Filosofia da Biologia e Teoria Evolutiva Claudio Ricardo Martins dos Reis
[email protected] Março de 2017
Perguntas iniciais
Perguntas iniciais 1. Que relações será que existem entre filosofia e ciência/biologia?
2. Que relações deveriam existir?
Filosofia
?
Ciência│Biologia
Não há tal coisa como ciência livre de filosofia; há apenas ciência cuja bagagem filosófica é tomada a bordo, sem exame. Daniel Dennett, Darwin’s Dangerous Idea, 1995
Breve contextualização
Breve contextualização
A filosofia e a ciência eram inseparáveis até o Renascimento (séc. XVII). É na Modernidade que a ciência começa a se desprender gradativamente da filosofia. Nos séc. XVI e XVII temos a filosofia natural, em obras como as de Francis Bacon, Galileo Galilei, Isaac Newton, entre outros.
Breve contextualização O positivismo de Auguste Comte e Saint Simon (séc. XIX) marca uma quebra na relação entre estes dois campos do saber. A partir daí a comunidade científica diminui profundamente o diálogo com a filosofia, o que segue até a primeira metade do século XX. A partir da segunda metade do séc. XX há um estreitamento da relação entre filosofia e ciência, o que fica nítido no caso da biologia.
Breve contextualização
Breve contextualização
Karl Popper
Breve contextualização
Karl Popper
Thomas Kuhn
Breve contextualização
Hugh Lacey Karl Popper
Thomas Kuhn
Breve contextualização Três momentos da filosofia da ciência│da biologia:
1. Positivismo lógico│(Ruse,1973, Hull, 1974) Ideal reducionista
Breve contextualização Três momentos da filosofia da ciência│da biologia:
1. Positivismo lógico│(Ruse,1973, Hull, 1974) Ideal reducionista
2. Um papel para a história e para as especificidades das ciências│(Mayr,1988)
Biologia como ciência autônoma
Breve contextualização Três momentos da filosofia da ciência│da biologia:
1. Positivismo lógico│(Ruse,1973, Hull, 1974) Ideal reducionista
2. Um papel para a história e para as especificidades das ciências│(Mayr,1988)
3. Interface entre ciência e sociedade (Lacey, 1999; Kitcher, 2001, 2011) Além de temas do item 2
Biologia como ciência autônoma
Ciência e valores, usos e abusos da ciência
Breve contextualização Três momentos da filosofia da ciência│da biologia:
1. Positivismo lógico│(Ruse,1973, Hull, 1974) Ideal reducionista
2. Um papel para a história e para as especificidades das ciências│(Mayr,1988)
3. Interface entre ciência e sociedade (Lacey, 1999; Kitcher, 2001, 2011)
Biologia como ciência autônoma
Ciência e valores, usos e abusos da ciência
Além de temas do item 2 Como biólogos, Lewontin e Gould “pregaram no deserto” com suas críticas nos 70’ e 80’??
Breve contextualização Três momentos da filosofia da ciência│da biologia:
1. Positivismo lógico│(Ruse,1973, Hull, 1974) Ideal reducionista
2. Um papel para a história e para as especificidades das ciências│(Mayr,1988)
3. Interface entre ciência e sociedade (Lacey, 1999; Kitcher, 2001, 2011)
Biologia como ciência autônoma
Ciência e valores, usos e abusos da ciência
Além de temas do item 2 Como biólogos, Lewontin e Gould “pregaram no deserto” com suas críticas nos 70’ e 80’??
Três livros centrais para a formação da filosofia da biologia como campo de investigação
Três livros centrais para a formação da filosofia da biologia como campo de investigação
The Philosophy of Biology Michael Ruse, 1973
Philosophy of Biological Science David Hull, 1974
Três livros centrais para a formação da filosofia da biologia como campo de investigação
1988
Três livros centrais para a formação da filosofia da biologia como campo de investigação
1988
The Philosophy of Biology Michael Ruse, 1973 Cap. 1. Introdução Cap. 2. Genética mendeliana Cap. 3. Genética de populações Cap. 4. A teoria da evolução I: A Estrutura Cap. 5. A teoria da evolução II: A Explicação Cap. 6. A teoria da evolução III: Provas Cap. 7. Taxonomia I. O enfoque evolucionista Cap. 8. Taxonomia II. O desafio fenetista Cap. 9. O problema da teleologia Cap. 10. A biologia e as ciências físicas
The Philosophy of Biology Michael Ruse, 1973 Cap. 1. Introdução Cap. 2. Genética mendeliana Cap. 3. Genética de populações Cap. 4. A teoria da evolução I: A Estrutura Cap. 5. A teoria da evolução II: A Explicação Cap. 6. A teoria da evolução III: Provas Cap. 7. Taxonomia I. O enfoque evolucionista Cap. 8. Taxonomia II. O desafio fenetista Cap. 9. O problema da teleologia Cap. 10. A biologia e as ciências físicas
The Philosophy of Biology Michael Ruse, 1973
TE: 4 de 10 caps.
Cap. 1. Introdução Cap. 2. Genética mendeliana Cap. 3. Genética de populações Cap. 4. A teoria da evolução I: A Estrutura Cap. 5. A teoria da evolução II: A Explicação Cap. 6. A teoria da evolução III: Provas Cap. 7. Taxonomia I. O enfoque evolucionista Cap. 8. Taxonomia II. O desafio fenetista Cap. 9. O problema da teleologia Cap. 10. A biologia e as ciências físicas
Philosophy of Biological Science David Hull, 1974
Cap. 1. A redução da genética mendeliana à genética molecular Cap. 2. A estrutura da teoria evolutiva Cap. 3. Teorias e leis biológicas Cap. 4. A teoria da evolução. A Explicação Cap. 5. Organicismo e reducionismo
Philosophy of Biological Science David Hull, 1974
Cap. 1. A redução da genética mendeliana à genética molecular Cap. 2. A estrutura da teoria evolutiva Cap. 3. Teorias e leis biológicas Cap. 4. A teoria da evolução. A Explicação Cap. 5. Organicismo e reducionismo
Philosophy of Biological Science David Hull, 1974
Cap. 1. A redução da genética mendeliana à genética molecular Cap. 2. A estrutura da teoria evolutiva Cap. 3. Teorias e leis biológicas Cap. 4. A teoria da evolução. A Explicação Cap. 5. Organicismo e reducionismo Teoria da Evolução: 3 de 5 caps.
Toward a New Philosophy of Biology Ernst Mayr, 1988 Cap. 1. Filosofia (autonomia da biologia, causalidade, teleologia, vida extraterrestre e ética) Cap. 2. Seleção natural Cap. 3. Adaptação Cap. 4. Darwin Cap. 5. Diversidade Cap. 6. Espécies Cap. 7. Especiação Cap. 8. Macroevolução Cap. 9. Perspectiva histórica (Weismann │ Síntese Evol.)
Toward a New Philosophy of Biology Ernst Mayr, 1988 Cap. 1. Filosofia (autonomia da biologia, causalidade, teleologia, vida extraterrestre e ética) Cap. 2. Seleção natural Cap. 3. Adaptação Cap. 4. Darwin Cap. 5. Diversidade Cap. 6. Espécies Cap. 7. Especiação Cap. 8. Macroevolução Cap. 9. Perspectiva histórica (Weismann │ Síntese Evol.)
Toward a New Philosophy of Biology Ernst Mayr, 1988
TE: 6 de 9 caps.
Cap. 1. Filosofia (autonomia da biologia, causalidade, teleologia, vida extraterrestre e ética) Cap. 2. Seleção natural Cap. 3. Adaptação Cap. 4. Darwin Cap. 5. Diversidade Cap. 6. Espécies Cap. 7. Especiação Cap. 8. Macroevolução Cap. 9. Perspectiva histórica (Weismann │ Síntese Evol.)
Podemos dizer que a Filosofia da Biologia...
Podemos dizer que a filosofia da biologia... • Tem a teoria evolutiva como tema central desde sua origem, o que segue até hoje.
Podemos dizer que a filosofia da biologia... • Tem a teoria evolutiva como tema central desde sua origem, o que segue até hoje.
(2016)
55% dos artigos publicados na Biology & Philosophy entre 1986 e 2002, e 62% entre 2003 e 2015, foram sobre evolução.
Podemos dizer que a filosofia da biologia... • Toma a teoria evolutiva como tema central desde sua origem, o que segue até hoje. • Inicia marcada por indagações próprias do positivismo lógico. (Ruse, 1973; Hull, 1974)
Podemos dizer que a filosofia da biologia... • Toma a teoria evolutiva como tema central desde sua origem, o que segue até hoje. • Inicia marcada por indagações próprias do positivismo lógico. (Ruse, 1973; Hull, 1974) • Entra, num segundo momento, com o objetivo não tanto de se encaixar na filosofia da ciência contemporânea, mas, ao contrário, de legitimar a biologia como “ciência autônoma”. (Mayr, 1988)
Podemos dizer que a filosofia da biologia... • Toma a teoria evolutiva como tema central desde sua origem, o que segue até hoje. • Inicia marcada por indagações próprias do positivismo lógico. (Ruse, 1973; Hull, 1974) • Entra, num segundo momento, com o objetivo não tanto de se encaixar na filosofia da ciência contemporânea, mas, ao contrário, de legitimar a biologia como “ciência autônoma”. (Mayr, 1988) • Num terceiro momento, passa a abordar também questões que relacionam ciência e sociedade, implicações sociais da biologia, etc. 1º Encontro (1997)
Teoria Evolutiva
Teoria Evolutiva
?
Genética de populações
Teoria Evolutiva
?
Genética de populações
• A seleção natural atua sobre fenótipos, mas isso usualmente resulta em mudanças na frequência dos alelos (genótipo). • A seleção natural atua sobre indivíduos, mas as consequências devem refletir na população.
Teoria Evolutiva
?
Genética de populações
• A seleção natural atua sobre fenótipos, mas isso usualmente resulta em mudanças na frequência dos alelos (genótipo). • A seleção natural atua sobre indivíduos, mas as consequências devem refletir na população.
Estratégia de investigação da Síntese Moderna
Experimental Quantitativa
Há um papel central para a genética de populações na Síntese Moderna
Ruse, 1973
Dobzhansky
Mayr
Simpson
Síntese Moderna da Evolução 1. A unidade da hereditariedade são os genes. 2. As variações hereditárias (mutações) são aleatórias. 3. Genótipo como projeto, fenótipo como produto (G → F). 4. ‘Seleção natural’ como mecanismo fundamental (adaptacionismo).
Fisher
2005
Jablonka
Lamb
2005
Jablonka
Lamb
• Genética • Epigenética • Comportamental
• Simbólica
2005
Jablonka
Lamb
A teoria evolutiva precisa acomodar estas quatro proposições empíricas: 1. Há mais coisas na hereditariedade do que genes; 2. Algumas variações hereditárias são não aleatórias em sua origem;
3. Algumas informações adquiridas são herdadas; 4. Alterações evolutivas podem resultar de instrução bem como de seleção.
Nature, 455: 281 – 284, 2008.
A reunião de Altenberg, Áustria, 10 – 13 de Julho, 2008
“16 de Altenberg”
2010
Pigliucci & Müller, 2010
Uma sistematização recente da proposta de Síntese Estendida da Evolução
Uma sistematização recente da proposta de Síntese Estendida da Evolução
Publicado em 2015 na Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences
MS
EES
Filosofia
Ciência│Biologia