FIGUEIREDO, Filipe (2014), \"O Arquivo de Fotografia e a Construção da Memória\", in Paulo Baptista (ed.), Workshop Fotografia Investigação Arquivo (Museu Nacional do Teatro: Museu Nacional do Teatro e CHAIA - Universidade de Évora).

July 17, 2017 | Autor: Filipe Figueiredo | Categoria: Theatre Studies, Photography, Theatre Photography
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WORKSHOP FOTOGRAFIA INVESTIGAÇÃO ARQUIVO

MUSEU NACIONAL DO TEATRO 7-8 MAIO 2014

Estrada do Lumiar, 10 1600-495 LISBOA Email: [email protected] Telefone: 217 567 410

NACIONAL DO

TEATRO

Workshop Fotografia-Investigação-Arquivo programa 7 de Maio Manhã 9h20 - Abertura dos Trabalhos

11h30 - José Oliveira

9h35 - José Carlos Alvarez

Doutorando em História da Arte Contemporânea (UNL-FCSH), bolseiro FCT e investigador do IHA da FCSH da UNL. Colaborador externo do CAMJAP da FCG e docente de fotografia e cultura visual no IADE. Co-fundador do projecto de curadoria independente “interface/arte contemporânea”, comissariando exposições.

Director do Museu Nacional do Teatro Artes do espectáculo e memória: a importância da fotografia no MNT A complexidade orgânica dos elementos que constituem um espectáculo cénico pode ressurgir através dos materiais, documentos e objectos que lhe sobrevivam. A fotografia tem um papel fundamental nesse processo porque, para lá do documental, possui uma dimensão de representação que profundamente se articula com a própria representação teatral, na pose e na imagem artística do actor. 9h45 - Clara Carvalho Professora auxiliar no Departamento de Antropologia do ISCTE-IUL (Lisboa), responsável pelo ramo de Saúde Global do Mestrado de Estudos de Desenvolvimento e diretora do Centro de Estudos Africanos do mesmo instituto (2007-2013) Género e Colonialismo nos arquivos fotográficos No caso português e, em particular, do colonialismo tardio (pós-1945), a imagem fotográfica revelou-se um elemento essencial na elaboração de um imaginário sobre a nação e o projecto colonial. Estas imagens encerram significantes expressivos da aplicação de um discurso de poder. Olhando para os arquivos coloniais, dois referentes surgem como óbvios, a classificação tipológica e racial, por um lado, e a diferenciação de género, por outro lado. Nesta comunicação procuram-se expor as continuidades encontradas nas fotografias coloniais sobre Africa nas útimas décadas do Estado Novo e questionar o seu papel na elaboração de um discurso sobre a diferença e alteridade. 9h55 - Inês Vieira Gomes Doutoranda em História no ICS da UL, com projecto de tese sobre fotografia em contexto colonial português. Investigadora bolseira no projecto “Conhecimento e Visão: Fotografia no Arquivo e no Museu Colonial Português (1850-1950)”. Licenciada e mestre em História da Arte, colaborou com o CAMJAP da FCG Os fotógrafos no Arquivo do SNI. Um estudo de caso a partir de fotografias das ex-colónias portuguesas O Arquivo Fotográfico do SNI possui c. 2000 fotografias das ex-colónias portuguesas. Pretende-se, a partir de uma visão de conjunto, abordar a autoria destas fotografias e questionar o papel que os fotógrafos tiveram na produção de uma propaganda colonial em imagens. 10h05 - Filomena Serra Doutorada em História da Arte Contemporânea, Membro integrado do Instituto de História da Arte FCSH-UNL Vitoriano Braga, homem de teatro e fotógrafo amador Vitoriano Braga (1888-1940) foi uma figura sobejamente conhecida pelos seus dramas teatrais, alguns dos quais como Octavio, mereceram os melhores elogios de Fernando Pessoa. Foi também tradutor e crítico de teatro, mas a sua faceta de apaixonado da fotografia é, talvez, a menos conhecida. Todavia, a ele se devem algumas das imagens fotográficas importantes do princípio do século XX ao ter retratado as principais figuras do grupo de Orpheu. É sobre essas imagens que incidirá a comunicação. 10h15 - Filomena Chiaradia Doutorada em Artes Cênicas com tese sobre Iconografia Teatral. Investigadora do Centro de Documentação e Informação/Fundação Nacional de Artes/ Ministério da Cultura do Brasil Uma experiência produtiva entre investigação e acervos fotográficos: a fotografia de cena para além do registo A fotografia de cena na escrita da narrativa historiográfica de companhias teatrais responsáveis pela constituição de coleções fotográficas e a oportunidade de organização de acervos em diálogo entre investigação científica e processamento técnico. 10h25 - Miguel Proença Fotógrafo independente, Lisboa. Mestre em História da Arte Contemporânea pela Universidade Nova com a dissertação, “Fernando Lemos: Eu sou a fotografia”. Doutorando na Faculdade de Belas Artes de Lisboa em Fotografia com projecto de tese: Fotografia e dispositivo Arte, Fotografia e Teatro versus dispositivo Se os dispositivos estabelecem e gerem relações, se são mecanismos de auto-controle, a finalidade da arte é des-naturalizar essa ação reguladora. Por via da fotografia e do teatro é proposta uma alternativa contrária à do dispositivo através da construção de algo de “artificial”. 10h35 - Debate 11h10 - Intervalo

Ernesto de Sousa: Fotografia, Escultura e Fenomenologia Uma abordagem à edição de Para o Estudo da Escultura Portuguesa (1965), de Ernesto de Sousa, que constitui uma obra de referência e pioneira na abordagem fenomenológica da utilização da fotografia no estudo e caracterização da escultura. 11h40 - Natasha Revez Mestre em História da Arte, com a dissertação “Os álbuns “Portugal-1934” e “Portugal 1940”. Dois retratos do país no Estado Novo”. Doutoranda em História da Arte na FCSH UNL Os álbuns Portugal 1934 e Portugal 1940, imagens do país no Estado Novo Os álbuns Portugal 1934 e Portugal 1940 como ponto de partida para uma reflexão sobre a necessidade de estudar as imagens fotográficas e sobre o significado de fazer a sua história no presente. 11h50 - Teresa Meruje Mestre em Património Europeu, Multimédia e Sociedade de Informação, com a dissertação “Porque são as Artes Donzelas?”. Doutoranda em História da Arte e investigadora do IHA da FCSH-UNL. Do auto-retrato da artista ao retrato da actriz – inclusão e asserção O auto-retrato feminino apresenta a artista, despojada de adereços, no exercício da sua profissão. O retrato da actriz traz, nos atavios, o encanto como aura dominante. Cotejaremos quanto, um e outro, denunciam o anseio de auto-afirmação e ganho de credibilidade. 12h00 - Nuno Borges de Araújo Arquitecto, doutorando em Ciências da Comunicação pela UM, com projecto de tese “Fotografia e cultura visual em Braga, 1853-1910”. Investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, do Departamento de Ciências da Comunicação da UM. Tem várias obras sobre fotografia editadas e colaborou em diversas exposições de fotografia. As publicações ilustradas com retratos fotográficos e a renovação da iconografia oitocentista em Portugal As publicações ilustradas com retratos fotográficos colados, surgem em Portugal a partir da década de 1860, constituindo um caso particular da história da ilustração, contemporâneo de um período de expansão da técnica fotográfica. Tiveram o seu auge no final da década de 1870 e início da de 1880, desaparecendo gradualmente com o aparecimento de novas técnicas de ilustração. No caso das publicações periódicas, constituíram verdadeiras «galerias biográficas» que tiveram um papel importante na renovação da iconografia, na difusão de novos modelos e valores, durante a monarquia constitucional. Estas publicações constituem uma importante fonte de documentação iconográfica oitocentista, ainda hoje não inventariada e pouco acessível à consulta generalizada. 12h10 - Carmen Almeida Mestre em Museologia com a dissertação Objectos Melancólicos… Fotografia , Património e Construção da Memória, A Colecção do Grupo Pró-Évora (1890-1920). Doutoranda em História e Filosofia da Ciência no CHEFci-UE; projecto de dissertação “A Divulgação da Fotografia no Portugal Oitocentista-Protagonistas , Práticas e Redes de Circulação dos Saber”. A divulgação da fotografia no Portugal Oitocentista: Autonomia e dependência-protagonistas e primeiras participações em redes internacionais do saber Os primeiros casos de participação portuguesa em inventos ou redes internacionais de fotografia, na primeira metade do séc. XIX (1839-1860), foi efectivada quase inteiramente por fotógrafos/amadores ingleses ou de ascendência inglesa, se bem que se possam apontar alguns casos de fotógrafos portugueses ou franceses ou de outra nacionalidade residentes em Portugal, na sua maior parte, fotógrafos comerciais. Assim, Porto e Madeira, locais com fortes comunidades inglesas residentes, foram seguramente o cenário dos primeiros intercâmbios fotográficos com o exterior, de inserção em redes de comunidades fotográficas/científicas internacionalmente reconhecidas. Joseph James Forrester (Porto), durante a década de 1850, e Russel Manners Gordon (Ilha da Madeira), durante a década de 1860, constituem exemplos paradigmáticos da prática e aprofundamento do estudo do novo invento durante as décadas de 1840 a 1860, a maior parte das vezes desenvolvido à margem geográfica dos convencionais centros de saber. Paralelamente, Forrester e Gordon constituem exemplos concretos do paradigma de comunicação de ciência então vigente, aspecto determinante para entender a produção do saber fotográfico e o seu entendimento/apropriação popular. 12h10 - Debate 12h40 - Encerramento da sessão da manhã

Workshop Fotografia-Investigação-Arquivo programa 7 de Maio Tarde 14h15 - Alexandra Encarnação

15h55 - Guida Cândido

Responsável pelo Arquivo de Documentação Fotográfico da DGPC. Licenciada em História pela FCSH da UNL, especializou-se em conservação de fotografia com formação e estágio nos Arquivos Fratelli Alinari, Florença, Itália.

Coordenadora do Arquivo Fotográfico Municipal da Figueira da Foz, mestrando em Alimentação - Fontes, Cultura e Sociedade e licenciada em História da Arte pela FLUC. É responsável pelo estudo dos fundos fotográficos da coleção, organização de exposições, concursos, workshops e outras atividades culturais do Arquivo Fotográfico Municipal da Figueira da Foz. É autora de livros e publicações científicas na sua área de investigação em Alimentação e, com isso, alimenta o hiperespaço na condição de food blogger

Fotografia e Memória Patrimonial A Arquivo de Documentação Fotográfico da DGPC tem como missão o registo fotográfico e a sua salvaguarda documental dos bens móveis e imóveis dos Museus, Palácios, e outros imóveis da DGPC no Inventário Fotográfico Nacional. A ação do Arquivo articula-se em 4 eixos fundamentais: 1. Levantamentos fotográficos patrimoniais, segundo critérios técnicos internacionais; 2.Inventário, digitalização e disponibilização pública dos registos fotográficos, através de plataformas online; 3.Salvaguarda, conservação e estudo dos espólios fotográficos antigos à sua guarda; 4.Formação e aconselhamento técnico na área da fotografia técnica patrimonial e da conservação de fotografia. 14h25 - Luís Pavão e Paula Figueiredo Cunca Técnicos Superiores no AMLx/Fotográfico. Luís Pavão, fotógrafo e mestre em Conservação de Fotografia (Rochester/EUA), responsável pela Conservação e Restauro no AMLx/ Fotográfico e Paula Figueiredo Cunca, licenciada em Filosofia pela UCP/FCH e mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação (ISCTE) tem desenvolvido trabalhos de investigação sobre fotografia privada O Arquivo Municipal de Lisboa/Fotográfico - 20 Anos de portas abertas ao público O AMLx/Fotográfico celebra 20 anos de existência nas atuais instalações. Em 1994 apresentou um novo conceito de arquivo fotográfico, de portas abertas ao público com a exposição Provas Originais 1858 – 1910 - 20 anos depois, apresentamos um olhar retrospetivo sobre o trabalho desenvolvido a partir desta exposição.

A Figueira na “boca de cena”: O teatro na coleção do Arquivo Fotográfico Municipal da Figueira da Foz O Teatro Príncipe Carlos, reduzido a cinzas em 1914, não ditou o fim da actividade teatral na Figueira. Atores, alçados neste e noutros palcos, construíram o imaginário duma cidade com tradição nesta arte. Eis as imagens que contam essa história. Abram as cortinas! 16h05 - Abel Rodrigues Licenciado em História e mestre em História Moderna e Contemporânea de Portugal, pela UM. A concluir o curso de especialização em Ciências da Informação (variante Arquivos). Investigador em arquivos sociais e familiares e em história social e cultural. O Arquivo Fotográfico da Casa de Mateus (1844-2014) Apresentação do tratamento arquivístico que está a ser aplicado ao Arquivo Fotográfico da FCM, composto por 9806 imagens, que se encontra integralmente digitalizado. Trata-se de um acervo riquíssimo, no qual a História da Família, da Casa (monumento nacional) e da Fundação se confunde com a História do País 16h15 - Luísa Baeta e Anabela Bravo

Técnica superior no Arquivo Histórico Municipal do Porto. Licenciada em Filosofia e pós graduada com o Curso de Especialização em Ciências Documentais pela FLUC.

Técnicas da Widegris/ AFotMMontemor-o-Novo; Anabela Bravo é licenciada em Artes Plásticas, mestre em Arte Multimédia e pós-graduada em Arquivos. Desenvolve trabalho em arquivos de artista com enfoque na fotografia e nos audiovisuais; Luísa Baeta é antropóloga, com especialização em gestão do património e acção cultural e fotógrafa, mestre em arte multimédia

O Porto e os seus fotógrafos : o acervo do Arquivo Histórico Municipal do Porto

Começar pela Reforma Agrária

O arquivo fotográfico do AHMP detém um valioso acervo com interesse para a história do país no final do séc. XIX. e início do séc. XX. A sua divulgação permitirá realçar o contributo dos fotógrafos portuenses no desenvolvimento da fotografia em Portugal

Contribuir para que as estruturas estatais tratem, a nível arquivístico, o documento fotográfico com a mesma importância que o documento escrito. O fundo audiovisual sobre Reforma Agrária do Arquivo Fotográfico Municipal de Montemor-o-Novo.

14h45 - Ana Barata

16h25 - Teresa Barreto Borges

Bibliotecária de referência da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, mestre em História da Arte pela FCSH da UNL.

Coordenadora do Centro de Documentação e Informação da Cinemateca Portuguesa. Licenciada em Comunicação Social pela FCSH da UNL, pós-graduada em Ciências Documentais pela FLUL.

14h35 - Maria do Rosário Guimarães

As colecções fotográficas da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian Apresentação e caracterização das colecções fotográficas da Biblioteca de Arte; recuperação da informação, formas de acesso e disponibilização 14h55 - Paulo Simões Rodrigues Director do CHAIA e professor auxiliar da UE A Operacionalidade da Fotografia ou a Fotografia como Arte da Memória A Arte da Memória, ou Ars Memoriae, ou Ars Memorativa, remonta à antiga retórica grega e consistia num conjunto de técnicas de memorização e de organização de ideias e palavras através da sua associação a imagens. A imagem fotográfica, enquanto produto de civilização, é essencialmente mnemónica. Uma das valências da fotografia é a preservação da memória da imagem dos índividuos, das paisagens, dos edifícios e das mais variados manifestações da acção produção humana. Tendo como exemplos as colecções fotográficas da BA-FCG, focar-nos-emos na abordagem do registo fotográfico enquanto fonte documental da investigação da memória da imagem em áreas relacionadas com o património cultural e arquitectónico. Isto é, de uma memória que, quando fixada, não se quis neutra, mas visualização de uma determinada ideia acerca de uma determinada realidade, configuradora de uma determinada inteligibilidade. 15h05 - Debate 15h35 - Intervalo

O caso da UFA: fotografias de cena e de rodagem de filmes com múltiplas versões Descrição do trabalho de indexação de provas fotográficas de filmes produzidos em multiversões linguísticas pela UFA (Universum Film AG) no início dos anos 30. Identificação da versão retratada (fotografias de cena e de rodagem) a partir dos elementos presentes na imagem. 16h35 - Beatriz Neves e Paulo Baptista MNTeatro. Beatriz Neves é licenciada em História Contemporânea de Portugal ISCTE A vida nos palcos: Palmira Bastos, projecto de fotobiografia (1890-1915) Processos de investigação fotobiográfica no Museu Nacional do Teatro. Alguns aspectos e imagens da actividade teatral em Portugal através da carreira de uma das mais destacadas intérpretes, Palmira Bastos, e do seu percurso em palco de 1890 a 1915. 16h45 - Carmen Almeida Coordenadora do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Évora desde 2000•. O Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Évora – 12 Anos de actividade O Arquivo Fotográfico da CME foi aberto ao público em Novembro de 2001. Possui actualmente mais de 450 000 espécies fotográficas para além de um pequeno “ núcleo museológico”. O seu acervo reúne as colecções dos mais importantes fotógrafos locais dos séculos XIX e XX de Évora , permitindo documentar os aspectos mais diversos da vida local e regional. Doze anos depois apresenta-se uma reflexão sobre o trabalho desenvolvido, identificando as principais potencialidades e debilidades. 16h55 - Debate 17h20 - Encerramento da sessão da tarde • Ver detalhes comunicação 7 Maio Manhã

Workshop Fotografia-Investigação-Arquivo programa 8 de Maio Manhã 9h30 - Pedro Aboim Borges

11h10 - Ana Duarte Rodrigues

Doutorado em História da Arte Contemporânea (Fotografia e Património) e mestre em História da Arte (Fotografia) pela FCSH da UNL. Professor-adjunto na Escola Superior de Turismo e Hotelaria do Estoril.

Professora Universitária, Doutorada em História da Arte pela FCSH da UNL, investigadora do CHAIA da UE e do CHAM da FCSH da UNL, Investigadora (Fellow) na Universidade de Harvard (2013). Editora da revista Gardens & Landscapes. Autora de numerosos livros e artigos científicos sobre jardins e paisagem e escultura.

O Arquivo Marques Abreu O arquivo do fotógrafo e editor José Antunes Marques Abreu, funcionário da DGEMN (Monumentos do Norte) documenta sobretudo a arquitectura românica, mas também a arquitectura gótica, renascentista e barroca, e mesmo a pintura e a escultura. Comporta provas e negativos fotográficos, equipamento fotográfico, correspondência, documentação técnica e divide-se por dois espólios, o de Marques Abreu pai e o de Marques Abreu Jr., que acompanhou o pai em múltiplas campanhas para prossecução dos projectos editoriais. É um arquivo imprescindível para o entendimento da historiografia sobre a Arte Românica em Portugal e determinantn e para o estudo da edição e da protecção patrimonial entre 1900 e 1935. 9h40 - Jorge Custódio Doutorado pela UE, investigador integrado do IHC e docente de Arqueologia Industrial e de Museologia Industrial na FCSH da UNL. Dirigiu o Projecto Municipal Santarém a Património Mundial (1994-2002), o Convento de Cristo (2002-2007) e o Museu Nacional Ferroviário (2009-2011). A Fotografia como Documento da Rede Ferroviária Nacional: O caso de Emílio Biel Análise do modelo descritivo de levantamento da estrutura ferroviária portuguesa por via do registo fotográfico sistemático da circulação de material circulante e de obras de arte das primeiras linhas ferroviárias portuguesas, nomeadamente do Leste e do Douro, do Minho, da Beira Alta e do Vouga, trabalhos de excelência de Emílio Biel. Significado da publicação das imagens da ferrovia no desenvolvimento do turismo em Portugal, chamando a atenção, por via da fotografia, da litografia ou da impressão fotográfica para a paisagem que o turista podia observar circulando pelas regiões atravessadas pelos caminhos-de-ferro. 9h50 - Filipe Figueiredo Investigador do CET (FL/UL), integra o projecto OPSIS, doutorando em Estudos Artísticos – fotografia de teatro (bolseiro FCT). O arquivo de fotografia e a construção da memória A partir da análise dos Livros de Registo de Repertório da companhia Rey Colaço–Robles Monteiro (1821-1974), na Biblioteca-Arquivo do TNDM II, esta comunicação visa abordar a possibilidade de construção da memória através da colecção de fotografias. 10h00 - Paulo Baptista Investigador do MNT, doutorando em História da Arte Contemporânea, Investigador do IHA da FCSH-UNL, co-editor da revista Gardens & Landscapes of Portugal. O retrato modernista: a contribuição da fotografia A fotografia desempenhou um papel fundamental na afirmação da imagem moderna em Portugal. O estudo sistemático do espólio da Fotografia Brasil (Arquivo Fotográfico da DGPC/Museu Nacional do Teatro) contribuiu, de forma determinante, para um entendimento formal e cronológico dessa afirmação modernista no retrato fotográfico. 10h10 - Cosimo Chiarelli Historiador da fotografia italiana, especialista das relações entre fotografia e teatro. Docente de Historia da Fotografia na Universidade de Pisa, actualmente a investigar as coleções do Departamento das Artes do Espectáculo da Biblioteca Nacional Francesa. É director do “Centro per la fotografia dello spettacolo di San Miniato” (Pisa) e organizador (até 2011) do “Occhi di scena”, o único Festival Europeu dedicado à fotografia do espectáculo, com mostra de exposições originais de arquivos teatrais. Corpo, imagem, arquivo: a fotografia e o mimo Uma investigação sobre as relações entre fotografia e mimo, realizada nos arquivos da Biblioteca Nacional Francesa: materiais, perguntas, resultados e perspectivas. (intervenção em língua inglesa). 10h20 - Debate 10h50 - Intervalo

Sintra’s privileged picturesque landscapes offered by 19th century photography Sintra’s landscape photography in the 19th century clearly remains encoded within academic painting composition. In this paper I seek to analyze the construction of Sintra’s landscapes idealized image through a comparative approach with other media. (intervenção em língua portuguesa). 11h20 - João Paulo Machado Técnico Superior da DGPC, exerce funções na Divisão de Património Imóvel, Móvel e Imaterial, gestor do Sistema de Informação “Matriz”. Licenciado em História, foi técnico de documentação fotográfica do arquivo da DGEMN e técnico responsável pelo estudo do espólio San Payo do AFDGPC. A Persistência da memória: retratos da Coleção San Payo A coleção de retratos de San Payo como exemplo de espólio de atelier fotográfico. Chamar a atenção para a sua fragilidade de suportes e dificuldade de identificação. A abordagem arquivística. A urgência do levantamento dos espólios fotográficos na luta contra a perda da memória. A necessidade de digitalização como forma de preservar e divulgar para auxiliar na identificação. 11h30 - Fernando Costa e Paulo Tremoceiro Técnicos do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Documentos fotográficos na Torre do Tombo: tratamento e acesso I Condições de acesso: O acervo fotográfico do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT) foi enriquecido com a fusão do ex. - Arquivo de Fotografia de Lisboa em 2007. Tornou-se, assim, num acervo bastante diversificado e com uma grande multiplicidade de tipologias documentais. Dada a sua magnitude, apenas parte da documentação fotográfica se encontra, atualmente, disponível aos mais variados utilizadores. A pesquisa fotográfica obedece a determinadas especificidades que a tornam singular dentro do ANTT. Não obstante, o acesso às imagens poderá ser condicionado pelas restrições de comunicabilidade previstas na lei. 11h40 - Fátima Ó Ramos e Paulo Leme Técnicas do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Documentos fotográficos na Torre do Tombo: tratamento e acesso II Tratamento técnico e apresentação de conteúdos: A fotografia, enquanto documento de arquivo, toma sentido no contexto documental a que pertence. Ela apresenta, todavia, características muito próprias, que se refletem na sua descrição, instigando, a todo momento, o diálogo interativo entre as diferentes normas disponíveis. O estado da questão no ANTT. 11h50 - Anabela Ribeiro e Carla Lobo Técnicas do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Documentos fotográficos na Torre do Tombo: tratamento e acesso III Conservação, transferência de suporte e disponibilização. No ANTT, seguimos uma metodologia de identificação dos processos fotográficos, estado de conservação e proposta de intervenção. O nível de tratamento nestes materiais depende de um conjunto de fatores. Contudo, a intervenção é sempre mínima, o suficiente para garantir o acesso ao documento original, bem como à reprodução em segurança. No âmbito da política de disponibilização online e de preservação, os documentos fotográficos depois de tratados do ponto de vista físico e intelectual, são reproduzidos/digitalizados de acordo com normas internacionais para serem associados aos registos descritivos. 12h00 - Debate 12h30 - Encerramento da sessão da manhã

Workshop Fotografia-Investigação-Arquivo programa 8 de Maio Tarde 14h15 - Marina Figueiredo

16h00 - Luís Montalvão

Técnica do Arquivo Histórico Parlamentar.

Técnico superior, bibliotecário e documentalista do MNAA.

Estratégias para a incorporação nos arquivos fotográficos digitais: o caso do Arquivo Fotográfico Parlamentar

O arquivo fotográfico do MNAA

Caracterização do acervo fotográfico do Arquivo Fotográfico Parlamentar e o problema da incorporação de fotografia digital num cenário de aumento exponencial da produção de documentos fotográficos que carateriza o contexto digital”. 14h25 - Leonor Sá Directora do Museu de Polícia Judiciária, doutoranda na FCH da Universidade Católica. O Arquivo Histórico Fotográfico do Museu de Polícia Judiciária O Arquivo Histórico Fotográfico do Museu de Polícia Judiciária: desafios passados, presentes e futuros. 14h35 - Susana Rodrigues, Tânia Marques e Vasco Duque Susana Rodrigues, técnica superior do Arquivo da PR. Licenciada em História e pósgraduada em Ciências Documentais, variante Arquivo, pela UAL e pós-graduada em Ciências Documentais, variante Biblioteca, pela FLUL.; Tânia Marques, técnica superior do Arquivo da PR. Licenciada em Estudos Europeus pela FLUL. Pós-Graduada em Ciências Documentais pela ULHT. Mestre em Ciências Documentais, pela ULHT; Vasco Duque, técnico superior do Arquivo da PR. Licenciado em Design e Produção Gráfica – ISEC. A fotografia institucional no Arquivo Histórico da Presidência da República O Arquivo Histórico da Presidência da República está a proceder à integração e tratamento da documentação fotográfica produzida pela instituição. Trata-se de um conjunto documental composto por milhares de fotografias, ilustrativo da atividade presidencial e, como tal, incontornável para o estudo da História Contemporânea Portuguesa. 14h45 - Ana Marta Lopes Guerreiro Técnica superior do Arquivo do Museu da PR. Anteriormente foi responsável pelo levantamento do arquivo da Valorsul. Mestre em Ciências da Informação e Documentação (arquivo) pela FCSH da UNL. Licenciada em Estudos Portugueses pela FLUL. Formadora da BAD em Norma internacional para a descrição de funções (2012). A indexação como estratégia para a recuperação de informação nos arquivos fotográficos: os arquivos do órgão de soberania, o Presidente da República As coleções fotográficas do Museu da Presidência da República representam um testemunho único para o estudo da história contemporânea. A criação de uma lista especializada de assuntos para indexação é fundamental como estratégia para uma política de acesso documental. 14h55 - Catarina Miranda Basso Marques Mestre em História da Arte, é investigadora do CITCEM e doutoranda na UM (bolseira FCT) com o projecto de tese “Usos privados e públicos da fotografia na sociedade bracarense (1910-1945)”. Fotografia & Investigação Histórica – estudo de caso do Arquivo Aliança.

O arquivo fotográfico do MNAA documenta a evolução do Museu, desde 1882, até as obras de 1992. É também um inventário fotográfico das colecções do MNAA, e um repositório de imagens de obras de arte de colecções portuguesas e estrangeiras. 16h10 - Sandra Garrucho Mestre em Fotografia – perfil Conservação de Fotografia, Escola Superior de Tecnologia de Tomar/Instituto Politécnico de Tomar . Intervenção sobre uma Coleção Fotográfica do Arquivo Histórico Ultramarino - Conservação e Acesso A documentação fotográfica, depositada no AHU, era constituída por vários tipos de suporte (vidros, películas, provas em papel e álbuns fotográficos). Referia-se a várias missões do Instituto de Investigação Científica Tropical (nomeadamente a Missão Geográfica de Cabo Verde, 1926-1932 e a Missão de Delimitação de Fronteira LusoBelga em Angola, 1901), à Sociedade Agrícola Colonial (referente à Roça Porto Real na Ilha de Príncipe) e a Companhias coloniais (p.ex. Companhia da Zambézia, Moçambique, 1892-1920). O núcleo fotográfico é de enorme importância dos pontos de vista histórico, cultural e patrimonial. O objetivo da intervenção visou a preservação e o tratamento da documentação fotográfica, tornando-a acessível ao público. 16h20 - Teresa Alexandra da Silva Ferreira Laboratório HERCULES, Herança Cultural, Estudos e Salvaguarda, professora auxiliar da UE. Caracterização material de fotografias e negativos: casos de estudo Caracterização material de fotografias e negativos: casos de estudo. 16h30 - Ana David Mendes Técnica superior do M|i|mo (museu da imagem em movimento). Responsável pela “Qualidade, Certificação e Redes”, coordenadora da gestão das colecções. Foi coordenadora do museu até 2013. Arquivos fotográficos: o que se esconde dentro da Caixa? Os arquivos são memorias escondidas no tempo. Pequenas descobertas, grandes avanços. Do numero do chapa ao titulo do envelope - como se revela a informação, como se comunicam conteúdos, e como podem decorrer os processos de apropriação, como uma forma de valorização? O M|i|mo integrou a RPM em 2004 e teve uma nomeação honrosa para “melhor museu do ano” em 2010. 16h40 - Mafalda Lourenço e Paulo Baptista Museu Nacional do Teatro. Mafalda Lourenço é pós-graduada em Jardins e Paisagem pela FCSH da UNL e licenciada em Agronomia pelo ISA. Fotografia e movimento Bailarinos, dançarinos e fotografia de espectáculo (1890-1930) na colecção fotográfica do Museu Nacional do Teatro e na imprensa periódica ilustrada portuguesa.

O Arquivo Aliança compreende o espólio de um estúdio fotográfico, a Photographia Alliança, que existiu em Braga entre 1910-1980. A comunicação centra-se na abordagem do arquivo fotográfico como forma de aceder ao universo da fotografia e ao conhecimento da realidade histórica que dele transparece.

16h50 - Alexandre Pomar

15h05 - Debate

A Exposição-Feira de Angola 1938, a exposição como mecanismo de investigação e conhecimento

15h40 - Intervalo

Jornalista, crítico de arte e galerista da fotografia, tem numerosos artigos e escritos sobre fotografia contemporânea e História da Fotografia

A partir da recentíssima exposição da Pequena Galeria, intitulada Exposição-Feira de Angola 1938, reflecte-se ácerca de um enigmático objecto da História da Fotografia em Portugal e do processo de investigação/aprendizagem multidisciplinares que a referida exposição constituiu 17h00 - Debate 17h30 - Encerramento da sessão da tarde

Workshop Fotografia Investigação Arquivo Museu Nacional do Teatro 7-8 Maio 2014

Ficha Técnica Coordenação José Carlos Alvarez (Director do Museu Nacional do Teatro) Paulo Baptista Paulo Simões Rodrigues (CHAIA U\Évora)

Secretariado Mafalda Lourenço Manuela Gomes dos Santos Sofia Patrão

Apoio Maria Ascensão Martinho Sónia Dias Rui Mourão

Design e Paginação Francisco Baptista

O arquivo de fotografia e a construção da memória Filipe Figueiredo ISBN 978-989-8052-86-5

Resumo A partir da análise dos Livros de Registo de Repertório da companhia Rey Colaço Robles-Monteiro (18211974), na Biblioteca-Arquivo do TNDM II, esta comunicação visa abordar a possibilidade de construção da memória através da colecção de fotografias. Artigo O ARQUIVO DE FOTOGRAFIA E A CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA1

Fig. 1. Exemplar dos Livros e Registo de Repertório, relativo a 1960-61

A memória da actividade do Teatro Nacional de D. Maria II (TNDM II) foi uma das grandes paixões de Gustavo de Matos Sequeira (1880-1962), que chegou a ser comissário2 do Teatro ainda nos anos da 1ª República e entre 1926 e 1936. Entre sua extensa bibliografia destaca-se a História do Teatro Nacional D. Maria II (SEQUEIRA 1955a), em dois volumes, onde traça a vida deste teatro, pouco depois da celebração do centenário da sua inauguração, em 1946. Esta obra dá conta de uma colecção notável de imagens que também já tinha sido 1 Este estudo só foi possível realizar com a colaboração da Biblioteca-Arquivo do Teatro Nacional de D. Maria II. Agradece-se, por isso, à Directora de Documentação e Património, Drª Cristina Faria, e à técnica da Biblioteca-Arquivo, Drª Ana Catarina Pereira. Todas as imagens que acompanham o texto são da responsabilidade do autor e autorizadas pelo TNDMII. 2 Foram Comissários do Governo no TNDM II, sucessivamente: 1911-1916 (intercalado) Lino Ferreira; 1916-17 – Juís Galhardo, substituído interinamente por Domingos Freire Teixeira Marques na época de 1917-18 (?); 1918 – Augusto de Castro; Lino Ferreira – gerente durante a Comissão de Reformas, demitindo-se em 1925 e substituído por Luís Pinto; 1926-1936 – Gustavo de Matos Sequeira; 1936-1942 - João Pereira Dias; 1942-1945 – Luiz Pastor de Macedo; 1948-1960 – Pedro Oliveira de Moura e Sá; 1960-1974 - António Carlos Rodrigues de Pinho Leónidas.

mostrada na “exposição bibliográfica e iconográfica sobre a vida do Teatro e dos artistas que pisaram o seu palco.”, como dizia Luís Pastor de Macedo na Nota Introdutória (SEQUEIRA 1955a) Este acervo integra, entre outros materiais, a Colecção de Lino Ferreira (1884-1939), que tinha tido importante papel na gestão do teatro desde os primeiros anos da república. Segundo Matos Sequeira, “A colecção Lino Ferreira [que] constava de cerca de cinco mil espécies, constituídas por livros, peças de teatro portuguesas, francesas, espanholas e italianas, gravuras, programas, fotografias, etc.” (SEQUEIRA 1955b: 713) foi adquirida em 1943, época em que o arquivo foi alvo de melhorias substanciais e ainda enriquecido com a aquisição de outros materiais como “retratos de artistas e escritores à Livraria António Maria Pereira”3.

Fig. 2 a 4. Folha de rosto e páginas com ilustrações da obra Gustavo de Matos Sequeira, História do Teatro Nacional D. Maria II: publicação comemorativa do centenário 1846-1946.

O curador de todos estes materiais terá sido José de Matos Sequeira, a quem já no início da obra antes citada4 o seu pai se referia como o “fiel-arquivista”. É nessa qualidade que é mencionado, a partir da época de 1944-1945, nos Livros de Registo e Repertório (LRR), além de secretário do Conselho de Leitura, cargos que manterá até ao desfecho da Companhia Rey Colaço – Robles Monteiro (RC-RM), em 1974. Assim o confirma a sua assinatura na última página de todos os LRR até essa data! No seio do Arquivo do teatro, a colecção dos LRR tem um particular interesse pelo levantamento sistemático da actividade teatral desenvolvida desde 1845 até 19745, contudo nem todos os livros terão tido 3 “A organização do Arquivo, que tantos cuidados merecera ao Comissariado, apurou-se neste período, enriquecendo-se notavelmente esse depósito de material de investigação e estudo. Ampliou-se a instalação, reparou-se o soalho, compraram-se estantes, feituraram-se prateleiras de arrumo de espécies e impetrou-se verba especial para aquisição de um ficheiro (1.400$00 esc.), que só em Fevereiro de 1943 foi concedida; adquiriram-se retratos de artistas e escritores à Livraria António Maria Pereira, e, o que foi mais, comprou-se a Colecção Lino Ferreira, excelente repositório, com milhares de espécies biblio-iconográficas. A colecção completa, que se oferecera, por 20.000$00 escudos o ficheiro e por 8.500$00 escudos os livros, fotos, manuscritos e estampas, não foi, então, toda adquirida. Com o parecer do perito, Dr. Jorge de Faria, foi apenas comprada esta parte da colecção, tendo-se solicitado superiormente a respectiva verba. O Dr. Jorge de Faria opinara que o ficheiro valeria até 10.000$00 escudos.(4) Houve várias ofertas, fez-se uma cuidada catalogação, comprou-se algum mobiliário e o Arquivo, a que nenhum dos sucessores do Dr. Pereira Dias deixou de prestar atenção afectiva, melhorou extraordinariamente. [Nota do texto citado] (4) A colecção Lino Ferreira constava de cerca de cinco mil espécies, constituídas por livros, peças de teatro portuguesas, francesas, espanholas e italianas, gravuras, programas, fotografias, etc. O despacho ministerial de 25 de Fevereiro autorizou o levantamento da verba para a compra, com dispensa da dedução dos 10 por cento. O ficheiro só veio a adquirir-se mais tarde.” Gustavo De Matos Sequeira, História do Teatro Nacional D. Maria II: publicação comemorativa do centenário 1846-1946, 2 vols., 2. Lisboa: Teatro Nacional D. Maria II, 1955b. p.713. 4 “Deste livro foi essencial colaborador o senhor José de Matos Sequeira, Fiel-arquivista do Teatro Nacional D. Maria II, não só no fornecimento de elementos de trabalho, mas ainda com a autoria das relações dos artistas e das peças representadas no teatro, e de todos os índices da obra.” Ibid., 1, nota introdutória. 5 A colecção dos LRR foi recentemente alvo de trabalho de conservação e encadernação. Infelizmente, o LRR referente à época 1959-60 encontra-se desaparecido. Carece fazer a digitalização de toda a colecção de LRR, mas não houve verba disponível para

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produção coeva aos anos a que se reportam. A informação que integram terá sido coligida, a posteriori, por Gustavo de Matos Sequeira, com vista à organização de materiais que lhe permitissem a redacção da sua história do TNDM II, em 1955. Terá para esse fim recorrido a um outro conjunto de livros de repertório: um grupo6 de quatro livros que documentam a actividade entre 1898 e 1930 (1), e ainda um outro livro da Companhia Meneses & Ferreira, com registos do período de 1907 a 1909 [10-10-1907 a 28-02-1909].

Fig. 5. Livro de Registo e Repertório Nº 3, capa. Fig. 6. Livro de Registo e Repertório Nº 3, registo referente à peça D. Afonso VI. Fig. 7. Livro de Registo da Companhia Meneses & Ferreira, registo referente à peça Kean.

A colecção de LRR reúne 45 livros, dactilografados, tem um carácter bastante homogéneo, no exterior e no interior7, e dá informação relativa aos espectáculos de cada época artística, faz um apanhado estatístico da época e integra documentos legislativos, recortes de imprensa, etc.8

Fig. 8. Vista da colecção de Livros de Registo e Repertório.

A partir de 1944-1945, tem lugar a secção “Documentação Fotográfica”, que acolhe algumas imagens associadas a determinados espectáculos da época. Apesar de as imagens surgirem nestes LRR apenas nesta data - 1944 - um outro livro/álbum integra registos e imagens de algumas peças de anos anteriores – 1934, 1939, 1940, 1941, 1942, 1943 e, um mais tardio, 1956. o efeito até ao momento. 6 Integram este conjunto de livros os seguintes exemplares: “Nº 1 – Theatro de D. Maria II – Registo do Repertório de Outubro de 1898 a Novº de 1906”; “Nº 2 – Theatro de D. Maria II – Registo do Repertório” – 29-12-1906 a 19-01-1917; “Nº 3 – Theatro de D. Maria II [em carimbo quase invisível] Registo do Repertório” (com selo na 1ª página “Teatro Nacional Almeida Garret – Sociedade Artística– Lisboa) – 30-01-1917 a 09-06-1926; “Livro 4 – Registo do Repertório” (1º livro da Companhia Rey- ColaçoRobles Monteiro) – 23-12-1929 a 17-12-1930, acrescido de outros registos sem data e com outras páginas com as grelhas a lápis desenhadas e com o título da peça a lápis, para marcar o seu lugar; deste conjunto de folhas, a última peça indicada parece ser de 1931. 7 Este aspecto resulta ainda mais reforçado pelo trabalho de encadernação recente. 8 Reúne críticas, informações de necrologia ou referências a obras realizadas no Teatro. Dá-se aqui conta dos contratos de exploração celebrados entre o Ministério da Educação Nacional e a empresa RC-RM. Por exemplo, no LRR da época 1949-1950 é copiado no anexo o contrato de 13 Dezembro de 1949 com 9 páginas

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Fig. 9 a 11. Pormenores de um exemplar de Livro de Registo e Repertório.

Parece que, a par do livro de registos que se estava a produzir se quis criar um outro, em paralelo, com um formato mais próximo do “álbum fotográfico”. Este álbum é composto por pranchas impressas, quadrangulares, com um cabeçalho que se mantém em todas as folhas, a coroa da república portuguesa, a designação do teatro em maiúsculas, seguido em baixo por alguns campos para registo manual. O restante espaço da prancha é deixado completamente livre para a colocação das fotografias respectivas, acompanhadas de legenda manuscrita. A única excepção a este modelo são as duas pranchas relativas ao espectáculo Amor de perdição (1956), que parecem ser um acrescento ao álbum inicial9.

Fig. 12 e 13. Interior de Livro de Registo e Repertório (1934-1956).

Excluindo estas, as fotografias mais tardias do álbum datam de 1943, a época anterior ao início da “Documentação Fotográfica” nos LRR. Se a intenção de constituir um arquivo fotográfico da actividade teatral resulta evidente com a criação do álbum em 1934, parece ter-se tornado mais pertinente para o seu responsável a inclusão destas imagens junto da restante informação.

Fig. 14. Interior de Livro de Registo e Repertório (1934-1956). 9 São folhas lisas sem o cabeçalho referido impresso e com uma legenda dactilografada num pequeno pedaço de folha colado sobre a fotografia, com a referência a “Teatro da Trindade”. Este espectáculo não está registado nos livros referentes à época de 1955-56 ou 1956-57, pelo que não se sabe onde pertence.

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Não obstante os LRR pertencerem ao TNDMII e se referirem a toda a sua história, desde 1845, o âmbito cronológico das imagens fotográficas direcciona a atenção para a actividade da companhia RC-RM, concessionária do teatro de 1929 até 1974. O cruzamento dos dados da companhia com os LRR permite de imediato constatar que o número de peças com fotografias é menor do que o número de peças representadas, dando conta do seu carácter relativo. Com auxílio dos gráficos seguintes pode verificar-se:

Fig. 15. Total de peças por época vs. número de peças com fotografias nos LRR.

1) o número de espectáculos com fotografias apresenta grandes oscilações ao longo do período, com uma ligeira tendência para aumentar no curso do tempo; 2) o número de espectáculos por época tem tendência a diminuir no período; 3) só 25% do total de peças tiveram documentação fotográfica nos LRR; 4) apesar de variável, verifica-se uma tendência para o aumento desta percentagem, que se justifica com a diminuição da média do número de peças representadas por época. À medida que se caminha para o fim do período, o número de peças com fotografias torna-se, por isso, mais significativo, com taxas de 100% em alguns anos (1966-67, 1967-68, 1969-70, 1972-73, 1973-74).

Fig. 16. Quadro de síntese de número de fotografias por peça

Quanto ao volume de fotografias, pode verificar-se terem sido usadas, ao todo, nos LRR, mais de seis centenas de imagens. E, quanto à sua distribuição, com uma média de mais de 18 fotografias por época, é perceptível que foi bastante irregular, verificando-se situações extremas, de 3 e 47 fotografias por época.

Fig. 17. Número de fotografias vs. número de representações da peça.

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Fig. 18. Total de fotografias por época.

Apesar destas variáveis, resulta clara a existência de um programa de documentação fotográfica que importa questionar. No que respeita à autoria das imagens, apenas foi possível identificar o fotógrafo responsável a partir de alguns trabalhos da época de 1943-44, com a presença de Horácio Novais, com as fotografias das peças Frei Luís de Sousa, Otelo, Os Maias, Férias e Antígona.10 Segue-se depois um vazio autoral das imagens até 1948-49, quando surgem os trabalhos de Ismael Jorge Ferreira sobre as peças Outono em Flor, A senhora das brancas Mãos, Chuva perigosa, ou Cardeal Primaz, esta de 1949-50, e provavelmente outras peças destas duas épocas, sem confirmação ainda. Ismael Ferreira volta a fotografar, para a companhia nas peças O vestido de Noiva (1951-52) e Sonho de uma noite de verão (1952-53). Em 1951-52, Manuel Monteiro fotografa Crime e Castigo, sendo as imagens de A menina tonta, da época seguinte da responsabilidade do fotógrafo dos Estúdios técnicos - Fotografia e Cinema11, e A história da carochinha, em 1953-54, da casa Instanta. Furtado D’Antas fotografou, pelo menos, A terceira palavra e Pleito de família, respectivamente em 1954-55 e 1956-57. A restante época de 1956-57 e as seguintes até 1958-59 foram documentadas por Artur Costa de Macedo, que se intitula “técnico Foto- Cinegráfico”12. Na última época da década, José Marques (1924-2012) ocupará o lugar de fotógrafo residente. Não obstante a colaboração deste autor com outras instituições, será a partir de agora o fotógrafo de todas as produções da Companhia RC-RM, no TNDMII até 1966 e nos outros espaços que a companhia ocupou em virtude do incêndio que destruíra aquele teatro.

Fig. 19. Fotógrafos identificados no LRR e quantidades de fotografias.

Uma das questões que se coloca é de saber por que razão se optou por uma peça em detrimento de outra; quais os critérios para decidir quais as peças que deveriam ser acompanhadas pela designada “documentação fotográfica”. Até ao momento, pouco ou nada se apurou acerca da contratação dos fotógrafos e da selecção das imagens, em particular no que respeita ao período anterior a José Marques. Além da diferença notada entre o número de peças representadas e as documentadas fotograficamente nos LRR, a análise do repertório visado foi pouco esclarecedora. As peças com anexo fotográfico tanto correspondem a estreias como a reposições; não estabelecem uma relação directa com o tempo que estão em cena: há fotografias tanto de peças que tiveram 2 apresentações como outras que contaram mais de 150. E também nenhuma relação directa parece existir entre o número de fotografias e o “tempo de vida” da peça, variando o número de fotos entre 1 e 15 por peça. Por exemplo, a peça O Vendaval com 42 apresentações, tem 8 fotografias anexas, o mesmo número de fotografias 10 Uma análise das fotografias coladas no álbum de 1934-43(56) aponta para três autorias distintas: Horácio Novais assina as fotografias do Frei Luís de Sousa (1943), a A.N.R. – Agência Nacional de Reportagens assina imagens referentes ao Amor de Perdição (1956) e as restantes fotografias podem ser trabalho de um mesmo autor, não identificado, tendo em conta o papel, acabamentos e enquadramentos das fotografias. 11 Com estabelecimento na Av. Almirante Reis. 12 Com estabelecimento na Av. Da Liberdade.

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que se encontra associado à peça O leque de Lady Windermere, apresentada 118 vezes, quase o triplo da anterior. Já a peça Tango que foi à cena 140 vezes, tem anexas apenas 5 fotografias. Não obstante a necessidade de analisar o espólio da companhia RC-RM no MNT, a recente aquisição por parte do TNDM II do espólio13 do fotógrafo José Marques veio permitir um confronto esclarecedor entre os vários materiais. Graças à disciplina de trabalho e ao rigor na organização do seu espólio, o fotógrafo José Marques legou um conjunto de instrumentos de trabalho cruciais para a compreensão da sua obra. José Marques deixou o registo de todos as suas fotografias, desde 1849, numeradas e identificadas, numa verdadeira articulação entre livros de registo, pastas de negativos e provas.

Fig. 20. Prancha com fotografias de cena da peça Vendaval (LRR)

A consulta destes materiais permite desde logo saber que J. Marques documentou praticamente todas as peças desde que passou a integrar o “elenco” do Nacional, o que torna ainda mais pertinente entender a escolha do “fiel-arquivista” ao longo dos anos. Marques dizia numa entrevista a Jorge Silva Melo que “Quem escolhia as fotografias no Teatro Nacional eram a Amélia Rey Colaço e o Luciano Donat [...]” (MELO et al. 2003: 111), mas referia-se certamente ao volume de fotografias que o Teatro adquiria e não especificamente às imagens que seriam integradas nos LRR.

Fig. 21. Registo da peça Madame Sans-Gêne no LRR.

13 Em 2013 o TNDNM II adquiriu aos herdeiros de José Marques o espólio do fotógrafo, constituído por mais de 100.000 imagens, na sua grande maioria de Teatro (de 1949 a 2011), mas também de Vida Social (sobretudo pós-25 de Abril), em vários suportes e formatos: negativos de vidro, negativos de película, provas fotográficas, fotografia digital, livros, slides, provas de contacto e de livros de registo.

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Atente-se ao caso concreto de uma peça: a Madame Sans-Gêne, levada à cena em Maio e Junho de 196114. De acordo com o seu livro de registos, José Marques realizou cerca de 220 fotografias desta peça ao longo de 20 sessões15. Cruzando as datas das sessões com as datas de apresentação do espectáculo, é possível determinar que oito sessões tiveram lugar nas duas semanas que antecederam a estreia, uma sessão corresponde ao dia da própria estreia, 11 de Maio, e as restantes onze acompanharam o tempo de vida do peça nesta temporada, até ao penúltimo espectáculo. Das 220 fotografias, foram integradas apenas 10 no LRR, todas produzidas nos 10 dias que antecederam a estreia da peça. Apesar de serem fotografias anteriores à estreia, são feitas no palco com todos os cenários, adereços e figurinos. Nestas sessões, Marques teria uma liberdade de movimentos que não encontrava nas apresentações com público, nomeadamente na escolha do ponto da tomada de vistas, a partir da plateia central. Talvez por isso, a escolha recaia nestas fotografias!

Fig. 22 a 24. Fotografias de cena da peça Madame Sans-Gêne no LRR.

Fig. 25 e 26. Fotografias de cena da peça Madame Sans-Gêne no LRR.

Se bem que este estudo não seja conclusivo, é contudo de destacar o elevado interesse dos LRR – do ponto de vista da fixação de uma memória da actividade de uma companhia tão marcante como foi a RC-RM, sendo importante questionar no futuro as possibilidades da sua leitura à luz dos conceitos de photobook ou modelbuch16.

Fig. 27 a 30. Fotografias de cena da peça Madame Sans-Gêne no LRR. 14 A peça estreou no TNDMII em 11 maio e fez a última representação em 18 de Junho; repetiu no ano seguinte, 1962. 15 Esta informação é crucial para caracterizar o processo de trabalho deste autor, o que permite estabelecer confronto com outras relações laborais de fotógrafos-encenadores ou fotógrafos-actores: por exemplo, Agnès Varda e Jean Vilar, Roger Pic e a companhia Rennaud-Barraud (1946-70) ou a Ópera de Paris (1959-70) ou o TNP de Georges Wilson (1963-72) ou o Théâtre des Nations (1957-72). 16 Tomando como referência os Modelbucher de Bertolt Brecht.

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Referências bibliográficas MELO, Jorge Silva, et al. (2003), “Fotografar teatro”, Artistas Unidos -­ Revista, (9), p.98 - 133. SEQUEIRA, Gustavo de Matos (1955a), História do Teatro Nacional D. Maria II: publicação comemorativa do centenário 1846-­1946. 2 vols., 1. Lisboa: Teatro Nacional D. Maria II. -------------------------- (1955b), História do Teatro Nacional D. Maria II: publicação comemorativa do centenário 1846-­1946. 2 vols., 2. Lisboa: Teatro Nacional D. Maria II.

Filipe Figueiredo Investigador do CET (FL/UL), integra o projecto OPSIS, doutorando em Estudos Artísticos - fotografia de teatro (bolseiro FCT), IADE-U Instituto de Arte, Design e Empresa - Universitário

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