Fichamento/Síntese - Os Nagô e a Morte de Juana Elbein

June 24, 2017 | Autor: Aloha Xavier | Categoria: Candomblé, Yoruba
Share Embed


Descrição do Produto

Etnografia da experiência afro-brasileira
Instituto de Ciências Humanas e Filosofia – UFF - Campus Gragoatá

Professora: Ana Claudia Cruz da Silva
Aluna: Aloha Xavier

Fichamento descritivo do livro Os Nagô e a Morte de Juana Elbein dos Santos.
10ª Edição. Editora Vozes, 2001.


Tese e objetivo:
O presente trabalho analisado, descrito e construído por Juana Elbein dos Santos foi condensado em uma síntese dos capítulos do livro que descreve o sistema Nagô, nome dado ao um dos grupos de negros capturados que compartilhavam assim como outros grupos, o idioma Yorubá.
Juana procura demonstrar em sua tese a ideia de morte para o grupo Nagô e a perpetuação do candomblé no Brasil principalmente na Bahia. O objetivo é demonstrar a capacidade de organização do grupo com uma análise preocupada em contextualizar os elementos "de dentro para fora".
A autora busca dialogar com grandes autores como Mauss, Pierre Verger e Mercier, trazendo essa forma de diálogo para sua etnografia que por hora faz o leitor não acompanhar de forma consistente as narrativas e principalmente as descrições dos rituais. Por mais que o trabalho seja muito descritivo não parece ser intenção de Juana situar plenamente o leitor leigo nos acontecimentos de correntes de sua etnografia.
Nos primeiros capítulos Juana descreve e contextualiza a existência desse grupo proveniente da Nigéria que traz para o Brasil seus costumes e busca a continuação de um sistema elaborado de divindades ancestrais. Juana também demonstra a sua forma de organização de pesquisa e como ela lida com todos os desafios encontrados para se organizar de forma clara e que garanta a lucidez do trabalho recheado de detalhes, de estruturas de linguagem e de elementos simbólicos presentes num terreiro Nagô. O desafio da total compreensão dos fatos está sempre presente em todo o texto.
No segundo capítulo Juana descreve com profunda admiração o sistema de posições dentro do grupo Nagô que organiza o trabalho e garante o asè da casa. As noviças que foram iniciadas dentro desse sistema Nagô, agora fazem parte dessa família e estão conectadas a isso. Todos são vistos como pertencentes de um mesmo sistema que está interligado com cada Òrìsá que rege cada um dos filhos de santo da Ìyàlôrìsà. As ìyàwo depois de iniciadas recebem o Àse da casa e agora também são portadoras dessa energia vital e são responsáveis pelo seu igual desenvolvimento.
Ainda no segundo capítulo Juana descreve os assentamentos de cada Òrìsá também são distribuídos de forma organizada dentro de limitações e locais específicos para cada divindade e de acordo com a sua morada simbólica que pode ser a mata ou a beira de um rio dependendo de qual será a qualidade daquele Òrìsá. Juana no terceiro capítulo sintetiza esse sistema de organização muito rica e que está interligada também a um grandioso sistema de proibições alimentares, de cores, de símbolos e de códigos que só podem ser analisados quando observados dentro do contexto ritual. No sistema Nagô nada pode ser visto de forma isolada e tudo faz parte de uma complexa cena ritual que deve ser vista de "dentro para fora".
Ao introduzir o quarto capítulo, Juana explicita o que seria a vida no òrun com a vida material do àiyé, ou seja, a vida num espaço onde o que domina é a energia vital dos Òrìsás e vida terrena onde habitam os seres humanos.
No quinto capítulo Juana foca na construção do espaço/campo energético onde habitam os Òrìsás. Não necessariamente esse espaço onde habitam os Òrìsás é tido como o céu do sistema cristão, òrun é um espaço que segundo os mitos antigos era antes acessível a todos os seres humanos mas que acabou se separando do àiyé, mundo material. Hoje entre esses dois mundos existe o Sánmò que é equivalente ao céu, a atmosfera, consequência da separação de òrun.
No cenário do sexto capítulo a autora apresenta inicialmente a qualidade dos Òrìsás e como eles se classificam com a sua natureza divina e material durante as praticas e simbologias do universo Nagô. Juana também apresenta nesse capítulo os Òrìsás masculinos e suas qualidades. Cada um desses Òrìsás masculinos também está interligado com suas cores correspondentes e ao seu território de ação e matéria energética, como fogo, mata, ferro e etc. Ainda no capítulo seis existe espaço para destacar além dos mais importantes e poderosos Òrìsás a importância do culto aos Égúns e seu significado dentro da diáspora dos Nagô.
Entrando no sétimo capítulo Juana foca especificamente em Ésù e explicita com detalhes suas categorias e sua personificação e papel dentro do sistema Nagô. O Ésú aparece como um acompanhante dos Òrìsás e patrulheiro do além. Juana descreve que cada pessoa conta com seu próprio Òrìsá e seu próprio Ésú, o Ésú deve desempenhar seu papel individual junto com a pessoa de modo em que ela consiga desenvolver-se.
No capítulo oito Juana explicita brevemente a função ritual do Ésú que consiste em solucionar os "trabalhos", ele se apresenta como um guardião que auxiliará as pessoas a desenvolver suas tarefas. Ésú é uma das forças mais dinâmicas que age no áiyé sem a patrulha e a colaboração de Ésú toda a cerimônia da casa poderia estar comprometida.
No nono capítulo Juana faz uma constante descrição e busca como referencia uma análise detalhada do panteão dos cultos Nagô e de suas divindades, a autora descreve cada Òrìsá e sua função e característica de morada e energia trabalhada durante todo o trabalho. Ela especifica cada um e sua gênese, além correlacionar seus símbolos com suas cores e as cores com os significados para a terra. Desse modo a chuva, por exemplo, entra como o fator símbolo sêmen que rega a terra e a garante úmida para a continuação da vida e sua ligação com os assentamentos.
Por fim, no décimo capítulo os àsèsès são descritos de forma separada focando-se em dois segmentos: a criação da vida, a gênese a morte. A morte, o desprendimento da matéria e o que a autora chama de existência genérica, que se desprende da existência individual.

A autora recheia o trabalho com delimitações acerca do universo Nagô por vezes negligenciando o aspecto maior das nações que ela apresenta como "Yorubá". Outras nações podem demonstrar mais uma universalidade de fatores presentes dentro do Candomblé, porém como é apresentado no texto não é intenção da pesquisa focar em outros universos além do campo estudado mas é importante salientar que essas construções apresentadas no texto fazem parte do universo Nagô, e que por ocasião também podem ser identificadas em outras nações do Candomblé.
Por vezes o texto aparece exacerbadamente descritivo no que diz respeito aos Òrìsás e a contextualização com os cultos de morte fica de certa forma como um plano de fundo que mais se correlaciona com a vida na terra e no plano dos Òrìsás e a construção disso, àiyé-órun, do que com propriamente a descrição de cerimônias que contam com o culto aos mortos, chamados àsèsè e sua complexidade. Juana












Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.