Filipe Nyusi não está a governar! (Novembro, 2015)

June 15, 2017 | Autor: Dércio Tsandzana | Categoria: Mozambique, Frelimo, Renamo, Moçambique, Tsandzana, Filipe Nyusi
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Filipe Nyusi não está a governar! Quando o Presidente da República completou 100 dias governação, escrevi um artigo com o título ‘’Cem dias sem Governação de Filipe Nyusi’’. No mesmo fazia alusão para vários elementos que teriam condicionado os primeiros 100 dias de governação do presidente, onde destacava-se: a) O Governo tem praticamente sete meses para governar e mostrar serviço Os meses de Janeiro à Abril praticamente não tivemos grandes acções governativas, o Presidente da República tomou posse no dia 15 de Janeiro. O executivo foi composto uma semana depois e tivemos uma reformulação ministerial o que vai acarretar o seu tempo e recursos financeiros, pois, é uma remodelação que vai requer uma grande ginástica inter-sectorial. Aliado a isso nota-se que o mês de Dezembro normalmente será reservado ao informe presidencial na casa do povo e outras acções de remendo entre felicitações e baquetes. b) O PES e o OGE começam a funcionar a partir de Maio, enquanto instrumentos anuais Somente no dia 30 de Abril o Presidente da República promulgou e mandou publicar a lei sobre o Orçamento Geral do Estado e desde a tomada de posse ou a realização das eleições o país está com um défice económico e vinha funcionado com duodécimos. Não menos importante, pode-se referir que desde meados de 2014 os recursos naturais de que o país se orgulha ter entraram em declínio com a baixa dos preços e de cotação no mercado internacional, agravado com os abandonos de grandes empresas de mineração e/ou venda de acções; c) A submissão à Assembleia da República do projecto da Renamo e consequente reprovação:

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A finalizar, o início da governação de Filipe Nyusi foi marcado com uma série de encontros com várias personalidades, entre elas destaca-se o encontro com o líder da Renamo. Após este encontro vimos um desdobrar de acções com vista à submissão do projecto de lei sobre as autarquias provinciais que foi reprovado pelo voto maioritário da Frelimo e deixando cada vez mais incerto o futuro do país. Pior do que isso é o estagnar do diálogo no Centro de Conferências Joaquim Chissano que já passou da ronda 100 sem se vislumbrar nenhum avanço a curto prazo. Situação actual: Passados agora mais de cem dias me vejo (de novo) aqui a escrever nos mesmos moldes ou até numa situação pior em relação a avaliação do presente governo. O facto é que o Presidente da República não está a governar este país, apenas tem passado os dias a gerir problemas e a lamentar-se sobre os mesmos. Tenho a plena noção que governar é gerir expectativas, é resolver problemas e se estes não existem então não vale a pena termos um governo. A minha maior inquietação e frustração é que o Presidente Nyusi ainda não começou a implantar o seu ADN que pareceu possuir no dia 15 de Janeiro, encontrando-se (até agora) a arrumar a casa. Mesmo sabendo que o PR tem qualidades de um gestor, é preciso lembrar que o país não é um empresa. Mas, o que explica este marasmo todo ? 1. Tentáculos fortes continuam a comandar a Frelimo Quando Nyusi tomou os dois poderes (Presidente da República e Presidente da Frelimo), referiu-se em vários quadrantes que estavam criadas as condições para Filipe Nyusi governa-se em pleno o país. De balde, com esses meses até esta parte provou-se totalmente o contrário, pois, é notória a dissonância de discursos e desencontros de acções entre membros influentes do partido Frelimo e o discurso do Presidente. Em outra linguagem diria que é a própria Frelimo que está a sabotar o Presidente da República.

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2. Legado negro do anterior governo Estamos sem dúvidas mergulhados num crise económica, político e militar. O anterior governo deixarou um enorme fardo ao Presidente Nyusi. A crise política que se arrasta com a Renamo é um sinal claro de que a governação não vai avante enquanto não se resolver essa questão. Não passa só por sentar e dialogar, passa acima de tudo por dialogar e propor soluções com metas para que este impasse termine. Ademais, a crise económica é resultante da má gestão e roubalheira do anterior executivo, colocando-nos numa situação de ter um país que está a ser gerido por ‘’quinhetas’’, onde o investimento escasseia e o crescimento económico e social deteriora. Está claro que fomos roubados pelos nossos dirigentes no anterior mandato e hoje esse mal recai sobre aqueles que no lugar de governar gerem dívidas e mais dívidas: Propostas de soluções: 

Que a camaradagem política não se sobreponha aos interesses da nação quando chamados os verdadeiros culpados pela crise económica que hoje se instalou, começando com um trabalho sério por parte da Procuradoria-Geral da República;



Que seja o diálogo a única forma de consenso para o alcance da PAZ, com o envolvimento de todos aos quadrantes sociais, onde não temos tudo para a Renamo e a Frelimo, e nada para o povo.

É preciso que o PR resgate o seu carisma e popularidade que atiçaram as expectativas dos moçambicanos na leitura do discurso de tomada de posse no dia 15 de Janeiro de 2015. Escrito por Dércio Tsandzana Activista, cidadão-repórter, bloguista Novembro, 2015

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