Fichamento_GARELLI. Os Estados das Grandes Invasões

June 22, 2017 | Autor: S. Semíramis Sutil | Categoria: Ancient History
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Fichamento acadêmico Séfora Semíramis Sutil Moreira1 GARELLI, P. Os Estados das grandes Invasões

1. Os estados originários das Grandes Invasões

1.1.

Mitani

Hurri e Mitani houve problemas na identificação de Mitani. Segundo A. Goetze Mitani é uma unidade política que se teria desenvolvido em meio aos países hurritas durante o II milênio, em conseqüência, teria subsistido lado a lado dois reinos hurritas, espalhando-se pela Ásia. Porém segundo M. Liverani Mitani seria apenas o nome do Estado hurrita, do país de Hurri. Os termos eram sinônimos, sendo que hurri traduzia-se a realidade étnica e Mitani a uma realidade política. O Apogeu de Mitani: sobre sua ascensão pouco se sabe devido à falta de fontes. Segundo as tabulas de Nuzi Saustatar, o último dos monarcas referenciado nestas tabulas, teria sido uma personagem de certa envergadura, daí a tendência de se situar seu reinado antes das conquistas de Tutmósis III (1473). A decadência de Mitani: o assassínio de Artassumara, executado por Tushratta que provavelmente seria seu irmão ou algum parente próximo, inaugurou o período de distúrbios em que acabou por sucumbir o reino hurrita. Assumiu o trono o homicida e o fato de ter matado o antigo rei não parece ter abalado seu reinado. A reviravolta decisiva se deu na segunda guerra síria, com a derrota o rei Tushratta foi assassinado, provavelmente por seu filho Mattiwaza. A Assíria e Alshe teriam se aproveitado do fato para tentar dividir seus reinos, mas não conseguiram por completo. Não foi necessariamente a morte do rei que permitiu a independência assíria, esta bem pode ter sido conseqüência da derrota metanita.

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Graduando em licenciatura/ bacharelado em História pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) 2014

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Como provável assassino do pai, Mattiwaza, não assumiu o trono. Se apoiou em Suppiluliuma para tentar reconquistar Mitani. A partir daí começa a expedição realizada juntamente com Piyassili. O fim de Mitani: Mattiwaza desapareceu e a presença de tropas assírias nas margens do rio Eufrates, no início do reinado de Mursili II, induz a acreditar que o príncipe mitani teria sido vítima das ambições de Assur-uballit.

1.2.

Assíria

Com o acesso à independência e a partir do reinado de Adadnirati I (1307), as particularidades dos acontecimentos assumem maior nitidez. O eclipse assírio: O rei Ishme-Dagan I, que teria sido sucedido por outros quatro reis, teve o trono usurpado por Assur-Dugul, que teria ficado seis anos no poder, em seguida teria sido sucedido por outros seis reis cujos “reinados” (não se sabe ao certo se foram reis) são caracterizados pela expressão KÃ-tuppishu (que não foi decifrada). Depois de nova usurpação, o filho de um dos reis anteriores, Kidin-Ninua, teria unificado o território assírio, sem residir em Assur. Se Ishme-Gagan II em diante os descendentes desse rei fixaram-se em Assur. Percebe-se nestes pormenores um esforço de expansão, que seria anulado pouco a pouco depois com o rei do Mitani, Saustatar, com sua tomada da capital assíria e redução dos soberanos a tributários. Contudo, a partir de Assur-bél-nisheshu, restaurou-se a supremacia. Este concluiu um acordo com o babilônio Karaindash. Seu sucessor, Assur-rém-nisheshu, restaurou as muralhas de Assur. No entanto, os assírios escaparam do domínio mitanita para caírem sob o da Babilônia. A sociedade: o grupo mais antigo (séc. XV – XIV) está representado de forma bastante pobre. A ascensão de certas famílias, cujas propriedades eram aumentadas a expensas dos vizinhos, a quem emprestavam, sob hipoteca, cevada e estanho. Tais credores deviam ser empresários agrícolas e banqueiros. No séc. XIII havia vínculos matrimoniais entre os membros das grandes famílias, que colocavam seus filhos, sob suas ordens imediatas, nos postos de administração.

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1.3.

Babilônia

As origens cassitas: os cassitas vieram provavelmente do Zagro, como os hurritas e os indos-indianos do Mitani. Todos os problemas consistem em saber se os cassitas aí implantaram seu domínio quando marchavam sobre a Babilônia, ou depois de instalados na Mesopotâmia. Os primeiros traços da instalação na Mesopotâmia figuram nos documentos do reino de Hana. Contudo, a presença de um certo Kashtiliash entre os reis Hana levanta um problema, porquanto, a supor uma identidade entre Kashtiliash e um dos soberanos cassitas do mesmo nome, tratar-se-ia de um dos sucessores de Gandash, o qual encabeça a lista real babilônica e está designado numa inscrição como conquistador da Babilônia. Se admite tratar dos mesmos personagens, resultando que o domínio de Gandash só teria abrangido a região do médio Eufrates e não a totalidade da Babilônia. Os cassitas na Babilônia: de acordo com algumas titularias o domínio de Agum II Kakrime cobriria Eshnunna e regiões atravessadas pelo curso superior do Diyala, o território de Gutium, Padan e Alman. Só se conhecem os sucessores imediatos de Agum III através das listas dinásticas, exceção feita a Ulamburiash, que se intitulou “rei do País do Mar”. Sabe-se que este conquistou o baixo Iraque, aproveitando-se da situação para impor o seu reinado. Mas, provavelmente não ficou muito garantida a dominação cassita, visto que Agum foi obrigado a realizar nova conquista. A ocupação assíria: segundo a crônica babilônica P, durante sete anos a administração da Babilônia teria sido exercida por governantes, em nome de Tukulti-Ninurta, antes que os príncipes cassitas, revoltados, elevassem à realeza Adad-Shuma-usur. O principal problema relativo a esse período é a extraordinária reviravolta a que se assiste após o assassínio de Tukulti-Ninurta.

2. As Estruturas

Todos os Estados que surgiram devido às desordens que sacudiram o Oriente Próximo no decurso dos séc. XVII e XVI possuem como traço comum, instituições que quase se qualificam de “feudais”. Tanto na Ásia Menor hitita como nos reinos sírios, em Mitani como

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na Assíria ou na Babilônia, os soberanos são vistos a distribuir terras, supostamente “Feudos”, a príncipes ou particulares, considerados seus “vassalos”. O problema do carro de guerra: Antes do séc. XVII, o carro desempenhava, nas batalhas, um papel apenas secundário devido ao seu peso, manejo complicado e a ser guiado por animal arisco/ espantadiço e de difícil adestração. A situação se modifica quando se introduz certo número de melhorias e técnicas a ele. Concessões de terra: ilku era um termo utilizado para determinar as concessões de terra. A palavra surge na época babilônica antiga, aonde ainda não se colocava nenhum problema relacionado a um armamento dispendioso, como o da manutenção de uma frota de carros. Essas terras eram entregues aos servidores do monarca que podiam ser tanto civis quanto militares. A finalidade era garantir um mínimo de bem-estar material aos empregados dos serviços oficiais. De acordo com as leis assírias, quando o titular de uma tenência desse tipo morria em combate, o rei dispunha dela como bem lhe parecesse. O mesmo ocorria quando o titular eram um naiãlu (incapaz de exercer suas funções). O rei ou seu filho podiam retirar o desfrute da terra e concedê-la a outrem. A cada transferência, estabelecia-se um novo contrato. O rei continuava seu proprietário eminente, quaisquer que fossem as modalidades de exploração. A concessão de benefícios não passava de mera variante de um regime agrário dependente da vontade de um monarca que representava o deus. Este conceito abate com a idéia da existência de um sistema feudal. Regime de dependências do império hitita: O sistema de ilku foi para os hititas adotados sob uma forma um pouco distinta, a do sahhan, mais complexa devido à distinção entre os agricultores e os “homens da ferramenta” (artesãos), cuja situação não se encontra claramente definida. O controle das terras ficava adstrito às autoridades locais. Gerou-se certa confusão entre ambas as formas de concessão, que podiam ser atribuídas tanto a camponeses quanto a artesãos. De qualquer modo, a coroa mantinha seu controle e seus direitos. Na modalidade de retribuição o beneficiário tinha que trabalhar quatro dias para o rei e quatro dias podia trabalhar a seu proveito. O que mais desconsertou foi o regime de dependência que ligava o soberano de Hattusa a certos princípios dotados de apanágios e a reis tributários. Os reis hititas criavam pequenos reinos para os príncipes da família real, em todo perímetro do reino havia um círculo de soberanos estrangeiros que tinham que cumprir

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as determinações do grande rei assim como pagá-lo um tributo anual. Mas, podiam conservar a administração de seus territórios. A partir do séc. XVII formou-se em todo Oriente Próximo, uma espécie de koinê das instituições, caracterizada pela ascensão do poder central, que procurava submeter a seu controle as diversas engrenagens da vida pública.

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