Fluxograma - As categorias da narrativa literária de Todorov
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As categorias da narrativa literária Tzvetan Todorov
Estuda-se não a obra, mas as virtualidades do discurso literário
Obra projetada sobre o discurso literário
Sentido e
Sentido
História e
interpretação
da obra
discurso
p.219
Elemento da obra que entra em correlação com outros elementos dessa obra e com a obra inteira
A narrativa como HISTÓRIA
p.223
Oposição entre temas e figuras
Antítese
As diferentes histórias se alternam. Há oposição entre conteúdo e figuras
Gradação
O personagem parece representar um papel de primeira ordem e é a partir disso que se organizam os outros elementos da narrativa
Paralelismo
A monotonia é evitada na narrativa graças à gradação. Uma sequência lógica do que precede
Um perigo
Uma atitude de...
Fórmulas verbais
Que trata de grandes unidades das narrativas
Os “detalhes” da narrativa
Os predicados de base
Rejeição, recusa
A sucessão das ações obedece a uma lógica
Desejo
Se realiza na forma mais difundida, no amor
1 O perigo provoca uma resistência ou uma fuga etc.
O personagem que é caracterizado exaustivamente por suas relações com os outros personagens. É um tipo de literatura, o drama
A deformação temporal
Semelhança entre formas verbais articuladas em circunstâncias idênticas
A regra da oposição
Oposição ao amor é o ódio
3 A história participa de um tipo de narrativa que se poderia chamar “psicológica”.
A aparência não coincide necessariamente com a essência da relação
Pode ser postulado dois níveis de relações, o de ser e o de parecer
POR EXEMPLO: Alguns personagens usam a vileza, a hipocrisia e outros a má-fé ou a ingenuidade no percurso
Estes termos concernem à percepção dos personagens e não a nossa
Leva a postular a existência de um novo predicado que se situa no nível secundário: o de tomar consciência, de perceber
A regra do passivo
Designará a ação que se produz quando um personagem se dá conta de que a relação que tem com o outro personagem não é a que acreditava ter
p.232
A mesma narrativa pode ter muitas estruturas
O estudo das ações é um elemento independente da obra
Se realiza pela “ajuda”
p.231
Apesar da narrativa apresentar proposições diferentes, cada caso permanece fiel à história
Um defeito da demonstração prende-se à qualidade do exemplo escolhido
Se realiza na “confidência”
Participação
Regra de derivação
2 Obtemos um resultado diferente a partir da mesma narrativa
Comunicação
As transformações pessoais
O ser e o parecer
Noção de transformação pessoal de uma relação
Regras de ação
Sentimentos que experimentam personagens diferentes e que têm teor desigual
Ação de tornar um segredo público
Cada ação tem um sujeito e um objeto
Deseja e é desejado Odeia e é odiado
Confia e é confidente torna público suas aventura, mas apregoa as próprias ações
Os personagens, Valmont, Merteuil etc.
Personagem: ou ser os sujeitos, ou ser os objetos das ações descritas pelos predicados Ajuda e é ajudado Opõe-se a certas ações, mas sofre oposição
Esses agentes (sujeito e o objeto da ação) e os predicados são unidades estáveis
c) Os modos da narrativa
p.246
Sons a, b, c ou as palavras a, b, c ou os acontecimentos a, b, c trocam de sentido e de signicação emocional
Dois sons, combinando-se, ou duas palavras, sucedendo-se, formam uma certa relação...
...que se define pela ordem de sucessão dos elementos...
...que é inteiramente definida pela ordem e pela disposição desses acontecimentos
... assim, dois acontecimentos ou ações, combinando-se, dão juntos uma nova correlação dinâmica...
Sejam A e B dois agentes, e que A ama B
Regras de derivação
São regras que descrevem as relações entre os diferentes predicados
A age de maneira que a transformação passiva deste predicado se realize
2 Sejam A e B dois agentes, e que A ama B no nível do SER
A não ama B no nível do parecer
3 Sejam A, B e C três agentes, e que A e B tenham uma certa relação com C
Se A toma consciência que a relação B-C é idêntica à relação A-C, ele agirá contra B
As ações de participação são conscientes nos personagens “fortes” e inconscientes nos personagens “fracos”
4 Sejam A e B dois agentes, e que B seja confidente de A
Se A torna-se o agente de uma proposição engrendrada por R1, troca de confidente
...se os colocarmos na ordem seguinte: b, c, a; b, a, c.
A disposição dos acontecimentos na narrativa, a combinação das frases...
...representações, imagens, ações, atos, réplicas, obedece às mesmas leis de construção
Encadeamento
Alternância
Encaixamento
O tempo da enunciação (escritura)
O tempo da percepção (leitura)
O tipo de discurso utilizado pelo narrador para nos fazer conhecer a história
A infração na história
Representação (discurso) Narração (história)
ele (na história) e um eu (no discurso), entre o personagem e o narrador
Tempo da escritura e Tempo da leitura
Encadeamento Alternância, Encaixamento
p.236
1
p.237
Passagem da voz ativa à voz passiva
O ato de ajudar está no de impedir
Os predicados, noção funcional, “amar”, “confiar-se”
personagens
A deformação temporal é um traço que distingue discurso de história
As regras tem como dados de partida agentes (sujeito e o objeto da ação) e os predicados
O universo dos personagens guia pelas noções
predicados
A maneira pela qual a história é percebida pelo narrador
O aspecto reflete a relação entre um
p.234
A aparição de um projeto provoca a aparição de um obstáculo
p.224
Cada um dos participantes é caracterizado mais nitidamente graças a comparação
Proposições que descrevem atos
Concerne a... e caracteriza seu comportamento
Uma pretensão
Fios da intriga
O eixo PARADIGMÁTICO se define por relações do tipo “ou... ou...”.
O eixo SINTAGMÁTICO se define por relações do tipo “e... e...”.
A infração à ordem 3
b) Os aspectos da narrativa
A relação entre o tempo da história e o do discurso
Ruptura entre Valmont com Tourvel e a morte de Valmont
(J. Pouillon).
1
2
3
2
Narrador > Personagem (visão por trás)
Narrador = Personagem (visão COM)
Narrador < Personagem (visão de fora)
Narrador = Personagem (visão COM)
(P. Maranda).
A narrativa inteira é constituída pelo encadeamento ou encaixamentos de micronarrativas
Tentativa (frustrada ou realizada) de concretizar um projeto
a) O tempo da narrativa
O modelo homológico
(C.Bremond).
Ela é discurso porque existe um narrador que relata a história e há diante dele um leitor que a percebe
2
b) Os personagens e suas relações
A narrativa inteira é constituída pelo encadeamento ou encaixamentos de micronarrativas
É história na medida que evoca uma certa realidade, acontecimentos que teriam ocorrido, personagens, que se confundem com a vida real
Ela aparece em um universo literário povoado pelas obras já existentes e é aí que ela se integra
Para ter um sentido, a obra deve ser incluída em um sistema superior
A narrativa como DISCURSO
a) Lógica das ações
O modelo triádico
A interpretação de um elemento da obra é diferente segundo a personalidade do crítico
A história é uma convenção, não existe no nível dos próprios acontecimentos
1
As repetições
Cada elemento da obra tem um ou muitos sentidos que são em número finito e que é possível estabelecer uma vez por todas
p.221
Valmont em relação a Merteuil: há desejo de posse, mas tb oposição e confidência
Queda de Tourvel e a aventura de Valmont que torna-se amor
DRAMA a história não é relatada, desenvolve-se diante de nossos olhos; não há narração, a narrativa está contida nas réplicas dos personagens
Crônica é uma pura narração, o autor é uma simples testemunha que relatos os fatos. Os personagens não falam
Evolução dos aspectos da narrativa
A infração no discurso
Valor da infração
A infração concerne à maneira pela qual somos advertidos a seu respeito
Comentários de Valmont e Merteiul informava sobre a essência do ser e do parecer
A suspensão das confidências entre V e M nos priva do SER e devemos sozinhos tentar adivinhar pelo PARECER
A narração estava contida nas cartas de V e de M e, depois dessa infração, passa para Volanges
Pode-se imaginar uma quarta parte diferente no romance, uma parte tal que a ordem precedente não seja infringida?
Consiste em justapor diferentes histórias: acabada a primeira, começa a segunda
Consiste em contar duas histórias simultaneamente, interrompendo ora uma ora outra, para retomá-la an interrupção seguinte
Valmont encontraria um meio mais flexível para romper com Tourvel; saberia resolver um conflito entre ele e Merteuil
Os “devassos” encontrariam uma solução que lhes permitisse evitar os ataques de suas próprias vítimas p.261
p.244
É a inclusão de uma história no interior de uma outra
Caso em que o narrador fala de sua própria narrativa, do tempo que tem para escrever ou para contá-la
O tempo de leitura é um tempo irreversível que determina nossa percepção do conjunto, mas...
o Narrador sabe mais que seu personagem
Não se preocupa em nos explicar como adquiriu este conhecimento
o Narrador sabe tanto quanto os personagens
Não pode oferecer uma explicação dos acontecimentos antes de os personagens a terem encontrado
o Narrador sabe menos que qualquer personagem
Pode-nos descrever unicamente o que se vê, ouve etc., mas não tem acesso a nenhuma consciência
Vários aspectos de um mesmo acontecimento
O artifício consiste em apresentar a história através de suas projeções na consciência de um personagem
p.248 Representam uma projeção rigorosa das duas relações sintáticas fundamentais: a coordenação e a subordinação
...pode tornar-se um elemento literário com a condição de que o autor o leve em conta na história
Por exemplo, no início da página, diz-se que são dez horas, e na página seguinte que são dez e cinco
Vê através dos muros da casa tanto quanto atráves do crânio de seu herói
Seus personagens não têm segredos para ele
Conhecimento simultâneo dos pensamentos de muitos personagens
Tolstoi conta sucessivamente a história da morte de um aristocrata, um camponês e de uma árvore
Nenhum dos personagens percebe-se em conjunto; estamos na presença de uma variante da visão “por trás
A narrativa pode ser conduzida na terceira pessoa
Segundo a mesma visão que um personagem tem dos acontecimentos
A superioridade do Narrador pode-se manifestar em um conhecimento
Conhecimento dos desejos secretos de alguém
A narrativa pode ser conduzida na primeira pessoa
Kafka tinha começado o Castelo na primeira pessoa, modificou para a terceira pessoa
Sempre no aspecto “narrador” = “personagem”
O narrador pode seguir um único ou muitos personagens
O narrador é uma testemunha que não sabe nada e, mesmo mais, não quer saber nada
Entretanto, a objetividade não é tão absoluta como se desejaria (“afetuoso e exasperado”)
Fala dos personagens, fala do narrador
Objetividade e subjetividade na linguagem
Imagem do narrador e imagem do leitor
Aspectos e modos p.254
p.251 Visão estereoscópica é quando os personagens contam (ou veem) o mesmo acontecimento ou muitos acontecimentos diferentes
O SER e o PARECER. O aspecto da narrativa que participa do “ser” se aproxima de uma visão “por trás” (do caso NARRADOR > PERSONAGEM)
Fala (parole) dos personagens (o estilo direto) Fala (parole) do narrador
Temos a impressão de assistir a atos quando o modo utilizado é a representação
A fala dos personagens em uma obra literária tem um estatuto particular
...enquanto esta IMPRESSÃO desaparece no momento da NARRAÇÃO
Se um personagem diz: “Você é bela”. Este personagem realiza um ato: articula uma frase
A NARRAÇÃO aparece nas cartas de confidência, atestada pela existência da carta; a REPRESENTAÇÃO concerne às relações amorosas e de participação, que adquiriram uma presença mais sensível
Essa troca não é simples substituição, mas a escolha de uma nova visão
Relaciona-se, como toda fala, a realidade designada, mas representa um ato, o ato de articular esta frase
Representação em três formas de discurso diferentes: pelo estilo direto; pela comparação; e pela reflexão geral
Toda fala é um enunciado e uma enunciação
Enquanto enunciação, ela se relaciona ao sujeito da enunciação e guarda um aspecto subjetivo
Enquanto enunciado, ela se relaciona com o sujeito do enunciado e permanece objetiva
Os aspectos e os modos se referem a imagem do NARRADOR
A frase “M. Dupont chegou à casa às 10h em 18/3” tem caráter OBJETIVO
O NARRADOR é o sujeito da enunciação que representa um livro
Estilo panorâmico
Estilo cênico
(H. James).
(P. Lubbock).
É a narração e a visão “por trás” (narrador > personagem)
Éa representação e a visão “com” (narrador = personagem)
Dois modos do discurso: constatativo (objetivo) e performativo (subjetivo)
Este romance, contudo, conhece os dois modos: se a maior parte das cartas representam atos e participam assim da representação, outras informam apenas sobre acontecimentos
p.253
Na oposição entre os aspectos subjetivo e objetivo da linguagem
Sob a manifestação das categorias implícitas
Valmont tem a visão “por trás” e, depois do desenlace, passa para Vonlanges que tem a visão “com” e às vezes “de fora”
A frase “Você é um imbecil!” tem caráter SUBJETIVO
Porque não trás nenhuma informação sobre o sujeito da enunciação
Porque o estilo direto está ligado, em geral, ao aspecto subjetivo da linguagem
Não sabemos nada sobre esse personagem
A informação é-nos apresentada como vinda do personagem e não do narrador
É apenas o contexto global do enunciado que determina o grau de subjetividade própria da frase
Inversamente, a fala do narrador pertence geralmente ao plano da enunciação histórica
A descrição de cada parte da história comporta sua apreciação moral
Nível APRECIATIVO
No livro, por exemplo, Merteuil recebe uma apreciação negativa, Tourvel é uma santa...
Cada ato possui aí sua apreciação, embora possa não ser a do autor nem a nossa
É evidente que essa imagem tem tão pouca relação com o leitor concreto quanto a imagem do narrador, com o autor verdadeiro
p.254
Ele que dispõe certas descrições antes das outras
Ele que nos faz ver a ação pelos olhos de tal ou tal personagem
São duas interpretações morais, de caráter diferente
A história é apresentada de tal maneira que deve sua própria exstência à infração da ordem
A imagem do narrador não é uma imagem solitária: desde que aparece, desde a primeira página, ela é acompanhada do que se pode chamar “a imagem do leitor”
Os dois encontram dependência estreita um do outro, e desde que a imagem do narrador começa a sobressair mais nitidamente, o leitor imaginário encontra-se também desenhado com mais precisão
A publicação das cartas é uma consequência de sua ruptura e, mais genericamente, da infração
O romance assim concebido não seria mais o mesmo, não seria mesmo mais nada. Só teríamos a narrativa de uma simples aventura galante
Não se trata aqui de uma particularidade menor da construção, mas de seu centro mesmo: tem-se antes a impressão de que a narrativa inteira consiste na possibilidade de conduzir precisamente a este desenlace
M. Volanges não compreende os acontecimentos que a cercam, só percebe as aparências
E outra que os leitores dão em se preocupar com a lógica da obra
Uma que é interior ao livro (em toda obra de arte imitativa)
Este nível apreciativo nos aproxima da imagem do narrador
Para supor o nível apreciativo, recorremos a um código de princípios e de reações psicológicas que o narrador postula comum ao leitor e a ele mesmo
Esta troca de ótica na narração é particularmente sensível em relação a Cécile (não há cartas suas); não temos meios de saber seu SER
Enquanto nas três primeiras partes do livro a narração situase no nível do ser, na última ela toma o do parecer
Se Valmont não tivesse transgredido as leisn de sua própria moral, não teríamos jamais visto publicado sua correspondência e da Merteuil
A infração como critério tipológico
As duas ordens
O fato de que a narrativa perderia toda a sua espessura estética e moral se não tivesse este desenlace encontrase simbolizado no romance mesmo
Tentamos agora ver qual é o conteúdo positivos destas ações, qual sistema que lhes é subjacente
Pode-se pensar que a relação entre a ordem da narrativa e a ordem da vida que a cerca não deve ser necessariamente a que se realiza em Les liaisons dangereuses
Seus elementos: Valmont, o devasso, apaixona-se por uma “simples” mulher; Valmont esquecendo-se de usar a astúcia com Merteiul; Cécile indo arrepender-se de seus pecados no mosteiro; M. Volanges fazendo o papel de conselheira
Todas estas ações têm um denominador comum: obedecem à moral convencional
A ordem que determina as ações dos personagens no e após o desenlace é simplesmente a ordem convencional, a ordem exterior ao universo do livro
Entretanto, não é pois um justiça suprema, uma ordem superior que se instaura no fim do livro; é unicamente a moral convencional da sociedde contemporânea, moral pudibunda e hipócrita, diferente da conduta de V e M
Assim a “vida” torna-se parte integrante da obra: suas existência é um elemento essencial que devemos conhecer para compreender a estrutura da narrativa
É somente neste momento de nossa análise que a intervenção do aspecto social se justifica
É a moral convencional, exterior ao universo do romance, que guia os passos. São ações cuna motivação ou móveis não estão no romance, mas fora dele
Vemos assim toda a narrativa em uma nova perspectiva. Ela não é a simples exposição de uma ação, mas a história entre duas ordens: a do livro e a do seu contexto social
p.263
Pode-se se supor que a possibilidade inversa existe também: a narrativa que explicita em seu desenvolvimento a ordem existente fora dela, e cujo desenlace introduziria uma ordem nova
Dickens apresenta, em sua maioria, a estrutura inversa: ao longo de todo o livro, é a ordem exterior, a ordem da vida que domina as ações dos personagens; no desenlace produz-se um milagre, tal personagem rico revela-se subitamnete generoso, e torna possível a instauração de uma ordem nova
Essa nova ordem - o reino da virtude - só existe evidentemente no livro, mas é ela que triunfa após o desenlace
p.257
Assim observamos nosso papel de leitor desde que sabemos mais que os personagens, pois esta situação contradiz uma verossimilhança no vivido
Mas no momento de uma comparação ou de uma reflexão geral, o sujeito da enunciação torna-se aparente, e o narrador se aproxima dos personagens
A consciência de ler um romance e não um documento leva-nos a fazer o papel deste leitor imaginário e ao mesmo tempo apareceria do narrador, o que nos relata a narrativa, já que a própria narrativa é imaginária
BARTHES, R.; GREIMAS, A. J.; BREMOND, C.; ECO, U.; MORIN, V.; GRITTI, J.; METZ, C.; TODOROV, T.; GENETTE, G. Análise estrutural da narrativa. Vozes, Petrópolis, RJ, 2013. Elaborado por Nilthon Fernandes Qualquer incentivo para melhorar ou apurar o trabalho é bem-vindo.
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