FICHAMENTO - Valores dos Bens Patrimoniais.docx

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Descrição do Produto

UFPE " CAC " Arquitetura e Urbanismo
Disciplina: Teoria da Arquitetura e Urbanismo VII
Profa: Virgínia Cavalcanti
Aluna: Natália Alencar de Melo Paes
Setembro 2015



FICHA DE LEITURA
LACERDA, Norma. "Valores dos Bens Patrimoniais". In: LACERDA, Norma & ZANCHETI, Sílvio (orgs.). Plano de Gestão da Conservação Urbana: Conceitos e métodos. Olinda: CECI, 2012.

AUTORA
Norma Lacerda é Professora Titular do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo e mestrado em Desenvolvimento Urbano pela UFPE (1985) e doutorado em Géographie Aménagement et Urbanisme - Université Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (1993). É representante da Área de Planejamento Urbano e Regional junto ao CNPq. Foi Coordenadora de um Convênio Capes/Cofecub (1993-1996), Presidente da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional - Anpur (1997-1999), Editora da Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais (1999-2002) e representante adjunta na CAPES (2006-2008) na área de Planejamento Urbano/Regional e Demografia. Foi Diretora Geral de Urbanismo e Meio Ambiente da Prefeitura do Recife (2001-2003) e Prefeita da Cidade Universitária - UFPE (2004-2009). Tem experiência na área de Planejamento Urbano e Regional, com ênfase em Teoria do Planejamento Urbano, atuando principalmente nos seguintes temas: mercado imobiliário, planejamento urbano, conservação urbana, patrimônio histórico e dinâmica territorial.

PALAVRAS-CHAVE
Valores de antiguidade, artístico, histórico, cultural, simbólico, de existência, de opção.



VALORES DOS BENS PATRIMONIAIS, Norma Lacerda
Para tornar as intervenções em bens patrimoniais possíveis, antes deve ser apreendido um sistema de valores que apresente escalas de preferências e de importância dos diversos atores envolvidos no processo de decisão.
" A acepção da palavra valor, inserida nos mais diferentes tempos e espaços, varia de indivíduo a indivíduo, de grupo social a grupo social, de sociedade a sociedade" (p.44)
O reconhecimento de um bem como tal "se deve sempre a pessoas, inseridas social e culturalmente numa certa sociedade". (p.45)
"Quando esses bens são adjetivados como patrimoniais, signi ca que foram herdados. (...)Tratando-se de bens herdados, eles são portadores de signi cância cultural". (p.45)
Os bens de significância cultural devem ser conservados prevendo uma possível alteração de seus valores, devendo-se "identi car os valores atribuídos a esses bens, não apenas pelas gerações passadas, mas também pela presente geração e por aquelas que hão de vir". (p.45)
Valor de Antiguidade
"A forma pela qual o valor de antiguidade se opõe aos valores de contemporaneidade reside nas imperfeições das obras, nos seus defeitos de integridade, na tendência à dissolução das formas e das cores, quer dizer nos traços rigorosamente opostos às características das obras modernas." Aloïs Riegl, O culto moderno dos monumentos (1984), (p.45)
"O culto do valor de antiguidade opõe-se à conservação do bem patrimonial, uma vez que o seu reconhecimento implica colocar em evidência o ciclo da criação e da destruição. Desse modo, os projetos de intervenção devem ter o cuidado não apenas de mantê-los intactos, mas de procurar meios para que, paradoxalmente, a ação da natureza seja menos intensa, evitando uma degradação precoce ou, até mesmo, um m prematuro". (p.46)
Valor Artístico
"Impregnado de subjetividade, pois refere-se sempre a uma determinada apreciação estética". (p.46)
A de nição de 'valor de arte' deve variar segundo o ponto de vista de quem o adota. Deve-se, portanto, falar de valor artístico relativo, pois, não há nenhum conteúdo objetivo nem durável.
"Por não existir um valor de arte eterno, mas relativo e moderno, que a tarefa da conservação dos bens patrimoniais deve, imperativamente, levar em consideração um valor futuro, desconhecido e imponderável" (p.46)
Valor Histórico
O valor histórico "significa reconhecer a sua existência enquanto criação singular de uma dada sociedade, em uma determinada época, sem perder a perspectiva das gerações futuras". (p.47)
"Remete àquilo que foi e não é mais, aquilo que jamais pode ser reproduzido. Diz respeito, obrigatoriamente, ao passado, culturalmente construído". (p.47)
Valor Cultural
As referências históricas relativas a uma determinada comunidade reforçam a identidade social do local. Cultura então, seria o modo de vida de uma determinada comunidade, que pode ser reconhecido pelas suas artes, seu sistema social, seus hábitos e costumes e sua religião. Para intervir na cidade deve-se reconhecer as diversas formas de ocupação do espaço urbano como manifestações culturais, mesmo aquelas ocupadas por populações de baixa renda.
Valor Simbólico
"O simbólico pressupõe uma competência imaginária que se exprime por uma capacidade de ver as coisas tais como elas não são, de vê-las diferentemente do que elas são". (p.48)
"Os bens patrimoniais são carregados de simbolismo, na medida em que respondem às necessidades múltiplas dos seus habitantes em termos de conhecimento, de rememoração e, em extensão, do permanente processo de criação e recriação da identidade coletiva. Cada grupo, cada sociedade, cada época cria os seus símbolos". (p.49)
Valor Cognitivo
"Considerar o bem patrimonial como impregnado de valores histórico, artístico, cultural e simbólico signi ca reconhecê-lo como suporte narrativo da sua memória e, portanto, considerar que ele é portador de um valor cognitivo, constituindo-se em instrumento de formação nas áreas históricas, artística e cultural." (p.49)
Valor Econômico
O Valor Econômico de um bem está relacionado à sua utilidade, à identificação de sua demanda em termos de utilização e assim, ao seu potencial enquanto fonte de desenvolvimento econômico. Aqui são considerados a possibilidade de aumento do valor de mercado do bem, da geração de emprego e renda que acompanham a utilização do bem, ou seja todos os benefícios diretos e indiretos de sua utilização. Deste modo o mercado configura-se como o parâmetro para se aferir a valorização imobiliária. Entretanto deve-se tomar cuidado, pois, valorar economicamente um bem patrimonial pode colocar em risco os demais valores.

Valor de Uso
O Valor de Uso sempre estará relacionado com o valor econômico e refere-se as atividades que o bem abriga, sejam elas habitacionais, administrativas, comerciais, culturais, dentre outras.
No momento da intervenção é importante veri car a capacidade dos bens de serem remodelados para abrigar novos usos. Sua modernização deve compatibiliza-los com Instalações atuais de ar-condicionados, elevadores, entre outros, de forma a atender as demandas dos novos padrões habitacionais e empresariais.
Entre essas decisões projetuais está em jogo o equilíbrio entre "a permanência (continuidade) de suas características físicas que serão ou não transmitidas às gerações futuras e, ao mesmo tempo, a mudança (transformação) exigida, quase sempre, para responder aos imperativos econômicos". (p.50)
"Se essas áreas são reconhecidas como patrimônio, é porque existe uma demanda que lhes confere valor. No entanto, tal demanda é menos uma demanda de indivíduos isolados do que uma demanda da coletividade." (p.50)
Valor de Opção
"Como o ato de preservar um bem patrimonial signi ca, em última instância, criar processos de transmissão desse bem das gerações presentes para as gerações futuras, ele carrega uma alta dose de incerteza. A nal, cada geração avalia o que seja esse bem a partir de um conjunto de valores relativos. Daí, a importância de atribuir-lhe um valor futuro, ou seja, um valor de opção". (p.51)
Segundo Weisbrod Bentivegna o Valor de Opção "está ligado ao potencial de escolhas que é um conjunto de todas as alternativas possíveis que, mesmo que não escolhidas por indivíduos naquele momento permanecem, entretanto acessíveis, afetando, assim, seu comportamento. Valor de opção é uma maneira de limitar as conseqüências da irreversibilidade, pois tem a propriedade de explorar informações que não estão disponíveis no momento.(1997, p.31)" (p.51)
As futuras possibilidades de usos e significados não podem ser previstas mas podem ser fornecidas pelo resultado da conciliação entre os valores histórico, artístico e cultural e o valor de uso futuro.
Valor de Existência
O Valor de Existência é um valor dado a bens ou a seres vivos pelo simples fato de existirem ou viverem. Ele se fundamenta nos conceitos de singularidade e irreversibilidade.
"O que se valoriza é a sua existência, um valor claramente não relacionado com o uso no sentido prático, muito embora ele possa ser complementar ao valor de uso". (p.52)
Os conceitos de valor de antiguidade, histórico, artístico, cognitivo e cultural, nos termos acima referidos, inserem-se na perspectiva de análise do conceito de valor de existência.

Por fim, todos os tipos de valores poderiam ser condensados em três: valor de uso (atual), valor de opção (valor de uso futuro) e valor de existência, sendo que este último condensa todos os demais valores.
Critérios que de nem uma estrutura hierárquica de valores:
1.Os valores são mais altos quanto maior for a sua duração.
2. Os valores são tanto mais altos quanto menos divisíveis forem
3. O valor que serve de fundamento a outros é mais alto que os que se fundam nele.
4. Os valores são tão mais altos quanto maior for a satisfação que a sua realização produz nas pessoas, pessoas essencialmente diferenciadas social e culturalmente.






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