Festa de Santa Rita de Cássia e Suas Implicações Econômicas e Culturais na Cidade de Santa Cruz-RN

June 3, 2017 | Autor: C. Rn | Categoria: Economia Criativa
Share Embed


Descrição do Produto

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

ÍTALA LOUISE BULHÕES DA COSTA

FESTA DE SANTA RITA DE CÁSSIA E SUAS IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS E CULTURAIS NA CIDADE DE SANTA CRUZ-RN

Natal 2015

ÍTALA LOUISE BULHÕES DA COSTA

FESTA DE SANTA RITA DE CÁSSIA E SUAS IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS E CULTURAIS NA CIDADE DE SANTA CRUZ-RN

Trabalho de conclusão de curso apresentada ao curso superior de Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento de exigências legais como requisito parcial à obtenção do Título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas. ORIENTADOR: Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz

Natal

2015

ÍTALA LOUÍSE BULHÕES DA COSTA

FESTA DE SANTA RITA DE CÁSSIA E SUAS IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS E CULTURAIS NA CIDADE DE SANTA CRUZ-RN

Trabalho de conclusão de curso apresentada ao curso superior de Bacharelado em Gestão de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em cumprimento de exigências legais como requisito parcial à obtenção do Título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas.

Aprovado em: 8 de Dezembro de 2015.

BANCA EXAMINADORA:

__________________________________________________________________________ Prof. Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz (DPP/CCHLA/UFRN/Presidente)

Prof.ª Dra. Joana Tereza Vaz de Moura (DPP/CCHLA/UFRN)

___________________________________________________________________________ Me. Gabriela Targino – Examinadora Externa

AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro ato a Deus, por me fortalecer a cada dia, propiciando-me oportunidades únicas e momentos incríveis. Aos meus pais, Rosalva Bulhões e Antônio Costa, além de minha irmã Yasmim Bulhões, pelo amor, carinho e incentivo ao meus estudos e empreitadas. A todos os meus amigos que me dão força e incentivo. As amizades que fiz durante o curso e que estarão sempre guardados em um lugar especial. Um agradecimento especial ao meu orientador, Fernando Cruz, pela paciência e sabedoria com que me conduziu nesse trabalho acadêmico e, pelos novos horizontes que conheci. A todos, o meu muito obrigado. Vencemos juntos!

RESUMO

O presente trabalho tem como recorte o município de Santa Cruz, localizado no estado do Rio Grande do Norte, e sua recente implantação do turismo religioso através da Festa da Padroeira Santa Rita de Cássia. Como base do ciclo de políticas públicas implementadas pelo poder local em parcerias com o setor religioso e privado, evidenciamos como a economia criativa, apesar de pouco difundida, contribui de forma efetiva e ampla para uma nova dinâmica econômica em que a cultura é o principal “carrochefe”. Nesse sentido, analisamos os impactos dessas ações nas atividades culturais e econômicas e a sua influência no desenvolvimento local. Para a realização da pesquisa, optamos pela metodologia qualitativa que objetiva compreender a dinâmica da Festa de Santa Rita de Cássia e o modo como o turismo religioso vem interferindo no processo de redesenhamento econômico. Foram aplicadas entrevistas com os principais atores sociais envolvidos na organização do evento, para além, da observação participante e do registro fotográfico. Assim, concluímos que o ciclo das políticas públicas implementado pelos principais atores envolvidos no processo de renovação em Santa Cruz, tem na festa da padroeira uma influência direta sobre o eixo cultural sendo este um setor estratégico de expansão.

Palavras-Chaves: Economia Criativa. Santa Cruz. Santuário de Santa Rita de Cássia. Turismo.

ABSTRACT

The present work has as main clipping of the municipality of Santa Cruz located in the state of Rio Grande do Norte, and its recent deployment of religious tourism through the Feast of the Patron Saint Santa Rita de Cassia. As the basis of the cycle of public policies implemented by local partnerships with the religious and private sector, we evidenced as the creative economy, although little diffused, contributes effectively and extensive for a new dynamic economy in which culture is its main "flagship". We analyze the impacts of these actions in the cultural and economic activities and their influences on local development. For the development of the research, we chose qualitative methodology which aims to analyze the results obtained from the Feast of St Rita of Cascia and how the religious tourism interfered in the process of economic redraw. Interviews were applied with the main social actors involved in the organization of the event, in addition, participant observation and the photographic record.

Keywords: Creative Economy, Santa Cruz, Shrine of Santa Rita of Cassia, Tourism.

LISTA DE FIGURAS E QUADROS

Figura 1: Atividades associadas aos Setores Criativos Nucleares.................................... 15 Figura 2: Princípios norteadores da Economia Criativa no Brasil ..................................... 18

Figura 3: Localização da cidade de Santa Cruz/RN ......................................................... 24

Figura 4: População do município por faixa etária ............................................................ 25 Figura 6: Procedência dos turistas na Festa de Santa Rita de Cássia ............................. 29

Figura 7: Feira de Artesanato no ano de 2014 ................................................................. 29 Figura 8: Concurso “A Mais Bela Voz Estudantil, no ano de 2014 ................................... 32

Figura 9: Encerramento da Festa do dia 22 de maio de 2015 ......................................... 34 Figura 11: Stand da Cidade em evento do SEBRAE – RuralTur, 2014 ........................... 36 Figura 12: Imagem do Museu Auta Bezerra, Parque da Borborema e ilustração do teleférico ........................................................................................................................... 38 Tabela 1: Atividades associadas aos Setores Criativos Nucleares ................................... 16

Quadro 1: Eventos socioculturais realizados nos últimos cinco anos .............................. 30

LISTA DE SIGLAS

SEBRAE

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

UNESCO

Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

BNDES

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

SEC

Secretaria de Economia Criativa

MINC

Ministério da Cultura

MPE

Micro e Pequena Empresa

MEI

Microempreendedor Individual

UNCTAD

Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento

EMBRATUR

Instituto Brasileiro de Turismo

MTUR

Ministério do Turismo

IBGE

Instituto Nacional de Geografia e Estatística

PIB

Produto Interno Bruto

PEA

População Economicamente Ativa

IDH

Índice de Desenvolvimento Humano

HUAB

Hospital Universitário Ana Bezerra

UFRN

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

IFRN

Instituto de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte

UERN

Universidade Estadual do Rio Grande do Norte

FACISA

Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 10 2. Dinâmicas da Economia Criativa .......................................................................... 14 2.1 Economia Criativa.................................................................................... 14 2.2 Turismo religioso...................................................................................... 21 3. As dimensões socioeconômicas e culturais da Festa de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz/RN........................................................................................... 23 3.1 Caracterização histórica e socioeconômica de Santa Cruz/RN ............. 23 4. A Economia criativa na Festa de Santa Rita de Cássia ........................................ 28 5. Conclusões Finais .......................................................................................... 39 6. Referências Bibliográficas ............................................................................. 41 7. APÊNDICES ............................................................................................................... 43

1. Introdução

Em Santa Cruz, município do Rio Grande do Norte, o poder público por intermédio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo introduziu a Festa da Padroeira Santa Rita de Cássia na dinâmica local em parceria com a Paróquia de Santa Rita de Cássia. Este evento conta com apoio de verbas provenientes do Governo do Estado do RN e Governo Federal, via ministério do Turismo, além do SEBRAE com ações desenvolvidas a nível estrutural. Entretanto, nota-se uma tímida participação da iniciativa privada que ainda não tem total conhecimento do aparato econômico que disponibiliza esse ramo de atividade turística, em especial o turismo religioso regional e/ou nacional. Com efeito, os trabalhos em relação ao fluxo turístico no município de Santa Cruz (RN) começaram no início do século XXI com uma maior divulgação da Festa da Padroeira Santa Rita de Cássia que tem seu início no dia 08 de maio e seu encerramento no dia 22 do mesmo mês com a procissão. No último ano (2015), reuniu cerca de 100 mil pessoas – segundo dados da organização do evento - sendo considerada uma das maiores festas religiosas do estado do Rio Grande Do Norte. Tal incremento econômico teve seu ápice no dia 26 de junho de 2010, com a inauguração da Estátua de Santa Rita de Cássia, construída no Monte Carmelo, com 56 metros de altura, tornando-se a maior estátua católica do planeta. Iniciou-se assim um novo incentivo à economia local, que diante do ciclo de visitação por turistas e peregrinos colocou a cidade em evidência no Estado do Rio Grande do Norte. O poder público tendo suporte do SEBRAE/RN com metodologias específicas para capacitação e estruturação do novo atrativo, teve o intuito de consolidar a estátua como relevante atrativo do Turismo Religioso local e regional. Todos os esforços foram feitos de forma empírica e com a iniciativa operacional das lideranças políticas e eclesiásticas que à época, conseguiram o envolvimento necessário dos atores para melhorar a qualidade percebida dos atrativos principais do Turismo Religioso, que são a Festa da Padroeira e o Complexo Turístico Religioso. (SEBRAE-RN).

10

Neste Trabalho de Conclusão de Curso, o objeto de estudo se justifica pelo fato de se tratar de uma área importante para o Brasil e com um potencial muito grande de crescimento. Contudo, considera-se em linhas gerais, que mesmo com toda a demanda contínua e crescente, os municípios não reagem proporcionalmente à infraestrutura exigida, nem relativamente à falta de trabalho organizado e articulado com atividades de marketing e publicidade para aumentar, ainda mais, o fluxo de turistas e peregrinos. Há a considerar, neste âmbito, o grande número de locais com alto potencial de desenvolvimento do turismo religioso, mas que apenas são conhecidos e/ou divulgados regionalmente. Tendo em vista o estímulo ao desenvolvimento do município objeto de estudo, propiciado pelo turismo religioso, a dinâmica local especialmente ao setor cultural e geração de renda, o grande desafio do poder público ainda está na dinamização e interligação desse segmento de turismo às demais áreas de comércio e serviço da cidade, sendo ineficiente a distribuição do fluxo turístico para outros pontos atrativos e importantes da cidade, além do Complexo Turístico, por exemplo. Tais ações devem ser desenvolvidas de maneira planejada e coordenada a longo, médio e curto prazo, visando consolidar bases estratégicas que acelerem o desenvolvimento da competitividade turística potencial de Santa Cruz. O principal problema enfrentado pelo turismo religioso é a falta de infraestrutura em todos os setores necessários e considerados arcabouço para desenvolvimento e realização de tal atividade. O amadorismo é outra característica existente na implementação de políticas públicas que procuram auxiliar o desenvolvimento e fomento das atividades ligadas a esse setor estratégico, como citado por VITARELLI (2000). Este autor salienta que “a prática turística do segmento religioso está pulverizada e distribuída pela forte peculiaridade das culturas regionalistas, com balizamento na própria complexidade geográfica do país, e pelas microrregiões marcadas por um turismo predominantemente amador e informal”. As políticas públicas e suas ações, seu fortalecimento, bem como o desenvolvimento econômico e social tem propiciado uma melhoria de vida gradativa da população local, ocasionando o aperfeiçoamento dos equipamentos infraestruturais e beneficiando de investimentos na rede hoteleira, na expansão do setor gastronômico com a abertura de novos restaurantes e o artesanato local, e finalmente, concatenando 11

impactos diretos na renda e na oferta de empregos ligados às atividades humanas envolvidas neste processo.

Assim no presente Trabalho de Conclusão de Curso são objetivos da pesquisa: analisar o desenvolvimento social, cultural e econômico gerado a partir da Festa da Padroeira de Santa Rita de Cássia e o modo como a nova dinâmica turístico-religiosa está diversificando a economia local, que após a construção do Complexo Turístico de Santa Rita de Cássia, inseriu-se definitivamente na rota de destinos turístico-religiosos do país, setor este que está inserido na economia criativa, encontrando-se em pleno desenvolvimento e recebendo incentivos de órgãos estatais e instituições privadas. Para que o objetivo geral seja atingido, faz-se necessário ainda definir outros objetivos para a pesquisa: 

Compreender a importância da economia criativa no atual cenário turístico local e nacional;



Analisar de que maneira as políticas públicas, por intermédio da economia criativa e do turismo, têm influenciado a dinâmica econômica da cidade de Santa Cruz;



Evidenciar qual o papel do turismo religioso na cidade e sua importância no desenvolvimento econômico e cultural da localidade;



Pesquisar o impacto econômico e cultural da Festa da Padroeira Santa Rita de Cássia.

Propomos assim a análise de documentos e pesquisas provenientes da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico, apresentados no ato da visita de campo e entrevista com a Secretária da Prefeitura de Santa Cruz, Marcela Pessoa, nomeadamente: 

Pesquisa SEBRAE sobre o perfil do turista religioso, 2014;



Plano de Posicionamento do Turismo Religioso no Mercado Santa Rita de Cássia – Santa Cruz/RN;



Relatório de produção associada ao turismo. Foco, Opinião e Mercado, 2014;



Inventário da oferta turística do município de Santa Cruz, 2014;



Diagnóstico do Produto Turístico Religioso. Santa Rita de Cássia/RN, 2014. 12

A pesquisa é qualitativa propiciando o entendimento do contexto em profundidade, ou seja, identificando e analisando os dados colhidos no decorrer da pesquisa sem estudo estatístico. Segundo LAKATOS (2000), as entrevistas podem ser estruturadas, constituídas de perguntas definidas; ou semi-estruturadas, permitindo uma maior liberdade ao pesquisador. Alguns procedimentos são de suma importância, como: deixar o entrevistado à vontade, a objetividade por parte do entrevistador, evitar comentários ou feições desnecessárias, ou seja, de maneira imparcial, bem como encorajá-lo a falar, nunca o deixando a impressão de estar falando sozinho. A entrevista como parte importante de uma pesquisa, serve basicamente para saber quais são as percepções do entrevistado, qual sua opinião sobre dado assunto e/ou tema, além de propiciar um contato mais direto com o indivíduo. Outro método bastante eficaz de pesquisa documental – utilizada na pesquisa – é a fotografia, considerada de primeira mão e utilizada de forma analítica. A observação é considerada uma coleta de dados importantes, pois interliga nossa percepção aos dados coletados. A técnica de observação pode ser dividida em duas vertentes: estruturada, quando se limita apenas a descrever informações precisas, excluindo fatores temporais que influenciam no ambiente, sendo meticulosa e, seguindo aspectos estabelecidos; a observação semiestruturada, espontânea e simples, não se fazendo necessário descrever com precisão e podendo se formular hipóteses. A observação ainda se distingue entre participante e não participante, conforme o pesquisador se envolve ativamente com o objeto de pesquisa, sendo considerado um ator social. Na observação não participante, o pesquisador apenas registra o que vai observando. Portanto, para o desenvolvimento da pesquisa, objeto de estudo, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas com os principais atores sociais envolvidos na organização do evento como a Secretária de Turismo do Município de Santa Cruz, Marcela Pessoa, o Pároco e Reitor do Complexo turístico, Pe. Vicente Fernandes, assim como empresários dos setores mais importantes, como hotelaria e restaurante. Tendo ainda, como suporte observação participante e registro fotográfico. O principal agente propulsor do turismo religioso no município é a Festa de Santa Rita de Cássia, contando ainda com o projeto de construção do único teleférico da região nordeste do Brasil – ainda em fase de licitação. As diversificações culturais são questões que devem ser destacadas como o Parque da Borborema e o Museu Alta Pinheiro, além da abertura de novos restaurantes e pousadas. Hoje, a romaria de fiéis que visita a cidade 13

para ver a imagem de Santa Rita de Cássia, pedir milagres e bênçãos à santa e pagar promessas feitas por graças alcançadas, transformou Santa Cruz num dos principais destinos do turismo religioso de todo o Nordeste.

2. Dinâmicas da Economia Criativa Em curto espaço de tempo, a dinâmica cultural e econômica do município de Santa Cruz-RN vem se modificando. O turismo desempenha uma função importante na combinação de iniciativas de geração de lucro com a promoção do diálogo intercultural. Após décadas do chamado “turismo de massas”, se está experimentando uma renovação do turismo em busca de “autenticidade”, motivado pelo desejo de descobrir outras pessoas em seu entorno natural, social e cultural. (BRASIL, p.141, 2012). No presente capítulo, iremos em primeiro lugar conceituar a Economia Criativa e suas Políticas Públicas, para em seguida, tratarmos da questão do turismo religioso.

2.1 Economia Criativa O turismo religioso enquanto segmento econômico e estratégico na dimensão nacional, está inserido no contexto da economia criativa, surgida no ano de 1994 e inspirada no projeto Creative Nation (Austrália). Este teve como objetivo principal evidenciar o grau de importância da cultura nas ações econômicas do País, em que os “talentos” culturais e/ou naturais devem ser explorados a fim de criar novas alternativas sustentáveis. A economia criativa é considerada “o conjunto de setores que compunham a terceira maior indústria do mundo, atrás somente da Indústria do petróleo e da Indústria de Armamentos”. (FILARDI, 2014). Na presente pesquisa, seguimos o entendimento de Cruz (2014) que define a Economia Criativa como: “Propomos que a economia criativa seja definida pelas atividades econômicas que têm objeto a cultura e a arte, ou que englobam elementos culturais ou artísticos de modo a alterar o valor do bem ou serviço prestado. Deste modo, compreendemos o ciclo econômico de criação, produção, distribuição, difusão, consumo, fruição de bens e serviços que têm por objeto a arte e a cultura ou que incorporam elementos culturais ou artísticos. Afastamos desta concepção as atividades culturais e artísticas que não têm intuito econômico. O elemento simbólico e intangível são elementos que importam às atividades econômicas e que quando incorporados nestas, lhes 14

altera o valor econômico. Trata-se por um lado da profissionalização de atividades culturais e artísticas, assim como o reconhecimento do valor econômico dos elementos culturais e artísticos incorporados em outras atividades econômicas como a gastronomia, a arquitetura ou os games” (CRUZ, 2014)

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) no ano de 2009, diante da importância desse eixo para a economia mundial, definiu setores e atividades que se inserem no escopo da economia criativa. Entretanto, cada Nação procurou adequar os setores criativos às suas realidades nacionais. O escopo define-se da seguinte forma: Figura 1: Setores Criativos (UNESCO, 2009)

Fonte: Brasil (2012)

Dentro do escopo principal, são detalhadas subcategorias que norteiam os eixos principais. São os seguintes:

15

Tabela 1: Atividades associadas aos Setores Criativos Nucleares – UNESCO (2009)

Fonte: Brasil (2012)

A ideia principal da construção deste escopo foi a de criar e disponibilizar para os diversos países uma ferramenta que permitisse a organização e a comparabilidade de estatísticas nacionais e internacionais no âmbito das expressões culturais, contemplando 16

aspectos relacionados aos modos de produção sociais e econômicos. (UNESCO, 2009). Norteado pelo escopo desenvolvido pela UNESCO e, tendo em vista a multiplicidade cultural do Brasil, em 2012, durante o governo da Presidente Dilma Rousseff, por meio do Ministério da Cultura criou-se a Secretaria de Economia Criativa pelo Decreto 7743, de 1º de junho de 2012 - visando programar e monitorar políticas públicas de fomento aos profissionais e micro empresas que atuam no ramo criativo, com o objetivo específico de que a cultura atue de forma estratégica para o desenvolvimento do Estado brasileiro. (BRASIL, 2010). Segundo Luciano Coutinho, à época Presidente do BNDES: “neste sentido, a criação da Secretaria da Economia Criativa é um reconhecimento claro por parte do governo brasileiro, através do MinC, do potencial protagonista das atividades criativas para o país, numa perspectiva de longo prazo, tendo como norte o desenvolvimento mais inclusivo e sustentável”. (BRASIL, 2012)

Ainda nessa vertente, de acordo com Ana de Holanda, à época Ministra da Cultura “A Secretaria da Economia Criativa” (SEC) simboliza, a partir deste Plano, o desafio do Ministério da Cultura de liderar a formulação, implementação e monitoramento de políticas públicas para um novo desenvolvimento fundado na inclusão social, na sustentabilidade, na inovação e, especialmente, na diversidade cultural brasileira. Por outro lado, ao planejarmos, através da SEC, um “Brasil Criativo”, queremos acentuar o compromisso do Plano Nacional de Cultura com o Plano Brasil sem Miséria, através da inclusão produtiva, e com o Plano Brasil Maior, na busca da competitividade e da inovação dos empreendimentos criativos brasileiros. (BRASIL, 2012).

O conceito de economia criativa para a SEC (Secretaria de Economia Criativa) foi definido partindo das dinâmicas culturais, sociais, e econômicas construídas a partir do ciclo de criação, produção distribuição/circulação/difusão e consumo/fruição de bens e serviços oriundos dos setores criativos, caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica. (BRASIL, 2012, p. 23). Segundo a SEC, os setores criativos podem ser identificados a partir das seguintes categorias culturais: I. Patrimônio: Sítios culturais (arqueológicos, museus, bibliotecas e galerias) e manifestações tradicionais (arte popular, artesanato, festivais e celebrações); II. Artes: Artes visuais (pintura, escultura e fotografia) e artes performáticas (teatro, música, circo e dança); III. Mídias: Publicações e mídias impressas (livros, jornais e revistas) e audiovisual (cinema, televisão e rádio); IV. Criações funcionais: Design (interior, gráfico, moda, jóias e brinquedos), serviços criativos (arquitetura, publicidade, P&D Criativos, lazer e entretenimento) e novas 17

mídias (softwares, jogos eletrônicos e conteúdos criativos digitais); V.

Expressões culturais: Artesanato, culturas populares, culturas indígenas,

cultura afro-brasileira, artes visuais e digitais;

No Brasil, tendo em vista os parâmetros estabelecidos pelo Plano da SEC, estabeleceram-se as seguintes bases que, de acordo com as características múltiplas do país, nortearão as seguintes áreas de fomento principal: Figura 2 – Princípios norteadores da Economia Criativa no Brasil

Fonte: Brasil (2012)

As categorias nacionais foram definidas, segundo o Plano, tendo em vistas os seguintes princípios: 

Diversidade cultural – A Economia Criativa brasileira deve se constituir numa dinâmica de valorização, proteção e promoção da diversidade das expressões culturais nacionais como forma de garantir a sua originalidade, a sua força e seu potencial de crescimento (BRASIL, 2012, p. 34).



Sustentabilidade – O uso indiscriminado de recursos naturais e de tecnologias poluentes nas estruturas produtivas, com o objetivo de obter lucros e garantir vantagens competitivas no curto-prazo, acabou por gerar grandes desequilíbrios ambientais. Em função dessas considerações, é 18

importante definir qual tipo de desenvolvimento se deseja, quais as bases desse desenvolvimento e como ele pode ser construído de modo a garantir uma sustentabilidade social, cultural, ambiental e econômica em condições semelhantes de escolha para as gerações futuras (BRASIL, 2012, p. 34). 

Inovação – O conceito de inovação está essencialmente imbricado ao conceito de economia criativa, pois o processo de inovar envolve elementos importantes para o seu desenvolvimento. Assumir a economia criativa como vetor de desenvolvimento, como processo cultural gerador de inovação, é assumi-la em sua dimensão dialógica, ou seja, de um lado, como resposta a demandas de mercado, de outro, como rompimento às mesmas (BRASIL, 2012, p. 34).



Inclusão Social – No Brasil, onde a desigualdade de oportunidades educacionais e de trabalho ainda é evidente, onde o analfabetismo funcional atinge um percentual considerável da população, onde a violência é uma realidade cotidiana, onde o acesso à cultura ainda é bastante precário (quando comparado com o de países desenvolvidos), não se pode deixar de assumir a inclusão social como princípio fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas culturais na área da

economia

criativa.

Nesse

sentido,

inclusão

social

significa,

preponderantemente, direito de escolha e direito de acesso aos bens e serviços criativos brasileiros. (BRASIL, 2012, p. 34).

O Ministério da Cultura entende que os maiores desafios a serem enfrentados pelo ciclo da economia criativa no Brasil: 1º – Passam pelo levantamento de informações e dados, sendo estes muito escassos e com pouca noção da real dimensão dessa temática; 2º – Pelo estímulo e articulação para desenvolvimento de empreendimentos de ordem criativa, principalmente em relação ao acesso a recursos financeiros; 3º – Em uma educação voltada para competências Criativas; 4º – Infraestrutura voltada para a criação, produção, distribuição, circulação e consumo e serviços por esses eixos fomentados; 5º – Criação e/ou adequação de marcos legais já existentes, para estes setores criativos. Para enfrentar tais situações, foram criados conjuntos de ações e iniciativas a 19

serem implementados pelo MinC, articulando-se de maneira interministerial, com parceiros públicos e/ou privados partindo dos seguintes pressupostos: 

Institucionalização de territórios criativos, ou seja, Rede Brasileira de Cidades Criativas, Polo Criativo e Bacia Criativa;



Desenvolvimento de pesquisas e monitoramentos de ações, entende-se mapeamento de informações sobre a economia criativa, conta satélite da cultura e os Observatórios Nacional e Estaduais de Economia Criativa;



Estabelecimento de marcos regulatórios favoráveis à economia criativa brasileira, como a desoneração tributária de atividades criativas, redução da carga tributária incidente sobre as atividades criativas, inclusão de micro e pequenos empreendimentos criativos na Lei Geral das MPEs, ampliação do enquadramento da Lei Geral para beneficiar os pequenos empreendimentos criativos, inclusão de atividades criativas na lei do Microempreendedor Individual (MEI) e a ampliação do enquadramento da Lei do MEI para beneficiar as atividades e a força de trabalho criativa;



Fomento técnico e financeiro voltado para negócios e empreendimentos dos setores criativos, como criação de escritórios e agências nacionais e internacionais voltados para o atendimento e apoio aos profissionais e empreendedores criativos (Criativas Birô Nacionais e Criativas Birô Internacionais). O objetivo é promover e fortalecer as redes e arranjos produtivos dos setores criativos brasileiros e oferecer serviços de suporte voltados para ações entre o Brasil e outros países. Além disso, estão previstas ações como Credito Criativo, incubadoras de empreendimentos criativos, Portal Brasil Criativo, calendário nacional de circuitos de feiras e eventos voltados para os setores criativos, fomento a tecnologias de inovação, fomento à sustentabilidade de empreendimentos criativos;



Promoção e fortalecimento das organizações associativas contribuindo para a formação e fomento de cooperativas, redes e coletivos;



Formação de competências criativas de modo a promover a inclusão produtiva,

ou

seja,

residências

Criativas

para

a

gestão

de

empreendimentos e formação para gestão de negócios criativos e gestão de carreira de profissionais e técnicos.

O relatório cita como exemplos modelos de economia criativa adotados na Argentina e no Senegal respectivamente e, como melhorou os modelos de subsistência 20

em países em desenvolvimento. “Na Argentina, os setores da economia criativa empregam cerca de 300 mil pessoas e representam 3,5% do PIB. Em Marrocos, o setor de editoração emprega 1,8% da força de trabalho, com um volume de negócios de mais de US$ 370 milhões. O mercado de música superou os US$ 54 milhões em 2009 e tem crescido desde então. Em Bangkok (Tailândia), existem mais de 20 mil empresas na indústria da moda, enquanto em toda a região, jovens estão ganhando a vida como designers de pequena escala.” (BRASIL, 2012).

Na cidade de Pikine, em Senegal, a associação Africulturban criou a “Akademy Hip Hop”, que capacita jovens locais no em design gráfico e digital, produção de música e vídeo, gestão de promoção e marketing, aulas de DJ e inglês. O programa visa ajudar jovens profissionais da economia criativa a performar de forma mais efetiva nos mercados local e global que está em constante revolução artística e tecnológica. (BRASIL, 2012).

Para Cruz, o Relatório da Economia Criativa 2010 da UNCTAD vem classificar as indústrias criativas em quatro categorias: Patrimônio Cultural (artesanato, expressão da cultura tradicional), Artes (artes visuais e artes dramáticas), Mídia (editoras, mídias impressas, audiovisuais) e Criações funcionais (design, novas mídias e serviços criativos). Segundo Carvalho e Carvalho (2013), essas indústrias podem ser definidas por possuírem atividades pautadas na criatividade e no talento individual e que tem potencialidades para geração de emprego e renda. Acrescentamos que às indústrias culturais foram agregados setores que utilizam a arte e a cultura como elementos de valorização das suas atividades (CRUZ, 2014).

2.2 Turismo religioso

Atualmente uma das áreas com mais incentivos dos órgãos governamentais e instituições privadas é o turismo levando em consideração o rico patrimônio cultural, natural e histórico que torna o Brasil um país de referência em relação à mistura de ritmos, culturas e crenças em um só lugar. O turismo, em especial o religioso, mostrou-se nos últimos anos como um importante fator econômico, social e cultural propiciando uma discussão mais aprofundada em relação à sua importância tendo em vista os números e atividades

que

fomenta,

desenvolve,

visando

a

melhoria

dos

equipamentos

infraestruturais urbanos que envolvem as comunidades locais e os municípios, bem como 21

a melhoria de seus atrativos e a inserção de novas rotas turísticas nesse nicho. Este fenômeno tem ocasionado o deslocamento de milhares de pessoas pelo país e pelo mundo movidos pela fé, com impactos nos mais variados âmbitos, a níveis locais e regionais. Andrade (2000, p. 77) explicita o turismo religioso, como: “o conjunto de atividades, com utilização parcial ou total de equipamentos, e a realização de visitas a receptivos que expressam sentimentos místicos ou suscitam a fé, a esperança e a caridade aos crentes ou pessoas vinculadas a religiões, denomina-se turismo religioso”. O turismo religioso é um segmento do mercado turístico que envolve lucro, empreendimentos, geração de renda e negócios, criando ainda opções de lazer, lançando cidades como rotas turísticas e, melhorando satisfatoriamente a qualidade de vida nos municípios e comunidades locais. O Brasil é considerado o país mais religioso do mundo, segundo o último censo realizado em 2010. Cerca de 99% dos brasileiros acreditam em Deus. Destes, sua maioria é de católicos, ou seja 80% da população. Segundo levantamento da EMBRATUR (2014), anualmente 15 milhões de pessoas se deslocam pelo país por motivos religiosos movimentando, um mínimo de seis bilhões por ano. No ano passado. “Segundo o Mtur (Departamento de Estudos e Pesquisas). No ano passado, cerca de 17,7 milhões de brasileiros viajaram pelo país levados pela fé. Cerca de 10 milhões fizeram viagens sem pernoitar no destino (excursionista) e outros 7,7 milhões permaneceram pelo menos uma noite no local. (Ministério do Turismo, 2015). Segundo Gouthier (2000) “toda essa movimentação religiosa é um dos mais fortes traços da cultura do Brasil. Segundo Andrade (2000, p.79), “ressalvados o turismo de férias e o turismo de negócios, o tipo de turismo que mais cresce é o religioso, porque - além dos aspectos místicos e dogmáticos – as religiões assumem o papel de agentes culturais importantes, em todas as suas manifestações de proteção a valores antigos, de intervenção na sociedade atual e de prevenção no que diz respeito ao futuro dos indivíduos e da sociedade”. O chamado “turismo cultural”, que compreende determinadas formas de turismo religioso e do turismo vinculado a lugares do patrimônio mundial, pode contribuir para promover o entendimento cultural ao situar os outros em seu entorno natural e conferir mais profundidade histórica a outras culturas. Envolver as comunidades no processo também pode ajudar a gerar nelas um maior sentido de autoestima e contribuir com o desenvolvimento sustentável. Não obstante, os resultados desta nova tendência do turismo têm sido até agora muito diversificados, já que o turismo também pode fazer mais exóticas as diferenças culturais, ao reduzir as expressões e práticas culturais a “espetáculos folclóricos”. (BRASIL, 2012, p. 141-142). 22

3. As dimensões socioeconômicas e culturais da Festa de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz/RN Considerada uma das festas religiosas mais importantes do Rio Grande do Norte, a festa de Santa Rita de Cássia fomenta e dinamiza a economia e cultura local através de políticas públicas voltadas ao turismo religioso como eixo importante da economia criativa.

3.1 Caracterização histórica e socioeconômica de Santa Cruz/RN Historicamente, os índios que dominavam quase toda a Ribeira do Trairi pertenciam à grande nação tapuia, e aglomeravam-se nas serras do Ronca, Tapuia e Doutor, atual Município de Santa Cruz. No local foram encontradas ossadas humanas e diversos objetos pertencentes aos silvícolas, cujo desaparecimento data por volta de 1800. Segundo o IBGE (2010), acredita-se que ainda no século XVIII se tenha dado a primeira penetração do elemento civilizado. Entretanto, a colonização só se iniciou em março de 1831, quando Lourenço da Rocha, o irmão João da Rocha e um companheiro de nome João Rodrigues da Silva, percorrendo os sertões, tocaram naquelas paragens, as quais denominaram Malhada do Juazeiro. Pela altura e fronde, sobressaía-se entre os demais, belo juazeiro que se erguia no local onde hoje se situa a Igreja Matriz. A capela, sob a invocação de Santa Rita de Cássia, foi edificada em 1835. Dotada de indispensável patrimônio, incluindo-se paramentos e alfaias, obteve-se provisão para que se celebrassem missas. Tendo vindo de Cachoeira a primeira imagem da Padroeira, o lugarejo passou a ser conhecido como Santa Rita da Cachoeira. No dia 1º de abril de 1981, a cidade foi parcialmente destruída pela enchente provocada pelo rompimento da adutora Mão D'água, situado no município vizinho de Campo Redondo. O estrago resultou no desabamento de mais de mil casas, com um número de cinco mil desabrigados e, a morte de seis moradores vitimados pela fúria das 23

águas. Essa é considerada uma das piores catástrofes da história do estado do Rio Grande do Norte. Os registros históricos são escassos e o patrimônio urbano foi reduzido a poucos prédios e construções antigas que ainda resistem a investida da modernidade que altera a paisagem da cidade, a igualando a centros urbanos maiores e mais desenvolvidos. (Revista Fatos e Feitos, 2013). O município de Santa Cruz, segundo o IBGE, está localizado na região da Borborema Potiguar, inserida dentro de um grupo de cidades que formam o Vale do Sertão do Trairi. Com uma população aproximada de 36.477 habitantes, sendo desse total 31.000 habitantes localizados na zona urbana e 5.477 na zona rural. Apresenta uma área territorial de 624,36 Km² e, uma densidade demográfica de 57,3 hab./km2. Possui um produto interno bruto (PIB) em torno dos R$ 158 milhões e uma renda per capita de R$ 4.525,00. Apenas 1% (um) da comunidade é economicamente ativa. Obteve uma arrecadação de impostos em 2013 de R$ 1.313.873,49. (IBGE, 2010).

Figura 3: Localização da cidade de Santa Cruz/RN

Fonte: Wikipedia (2015)

A figura a seguir tendo por base dados do último censo realizado em 2010, mostra que população local tem alta taxa de fecundidade. As faixas etárias dos 0 a 4 anos e 5 a 9 24

anos mantêm-se estáveis, na casa do 4,0 % de nascimentos, tanto para homens quanto para mulheres. Evidencia também que sua maior população está concentrada na faixa etária que vai dos 10 a 14 anos até à faixa dos 25 a 29 anos, entre 5,2% à 4,5% tanto para homens quanto para mulheres. A PEA (População Economicamente Ativa) que incide sobre a faixa etária dos 30 a 34 anos até aos 60 a 64 anos é relativamente pequena, embora possa ser considerada constante. Posteriormente, da faixa etária dos 70 ou mais, observa-se uma melhora sensível em relação à expectativa de vida, tendo as mulheres um percentual um pouco maior que os indivíduos do sexo masculino.

Figura 4: População do município por faixa etária

Fonte: IBGE (2010)

O último censo realizado em 2010, apresentou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) igual a 0,653, considerado nível médio, ocupando o 37º lugar na esfera estadual e a 214º posição em âmbito nacional. Sendo os melhores índices, dentre os quatro medidos pelo governo, a longevidade e a expectativa de vida. De acordo com dados disponibilizados pela Prefeitura, o município conta com 1.912 25

indústrias e empresa de prestadoras de serviços em situação regular. Sua maior receita advém do extrato de vegetais, produção de frutas como banana e melão, além da criação de frango, a maior do estado do RN. Nos últimos anos, diversas empresas ligadas ao agronegócio têm se instalado na cidade. Outra indústria é a têxtil, que se apresenta bastante significativa para a economia local, sendo a confecção por facção sua principal forma de gestão.

No que tange a estrutura local, a cidade dispõe de dois hospitais que atendem toda a comunidade do Vale do Sertão do Trairi, sendo uma maternidade na esfera federal Hospital Universitário Ana Bezerra (HUAB) que disponibiliza assistência ao município e às cidades vizinhas, e investe em um serviço qualificado com atenção especial à mulher e a criança, atendendo a população 24 horas. Na esfera municipal conta com o Hospital Aluízio Bezerra. Cada bairro conta com sua própria unidade de saúde. Em relação à hospedagem, constata-se a presença de um contingente considerável de pousadas, e um pequeno contingente de motéis. A quantidade de leitos disponíveis atende às necessidades atuais, demonstrando uma ocupação satisfatória e desta maneira incentivando a realização de novos investimentos neste segmento, apontada pela crescente demanda de turistas e passantes na cidade. No que tange à acessibilidade, verificam-se necessidades de investimentos para melhor atender as pessoas com deficiência de mobilidade. A publicidade realizada por estes meios é ainda bastante tímida e aponta ainda necessidade de sinalização urbana, indicando desta maneira, a presença de hospedarias. A falta de um segundo idioma (Inglês ou Espanhol), dificulta a comunicação e a possível estadia de clientes estrangeiros. Os funcionários destes estabelecimentos não possuem formação para exercer algumas funções. Há falta de meios alternativos como campings, albergues, hospedarias, pensões etc. Levando em conta os espaços públicos e áreas verdes, nota-se preocupação do poder público em relação à sustentabilidade. Existem duas praças públicas bem localizados e arborizados, assim como, o recém-construído parque ecológico que está em ótima situação de conservação, podendo ser usufruído pela população como área verde de bem-estar. Próximo existem as principais instituições de estudos (UFRN), bancos e centros comerciais. O mirante do alto da Santa Rita recém construído e em ótimas condições físicas, oferece oportunidade de entretenimento, bem-estar, alimentação e compras. Trata-se de um dos únicos monumentos que possui placas de sinalização bilíngue (Português-Inglês), 26

e de acesso. Ao nível do turismo pedagógico e do próprio turismo de aventura (básico ao profissional) existem atrativos para a prática do rapel, alpinismo, trilhas, tirolesas, arvorismo, vista e conhecimento da fauna e flora, acampamentos, piquenique, corrida de obstáculos e aventuras, visita a cavernas, passeio off-road, pesca, instrução de tiro esportivo, arco e flecha, passeios de cavalo, passeios de lancha. Proporciona atividades de lazer como: soldado por um dia e escoteirismo (para crianças). É a única empresa com domínio de vários idiomas estrangeiros (Inglês, Espanhol, Francês e Japonês). Funciona durante todo o ano, e totalmente acessível para deficientes físicos e terceira idade. Disponibiliza serviço de guia turística com toda a assistência médica e possui uma limitação de clientes por atividade, devido ao número de colaboradores. Como obras públicas visando o lazer da população, a cidade dispõe de um ginásio poliesportivo e um estádio de futebol. Estão sempre abertos ao público e contemplando eventos extra esportivos. Ambos possuem capacidade para milhares de pessoas. Não há presença de transporte público coletivo, sendo os táxis e moto-táxis como as únicas alternativas de transporte na região. Dentro do município, não há uma empresa ou cooperativa que coordene as frotas. Os profissionais apenas se organizam em determinadas praças, e criam uma sociedade informal, onde se identificam com um nome fantasia apenas para seu reconhecimento. Não apresentam as seguintes características: acessibilidade e domínio de outro idioma. A grande maioria não funciona 24 horas por dia. Santa Cruz possui apenas uma casa de show na cidade. Nesse local são realizados eventos de médio porte com uma estrutura regular, mas não é acessível para portadores de necessidades especiais. Possui um razoável quadro de funcionários. Existem ainda espaços de natureza pública e privada que comportam eventos de pequeno e grande porte. Quando se trata da organização e promoção de eventos, existe uma empresa, a qual está apta para a realização de todos os tipos de eventos. Está em processo de expansão, pois cada vez mais seus serviços estão sendo solicitados pela população local. Serviços como assessoria e cerimonial, estão no seu foco, já que, a cidade vem cada vez mais se caracterizando como universitária.

27

4. A Economia criativa na Festa de Santa Rita de Cássia

Considerada uma das festas religiosas mais importantes do Rio Grande do Norte, a festa de Santa Rita de Cássia fomenta e dinamiza a economia e cultura local através de políticas públicas voltadas ao turismo religioso como eixo importante da economia criativa. A festa de Santa Rita de Cássia é considerada o evento mais importante do ano para o município de Santa Cruz, ocorrendo de 13 a 22 de maio sendo composta por um número crescente de eventos socioculturais e celebrações. Nesse período a economia ganha um incremento a mais, tendo em vista o alto número de turistas - estimados em 80 mil pessoas - romeiros que vêm à cidade e, que investem em artigos religiosos, restaurantes e hospedagem nos hotéis e pousadas. O resultado final desse processo está diretamente ligado à cultural local, partindo da premissa que a Festa da Padroeira transforma através das políticas públicas, a cultura em uma vertente estratégica para o desenvolvimento local e regional, evidenciando a economia criativa local com forte potencial na região Nordeste do País. Um levantamento feito pelo SEBRAE no ano de 2014, apontou que 96,4% dos turistas e romeiros tiveram suas expectativas em relação a cidade superadas e/ou correspondidas. Destes, 96,1% afirmaram que retornariam e, 99,3% recomendariam a outras pessoas. (SEBRAE, 2014). Este relatório apontou ainda que, as viagens são feitas em sua maioria por grupos familiares e/ou amigos e, que gastam em média R$ 500,000 no local. Quanto a procedência dos locais de origem desse turistas e/ou romeiros, o quadro desenha-se da seguinte maneira: “...mais frequente são de pessoas do Rio Grande do Norte (47,5%) vindo das cidades de Angicos, Caicó, Canguaretama, Ceará-Mirim, Cruzeta, Currais Novos, Espírito Santo, Extremoz, Florânia, Ielmo Marinho, Lajes, Macaíba, Natal, Nova Cruz, Parelhas, Parnamirim, Taipu e Touros. Outro estado bastante representativo é o da Paraíba com 44,0% dos romeiros visitando o Alto de Santa Rita. Foram identificados ainda romeiros vindo de pernambuco (7,1%), Rio de Janeiro (0,7%), São Paulo (0,4%) e Minas Gerais (0,4%).” (SEBRAE, 2014)

28

Figura. 5 – Procedência dos turistas na Festa de Santa Rita de Cássia

Fonte: SEBRAE, 2014.

Objetivando o fomento, fortalecimento e valorização dos artistas regionais em paralelo às celebrações religiosas, eventos socioculturais são realizados pela Prefeitura de Santa Cruz em parceria com a Paróquia de Santa Rita de Cássia. O maior destes é a Feira de Artesanato, idealizada com o apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico, que oportuniza aos artesãos locais expor e comercializar seus produtos.

Figura 6: Feira de Artesanato no ano de 2014, visando incentivar os artesãos da cidade a

expor comercializar seus produtos.

Fonte: Autoria Desconhecida (2014)

Em entrevista concedida à principal rádio da cidade, a Prefeita Fernanda Costa 29

revelou-se encantada com a qualidade e beleza dos produtos. “Esta feira serve para expor o talento dos artesãos de nossa cidade. Fico feliz em saber que Santa Cruz é uma cidade cheia de talentos e parte deles está expondo nesta feira. É um trabalho maravilhoso”, disse Fernanda. (Radio Santa Cruz, 2014). Reforçando o que foi dito pela Prefeita Fernanda Costa, o professor Gilberto Cardoso menciona, na edição da revista Fatos e Feitos (2013), que: “[...] A cultura em Santa Cruz atingiu bons patamares, respiramos novos ares. Temos o grupo Arte-viva que de forma criativa põe a poesia em cena. Grupo “A Coberta” e “Coentrão” que tempera a emoção e o grupo teatral “Lua Serena”. Santa Cruz tem abundância de excelentes artistas, atores de qualidade, artesãos e cordelistas. A cultura é instrumento de paz e cidadania nesse mundo tão confuso[...]”.

As ações socioculturais se diversificaram e multiplicaram após a inserção da economia criativa como política pública na dinâmica da cidade. Abaixo lista-se outros eventos que foram e/ou são desenvolvidos no período de 13 a 22 de maio, ocorridos nos últimos cinco anos, ou seja, de 2011 a 2015: Quadro 1: Eventos socioculturais realizados nos últimos cinco anos

EVENTOS

2011

2012

2013

2014

2015

Expo Santa Rita – Trairi PROART

Sim

Não

Sim

Não

Sim

Feirinha Santa Rita

de

Sim

Sim

Sim

Não

Sim

Show com Cantores Locais

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Cavalgada

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Show Religioso no Complexo Turístico

Sim

Não

Não

Não

Não

Forró dos Idosos – Noite dos Idosos

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Ação Cidadania

e

Sim

Sim

Não

Não

Sim

Peça Teatral de Grupo Local – Auto de Santa Rita

Não

Sim

Sim

Sim

Não

Noite Cultural e Escolha da Melhor Voz

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

30

Estudantil Festival de Prêmios e Show Regional

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

ArrastaFé

Sim

Não

Não

Não

Não

Festa Social – Bandas de Expressão Nacional

Sim

Sim

Sim

Sim

Sim

Leilão de Santa Rita

Sim

Não

Não

Sim

Sim

Semana Museus

de

Não

Não

Não

Não

Não

o –

Não

Não

Sim

Sim

Sim

Jantar de Santa Rita

Não

Não

Sim

Sim

Sim

I Festival de Música: Uma Canção para Santa Rita

Não

Não

Sim

Sim

Não

I Moto - Romaria

Não

Não

Não

Sim

Não

Exposição de Artes; Fragmentos em Cores

Não

Não

Não

Sim

Não

Recitando Sertão APOESC

Fonte: Autoria própria

31

Figura 7: Concurso “A Mais Bela Voz Estudantil, no ano de 2014.

Fonte: Blog do Wallace. Acesso em 26 de agosto de 2015.

Diante do novo ciclo de políticas públicas que tem por pilar principal a economia criativa, posto em prática pelos atores do aparato institucional municipal em parceria com os atores religiosos locais em busca da geração de emprego e renda na qual a população santa-cruzenses é o grande ganhador.

Em entrevista realizada com o principal cantor local, Cícero Baptista, e com a gerente do restaurante do Alto, localizado no Complexo Turístico, Ana Thatiane Macedo, buscou-se saber quais os impactos positivos e/ou negativos da implementação desse novo projeto de desenvolvimento com base no turismo religioso.

Em relação a Festa da Padroeira, ambos concordam que é de suma importância, pois suas implicações vão além do setor religioso providenciando injeção direta de recursos na economia em um curto espaço de tempo. No âmbito cultural, há uma concordância no que diz respeito ao desenvolvimento iniciado na última década, sendo considerada uma cultura “morta”. Cícero citou o exemplo do município de Juazeiro do Norte que segue a mesma linha de desenvolvimento pautado no semento do turismo religioso. Citou também o fato de comerciantes, especialmente 32

ambulantes vindos de todos os locais do País, lotarem a cidade durante o mês de maio. Entretanto, para Ana Thatiane, os artistas locais e regionais – artesãos e cantores locais – e, principalmente a gastronomia ainda não têm o incentivo merecido por parte dos atores sociais do poder público. Ambos entendem que há uma espécie de centro de tradições regionais, tanto para a divulgação da cidade, quanto para a divulgação dos municípios vizinhos. Seria um excelente ponto de partida para tal incentivo, servindo inclusive como ponto de reunião, já que a cidade ainda não dispõe de outros meios atrativos. Quanto à associação da cidade com o turismo religioso, o ponto negativo considerado preponderante, faz referência à divulgação das Festa bem como ao Complexo Turístico e às informações dentro da própria cidade que são precárias. Por exemplo, placas de trânsito para orientação que são consideradas precárias e/ou insuficientes. Cícero citou ainda, a falta de infraestrutura física de acolhimento desses turistas e/ou romeiros que vêm de outras localidades. E, como principal ponto positivo, a dinamização da economia e a troca de experiências entre visitantes de costumes diferentes. Quando perguntados a respeito das medidas que poderiam desenvolver o turismo local, Ana Thatiane acredita que uma parceria entre o poder público e a Paróquia propiciando a população santa-cruzense para engajar-se diretamente no projeto proposto, visto que a participação é tímida. Acredita ainda que a Paróquia contribui muito pouco, deixando a cargo da Prefeitura ações que ela também poderia desenvolver, por exemplo shows religiosos e peças teatrais. Cícero citou a construção do primeiro teleférico localizado no Nordeste do País, como mais uma atração disponível na cidade em um dia de domingo. Do espaço dado às considerações particulares de cada um dos entrevistados, Ana Thatiane Macedo, citou a pouca participação da Paróquia na divulgação tanto da Festa da Padroeira, quanto do Complexo Turístico. Mencionou ainda, o “amadorismo e pouco caso” por parte de funcionários da própria Paróquia que em muitos momentos não forneciam informações consideradas simples e corriqueiras. Há falta de diálogo entre a equipe do Complexo Turístico e os funcionários da secretaria paroquial, o que dificulta o contato direto do romeiro/turista como principal ponto turístico da região. Citou a falta de estrutura do estacionamento que é pago mas, ainda sim a manutenção que é precária. A falta de informação sobre o Restaurante e a Loja de Artigos Religiosos presentes dentro do Complexo Turístico. A falta de segurança, seja privada e/ou policial, assim como a instalação de câmeras de segurança para monitoramento do fluxo de pessoas. 33

Cícero Baptista, lembrou o potencial de cidade universitária que conta com o IFRN (Instituto de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte), um campi da UERN (Universidade Estadual do Rio Grande do Norte), do Campi da UFRN – FACISA (Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi), além de outras Universidades privadas e escolas técnicas. E, com isso o desenvolvimento de estudos em torno da religiosidade da população local, sendo a Festa da Padroeira e, posteriormente o Complexo Turístico como marca regional. Assim como Ana Thatiane, citou a pouca divulgação e poucas ações, muitas vezes tímida por parte da Paróquia como um ponto que precisa ser melhorado, para que esta tenha uma participação ativa fazendo valer o status referente a uma das maiores Paróquias da Arquidiocese de Natal. Em entrevistas feitas aos principais atores administrativos por parte da Paróquia Pe. Vicente Fernandes e por parte do poder público, a secretária de turismo Marcela Pessoa, não se verificaram discordâncias, ou seja, ambos acreditam que o projeto do turismo religioso está sendo bem conduzido e as ações estão sendo desenvolvidas e implementadas dentro do planejamento traçado previamente. Quando perguntados a respeito da importância dos festejos para o município, foi mencionada a relevância da festa tanto pela injeção econômica em um espaço de 15 dias e os muitos setores que esta atinge como restaurantes e hotéis. A Secretária classificou a festa como alta estação para o município. Pe. Vicente disse considerar importante porque é uma renda importante para a Paróquia e uma visibilidade ímpar, pois o evento tem cobertura dos principais meios de comunicação televisiva do estado, como a InterTV e a TV Ponta Negra. Quando questionados sobre as implicações culturais e econômicas, ambos citaram que a tradição da Festa, mas que a população duplica no dia 22 de maio, quando acontece a procissão de Santa Rita de Cássia. A economia recebe um grande aporte financeiro neste período de 13 a 22 de maio.

34

Figura 8: Encerramento da Festa do dia 22 de maio de 2015.

Estima-se que mais de 85 mil pessoas tenham participado da procissão que percorreu as principais vias públicas da cidade. Fonte: Blog do Wallace. Acesso em 26 de agosto de 2015.

Sobre a importância do turismo religioso para a cidade, a secretária revelou que Santa Cruz conheceu o significado da palavra turismo através do Turismo Religioso. Para Pe. Vicente, hoje a cidade respira turismo, toda a comunidade trabalha para bem receber os turistas e visitantes. Em relação à divulgação, Marcela cita que a Prefeitura Municipal de Santa Cruz, através da Secretaria de Turismo e Desenvolvimento Econômico faz uma larga divulgação do Santuário e da festa através de materiais promocionais, feiras de turismo, matérias pagas e gratuitas, divulgação em aeroportos, rodoviárias. Estabeleceu ainda parceria com o IFRN para divulgação em ações de extensão do Instituto Federal, sendo a última ocorrida em Gramado/RS.

35

Figura 9: Stand divulgando a Cidade em Feira de Turismo em Gramado/RS.

Fonte: Prefeitura de Santa Cruz. Acesso em 17 de setembro de 2015. Há também parceria estabelecida com o SEBRAE-RN, que organiza a RuralTur reconhecida por divulgar produtos e serviços de turismo rural, expondo roteiros, artesanato, destinos de viagem entre outros. Figura 10: Stand da Cidade em evento do SEBRAE – RuralTur, 2014.

Fonte: Prefeitura de Santa Cruz. Acesso em 17 de setembro de 2015.

Quando questionados sobre a relação que a prefeitura mantém com a Paróquia e 36

vice-versa, ambos foram taxativos. Temos uma relação de cordialidade e parceria. Trilhando um bom relacionamento para conduzirmos a atividade do Turismo em nossa cidade. Em relação a planos e projetos, Marcela respondeu que a Prefeitura apoia todos os equipamentos de turismo da cidade dando suporte e orientação necessários para um bom funcionamento. A qualificação profissional também é uma constante ação para este público. No que diz respeito à construção de um teleférico, que estima-se ser concluído em meados de 2016, a secretária pensa que atrairá uma quantidade maior de turistas para Santa Cruz e, um retorno econômico para a cidade. Para o Ministro Henrique Eduardo Alves, esse projeto é prioritário de sua gestão à frente do Ministério do Turismo, ressaltando que: [...] “É uma prioridade porque, volto a dizer, não é só para o bem de Santa Cruz, não é só para fazer o crescimento do Trairi e do meu Estado, não, é para mostrar ao Brasil como o turismo religioso tem muita força, tem muito apelo, está entranhado na consciência, no sentimento e na alma do povo brasileiro. Então, com essa obra concluída, eu vou usar como exemplo para todo o Brasil. Quando for falar em turismo, vou falar dos eventos, da natureza, da cultura, da gastronomia e vou falar do turismo religioso, Santa Rita como exemplo[...]

Quanto a outras atrações turísticas que podem ser encontradas na Cidade, Marcela cita como exemplos: a Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia, Capelas presentes em todos os bairros da Cidade, Parque da Borborema – turismo de aventura, trilhas, Festival Gastronômico Fest Frango – gastronomia – e o Moto Fest – turismo de eventos -, além do Complexo Turístico de Santa Rita de Cássia, há também o Museu Auta Bezerra que funciona aos finais de semana com visitas agendadas. Segundo a proprietária Cleuda Bezerra: [...]A ideia era reconstruir a propriedade mantendo suas características originais para preservar a história dos Bezerra que ali viveram por décadas. O projeto inicial foi alterado e transformou-se no museu que hoje abriga boa parte do acervo histórico de Santa Cruz e conta, em cinco estações distintas um pouco da história da vida do sertanejo, da fauna e flora da região e da religiosidade nordestina[...]. (Revista Fatos e Feitos, 2013).

37

Figura 11: Imagem do Museu Auta Bezerra, Parque da Borborema e ilustração do teleférico

Fonte: Prefeitura de Santa Cruz. Acesso em 17 de setembro de 2015.

Marcela Pessoa afirma que antes da implementação do turismo religioso, a cidade não dispunha de nenhum atrativo além da Festa de Padroeira no mês de maio. Quanto aos impactos refletidos na cidade após a implementação desse eixo econômico, Marcela disse que nos últimos 5 anos do Santuário inaugurado Santa Cruz deu uma alavancada avassaladora na economia local. Citando um aumento expressivo na rede hoteleira, restaurantes, artesões, taxistas, moto taxistas etc. Em relação ao engajamento dos santa-cruzenses no turismo religioso, disse que todos têm recebido muito bem os turistas e visitantes que aqui vêm para conhecer a nossa cidade. O povo santa-cruzense é um povo muito acolhedor e tem orgulho da sua cidade. Como medidas para que o projeto de desenvolvimento local seja completo, menciona que o comércio ainda precisa se apropriar mais do turismo e tirar disso um maior lucro para suas empresas. No restante, considera estar no caminho certo, na construção do 1º Teleférico no RN que ligará a igreja matriz até ao santuário num percurso de 1 km com 08 bondinhos.

38

5. Conclusões Finais Apesar da pouca difusão acerca da economia criativa, o Brasil desponta para o mundo como um local propício para a implantação dessa dinâmica que, através da diversidade cultura e natural, contribui de maneira efetiva para a modificação de questões econômicas e sociais, gerando renda e oportunizando novos horizontes, apresentando-se como uma alternativa viável para pequenas comunidades e/ou municípios com dificuldades para implementar novas alternativas econômicas e tecnológicas em quaisquer vertentes. A cultura e economia do município de Santa Cruz vem sofrendo um processo de redesenhamento através do turismo religioso com foco principal na tradicional festa devotada à padroeira Santa Rita de Cássia. Nos últimos cinco anos, a troca de experiências da comunidade local com os romeiros vindos de todos os cantos do mundo, evidenciam impactos na economia da Cidade que tem o turismo como a principal fonte de renda. A divulgação maciça da Festa da Padroeira, posteriormente culminando com a construção do Complexo Turístico de Santa Rita de Cássia, incluiu o município definitivamente na rota turística do País. O papel da Prefeitura Municipal de Santa Cruz em parceria com a Paróquia de Santa Rita e a iniciativa privada é de suma importância, influenciando diretamente no fortalecimento e continuidade das ações desenvolvidas objetivando qualificar e ampliar os serviços ofertados, seja na rede hoteleira, restaurantes, cultura de um modo geral, assim como no atrativo de turistas e romeiros. Segundo diagnóstico realizado pela empresa de assessoria Foco – Opinião e Mercado, Santa Cruz tem a seu favor “um diferencial grande que é a capacidade de utilizar outras ferramentas de mercado do turismo que possa agregar um intenso interesse

em

continuidade

sobre

o mercado” (pág.

27). Mencionando

ainda,

equipamentos infraestruturais de aparato ao turismo que ainda esta em fase de empreendedorismo. Outro importante fator de não deve ser relegado a segundo plano, menciona o resultado de uma pesquisa presente neste trabalho em que, 98% dos turistas e romeiros 39

que vem a cidade voltariam novamente e/ou recomendariam a pessoas próximas. O ciclo das políticas públicas implementado pelos principais atores envolvidos nesse processo de renovação e a festa da padroeira influenciam diretamente no eixo cultural sendo este um setor estratégico de expansão. Contudo, entende-se que apesar dos avanços ocorridos e dos números positivos alcançados em um período relativamente curto – cinco anos - , o setor criativo da cidade de Santa Cruz precisa ser dinamizado e ampliado para outros setores que estão distantes da temática do turismo religioso como fator potencial regional.

40

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ANDRADE, José V. de. Turismo fundamentos e dimensões. São Paulo: Ática, 2000. ARAÚJO, Alana Caroline Ferreira; CRUZ, Fernando Manuel Rocha da. O artesanato no estado do Rio Grande do Norte: caracterização e propostas do ponto de vista da economia criativa. In: Anais do XX Seminário de Pesquisa do CCSA. UFRN: CCSA. 2015.

Disponível

em:

https://www.academia.edu/12349698/O_artesanato_no_estado_do_Rio_Grande_do_Nort e_caracteriza%C3%A7%C3%A3o_e_propostas_do_ponto_de_vista_da_Economia_Criati va. Acesso em: 02 jun 2015. BRASIL,

Governo

Federal.

Economia

Criativa.

2010.

Disponível

em:

. Acesso em: 17 mar 2015. BRASIL. Ministério da Cultura. Secretaria da Economia Criativa. 2012. Disponível em: . Acesso em: 17 mar 2015. BRASIL.

Ministério

do

Turismo.

Disponível

em:

http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_noticias/20150112_2.html. Acesso em: 10 jun 2015. BRASIL. Plano da Secretaria da Economia Criativa: políticas, diretrizes e ações, 20112014. Brasília: Ministério da Cultura. 2012. CRUZ, Fernando Manuel Rocha da. Políticas Públicas e Economia Criativa: subsídios da Música, Teatro e Museus na cidade de Natal/RN. Linhares, B. F. (orgs). In [Anais do] IV Encontro Internacional de Ciências Sociais: espaços públicos, identidades e diferenças, de 18 a 21 de novembro de 2014. Pelotas, RS: UFPel. 2014. FILARDI, Leo. A Economia Criativa e o Brasil. O que é a Economia Criativa e como ela está no Brasil.. 2014. Disponível em: . Acesso em: 15 março. 2015. Acesso em: 29 março.2015. GOUTHIER, Juliana. Fé faz o Brasil se multiplicar. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 10 de set. 2000, Caderno de Turismo, p. 8. Acesso em: 19 abril.2015. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. NATAN, Edipo. Blog. Disponível em: http://www.ediponatan.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6254%3A primeira-mao-veja-a-programacao-de-eventos-socio-culturais-da-festa-de-santa-rita-decassia-2013&catid=34%3Alocal&Itemid=1. Acesso em 18 set 2015. PARÓQUIA

DE

SANTA

RITA

DE

CÁSSIA.

Santa

Cruz.

Disponível

em:

http://psrcsantacruz.blogspot.com.br/2011/04/paroquia-de-santa-rita-apresenta.html. Acesso em 18 set 2015. SAGARANA. Turismo e cultura em Minas Gerais: Belo Horizonte, n. 5, ano II, 2001, p.20 – 25. Acesso em: 19 abril.2015. SANTA

CRUZ.

Prefeitura

de

Santa

Cruz.

Disponível

em:

http://www.santacruz.rn.gov.br/site/index.php/blog/104-turismo]. Acesso em 18 set 2015. VITARELLI, Flávio. O turismo religioso da Mesopotâmia a Minas Gerais. Revista WALLACE.

Blog

do

Wallace.

Disponível

em:

http://www.wsantacruz.com.br/page/2/?s=program%C3%A7%C3%A3o&x=0&y=0#sthash. xbYJEA6e.dpuf . Acesso em 18 set 2015.

42

7. APÊNDICES

Questões respondidas pelos atores políticos:

1 - Qual a importância da festa de Santa Rita de Cássia para o município? 2- Quais as implicações culturais e econômicas da festa da padroeira? 3- Qual a importância do turismo religioso para o município? 4- Quais os fatores positivos e negativos da associação de Santa Cruz ao turismo religioso? 5- Como é feita a divulgação do Santuário e da festa da padroeira? 6- Qual a relação da Prefeitura com a administração da paróquia? 7- Em relação ao setor hoteleiro e aos restaurantes, existe algum plano e/ou projeto em desenvolvimento? 8- Quais os objetivos a alcançar com a construção de um teleférico? 9- Que atividades culturais, artísticas e turísticas podemos encontrar em Santa Cruz? 10- Com o investimento no turismo religioso, quais foram os impactos no âmbito econômico da cidade? 11- Como a população tem recebido o projeto do turismo religioso? 12- Finalmente, quais medidas acredita que poderiam favorecer o desenvolvimento local?

43

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.