\"Feyerabend e a mecânica quântica\" (slides) - X Encontro de Filosofia e História da Ciência do Cone Sul (2016)

May 29, 2017 | Autor: Luiz Abrahão | Categoria: Quantum Mechanics, Karl Popper, Paul K. Feyerabend, Thomas S. Kuhn, Phylosophy of Science
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X Encontro de Filosofia e História da Ciência do Cone Sul

Mesa redonda:

Feyerabend e a mecânica quântica Luiz Abrahão – CEFET/MG

Leitores de Feyerabend: quadro geral • Especialistas reconhecem a centralidade de reflexões ligadas à microfísica na obra de Feyerabend • Farrell (2003), Oberheim (2006), Tambolo (2007)

[...] a obra filosófica de Feyerabend está fundada em um vasto estudo a respeito da teoria uânti a . (Preston, 1997, p. xi)

Leitores de Feyerabend: antigas coletâneas • Duerr (1980/81) • Tomeo (1990) • Munévar (1991) • Preston, Munévar & Lamb (2000)

Leitores de Feyerabend: estudo pioneiro

• Paul Feyerabend: ein philosoph aus Wien (F. Stadler; R. Fischer, 2006) • Karl Svozil, Fe e a e d and Physics

Feye a end publicou várias contribuições sobre o debate fundacional na mecânica quântica. Eles são extremamente detalhados e refletem o debate em curso na época em que foram es itos (p. 80).

A abordagem geral de Feyerabend neste debate parece ser dominada por um antagonismo contra Popper. Como Popper defende o realismo contra a interpretação de Copenhague bohriana, Feyerabend responde e argumenta em favor da posição de Bohr; mesmo que cautelosamente e cheio de ese vas (p. 82).

Nova coletânea: fontes primárias • Physics and Philosophy: Volume 4: Philosophical Papers (2015) • Part I. Papers and Book Chapters, 1948–70 • Part II. Reviews and Comments, 1957–67

• Part III. Encyclopaedia Entries, 1958–67

Nova coletânea: fontes secundárias • Reappraising Feyerabend • Studies in History and Philosophy of Science, 2016 • M. Brown • D. Kuby • De Begriff der Verständlichkeit in der modernen Physik

Nova coletânea (no prelo) • Introduction to Feye a end s Formative Years, Vol. 1: Feyerabend and Popper • M. Collodel e E. Oberheim (Eds.)

188 cartas (correspondência Feyerabend-Popper/1948-1967) Co ple e ta it a d the T o-“lit E pe i e t á Defence of Free Thinking in Quantum Theory The Conservatism of Modern Physics Observationally Complete Theories: Some observations on quantum theory

Ambientação filosófico-científica (1949-1954): Popper • Feyerabend lê A Lógica da Pesquisa Científica (1934), de Popper • P o le as filosófi os da físi a ode a: áp di e e No os ap di es seções , i, vii, vi e xii) • Feyerabend conhece Popper na quarta edição do Österreichisches College (European Forum Alpbach, 1948)

• 1953: bolsa do British Council (estudar com Popper) • Tema de pesquisa na LSE: Teoria quântica (von Neumann e Bohm)

Ambientação filosófico-científica (1949-1954): Bohr • Zur Theorie der Basissätze (1951) • Contatos em Copenhagen: • Marc-Wogau • Joergensen • Tranekjaer-Rasmussen

• Palestra de Bohr em Askov Quando o seminário acabou, aproximei-me de Bohr e pedi alguns detalhes. Vo ê não entendeu? , exclamou Bohr. É realmente uma pena, porque nunca me expressei tão claramente antes (MT, p. 86)

De Beg iff de Ve st dli hkeit i de ode e Ph sik , i : Veröffentlichungen des Österreichischen College, Vienna: Österreichischen College, 1948, pp. 6-10. • [The Concept of Intelligibility in Modern Physics] Physik und Ontologie , Wissens haft und Welt ild: Monatsschrift für alle Gebiete der Forschung, vol. 7, n. 11–12 (Novemb er– December 1954), pp. 464–476. • [Physics and Ontology] "Dete

i is us u d Qua te e ha ik , i : Wiener Zeitschrift fur Philosophie, Psychologic Pädagogik, 1954, 5, pp. 89-111. • [Determinism and Quantum Mechanics]

O Colston Research Symposium • 1955, Universidade Bristol: seminário dedicado ao livro Foundations of Quantum Theory: A Study in Continuity and Symmetry, A. Landé • 1957: Colston Research Symposium (Colston research society) • Eine Bemerkung zum Neumannschen Beweis , Zeitschrift für Physik (1956) • Zur Quantentheorie der Messung , Zeitschrift für Physik (1957) • On the Quantum-Theory of Measurement , Observation and Interpretation: A Symposium of Philosophers and Physicists, Proceedings of the Ninth Symposium of the Colston Research Society (1957) • ‘ei he a h s Interpretation of Quantum-Mechanics

M. Hesse M. Scriven B. Mackay F. Frank P. Feyerabend

D. Bohm M. Polanyi

Internacionalização da carreira • Convite de Michael Scriven para visitar o Minnesota Center for Philosophy of Science (Minneapolis )

• Temas: termodinâmica e teoria quântica • Contato com C. Hempel, E. Nagel, W. Sellars, H. Putnam, A. Grümbaum, G. Maxwell e W. Rozeboom • Discussão sobre á Proposed Explanation of Quantum Theory in Terms of Hidden Variables at a Sub-quantummechanical Level (1957), de D. Bohm

• Outros participantes: E. W. Bastin, D. Bohm, F. Bopp, M. Fierz, H. J. Groenewold, E. H. Hutten, S. Körner, D. M. Mckay, M. Polanyi, M. H. L. Pryce, L. Rosenfeld, J.-P. Vigier e J. O. Wisdom

O conservadorismo da Interpretação Ortodoxa da mecânica quântica • 1958: publica dois ensaios na Aristotelian Society • á átte pt at a ‘ealisti I te p etatio of E pe ie e . • Complementarity o M. McKay) (vol. 32) • Ataca a tese de Bohr segundo a qual preservação do vocabulário clássico é necessária para uma descrição objetiva e inambígua dos fenômenos naturais

[É] decisivo reconhecer que, por mais que os fenômenos [quânticos] transcendam o âmbito da explicação da física clássica, a descrição de todos os dados deve ser expressa em termos clássicos (Bohr 1949/1995, p. 50).

Críticas de Feyerabend à doutrina da preservação do vocabulário clássico • Inconveniente metodológico

A i possi ilidade de inventar um novo esquema conceitual que substituirá os conceitos clássicos no domínio u ti o pode le a à estagnação e ao dogmatismo no terreno da física (PKF 1961, p. 387). • Inconsistência histórica Para a substituição da física e da cosmologia antigas pela física clássica o [era necessário] o aprimoramento dos conceitos aristotélicos; mas uma teoria inteiramente nova (PKF 1961, p. 387-388).

O MCPS e D. Bohm • Semestre 1959-1960: colabora com o MCPS • Publica Niels Boh s Interpretation of the Quantum Theory (1960) • Debates com Hanson, Sellars, Grünbaum, Barker e Hill sobre os fundamentos da microfísica

• 1960: resenha crítica de Causality and Chance in Modern Physics (1957), de Bohm

Pluralismo teórico: versus Popper (e Kuhn)

• Problems of Microphysics , R. G. Colodny (ed.), Frontiers of Philosophy of Science, pp. 189-283. J em 1959 [ Niels Boh s Interpretation of the Quantum Theory ] eu defendi Bohr e critiquei Karl [Popper], e o fiz ainda mais em Problems of Microphysics . Isso surpreendeu até a i (Carta a Lakatos 24/01/1971).

Pro le as de Mi rofísi a 1964 • Doutrina bohriana da preservação do vocabulário clássico estimula um monismo paradigmático • Aproximação da I te p etaç o de Cope hague com a teoria de Kuhn

Esta os, pois, o i í io de u

o o pe íodo normal da i

ia

, p.

Ka l [Popper] pode ter marcado alguns pontos contra uns poucos físicos bobocas que também escreveram sobre assuntos filosóficos, mas não marcou um ponto sequer contra Bohr. Em nenhum lugar Bohr não comete os erros que Karl critica; Bohr sabe que tais erros poderiam ocorrer e se previne em relação a eles, e o fantasma que Karl deseja exorcizar não se encontra em qualquer lugar dos escritos de Bohr . (Carta a Lakatos, 28/01/1968) Karl [Popper] não deve ter lido uma única linha sequer de Boh (Carta a Lakatos, 10/03/1968)

Back to Bohr! • Críticas à interpretação popperiana da teoria quântica o t a o ito da I te p etaç o de Cope hague • Princípio metodológico pluralista (proliferação e tenacidade de teorias alternativas) para promover o avanço científico

Neste texto, o autor ainda defende que cem de flores ressecadas são preferíveis a uma única flor, ainda que feia. Mas é ainda mais desejável uma centena de flores ressecadas plus uma flor feia (Feyerabend, 1986)

Vo Weizsäcker mostrou como a mecânica quântica surgiu de pesquisa concreta, ao passo que eu reclamava, por razões metodológicas gerais, que alternativas importantes haviam sido omitidas. Os argumentos que davam apoio à minha reclamação eram bastante bons […] mas ficou subitamente claro para mim que, impostos sem consideração das circunstâncias, eles eram um estorvo em vez de um auxílio: uma pessoa tentando resolver um problema, seja na ciência, seja em outro campo, deve ter liberdade completa e não pode ser restringida por nenhuma exigência ou norma, não importa quão plausíveis possam parecer ao lógico ou ao filósofo que as concebeu na privacidade de seu gabinete. Normas e exigências devem ser verificadas mediante pesquisa, e não pelo recurso a teorias da racionalidade […] Assim, o professor Von Weizsäcker teve a principal responsabilidade em minha mudança para o a a uis o – embora não tivesse ficado muito satisfeito quando eu lhe disse isso em 1977 (CM3, pp. 350-351).

Bohr como cientistas paradigmático • Bohr u dos poucos pensadores o p ee de a importância de introduzir, elaborar e defender hipóteses ad hoc, contrárias a resultados experimentais bem estabelecidos, com conteúdo empírico restrito ou inconsistentes (CM3, p. 38 n. 1). • Bohr assume uma atitude li e al em termos epistemológicos: o pluralismo de ideias e formas de ida é pa te essencial de qualquer investigação racional concernente à natureza das oisas (CM, p. 60).

O pluralismo metodológico de Bohr (e outros) • Galileu, Einstein e Bohr são pensadores que o atuaram de acordo com padrões universais (CSL, p. 244). • Boltzmann, Mach, Duhem, Einstein e Bohr exemplificam, na prática, a tese pluralista de que eg as lógicas e princípios episte ológi os universais não contribuem para a pesquisa científica (AR, p. 334-336).

A es ola de Cope hague : u

ito popperiano

• Ba aliza do o conhecimento: comentários sobre as excursões de Karl Popper pela filosofia (1986) • Es ola de Cope hague : e tidade fi tí ia criada por Popper • Irrelevância e inadequação da crítica de Popper: • Negligencia fatos, argumentos, hipóteses e procedimentos importantes • Acusa Bohr e Heisenberg de erros inexistentes

• Fecundidade das ideias versus esterilidade do pensamento de Popper

[…] é um absurdo histórico juntar Bohr, Heisenberg, Pauli e outros em uma es ola de Cope hague e depois atacar essa entidade fi tí ia (AR, pp. 217-218). á crítica de Popper sobre a interpretação de Copenhague, e especialmente sobre as ideias de Bohr, é irrelevante e a sua própria interpretação é inadequada. A crítica é irrelevante à medida em que ela negligencia certos fatos, argumentos, hipóteses e procedimentos importantes que são necessários para uma avaliação adequada de complementaridade e porque ela acusa seus defensores de e os , o fusões e e os s ios que não só foram cometidos, mas contra os quais Bohr e Heisenberg publicaram advertências bastante e plí itas (AR, pp. 218-219). ás ideias de Bohr nos dão assunto para pensar por muitas gerações futuras. Quanto às ideias de Popper, essas devem ser esquecidas o mais rápido possí el (AR, pp. 221-222).

• ‘ealis o e a Histo i idade do Co he i e to

• O aspecto material do mundo ofe e e esistên ia às abordagens dos cientistas, mas também é elati a e te fle í el • O Real (o Ser) não é unitário, fixo, estático, mas dinâmico, multifacetado e moldado a partir de uma o pli ada inter- elaç o entre as abordagens (semânticas, instrumentais etc.) dos cientistas e o mundo material

Complementaridade e pluralismo ontológico • Que ‘ealidade? • A metafisica e a epistemologia finais de Feyerabend recorrem à visão de Bohr acerca do caráter complementar da descrição dos fenômenos quânticos • O conhecimento de certas propriedades da realidade depende do aparato de medição disponível, de modo que certos eventos ocorrem apenas so circunstâncias particulares e precisamente est itas .

Essa solução pode ser encontrada e sustentada por uma variedade de pontos de vista. Uma delas é a mecânica quântica: propriedades que antes eram tidas como estando no mundo, dependem do enfoque escolhido, e o instrumento que conecta os resultados dos vários enfoques, a função onda, tem somente uma função simbólica (Bohr, na sua palestra em Como). Objetos físicos são simbólicos em um sentido até mesmo mais forte. Eles aparecem como ingredientes de um mundo coerente e objetivo. Para a física clássica e as partes do senso comum associadas a ela, essa era também a sua natureza. Agora, no entanto, eles somente indicam o que acontece sob circunstâncias particulares e precisamente restritas (CA, p. 285).

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