FLORA VASCULAR E DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES POR MICRO-HABITAT EM UM MORRO TESTEMUNHO NO SUL DO BRASIL

June 8, 2017 | Autor: Gabriel Ferreira | Categoria: Flora and Vegetation, Southern Brazil
Share Embed


Descrição do Produto

FLORA VASCULAR E DISTRIBUIÇÃO DE ESPÉCIES POR MICRO-HABITAT EM UM MORRO TESTEMUNHO NO SUL DO BRASIL Gabriel Emiliano Ferreira7 Tiago De Marchi8 João Larocca9

ABSTRACT The vegetation that developed on hill tops is singular due to the peculiarities of their microhabitats. These environments present a high biodiversity, a large number of endemics and a high number of organisms adapted to survive in extreme environments. The objective of this study was to inventory the vascular flora occurring, and to associate the distribution of the species with the local microhabitats. In total, 227 species of vascular plants were identified, 12 of them threatened of extinction, and 59 families. The most abundant families were Asteraceae (49 species), Poaceae (11 spp.) and Rubiaceae (10 spp.). The richest genera were Baccharis and Tillandsia, with five species each. The habitat with the greatest richness was the base, with 167 species and the most restricted was the hillside, with 36 spp. The microhabitats with the greatest richness were the soil of the base and the soil of the top, with 160 spp. and 131 spp., respectively. Key words: hill tops, conservation, rare species

RESUMO A flora ocorrente em morros testemunhos é singular devido às peculiaridades dos micro-habitats em que ocorrem. Estes ambientes apresentam alta biodiversidade, grande número de endemismos e muitas espécies adaptadas à sobrevivência em ambientes extremos. O objetivo deste trabalho foi inventariar a flora vascular ocorrente em um morro testemunho, além de relacionar a distribuição das espécies com os micro-habitats locais. Foram identificas 227 espécies de plantas vasculares, sendo 12 ameaçadas de extinção, pertencentes a 59 famílias. As famílias com maior riqueza foram Asteraceae (49 espécies), Poaceae (11 spp.) e Rubiaceae (10 spp.). Os gêneros mais ricos foram Baccharis e Tillandsia, com cinco espécies cada. O habitat de maior riqueza foi a base, com 167 espécies e a encosta foi a mais restritiva com 36 spp. Os micro-habitats de maior riqueza foram o solo da base e o solo do topo, com 160 spp. e 131 spp., respectivamente. 7 Doutorando no Programa de Pós Graduação em Botânica, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia - INPA, Manaus, AM, Brasil. Contato: [email protected]. 8 Professor no Curso de Ciências Biologicas, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, São Leopoldo, RS, Brasil. 9 Pesquisador e Consultor na Fundação Gaia, Pantano Grande, RS, Brasil. PESQUISAS, BOTÂNICA Nº 65:129-147 São Leopoldo: Instituto Anchietano de Pesquisas, 2014.

130

Ferreira, De Marchi & Larocca

Palavras-Chave: afloramentos rochosos, conservação, espécies raras.

INTRODUÇÃO Morros testemunhos são relevos residuais, emergentes na superfície plana da região geomorfológica da Depressão Central Gaúcha, muitas vezes relacionados a Serra Geral ou aos Patamares da Serra Geral, por possuírem uma capa basáltica no topo e uma base formada por arenito (Rambo, 1956). Por apresentarem afloramentos rochosos, grandes inclinações e solos pedregosos, estes ambientes são inviáveis para a agricultura, preservando ainda sua cobertura vegetal original. Além disso, estes ambientes rochosos possuem apenas uma camada de pouca profundidade de solo (ou mesmo nenhuma), baixa retenção de água, alto grau de insolação e alta taxa de evaporação. Essas condições ambientais proporcionam uma grande heterogeneidade topográfica e ambientes peculiares, onde apenas plantas adaptadas a essas condições conseguem se instalar e desenvolver-se nesses locais (Gröger & Barthlott, 1996; Porembski et al., 1996). Ambientes rochosos são citados por muitos autores como “ilhas xéricas” (Gröger & Barthlott, 1996; Porembski et al., 1998; Parmentier, 2003), devido à frequente formação de microclimas, podendo abrigar espécies com exigências climáticas distintas da região circundante (Larocca, 1998). As plantas que colonizam estes ambientes desenvolvem-se diretamente sobre a rocha nua, em fendas, nas almofadas de solo ou em concavidades da rocha com acúmulo de solo, gerando um mosaico de acordo com a declividade da rocha e a profundidade do solo (Meirelles et al., 1999). As espécies pioneiras instaladas sobre esses ambientes com condições extremas tendem a serem facilitadoras para a colonização por espécies de maior porte (Brooker et al., 2008). Muitos levantamentos de flora em afloramentos rochosos foram realizados na África (Porembski et al., 1996; Parmentier, 2003) e na América do Sul (Ibisch et al., 1995; Gröger & Barthlott, 1996). No Brasil, a maioria dos trabalhos concentra-se nos campos de altitude (Porembski et al., 1998; Meirelles et al., 1999; Scarano, 2002), nos cerrados rupestres (Oliveira-Filho & Martins, 1986) e, em especial, em inselbergs (Oliveira & Godoy, 2007; Porto et al., 2008) e nos campos rupestres (Conceição & Giulietti, 2002; Romero, 2002; Jacobi & Carmo, 2008; Alves & Kolbek, 2010). Especificamente no Rio Grande do Sul, a maior parte dos estudos ocorreu em afloramentos graníticos e areníticos (Knob, 1978; Aguiar & Martau, 1986; Fernandes, 1990; Jacques et al., 1982; Waldemar, 1997; Backes, 1999; Fernandes & Baptista, 1999) e poucos em afloramentos basálticos (Winkler & Irgang, 1979; Larocca, 1998; Bauer & Larocca, 2003). Este trabalho tem como objetivo inventariar a flora vascular ocorrente no Morro do Chapéu, RS. Mais especificamente, buscou-se relacionar a distribuição das espécies com os micro-habitats, de forma a proporcionar maior conhecimento e subsídios à conservação destes ambientes.

Flora vascular e distribuição de espécies...

131

MATERIAL E MÉTODOS Área de Estudo O Morro do Chapéu está localizado no município de Sapucaia do Sul, Rio Grande do Sul (Fig. 1), possuindo uma área de 8,9 ha (29°49'28.29"S e 51° 4'29.16"O, 270m.s.m.), fazendo parte de um complexo de morros testemunhos, formados pelos Morros Sapucaia, em Sapucaia do Sul, Leão e Leãozinho, em Novo Hamburgo, Itacolomy e Morungava, em Gravataí e o Morro do Paula, em São Leopoldo. O levantamento florístico foi realizado no morro propriamente dito e toda a área campestre circundante deste, num raio de 500 metros ao redor do mesmo. Pelo sistema de Köppen-Geiger, o clima da área de estudo é temperado do tipo Cfa, ou seja, úmido, apresentando a temperatura média do mês mais quente acima dos 22°C e a do mais frio inferior a 18° e superior a 3°C. As temperaturas médias mensais estão compreendidas entre 10° e 22°C (Moreno, 1961; Peel et al., 2007). A área insere-se na região geomorfológica da Depressão Central Gaúcha, com origem do Triássico ao Jurássico, sendo constituído por arenitos médios, vermelhos, finos e médios (Formação Botucatu). Em alguns pontos, o arenito é recoberto por rochas basálticas da Formação Serra Geral bastante erodidas. Nestes locais formam-se patamares e platôs de blocos únicos de rocha (Justus et al., 1986). Os solos da região são Podzólicos Vermelho-Amarelo álico e distrófico, caracterizados como solos profundos, com horizonte A moderado bastante espesso, geralmente abrupto e com altos níveis de alumínio trocáveis no horizonte B. Há a subdominância de solos Podzólicos Vermelho-Escuros álico, que são solos normalmente abrúpticos, com horizonte A moderado, de textura arenosa ou média e horizonte B argiloso. Este solo é altamente susceptível a erosão. Ambos são solos de baixa fertilidade natural (Streck et al., 2008). A vegetação situa-se na Área de Tensão ecológica entre a Floresta Estacional Semidecidual com a Estepe (IBGE, 2004). A fitofisionomia dominante é campestre, ocorrendo na região circundante ao morro, no topo e em algumas encostas. A vegetação arbórea é representada por um fragmento na base do morro e dois pequenos no topo.

Levantamento Florístico As expedições de campo para coleta foram realizadas de forma sazonal, trimestralmente, e tiveram início em setembro de 2008 até agosto de 2010. Para determinar as preferências de micro-habitats das espécies foi preciso subdividir a área do morro em diferentes categorias ecológicas, tendo por base as particularidades destes ambientes, como altitude, inclinação e quantidade do substrato. Foram formados três grupos, denominados aqui habitats: Base, Encosta e Topo. A Base possui maior extensão, sendo caracterizada por grandes porções de solo e blocos de rochas, despendidos da encosta do morro. A Encosta se caracteriza pelas escarpas, abruptas em alguns pontos, e pela formação de platôs, onde cresce vegetação típica rupestre. Com grandes

132

Ferreira, De Marchi & Larocca

áreas planas, o Topo possui extensas porções de solo como também áreas de afloramento rochoso. Os micro-habitats foram delimitados através das particularidades destes grandes ambientes, descritos na Tabela 1. Com base nesta divisão foram tomados os dados das preferências ecológicas das espécies. As informações ecológicas foram organizadas em matrizes binárias de presença e ausência. Para a análise destas matrizes foi utilizado o software Paleontological Statistics Software – PAST (Hammer et al., 2001), para gerar análises de agrupamento e análises de correlação. A similaridade entre os micro-habitats foi medida através do índice de Sorensen. A visualização dos espécimes em locais de difícil acesso foi realizada através do auxílio de binóculo, marca Zenit, 50X10 m. A listagem de espécies está classificada conforme APG III (2009), a grafia, aceitação dos nomes científicos como também os autores seguem o IPNI. O material coletado foi prensado em jornal e seco em estufas com temperatura de 50°C durante 5 dias; as exsicatas foram montadas e depositadas no Herbário Municipal João Dutra – HMJD (não indexado), do Jardim Botânico de São Leopoldo. As determinações foram realizadas através de bibliografia especializada (Flora Ilustrada do Rio Grande do Sul e Flora Catarinensis), comparação com material de herbário (ICN, HAS, PACA) e consulta a diversos especialistas.

RESULTADOS Levantamento Florístico Foram inventariadas 227 espécies de plantas vasculares (Tab. 2), distribuídas em 161 gêneros e 59 famílias. As famílias com maior riqueza foram Asteraceae (49 espécies), Poaceae (11 spp.), Rubiaceae (10 spp.), Fabaceae e Solanaceae (nove spp.) e Bromeliaceae (sete spp.), somadas representam 42% das espécies encontradas. Os gêneros mais ricos foram Baccharis e Tillandsia, com cinco espécies cada um. Das espécies inventariadas, 51,7% apresentam hábito herbáceo e 27,4% hábito arbóreo.

Descrição dos Habitats O habitat Base apresenta dois micro-habitats, as grandes porções de solo e blocos de rochas, desprendidos da encosta do morro. O micro-habitat solo possui vegetação campestre e florestal e o sobre blocos de rochas caídos apresenta espécies herbáceas rupícolas. A vegetação campestre é formada principalmente por espécies de Poaceae dos gêneros Andropogon, Briza, Digitaria, Paspalum e Panicum, Asteraceae, como Achyrocline satureioides, Aspilia montevidensis, Baccharis trimera, Fabaceae como Aeschynomene falcata, Desmodium incanum, Zornia sericea, Apiaceae Eryngium megapotamicum e Verbenaceae Glandularia peruviana e Stachytarpheta cayennensis, entre outras. Há a presença de indivíduos arbóreos sobre a matriz campestre, principalmente Schinus molle e S. polygamus. Ocorrem

Flora vascular e distribuição de espécies...

133

também indivíduos de Acacia mearnsii e Pinus taeda, espécies exóticas com alto poder de invasão. As florestas ocorrem com maior extensão ao oeste do morro. Possuem dossel com ca. de 6m de altura, formado principalmente por espécimes de Lithraea brasiliensis, Schinus molle, Syagrus romanzoffiana, Sebastiania commersoniana, Gymnanthes concolor, Ocotea puberula, Luehea divaricata e Guarea macrophylla. Esta área apresenta diversas espécies epifíticas, como Tillandsia spp., Aechmea recurvata, Lepismium cruciforme e Rhipsalis teres. O sub-bosque é pouco desenvolvido nesta fitofisionomia, composto principalmente por Psychotria carthagenensis e P. leiocarpa. Sobre as rochas caídas encontram-se espécies rupícolas, principalmente A. recurvata, Tillandsia spp., L. cruciforme e Peperomia trineura. Na Encosta desenvolvem-se espécies rupícolas, vivendo diretamente sobre a rocha nua ou habitando frestas, onde se depositam pequenas camadas de substrato. A encosta é coberta principalmente pela samambaia Dicranopteris flexuosa, que recobre a rocha e também Pleopeltis lepidopteris, de modo mais raro. Além destas, as espécies mais comuns são Dyckia maritima, Aechmea recurvata, Tillandsia lorentziana e Epidendrum fulgens. Nas faces úmidas ou pouco iluminadas, há a presença de Sinningia macrostachya. Em fendas e patamares há uma maior colonização, sendo que as espécies mais comuns são Gaylussacia brasiliensis, Symphyopappus reticulatus, Weinmannia paulliniifolia e Glechon marifolia. Nas fendas verticais, onde há grande quantidade de substrato, estabeleceu-se vegetação arbórea. O habitat Topo abriga a maior diversidade de micro-habitats. Nos locais de solo profundo, formam-se pequenos agrupamentos arbóreos, onde a espécie mais comum é Guapira opposita. Encontram-se indivíduos de Cupania vernalis, Matayba elaeagnoides, Ocotea pulchella, Cabralea canjerana e Myrsine umbellata. As epífitas são representadas pelas espécies Peperomia tetraphylla, P. trineura, Tillandsia usneoides e T. stricta. Os locais com solo raso são habitados por espécies herbáceo-arbustivas, como Eryngium eriophorum, Aspilia montevidensis, Achyrocline satureioides, Gochnatia cordata, Gamochaeta stachydifolia, Collaea stenophylla, Cypella herbertii e Calibrachoa excellens. Nos solos úmidos, há a presença de E. junceum, Drosera brevifolia e Xyris jupicai var. jupicai. Nos platôs, as espécies que conseguiram se estabelecer sobre a rocha nua foram A. recurvata, D. maritima, T. aeranthos, Parodia ottonis, Sinningia macrostachya, Epidendrum fulgens e Prescottia oligantha. Nas fendas e nas almofadas, o fator que delimita quais espécies as colonizarão é a quantidade de substrato. Onde há pouco substrato, as espécies dominantes são Axonopus siccus e Andropogon lateralis, seguido por Calibrachoa ericifolia, A. satureioides, Hysterionica filiformis, Pyrostegia venusta, D. maritima, Lepismium cruciforme, Agarista nummularia, Gaylussacia brasiliensis, Erythroxylum microphyllum, Sisyrinchium vaginatum. Quando o substrato é profundo, desenvolvem-se arbustos de maior porte até pequenas arvoretas, como S. polygamus, Ilex brevicuspis, I. dumosa, Campovassouria cruciata, Eupatorium subhastatum, Symphyopappus reticulatus e Buddleja stachyoides.

134

Ferreira, De Marchi & Larocca

Riqueza específica nos Habitats A maior riqueza de espécies encontrou-se na base, com 167 espécies. O topo possui 159 spp. e a encosta 36 spp. Os micro-habitats mais ricos foram o solo da base e o solo do topo, com 160 spp. e 131 spp., respectivamente. As espécies com maior plasticidade de micro-habitats foram Epidendrum fulgens, presente em 10 micro-habitats, Croton bresolinii e Dicranopteris flexuosa, em nove, e Aspilia montevidensis, presente em oito. E. fulgens e D. flexuosa especializaram-se nos habitats com a rocha exposta, C. bresolinii e A. montevidensis foram indiferentes às condições de solo. Das espécies inventariadas, 86 colonizavam somente um micro-habitat (Fig. 4). A grande maioria destas espécies apresenta hábitos arbóreos, onde é necessário um solo mais profundo para o estabelecimento dessas, como o encontrado nos micro-habitats solo da base e do topo. As demais espécies necessitam de condições singulares de clima, como P. ottonis e S. macrostachya, plantas tipicamente xerófilas, ou as Ericaceae A. nummularia e G. brasiliensis que se desenvolvem somente em locais elevados e com boa drenagem. As condições necessárias para existência de indivíduos destes táxons só são encontradas em morros, pois a altitude elevada, a insolação, o déficit hídrico e a inclinação do substrato tornam o ambiente propício para o desenvolvimento de espécies com exigências ecológicas tão distintas do entorno. Os micro-habitats mais similares correspondem à fenda iluminada com o patamar iluminado (0,78) da Encosta, o patamar e almofada de solo (0,70) do Topo, a fenda sombreada com o patamar sombreado (0,66) da Encosta, e o solo da Base com o solo do Topo (0,64). O agrupamento de similaridade demonstrou a formação de três grupos de ambientes, que possuem condições de substrato, umidade e iluminação semelhantes (Fig. 5), denominados rupícola ciófilo, rupícola e terrícola heliófilo.

Espécies Raras e Ameaçadas Segundo a Lista Final das Espécies da Flora Ameaçadas – RS, Decreto estadual nº 42.099, de 31 de dezembro de 2002, onze espécies identificadas estão ameaçadas de extinção. A família com maior número de espécies ameaçadas é Bromeliaceae, com três. Merece destaque a espécie Chromolaena angusticeps, uma Asteraceae classificada como provavelmente extinta, com grande população no habitat Topo. As espécies Gochnatia cordata e Chromolaena angusticeps foram encontradas somente no habitat Topo, na face norte, local de maior luminosidade. Entretanto, esta área é o que sofre maior pressão no morro, pela erosão, onde o carregamento de sedimentos pela água das chuvas nas trilhas forma grandes voçorocas e também por esta área do morro sofrer grandes queimadas, mas, mesmo nestas condições, foram localizadas populações significativas desta espécie. Parodia ottonis é uma espécie com elevado grau de ameaça no Morro do Chapéu, devido à raridade de indivíduos, sendo que a maioria encontra-se com injúrias, provavelmente pelo pisoteio do gado. Além disso, a referida espécie também é alvo de coletas para cultivo. Populações de Dyckia maritima e P. ottonis foram localizadas somente em afloramentos

Flora vascular e distribuição de espécies...

135

rochosos na área de estudo e em outros morros testemunhos próximos. As demais espécies ameaçadas apresentaram grandes populações tanto na área como no entorno.

DISCUSSÃO Fernandes (1990) e Oliveira & Godoy (2007), em estudos realizados nos Morros do Cabrito e Sapucaia, no Rio Grande do Sul e no Morro do Forno, em São Paulo, respectivamente, notaram que estes morros eram circundados por florestas. Ibisch (1995), no trabalho realizado em inselbergs da Bolívia, denominou esta formação de cinturão florestal (Florestal belt). Esta floresta circundante também foi encontrada no morro deste estudo. A presença deste tipo de vegetação circundante pode ser resultado das chuvas orográficas, onde as frentes carregadas de umidade, ao deparar-se com estas formações elevadas e com temperaturas mais baixas, precipitam, tornando este ambiente mais úmido, permitindo a existência de florestas. Ademais, a ocorrência destes cinturões florestais nestas áreas pode ser relacionada com inviabilidade da área para atividades agrícolas, devido à queda de blocos de rochas desprendidos da encosta. As escarpas da face sul possuem maiores extensões de área coberta por vegetação do que as da face norte. Tal fato pode ser resultante da rápida evaporação da água que percola no arenito da face norte, devido à maior exposição à luminosidade, e na face sul a rocha permanecer úmida por mais tempo, proporcionando condições para o desenvolvimento da vegetação. No estudo de Fernandes (1990), também em rocha arenítica, foi constatado que a face sul dos morros possuía vegetação mais exuberante em relação à face norte. França et al. (1997) mencionaram a tendência da vegetação arbórea no topo de inselbergs possuir extensas populações formadas por uma ou poucas espécies. No topo do Morro do Chapéu, encontraram-se agrupamentos de Guapira opposita, corroborando com o autor. Morros testemunhos, por se tratarem de estruturas residuais de paisagens passadas, tornam-se locais apropriados para abrigar populações de plantas relictuais (Veloso et al., 1991). Como já mencionado, há a presença de Chromolaena angusticeps, uma espécie classificada como provavelmente extinta, que recentemente foi reencontrada somente em outros morros do entorno de Porto Alegre (A. Scheneider, com. pes.). Tal fato apoia a afirmativa de que os morros, por serem locais inapropriados para a agricultura, ainda preservam espécies singulares. De acordo com a análise de agrupamento de similaridade, fica evidente a formação de três grupos de ambientes, que possuem condições semelhantes. O grupo rupícola ciófilo é representado pelos micro-habitats sombreados da Encosta, ocupados por espécies tolerantes ao sombreamento. Já o grupo rupícola é identificado pelos micro-habitats onde os vegetais ocupam a rocha nua. Esses ambientes tendem a apresentar condições extremas, com alta incidência solar, evaporação elevada e ausência de solo.

136

Ferreira, De Marchi & Larocca

O grupo terrícola heliófilo é composto pelos micro-habitats com deposição de solo e maior incidência solar. Neste grupo há a formação de três subgrupos, conforme a disponibilidade de solo. O primeiro subgrupo é composto pelos micro-habitats com solos profundos, onde as espécies predominantes são arbóreas. O segundo grupo é composto por fendas e patamar da Encosta, onde, devido à inclinação do substrato, há uma baixa retenção de água e acúmulo mínimo de solo, pois este é movido pela água das chuvas. Nesses ambientes, as espécies contam com sistemas radiculares vigorosos para se manterem fixas ao substrato. São comuns as espécies Ocotea pulchella, Dodonea viscosa e Weinmannia paulliniifolia. O terceiro subgrupo é formado pelos micro-habitats planos do Topo, com pouca disponibilidade de substrato e alta taxa de evaporação. São colonizados por Symphyopappus reticulatus, Glechon marifolia, D. viscosa, Gaylussacia brasiliensis e Dyckia maritima. Conforme os dados levantados neste trabalho e provenientes dos demais estudos aqui citados, acredita-se que a alta riqueza de espécies em morros testemunhos é explicada devido ao elevado número de habitats e micro-habitats existentes, proporcionando uma grande variabilidade de condições ambientais em um espaço geográfico muito restrito, e também pela exposição solar, que determina a intensidade e o tempo que a radiação solar incidirá sobre o substrato (Gotelli & Graves, 1996; França et al., 1999).

AGRADECIMENTOS Agradecemos ao Sr. Abraão Aspis, proprietário do morro que permitiu a realização deste trabalho, aos colegas de curso Dióber Lucas, Diogo Araújo, Diogo Tobolski, Rafael Koche e Juliana Allgayer pelo grande auxilio a campo, e aos Editores e Revisores, pelos diversos comentários construtivos neste trabalho.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, R.J.V. & KOLBEK, J. 2009. Summit vascular flora of Serra de São José, Minas Gerais, Brazil. Check List 5: 35–73. ALVES, R.J.V. & KOLBEK, J. 2010. Can campo rupestre vegetation be floristically delimited based on vascular plant genera? Plant Ecology (Dordrecht) 207: 67–79. APGIII. 2009. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society 161: 105–121. BACKES, A. 1999. Ecologia da Floresta do Morro do Coco, Viamão, RS. Pesquisas, Botânica 49: 5–30. BAUER, D.& LAROCCA, J. 2003, Flora Vascular Rupestre de um Afloramento Basáltico na Localidade Fazenda Padre Eterno, RS. Pesquisas, Botânica 53: 101–119. BROOKER, R.W. et al. 2008. Facilitation in plant communities: the past, the present, and the future. Journal of Ecology 96: 18–34. CONCEIÇÃO, A.A. & GIULIETTI, A.M. 2002. Composição florística e aspectos estruturais de campo rupestre em dois platôs do Morro do Pai Inácio, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Hoehnea 29: 37-48.

Flora vascular e distribuição de espécies...

137

CONCEIÇÃO, A.A.; PIRANI, J.R. & MEIRELLES, S.T. 2007. Floristics, structure and soil of insular vegetation in four quartzite-sandstone outcrops of “Chapada Diamantina”, Northeast Brazil. Revista Brasileira de Botânica 30: 641–656. FERNANDES, I. & BAPTISTA, L.R.M. 1999. Inventário da Flora Rupestre e Para-Rupestre de “Casa de Pedra”, Bagé, Rio Grande do Sul. Pesquisas, Botânica 49: 53–70. FERNANDES, I. 1990. Levantamento da Flora Vascular Rupestre do Morro do Cabrito e Sapucaia, Rio Grande do Sul, Brasil. Porto Alegre, UFRGS, Pós Graduação em Botânica, 181p. (Dissertação de Mestrado) FRANÇA, F., MELO, E. & SANTOS, C.C. 1997. Flora de Inselbergs da Região de Milagres, Bahia, Brasil. Sitientibus 17: 163–184. GOTELLI, N.J. & GRAVES, G.R. 1996. Null models in ecology. Smithsonian Washington.

Institution

Press,

GRÖGER, A. & BARTHLOTT, W. 1996.Biogeography and diversity of the inselberg (Laja) vegetation of southern Venezuela. Biodiversity Letter 3: 165–179. HAMMER, Ø., HARPER, D.A.T. & RYAN, P.D., 2001. PAST: Paleontological Statistics Software Package for Education and Data Analysis. Palaeontologia Electronica 4(1): 9pp. IBGE, 1986. PROJETO RADAMBRASIL. Levantamento dos recursos naturais. V. 33. Folha SH. 22 Porto Alegre e parte das folhas SH. 21 Uruguaiana e SI 22 Lagoa Mirim. Rio de janeiro: IBGE. IBGE. 2004. Mapa de Vegetação do Brasil. Escala 1: 5.000.000. Rio de Janeiro: IBGE. 3ª edição. IBISCH, P.L., RAUER, G., RUDOLPH, D. & BARTHLOTT, W. 1995. Floristic, biogeographical, and vegetational aspects of Pre-cambrian rock outcrops (inselbergs) in eastern Bolivia. Flora 190: 299– 314. JACOBI, C.M. & CARMO, F.F. 2008. Diversidade dos campos rupestres ferruginosos no Quadrilátero Ferrífero, MG. Megadiversidade 4(1-2): 26–33. JUSTUS, J.O.; MACHADO, M.L.A. & FRANCO, M.S.M. 1986. Geomorfologia. In: Levantamento de recursos naturais. IBGE, Rio de Janeiro 33: 313–404. KNOB, A. 1978. Levantamento fitossociológico da formação Mata do Morro do Coco, Viamão, RS, Brasil. Iheringia 23: 65–108. LAROCCA, J. 1998. Cactáceas em Paredões Rochosos da Serra Geral do Rio Grande do Sul: uma abordagem fitogeográfica. Porto Alegre. UFGRS. Pós Graduação em Botânica. 83p. (Dissertação de Mestrado) OLIVEIRA, R.B. & GODOY, S.A.P. 2007. Composição florística dos afloramentos rochosos do Morro do Forno, Altinópolis, São Paulo. Biota Neotropica 7(2): 37–47. PARMENTIER, I. 2003. Study of the vegetation composition in three inselbergs from continental equatorial guinea (western central Africa): effects of site, soil factors and position relative to forest fringe. Belgian Journal of Botany 136(1): 63–72. PEEL, M.C.; FINLAYSON, B.L., & MCMAHON, T.A. 2007. Updated world map of the KöppenGeiger climate classification. Hydrology and Earth System Sciences 11: 1633–1644. POREMBSKI, S., MARTINELLI, G., OHLEMÜLLER, R. & BARTHLOTT, W. 1998. Diversity and ecology of saxicolous vegetation mats on inselbergs in the Brazilian Atlantic rainforest. Diversity and Distribution 4: 107–119. PORTO, P.A.F., ALMEIDA, A., PESSOA, W.J., TROVÃO, D. & FELIX, L.P. 2008. Composição florística de um inselbergue no Agreste paraibano, município de Esperança, Nordeste do Brasil. Revista Caatinga 21: 214–223. RAMBO, B. 1956. A Fisionomia do Rio Grande do Sul. 2ed. Porto Alegre, Livraria Selbach. 456p.

138

Ferreira, De Marchi & Larocca

ROMERO, R. 2002. Diversidade da flora dos campos rupestres de Goiás, sudoeste e sul de Minas Gerais. Pp. 81-86. In: E.L. Araújo; A.N. Moura; E.V.S.B. Sampaio; L.M.S. Gestinari & J.M.T. Carneiro (eds.). Biodiversidade, Conservação e Uso Sustentável da Flora do Brasil. Recife, Universidade Federal Rural de Pernambuco, Sociedade Botânica do Brasil. VELOSO, H.P.; RANGEL FILHO, A.L.R. & LIMA, J.C.A. 1991. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Diretoria de Geociências, Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. WALDEMAR, C.C. 1997. A Vegetação Rupestre Heliófila do Parque Estadual de Itapuã, Viamão, RS. Porto Alegre, UFRGS. Pós Graduação em Botânica .113p. (Dissertação de Mestrado) WINKLER, S. & IRGANG, B. E. 1979. Observações ecológicas em bromeliáceas na mata subtropical do Alto Uruguai, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia Série Botânica 24: 51-60.

Figura 1. Mapa de localização do Morro do Chapéu (29°49‟28.29”S e 51° 4‟29.16”O, 270 m.s.n.), Sapucaia do Sul, RS.

Flora vascular e distribuição de espécies...

139

200

Riqueza de espécies

150 100 50 0

Micro-habitats

Figura 2. Comparação do número de espécies que ocupam cada micro-habitat. Legenda: BS – solo da Base; BSR – sobre rochas na Base; EPSol – Patamar iluminado na Encosta; EPSom – patamar sombreado na Encosta; EFSol – fenda horizontal iluminada na Encosta; EFSom – fenda horizontal sombreada na Encosta; Efv – fenda vertical; Epv – parede vertical na Encosta; TS – solo do Topo; TF; fendas no Topo; TPt – platô no Topo; TA – almofada de solo no Topo; TP – patamar no Topo.

Figura 3. Análise de agrupamento de similaridade demonstrando a formação de três grupos de ambientes. Legenda: BS – solo da Base; BSR – sobre rochas na Base; EPSol – Patamar iluminado na Encosta; EPSom – patamar sombreado na Encosta; EFSol – fenda horizontal iluminada na Encosta; EFSom – fenda horizontal sombreada na Encosta; Efv – fenda vertical; Epv – parede vertical na Encosta; TS – solo do Topo; TF; fendas no Topo; TPl – platô no Topo; TA – almofada de solo no Topo; TP – patamar no Topo.

Ferreira, De Marchi & Larocca

140

Tabela 1. Descrição dos micro-habitats delimitados para indicar a origem das espécies no Morro do Chapéu, Sapucaia do Sul/RS. Habitat Base

Encosta

Topo

Micro-habitat

Descrição do ambiente

Solo

Extensões contínuas de solo

Rochas caídas

Blocos desprendidos da encosta

Parede Vertical

Escarpas íngremes onde a rocha está exposta

Fenda Vertical

Fissuras formadas pela erosão

Fenda Horizontal

Fissuras horizontais da rocha

Patamares

Degraus de rocha

Solo

Extensões contínuas de solo

Platôs

Afloramentos extensos e planos

Fendas

Fissuras com acúmulo de solo

Patamares

Degraus de rocha

Almofadas

Pequenas ilhas de substrato nos afloramentos rochosos

Tabela 2. Listagem das espécies encontradas no Morro do Chapéu, Rio Grande do Sul, Brasil. Legenda: er (erva), ab (arbusto), at (arvoreta), ar (árvore), ep (epífita), li (liana), * (espécies exóticas), VU (vulnerável), EM (em perigo), PE (Possivelmente extinta). Família

Nome científico

Nome popular

Hábi to

Acanthaceae

Ruellia angustiflora (Nees) Lindau ex Rambo

junta

er

Anacardiaceae

Lithraea brasiliensis Marchand

aroeira-preta

ar

Schinus molle L.

anacauita

at

Schinus polygamus (Cav.) Cabrera

assobiadeira

ar

Annona cacans Warm.

aroeiravermelha ariticum-cagão

Annona sylvatica A. St.-Hil.

ariticum

ar

Eryngium eriophorum Cham. & Schltdl.

caraguatá

er

Eryngium junceum Cham. & Schltdl.

caraguatá

er

Eryngium megapotamicum Malme

caraguatá

er

Schinus terebinthifolius Raddi Annonaceae

Apiaceae

Stat us

ar ar

Apocynaceae

Oxypetalum wightianum Hook. & Arn.

li

Aquifoliaceae

Ilex brevicuspis Reissek

caúna

ar

Ilex dumosa Reissek

caúna

ar

Arecaceae

Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman

jerivá

ar

Asteraceae

Achyrocline satureioides (Lam.) DC.

marcela

er

EN

Flora vascular e distribuição de espécies... Família

141

Acmella bellidioides (Smith in Rees) R.K. Jansen

Nome popular arnica-docampo

Aspilia montevidensis (Spreng.) Kuntze

margarida

Nome científico

Austroeupatorium picturatum (Malme) R.M. King & H. Rob.

Hábi to er er er

Baccharis linearifolia (Lam.) Pers.

er

Baccharis ochracea Spreng.

vassouracampo

ab

Baccharis psiadioides (Less.) Joch.Müll.

alecrim

ab

Baccharis riograndensis Malag. & Vidal

carqueja

er

Baccharis trimera (Less.) DC.

carqueja

er

Bidens pilosa L.

picão-preto

er

Calea pinnatifida (R. Br.) Less

quebra-tudo

Calea uniflora Less Campovassouria cruciata (Vell.) R.M.King & H.Rob.

ab er dente-de-leão

Chromolaena angusticeps (Malme) R.M. King & H. Rob. Chromolaena squarrulosa (Hook. & Arn.) R.M.King & H.Rob. Chrysolaena flexuosa (Sims) H.Rob.

er ab erva-decolégio

er

vassoura

ab

er

Gamochaeta americana (Mill.) Wedd.

er

Gamochaeta coarctata (Willd.) Kerguélen

er

Gamochaeta stachydifolia (Lam.) Cabrera Gochnatia cordata Less.

er tucurubim

ab

Grazielia serrata (Spreng.) R.M.King & H.Rob.

er

Gyptis lanigera (Hook. & Arn.) R.M. King & H. Rob.

er

Hypochaeris chillensis (Kunth) Britton

er

Hysterionica filiformis (Spreng.) Cabrera

er

Lessingianthus hypochaeris (DC.) H.Rob

er

Lucilia 141cutifólia (Poir.) Cass. Mikania involucrata Hook. & Arn.

PE

er

Emilia fosbergii Nicolson Eupatorium subhastatum Hook. & Arn.

er ab

Conyza blakei (Cabrera) Cabrera Elephantopus mollis Kunth

li er

Campuloclinium macrocephalum (Less.) DC. Chaptalia integerrima (Vell.) Burkart

Stat us

er guaco

li

VU

Ferreira, De Marchi & Larocca

142 Família

Nome científico

Nome popular

Hábi to

Mutisia coccinea A. St.-Hil.

cravo-divino

li

Mutisia speciosa Aiton ex Hook.

cravo-divino

li

Noticastrum calvatum (Baker) Cuatrec.

er

Orthopappus angustifolius (Sw.) Gleason

er

Pterocaulon balansae Chodat

er

Pterocaulon polypterum (DC.) Cabrera

er

Senecio brasiliensis (Spreng.) Less.

flor-das-almas

ab

Senecio crassiflorus (Poir.) DC.

er

Senecio leptolobus DC.

er

Stevia sp.1

er

Stevia veronicae DC.

er

Symphyopappus reticulatus Baker

ab

Trixis nobilis (Vell.) Katinas

er

Vernonanthura discolor (Spreng.) H. Rob. Vernonanthura nudiflora (Less.) H.Rob.

cambará-preto alecrim-docampo

Viguiera anchusaefolia (DC.) Baker

Stat us

ar er er

Begoniaceae

Begonia cucullata Willd.

begônia

er

Bignoniaceae

Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart.

ipê-verde

ar

Pyrostegia venusta (Ker Gawl.) Miers

cipó-de-sãojoão

li

Aechmea recurvata (Klotzsch) L. B. Sm.

bromélia

ep

Bromelia antiacantha Bertol

banana-degravatá

er

Dyckia maritima Baker

gravatá

er

Tillandsia aeranthos (Loisel.) L.B. Sm.

cravo-do-mato

ep

Tillandsia geminiflora Brongn.

cravo-do-mato

ep

VU

Tillandsia lorentziana Griseb.

cravo-do-mato

er

VU

Tillandsia stricta Sol. ex Sims

cravo-do-mato

ep

Tillandsia usneoides (L.) L.

barba-de-pau

ep

Lepismium cruciforme (Vell.) Miq.

rabo-de-rato

ep

Parodia ottonis (Lehm.) N.P.Taylor

tuna

er

Rhipsalis teres (Vell.) Steud.

rabo-de-rato

ep

Commelina platyphylla Klotzsch ex Seub.

trapoeraba

er

Tradescantia fluminensis Vell.

trapoeraba

er

Tradescantia zebrina Heynh.

trapoeraba

er

Bromeliaceae

Cactaceae

Commelinaceae

VU

VU

VU

Flora vascular e distribuição de espécies... Família

Nome científico

143 Nome popular

Cunoniaceae

Weinmannia paulliniifolia Pohl

Cyatheaceae

Alsophila setosa Kaulf. Bulbostylis scabra (J.Presl & C.Presl) C.B.Clarke Bulbostylis sphaerocephala (Boeckeler) C.B.Clarke

samambaiaçu

Cyperus aggregatus (Willd.) Endl.

tiririca

Cyperaceae

Hábi to ar ar er er

Cyperus haspan L.

er er

Rhynchospora rugosa (Vahl) Gale

tiririca

er

Droseraceae

Drosera brevifolia Pursh

drósera

er

Ericaceae

Agarista nummularia (Cham. & Schltdl.) G.Don

urze-de-vintém

er

Gaylussacia brasiliensis (Spreng.) Meisn.

camarinha

ab

Erythroxylum argentinum O.E. Schulz

cocão

ar

Erythroxylum microphyllum A. St.-Hil.

cocão

ab

Erythroxylaceae

Euphorbiaceae

Croton bresolinii L.B. Sm. & Downs

ab

Euphorbia rhabdodes Boiss.

er

Euphorbia selloi (Klotzsch & Garcke) Boiss.

Fabaceae

er

Gymnanthes concolor Spreng.

laranjeira-domato

ar

Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B. Sm. & Downs

branquilho

ar

Acacia mearnsii De Wild. *

acácia-negra

ar

Aeschynomene falcata (Poir.) DC. var. falcata Calliandra tweediei Benth.

er topete-decardeal

Collaea stenophylla (Hook. & Arn.) Benth.

er

Desmodium barbatum (L.) Benth.

pega-pega

er

Desmodium incanum DC.

pega-pega

er

aleluia

ar

Senna oblongifolia (Vogel) H.S. Irwin & Barneby Stylosanthes montevidensis Vogel

Gesneriaceae

ar

er

Zornia sericea Moric.

er

Sinningia allagophylla (Mart.) Wiehler

er

Sinningia macrostachya (Lindl.) Chautems

flor-do-abismo

er

Gleicheniaceae

Dicranopteris flexuosa (Schrad.) Underw.

Hypoxidaceae

Hypoxis decumbens L.

falsa-tiririca

er

Iridaceae

Cypella herbertii Hook.

bibi

er

Sisyrinchium vaginatum Spreng.

er

er

Stat us

Ferreira, De Marchi & Larocca

144 Família

Lamiaceae

Nome científico

Nome popular

Sisyrinchium micranthum Cav.

er

Glechon marifolia Benth.

ab

Hyptis floribunda Briq.

er

Hyptis mutabilis (Rich.) Briq. Lauraceae

Hábi to

er

Aiouea saligna Meisn.

canela

ar

Nectandra cuspidata Nees

canela

ar

Nectandra grandiflora Nees

canela fedida canelaferrugem

ar

Ocotea puberula (Rich.) Nees

canela-guaicá

ar

Ocotea pulchella (Nees) Mez

canela-lajeana

ar

Linaceae

Linum littorale A. St.-Hil. var. littorale

linum

er

Lythraceae

Cuphea calophylla Cham. & Schltdl.

er

Cuphea urbaniana Koern.

er

Banisteriopsis muricata (Cav.) Cuatrec.

ab

Nectandra oppositifolia Nees

Malpighiaceae

Malvaceae

Melastomataceae

Meliaceae

Monimiaceae

Moraceae

Myrtaceae

Stat us

ar

Heteropterys aenea Griseb.

li

Janusia guaranitica (A.St.-Hil.) A.Juss.

li

Luehea divaricata Mart.

açoita-cavalo

ar

Triumfetta rhomboidea Jacq

carrapichogrande

er

Leandra regnellii (Triana) Cogn.

pixirica

er

Miconia cinerascens Miq.

pixirica

ar

Miconia hyemalis A. St.-Hil. & Naudin

pixirica

ab

Miconia latecrenata (DC.) Naudin

pixirica

ar

Tibouchina gracilis( Bonpl. ) Cogn.

quaresmeira

ab

Cabralea canjerana (Vell.) Mart.

cangerana

ar

Cedrela fissilis Vell.

cedro

ar

Guarea macrophylla Vahl

pau-d'arco

ar

Hennecartia omphalandra J. Poiss

canema

ar

Mollinedia schottiana (Spreng.) Perkins

pimenteira

ar

Ficusadhatodifolia Schott ex Spreng.

mata-pau

ar

Ficus luschnathiana (Miq.) Miq.

mata-pau

ar

Sorocea bonplandii (Baill.) W.C. Burger, Lanjouw & Boer

coincho

ar

Eugenia handroi (Mattos) Mattos

ab

Eugenia opaca O. Berg

ab

VU

Flora vascular e distribuição de espécies... Família

Nome científico Eugenia uniflora L.

145 Nome popular pitangueira

Myrcia selloi (Spreng.) N. Silveira

Hábi to at ar

Psidium cattleianum Sabine

araçazeiro

at

Psidium guajava L.*

goiabeira

ar

Nyctaginaceae

Guapira opposita (Vell.) Reitz

maria-mole

ar

Orchidaceae

Epidendrum fulgens Brongn.

orquídea

ep

Prescottia oligantha (Sw.) Lindl.

er

Agalinis communis (Cham. & Schltdl.) D'Arcy

er

Castilleja arvensis Schltdl. & Cham.

er

Esterhazya splendida J.C. Mikan Piriqueta suborbicularis (A.St.-Hil. & Naudin) Arbo Phyllanthus caroliniensis (Klotzsch) G.L. Webster

er piriqueta

Pinaceae

Pinus taeda L. *

pinus

ar

Piperaceae

Peperomia circinnata Link

peperômia

er

Peperomia tetraphylla (G. Forst.) Hook. & Arn.

erva-de-vidro

ep

Orobanchaceae

Passifloraceae Phyllanthaceae

Plantaginaceae

li

Peperomia trineura Miq.

er

Mecardonia tenella (Cham. & Schltdl.) Pennell

er

Plantago australis Lam.

Poaceae

er

tansagem

er

Scoparia dulcis L.

er

Scoparia montevidensis (Spreng.) R.E. Fr.

er

Andropogon lateralis Nees

capim-caninha

er

Andropogon selloanus (Hack.) Hack.

er

Axonopus siccus (Nees) Kuhlm.

er

Briza subaristata Lam.

er

Digitaria1

er

Eragrostis neesii Trin.

capim-sereno

er

Panicum1

er

Paspalum1

er

Paspalum2

er

Paspalum plicatulum Michx.

er

Poa annua L.

er

Polygalaceae

Monnina tristaniana A. St.-Hil. & Moq.

er

Polypodiaceae

Pleopeltis lepidopteris (Langsd. & Fisch.) de la Sota

er

Stat us

Ferreira, De Marchi & Larocca

146 Família

Primulaceae

Rubiaceae

Nome científico

Nome popular

Serpocaulon catharinae (Langsd. & Fisch.) A.R.Sm. Myrsine coriacea (Sw.) R. Br. ex Roem. & Schult.

capororoquinh a

ar

Myrsine guianensis (Aubl.) Kuntze

capororoca

ar

Myrsine umbellata Mart.

capororoca

ar

er

Coccocypselum lanceolatum (Ruiz & Pav.) Pers. Diodella apiculata (Willd. ex Roem. & Schult.) Delprete

er er

Guettarda uruguensis Cham. & Schltdl. Psychotria carthagenensis Jacq. Psychotria leiocarpa Cham. & Schltdl. Randia ferox (Cham. & Schltdl.) DC.

Rutaceae

ar cafeeiro-domato cafeeiro-domato limão-bravo

ab ar er

Richardia humistrata (Cham. & Schltdl.) Steud.

er

Richardia stellaris (Cham. & Schltdl.) Steud.

er

Rudgea parquioides (Cham.) Müll. Arg.

ar

Citrus sp. *

laranjeira

ar

Esenbeckia grandiflora Mart.

cutia

ar

Zanthoxylum fagara (L.) Sarg. Zanthoxylum rhoifolium Lam. Casearia decandra Jacq.

mamica-decadela mamica-decadela mamica-decadela guaçatunga

Casearia obliqua Spreng.

Sapindaceae

ab

Richardia brasiliensis Gomes

Zanthoxylum caribaeum Lam.

Salicaceae

Hábi to

ar ar ar ar ar

Casearia sylvestris Sw.

chá-de-bugre

ar

Allophylus edulis (A. St.-Hil., A. Juss. & Cambess.) Hieron. ex Niederl.

chal-chal

ar

Cupania vernalis Cambess. Dodonea viscosa (Linn.) Jacq. Matayba elaeagnoides Radlk.

camboatávermelho vassouravermelha camboatábranco aguaívermelho

ar ab ar

Sapotaceae

Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk.

Scrophulariaceae

Buddleja stachyoides Cham. & Schltdl.

ab

Buddleja thyrsoides Lam.

ab

Solanaceae

ar

Paulownia tomentosa (Thunb.) Steud. *

quiri

ar

Calibrachoa ericifolia (R.E.Fr) Wijsman

petúnia

er

Stat us

Flora vascular e distribuição de espécies... Família

147 Nome popular

Nome científico Calibrachoa excellens Wijsman

petúnia

Calibrachoa heterophylla Wijsman

Hábi to er er

Nicotiana alata Link & Otto

fumo-dejardim

er

Petunia axillaris (Lam.) Britton, Stern & Poggenb.

petúnia

er

Petunia integrifolia (Hook.) Schinz & Thellung

petúnia

er

Solanum nigrescens M. Martens e Galeotti

joá

er

Solanum pseudoquina A.St.-Hil.

ar

Solanum sisymbrifolium Lam.

joá

er

Styracaceae

Styrax leprosus Hook. & Arn.

carne-de-vaca

ar

Urticaceae

Cecropia pachystachya Trécul

embaubá

ar

Coussapoa microcarpa (Schott) Rizzini

mata-pau

ar

Glandularia peruviana (L.) Small

glandularia

er

Lantana camara L.

lantana

li

Lantana montevidensis (Spreng.) Briq.

lantana

ab

Stachytarpheta cayennensis (Rich.) Vahl.

gervão

ab

Verbena bonariensis L.

mucamba

er

Verbenaceae

Xyridaceae

Verbena litoralis Kunth

er

Xyris jupicai L.C. Rich. var. jupicai

Er

Stat us

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.