FITOSSOCIOLOGIA DE UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA SECUNDÁRIA NO MUNICÍPIO DE PARÁ DE MINAS - MG.

August 7, 2017 | Autor: Deise Miola | Categoria: Ecología
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64º Congresso Nacional de Botânica

Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013

FITOSSOCIOLOGIA DE UM FRAGMENTO DE MATA ATLÂNTICA SECUNDÁRIA NO MUNICÍPIO DE PARÁ DE MINAS - MG. 1

Deise T.B.Miola¹*, Ana P. Marinho 1

Faculdade de Pará de Minas (FAPAM). *[email protected].

Introdução Dados recentes revelam que Minas Gerais é o estado que exerce maior pressão antrópica sobre o bioma da Mata Atlântica, tendo elevado o desmatamento progressivamente nos últimos quatro anos [1]. A expressiva perda de áreas naturais evidencia a urgência de ações de manejo, recuperação e conservação dos fragmentos florestais remanescentes. Visando fornecer dados para subsidiar ações como estas, o presente trabalho foi desenvolvido em uma área de Floresta Estacional Semidecidual Montana no Estado de Minas Gerais. A mesma faz divisa com áreas urbanizadas, agrícolas e de mineração, as quais exercem pressão negativa sobre a biodiversidade ali contida. Além disso, dados sobre a florística e fitossociologia da região são praticamente inexistes, o que motivou a realização do presente trabalho.

Metodologia O estudo foi realizado em um remanescente florestal localizado na zona rural do município de Pará de Minas (coordenadas UTM 23 K 544175, 7801274), região centro-oeste de Minas Gerais. A vegetação do fragmento é composta por 10,2 ha de mata secundária da fisionomia Floresta Estacional Semidecidual Montana em estágios médio e avançado de regeneração. Para realização do estudo fitossociológico e cálculo dos parâmetros estatísticos, a área foi dividida em dois estratos, de acordo com seu estágio sucessional (estrato 1 – estágio avançado, e estrato 2 = estágio médio de regeneração), onde foram estabelecidas arbitrariamente 26 parcelas amostrais de 10 x 30 metros, totalizando 7.800 m² de área amostrada e resultando em uma intensidade amostral de 7,65%. Em cada uma das parcelas foram registrados e identificados, todos os indivíduos vivos e mortos (em pé) que apresentaram no tronco Diâmetro à altura do peito - DAP≥5cm. A partir desses dados foram calculados os parâmetros fitossociológicos [2]: Densidade Absoluta e Relativa, Frequência Absoluta e Relativa, Dominância Absoluta e Relativa, Densidade Relativa, Área Basal e os Índices de Cobertura e de Valor de Importância. Também foi calculado o Índice de Diversidade de Shannon [3]. A suficiência amostral foi estimada pela construção da curva de acumulação de espécies.

Resultados e Discussão No levantamento realizado foram mensurados um total de 1408 indivíduos, os quais apresentaram de 1 a 8 bifurcações abaixo de 1,3m e com CAP≥15,8 cm, resultando um total de 1704 troncos mensurados, pertencentes a 123 espécies. Das 44 famílias amostradas a mais representativa foi Fabaceae com 28 espécies, seguida por Myrtaceae com 18 espécies. Duas espécies amostradas encontram-se ameaçadas de extinção: Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth. e Myracrodruon urundeuva Allemão.

As espécies que apresentaram maior número de indivíduos foram Palicourea sp e Terminalia brasiliensis Camb, com 82 e 81 indivíduos respectivamente. A categoria “Morta” também foi bastante frequente, ocorrendo em 23 das 26 parcelas amostradas, num total de 84 indivíduos. No estágio sucessional avançado a espécie Palicourea sp ocupou a primeira posição em termos de IVI (6,61%), devido à grande quantidade de indivíduos amostrados, maior desenvolvimento fustal e distribuição horizontal mais homogênea no solo da floresta. A segunda espécie em importância foi Terminalia brasiliensis Camb (6,34%) e a terceira o grupo dos indivíduos mortos (5,88%). No estágio médio a espécie com maior IVI foi Piptadenia gonoacantha (Mart.) (7,4%), seguida pela espécie Terminalia brasiliensis Camb (6,4%) e pelo grupo de indivíduos mortos (5,36%). Os cindo maiores valores de importância (IVI’s) para ambos os estrato estão distribuídas entre as seguintes espécies: Palicourea sp, Terminalia brasiliensis Camb, Morta, Piptadenia gonoacantha (Mart.), Trema micranta (L.) e Dalbergia nigra (Vell.) A categoria morta apresenta alto índice de importância em ambos os estratos, ocupando o terceiro lugar entre as espécies amostradas. Tal fato se justifica no histórico de perturbação antrópica da área e pela proximidade da mesma com áreas de exploração minerária e urbana. O índice de Shannon-Weaver (H’), que expressa a riqueza e uniformidade da comunidade vegetal, obteve o valor de 4,0 e pode ser considerado alto se comparado a outros fragmentos com semelhante grau de perturbação [4]. A amostragem foi considerada satisfatória, uma vez que se observou claramente a estabilização da curva, demonstrando a adequada suficiência amostral.

Conclusões O remanescente florestal analisado se encontra sobre forte influência antrópica, fato evidenciado pelo grande número de indivíduos mortos e com bifurcações provocadas pela rebrota após desmate. Apesar disso, a diversidade local se mantém alta, tendo sido registradas espécies raras e ameaçadas de extinção.

Referências Bibliográficas [1]FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA. 2013. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica período 20112012. Relatório Técnico, São Paulo, 61p. [2] MUELLER-DOMBOIS, D. & ELLENBERG, H. 1974. Aims and methods of vegetation ecology. New York : John Wiley & Sons. [3] MARGURRAN, A. E. 1988. Ecological Diversity and its Measurements. New Jersey: Princeton University. [4]SILVA, L. A. 2003. Composição florística de um fragmento de floresta estacional semidecídua, no município de São Carlos, São Paulo. R. Árvore: 27(.5): 647-656.

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