Ficha de catálogo do nº 8 - Ordinário do Ofício Divino da Ordem de Cister e Ars Manualis Alc. 62

8. Ordinário do Ofício Divino da Ordem de Cister e Ars Manualis Scriptorium da abadia de Alcobaça. Alcobaça, Portugal, 1475. 198 ff. Pergaminho. Iluminado. Português e latim. 185 x 137mm. A caixa de escrita varia entre 125 x 80 e 110 x 85. 1 coluna (nº de linhas oscila entre 16 e 22). Cadernos de 8 fólios com reclames. Lisboa, Biblioteca Nacional de Portugal, ALC. 62 (Cota antiga CXLVI).

Fotografia: Catarina Fernandes Barreira

Os Ordinários do Ofício Divino não eram livros litúrgicos, mas de apoio à liturgia e continham indicações imprescindíveis à vida interna das abadias, nomeadamente sobre as hierarquias das festas quando se sobrepunha o Próprio do Tempo com o Santoral. Dão-nos testemunhos significativos no que concerne às práticas, hábitos e história das comunidades (Nebbiai, 2013). Este Ordinário começa com anotações várias e uma lista dos reis de Portugal (até D. João III). Segue-se o Calendário onde não foi assinalada a festa da consagração da Abadia de Alcobaça a 20 de outubro. Depois do Calendário temos a habitual tábua das rubricas que compõe o Ordinário do Oficio Divino que mandou compilar o abade de Cister, seguido de um conjunto de argumentos sobre a pertença do manuscrito quer a Seiça, quer a Alcobaça. O Ordinário tem início no f.18, aqui ilustrado, Quando devem celebrar o Advento e foi concluído em 1475, de acordo com o texto do f.157v. Seguem-se indicações para os monges sobre as festas e o que cantar e em que dias. Entre os fólios 166v ao 195 temos a Ars Manualis com tabelas explicativas sobre as festas, diagramas circulares, colectas e tabelas sobre as fases da lua e por fim indicações sobre a duração das horas de sol ao longo dos meses do ano. Este códice termina com uma notícia sobre o abade D. Nicolau que renunciou ao cargo de abade de Alcobaça em favor de D. Jorge da Costa, a data da consagração do mosteiro e as medidas dos mosteiros de Cister, Claraval e Alcobaça. A abundância de menções que vinculam este manuscrito quer ao mosteiro de Seiça, quer a Alcobaça relacionam-se com o facto de ter sido copiado no scriptorium alcobacense, como o atestam vários indícios ao longo do texto e também por causa da sua decoração iluminada (Barreira, 2014) e que, por alguma razão, foi para Seiça. Esta abadia tinha, em 1532, onze monges de Alcobaça «que para ali tinham sido enviados no início da reforma da sua abadia»

CATÁLOGO

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(Sousa, 2005: 111). Acreditamos que estes monges tenham nessa altura levado este códice, que depois Seiça reclama a pertença ao longo dos seus fólios (entre 1572 e 1609), argumentação refutada posteriormente por um monge de Alcobaça. A assinalar o Prólogo no f.18 temos uma inicial P, azul escura, circunscrita por dourado e que se prolonga numa cercadura filigranada azul e vermelha que na margem de goteira dá origem a folhagens de acanto estilizadas e alcachofra/flor do papiro, exibindo pequenos pontos dourados de onde irradiam linhas, influência dos f.1 e f.39 do missal BNP ALC. 459 (Peixeiro, 1999: 322) (CAT. 07). A assinalar as principais celebrações (Advento, Dia de Páscoa, Ascensão, Pentecostes, Natividade da Virgem entre outras) temos iniciais de cor azul enquadradas por filigranas vermelha com efeitos concheados no interior que também denotam influência das iniciais de cor filigranadas do missal BNP ALC. 459 e ocupam 3 a 4 linhas. Todos os outros capítulos do Ordinário foram assinalados com iniciais de cor. O códice foi bastante aparado, em particular na margem superior onde falta parte da sua decoração iluminada. Fólios mutilados na margem inferior (ff.133, 134 e 135). CATARINA FERNANDES BARREIRA Bibliografia Amos, 1988/90; Barreira, 2014; Cepeda, 1994; Inventário, 1930; Lebigue, 2009; Marques, 2008; Nebbiai, 2013; Peixeiro, 1999; Sousa, 2005.

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O LIVRO E A ILUMINURA JUDAICA EM PORTUGAL NO FINAL DA IDADE MÉDIA