Feminismos e esquerda punitiva: por uma criminologia de libertação do poder punitivo

O presente artigo busca discutir as demandas neocriminalizadoras que partem de movimentos sociais comprometidos com os direitos humanos a partir de uma abordagem criminológica crítica que não enxerga nos dispositivos do sistema penal qualquer possibilidade de emancipação. Para tanto, elege-se as estratégias de parte dos movimentos feministas – historicamente de esquerda – como exemplo privilegiado, na medida em que, quiçá, demonstram uma possível sedução por um direito penal simbólico, contradizendo suas próprias demandas que buscam consolidar os direitos fundamentais da mulher na sociedade contemporânea. Neste escrito, ainda, reafirmar-se a noção de Maria Lúcia Karam de esquerda punitiva, demonstrando sua validade e atualidade frente aos desejos punitivos que se fazem presentes. Diante desse cenário, importa aos autores reafirmar a necessidade de qualquer movimento que pretenda emancipação nas democracias formais vigentes não deve passar por demandas punitivas. Propõe, assim, à reflexão de que qualquer criminologia que se pretenda a favor do Outro deve ser uma criminologia de libertação dos aparatos punitivos.