Ficção e história em Crônica da Casa Assassinada, de Lúcio Cardoso

May 26, 2017 | Autor: E. Marinho da Silva | Categoria: Literatura brasileira, Lúcio Cardoso, Crônica Da Casa Assassinada
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Ficção e história em Crônica da Casa Assassinada, de Lúcio Cardoso Eduardo Marinho da Silva FFLCH/USP [email protected]

Objetivos A pesquisa investiga a estrutura formal do romance Crônica da Casa Assassinada, obra de Lúcio Cardoso publicada em 1959. A análise privilegia um estudo sobre a fragmentação e a multiplicidade de gêneros privados de expressão escrita deixados por dez narradorespersonagens e a função que assume na constituição da obra a criação da figura de um interlocutor, que coleta e organiza estes materiais, de forma a reconstituir a história de uma família de origem oligárquica e latifundiária de Minas Gerais. A partir da relação entre estes dois aspectos, objetiva-se demonstrar que o romance em questão, de caráter híbrido, possui uma dimensão ficcional e histórica ao mesmo tempo, tornando a obra um relato contundente do processo de crise do sistema econômico brasileiro que marca a passagem da República Velha ao Estado Novo.

Métodos e Procedimentos Parte-se, nesta pesquisa, da sistematização da fortuna crítica cardosiana, bem como do estudo do processo formal de composição do romance enquanto forma híbrida, concepção bakhtiniana segundo a qual este gênero literário é capaz de incorporar em sua estrutura elementos advindos de outros gêneros. Assim, a metodologia consiste em investigar as contribuições para a economia do romance Crônica da Casa Assassinada de gêneros epistolares, memorialísticos e confessionais.

Resultados Crônica da Casa Assassinada é uma obra multifacetada, que oferece ao leitor diversas possibilidades de significação a depender do ponto de vista que se interpreta a narrativa. Há

um aspecto tradicional do drama familiar, cujo enredo aborda os segredos de família. Ampliando a abordagem, narra-se a história de uma pequena cidade no interior de Minas, que assiste ao processo de decadência financeira, moral e espiritual dos últimos membros de uma família cujo prestígio e fortuna remontam à sociedade colonial, escravocrata e latifundiária. Por fim, a história tematiza o lento e agonizante processo de desagregação de uma parte da aristocracia rural que, incapaz de se adaptar ao processo de modernização do estado brasileiro, assiste à dilapidação de seus últimos bens: a propriedade de terra, a casa-grande e a distinção familiar.

Conclusões O romance de Lúcio Cardoso encerra uma pluralidade de gêneros literários, agenciados a partir de um arguto sentido de composição romanesca. Os registros escritos deixados pelos personagens adquirem a função tanto de caracterização e aprofundamento psicológico ao mesmo tempo em que converte a chácara dos Meneses em palco do desaparecimento de uma classe social.

Referências Bibliográficas BAKHTIN, Mikhail. Teoria do romance I: a estilística. São Paulo: Editora 34, 2015. BRAYNER, Sônia. A construção narrativa: uma gigantesca espiral colorida. In: CARDOSO, Lúcio. Crônica da Casa Assassinada. 2ª. ed. São Paulo: ALLCA XX / Edusp, 1996. CARDOSO, Lúcio. Crônica da Casa Assassinada. 2ª. ed. São Paulo: ALLCA XX / Edusp, 1996.

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