Feminismo e Antirracismo: teorias sociais e políticas (IESP - UERJ - 2015-1)

August 25, 2017 | Autor: Luiz Augusto Campos | Categoria: Social Theory, Political Theory, Race and Racism, Feminism
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Feminismo e antirracismo: teorias sociais e políticas Prof. Luiz Augusto Campos Horário: Quinta‐feira, das 9 às 12 horas Consultas: A combinar com o professor As questões de gênero e raça fazem parte da agenda das ciências sociais desde antes da sua institucionalização acadêmica. As constatações de Weber ou Tocqueville sobre o problema racial ou as considerações de Simmel sobre a sexualidade feminina são apenas dois exemplos de pioneiros da disciplina que se dedicaram a esses temas. Contudo, teorias sociais e políticas sobre as “relações de gênero” ou sobre as “relações de raça” não coincidem necessariamente com o que chamamos aqui de teorias feministas ou antirracistas. Mais do que tematizar questões de gênero ou raça, teorias feministas e antirracistas se distinguem ao derivarem do caráter sexista ou racista das relações sociais uma crítica ampla sobre o modo como a sociedade se constitui. Logo, elas não se diferenciam apenas pelos temas que abordam, mas pelo olhar específico que lançam sobre a realidade social. Partindo dessa compreensão, este curso pretende oferecer uma introdução às principais teorias feministas e antirracistas em voga no âmbito da teoria social e política contemporâneas. A rigor, as discussões acadêmicas feministas e antirracistas costumam deduzir consequências políticas de suas premissas sociológicas e, ao mesmo tempo, basear suas análises sociológicas em compromissos políticos. Portanto, como é difícil (para não dizer, indesejável) separar tais teorias em “políticas” ou “sociais”, seria mais adequado falar em teorias “sociopolíticas” feministas e antirracistas. O curso se baseia em seminários temáticos, cada um deles cobrindo um grande tema ou uma grande corrente teórica. Além das leituras obrigatórias, cada encontro da programação conta com uma indicação de uma bibliografia complementar. Para animar as discussões em sala de aula, indicou‐se um filme em cada sessão. O curso está dividido em três grandes partes. A primeira delas se dedica às teorias feministas mais referidas nas ciências humanas contemporâneas. A ideia é retomar o trabalho de sociólogas, filósofas e cientistas políticas que estabeleceram as bases dos atuais debates feministas, tanto na academia quanto na esfera pública de modo geral. A segunda seção é dedicada às teorias antirracistas, preocupadas em pensar o papel do racismo na estruturação das interações cotidianas, da modernidade, do Estado etc. A terceira e última seção explora as teorias sobre a intersecção entre gênero e raça, produzidas em grande medida a partir da articulação de um feminismo negro, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980. As autoras e autores dessa terceira parte não apenas destacam as confluências teóricas entre feminismo e antirracismo, mas também apontam para as especificidades políticas e sociológicas vividas pelos grupos interseccionais, especialmente mulheres negras.

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1) Apresentação

Primeira Parte: Teorias Feministas 2) Feminismo maternal GILLIGAN, Carol. In a Different Voice. Cambridge: Harvard University Press, 1982 (Letter to Readers, pp. ix‐xxix; Introdução, Capítulos 1 e 2, pp. 1‐63). RUDDICK, Sara. Maternal Thinking: Towards a Politics of Peace. Boston: Beacon Press, 1995[1989] (Capítulos 1 e 2; pp. 13‐57; Capítulo 9, pp. 219‐51). Bibliografia complementar  OZ, Frank. Mulheres Perfeitas (The Stepford Wives). Comédia, escrito por Ira Levin e Paul Rudnick, produção de Paramount Pictures, EUA, 93min, 2004. CHODOROW, Nancy. The Reproduction of Mothering. Berkeley: University of California Press, 1978. ELSHTAIN, Jean Bethke. Public Man, Private Woman. Princeton: Princeton University Press, 1981. MIGUEL, Luis Felipe. Política de interesses, política do desvelo: representação e "singularidade feminina". Revista de Estudos Feministas, 2001, vol.9, no.1, p.253‐267.

3) Desconstrutivismo, feminismo cyborg e feminismo queer HARAWAY, Donna. Simians, Cyborgs, and Women: The Reinvention of Nature. London: Routledge, 2013 (Capítulos 7 e 8, pp. 127‐82). BUTLER, Judith. Problemas de Gênero. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003 (Prefácio e Capítulos 1, pp. 7‐60). Bibliografia complementar  PRISCILLA, Claudia e GOIFMAN, Kiko. Olhe para Mim de Novo. Documentário, produção independente, Brasil, 77min, 2013. SALIH, Sara. Judith Butler e a Teoria Queer. São Paulo: Autêntica, 2012. FRASER, Nancy. Heterosexism, misrecognition and capitalism: a response to Judith Butler. Social Text, n° 52‐3, p. 279‐89, 1997. BENHABIB, Seyla. Feminism and Postmodernism. In: BENHABIB, Seyla et all (ed). Feminist contentions: a philosophical exchange. New York: Routledge, 1995.

4) Feminismo e teoria crítica YOUNG, Iris Marion. Menstrual Meditations. In: YOUNG, Iris Marion. On Female Body Experience: "Throwing Like a Girl" and Other Essays. New York: Oxford University Press, 2005. YOUNG, Iris Marion. Justice and the Politics of Difference. Princeton: Princeton University Press, 1990 (Introdução, Capítulos 1 e 2; pp. 3‐65). FRASER, Nancy. Da Redistribuição ao Reconhecimento? Dilemas da Justiça na Era Pós‐ Socialista. In: SOUZA, Jessé (org.), Democracia Hoje: Novos Desafios para a Teoria Democrática Contemporânea. Brasília, Editora da UnB, 2003. FRASER, Nancy. Justice Interreputs: Critical Reflections on the “Postsocialist” Condition. New York & London: Routledge, 1997 (Capítulo 7, pp. 173‐188). Bibliografia complementar  ERSKINE, James e HAYES, Zara. The Battle of the Sexes. Documentário, produção de Goldcrest Capital, EUA, 83min, 2013. 2

FRASER, Nancy e HONNETH, Axel Honneth. Redistribution or recognition? A political‐ philosophical exchange. New York: Verso, 2003. BENHABIB, Seyla. The Generalized and the Concrete Other: The Kohlberg‐Gilligan Controversy and Feminist Theory. In: BENHABIB, Seyla; CORNELL, Drucilla (eds). Feminism as Critique: On the Politics of Gender. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1987. SILVA, Felipe Gonçalves. Iris Young, Nancy Fraser e Seyla Benhabib: uma disputa entre modelos críticos. In: NOBRE, Marcos (ed). Curso Livre de Teoria Crítica. Campinas: Papirus, 2008.

5) Feminismo, patriarcado e trabalho reprodutivo PATEMAN, Carole. O Contrato Sexual. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008 (Capítulos 2 e 3). DELPHY, Christine. Close to Home: A Materialist Analysis of Women's Oppression. London: Hutchinson, 1984 (Capítulos 1; pp. 15‐28; Capítulo 4, pp. 57‐77; Capítulo 8, pp. 138‐153; Capítulo 11, pp. 211‐19). Bibliografia complementar  DALDRYAS, Stephen. As Horas (The Hours). Drama, produção de Paramount Pictures, EUA, 114min, 2002. O'BRIEN, Mary. The Politics of Reproduction. London: Routledge, 1981. EISENSTEIN, Zillah (ed.). Capitalist Patriarchy and the Case for Socialist Feminism. New York: Monthly Review Press, 1979. MILLS, Charles. The Racial Contract. London: Cornell University Press, 1999. OKIN, Susan Moller. Justice, Gender and Family. New York: Basic Books Publisher, 1989. PATEMAN, Carole; MILLS, Charles. Contract and Domination. Malden: Polity Press, 2007.

6) Feminismo, Estado, sexo e pornografia MAcKINNON, Catharine. Toward a Feminist Theory of the State. Cambridge: Harvard University Press, 1989 (Capítulo 1, pp. 3‐12; Capítulos 7 e 8, pp. 126‐70; Capítulo 11, pp. 95‐114). MAcKINNON, Catharine. Desejo e Poder, in: MIGUEL, Luis Felipe; BIROLI, Flávia. Teoria política feminista: textos centrais. Vinhedo: Editora Horizonte, 2013. DWORKIN, Andrea. Pornography: Men Possessing Women. London: Women's Press, 1981 (Introdução, pp. xiii‐xl; Capítulo 1, pp. 13‐47). Bibliografia complementar  BAILEY, Fenton e BARBATO, Randy. Inside Deep Throat. Documentário, produção de Imagine Entertainment, EUA, 89min, 2005. CORNELL, Drucilla (ed). Feminism and Pornography. Oxford: Oxford University Press, 2000. DWORKIN, Ronald. “Is there a Right to Pornography?”. Oxford Journal of Legal Studies, vol. 1, n. 2, pp. 177‐212, 1981. LUST, Erika. Good Porn: Woman's Guide. Berkeley: Seal Press, 2010. SPECTOR, Jessica (ed). Prostitution and Pornography: philosophical debate about the sex industry. Stanford: Stanford University Press, 2006.

7) Feminismo e a questão (pós)colonial SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

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MOHANTY, Chandra. “Women Workers and Capitalist Scripts: ideologies of domination, common interests, and the politics of solidarity”, in: ALEXANDER, M. Jacqui e MOHANTY, Chandra (org.). Feminist Genealogies, Colonial Legacies, Democratic Futures, New York: Routledge, 1997. Bibliografia complementar  SATRAPI, Marjane e PARONNAUD, Vincent. Persépolis. Animação, produção de 2.4.7. Films, Irã, 96min, 2007. JAYAWARDENA, Kumari. Feminism and nationalism in the Third World. New Delhi: Kali for Women, 1986. BULBECK, Chilla. Re‐Orienting Western Feminisms: Women's Diversity in a Postcolonial World. New York: Cambridge University Press, 1998. LEWIS, Reina; MILLS, Sara. Feminist Postcolonial Theory: a reader. New York: Routledge, 2003.

Segunda Parte: Teorias Antirracistas 8) Antirracismo: teorias das relações raciais BANTON, Michael. Race Relations. New York: Basic Books. 1967 (Capítulos 1, pp. 1‐11; Capítulos 4 e 5, pp. 55‐100). REX, John. Race Relations in Sociological Theory. London: Routledge. 1983[1970]. Bibliografia complementar  LEE, Spike. Faça a coisa certa (Do the Right Thing). Drama, produção de 40 Acres & A Mule Filmworks, EUA, 120min, 1989. PARK, Robert. The nature of race relations. In: THOMPSON, Edgar Tristram. Race relations and the Race Problem; a Definition and an Analysis. Durham: Duke University Press. 1939. DU BOIS, W. E. B. The Souls of The Black Folk. New York: Dover Publications, 1994. LEVI‐STRAUSS, Claude. Race et Histoire. Paris : Denoël, 1987[1952].

9) Antirracismo: teorias do racismo MILES, Robert e BROWN, Michal. Racism. London: Routledge. 2003[1989] (Parte 3, pp. 55‐ 114). MALIK, Kenan. The Meaning of Race. Londres: Macmillan, 1996. Bibliografia complementar  VERHAAG, Bertram. Blue eyed. Documentário, escrito por Jane Elliott, produção de DENKmal Filmgesellschaft, EUA, 90min, 1996. HACKING, Ian. Why Race Still Matters. Daedelus (Fall), pp. 102–116. 2005 MILES, Robert. Racism After ‘Race Relations’. London: Routledge, 1993. CENTRE FOR CONTEMPORARY CULTURAL STUDIES. The Empire Strikes Back: Race and racism in 70s Britain. Londres: Taylor & Francis, 2005[1982].

10) Aporias do antirracismo TAGUIEFF, Pierre André. The Force of Prejudice: On Racism and Its Doubles. Minnesota: University of Minnesota Press, 2001[1987] (Capítulos 1 e 3, pp. 19‐80). APPIAH, Anthony. Race, Culture, Identity: Misunderstood Connections. In: APPIAH, Anthony; GUTTMANN, Amy. Color Conscious: the political morality of race. Princeton: Princeton University Press, 1996. Bibliografia complementar  HANEKE, Michael. Caché. Drama, produção de Les Films du Losange, França, 117min, 2005. WIEVIORKA, Michel. L’Espace du Racisme. Paris: Seuil, 1991. 4

BALIBAR, Etienne e WALLERSTEIN, Immanuel. Race, Nation, Class: Ambiguous Identities. London: Verso, 1991[1988]. BONILLA‐SILVA, Eduardo. Racism without Racists: color‐blind racism and the persistence of racial inequality in the United States. Lanham: Rowman & Littlefield Publishers, 2006.

11) Antirracismo: entre essencialismo e anti‐essencialismo OMI, Michael e WINANT, Howard. Racial Formation in the United States: From the 1960s to the 1980s. New York: Routledge & Kegan Paul, 2015[1988], (Capítulos 4 e 5, pp. 53‐94) GUIMARÃES, Antônio Sérgio. Racismo e Antirracismo. São Paulo: Editora 34, 1999 (Capítulos 1 e 2, pp. 21‐74). Bibliografia complementar  MORALES, Wagner. Preto contra Branco, Branco contra Preto. Documentário, produção independente, Brasil, 44min, 2004. CARTER, Bob. Realism and Racism: Concepts of race in sociological research. London: Routledge, 2000. BRUBAKER, Rogers. Ethnicity without groups. Harvard University Press, 2006.

12) Antirracismo e a questão (pós)colonial FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. EdUFBA: Salvador, 2008[1952] (Introdução e Capítulo 1, pp. 25‐52; Capítulo 5, 103‐26). GILROY, Paul. Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. São Paulo: Editora 34, 2003[1991] (Capítulo 1, pp. 33‐100). Bibliografia complementar  OLSSON, Göran Hugo. Concerning Violence: Nine Scenes from the Anti‐Imperialistic Self‐ Defense. Documentário, produção de Annika Rogell & Tobias Janson, Suécia, 85min, 2014. HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2003. BHABHA, Homi. “Race”, time and the revision of modernity. The Oxford Library Review, vol. 9, n. 12‐13, pp. 193‐219, 1991. COSTA, Sérgio. Desprovincializando a sociologia: a contribuição pós‐colonial. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 21, n. 60, 2006.

Terceira Parte: Intersecções entre feminismo e antirracismo 13) Feminismo negro I DAVIS, Angela. Women, Race and Class. New York: Vintage Books, 1981 (Capítulo 1, pp. 3‐ 29; Capítulo 9, pp. 137‐48; 13, pp. 222‐44). hooks, bell. Ain’t I a Women? Black Women and Feminism. London: Pluto Press, 1982 (Capítulo 2, pp. 51‐86; Capítulo 5, pp. 159‐196). Bibliografia complementar  LYNCH, Shola. Free Angela and All Political Prisoners. Documentário, produzido por Realside Productions, EUA, 102min, 2012. SPELMAN, Elizabeth. Inessential woman: problems of exclusion in feminist thought. Boston: Beacon, 1988. CARBY, Hazel. White women listen! Black feminism and the boundaries of sisterhood. In: CENTRE FOR CONTEMPORARY CULTURE STUDIES (eds) The Empire Strikes Back: Race and Racism in 70s Britain. London: Hutchinson, 1982.

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14) Feminismo negro II LORDE, Audre. Sister outsider: essays and speeches. Berkeley: Crossing, 1984 (Introdução, pp. 8‐12; Capítulo 4 a 6, pp. 36‐52; Capítulo 7 e 8, pp. 53‐65; Capítulo 10, pp. 72‐80; Capítulo 13, pp. 114‐123). COLLINS, Patricia. Black Feminist Thought. New York: Routledge, 2000 (Capítulos 1 e 2, pp. 1‐44). Bibliografia complementar  TAYLOR, Tate. Histórias Cruzadas (The Help). Drama, produção de DreamWorks SKG, EUA, 146min, 2011. CARNEIRO, Sueli. Gênero, raça e ascensão social. Revista de Estudos Feministas, v. 3, n. 2, pp. 544‐552, 1995. GUY‐SHEFTALL, Beverly (org.). Words of Fire: An Anthology of African‐American Feminist Thought. New York: The New Press, 1995. FRANKENBERG, Ruth. The Social Construction of Whiteness: Women, race matters. Minneapolis: University of Minnesota Press. 2005[1993].

15) Explorando as intersecções CRENSHAW, Kimberle. Mapping the Margins: Intersectionality, Identity Politics, and Violence against Women of Color. Stanford Law Review, v. 43, n. 6, pp. 1241‐1299. 1991. WADE, Peter. Sex and Race in Latin America. London: Pluto Press, 2009 (Capítulos 1 e 2; pp. 1‐60). Bibliografia complementar  BERRY, D. Channsin e DUKE, Bill. Dark Girls. Documentário, produção de Duke Media, EUA, 67min, 2011. COLLINS, Patricia e ANDERSEN, Margaret. Race, Class and Gender: An Anthology. Belmont: Wadsworth, 2007[1992]. LIKKE, Nina. Intersectional analysis. In: LUTZ Helma; VIVAR Maria Teresa Herrera e SUPIK, Linda Framing Intersectionality: Debates on a Multi‐Faceted Concept in Gender Studies. London: Ashgate Publishing. 2006. KERGOAT, Danielle. Dinâmica e consubstancialidade das relações sociais. Novos Estudos CEBRAP, n. 86, pp. 93‐103, 2010. ANTHIAS, Floya; YUVAL‐DAVIS, Nira. Racialized boundaries: Race, nation, gender, colour and class and the anti‐racist struggle. London: Routledge, 1992[1993].

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