso à sua

conduta. Consequentemente, as personalidades narcísicas trocam o “ser” e o “ter” pelo “aparecer”, como frisa Debord (1997) ao criticar o espetáculo midiático. Desloca-se, portanto, do par essência/sinceridade, para o par aparência/autenticidade.

Através do espelho: a imagem de Narciso pelas lentes da câmera

Espiemos um dos vídeos de Felipe Neto que nos parecem significativos para tensionarmos as questões que propomos a respeito da personalidade narcísica manifestada pelo comportamento exibicionista do performer frente às câmeras. O vídeo “Desabafo e coisas da madrugada” foi publicado no canal “Vlog do Felipe Neto” em 07 de julho de 2010 e possui 1.428.680 visualizações (dados referentes a 21 de outubro de 2012). Em cena, Felipe segura a câmera em sua mão. O corpo se faz presente pelo rosto, que ocupa, praticamente, a totalidade do espaço para exibição da imagem. Neto se encontra sentado em uma cadeira, de modo que dialoga informalmente com a audiência, parecendo aconselhá-la. Após o rosto, surgem as mãos. Estas têm gestos aparentemente livres. A composição corporal no processo performático de Felipe é processual, de modo que, paulatinamente, o corpo se afirma perante a audiência. Ao longo do vídeo podemos comprovar esta afirmação por meio da relação que ele estabelece com a câmera. Neto olha para ela como se fosse um espelho, virando-se de lado, mostrando uma espinha no rosto, aproximando-se dela e contando quantos minutos da gravação já se passaram (FIG. 1). Ao revelar seus traços e expressões, a face de Felipe se funde ao rosto da audiência. Narciso fixado na inquietude corporal. Imagem numérica especular quando ele chama a atenção para a quantidade de acessos aos seus vídeos, indicando com os dedos onde os usuários podem conferir tais dados e curtirem um de seus perfis no YouTube.

FIGURA 1 – “Desabafo e coisas da madrugada” – YouTube – 2010

Fonte: NETO, 2010

Como alguém que tem consciência de ser acessado e visto por milhares de usuários, Narciso revela seu status de personalidade reconhecida nesta ambiência midiática. O aparato técnico utilizado para o registro da performance posiciona e delimita, assim, os papéis de performer e audiência. Através do espelho, então, ambos se encontram em campos visuais compartilhados. O vídeo não apresenta cortes, apenas alguns deslocamentos da câmera em torno do quarto e um breve zoom-in para mostrar uma espinha no rosto (FIG. 1). No início do vídeo ele se diz sério e de repente fala em um tom mais “alegre e divertido” e rapidamente volta à seriedade, dando a entender que para dialogar com sua audiência é preciso levá-la em consideração. Ao prestarmos atenção ao conteúdo do vídeo, permeado por vários palavrões, notamos que ele é feito em resposta a comentários que Felipe recebeu sobre os vídeos que realizou anteriormente de “pessoas que não entendem os vídeos que eu faço”, como ele relata ao evidenciar sua condição de sujeito da performance por meio da primeira pessoa do singular. Nesse sentido, as coisas que Neto diz em seus vídeos não são consideradas por ele como “verdadeiramente verdade”, como ele mesmo ressalta:

Eu acho que tem algumas pessoas que acham que eu sou o dono... que eu me acho o dono da verdade. Eu não sou o dono da verdade. [...] Eu não comprei a verdade, então, eu não sou o dono dela. Eu não me acho o dono da verdade e eu não acho que as coisas que eu falo são verdadeiramente verdade. Não acho mesmo. Eu acho que elas são a minha verdade, as coisas que eu acredito. [...] Eu não faço vídeo para

mudar a opinião de ninguém. Eu faço vídeo por um motivo muito simples: falar o que eu penso. Então, assim... eu criei uma espécie de um personagem para poder falar as coisas que eu penso de uma forma meio explosiva, mas nunca pensando que faria tanto sucesso. Então, agora, eu meio que carrego a responsabilidade desse sucesso dos meus vídeos. (NETO, 2010).

É importante evidenciarmos certa relação entre a performance de Felipe Neto em seus vídeos no YouTube e o fato do mesmo ter feito curso de teatro e trabalhar como ator. No que diz respeito a certas competências e habilidades técnicas, é preciso lembrar o preparo do performer para se comportar frente à câmera. O jogo com a câmera pode ser compreendido como uma relação de confissão, reflexão, desabafo, em que lhe é possível dizer o que pensa, falar com as audiências sobre aspectos de sua vida pessoal e a construção social dessa vida e também criticar a sociedade. A encenação do ator pode ser percebida, por exemplo, na cena final do vídeo, em que ele falseia um choro ao ficar em silêncio e dar um zoom-in em seus olhos (FIG. 1). O jogo da encenação coloca para as audiências o desafio em determinar onde está o Felipe Neto (pessoa) e o Felipe Neto (personagem) dos vídeos no YouTube, justamente porque ele cita que criou um personagem para esses vídeos. A essa indistinção de papéis, somam-se os dois canais de Felipe Neto, que operam de maneira complementar: um é o “programa” e ou o outro o “making-of” desse programa. A definição de qualquer um dos “eus” decretaria a morte da performance e o fracasso dos vídeos. Em decorrência disso, as duas faces (pessoa e personagem) não podem ser separadas e distinguidas, mas sim imbricadas na performance, em que podemos evidenciar o movimento do corpo por meio de gestos e entonações realizadas pela voz. Os gestos empregados sustentam a argumentação ao revelarem as mãos que tocam as vestes e o rosto, mostrando o cabelo e a barba por fazer. Em toda a performance de Neto, não apenas neste vídeo, o rosto é o display que corporifica a intenção comunicativa do performer para com suas audiências e ao mesmo tempo o espelho para onde o público deve mirar. Por

mais que Neto alegue no vídeo que não se preocupa com a aparência, percebemos que ele apresenta uma personalidade narcísica, própria às subjetividades que almejam fama – desejo potencializado pela visibilidade implicada nos media (PRIMO, 2010).

Considerações finais

O narcisismo, como pudemos perceber ao longo de nossa exposição, “se caracteriza por uma visão de si inflada, sentimento de superioridade e excessiva autoadmiração.” (PRIMO, 2010, p. 161). Mais do que receber a admiração de audiências, que validem sua autoestima (LASCH, 1983), o narcisista é aquele que contempla a si mesmo, que se sente desejoso pela própria imagem, mesmo que ela não agrade aos outros. O mundo é visto como um espelho, em que Narciso precisa olhar a si mesmo e ser olhado pelos outros, buscando se reafirmar constantemente. “A vida contemporânea é feita visível de múltiplas formas” (LYON, 2010, p. 128) e a captura de momentos efêmeros e banais de sujeitos quaisquer que se endereçam a diferentes audiências, fazendo-se visíveis, tem sido possível por meio de aparatos técnicos de fácil acesso e manuseio. A gravação de práticas que visam conquistar o olhar alheio e se colocar entre aquele que realiza um comportamento exibicionista e as audiências tem sido cada vez mais aprimorada. De câmeras de vídeo comuns ou webcams, os usuários investem em equipamentos de maior resolução e capacidade de memória, almejando cativar e chamar a atenção para si mesmos. Personalidades narcísicas que, através da lente das câmeras, falam para muitos e contemplam a si mesmos, forjando na visibilidade suas subjetividades (PRIMO, 2010). Se antes o quarto era um local de privacidade, hoje, vislumbramos múltiplas imagens que buscam mostrar o que antes estava relegado ao domínio da intimidade. Imagens oriundas

de diferentes fontes: fotografias, vídeos ou até mesmo textos disponibilizados em sites na web. Esse repertório imagético e textual constitui um conjunto de relatos pessoais de vidas anônimas que buscam na visibilidade um recurso para se validarem como sujeitos sociais (SIBILIA, 2008a, 2010; BRUNO; PEDRO, 2004). O quarto deixa de ser apenas um lugar privado para assumir a posição de um espaço em que a sociabilidade é tornada possível e muitos segredos são compartilhados. Podemos inferir, desse modo, que em função de uma vontade de ver associada e pactuada com uma vontade em se mostrar, os vídeos confessionais são tão atrativos. Para retomarmos a pergunta que propomos no título do artigo, enfatizamos que Felipe Neto faz sentido ao aparecer como personalidade narcísica frente às câmeras, buscando nas audiências olhares múltiplos que validem seu comportamento exibicionista, ou seja, sua performance entretenimento. Assim, o espetáculo de si mesmo ou o “show do eu” permanece cativando diversas plateias e com elas negociando sentidos variados. A conquista de múltiplas audiências, expressas nos números de visualizações dos vídeos de Neto, deve-se à responsabilidade que ele estabelece para com os usuários, ou seja, no compromisso de representá-los frente à câmera, por meio dos assuntos postos em cena, como também pelo tipo de comportamento que apresenta (falas rápidas e entrecortadas, gírias, palavrões, entre outros recursos expressivos). Assim, ao “performar” as audiências, Neto as permite identificar-se com ele, configurando uma relação de empatia, uma mútua aliança entre seguidores e seguido.

Referências

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