Fluxo da comunicação científica : um estudo de caso

August 27, 2017 | Autor: D. Do Nascimento | Categoria: Information Science, Library Science, Library and Information Science
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE PROCESSOS E ESTUDOS BIBLIOTECONÔMICOS ESCOLA DE BIBLIOTECONOMIA

DEBORA DO NASCIMENTO

FLUXO DA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA: UM ESTUDO DE CASO

Rio de Janeiro 2010

DEBORA DO NASCIMENTO

FLUXO DA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, como pré-requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

Orientador: Carmen Irene Correia de Oliveira.

Rio de Janeiro 2010

DEBORA DO NASCIMENTO

FLUXO DA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA: UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, como pré-requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Biblioteconomia.

Aprovado em Rio de Janeiro, 30 de abril de 2010.

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________________________ Prof. Dra. Carmen Irene Correia de Oliveira Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

______________________________________________________________ Prof. Dra. Simone da Rocha Weitzel Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

_____________________________________________________________ Prof. Dra. Leila Beatriz Ribeiro Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

Aos meus pais, Lidia e Eduardo, por me fazerem acreditar que eu sou totalmente capaz de tocar o céu sem tirar os pés do chão.

AGRADECIMENTOS Agradeço à Trupe, simplesmente por existir na minha vida. Bárbara Simão, por ser a primeira a provar que éramos capazes e pelo incentivo e racionalidade de todas as horas; Ivo Venerotti, pelo carinho e injeções de auto-estima; Frederico Azevedo, por me mostrar a capacidade de superação frente às adversidades; Hândrya Santos, por me mostrar que o tempo cura e que amigos reais são para sempre, por me manter acordada e incansavelmente repetir que eu conseguiria; Luan Yannick, pela força e incentivo, pelas crises que aturou, pelas discussões políticas, pelo estímulo para escrever; Tatiana Gama, por mostrar que uma amizade verdadeira não possui limites e por estar ao meu lado, sempre. A todos eles, obrigado por sofrerem comigo, escreverem comigo, por estarem comigo por todo esses 5 longos anos de percurso e por estarem comigo agora. À professora Simone Weitzel, por me mostrar que a profissional que eu almejo ser é real e que é possível ser uma profissional exemplar sem perder a humildade. Uma das “gigantes, sobre cujos ombros me apoiei”. À professora Carmen Irene Correia de Oliveira, por aceitar o desafio de orientar-me com tantas dificuldades em tempo recorde, pela compreensão e grande auxílio em tão pouco tempo. Ao Jorge Luiz da Silva (Jorjão da BN) por ser exemplo do melhor bibliotecário de referência que é possível ser e me ensinar que ser um bom bibliotecário de referência é o que faz nossa profissão valer a pena. À minha família, porque foram mais que parentes, por me amarem e acreditarem em mim. Aos que acharam que eu não conseguiria, obrigada pelo incentivo do desafio.

“A mente é o homem, e o conhecimento, a mente. O homem é apenas aquilo que ele conhece". Francis Bacon

“O céu é só uma promessa, eu tenho pressa, vamos nessa direção”. Humberto Gessinger

RESUMO

Estudo sobre o fluxo da informação científica, através de estudo de caso de uma instituição não acadêmica, sem fins lucrativos, que apresenta características pertinentes ao estudo da comunicação científica. A partir do paralelo entre revisão de literatura e histórico das publicações da instituição, analisou-se o percurso da comunicação científica na área de saúde pública, desde a concepção de novas discussões à publicação efetiva de material bibliográfico.

Palavras-chave: comunicação científica; fluxo da comunicação científica; estudo de caso.

ABSTRACT

This paper is a study about scientific information flow, through a non academic, nonprofit, institution case report that presents characteristics related to the study of scientific communication. From the comparison between literature review and the institution’s publication history, we analyzed the scientific communication course in the public health area, since the conception of new discussions to the effective production of bibliographical material.

Keywords: scientific communication; scientific communication flow; case study.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9 2 CIÊNCIA E INFORMAÇÃO: a comunicação científica e as fontes de informação .... 11 2.1 Organizações como fonte de informação ....................................................................... 15 3 O CEBES – DESCRIÇÃO .................................................................................................. 18 3.1 Razões históricas ............................................................................................................ 20 3.1.1 Fundação e militância política (1976 – 1990) ........................................................ 21 3.1.2 Transformação, dispersão de membros e questionamento identitário (1990 – 2005) .......................................................................................................................................... 24 3.1.3 Refundação (2005 – 2010) ...................................................................................... 25 4 FLUXO DA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA................................................................. 27 4.1 Eventos ........................................................................................................................... 27 4.2 Publicações ..................................................................................................................... 30 4.3 Recursos eletrônicos online ............................................................................................ 32 5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 35 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 37 ANEXOS ................................................................................................................................. 41 ANEXO A – desenho do Chico Caruso para revista Saúde em Debate n. 3 ........................ 43 ANEXO B – desenho do Laerte para revista Saúde em Debate n. 4 .................................... 44 ANEXO C – desenho de Angeli para revista Saúde em Debate n.4 .................................... 45

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1 INTRODUÇÃO A ciência é, atualmente, um dos elementos considerados mais importantes para medir o desenvolvimento da humanidade. Um país é reconhecido como desenvolvido principalmente pelo grau de desenvolvimento de sua ciência, de suas universidades e de seu mercado tecnológico. E só pode ser assim encarada se for comunicada, pois para reconhecimento do desenvolvimento científico de uma área ou de um país, é necessário que se conheça esse grau de desenvolvimento, além dos progressos científicos alcançados. Da mesma forma, esse desenvolvimento é maior na medida em que a ciência é melhor comunicada, na medida em que há troca de conhecimento entre profissionais e estudiosos de uma área e entre áreas. Tudo isso faz parte do estudo da comunicação científica. A forma como há troca de informações entre membros da comunidade científica e entre a comunidade científica e o resto da sociedade é amplamente facilitada por entidades de divulgação científica e entidades de fomento de ciência e pesquisa e que acabam por realizar com propriedade esta missão. Observando esses dados, objetivou-se realizar um estudo de caso, sobre o fluxo da comunicação científica e o comportamento deste fluxo em uma instituição com características singulares, que exerce papel de agência fomentadora de estudo e pesquisa, principalmente, na área de políticas públicas em saúde. O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – CEBES, objeto deste estudo, existe há 34 anos, cumprindo o papel, se me for permitido usar o termo, de comunicador científico e também de divulgador da ciência com muita eficiência, mesmo sem se propor a tal tarefa, ocupando um espaço fundamental na área de saúde pública no Brasil. Através de revisão de literatura sobre comunicação científica e análise dos dados e principalmente dos meios de comunicação da instituição, foi estudado como o fluxo da comunicação científica ocorre dentro desta instituição e traçado um paralelo com a importância da comunicação científica e a importância desta instituição ao abarcar tantos elementos que reafirmam o conceito de Campello, de organizações como fonte de informação. A revisão de literatura sobre comunicação científica considerou principalmente aos conceitos de ciência e de comunicação, que ajudou a compor o quadro teórico-conceitual que serviu de base a este trabalho. Estes conceitos são apresentados no capítulo 2, em conjunto com o conceito de fontes de informação, conceito primordial para entender a proposta deste trabalho sobre a relação entre a entidade estudada e o fluxo da comunicação científica. Avaliando os meios de comunicação e dados da instituição que seriam fundamentais ao desenvolvimento deste trabalho, foi percebido a necessidade de descrevê-la e situá-la

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historicamente para melhor entendimento dos argumentos propostos, o que será encontrado no capítulo 3. No capítulo 4 foi realizada a descrição dos meios de comunicação utilizados pelo CEBES, bem como o fluxo da informação científica através desses meios. A conclusão retoma as questões discutidas e faz uma reflexão do que foi observado ao longo do estudo.

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2 CIÊNCIA E INFORMAÇÃO: a comunicação científica e as fontes de informação A Ciência, desde o seu surgimento, traz dentre suas práticas mais comuns o ato de comunicar-se, porque não há função social na ciência se ela não for conhecida. Seja com fins de ensino-aprendizagem, seja pela comunicação casual entre estudiosos dos mesmos assuntos, as trocas de informações sempre estiveram presentes. Com o advento da ciência moderna e com o aumento de atividades científicas e de pesquisas, registradas e com regras específicas, foram criadas também formas de comunicação específicas chamada atualmente de comunicação científica, que será descrita a seguir. Da mesma forma, a comunicação científica também não pode ser dissociada da própria ciência, já que também não há comunicação se não há mensagem (conteúdo, no caso, científico) a ser transmitida. Para Christóvão (1979, p. 3), “o exame do que é transmitido por alguns dos veículos de comunicação de massa, tais como: o jornal, a revista, o rádio e a televisão, faz crer que a palavra Ciência já se tornou de uso cotidiano na vida do homem moderno”. Entretanto, dentre os teóricos que discutem comunicação científica, é comum identificar os conceitos de ciência que são abordados para falar do assunto. Pensando na afirmação de Muller (1995, p. 65), de que “sendo a comunicação entre cientistas reconhecida como parte indispensável da ciência, é necessário definir a ciência”, serão expostos neste capítulo, alguns conceitos pertinentes sobre ciência, mas também sobre comunicação científica, informação científica, comunidade científica e divulgação científica. Isso porque falar da ciência e de sua comunicação além de assunto delicado e complexo traz em seu bojo todos os outros conceitos mencionados, e para melhor entendimento é necessário que eles sejam definidos e explicados. Existem várias definições de ciência e algumas discussões a respeito do que diferencia a ciência e a “não-ciência”. Algumas correntes da ciência moderna têm com base o empirismo, que nega qualquer dogma ou subjetividade atendo-se somente às hipóteses testadas e experimentadas de acordo com padrões estabelecidos pela comunidade científica. Segundo Targino “a ciência busca, essencialmente, desvendar e compreender a natureza e seus fenômenos, através de métodos sistemáticos e seguros” (TARGINO, 2000). Segundo Andery (1996, p. 13), “A ciência caracteriza-se por ser a tentativa do homem entender e explicar racionalmente a natureza, buscando formular leis que, em última instância, permitam a atuação humana”. Ao longo dos anos, o homem sempre buscou entender-se e ao universo ao seu redor, formulando leis e procurando entender os mecanismos pelos quais o mundo “funciona”, através de ferramentas criadas para esse fim, como a ciência. “Na sociedade ocidental, no entanto, a ciência é a

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forma hegemônica de construção da realidade, considerada por muitos críticos como um novo mito, por sua pretensão de único promotor e critério de verdade” (MINAYO, 2007, p. 9). E já que, assim como Minayo, não interessa para os fins deste trabalho, compactuar dessa visão compartilharemos da visão de Meadows e Ziman que respalda a concepção de que conceituar ciência é, além de polêmico e pretensioso, quase desnecessário já que “um cientista pode alcançar sucesso sem ter noção exata do que é ciência” (TARGINO, 2000). É importante ressaltar que a ciência será abordada aqui como o conjunto das atividades acadêmico-profissionais incluindo estudo, experimentação, revisão de literatura e/ou análise de dados, conjuntamente ou não, desde que haja entre os acadêmicos e ou profissionais de cada área algum tipo de interação e/ou troca de idéias objetivando o aprimoramento de uma área e de estudos afins, além do compartilhamento com pares dessas descobertas, ou seja, desde que a comunicação científica – nosso objeto de estudo - esteja presente de alguma forma, e tendo consciência de que a ciência, “um método consciente e simultaneamente compartilhado por toda a sociedade [...] tem de ser comunicável e sistemática” (BRONOWSKI, apud CHRISTÓVÃO, 1979). Concordamos até aqui que, para os fins deste trabalho, mais relevante do que a ciência ou sua conceituação é a comunicação gerada para e advinda das atividades científicas. “É importante o fato de a ciência ser atualmente tão discutida. Mas o aspecto fundamental é o fato de ser comunicada” (CHRISTÓVÃO, 1979). Meadows (1999, p. 3) diz que “ninguém pode afirmar quando se começou a fazer pesquisa científica e, por conseguinte, quando, pela primeira vez, houve comunicação científica”. Embora não possamos afirmar quando teve início a comunicação científica, ao tratar este assunto não é possível excluir a definição básica de comunicação, pois embora seja prática comum desde os primórdios da humanidade, muitas vezes há controvérsias e falta de clareza sobre o que está sendo tratado. É notório que no mundo moderno, o fato de haver um meio para enviar uma mensagem não significa que esta chegará ao receptor, ou, se o fizer, que causará os “efeitos” pretendidos. Nesse caso, a comunicação poderá ou não ser considerada efetivada, dependendo do quadro referencial teórico. Uma pesquisa de conceitos mostrou ainda definições de “tipos”, que classifica a comunicação de acordo com seus níveis de complexidade dentre outras características. Segundo LINDZEY (1986, p. 227), “comunicação sintática, presente apenas nos seres humanos, é fruto da capacidade de recombinar atos representacionais (...)”. A comunicação é essencialmente, um sistema de trocas e ocorre fundamentalmente entre emissores e receptores, sejam eles indivíduos ou entidades, que

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desejam ou necessitam se comunicar, trocar algum tipo de dado ou informação. O conteúdo de uma informação só tem valor se for funcional, compartilhada e útil. Informação sem fluxo é mero dado inutilizado. Por outro lado, a informação é multifacetada, o que nem sempre exige diferentes formas de comunicá-la. Informações diferentes podem ser comunicadas de uma mesma forma assim como podem ser usadas várias formas de se comunicar um mesmo tipo de informação. Por formas, entenda-se tanto os veículos (meios, suportes, fontes, aparatos tecnológicos etc.) utilizados como o modo de comunicar essa mesma informação (texto, fala, imagem). As formas, veículos e métodos variaram e continuam a mudar ao longo dos anos. “O método científico é historicamente determinado e só pode ser compreendido dessa forma. O método é o reflexo das nossas necessidades e possibilidades materiais, ao mesmo tempo em que nelas interfere” (ANDERY, 1996, p. 15), mas a necessidade e a importância de comunicar a ciência (incluindo seus métodos) não muda: é uma necessidade permanente. TARGINO (2000, p.10) alega que “a comunicação científica é indispensável à atividade científica, pois permite somar os esforços individuais dos membros das comunidades científicas (...). É a comunicação científica que favorece ao produto (produção científica) e aos produtores (pesquisadores) a necessária visibilidade e possível credibilidade no meio social em que produto e produtores se inserem”. Lembrando que a comunicação científica é a troca entre membros da comunidade científica, de informações que em geral são resultados de pesquisa acadêmica ou investigação científica, insere-se aqui a definição de Christóvão: A investigação científica, uma das principais atividades desenvolvidas pelo cientista, passa por diversas etapas. Da identificação do problema, que gera a pesquisa, até a publicação dos resultados finais da pesquisa, o cientista entra em contacto com diferentes tipos de sistemas de comunicação (CHRISTÓVÃO, 1979, p. 4).

Segundo Pinheiro e Savi (2005?): “a comunicação científica é importante para a ciência, pois possibilita que as descobertas sejam divulgadas”. As mesmas autoras ressaltam que: “A circulação da informação científica é fundamental para o avanço da ciência, pois é através da troca de informações que os membros da comunidade científica tomam conhecimento dos resultados das pesquisas realizadas” (PINHEIRO E SAVI, 2005). Garvey (1979, p. 10) define comunicação científica como sendo: [...] o campo de estudo do espectro total de atividades informacionais que ocorrem entre os produtores da informação científica, desde o momento em que eles iniciam suas pesquisas até a publicação de seus resultados e sua aceitação e integração a um corpo de conhecimento científico (GARVEY,

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1979 apud BERTIN, 2007).

O valor da informação científica é mensurado por quanto reconhecimento é atribuído a essa informação pela comunidade científica, que também influencia o reconhecimento dos demais setores da sociedade civil – ou leiga. Mikhailov (1980, p.76) define que “valor ou utilidade da informação em geral é sua característica pragmática que afeta o comportamento do receptor desta informação e seu controle sobre a tomada de decisão”. O receptor mais importante nesta dinâmica são os pares, ou seja, os membros da comunidade científica. “O termo comunidade científica tem sido usado com significados diferentes: às vezes designa um grupo específico de cientistas, às vezes a totalidade dos cientistas” (MULLER, 1995, p. 71). Seja qual for o conceito utilizado, o fato é que no ambiente acadêmico-científico, é sempre necessário o respaldo dos pares para avaliar o quanto há de valor para a comunidade científica e para a sociedade em geral numa informação transmitida e, até mesmo, se esta informação pode ser considerada informação científica. “Quanto mais essa informação facilita o alcance das metas do receptor, mais valiosa é para ele. Em outras palavras, a informação adquire valor somente após ter sido incluída na relação: receptor de informação – informação objeto do controle” (MIKHAILOV, 1980, p. 76). Então, quanto maior a contribuição de uma informação para os pares do produtor dessa informação, maior a chance dela ser reconhecida como informação científica. Para o estabelecimento da chamada comunicação científica, deve haver essa troca de informações que ocorre no meio acadêmico-científico com o objetivo de divulgar os trabalhos e pesquisas realizadas, buscando respaldo da comunidade científica – ou seja, de seus pares – de modo a conquistar confiabilidade profissional e o desenvolvimento científico/tecnológico de uma determinada área. Muller escolheu uma definição que é pertinente a este trabalho, de que a comunidade científica é “composta dos que praticam uma mesma especialidade científica e cujos membros tiveram as mesmas educação e iniciação profissional, absorveram a mesma literatura técnica (...). Cada comunidade, normalmente, se ocupa de um assunto comum”. (KUHN, 1970, p.176 apud MULLER, 1995, p.71). Já a divulgação científica é a popularização da ciência, é a forma pela qual a comunidade acadêmica se une com outros membros da sociedade em geral (jornalistas, por exemplo) com o objetivo de “tradução de uma linguagem especializada para uma leiga, visando atingir um público mais amplo” (ALBAGLI, 1996, p. 397), isto é, transformar informação científica em

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informação leiga, para o grande público. Tanto a informação, por si só, como as formas pelas quais ela é transmitida possuem valor social. Ainda segundo Albagli Divulgação científica é um conceito mais restrito do que difusão científica e um conceito mais amplo do que comunicação científica. Difusão científica refere-se a "todo e qualquer processo usado para a comunicação da informação científica e tecnológica". Ou seja, a difusão científica pode ser orientada tanto para especialistas (neste caso, é sinônimo de disseminação científica), quanto para o público leigo em geral (aqui tem o mesmo significado de divulgação). Já comunicação da ciência e tecnologia significa "comunicação de informação científica e tecnológica, transcrita em códigos especializados, para um público seleto formado de especialistas" [grifos do autor] (ALBAGLI, 1996, p. 397).

Isso significa dizer que a divulgação científica é uma comunicação ampla, que traduz a linguagem sobre ciência de um tipo de comunidade (a científica) para outro (a leiga) enquanto comunicação científica é a comunicação entre pares, totalmente especializada e restrita. Já a difusão científica abarca os dois conceitos, pois envolve todos os processos e meios pelo qual a ciência possa ser disseminada. As formas de divulgação científica e de comunicação da ciência envolvem, normalmente, a publicação dos resultados da pesquisa, seja de forma reconhecida pela comunidade científica seja para fins de divulgação para o grande público, em algum tipo de suporte da informação. São eles periódicos científicos, publicações institucionais, relatórios de pesquisa, jornais de grande circulação, sites de notícias ou institucionais, dentre outros. Esse fluxo informacional para difusão científica gera o que os bibliotecários e demais profissionais da informação denominam “Fontes de informação”, conceito que trabalharemos melhor no capítulo a seguir.

2.1 Organizações como fonte de informação De forma ampla e geral, pode-se dizer que fontes de informação são registros do conhecimento ou os suportes onde são registrados os conhecimentos gerados pelo homem ao longo dos séculos. São lugares onde é possível recuperar uma informação ou dado que possa ser reutilizado com fins específicos. A pouco mais de 20 anos, essa forma ampla e geral tem

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sido visivelmente alterada, no mesmo sentido das novas concepções de suportes intangíveis de informação. A forma como a informação vem sendo tratada, com menos ênfase em suporte e mais em conteúdo também alterou o modo de entender fontes de informação. Em 1998, Campello, Caldeira e Macedo organizaram uma coletânea onde já era possível perceber essa variação. São vinte autores escrevendo sobre formas tangíveis e intangíveis de encontrar informação, que os autores separaram da seguinte forma: “manifestações intelectuais criativas” ou “formas de expressão”; “formas de registro da informação”; e “instituições como fontes de informação”. Em 2000, Campello novamente era uma das organizadoras de outro livro que abarca questões a respeito das fontes de informação, dessa vez, fontes especializadas, em que a maior parte trata de fontes com suporte físico definido, ou seja, fontes tradicionais de informação. No entanto, um capítulo escrito pela própria Campello trata de “organizações como fontes de informação”. Este conceito é extremamente importante para justificar e esclarecer os objetivos deste estudo de caso. Campello (2000) menciona dois dos significados que a palavra organização pode assumir e, seguindo esse exemplo, aqui será utilizado aquele que designa “uma entidade em que se engajam pessoas para um trabalho coordenado, estruturado em torno de metas definidas” e não no sentido de ordem ou sistematização. Interessa aqui, as instituições organizacionais, pois “constituem importante fonte de informação” (CAMPELLO, 2000). Dos tipos de organizações existentes atualmente, três definições interessam e merecem ser destacadas para entendimento deste trabalho: 1) organizações educacionais e de pesquisa; 2) organizações profissionais e sociedades científicas; 3) Organizações Não Governamentais (ONGs). Organização não governamental ou ONG é o termo usado internacionalmente para designar organizações que realizam trabalhos voltados para o bem público, sem ligação com o Estado e sem compromisso com as políticas oficiais. O termo foi criado na década de 40 pela ONU que reconheceu a importância dessas organizações como representantes da sociedade civil participativa (CAMPELLO, 2000, p. 46).

O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), por ser juridicamente e administrativamente enquadrada como ONG não pode ser considerado, exatamente, como uma instituição profissional e muitas vezes nem mesmo científica. Mas o comportamento ao

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longo de sua história e a produção de uma gama de documentos hoje considerados de grande valor científico e acadêmico leva-nos a mencionar as semelhanças com esse tipo de instituição para melhor entendimento de suas características e dinâmicas. Reunindo profissionais de saúde com foco num movimento social voltado para um fim específico, a democratização da saúde e a Reforma Sanitária, o CEBES configura-se praticamente como uma instituição mista, por possuir características que fluem de uma definição para outra sem perder sua identidade. É um ponto de intersecção dos três conceitos. “As sociedades científicas têm uma característica que as distingue das associações profissionais, que é o fato de seu foco de interesse ser normalmente uma área do conhecimento e não uma classe profissional” (CAMPELLO, 2000, p. 41). Ou seja, o CEBES possui muitos de seus associados de classes profissionais comuns, normalmente sanitaristas, mas é a área de políticas de saúde que em geral é seu foco de interesse e de discussões, mas ela não é enquadrada como organização de pesquisa ou profissional, embora guarde características comuns a elas, e sim como ONG. CAMPELLO (2000) também ressalta que “algumas organizações, por sua natureza, têm na divulgação de informações sua própria razão de ser”. É o caso do CEBES, como veremos a seguir.

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3 O CEBES – DESCRIÇÃO O Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) é uma instituição político-acadêmica, não partidária, nos moldes de instituição civil sem fins lucrativos (atualmente denominadas ONGs), com o objetivo de fomentar a pesquisa, discussão e proposição de soluções de políticas públicas em saúde desde 1976, ano de sua criação, lutando principalmente a favor das questões sobre reforma sanitária no Brasil. É uma instituição de fomento de reflexões acadêmicas e políticas, que reúne desde profissionais altamente renomados a estudantes para produzir e divulgar conhecimentos nesta área. Sonia Fleury, membro desde o início de sua trajetória profissional e uma das ex-presidentes afirmou que a trajetória do CEBES confundese com a própria história da reforma sanitária no Brasil. Afirmação extremamente pertinente, visto que o CEBES esteve presente na maior parte das lutas pela melhoria da saúde pública no país, desde a década de 70 e que teve participações notáveis em reivindicações como pela criação do Sistema Único de Saúde (SUS), institucionalização do movimento sanitário e outras tantas importantes como será descrito adiante. Segundo José Gomes Temporão, atual ministro da saúde, Entre 1976 e 77 (...) o CEBES passa a ser um importante espaço de atuação comunista. Para mim, o CEBES foi uma escola política, foi neste espaço que aprendi a fazer política. O interessante é que o Cebes era quase que a única voz que analisava criticamente as políticas do governo (SAÚDE EM DEBATE, 1976, p. 401).

Sonia Fleury, ex-presidente, destaca: Ao lutar pela compreensão da saúde coletiva, como um bem público e socialmente determinada, propugnando sistemas de atenção baseados nos valores da solidariedade e na garantia de direitos; nas práticas integrais da promoção à reabilitação; na exigência da participação ativa dos cidadãos nas decisões sobre sua saúde e sobre a política de saúde, estamos permanentemente lutando por uma sociedade mais justa (FLEURY, 2007, p. 1).

Ao longo desses 34 anos de existência, o CEBES conseguiu respeitabilidade acadêmica e política, tanto por seus membros, importantes pesquisadores e professores envolvidos com as discussões da área de saúde coletiva, como por sua própria posição política em defesa da reforma sanitária e de uma política de saúde pública igualitária, que atenda as necessidades e demandas dos cidadãos em todo território nacional.

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Por sua responsabilidade social e política, a produção editorial do CEBES tem grande repercussão no meio acadêmico e em outras instituições que discutem a reforma sanitária bem como outras questões de políticas públicas em saúde (FLEURY, 2007).

O CEBES se estabeleceu ao longo dos anos como gerador de fontes de informação reconhecidamente importante para as questões de saúde pública e políticas de saúde no Brasil. O papel de uma instituição com essa história e responsabilidade é inegavelmente importante na geração de fontes de informação especializadas, assim como os reflexos dessa produção tanto na instituição como na área em que atua, incluindo o percurso das fontes de informação. A produção do CEBES engloba desde papers e documentos para discussão até livros organizados por renomados profissionais da área de saúde coletiva, todos com o peso da qualidade e competência do CEBES. Essa produção será detalhada e avaliada no próximo capítulo. Não sendo uma ONG nem um movimento social típicos, o CEBES se identificou sempre com um lugar da sociedade civil de onde se possa pensar criticamente a saúde e a sociedade brasileira e, desde esta análise de conjuntura, construir estratégias políticas transformadoras, difundi-las e buscar agrupar forças sociais capazes de impulsionar este processo de transformação (FLEURY, 2007, p. 3).

Essas características singulares foram primordiais para despertar o interesse nesse estudo, pois como veremos a seguir, todas essas peculiaridades somadas às constantes atividades políticas e acadêmicas contribuem para uma enorme rede de comunicação informal e formação de colégios invisíveis, além das redes formais, visíveis através das parecerias públicas com as instituições de ensino superior e associações científicas e da produção editorial. A principal luta do CEBES sempre foi pela Reforma Sanitária. Ao contrário do que o senso comum nos remete, o termo sanitário não é apenas o substantivo que faz referência a instalações higiênicas específicas. O dicionário Larousse define sanitário como adjetivo relativo à saúde e higiene, à conservação da saúde pública e às instalações e aparelhos para cuidados de limpeza e higiene. O termo “Reforma Sanitária” foi usado pela primeira vez no país em função da reforma sanitária italiana. A expressão ficou esquecida por um tempo até ser recuperada nos debates prévios à 8ª Conferência Nacional de Saúde, quando foi usada para se referir ao conjunto de idéias que se tinha em relação às mudanças e transformações necessárias na área da saúde. Essas

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mudanças não abarcavam apenas o sistema, mas todo o setor saúde, introduzindo uma nova idéia na qual o resultado final era entendido como a melhoria das condições de vida da população. No início das articulações, o movimento pela reforma sanitária não tinha uma denominação específica. Era um conjunto de pessoas com idéias comuns para o campo da saúde [grifo do autor] (FIOCRUZ, 2010).

Esse quadro mudou consideravelmente. Entre inúmeras instituições que hoje continuam lutando pela Reforma Sanitária, é possível perceber que todos reconhecem seus papéis e denominações. E sabem exatamente pelo que ainda lutam: por condições de saúde justas e dignas para a população e por uma política de saúde que realmente funcione.

3.1 Razões históricas A história do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde não poderia deixar de estar aqui mencionada, pois justifica uma série de escolhas feitas para o presente trabalho além de tornar mais clara a importância e trajetória desta instituição. É uma história que se confunde com a história da saúde deste país, por ter íntima ligação e influência com a própria história política brasileira. Todos os membros trazem consigo uma história de forte identificação com diversos outros movimentos políticos e sociais. Para melhor clareza, esse histórico será dividido em 3 grandes blocos neste trabalho, que são períodos de tempo em que podemos identificar posturas políticas muito específicas e diferenciadas: 1976 a 1990 – Fundação e militância política; 1990 a 2005 – Transformação, dispersão de membros e questionamento identitário; 2005 a 2010 – Refundação.

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3.1.1 Fundação e militância política (1976 – 1990) Em meados da década de 1970, um grupo de jovens acadêmicos da área da saúde começou a reunir-se para discutir e traçar ações e metas para a melhoria da saúde pública no país. Era um grupo fundamentalmente civil e, segundo José Rubem de Alcântara Bonfim (2008) sem nenhuma intenção de tornar-se uma associação profissional ou acadêmica, apenas uma associação de cidadãos com interesses em comum em lutar pelo direito a uma saúde pública digna e acessível a população. Vale lembrar que nesse período já havia ocorrido a consolidação do regime militar e a instituição do Ato Institucional número 5 (AI-5) e que todas as associações, reuniões e sociedades estavam proibidas por lei, o que tornava esse grupo ilegal e suas atividades, clandestinas. Segue trecho do AI-5: Art. 5º - A suspensão dos direitos políticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em: III - proibição de atividades ou manifestação sobre assunto de natureza política; IV - aplicação, quando necessária, das seguintes medidas de segurança: a) liberdade vigiada; b) proibição de freqüentar determinados lugares; c) domicílio determinado, § 1º - o ato que decretar a suspensão dos direitos políticos poderá fixar restrições ou proibições relativamente ao exercício de quaisquer outros direitos públicos ou privados (BRASIL, 1968).

Como resultado dessas reuniões e discussões, o grupo se viu com a necessidade de fazer circular um veículo que expressasse o pensamento crítico do grupo e ampliasse a discussão em nível nacional. Surge então a idéia, proposta pelo famoso sanitarista David Capistrano, da Saúde em Debate (RSD), revista destinada a realizar as pretensões acima descritas. (BONFIM, 2008). Para que essa publicação pudesse circular, observaram a necessidade de um suporte institucional, uma pessoa jurídica que respaldasse e editasse a referida revista. Cria-se então o “Centro Brasileiro de Estudos de Saúde – CEBES”, inicialmente com esse único propósito. Como era de praxe, o trabalho era realizado através de apoio financeiro dos próprios membros, pelas assinaturas arrecadadas e pelo trabalho voluntário dos membros e colaboradores. Nessa época, a revista contou com apoio voluntário de ilustres cartunistas do país , como Chico Caruso (anexo 1), Laerte (anexo 2), Angeli (anexo 3), Henfil, Glauco, entre muitos outros, que, dentre outras contribuições, geraram capas polêmicas e provocativas. As atividades editoriais da revista culminaram na edição e tradução de livros na área de saúde, o

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que ampliou o trabalho do CEBES e estimulou ainda mais as atividades científicas da instituição. Durante anos o CEBES, através de seus membros, trabalhou duro, articulando discussões, fazendo circular idéias, propondo estratégias e convidando a reflexões importantíssimas para motivar mudanças necessárias nas políticas de saúde do país. Tanto esforço e dedicação desses militantes e de militantes de outras instituições (como a ABRASCO, Sindicato dos Médicos, por exemplo) comprometidas com os mesmos fins, gerou um Movimento Sanitário uníssono, que repetia igualitariamente um mesmo discurso de direito à saúde, de reforma sanitária e, principalmente, de democratização da saúde e criação de um Sistema Único de Saúde. Esses atores repetiam e defendiam suas posições insistentemente pelo congresso e pelo país afora. Questionavam a organização do Sistema Nacional da Previdência e Assistência Social (SINPAS) e as propostas de descentralização e municipalização da saúde. Na VI Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1977, o documento alternativo produzido pelos participantes sobre concepções prioritárias de saúde foi recolhido e censurado pelo governo militar que entendia que só poderia haver um único documento: o do próprio governo. Em outubro de 1979 ocorreu o 1º Simpósio sobre Política Nacional de Saúde, evento de grande importância histórica, dentre outros motivos, por marcar o “reingresso do legislativo nas questões consubstanciais da saúde” e gerar um dos mais importantes documentos da história da saúde do Brasil. Este documento, denominado: “Questão Democrática na Área da Saúde” foi elaborado e distribuído pelo CEBES, mas sua concepção foi baseada em um documento produzido pelo Instituto de Medicina Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro onde foram incluídas inúmeras reivindicações dos profissionais e usuários de saúde. Este documento foi produto de discussões de diversos atores durante seminários e conferências que haviam sido realizados. Focava as questões de organização do sistema e concepções de direito à saúde e acesso igualitário (SAÚDE EM DEBATE, 1980). Tanta dedicação do chamado Movimento Sanitário resultou na criação do Sistema Único de Saúde, o SUS, e a incorporação de boa parte do documento aprovado no 1º Simpósio de Política Nacional de Saúde, à Constituição de 1988. O documento, aprovado no 1º Simpósio de Política Nacional de Saúde, em

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outubro de 1979, estabelece alguns princípios que seriam adotados pela Reforma Sanitária: 1) o direito à saúde como direito universal e inalienável; 2) o caráter intersetorial dos determinantes da saúde; 3) o papel do Estado no sentido de regular “para obstaculizar os efeitos mais nocivos das leis do mercado na área da saúde (CEBES, 1980); 4) descentralização, regionalização e hierarquização; 5) participação popular e controle democrático. Entre as medidas iniciais, destaca-se “criar o Sistema Único de Saúde” [grifos do autor] (CORDEIRO, 2004).

Foi especialmente na VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE que o resultado dessas lutas se consolidou e começou a tornar-se realidade: A 8ª CNS [Conferência Nacional de Saúde] foi o grande marco nas histórias das conferências de saúde no Brasil. Foi a primeira vez que a população participou das discussões da conferência. Suas propostas foram contempladas tanto no texto da Constituição Federal/1988 como nas leis orgânicas da saúde, nº. 8.080/90 e nº. 8.142/90. Participaram dessa conferência mais de 4.000 delegados, impulsionados pelo movimento da Reforma Sanitária, e propuseram a criação de uma ação institucional correspondente ao conceito ampliado de saúde, que envolve promoção, proteção e recuperação.

Algumas das informações sobre o número de participantes são conflitantes, mas é fato que o CEBES estava dentre as instituições mais ativas da Conferência Nacional de Saúde (CNS) e foi responsável pela presença de muitos dos participantes que deram grandes contribuições. As falas de Sergio Arouca e Sonia Fleury são das mais comentadas até hoje. O CEBES também foi responsável pela elaboração de diversos documentos que suscitaram discussões, e embasaram documentos oficiais posteriores. Em 1987, começam os esforços para a convocação de uma assembléia constituinte. É nesse contexto que Márcio Almeida, após o fim do seu mandato como deputado estadual do Paraná, assume a presidência do CEBES. Em 1988, com a criação de uma Constituição democrática e, posteriormente, em 1990 com a criação da Lei Orgânica da Saúde, todo o esforço empreendido por esses movimentos e por esses atores haviam, enfim, sido reconhecidos e dado resultados satisfatórios para toda a sociedade. Começa então uma nova fase da história do CEBES.

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3.1.2 Transformação, dispersão de membros e questionamento identitário (1990 – 2005) Com suas recentes conquistas e tantas mudanças no cenário político nacional (fim do regime militar, convocação de eleições democráticas, criação da Constituição de 88 etc.) o movimento da reforma sanitária se viu disperso e obrigado a relembrar seus interesses primordiais de conscientização sanitária da população, que haviam sido ligeiramente deixados de lado em função da luta por um Sistema Único de Saúde. Com tantas conquistas e tantas mudanças políticas no país, o CEBES estava, segundo palavras do então presidente Márcio Almeida, com sua capacidade mobilizatória esgotada. Parte dessa redução se deu em todos os âmbitos do movimento social com o fim do regime militar já que houve uma intensa incorporação dos principais atores desses movimentos pelo aparelho do estado (que precisou substituir militares por civis com o fim do regime). Nessa mudança contextual houve uma necessidade de retomar o movimento político e foram esses mesmos militantes que absorveram essas funções, o que acabou por diminuir a força do movimento social, pois ficou impossível conciliar as duas coisas, devido à demanda de ambos os movimentos. O CEBES ainda exercia seu papel de liderança intelectual, cada dia mais fortalecido, e era o momento de colocar-se como instância de pensamento e difusão editorial. Para tais finalidades, Márcio Almeida articulou diversos convênios. O principal deles foi com a HUCITEC com quem o CEBES dividiu a editoração de livros extremamente importantes para a história da saúde pública de autores de excelência reconhecida como Giovanni Berlinguer, Samuel Pessoa e Carlos Gentile de Melo. A proposta do ex-presidente era de transformar o CEBES em editora para que se pudesse manter com recursos próprios advindos do trabalho editorial que já exercia com competência. Sua proposta foi negada pelos demais membros, tendo sido aceita apenas a proposta de captação de recursos através da criação da revista Divulgação em Saúde para Debate (DSD), que seria editada em convênio com instituições que tivessem interesse na divulgação científica e/ou política através do CEBES e pudessem pagar os custos editoriais desta publicação. A primeira Divulgação em Saúde para Debate foi uma espécie de relatório do que se fazia em saúde no Rio de Janeiro a época.

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3.1.3 Refundação (2005 – 2010) Em 2005, após um longo período de atividades inexpressivas em que até o carro-chefe do CEBES, a revista Saúde em Debate, ficou temporariamente parado, Sarah Escorel assume a presidência e, em seus dois mandatos subseqüentes conquista recursos para voltar a editar a RSD e a DSD e faz com que o CEBES retome ligeiramente algumas de suas atividades. No final do seu mandato, Sarah Escorel faz uma proposta polêmica, responsável por mudar o rumo da instituição: numa reunião de diretoria, coloca-se favorável ao encerramento definitivo das atividades do CEBES por acreditar que este tenha cumprido sua missão. Tal declaração gerou indignação por parte de um grupo de membros que devido a uma convocatória realizada por Sonia Fleury, extremamente respeitada por suas declarações polêmicas desde a 8ª Conferência Nacional de Saúde, começa reunir-se contra a proposta de fechamento da presidente Sarah Escorel e favor de traçar metas e debates para o movimento denominado Refundação do CEBES. A chapa presidida por Sonia Fleury venceu as eleições cebianas em 2006, no Congresso da Abrasco onde eram realizadas desde a década de 1970. Dentre as proposta inovadoras da gestão estava a de levar o CEBES para a internet. Ainda em 2006, com propostas de boletins mensais que acabavam saindo com certa irregularidade, o CEBES entrava para a web pela primeira vez. Pela primeira vez em anos, o CEBES conquistou certa autonomia financeira, se é que se pode colocar nestes termos, ao conquistar financiamento de um projeto da Organização Panamericana de Saúde (OPAS) junto ao Ministério da Saúde através de uma carta-acordo que disponibilizou os recursos utilizados para manutenção do CEBES e toda sua movimentação acadêmica e política nos últimos anos. Em agosto de 2009, na primeira eleição realizada em evento próprio, o CEBES elegeu a nova diretoria, com Roberto Passos à presidência ao lado de diretores com reconhecida história política e cebiana.

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4 FLUXO DA COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA Tanto pelo período do regime militar como pela escassez de recursos devido a sua natureza essencialmente de movimento social, o CEBES utilizou-se muitas vezes de eventos de outras instituições para gerar informações e fomentar debates e discussões, e também contou com parcerias e convênios, além de voluntariado, para edição de publicações que levavam sua voz e posição política. O CEBES conta com diversos instrumentos de comunicação científica. Atualmente, após o financiamento concedido pela Organização PanAmericana de Saúde (OPAS) e Ministério da Saúde (MS), os recursos permitiram que fossem ampliados ainda mais esses instrumentos. Podemos citar como exemplo desses instrumentos utilizados nos últimos quatro anos, os seminários, as oficinas, os simpósios, os periódicos, os livros e o site. Cada um desses espaços será detalhadamente descrito mais adiante. Campello define que organizações são fontes de informação devido a sua própria natureza. Serão descritos aqui apenas os eventos e publicações dos últimos 4 anos, por considerarmos sua repercussão e resultados de maior relevância para este estudo, bem como por termos maior facilidade no acesso aos materiais e documentação desse período. Para os objetivos desse trabalho, utilizaremos somente as informações que podem ser definidas como comunicação formal, segundo Meadows, que foram divididas em grupos da seguinte forma: Eventos: Oficinas, Reuniões, Simpósio, Seminários; Publicações: Saúde em Debate, Divulgação em Saúde para Debate, Livros; Recursos eletrônicos online: Site, blog, Biblioteca Virtual David Capistrano.

4.1 Eventos O processo que vai da preparação dos eventos até a sua realização efetiva engloba um complexo sistema que Meadows (1999) chama “comunicação informal”. Incluem, na sua preparação, telefonemas, e-mails, indicações pessoais, visitas a instituições para parcerias, reuniões e convites para o estabelecimento dos temas a serem abordados, dos convidados e palestrantes, do financiamento, do local de realização e até dos responsáveis diretos. Esse

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processo envolve, quase sempre, longas discussões sobre os assuntos mais importantes em voga, os profissionais mais capacitados para determinadas tarefas ou palestras, encomenda de papers para nortear a discussão, ou seja, o fluxo de informação quase invisível e de difícil recuperação (característica da comunicação informal) começa desde a idealização do projeto para pleitear financiamento. Não serão abordados aqui todos os aspectos específicos dessa comunicação informal. A breve alusão se deve ao fato de situar o leitor, lembrando que existe todo um processo primordial aos processos de formalização da comunicação. No sistema de comunicação informal estão incluídos os contatos interpessoais, os telefonemas, as cartas trocadas entre cientistas, as visitas inter-institucionais, as reuniões científicas (desde os congressos internacionais até pequenas reuniões de grupos locais), etc (CHRISTÓVÃO, 1979, p. 4).

A comunicação formal começa, quase sempre, no site da instituição, onde são divulgadas as atas e relatórios das reuniões e oficinas, “Termos de Referência” para as discussões dos eventos, falas das mesas dos eventos, vídeos, entrevistas. As chamadas e convites para artigos dos periódicos podem ocorrer antes ou depois do evento, dependendo do desenvolvimento do tema em questão ou da pretensão do evento. Esclarecendo: quando o evento tem a intenção de fomentar uma discussão em pauta, a chamada de artigos para esse tema pode ocorrer antes, mas quando a intenção é gerar novos paradigmas ou diretrizes políticas para um assunto consolidado que precisa ser atualizado ou revisado, a chamada pode ocorrer depois do evento, para que sejam avaliados os resultados das discussões. Os papers gerados pelos palestrantes antes dos eventos são reformulados após as contribuições advindas das discussões, mesas e palestras e são posteriormente publicados, algumas vezes como artigos especiais da revista e outras vezes, como capítulos de livros. No sistema de comunicação formal estão incluídas fontes primárias e secundárias. Fontes primárias seriam, por exemplo, periódicos e livros, embora, na transição do sistema formal para o super-formal, os livros pudessem ser incluídos neste último. Os livros, neste caso, seriam considerados como uma abordagem do conhecimento já aceito e absorvido pela comunidade científica (CHRISTÓVÃO, 1979, p. 4).

O projeto que incluía os eventos, bem como as publicações vinculadas a eles, denominase “Reforma Sanitária em Debate: atualização da agenda, desafios à renovação dos conhecimentos e práticas”. Seus objetivos: 1) gerar um amplo e sistemático debate sobre temas considerados estratégicos para o avanço da Reforma Sanitária, permitindo um aprofundamento do conhecimento neste campo; 2) formular estratégias de políticas públicas

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necessárias para enfrentar os desafios atuais da Reforma Sanitária; 3) aglutinar atores sociais e políticos em torno de uma coalizão reformadora que viabilize as transformações desejadas; 4) difundir a consciência sanitária e formar novas gerações de profissionais e atores sociais comprometidos com a Reforma Sanitária. O trabalho incluía desenvolver um grupo de temas estratégicos para debate. São eles: Seguridade Social; Saúde e Legislativo; Trabalho e Saúde; Relação entre o Público e o Privado; Justiça e Saúde; Saúde do Trabalhador; Gestão Hospitalar; Modelos de Atenção; Desenvolvimento Econômico e Saúde; Pacto Federativo e Saúde; Participação e Controle Social na Saúde; Saúde e Ambiente. Foram realizados seis seminários internacionais, um simpósio, três reuniões de conjuntura, uma reunião sobre Reforma Psiquiátrica em parceria com a Abrasco e uma oficina, conforme disposto abaixo: a) 19-20 de março de 2010 – SEMINÁRIO DE DETERMINAÇÃO SOCIAL DA SAÚDE; b) 10-11 de dezembro de 2009 – SEMINÁRIO “GESTÃO PÚBLICA NA SAÚDE: ALTERNATIVAS PARA A CONSOLIDAÇÃO DO DIREITO UNIVERSAL"; c) 28-29 de agosto de 2009 – I SIMPÓSIO DE POLÍTICAS E SAÚDE; Lançamento do LIVRO “SEGURIDADE SOCIAL, CIDADANIA E SAÚDE”; d) 23-24 de abril de 2009 – SEMINÁRIO “O PÚBLICO E O PRIVADO NA SAÚDE”; e) 30-31 de janeiro de 2009 – SEMINÁRIO: "CRISE ECONÔMICA MUNDIAL E A CONJUNTURA POLÍTICA E SOCIAL NA AMÉRICA LATINA – IMPACTO NA SAÚDE"; f) 28 de setembro de 2008 – OFICINA: REFORMA DE ESTADO E GESTÃO DE SISTEMAS E SERVIÇOS DE SAÚDE; g) 04-05 de setembro de 2008 – SEMINÁRIO INTERNACIONAL "SEGURIDADE SOCIAL E CIDADANIA: DESAFIOS PARA UMA SOCIEDADE INCLUSIVA"; h) 26-27 de junho de 2008 – SEMINÁRIO “SAÚDE E DEMOCRACIA: PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E INSTITUCIONALIDADE DEMOCRÁTICA”; i) 14 de dezembro de 2007 – REUNIÃO EM DEFESA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA – realização ABRASCO/CEBES. A participação nos eventos é bem variada e inclui estudantes de todos os níveis (da graduação ao pós-doutorado), profissionais iniciantes e com carreira consolidada, além de

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gestores da área de saúde. Nos eventos do CEBES, bem como em qualquer evento acadêmico as trocas de informações são inúmeras. Algumas estão gravadas em áudio ou vídeo, transcritas, mas outras apenas geraram melhores pesquisas e/ou documentos. Algumas contribuíram para o crescimento acadêmico ou profissional dos participantes e outras geraram publicações de alta qualidade e reconhecimento pela comunidade científica.

4.2 Publicações A Revista Saúde em Debate é um periódico científico cuja história se confunde com a da própria instituição como foi mencionado no capítulo anterior. Esta célebre participação tem uma clara justificativa: A comunidade científica concedeu às revistas indexadas e arbitradas (com peer review) o status de canais preferenciais para a certificação do conhecimento científico (...). As revistas indexadas estão, dessa forma, no centro do sistema tradicional de comunicação científica (MULLER, 2006, p. 27).

Ou seja, a RSD não é simplesmente uma importante publicação do CEBES, ela é o cerne desta instituição. Embora seus membros fundadores sejam os grandes responsáveis por sua trajetória e pelo que o CEBES se tornou, eles são transitórios e seguem outros caminhos ditados por suas carreiras acadêmicas e profissionais. A Saúde em Debate é o que retifica a importância do CEBES e o que lhe confere respeitabilidade, ao menos enquanto continuar sendo publicada nos moldes aceitos pela comunidade científica e obtiver seu aval, como tem ocorrido ao longo dos anos. Sua trajetória se mistura com todo o trabalho do CEBES, e continua entrelaçada a quase todos os âmbitos e atividades desta instituição. É através dela que se colocam as prévias dos assuntos que serão discutidos ou os resultados dos que já o foram; é um catalisador de idéias e debates; é a voz do CEBES, lugar de memória e de registro de documentos, está ligada assim aos eventos, ao site e às outras publicações. Está estruturada da seguinte forma:  editorial: comum em periódicos é uma breve palavra dos editores sobre assuntos pertinentes do contexto político nacional, do cebes ou sobre a temática do número da

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revista;  apresentação: apresenta a revista e/ou a temática específica do número a que se refere;  artigos temáticos: artigos referentes ao tema do escolhido para aquele número. às vezes incluem artigos de debate de convidados;  artigos de tema livre: artigos de autores que submetem espontaneamente seus trabalhos à avaliação, através do método duplo-cego por pareceristas do conselho adhoc da revista (composta de membros da comunidade científica);  artigos internacionais: artigos de autores convidados ou submetidos espontaneamente que tratam de assuntos de saúde pública de outros países;  resenhas: resenhas de livros submetidos espontaneamente ou sob convite;  depoimentos: artigos de opinião, normalmente de renomados especialistas, que podem ser convidados ou submeter espontanemente;  documentos: seção em que geralmente publicam-se os documentos gerados pelo CEBES (artigos, cartas, manifestos, moções etc.). A revista Divulgação em Saúde para Debate, ao contrário, não é considerada um periódico científico. É, antes, um periódico de divulgação científica. Como mencionamos anteriormente, foi criada com a finalidade de captação de recursos para o CEBES e continua exercendo essa função até hoje. Cada seminário gerou um termo de referência, para ser discutido pré-evento que trazia as diretrizes das discussões e dos temas a serem tratados nos seminários. Gerou também cerca de nove papers por evento, correspondentes a uma solicitação feita a cada um dos palestrantes. Esses textos foram trabalhados e editados para formar os livros da Coleção Pensar em Saúde. Os primeiros livros publicados eram de autores ligados ao CEBES, mas não eram publicações resultantes de atividades exclusivamente cebianas. O primeiro livro com o perfil da instituição foi lançado em 2007, denominado “Saúde em Debate: Fundamentos da Reforma Sanitária” e foi uma proposta de coletânea dos artigos históricos da revista Saúde em Debate, sobre as questões fundamentais da Reforma Sanitária e democratização da saúde. Editado pelo CEBES, organizado pela então presidente Sonia Fleury, junto a sua 1ª vicepresidente Ligia Bahia e ao editor científico Paulo Amarante, o livro reúne 41 textos em edição fac-símile, ou seja, reproduzidos tal qual foram publicados à época. O livro foi tão bem aceito pela comunidade científica que precisou ser reimpresso em 2008, pois os exemplares

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haviam sido esgotados, mas não a demanda pelo livro. Os livros editados em seqüência pertencem à Coleção Pensar em Saúde, parte do projeto supracitado, financiado pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS). São textos gerados a partir dos seminários, com a mesma temática. Os dois livros já lançados, Participação Social, Democracia e Saúde e Seguridade Social, Cidadania e Saúde também foram reimpressos por estarem esgotados. Serão lançados ainda este ano os livros referentes aos demais seminários. Nos últimos quatro anos foram publicadas sete cartas abertas, três livros (um livro ainda será lançado com o tema “Público e Privado” que será publicado junto ao de “Gestão Pública na Saúde)”, nove revistas Saúde em Debate (mais três serão publicadas) e uma Divulgação em Saúde para Debate (mais três serão publicadas), inúmeros boletins que são enviados por mala direta e são também disponibilizados no site. Foram realizadas dez entrevistas, sendo seis filmadas e quatro transcritas e publicadas no site.

4.3 Recursos eletrônicos online O Site do CEBES está no ar desde 2007, sob o domínio , e é o meio de comunicação/divulgação mais amplo desta instituição, por sua flexibilidade e pelo tão grande alcance de público (ver estatística de acessos em anexo). Permite acesso totalmente gratuito e irrestrito aos documentos e publicações do CEBES que possuem versão eletrônica ou digital, ou seja, o acesso não é limitado a associados; permite o cadastro para recebimento de boletins; download de arquivos; impressão e envio das matérias ou documentos por e-mail. Está assim dividido por links ou menus (algumas áreas são auto-explicativas, o que dispensa comentários): a) menu principal, item 1: O CEBES; sublinks: Quem somos – inclui uma breve descrição; Estatuto Social – estatuto disponibilizado na íntegra; Diretoria; Conselhos; Secretaria; Plataforma Política. b) menu principal, item 2: Núcleos; sublinks: Núcleos do CEBES – explicação sobre

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e orientação para os núcleos; Blog dos Núcleos; Contato dos Núcleos; Notícias dos Núcleos. c) menu principal , item 3: Blog – espaço utilizado para postagem de textos, artigos, documentos que a diretoria julgar interessante divulgar, tal qual um blog comum; sublinks: Blog do Cebes; Blog dos Núcleos; Entrevistas. d) menu principal, item 4: Conjuntura – espaço para textos e notícias conjunturais da saúde; sublinks: Internacional; Nacional-política e econômica; Nacional-saúde; Reuniões de Conjuntura – textos sobre as reuniões de conjuntura realizadas pelo CEBES. e) menu principal, item 5: Projeto Memória – projeto financiado pela FIOCRUZ com o objetivo de resgatar a história e a memória institucional do CEBES; sublinks: O que é; Biblioteca David Capistrano – espaço onde inserem-se as publicações disponíveis no site; Documentos do CEBES – espaço onde disponibilizam e permitem o download de documentos produzidos pelo CEBES; Revista Saúde em Debate – coleção da RSD disponível para acesso e download; Revista Divulgação – alguns números disponíveis para consulta; Videoteca – espaço onde disponibilizam de vídeos. f) menu principal, item 6: Notícias; sublinks: O CEBES apóia – eventos e manifestos com a mesma linha ideológica do CEBES; O CEBES participa – informações sobre a participação do CEBES e de seus membros em eventos e no cenário acadêmico-político em geral; Do CEBES e parceiros – notícias geradas pelo próprio CEBES e de instituições pareceiras; Notícias dos Núcleos; O CEBES no CNS – sobre a participação do CEBES no Conselho Nacional de Saúde; Radar na Mídia – notícias importantes de saúde transcritas na íntegra de relevantes fontes midiáticas; Espaço Opinião. g) menu principal, item 7: Agenda; sublinks: no Brasil – espaço para divulgação de eventos da área de saúde no Brasil; no Exterior – espaço para divulgação de eventos da área de saúde no Exterior; Oficinas e Seminários – sobre os eventos realizados e a serem realizados pelo CEBES; Próximas reuniões. h) menu principal, item 8: Links; sublinks: no Brasil; no Exterior; Bibliotecas Virtuais. i) menu principal, item 9: Contatos; sublinks: Fale conosco.

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Devido à sua natureza, o site do CEBES, principalmente na área do Blog, aproxima a distância descrita por Meadows, entre a comunicação formal e informal. Elas ocorrem simultaneamente, desde que seja possível que os usuários façam comentários a respeito de documentos publicados no site, por exemplo, bem como do último número da revista ou de uma notícia vinculada. Nos espaços de divulgação dos eventos também há comentários acerca da própria realização do evento, das expectativas, enfim, uma série de informações que de outras formas estaria perdida e dispersa em e-mails ou falas não registradas. De fato, ainda não há formas seguras de armazenar e recuperar essas informações, mas as possibilidades de redução da perda destas informações são inúmeras.

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5 CONCLUSÃO Foi possível observar que, tão importante quanto a própria ciência é o fato de ela poder ser comunicada, além das formas e objetivos pelos quais ela pode ser comunicada. Acreditase, considerando os autores trabalhados, que a comunicação da ciência justifica e respalda a existência da própria ciência. O objetivo deste trabalho foi pensar o fluxo da comunicação científica na prática, ou seja, numa situação real e não teórica, através de um estudo de caso de uma instituição escolhida por sua história e por apresentar elementos e meios de comunicação apropriados a esse estudo. Nesse sentido, ao longo do segundo capítulo deu-se destaque à conceituação da ciência, da comunicação e da informação, ressaltando principalmente as relações desses conceitos e sua participação na concepção de comunicação científica, e o papel desta na comunidade científica e na sociedade em geral. Por fim, foi delineada a noção de organização como fonte de informação de modo a situar o CEBES nesse contexto. Essa comunicação, como foi vista, ocorre de duas formas: 1) entre pares, ou seja, entre membros de uma comunidade científica que trocam informações com o objetivo de agregar valores, agregar as descobertas de outros pesquisadores/profissionais, avançar e aprimorar cientificamente em uma determinada área, registrar a originalidade se sua descoberta etc.; 2) da comunidade científica apara o público leigo, com o objetivo de obter aceitação da sociedade e divulgar os avanços científicos obtidos. Tanto a comunicação científica como a divulgação científica são formas de difusão da ciência, que precisam de suportes, como toda informação que se pretende multiplicar e geram, por sua natureza, o que conhecemos como fontes de informação. Segundo Campello, organizações também podem ser consideradas como fontes de informação, que é o caso do CEBES, como foi mencionado anteriormente. No capítulo 3, efetuou-se uma descrição da instituição utilizada como objeto, mostrando sua importância na história da saúde do país, situando historicamente sua criação e sua atuação.

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No capítulo 4, deu-se destaque ao fluxo informacional, mostrando o percurso da comunicação

científica

através

dos

meios

de

comunicação

existentes,

descritos

detalhadamente neste capítulo, e a atuação do CEBES como elemento fundamental de fonte de informação em saúde coletiva no Brasil, justificando o conceito de organização como fonte de informação. Como foi visto, são muitos os espaços do CEBES em que é possível observar a concretização do processo de comunicação científica. Desde a execução de palestras e suas gravações até a edição dos livros, frutos das atividades acadêmico-políticas, são inúmeras as etapas que percorre a informação. As alterações de um trabalho escrito pré-evento e suas modificações após a colaboração e o retorno dos participantes para ser publicado mostram o quanto esse fluxo é importante para consolidar uma posição científica mais forte e estruturada para determinadas áreas. O CEBES, além das características que fazem com que seja uma preciosa fonte de informação por ser uma organização, como diz Campello, mostra ainda sua importância como memória da saúde pública do país por ter formalizado e divulgado ao longo desses anos diversas discussões, decisões e políticas no âmbito da saúde nacional. “A informação científica é o insumo básico para o desenvolvimento científico e tecnológico de um país” (KURAMOTO, 2006). É provável que a informação científica gerada pelo CEBES tenha contribuído em muitos momentos para o desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, mas sem dúvida alguma, contribuiu imensamente para seu desenvolvimento social.

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40

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ANEXOS

42

ANEXO A – desenho do Chico Caruso para revista Saúde em Debate n. 3

ANEXO B – desenho do Laerte para revista Saúde em Debate n. 4

ANEXO C – desenho de Angeli para revista Saúde em Debate n.4

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