Feminilidade como Alteridade - A construção do ideal feminino como constituição do Outro em Simone de Beauvoir

May 22, 2017 | Autor: Diogo Dias | Categoria: Feminist Philosophy, Simone de Beauvoir, Existentialism, Filosofia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO EFLCH - ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DIOGO DIAS

FEMINILIDADE COMO ALTERIDADE A construção do ideal feminino como constituição do Outro em Simone de Beauvoir

2016 Guarulhos

DIOGO OLIVEIRA DIAS

FEMINILIDADE COMO ALTERIDADE A construção do ideal feminino como constituição do Outro em Simone de Beauvoir

Trabalho de conclusão da disciplina História da Filosofia Contemporânea: Gênero e Subjetividade do Curso de Gradução em Filosofia da Universidade Federal de São Paulo.

Profa.Dr. Izilda Johanson

2016 Guarulhos

Resumo O presente trabalho busca analisar as questão filosófica da alteridade nas relações de sexo/gênero, tendo como foco e ponto de partida o pensamento de Simone de Beauvoir no seu livro ​O Segundo Sexo. O objetivo é compreender como a ideia de feminilidade foi constituída e utilizada ao longo da história para definir previamente a mulher e assim garantir a manutenção dos privilégios do sujeito masculino. O trabalho também busca ressaltar a relevância filosófica do pensamento beauvoiriano tanto em relação ao movimento existencialista quanto em relação à própria tradição filosófica.

1. A situação da mulher do ponto de vista existencialista em Simone de Beauvoir. O ​Segundo Sexo foi uma obra que foi cercada pelo misticismo desde que foi publicada em em 1949. Recebida com ressalvas no mundo acadêmico, em especial o filosófico, se viu sob as ameaças que seu próprio conteúdo denuncia. Seu tema central era - e ainda é - uma afronta à epistemologia tradicional, pois insere um questionamento que abala os fundamentos de toda a história do pensamento que para muitos intelectuais foi construída com honestidade, desinteresse e lisura. No entanto, Simone de Beauvoir discorda e demonstra que o conhecimento e a cultura produzidos até a publicação de O Segundo Sexo poderiam ser considerados tendenciosos e até mesmo instrumentalizados para um propósito: rebaixar a mulher ao segundo posto da humanidade. A filósofa francesa sabia dos riscos de sua empreitada, mas soube se defender dentro da própria obra quando expõe a necessidade de se tratar da condição do sexo feminino. Ela questiona: "Que é uma mulher? [...] O próprio enunciado do problema sugere-me uma primeira resposta. É significativo que eu coloque esse problema. Um homem não teria a ideia de escrever um livro sobre a situação singular que ocupam os machos na humanidade" (BEAUVOIR, 1970, pg. 9). Uma pergunta desconcertante para qualquer intelectual do sexo masculino.

Mas se tal questão era tão urgente, por que não foi colocada antes por outras mulheres? Este é um dos pontos importantes para compreender a importância do trabalho de Simone de Beauvoir para o desenvolvimento não só de uma teoria feminista, mas de uma revisão epistemológica na produção do conhecimento humano. É preciso entender os motivos pelo qual a filósofa resolveu dedicar-se a trabalhar a condição da mulher e torná-la o cerne de seu pensamento. O Segundo Sexo parte da proposta existencialista de que não há qualquer fundamento metafísico que defina os seres no mundo ou o próprio mundo. O que há são fatos que interagem e se relacionam num eterno porvir em sua concretude. O

tempo e a contingência dão às consciências a possibilidade de se realizar como existência. Como explica Sartre em sua conferência ​O Existencialismo é um Humanismo, a proposta existencialista não aceita a proposição de que ideias ou essências possam reger os seres, pelo contrário: Que significa dizer que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiro existe, se encontra, surge no mundo, e que se define depois. O homem, tal como o existencialista o concebe, se não é definível, é porque de início ele não é nada. Ele só será em seguida, e será como se tiver feito. Assim, não há natureza humana, pois não há Deus para concebê-la. O homem é não apenas tal como ele se concebe, mas como ele se quer, e como ele se concebe depois da existência, como ele se quer depois desse impulso para a existência, o homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo. Tal é o primeiro princípio do existencialismo. (SARTRE, 1970)

Para que o existencialismo pudesse sustentar-se logicamente tomou os princípios de subjetividade e liberdade como condições irrevogáveis àqueles que buscam sair do nada para se conceber no mundo. É preciso partir de uma subjetividade para se ter a liberdade de constituir o seu destino. No entanto, a concepção de subjetividade altera-se entre os pensadores existencialistas. Para Sartre, por exemplo, o homem é inteiramente responsável por seus atos, pois possui liberdade absoluta. Ele pode, independentemente da situação, definir o significado de suas experiências, constituir seus próprios valores. Sua subjetividade é independente de outras, e com isso, o homem poderia traçar seu próprio destino. O homem absolutamente livre, teria sempre a possibilidade de transcender sua consciência, agindo sobre o mundo.

Apesar de se autodenominar uma discípula de Sartre e partir de sua concepção de sujeito, Simone de Beauvoir vê na condição do oprimido a impossibilidade de atingir a transcendência. Este ponto de divergência com a filosofia sartriana é o traço de originalidade de seu próprio pensamento. Ela precisará desenvolver uma nova concepção de sujeito que abarque o sujeito oprimido, ou do ponto de vista do opressor, o outro. A subjetividade em Simone de Beauvoir assume um caráter aberto a outras subjetividades e a valores pré-estabelecidos. Ele deixa de ser absoluto e passa a se

definir sempre "em situação". O sujeito torna-se permeável e sua liberdade pode ser suprimida se a situação imposta por outra subjetividade for capaz de oprimir sua liberdade e assim fechá-lo em sua imanência. Essa concepção vira-se totalmente contra Sartre, como define Sonia Kruks: It involves, contra the early Sartre, a tacit rejection of the notion of the "absolute subject" for a situated subject: a subject that is intrinsically intersubjective and embodied, thus always "interdependent" and permeable rather than walled. (KRUKS, 1992, pg. 98)

É em situação que o embate e conflito com o mundo se coloca na existência. Essa confluência entre sujeito e mundo os molda e os modifica contínua e mutuamente. Portanto a liberdade é absoluta dentro das possibilidades de cada situação. Sendo assim, para Simone de Beauvoir, a liberdade continua sendo uma característica distintiva do ser humano, porém, dependendo da situação em que se encontre o indivíduo, a "opressão pode permear a subjetividade até o ponto onde a consciência mesma torna-se nada mais que um produto da situação opressiva" como cita Kruks1 (1992). Como um dos expoentes da filosofia existencialista, Simone de Beauvoir não pode deixar de perceber a sua própria situação. Afinal, como intelectual, escritora e mulher se via envolta por todo um edifício cujo o ser humano do modo como tomado pela história não considerava e nem admitia o sujeito do sexo feminino. Sua constatação foi empírica, buscando nas experiências vividas por ela própria e pelas testemunhas utilizadas em ​O Segundo Sexo, a confirmação de mecanismos de opressão recorrentes, fundamentados em visões de mundo de teor naturalista ou essencialista. Dando a entender que uma essência ou natureza do homem fosse responsável por determinar a hierarquia dos sexos. A originalidade do pensamento de Simone de Beauvoir está exatamente no fato de introduzir o sujeito permeável e sexuado na reflexão filosófica. Pois sendo o macho o grande construtor do edifício cultural de toda a humanidade, foi a partir de uma subjetividade do sexo masculino que 1

Kruks ressalta que essa sugestão de Simone de Beauvoir surge antes mesmo da publicação de O Segundo Sexo. Esta ideia estaria em seu ensaio A Ética da Ambiguidade, publicado em 1947.

o mundo foi se modificando. Foi o homem quem definiu a mulher e tirou dela a possibilidade de se afirmar como sujeito na história, relegou-a à categoria de Outro. Essa assimetria é a grande questão c​olocada pela filósofa, que busca através da genealogia a origem do embate entre os sexos e da hegemonia masculina na constituição do projeto de mundo através do conhecimento e da cultura: Mas uma questão imediatamente se apresenta: como tudo isso começou? Compreende-se que a dualidade dos sexos, como toda dualidade, tenha sido traduzida por um conflito. Compreende-se que, se um dos dois conseguisse impor sua superioridade, esta deveria estabelecer-se como absoluta. Resta explicar por que o homem venceu desde o início. Parece que as mulheres deveriam ter sido vitoriosas. Ou a luta poderia nunca ter tido solução. Por que este mundo sempre pertenceu aos homens e só hoje as coisas começam a mudar? Será um bem essa mudança? Trará ou não uma partilha igual do mundo entre homens e mulheres? (BEAUVOIR, 1970, pg. 15)

Porém, o Segundo Sexo acabou indo além do objetivo de identificar a origem da assimetria entre os sexos, ele traça um panorama histórico e epistemológico sobre quais táticas e instrumentos o "macho" se utilizou para construir um edifício cultural capaz de renegar à fêmea a sua liberdade e consequentemente a subjetividade a qual teria de constituir para que a possibilidade de transcender, de definir seu próprio destino, de alargar as possibilidades de seu futuro pudesse se concretizar.

2. Feminilidade e Alteridade É notável que mesmo em pleno século XXI a situação do ser humano do sexo feminino permanece hierarquicamente inferior ao seu equivalente masculino. O edifício cultural erguido pelo homem e que reverbera e se reproduz nos campos sociais, políticos e econômicos ainda tornam o título ​O Segundo Sexo uma classificação válida para a fêmea2 , infelizmente. O que Simone de Beauvoir se questiona é como o homem conseguiu impor sua suposta superioridade em relação à mulher. Seu método

2

Simone de Beauvoir utiliza-se constantemente dos termos macho e fêmea para se referir ao ser humano. Mantive tal vocabulário pois possui importância semântica para o desenvolvimento de seu pensamento.

genealógico e sua abordagem existencialista nos levam a uma conclusão: foi através da afirmação do homem como sujeito e da mulher como o Outro que o macho impôs, sem conflitos, sua situação privilegiada em relação à fêmea.

Sendo macho e fêmea dois gêneros da mesma espécie, no caso a humana, poderíamos nos perguntar o que teria levado que se percebessem como diferentes. Alguns poderiam falar de uma natureza humana, outros de uma essência ou até mesmo um finalismo inerente a cada um dos sexos. Mas estas hipóteses não encontram fundamentos senão em ontologias racionalistas ou no misticismo dogmático. É no mundo concreto que se encontra a diferença entre machos e fêmeas. Está no sexo a marca que torna os corpos não iguais. Se a origem da desigualdade dos gêneros humanos está nos corpos, portanto, no mundo concreto, é nele que Simone de Beauvoir irá buscar a resposta para a supremacia masculina. Ela admite os dados da biologia. Machos e fêmeas possuem constituições corpóreas diferentes, mas que seriam insuficientes para afirmar qualquer tipo de superioridade. É portanto, à luz de um contexto ontológico, econômico, social e psicológico que teremos de esclarecer os dados da biologia. A sujeição da mulher à espécie, os limites de suas capacidades individuais são fatos de extrema importância; o corpo da mulher é um dos elementos essenciais da situação que ela ocupa neste mundo. Mas não é ele tampouco que basta para a definir. Ele só tem realidade vivida enquanto assumido pela consciência através das ações e no seio de uma sociedade; a biologia não basta para fornecer uma resposta à pergunta que nos preocupa: por que a mulher é o Outro? Trata-se de saber como a natureza foi nela revista através da história; trata-se de saber o que a humanidade fez da fêmea humana. (BEAUVOIR, 1970, pg. 57)

Empiricamente o macho observou, desde os primórdios, as consequências práticas da diferenciação dos sexos. A natureza delegou à fêmea um papel essencial na função reprodutiva da espécie. É nela que a vida se engedra e é através dela que a espécie se perpetua. O que poderia ser um dado privilegiado devido a sua importância, torna-se o algoz da condição feminina graças à significação que o homem lhe atribuiu. Foi através da fabricação da feminilidade que o homem definiu a mulher. O ideal masculino de mulher foi o edifício cultural que significou-a como o Outro, suprimindo a

liberdade do sujeito feminino e tornando-a "mero produto da situação opressiva". Portanto, podemos dizer que a feminilidade pode ser interpretada como o principal meio utilizado pelo homem para fabricar a alteridade em relação à mulher.

Através da historicidade da feminilidade, Simone de Beauvoir nos mostra que no decorrer da sua história o homem se aproveitou desses dados biológicos que são a gestação e seu menor domínio sobre o mundo3 para fundamentar seu papel de superioridade. Desde as civilizações mais antigas ele significou a existência da mulher enraizando-a na natureza e na essência. Se por um lado a biologia reservava ao sexo feminino uma pior condição em relação à força física, aos empecilhos da reprodução, por outro sua função geradora foi interpretada como mística, sua imagem foi aos poucos desvinculada da própria humanidade e elevada ao estatuto de ídolo. Dessa maneira o privilégio original, ou seja, o biológico foi a razão pela qual o homem fez-se supremo em relação à mulher. Ao ver-se privilegiado não quis se ver livre de tal condição. Assim, o triunfo do patriarcado não foi nem um acaso nem o resultado de uma revolução violenta. Desde a origem da humanidade, o privilégio biológico permitiu aos homens afirmarem-se sozinhos como sujeitos soberanos. Eles nunca abdicaram o privilégio; alienaram parcialmente sua existência na Natureza e na Mulher, mas reconquistaram-na a seguir. Condenada a desempenhar o papel do Outro, a mulher estava também condenada a possuir apenas uma força precária: escrava ou ídolo, nunca é ela que escolhe seu destino. (BEAUVOIR, 1970, pg. 97)

Definindo o destino da mulher o homem se coloca como autoridade, sua subjetividade passa a transcender sobre o objeto que busca dominar. Ele constrói os valores sociais, políticos, culturais e econômicos com base na manutenção de seus privilégios. O próprio patriarcado, citado há pouco através de Simone de Beauvoir, já é um ideal de sociedade que diminui o valor da mulher. A feminilidade se constitui como a situação opressora no seio da família. Graças aos pressupostos determinados pelo 3

Simone de Beauvoir não nega as diferenças fisiológicas que fazem a mulher ter menor domínio sobre a natureza, como a força física menor, além do próprio aparelho reprodutor que impõe limites concretos ao seu corpo. Contudo, salienta que essas diferenças só tornam-se importantes dentro de valores já estabelecidos dentro de uma civilização.

homem, nasce uma imagem ideal da mulher, que se transfigura de acordo com cada época. Mas que mantém intactos os privilégios masculinos.

É justamente contra essa concepção ideal e paradoxalmente fundada no determinismo naturalista que a filosofia de Simone de Beauvoir irá se posicionar. Ela busca atentar para o fato de que todo o edifício cultural que se construiu para justificar a ideia de feminilidade, e portanto, de alteridade em relação à mulher, não está de maneira nenhuma sob um estatuto ontológico. Tal construção se deu na transcendência masculina que historicamente criou situações que suprimiram a liberdade do Outro, condenando-o à imanência. Mas como ressalta Kruks, no pensamento de Beauvoir, a liberdade nunca pode ser definitivamente suprimida, mesmo na situação de mais dura opressão. However suppressed, however disciplined, it is still freedom-made-immanent that distinguishes even the most constituted human subject from a trained animal. (KRUKS, 1992, pg. 103)

Com a liberdade conservada, o Outro mantém a possibilidade de se afirmar como sujeito. Porém, é preciso que haja uma situação favorável para que a liberdade possa se realizar, que o sujeito possa transcender e assim poder alargar suas possibilidades de futuro. É no fim do ideal da feminilidade que se encontra a possibilidade de destruir o edifício masculino, para que assim a mulher, finalmente, possa se afirmar como sujeito constituinte de si e do mundo.

3. Conclusão A obra de Simone de Beauvoir, em especial, ​O ​Segundo Sexo, possui uma dupla importância. A primeira delas é no campo prático. Apesar da autora não considerar seu livro mais emblemático uma obra panfletária (que de fato não é), ela é ao menos uma peça importante para a formação de uma consciência feminista de sua época em diante. As divergências teóricas com as teorias feministas posteriores são a prova da

segunda importância do texto: a filosófica. Foi a originalidade de se colocar o sujeito sexuado, a dualidade presente na espécie humana, que faz do pensamento beauvoiriano filosoficamente relevante para se pensar a situação da humanidade.

O existencialismo de Simone de Beauvoir cumpre um papel de libertação (ao menos teórica) dos sujeitos oprimidos, buscando uma resposta filosófica para compreender suas condições e potenciais maneiras de reação. Foi ao afastar-se do sujeito absoluto de Sartre que ela pode pensar uma nova subjetividade, que partisse de uma mulher, de um outro que, em uma situação favorável, devido principalmente ao seu prestígio e à sua ligação com o metiê intelectual, potencializasse sua liberdade e insurgisse contra as imposições culturais, sociais e epistemológicas de uma sociedade ainda dominada pela subjetividade masculina.

Sua concepção permeável e interdependente de sujeito também retira a responsabilidade absoluta sobre as ações do indivíduo que é obrigado a viver na imanência. Transfere o ônus moral para o transcendente, que retira através da alteridade hierarquizada a potencialidade do outro de se realizar. A abertura da subjetividade é um movimento filosoficamente importante para poder denunciar a assimetria da relação entre homens e mulheres, além de explicar como ela se dá em forma de alteridade.

O método genealógico adotado por Simone de Beauvoir para a elaboração do estudo contido em ​O Segundo Sexo também ajuda a reforçar sua relevância filosófica para os que insistem em diminuir o tema proposto por ela em comparação com às questões filosóficas tradicionais. É na facticidade que ela encontra terreno para desenvolver uma interpretação da situação do sexo feminino na história. Assim, amparada pela historicidade do sujeito e pelas suas propostas existencialistas, coloca de maneira inédita a questão dos problemas gerados pelo interesse masculino em

perpetuar seus privilégios através de sua afirmação como Eu e como neutro, afastando a mulher do terreno da subjetividade e consequentemente da história.

Bibliografia Beauvoir, S.​ O Segundo Sexo. Difusão Europeia do Livro. São Paulo, 1970. Sartre, J.P. O Existencialismo é um Humanismo. Fonte: L'Existencialisme est un Humanisme, Les Éditions Nagel, Paris 1970. Tradução Rita Correia Guedes. Disponível em: http://stoa.usp.br/alexccarneiro/files/-1/4529/sartre_exitencialismo_humanismo.pdf Kruks, S​. Gender and Subjectivity: Simone de Beauvoir and Contemporary Feminism. Fonte: Signs, Vol. 18, N. 1 pg. 89-110, 1992. Disponível em:

http://www.jstor.org/stable/3174728

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