Fichamento_COMBY, J. Os cristãos num mundo que não os compreende

June 22, 2017 | Autor: S. Semíramis Sutil | Categoria: Ancient History
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Fichamento acadêmico Séfora Semíramis Sutil Moreira1

COMBY, J. Os cristãos num mundo que não os compreende

Os cristãos num mundo que não os compreende – séc. I – III

Os cristãos são um pequeno grupo de imigrantes, cujos costumes não são compreendidos.

1. As calúnias populares

Três grandes acusações circulam contra os cristãos: - Eram ateus. Como não participavam de cultos tradicionais, imperiais, nem sequer das religiões orientais, supunha-se que eram ateus. O que para a mentalidade da época era uma aberração. - Participavam do incesto. Se se reuniam para refeições noturnas, entendia-se, que para se entregarem às orgias, às piores torpezas entre “irmãos” e “irmãs”. - Eram antropófagos. O corpo e o sangue que diziam ingerir, acreditava-se, era de uma criança vítima de um assassínio ritual.

1.1.

1

As objeções dos sábios e dos políticos

Graduando em licenciatura/ bacharelado em História pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) - 2014

2

Aqueles que difundiam parlapatices sobre os cristãos não os conheciam bem. Contudo, alguns intelectuais pesquisam a respeito deles, lês as Escrituras e elaboram uma refutação mais rigorosa do cristianismo.

1.2.

Pessoas pobres, ignorantes e pretensiosas

Os cristãos eram recrutados nas classes sociais inferiores, entre os trabalhadores manuais desprezados, os cardadores, os sapateiros, os pisoeiros. Eles se dirigiam às mulheres, às crianças e aos escravos, aproveitando-se de sua credulidade.

1.3.

Maus cidadãos

Os cristãos não aceitavam o “costume dos ancestrais”, recusavam as magistraturas e o ofício militar, não demonstravam interesse pelos assuntos políticos e pela salvação do Império.

1.4.

A doutrina cristã se opõe à razão

Segunda os preceitos da época o cristianismo não eram racional, pois a encarnação era tida como um absurdo; sua doutrina não passava da cópia malfeita das doutrinas egípcias e gregas mais antigas; a ressurreição dos corpos era uma mentira; o antigo e novo

Testamento

era

uma

trama

de

histórias

grosseiras

mascadas

pelo

antropomorfismo; os ritos cristãos eram imortais; o batismo encorajava aos vícios; e a Eucaristia permanecia um rito antropofágico.

2. A resposta dos cristãos a seus detratores

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Em seus escritos, procuraram apresentar claramente a doutrina e os costumes cristãos, a fim de dissipar os mal-entendidos. Dá-se o nome a esses escritos de Apologias e de Apologistas seus autores. Justino, nos anos de 140 – 150, manteve uma escola de filosofia cristã em Roma, que defendia a fé cristã diante dos pagãos e judeus. Mas, a mais conhecida defesa dos cristão foi a Apologéia, na qual Tertuliano de Cartago desenvolvia, por volta do ano de 197, todos os seus talentos e o seu arrebatamento de advogado.

2.1.

Não há nada de secreto entre nós

“Podemos descrever-lhes todas as nossas celebrações, proclamam eles.” (COMBY, p. 38). Diziam estar em toda parte, tendo as mesmas atividades, alimentação e vestimenta dos demais. E que o que os diferenciavam era apenas a recusa a freqüentarem os templos e os espetáculos do anfiteatro.

2.2.

São vocês que têm costumes deploráveis

A sociedade romana praticava o infanticídio e o aborto, exaltavam a sexualidade, narravam as proezas amorosas de seus deuses, toleravam o intercâmbio de mulheres.

3. As perseguições

As calúnias provocam rebeliões contra os cristãos. Para acalmar o furor popular, as autoridades pronunciam sentenças condenatórias contra os supostos culpados. Essa é a origem das perseguições.

3.1.

Perseguição e martírio

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“Perseguições” e “martírio” evocam sangue, suplícios, cristãos se escondendo nas catacumbas para celebrar seus cultos. Sem negar que tenham certo fundamento, as expressões são por demais generalizadas. Os cristãos não foram perseguidos por três séculos de maneira contínua. A perseguição de Nero foi um acontecimento local limitado à cidade de Roma; a perseguição de Diocleciano se estendeu a todo Império. Os cristãos não celebravam seus cultos durante três séculos nas catacumbas. As catacumbas não podiam ser um lugar de refúgio, uma vez que eram concessões inscritas em cadastro. Diga-se que os cristãos tinham vivido, durante os três primeiros séculos, numa insegurança relativa, mas passaram também por longos períodos de paz religiosa.

3.2.

As perseguições dos dois primeiros séculos

Os dois primeiros séculos não conheceram uma perseguição geral. As perseguições apresentam um caráter local e são muito limitadas no tempo.

3.2.1. Nero, o primeiro imperador perseguidor

As perseguições de Nero foram uma conseqüência de um incêndio em Roma em 64, a qual os cristãos foram culpados. Nero submete-os ao castigo referente aos incendiários. Pedro e Paulo são considerados vítimas de Nero.

3.2.2. Em nome de que lei?

É difícil dizer quais os fundamentos legais das perseguições contra os cristãos no decorrer dos dois primeiros séculos. No Império, estabelecia-se uma distinção entre as religiões lícitas e ilícitas, o cristianismo recaia na categoria das ilícitas.

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3.3.

As perseguições do século III: os decretos anticristãos

Os imperadores elaborarão, por várias vezes, uma legislação anticristã destinada ao conjunto do Império.

3.3.1. De Décio (249-251) a Valeriano (253-260)

Num Império cujas fronteiras se encontram ameaçadas, o Imperador Décio deseja que todos os cidadãos façam sacrifícios aos deuses do Império. Essa é a origem da primeira perseguição geral contra os cristãos. Em 258 são condenados à morte aqueles que se recusaram a oferecer sacrifícios.

3.3.2. A calma após a tempestade

Os cristãos consideraram a captura e morte trágica do Imperador Valeriano pelos persas como uma condenação divina. O imperador Galiano publica um édito de tolerância em 261. A Igreja conhece uma paz quase geral. O número de cristãos cresce rapidamente, sobretudo na Ásia Menor. Muitas igrejas são construídas.

3.4.

A última perseguição no Império romano

3.4.1. O baixo Império, um regime totalitário

Ao tomar o poder em 285, Diocleciano inicia a restauração completa da administração do Império. Divide o Império em quatro partes: dois imperadores no Oriente, Diocleciano e Galério, e dos no Oriente, Maximiliano e Constâncio: trata-se da tetrarquia.

3.4.2. Acabar com os cristãos

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De fevereiro de 303 a fevereiro de 304, os éditos se sucedem, cada vais rigorosos: destruição dos livros sagrados, dos lugares de culto, descrédito jurídico dos cristãos, sacrifício geral, condenações ao trabalho nas minas ou à morte. Na Gália, o Imperador Constâncio Cloro se contentava em mandar demolir algumas igrejas. Na Itália, na Espanha e na África, as perseguições foram violentas, mas curta (303-305). No Oriente, nos territórios de Galério, perdurou de 303 a 313.

3.4.3. Uma reviravolta

A partir de 306, o sistema político de Diocleciano se desequilibra. Constantino, filho de Constâncio Cloro e da cristã Helena, elimina os seus concorrentes do Ocidente. Constantino teria visto no céu uma cruz luminosa que trazia as seguintes palavras: “Por este sinal vencerás”. Convertido, ele teria mandado inscrever o labarum (estandarte imperial) o monograma de Cristo, assegurando assim sua vitória.

3.4.4. A paz geral para a Igreja (313)

Há vários anos a perseguição cessara no Oriente. Licínio, novo imperador do Oriente, impõe por sua vez a paz religiosa. Em 313, Constantino e Licínio se unem em favor de uma política religiosa comum. Aparentemente, todas as religiões do Império se encontram em pé de igualdade, mas, de maneira bastante rápida, o equilíbrio será rompido, desta vez em favor do cristianismo. Em 313, tem início uma nova era para a Igreja e para o Império.

4. A Igreja do Império critão (Séc. IV-V)

4.1.

A religião de Constantino

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Constantino nascido em 280 d.C. em Naiso (Mésia, antiga Iugoslava), filho de Constâncio Cloro, imperador tolerante, e Helena, cristã, adere ao cristianismo em 312. Após a batalha da Ponte Mílvio o imperador passa a considerar-se como cristão: pede que se creia nos cristãos que lhe dizem ter sido Cristo quem lhe concedeu a vitória. Constantino nunca foi um modelo de cristão. Ele fora batizado no leito de morte em 337. Seus numerosos crimes dão testemunho de costumes pouco cristãos. Ele foi o carrasco da própria família, tendo mandado matar seu sogro, três cunhados, um filho e a esposa.

4.1.1. Constantino, único imperador

Em 313, Constantino e Licínio são imperadores. Logo Licínio se volta contra Constantino e culpa os cristãos por isso. Este empreende uma guerra para combater Licínio, dando a impressão de estar empreendendo uma guerra religiosa. Derrotando e assassinando Licínio, Constantino se torna o único imperador em 324. Pode-se considerar essa data como o verdadeiro começo do “império cristão”.

4.1.2. Fundação de Constantinopla

Constantino decide permanecer no Oriente e funda uma nova capital – escolhe a cidade de Bizâncio do Bósforo e lhe dá o nome de Constantinopla. Esta é inaugurada em 11 de maio de 330 com cerimônias cristãs e pagãs.

4.2.

Os imperadores cristãos

O imperador conserva o título de pontifex maximus (sumo pontífice), isto é, de chefe da religião tradicional. Os cristãos passam a aceitar o caráter sagrado do imperador.

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4.2.1. Favores imperiais

Os cristãos são reconhecidos ao imperador pelos seus favores. Ele dá edifícios e palácios para que sejam destinados ao uso religioso. Manda construir belos lugares de culto, as Basílicas de São Pedro, do Santo Sepulcro, de Belém, todas as igrejas de Constantinopla, etc. Faz doações significativas aos bispos. Deste modo as igrejas formam para si um imenso patrimônio. O clero obtém privilégios jurídicos. Sendo eles considerados como governadores.

4.3.

A lenta eliminação do paganismo

A maioria das regiões do Império não tinha 50% de cristão. A população dos campos se apegava aos ritos que asseguravam a fecundidade da terra e do gado. 4.3.1. Lenta eliminação do paganismo No decorrer do séc. IV, a legislação se tornava cada vez mais desfavorável à antiga religião. Os imperadores, paulatinamente, proíbem os cultos pagãos. Constâncio proíbe os sacrifícios, manda fechar os templos e decreta a pena de morte para os contraventores em 356.

4.3.2. Juliano e o paganismo “retro”

O paganismo chegou a ser reavivado na época do imperador Juliano, sobrinho de Constantino que sobreviveu ao massacre de toda família. Por conseguinte, tinha motivos para não acreditar muito nos cristãos. Apaixonado por literatura clássica procurou revivificar a religião tradicional e denunciou o cristianismo em sua obra Contra os galileus.

4.3.3. O paganismo fora da lei

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Com a morte de Juliano, seus sucessores multiplicam as medidas contra o paganismo e contra os heréticos cristãos. Em 380, o catolicismo trona-se religião oficial do Império por Teodósio. Os heréticos e pagãos são perseguidos; toda prática pagã é proibida em 392. As festas pagãs deixam de ser celebradas, os templos são destruídos. A aniquilação é completa a partir do início do século IV.

4.4.

A transformação da sociedade pelo evangelho

Manifesta-se uma influência cristã na legislação familiar. A lei proíbe o adultério, põe obstáculos ao divórcio. A escravidão não é questionada, mas é proibido separar as famílias dos escravos. Facilita-se a alforria. Demonstra-se mais humanismo nas prisões, sendo que os prisioneiros devem ver a luz do sol uma vez ao dia.

4.4.1. As instituições de caridade

As preocupações cristãs se manifestam na criação de instituições de caridade. É através delas que as estruturas serão transformadas. A esmola se desenvolve no Império cristão. O bispo Cesaréia de Capadócia, implanta uma cidade cristã que abrange igreja, monastério, hospício e hospital onde abriga viajantes, doentes e pobres.

4.4.2. Cristianização limitada

A cristianização da sociedade permanece limitada. Os novos batizados nem sempre se esforçam em mudar seus costumes. A resistência às guerras se desvanece. A justiça recorre freqüentemente à tortura.

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