Filhos de Deus: desconstruindo o dogma separatista das igrejas evangélicas do Brasil.

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FILHOS DE DEUS: desconstruindo o dogma separatista das Igrejas evangélicas do Brasil Autor: Vandré Marques e Silva1 2 Timóteo 2;19 Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.

1. INTRODUÇÃO Bem-aventurados os mansos, pois herdarão a terra! Lembro-me do dia da minha conversão... 1.1 PARÁBOLA DO SEMEADOR Marcos 4; 3 ss Ouvi: Eis que saiu o semeador a semear. E aconteceu que, semeando ele, uma parte da semente caiu junto ao caminho, e vieram as aves do céu e a comeram. E outra caiu sobre pedregais, onde não havia muita terra, e nasceu logo, porque não tinha terra profunda. Mas, saindo o sol, queimou-se e, porque não tinha raiz, secou-se. E outra caiu entre espinhos, e, crescendo os espinhos, a sufocaram, e não deu fruto. E outra caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu; e um produziu trinta, outro, sessenta, e outro, cem. E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça. Assim é para com a igreja. Nem todos podem receber esta palavra. Mas aquele que tiver o terreno fértil em seu coração, que a receba. 1.2. APRESENTANDO UMA DOUTRINA SEPARATISTA Justiça, bondade, misericórdia, fraternidade... são os mais importantes valores deixados pela mensagem do Cristo, constituindo os alicerces sobre os quais seria construído um mundo justo e solidário, hoje inexistente, mas que haverão de governar os homens no Reino de Deus.

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Juiz de direito, formado em teologia pelo Instituto Bíblico das Assembleias de Deus - IBAD, membro da Igreja Evangélica Ministério Grão de Mostarda em Palmas-TO.

No entanto, as religiões tem deturpado a essência da mensagem do Mestre. E no lugar de justiça, bondade, misericórdia, em suma, do amor que deveria unir os homens independentemente de suas diferenças, temos o fanatismo, a religiosidade, o orgulho e a divisão. Atualmente, muitos têm pregado a doutrina da dualidade entre filho de Deus e criatura. Segundo esta doutrina, aquele que “aceita Jesus” é filho de Deus, enquanto aquele que não o faz não é filho de Deus, mas apenas criatura. A ideia funda-se na interpretação – equivocada, e veremos porque – de alguns versículos da Bíblia, sendo o mais citado o seguinte: João 1; 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome. E costuma-se dizer: quem é evangélico é filho de Deus; quem não é, é criatura. Como se o amor de Deus fosse um amor humano, limitado, condicionado, e o pior, direcionado a determinado seguimento religioso. Como já ouvi dizer: “Deus ama mais quem é evangélico”. Cuida-se de uma doutrina fruto do orgulho humano, que cria verdadeira divisão entre os homens, afastando-os do amor ensinado por Jesus. Diante disto, pergunta-se: seria lícito perante os olhos do Pai, que não faz acepção de pessoas, e que prima pelo amor e pela fraternidade entre as criaturas, aceitar essa diferenciação? A Bíblia ensina que “a letra mata, mas o espírito vivifica”. E que “por falta de conhecimento, o povo foi destruído”. Como advertiram os apóstolos: Romanos 12 Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. 1 Pedro 2 Deixando, pois, toda malícia, e todo engano, e fingimentos, invejas, e todas as murmurações,

desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que, por ele, vades crescendo, se é que já provastes que o Senhor é benigno. Utilizemos a faculdade da razão. Analisemos o preconceito embutido nessa doutrina e vejamos o quanto ela pode afastar o homem do seu irmão. Não somos melhores que ninguém. 2. OS SIGNIFICADOS DA PALAVRA “FILHO DE DEUS” Sabemos que, tanto no português como no hebraico, uma palavra pode ter mais de um significado. E é natural, por isto mesmo, que haja diversidade de interpretações, cabendo a nós, interpretes, buscar as que mais se aproximam da verdade ensinada por Jesus Cristo, que expressou a boa, perfeita e agradável vontade de Deus. 2.1 O SALVADOR A primeira dimensão da palavra “filho de Deus” diz respeito a Jesus, o Messias, o unigênito, Salvador e Redentor da humanidade, que foi gerado pelo Espírito Santo. Quanto a isto, desnecessário maiores delongas. A controvérsia está no segundo e no terceiro sentido atribuído à palavra. 2.2 FILHO DE DEUS – HERDEIRO DO REINO DE DEUS Apocalipse 21; 7 Quem vencer herdará todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho. Esta passagem se encontra no final do livro do apocalipse, quando João evangelista descreve o juízo final, o julgamento pelas obras, a inscrição no livro da vida e a descida da Nova Jerusalém, a cidade santa. “Vencer”, em Ap 21;7 está no sentido de ser fiel até o fim, não no sentido de fidelidade religiosa, porque cada pessoa tem sua religião e nenhuma delas, inclusive a nossa, é detentora da verdade absoluta. Está no sentido de obedecer as leis naturais do amor e da justiça ensinadas e testificadas por Jesus, até o fim de nossa jornada, no juízo final. Aquele que vencer, isto é, permanecer fiel até o fim, será salvo. Aliás, é isto que o próprio Jesus ensina [Mt 24;13]. “Filho”, no sentido de herdeiro, é o sentido que consta de Rm 8;14 ss. Rm 8;14 ss 14 Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.

15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. 16 O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. 17 E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados. Feita uma leitura prévia desses versículos, podemos entender melhor o que está escrito em João 1;12. João 1; 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome. Pois bem. O primeiro questionamento que se faz a respeito do tema é o seguinte: Qual o sentido da palavra “crer”, para ser salvo? Aceitação sincera de uma norma de conduta ou uma crença religiosa? Ora, quem crê em Jesus é porque verdadeiramente o aceita; e só o aceita quem verdadeiramente o ama.

João 14 15 Se me amardes, guardareis os meus mandamentos. 21 Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, este é o que me ama. João 15 12 O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. 17 Ameis uns aos outros: isto vos mando.

Paulo diz que “todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” [Rm 8;14]. E quem são guiados pelo Espírito de Deus? Os que declararam formalmente que Jesus é o salvador ou os que praticam o seu mandamento? Sabemos que o amor é a virtude maior, que abrange também a prática da justiça, sintetizada nesta máxima: “faça aos outros aquilo que queres que te façam: esta é a Lei e os Profetas” [Mt 7;12]. Ora, muito antes da vinda de Jesus e da própria Lei de Moisés, Deus já guiava os justos:

Gênesis 6;9 Estas são as gerações de Noé: Noé era varão justo e reto em suas gerações; Noé andava com Deus. Por outro lado, Paulo também afirma uma condição para estar com Cristo: “somos herdeiros (...); se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados” [Rm 8;17]. Portanto, é necessário padecer com Cristo, para estar com ele. Vale dizer: renunciar ao mundo. Eis o verdadeiro significado da cruz do calvário. Ele veio ao mundo por amor a nós e morreu por nós, para nos mostrar o caminho do amor, que é a negação do próprio “eu”. Não erreis: o sangue do Cordeiro é sangue de renúncia.

Mateus 16;24 Quem quiser vir após mim, tome a sua cruz, renuncie a si mesmo e segue-me. Mateus 10;38 E quem não toma a sua cruz e não segue após mim, não é digno de mim. João 13;15 Eu vos dei o exemplo, para que, assim como eu vos fiz, façais vós também.

Podemos agora perceber que as obras não anulam o simbolismo da cruz no calvário. Muito pelo contrário, elas o completam. Por outro lado, independentemente de religião, o homem pode ser justificado pelas obras? Sim. É a própria Bíblia que responde:

Tiago 2 14 Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? 24 Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé.

Vale a pena refletir bem, para poder digerir esta palavra. “Obra não salva ninguém”? Depende. - 1ª Hipótese: Se essas obras são as “obras da lei”, mencionada por Paulo em suas cartas, abrangendo a circuncisão, o dízimo, os sábados, restrições alimentares

(não comer carne de porco, p. exemplo), obviamente que não. Podemos cumprir todas as regras religiosas, mas isto não nos será “imputado por justiça”. - 2ª Hipótese: Se, por outro lado, não nos referimos às obras da lei, mas sim às obras de caridade que sejam realizadas para “vanglória”, com o objetivo da autopromoção, estas não possui valor nenhum para Deus e, logicamente, não pode conduzir à salvação. “Não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita” [Mt 6;3]. - 3ª Hipótese: Se, porém, trata-se de obras realizadas como consequência do amor ensinado por Jesus, que nada mais é do que “a fé operada pelo amor” [Gl 5;6], despidas de qualquer intenção de reconhecimento ou vaidade, estas tem grande valor aos olhos do Pai. Como Deus vai abandonar seu obreiro? A caridade pura é a obra de Deus por excelência, e o que a praticam herdarão o seu Reino, porque está escrito: Mateus 25;31 ss Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.

Observe que a “graça” não anula o empenho para as boas obras. Veja que Paulo ao falar da graça, completa: “porque somos feituras sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” [Ef; 2;10]. Em outras palavras, resumindo:

Mateus 13;49 Assim será na consumação dos séculos: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos. E como são reconhecidos os justos? Pela sua opção religiosa? Não, os justos são reconhecidos pelas suas obras, assim como a árvore é reconhecido pelos seus frutos [Mt 7;17].

Com efeito, seria um absurdo admitir que somente os adeptos de um determinado seguimento religioso irão para o céu, e todos aqueles que viveram antes de Jesus – ou mesmo antes de Martinho Lutero (pai da igreja evangélica), que iniciou a reforma protestante, como alguns preferem – ficarão no inferno. Não podemos admitir dois pesos e duas medidas, até porque, como diz a Bíblia, Deus é justo, é perfeito e Ele não muda. O que muda são as leis humanas, sociais e religiosas. As leis naturais, diversamente, contudo, são imutáveis. E só há uma lei natural e ela é universal e imutável. Ela se aplica a qualquer povo, em qualquer época, em qualquer latitude terrestre, e não depende de religião. E essa lei é a Lei do Amor e da Justiça. De resto, Jesus Cristo não veio para condenar.

Mateus 9;11 ss E aconteceu que, estando ele em casa sentado à mesa, chegaram muitos publicanos e pecadores e sentaram-se juntamente com Jesus e seus discípulos. E os fariseus, vendo isso, disseram aos seus discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? Jesus, porém, ouvindo, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não sacrifício. Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento. Mateus 12;7 Se vós soubésseis o que significa: “Misericórdia quero e não sacrifício”, não condenaríeis os inocentes. Mateus 15;24 Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Concluindo esta parte, quem são os filhos de Deus, no sentido de herdeiros da vida eterna? Não é o judeu, nem o grego. Não é o evangélico, o católico, o espírita, o budista, o mulçumano ou o ateu. É o justo.

Romanos 2;5 ss Segundo a tua dureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus, o qual recompensará cada um segundo as suas obras, a saber:

vida eterna aos que perseveram em fazer bem, buscam a Glória de Deus, e não se corrompem; indignação e ira aos que são contenciosos e desobedientes à verdade e obedientes à iniqüidade; tribulação e angústia sobre toda alma do homem que faz o mal, primeiramente do judeu e também do grego; glória, porém, e honra e paz a todo aquele faz o bem, primeiramente ao judeu e também ao grego; porque, para com Deus, não há acepção de pessoas. De outra forma, Jesus não teria dito no sermão da montanha:

Mateus 5;7-9 Bem aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão a misericórdia; Bem aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Quem alcançará a misericórdia? Os católicos, os evangélicos? Não, os misericordiosos? Quem verá a Deus? Os limpos de coração, não necessariamente os adeptos de alguma religião em particular, que, aliás, Jesus não faz menção em momento algum. E quem serão chamados “filhos de Deus”? Os pacificadores. Nesse sentido, não chegamos aos pés de homens e mulheres que deram sua vida por amor à humanidade: Madre Teresa de Calcutá, Mahatma Gandhi, Irmã Dulce... E para quem ainda não se deu por convencido, vale lembrar do episódio em que Jesus foi tentado por certo doutor da lei, que era judeu e fariseu, e não reconhecia em Jesus como Messias, indagando-o sobre como fazer para herdar a vida eterna:

Lucas 10;25 ss E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento [Dt 6;5] e ao teu próximo como a ti mesmo [Lv 19;18]. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso e viverás.

E Paulo completa: “Toda lei se resume numa só palavra: amarás a teu próximo como a ti mesmo” [Gl 5;14]. Porque, inclusive, não se pode amar a Deus sem amar ao próximo.

2.3 FILHO DE DEUS – CRIATURA (NÃO NECESSARIAMENTE HERDEIRO) Queremos, aqui, combater veementemente a dualidade criada por esta falsa doutrina: filho de Deus x criatura. Primeiro

porque

toda

criatura

é

filho

de

Deus,

embora

não

necessariamente herdeiros do Reino preparado pelo Pai. A dualidade filhos de Deus x criatura não existe na bíblia, sendo, portanto, uma construção doutrinária. Não há nenhuma passagem na Bíblia dizendo que as criaturas não são filhos de Deus. Contudo, podemos constatar o inverso: Paulo em Rm 3;29 pergunta: “É porventura Deus somente dos judeus? E não o é também dos gentios?”; Malaquias, no capítulo 2 indaga: “Não temos todos nós um mesmo Pai? Não nos criou um mesmo Deus?”. Em Jó 31;15, vemos que Deus formou o servo e seu senhor do mesmo modo. Por fim, Isaías, por volta de 765 a 681 anos antes de Cristo já pregava: “Mas agora, ó SENHOR, tu és nosso Pai; nós o barro e tu o nosso oleiro; e todos nós a obra das tuas mãos” (Is 64;8). Do contrário, quem fez o homem? O diabo? Lembremos que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus (Gn 1;26) e, como tal, todo ser humano é digno de respeito. Há filhos obedientes e há filhos desobedientes, mas somente aqueles que obedecem à lei natural do amor e da justiça – ensinada e testificada pelo modelo, que é Cristo – herdarão o reino de Deus. Jesus ainda conta a parábola do filho pródigo, representando o pecador que se reconcilia com o Deus, mas que nunca deixou de ser amado e chamado de filho. No velho testamento, 1Rs, vemos que Salomão cometeu homicídios no início de seu reinado, além de outros pecados que o comprometeram seriamente. Mas Deus o chamava de “filho meu”. Segundo, Jesus revelou um Pai amantíssimo, doador de graças e misericórdia, demonstrando um modelo de paternidade perfeita, acima de qualquer exemplo humano. Se a paternidade terrena, imperfeita e deficiente, vela em favor dos filhos, que dizer da Paternidade de Deus, que sustenta o Universo ao preço de inesgotável amor? Mateus 7;9 ss E qual dentre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus...

Quando lemos em João 3 que “Deus amou o mundo de tal maneira”, enviando seu filho “não para que condenasse o mundo, mas parque o mundo fosse salvo por ele”, vemos que o amor de Deus é incondicional; que ele ama tanto o justo quanto o pecador; que Deus abomina o pecado, mas ama o pecador. E seu amor é maior do que o amor de um pai de excelência. Terceiro, porque não temos o direito de julgar o nosso próximo, pois o julgamento pertence somente a Deus. E só o Senhor conhece os seus, não podendo o pensamento do homem alcançar o pensamento de Deus [Is 55]. Quarto, porque vangloriar-se e fazer acepções de pessoas é prática abominável e antifraterna, repudiada desde o tempo de Moisés.

Deuteronômio 10;17 ss Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e tremendo, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas; que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e veste. Pelo que amareis o estrangeiro, pois fostes estrangeiros na terra do Egito. Levítico 19;33 ss E, quando o estrangeiro peregrinar convosco na vossa terra, não o oprimireis. Como o natural, entre vós será o estrangeiro que peregrina convosco; amá-lo-eis como a vós mesmos, pois estrangeiros fostes na terra do Egito. Eu sou o SENHOR, vosso Deus. Se também já foste um pecador, alguém perdido nas paixões mundanas, porque agora se julgar superior àqueles que se encontram nesta condição, sabendo que: 1) aquele ímpio poderá um dia se tornar um justo e ganhar o reino de Deus; 2) o justo pode se desviar do caminho e perder a sua salvação; 3) somente os que perseverarem até o fim será salvo.

Mateus 21;28 ss Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos e, dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas, depois, arrependendose, foi. E, dirigindo-se ao segundo, falou-lhe de igual modo; e, respondendo ele, disse: Eu vou, senhor; e não foi.

Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram-lhe eles: O primeiro. Disselhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no Reino de Deus. Porque João [o Batista] veio a vós no caminho de justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; Isto sem dizer que, dentro das igrejas todas as pessoas falíveis, com as pessoas do mundo; e muitas aceitaram Jesus, se dizem crentes, mas continuam debaixo do pecado. Lembro-me de Paulo, quando escreveu aos cristão que estavam em Roma:

Romanos 3;9 ss Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. Vale considerar que a carta de Romanos foi escrita por volta de 57 d.C, citando passagem de salmos escritos por Davi, há mais de 900 anos a.C (Sl 14 e 53).

Isaías 65;1 ss 1 Fui buscado pelos que não perguntavam por mim; fui achado por aqueles que me não buscavam; a um povo que se não chamava do meu nome eu disse: Eis-me aqui. 2 Estendi as mãos todo o dia a um povo rebelde, que caminha por caminho que não é bom, após os seus pensamentos; 5 E dizem: Retira-te, e não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu. Estes são uma fumaça no meu nariz, um fogo que arde todo o dia. Romanos 9;25 ss Como também diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; e amada, à que não era amada. E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo, aí serão chamados filhos do Deus vivo.

Também está em Isaías: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. Mateus 8;11 Muitos virão do Oriente e do Ocidente e assentar-se-ão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó, no Reino dos céus. Ouve Israel, destronai o orgulho do vosso coração!

Tito 3;2 Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas sejam sim modestos, mostrando toda mansidão para com todos os homens. Filipenses 2;3 Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Tiago 2;8-9 Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redargüidos pela lei como transgressores.

3. CONCLUSÃO Queridos, não julguemos. Não nos cabe limitar o Amor do nosso Pai Eterno. Ao invés disso, que possamos conhecer mais de perto a Vontade de Deus, que é “fazer o bem” (1 Pedro). Se fizemos uma opção religiosa, é para aprendermos a fazer o bem, a si mesmo (exercendo o domínio próprio) e ao próximo (amando como Jesus ensinou). Não podemos, no entanto, pregar a união sob a exclusividade religiosa, pois Deus fez cada pessoa diferente, que pode se identificar ou não com determinada forma de culto ou doutrina. O importante é que cada pessoa aprenda a fazer bem, para colher o bem, independente de sua crença, que é um direito inviolável do ser humano. E não há melhor forma de ensinar, senão através do exemplo, dando o testemunho do amor de Cristo. Em breve, nos encontraremos, num mundo fraterno, onde o amor reinará e as diferenças serão respeitadas. Independentemente de religião, ouçamos a voz do Mestre: amemos uns aos outros e seremos os eleitos do Pai.

João 10;27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço e elas me seguem.

Oremos pelo Brasil.

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