Fichamento: História do Pensamento Econômico: Uma Perspectiva Crítica E.K. HUNT (Cap. II)

July 21, 2017 | Autor: Leonardo Lopes | Categoria: Adam Smith, Economia, Mercantilismo, Fisiocratas, História do pensamento econômico
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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Fichamento: História do Pensamento Econômico: Uma Perspectiva Crítica
HUNT, E. K.; LAUTZENHEISER, Mark;
Cap. II – Idéias Econômicas Anteriores à Adam Smith

INTRODUÇÃO
os trabalhadores ainda detinham a propriedade e o controle dos meios de produção;
capitalistas eram basicmente comerciantes e mercadores que detinham a propriedade dos meios de compra, venda e transporte de mercadorias;
os primeiros autores viam as trocas e/ou compras como a fonte dos lucros, uma vez que o capital industrial ainda era bastante insignificante;

PRIMEIROS REGISTROS MERCANTILISTAS ESCRITOS SOBRE VALOR E LUCRO
Foram desenvolvidas três noções importantes sobre a teoria do valor: a) o "valor natural", que era o preço real de mercado; b) a influência das forças de oferta e demanda; e c) o "valor intrínseco", ou valor de uso, sendo este último o fator mais importante na determinação da demanda. Essas três noções foram resumidas por Nicholas Barbon em seu panfleto A Discourse on Trade.
Nesta época haviam os monopólios das grandes companhias de comércio, protegidos e mantidos pelo Estado. Os primeiros mercantilistas defendiam essa prática, pois consideravam o controle da oferta essencial para manter os altos lucros.
Ética Paternalista Cristã: Colocava os ricos como escolhidos de Deus, tendo estes uma obrigação para com os pobres. Os pobres, por sua vez, aceitavam sua submissão e a autoridade dos ricos na sociedade.
O mercantilismo inglês permaneceu fiel à dois princípios: a promoção do bem-estar geral das criaturas de Deus e a definição da sociedade civil como um patrimônio divino. Nesta época, os autores mercantilistas passaram a substituir a Igreja pelo Estado como a instituição que deveria cuidar do bem estar público. À medida que o capitalismo se desenvolvia, o Estado foi se fortalecendo, enquanto a Igreja perdia cada vez mais o seu poder e influência.
O pleno emprego pode ser considerado o tema unificador de quase todas as políticas advogadas pelos autores mercantilistas deste período.
o comércio exterior foi mais valorizado, em detrimento do comércio interno, pois os autores achavam que ele contribuía mais para o emprego, a riqueza e o poder de uma nação.

ESCRITOS MERCANTILISTAS POSTERIORES E FILOSOFIA DO INDIVIDUALISMO
mestres artesãos vão gradativamente se transformando nos organizadores e controladores do processo produtivo, passando a ser empregadores ou capitalistas;
os artífices e aprendizes tornaram-se simples trabalhadores assalariados, com pouca perspectiva de se tornarem mestres;
Com o desenvolvimento gradual do capitalismo, surgiu um segmento de filósofos que rejeitavam a antiga visão paternalista do Estado e da regulamentação estatal, e estes começaram a formular uma nova filosofia do individualismo.
Os capitalistas tinham se tornado inibidos na busca pelos lucros, dada a complexidade das restrições e regulamentações protecionistas praticadas pelo Estado, e procuravam cada vez mais se livrar de tais restrições. Não gostavam dos mercantilistas remanecentes do antigo Paternalismo Cristão, que condenavam a ambição e a acumulação de riquezas. Neste contexto, passava-se a afirmar que:
a economia de mercado precisava de um comportamento baseado na iniciativa individual.
os motivos egoístas eram os motivos básicos, senão os únicos, que levava o homem a agir.
Das idéias capitalisas sobre a natureza humana e suas necessidaes que nasceu a filosofia do individualismo, que serviu de base para o liberalismo clássico.
A teologia protestante é um dos exemplos mais importantes desse individualismo. A Reforma de Martin Luther lbertou os capitalistas da condenação (ao lucro, ambição) e os transformou em virtudes. A nova ética protestante ressaltava a importância da austeridade e a contenção dos prazeres.
Essa nova filosofia levou à inúmeros protestos contra a proteção de monopólios e o favoritismo na economia interna.
A burguesia comercial que explorava o comércio exterior tinha juros subsidiados, empréstimos do tesouro e isenção fiscal, que reforçavam o monopólio das companhias de comércio.
A crença de que as restrições ao comércio e à produção eram prejudiciais aos interesses de todos difundiu-se cada vez mais . O argumento era de que muitos capitalistas beneficiados por esta proteção aos monopólios das grandes companhias de comércio não se importavam com o sofrimento alheio, e de que o bem-estar público sera alcançado com o fim dessas restrições e privilégios.

OS PRIMÓRDIOS DA TEORIA CLÁSSICA DE PREÇOS E LUCROS
Teoria do Valor é a indagação dos autores sobre a fonte do valor. Numa sociedade voltada para valores de uso, o valor era suprir necessidades e o tamanho de seu estoque. Numa sociedade mercantil-comercial, não sabe-se qual a fonte do valor. Então, os teóricos deste período se indagavam a esse respeito.
Com a integração cada vez maior entre a produção e o comércio, passa a ficar cada vez mais difícil a obtenção de lucros através da exploração dos preços.
Dá-se cada vez mais ênfase nos custos de produção, particularmente na indústria.
Tais custos de produção foram sendo gradualmente reduzidos principalmente pelos processos de especialização e divisão do trabalho, que aumentou a produtividade da indústria.
Neste cenário, um número cada vez maior de pessoas não tinha controle alum sobre os meios de produção e eram, de certa forma, obrigadas a vender sua força de trabalho em troca de um salário. A produção para consumo próprio foi aos poucos se extinguindo e o mercado tornou-se imperativo à sociedade como um todo. Chegou-se a afirmar que "as pessoas são a mercadoria principal, mais básica e preciosa, da qual podem ser obtidos todos os tipode produtos industrializados".
Os pensadores econômicos do início do séc. XVIII identificaram que os recursos naturais só se transformavam em mercadorias depois de o trabalhador, através de sua força de trabalho, os ter transformado em bens com valor de uso.
Desta forma, troca de mercadorias passou a ser vista como uma troca de trabalhos especializados.
O folheto Algumas Idéias Sobre o Valor do Dinheiro em Geral, de um autor anônimo, publicado em 1738, tornou-se precursor da teoria do valor-trabalho defendida pelos clássicos. Ele afirmava que "o valor das mercadorias (...) é regulado pela quantidade de trabalho necessária e comumente usada em sua produção".
Os mercantilistas ingleses formularam uma teoria do valor que rompe com os limites do próprio mercantilismo. Esse pensamento já não é mais de uma sociedade pré-capitalista, já é uma sociedade que pensa que o trabalho é a fonte do valor e que a produtividade é a fonte da riqueza. E, portanto, uma sociedade capitalista.

OS FISIOCRATAS COMO REFORMADORES SOCIAIS
Os fisiocratas eram reformadores sociais franceses, que basearam suas idéias da Tabela Econômica de François Quesnay. Os fisiocratas defendiam uma reforma na política francesa, como a abolição das guildas, remoção de impostos, tarifas e regulamentações que prejudicassem a indústria e o comércio e, principalmente, a modernização da agricultura, que nessa época tecnologia feudal, e em pequena escala.
Esses economistas acreditavam que a riqueza das nações era derivada do valor das terras agrícolas, ou do desenvolvimento da terra, e que os produtos agrícolas deveriam ter preços elevados. Advogavam, portanto, a modernização e a implantação de um sistema agrícola capitalista de grande escala.

IDÉIAS ECONÔMICAS DE QUESNAY
O Tableau Économique é um modelo que "mostra os processos de produção, circulação de moeda e mercadorias e distribuição de renda" assim como a interdependência dos processos de produção. Segundo Quesnay, haveria, então, três classes: a classe produtiva (capitalistas e trabalhadores ligados à agricultura), a classe estéril (capitalistas e trabalhadores ligados à indústria) e a classe ociosa (os donos das terras que consumiam o excedente a classe produtiva). O entesouramento do dinheiro seria, então, a causa de crises econômicas, uma vez que a circulação monetária era fundamental para que a economia continuasse em movimento.

CONCLUSÃO
Por estarem numa época de transição socio-econômica, pouco os autores anteriores à Adam Smith foram capazes de produzir análises coerentes dos processos econômicos do capitalismo, uma vez que eram muito menos visíveis do que no período em que o autor escocês viveu e desenvolveu suas idéias.

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