Fogo no Mundo das Águas: Antracologia no sítio Hatahara, Amazônia Central

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO MUSEU NACIONAL

CAROLINE FERNANDES CAROMANO

FOGO NO MUNDO DAS ÁGUAS: Antracologia no sítio Hatahara, Amazônia Central

Rio de Janeiro 2010

Caroline Fernandes Caromano

FOGO NO MUNDO DAS ÁGUAS: Antracologia no sítio Hatahara, Amazônia Central

Dissertação de Mestrado submetida ao Mestrado em Arqueologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como requisito necessário à obtenção do grau de Mestre em Arqueologia.

Orientadora: Rita Scheel-Ybert Co-orientador: Eduardo Góes Neves

Rio de Janeiro Agosto de 2010

Caroline Fernandes Caromano

FOGO NO MUNDO DAS ÁGUAS: Antracologia no sítio Hatahara, Amazônia Central

Dissertação de Mestrado submetida ao Mestrado em Arqueologia, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como requisito necessário à obtenção do grau de Mestre em Arqueologia.

Aprovada em ______________________________ Profª. Dra. Rita Scheel-Ybert, Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro

______________________________ Profª. Dra. María del Pilar Babot Instituto de Arqueología y Museo, Facultad de Ciencias Naturales e IML Universidad Nacional de Tucumán,

______________________________ Prof. Dr. Renato Rodriguez Ramos Cabral Museu Nacional Universidade Federal do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, 31 de Agosto de 2010

A Célia e Nézio

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AGRADECIMENTOS Este trabalho é fruto dos últimos cinco anos de investimento em estágios, conversas, campos, leituras e muitas horas de laboratório. Nestes anos um grande número de pessoas e instituições foi essencial para minha formação acadêmica, mas também para a formação do meu caráter. Agradeço em primeiro lugar à minha família, pelo amor e apoio, mesmo que à distância. Estes agradecimentos também se dirigem à minha família extensa, que me adotou e auxiliou em inúmeros momentos nos últimos quatro anos. A todos os colegas e pesquisadores de instituições e projetos que foram essenciais para a minha formação e o desenvolvimento desta e de tantas outras pesquisas, meu mais profundo agradecimento. Agradeço também aos órgãos de fomento que apoiaram financeiramente direta ou indiretamente esta pesquisa para a realização esta pesquisa, à FAPESP, FAPERJ, CAPES e particularmente ao CNPq bela bolsa de mestrado a mim concedida. Todos os professores e colegas da Universidade de São Paulo, tanto da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas quanto do Museu de Arqueologia e Etnologia foram muito importantes na minha trajetória. Devo um especial agradecimento aos meus colegas do Projeto Amazônia Central, PACquitos PACquitas (que são tantos e tão queridos que eu nem tive coragem de colocar os nomes aqui e correr o risco de esquecer alguém) e ao nosso “tuxaua”, Edu, pelos incríveis anos de pesquisa em terras amazônicas e paulistanas. Ao professor Charles Clement pelas incríveis conversas que tivemos e pelas que ainda ocorrerão e por abrir as portas do Instituto de Pesquisas da Amazônia par que eu pudesse começar a trilhar meu caminho pela interdisciplinaridade necessária à compreensão da gigante Floresta. A todos os pesquisadores e professores e funcionários do Museu Nacional, especialmente os professores e colegas da Geologia e Paleontologia, da Antropologia e da Arqueologia. Um agradecimento especial à turma do LAPAV, seja no térreo ou no 3º andar, muito obrigada pelos anos agradáveis de convivência e pelas descontraídas idas ao “Baratinho”. Este trabalho foi realizado por várias mãos e cabeças que merecem meu agradecimento especial: Rita Scheel-Ybert, pela orientação e acolhida nestes 3 anos de Rio de Janeiro; para Camila Vaz e Bianca Victoriano Nogueira, que me ajudaram com os infindáveis carvõezinhos, flotando, triando e contando - meninas, foram mais de 17000!; Mariana Beauclair pela companhia nos finais de semana e feriados e pelas muitas dicas ao microscópio; Luciana Witovisk pelas lindas ilustrações feitas para este trabalho e pelo convívio cheio de surpresas que sempre proporcionou; Gina Bianchini, por um número infinito de coisas que nem consigo listar e que vão além da arqueologia, “querida obrigada pela sua amizade-amor!”. Por fim, agradeço a Leandro Matthews Cascon, pela ajuda neste e em tantos outros projetos, mas acima de tudo, agradeço pelo seu amor. v

Fire It is the centre around wich the social life moves, the family hearth being the centre of the family life…

Radcliffe-Brown The Andaman Islanders

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RESUMO

Fogo no Mundo das Águas: antracologia no Sítio Hatahara, Amazônia Central

O refinamento na aquisição de dados paleoambientais e paleoetnobotânicos a partir de análises de vestígios botânicos apresenta grande importância para a Arqueologia da Amazônia na medida em que pode fornecer evidências concretas sobre a relação Homem-Meio, além de dados sobre eventuais mudanças ambientais, naturais ou não. Para tanto é essencial uma abordagem interdisciplinar, partindo de questões pertinentes da arqueologia da região aliadas a abordagens específicas para a análise de vestígios botânicos em contextos arqueológicos. Apesar da preservação de fragmentos vegetais ser escassa em sítios amazônicos, o potencial de preservação é ampliado com a carbonização, como pode ser atestado pela grande quantidade de carvões presentes em variados sítios arqueológicos da Amazônia Central. Este trabalho apresenta os resultados da análise de macro restos botânicos carbonizados provenientes do sítio Hatahara (AM) e demonstra como é profícua a abordagem do fogo, materializado nos carvões arqueológicos, para a compreensão da influência exercida sobre a vegetação ao longo do tempo pelos antigos habitantes do Hatahara.

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ABSTRACT

Fire in the World of Waters: anthracology at the Hatahara Site, Central Amazon

The refinement on the acquisition of paleoenvironmental and paleoethnobotanical data through the analysis of botanical vestiges has a great importance for Amazonian Archaeology due to the fact that it may provide concrete evidences on the relationship between Man and environment, as well as data on eventual natural or non natural environmental changes. As such, an interdisciplinary approach is essential, starting from questions relevant to the archaeology of the region, combined with specific approaches for the analisys of botanical vestiges in archaeological contexts. Despite the fact that preservation of plant fragments on amazonian sites is scarce, the preservation potential is enhanced through carbonization, which can be atested by the great quantity of charcoal present in various archaeological sites in the Central Amazon. This work presents the results of an analysis of carbonized botanical macro vestiges from the Hatahara Site (AM) and demonstrates how proficuous is the approach of fire, materialized on archaeological charcoal, to the compreehension of the influence exerted on the vegetation throughout time by the ancient inhabitants of Hatahara.

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SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ................................................................................................... v RESUMO ................................................................................................................... vii ABSTRACT................................................................................................................viii LISTA DE FIGURAS ................................................................................................... iv LISTA DE TABELAS ................................................................................................. vii 1.

INTRODUÇÃO ....................................................................................................15 1.1 Objetivos ....................................................................................................17 1.1.1 Objetivos Gerais .................................................................................17 1.2 Justificativa ................................................................................................18

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................................19 2.1 Arqueologia na Floresta Tropical...................................................................19 2.1.1 Os primeiros discursos sobre a Floresta Amazônica................................19 2.1.2 A Ecologia Cultural e a oposição entre Natureza e Cultura......................20 2.1.3 Os primeiros modelos na Arqueologia da Amazônia...............................23 2.1.4 A busca por novas interpretações de Natureza e Cultura na Amazônia......26 2.1.5 Novas abordagens para velhos paradigmas na Arqueologia na Amazônia .29 2.2 Os Solos Antropogênicos da Amazônia: as Terras Pretas e as Terras Mulatas....34 2.2.1 Classificação dos solos antropogênicos .................................................34 2.2.2 O sistema classificatório de Kämpf .......................................................36 2.2.3 Problemas classificatórios e o exemplo etnográfico ................................38 2.3 Antracologia: a relação entre Humanos e Ambientes contada a partir dos Carvões ..................................................................................................................................42 2.3.1 O Surgimento da Antracologia .............................................................43 2.3.2 O Desenvolvimento da Metodologia Antracológica: a busca pela fiabilidade dos resultados .......................................................................................................44 2.3.3 A Antracologia no Brasil: aplicações no Sul e Sudeste............................47 2.3.4 Antracologia na Amazônia..................................................................50 2.3.4.1 Antracologia na Amazônia da Guiana Francesa...............................50 2.3.4.2 Antracologia na Amazônia Colombiana ..........................................52 2.3.4.3 Antracologia na Amazônia Central: um ensaio no sítio Maria de Jesus, Anamã – AM.....................................................................................................53 ix

3.

MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................60 3.1 PAC: um Projeto para a Arqueologia da Amazônia Central .............................60 3.1.1 A área de pesquisa ..............................................................................62 3.1.2 Integrando dados ambientais e arqueológicos........................................62 3.2 A Arqueologia do sítio Hatahara...................................................................71 3.2.1 Pesquisas anteriores ...........................................................................71 3.2.1.1 Mapeamento e Malha ...................................................................73 3.2.2 Arqueobotânica no Sítio Hatahara: o campo ..........................................74 3.2.2.1 A escolha do local de escavação .....................................................74 3.2.2.2 A Unidade N1345 W1260.............................................................75 3.2.2.3 Técnicas de escavação ..................................................................78 3.2.2.4 A coleta dos carvões.....................................................................82 3.2.2.5 Uma adaptação necessária: da Flotação para Wet-sieving..................84 3.2.3 Buscando integrar os macro restos carbonizados: o laboratório ...............87 3.2.3.1 Flotação em Laboratório ...............................................................87 3.2.3.2 A quantificação dos carvões ..........................................................87 3.2.3.3 A triagem das sementes: subsídios para a carpologia do sítio Hatahara ........................................................................................................................89 3.2.3.4 A Antracologia .............................................................................89 3.2.3.5 A Análise Antracológica...............................................................96 3.2.3.6 O Tratamento dos Dados..............................................................97

4.

RESULTADOS ....................................................................................................99 4.1 A Quantificação dos Carvões .......................................................................99 4.2 Frutos e Sementes ......................................................................................109 4.3 A Antracologia .........................................................................................113

5.

DISCUSSÃO......................................................................................................127 5.1 Antracologia, paleoambiente e uso de plantas ...............................................127 5.1.1 Suficiência Amostral.........................................................................127 5.1.2 Diversidade e Equitabilidade das Amostras: Interpretação Arqueológica 128 5.1.3 A vegetação no entorno do sítio..........................................................131 5.1.4 A Mandioca .....................................................................................138 5.2

Reflexões de ordem metodológica............................................................139 x

5.2.1 Do carvão como vestígio arqueológico................................................139 5.2.2 Dos métodos de recuperação de carvões..............................................141 5.3 Formação de solos antrópicos e a importância dos carvões .............................147 CONCLUSÃO ..........................................................................................................155 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................158 Apêndice 1: Descrições Anatômicas ............................................................................175 Apêndice 2: Pranchas com os planos transversais dos taxa identificados ..........................215

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LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Localização do Sítio Maria de Jesus (a) - imagem do Google Earth, adaptada pela autora; Aspectos da várzea onde o sítio está implantado (b, c e d) – fotografias: Carlos Augusto da Silva..........................................................................................................54 Figura 2- Aspectos das feições identificadas no sítio Maria de Jesus (a); Escavação da área (b); Feições esvaziadas após escavação individual (c). Fotografias: Carlos Augusto da Silva. ..................................................................................................................................55 Figura 3 - Porcentagem de fragmentos de lenho identificados em F4. ................................58 Figura 4 - Tipos de restos carbonizados presentes em F4. .................................................59 Figura 5- Área de abrangência do Projeto Amazônia Central e localização dos sítios identificados. Fonte: Neves, 2008. .................................................................................64 Figura 6 - Datações radiocarbônicas calibradas dos sítios cerâmicos da Amazônia Central, com destaque para o período correspondente às Fases Manacapuru e Paredão. Fonte: PAC. 70 Figura 7 - Localização do Sítio Hatahara (AM-IR-13). Imagem: Google Earth, adaptada pela autora. ........................................................................................................................71 Figura 8 - Datações radiocarbônicas calibradas do sítio Hatahara (AM-IR-13), com destaque para o período correspondente às Fases Manacapuru e Paredão. Fonte: PAC......................72 Figura 9 - Mapa topográfico do sítio Hatahara. Em azul, destaca-se a unidade N1345 W1260 e, em vermelho, o montículo 3. Elaboração do Mapa: Lucas Garcindo..............................76 Figura 10 - Área de escavação de N1345 W1260 (a); Vegetação do entorno da unidade (b, c e d); Detalhe da área de escavação (e). Fotografias: Val Moraes. .........................................77 Figura 11 - Bases dos níveis de escavação: superfície (a), 10cm(b), 20cm(c), 25cm(d), 30cm(e), 40cm(f), 50cm(g), 60cm(h), 70cm(i), 80cm(j), 90cm(k), 100cm(l), 110cm(m), 120(n) - Obs: até a imagem ‘g’ as fotos foram tiradas sem flash, nas fotos seguintes utilizouse flash; escavação da unidade (n, o). Fotografias da autora. .............................................79 Figura 12- Perfis W, N, E e S (rotacionados) da unidade N1345 W1260. Fotografias: Val Moraes........................................................................................................................62 Figura 13- Peneira a seco realizada concomitantemente à escavação. Fotografia: Val Moraes. ..................................................................................................................................62 Figura 14- Detalhe de fragmento de carvão envolvido por argila, coletado na peneira a seco. ..................................................................................................................................62

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Figura 15 - Equipamentos utilizados na peneira molhada (a); Carvões recuperados na malha da peneira molhada (b); mistura de água e sedimento sendo derramados na peneira fina (c); Sacos de sedimento reservados para peneira molhada (d); Secagem do material recuperado após a peneira molhada (e)............................................................................................86 Figura 16 – Ilustração do plano de corte transversal da madeira, apresentando diferentes tipos de agrupamento e arranjo dos vasos segundo as instruções do IAWA Comitee (1989). Ilustrado por Luciana Witovisk Gussella. .......................................................................91 Figura 17 - Ilustração do plano de corte transversal da madeira, apresentando diferentes tipos de arranjo de vasos e de parênquima, segundo as instruções do IAWA Comitee (1989). Ilustrado por Luciana Witovisk Gussella. .......................................................................92 Figura 18 - Ilustração do plano de corte transversal da madeira, apresentando diferentes tipos parênquima, segundo as instruções do IAWA Comitee (1989). Ilustrado por Luciana Witovisk Gussella. .....................................................................................................................93 Figura 19 - Ilustração do plano de corte longitudinal tangencial da madeira, apresentando diferentes tipos de raios, segundo as instruções do IAWA Comitee (1989). Ilustrado por Luciana Witovisk Gussella............................................................................................94 Figura 20 - Ilustração do plano de corte longitudinal radial da madeira, apresentando diferentes tipos de disposição das células dos raios, segundo as instruções do IAWA Comitee (1989). Ilustrado por Luciana Witovisk Gussella.. ...........................................................95 Figura 21 - Gráficos de Peso e Quantidade de Carvões recuperados na Peneira Geral e na Molhada....................................................................................................................105 Figura 22 - Porcentagem de Tipos de fragmentos carbonizados identificados por nível artificial. Os lenhos são divididos em contagem durante a triagem das sementes (Triagem) e contagem durante a análise antracológica (Antraco).......................................................106 Figura 23 - Porcentagem de Tipos de fragmentos carbonizados identificados por camada. Os lenhos são divididos em contagem durante a triagem das sementes (Triagem) e contagem durante a análise antracológica (Antraco). ....................................................................107 Figura 24 - Porcentagem de Coquinhos, Sementes, Tubérculos e Lenhos, por nível artificial. ................................................................................................................................108 Figura 25 - Porcentagem de Coquinhos, Sementes, Tubérculos e Lenhos, por camada.......108 Figura 26 – Relação entre frutos e sementes carbonizados e carvões de lenhos, por nível artificial. ...................................................................................................................110 Figura 27 Porcentagem de frutos e sementes carbonizados em relação aos carvões de lenho, por camada................................................................................................................111 Figura 28 - - Relação entre Coquinhos e Sementes, por nível artificial. ............................111 Figura 29 - Porcentagem de coquinhos em relação a frutos e sementes, por camada. .........112 v

Figura 30 - À esquerda, Manihot esculenta, coleção de referência. À direita, Manihot esculenta, nível 60-70, sítio Hatahara. Ambas em aumento de 100x. ...............................115 Figura 31 - Diagrama antracológico da unidade N1345 W1260, sítio Hatahara. ................122 Figura 32 - Curvas de Gini-Lorenz das camadas arqueológicas de N1345 W1260.............123 Figura 33 - Escalonamento Muntifuncional Não Métrico aplicado às amostras antracológicas, por camadas arqueológicas..........................................................................................125 Figura 34 - Método Ward de agrupamento aplicado sobre os dados das camadas arqueológicas. ...........................................................................................................126 Figura 35 - Método Ward de agrupamento aplicado sobre os níveis artificiais analisados...126 Figura 36 - Escalonamento Muntifuncional Não Métrico aplicado às amostras antracológicas, por camadas arqueológicas..........................................................................................135 Figura 37 - Método Ward de agrupamento aplicado sobre os dados das camadas arqueológicas. ...........................................................................................................136 Figura 38 - Método Ward de agrupamento aplicado sobre os níveis artificiais analisados...137 Figura 39 - Peso de carvões recuperados pelos dois métodos de coleta, Peneira Geral (a seco) e Peneira molhada (seguida de flotação em laboratório)........................................................143

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LISTA DE TABELAS Tabela 1- Cronologia Cultural da Área de Abrangência do Projeto Amazônia Central. Fonte: Neves, 2008. .............................................................................................................................69 Tabela 2 - Peso (em gramas) dos carvões coletados em níveis artificiais, de acordo com o tipo de coleta e malha das peneiras................................................................................................100 Tabela 3 - Número de carvões observados durante a análise Antracológica .........................101 Tabela 4 - Resultado da Triagem das Sementes .....................................................................102 Tabela 5 - Quantidade de carvões de diferentes estruturas vegetais, por nível artificial. ......104 Tabela 6 - Quantidade de carvões de diferentes estruturas vegetais, por camada..................104 Tabela 7 - Número de Coquinhos e Sementes, por nível artificial.........................................110 Tabela 8 – Número de fragmentos de cada taxon identificados pela análise antracológica, por nível artificial..........................................................................................................................115 Tabela 9 – Síntese do número de fragmentos carbonizados presentes nas amostras observadas durante a análise antracológica, por nível artificial................................................................119 Tabela 10 - Número fragmentos de cada taxon identificados, por camada arqueológica. .....119 Tabela 11 - Índices de diversidade das camadas arqueológicas de N1345 W1260 ...............124

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1. INTRODUÇÃO Inúmeros grupos vivem atualmente na Amazônia, e operam de formas bastante distintas (INGOLD, 1986). Diferentes esquemas cognitivos apóiam a concepção de natureza em cada cultura e sua relação com esta (ELLEN, 1996) e isto provavelmente pode ser reconhecido no registro arqueológico. É extremamente profícuo para a arqueologia amazônica entender eventuais mudanças nas relações entre os grupos humanos com o ambiente ao longo do tempo e espaço. No contexto arqueológico da Amazônia Central, além das distintas fases cerâmicas, das terras pretas de índio, das construções monticulares, dos padrões de implantação e outros indícios que vem sendo estudados desde 1995 pelo Projeto Amazônia Central (NEVES, 2000), o fogo, expressado através dos carvões arqueológicos, pode ser um importante elemento na busca por informações sobre os padrões de intervenção na paisagem. O refinamento na aquisição de dados paleoambientais e paleoetnobotânicos a partir da identificação taxonômica dos restos de madeira carbonizada, provenientes do sítio arqueológico Hatahara (AM-IR-13), através da análise antracológica (VERNET, 1973) é o foco da presente pesquisa de mestrado e busca fornecer evidências concretas sobre a relação Homem-Meio, além de dados sobre eventuais mudanças ambientais, naturais ou não. Identificado em 1997 e sistematicamente escavado desde 1999, o sítio Hatahara localiza-se sobre um alto terraço adjacente a uma área de várzea pouco extensa à margem esquerda do Rio Solimões, município de Iranduba, Estado do Amazonas. O sítio apresenta extensas camadas de terra preta de índio e trabalhos de terra através de construções monticulares, além de alta densidade cerâmica. Pelos estudos realizados até o momento sabe-se que o Hatahara apresenta quatro fases cerâmicas distintas: Açutuba, Manacapuru, Paredão e Guarita (MACHADO, 2005; NEVES & PETERSEN, 2006; REBELLATO, 2007). 15

Restam, no entanto, muitas questões em aberto, em particular aquelas referentes às mudanças notáveis no uso de recursos vegetais ao longo do tempo e se é possível relacionar essas mudanças às fases cerâmicas, às condições ambientais à época de ocupação, ao grau de influência que elas possam ter tido sobre os grupos humanos que lá habitaram, e a como estes últimos podem ter influenciado a vegetação local. Para tanto, a análise antracológica possui grande valor na medida em que identifica diretamente a composição e mudança dos recursos vegetais utilizados como combustível. Desta maneira, procedeu-se uma coleta sistemática dos carvões presentes numa unidade de 1x1m, numa área com contexto de deposição primária, tendo em vista um maior controle estratigráfico e temporal das amostras. A identificação, em laboratório, das famílias que compõem a assembléia de carvões amostrados trouxe importantes contribuições ao entendimento dos padrões de organização sócio-cultural dos antigos habitantes do sítio Hatahara, de seus modos de vida e de suas interações com o meio ambiente, podendo elucidar graves lacunas no nosso conhecimento sobre o ambiente no passado amazônico e sobre o uso de vegetais e práticas de cultivo dos grupos que habitaram a Floresta Tropical.

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1.1 Objetivos

1.1.1 Objetivos Gerais

O presente estudo tem como objetivo principal a aquisição de dados sobre as formas como os antigos habitantes do sítio Hatahara se relacionavam com o ambiente de entorno do sítio e como esta relação pode ter influenciado a composição da vegetação ao longo do tempo. Pretende-se acessar estas informações através da análise dos macro restos carbonizados recuperados numa unidade de escavação do sítio, partindo de uma abordagem quali-quantitativa dos carvões, chegando à sua determinação taxonômica através da análise antracológica. Assim, pretende-se fornecer evidências concretas sobre a relação Homem-Meio, além de dados sobre eventuais mudanças ambientais resultantes desta relação.

1.1.2 Objetivos Específicos Dois objetivos específicos foram traçados para esta pesquisa. O primeiro é de cunho metodológico, pois se pretende comparar diferentes métodos de recuperação de macro restos botânicos e a suficiência da amostragem destes. O segundo objetivo é aplicar o estudo de carvões como fonte de dados para interpretações arqueológicas sobre os padrões de uso do espaço dentro do sítio Hatahara.

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1.2 Justificativa

A arqueologia sempre deu muita importância à relação entre seres humanos e o ambiente na Amazônia. Nas primeiras teorias sobre a ocupação da região, o ambiente foi entendido como um elemento externo à cultura, mas que moldava como esta se desenvolveria. Com o passar dos anos e o desenvolvimento das teorias arqueológicas, antropológicas e históricas, hoje vê-se que a reciprocidade na relação entre seres humanos e o ambiente passou a ser um tema recorrente nas pesquisas realizadas e fundamental para interpretações de como grandes grupos humanos se fixaram nos vários ambientes amazônicos, reconfigurando a própria floresta. Um fato interessante é que, embora o tema seja tão recorrente, ainda há um grande desequilíbrio entre a atenção dada aos artefatos e aos ecofatos. Embora estes últimos sejam o registro direto deste ambiente tão essencial ao desenvolvimento do quadro teórico da arqueologia amazônica, poucos foram os estudos realizados sobre vestígios arqueobotânicos. O fogo é entendido como um importante elemento de modificação da Floresta Amazônica pela ação humana. Os carvões são o registro material desta ação e abundam nos sítios arqueológicos da região. Assim, tendo em vista o grande potencial da aplicação de estudos de carvões para a arqueologia Amazônica, faz-se candente a implementação de uma linha de pesquisas (e pesquisadores) voltada ao estudo de vestígios arqueobotânicos. Na Arqueologia da Amazônia Central, diversos são os sinais da profunda influência humana sobre o ambiente. Isto se expressa, por exemplo, nos solos enegrecidos formados pela ação cotidiana dos amazônidas do passado. Os carvões são componentes importantes destes solos que podem ser abordados tendo em vista a maior compreensão dos eventos que levaram à formação destas Terras Pretas. 18

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Arqueologia na Floresta Tropical 2.1.1 Os primeiros discursos sobre a Floresta Amazônica O território amazônico foi, desde as primeiras incursões dos viajantes europeus, objeto de interesse e surpresa não somente devido ao seu meio físico, como também devido às diversas formas de organização social das populações que ocupavam a região (CARVAJAL, 1942; ACUÑA, 1994). Nas viagens dos séculos XVIII e XIX, os discursos dos naturalistas remetiam a uma homogeneidade paisagística e vegetal amazônica e, mesmo após as longas estadas na floresta tropical, em que lhes era revelada uma grande diversidade diante de seus olhos, seu discurso valorizava o exótico e o sublime das terras do Novo Mundo (BATES, 1979, WALLACE, 1979; SPIX & MARTIUS, 1981), formando no imaginário de seus leitores a imagem de uma grande e exótica massa verde (BUENO, 2002). Estes relatos sobre o lugar do sublime foram o fio condutor que levou à formação dos estereótipos sobre a Amazônia, constantemente reforçados pela mídia atual (BUENO, 2002). A atmosfera sublime, tão exaltada pelo pensamento romântico, era também o lugar do desconhecido e, portanto, por vezes assustador. A Floresta, em seu todo, era grandiosa e tudo que fazia parte dela provocava sentimentos agudos, seja pela atração, seja pela repulsa ao novo (BATES, 1979; WALLACE, 1979; SPIX & MARTIUS, 1981). Porém, não somente a floresta inspirou detalhados e emocionantes relatos. A região amazônica foi também foco de inúmeras discussões a respeito dos povos que ocupavam a região, com discursos bastante etnocêntricos (GERBI, 1996). 19

Estes relatos inspiraram as primeiras pesquisas arqueológicas na Amazônia, ecoando também no imaginário sobre a influência da vegetação nos modos de vida dos povos que habitaram a região. Durante muito tempo, as teorias baseadas na Ecologia Cultural americana (STEWARD, 1948; LOWIE, 1948) influenciaram a investigação da relação entre variáveis ambientais e processos culturais na Amazônia. É necessário que se faça uma breve introdução à Ecologia Cultural como forma de melhor compreender os pressupostos que tanto influenciaram a arqueologia realizada na Amazônia a partir dos anos 50.

2.1.2 A Ecologia Cultural e a oposição entre Natureza e Cultura Julian Steward propôs em “The Concept and Method of Cultural Ecology” (1964) que o principal sentido da ecologia é a adaptação ao ambiente. Porém, segundo Steward, o Homem não entraria na cena ecológica meramente como um simples organismo que está relacionado aos outros organismos, em termos de suas características físicas. Ele introduziria o fator super-orgânico da cultura, “que afeta e é afetada pela rede total da vida” (STEWARD, 1964:427). Nestes termos, é possível notar a clara distinção entre natureza e cultura no pensamento de Steward. Para ele, padrões culturais não seriam derivados geneticamente e não poderiam ser analisados da mesma forma que as feições orgânicas. Para Steward, “o problema de explicar o comportamento cultural do Homem é de uma ordem diferente da que explica a evolução biológica” (STEWARD, 1964:428). Julian Steward, ao propor a Ecologia Cultural, procurou explicar a origem das feições e padrões culturais particulares introduzindo o

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ambiente local como o fator extra-cultural provocador de transformações culturais (STEWARD, 1968). Fruto de um questionamento amplamente difundido à sua época, a Ecologia Cultural suplementaria a abordagem histórica até então empregada na antropologia acrescentando a questão ambiental, ou os efeitos do ambiente físico sobre a cultura. Uma clara distinção é feita entre natureza e cultura, entre ambiente e humanidade, neste discurso. Por trás desta distinção está a questão de como a cultura é afetada pelo ambiente. O Homem distingue-se dos demais organismos da natureza por apresentar cultura, um super-orgânico. Para o autor, negligenciar o ambiente é um erro. As condições ambientais devem ser levadas em conta no discurso antropológico porque é no ambiente que as culturas de desenvolvem, se modificam e evoluem (STEWARD, 1968a). Uma especial atenção foi dada à ‘adaptação’ no discurso da Ecologia Cultural, ou seja, aos ajustamentos que seriam requeridos às sociedades humanas por ambientes determinados. A partir destas concepções, percebe-se que a Ecologia Cultural dá grande atenção às feições fortemente envolvidas com a utilização do ambiente de formas culturalmente prescritas. No discurso de Steward e de outros adeptos da Ecologia Cultural, o papel da vida prática, do cotidiano, das tecnologias é essencial na definição de culturas. “Tecnologias podem ser usadas diferentemente e gerar diferentes arranjos sociais em cada ambiente. O ambiente não é apenas permissivo ou proibitivo em respeito a estas tecnologias, mas feições especiais locais podem requerer adaptações sociais que produzem conseqüências de longo alcance” (STEWARD, 1964:432). Existiriam tipos particulares de culturas, ou, nos termos de Steward, ‘tipos culturais’, como as culturas ‘tribais’ e ‘modernas’. A esta dicotomia Steward acrescenta o fator

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ambiental. Para ele, culturas mais ‘simples’ estariam mais diretamente condicionadas pelo ambiente do que as ‘avançadas’ (STEWARD, 1964). O papel da difusão na mudança cultural é relativizado no discurso do autor, tornandose um conceito complementar. Segundo Steward (1968b), nem todas as mudanças culturais poderiam ser explicadas a partir da difusão de um elemento. Os nichos ecológicos distintos também apresentariam grande importância para as distintas culturas e suas eventuais mudanças. Um segundo membro da escola da Ecologia Cultural que teve grande importância ao tratarmos das influências na arqueologia das abordagens antropológicas da cultura, da natureza e da adaptação, foi Leslie White. Para White, a cultura teria uma função clara, tornando a vida segura e suportável para a humanidade através da acumulação simbólica. A cultura seria um super-orgânico, servindo às necessidades humanas de exploração de recursos do ambiente e do próprio organismo humano, como necessidades psíquicas e sociais (WHITE, 1964a). Para White a evolução universal regeria as diferentes culturas, enquanto Steward pregava a evolução multilinear. Embora não haja consenso entre as abordagens de White e Steward da Evolução Cultural, a adaptação ao ambiente é o conceito central do discurso de ambos, fundando as bases da escola da Ecologia Cultural, onde a cultura é entendida como o maior instrumento de adaptação ao ambiente (WHITE, 1964b; STEWARD, 1968a). As propostas de White e Steward influenciaram grandemente os trabalhos da arqueologia norte-americana, influência esta que atingiu um crescente nas décadas seguintes à publicação da grande compilação co-editada por Steward, o “Handbook of South American Indians” (1948). Tamanha influência chegou a estender-se à arqueologia realizada no Brasil,

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mais especificamente na Floresta Amazônica, com a idéia de que haveria uma ‘cultura-tipo’ para as terras baixas da floresta tropical.

2.1.3 Os primeiros modelos na Arqueologia da Amazônia A imagem do que seria a Amazônia e os povos que nela habitaram foi profundamente marcada por este grande empreendimento que foi o Handbook of South American Indians. Por muito tempo a ação determinante do ambiente foi considerada um elemento essencial na compreensão das culturas que se desenvolveram sob os domínios da imensa floresta tropical. O espaço amazônico foi um importante palco na formação da arqueologia brasileira, a partir do século XIX, e objeto de intensas pesquisas e debates de grande alcance a partir da segunda metade do século XX (NEVES, 1999/2000). Na década de 20, Curt Nimuendajú descobriu extensos sítios arqueológicos durante pesquisas de campo nas regiões de Santarém e Marajó (NIMUENDAJÚ, 2004). A combinação de sítios extensos, que chegam a atingir dezenas de hectares de área com altas densidades de vestígios cerâmicos e a presença de terra preta antropogênica (NEVES, 1999/2000) levou muitos pesquisadores a criarem distintos modelos explicativos que dessem conta de tal configuração. O conceito de “cultura da floresta tropical”, categoria tipológica e evolutiva desenvolvida para descrever os padrões de organização econômica, social e política das populações indígenas das florestas tropicais do leste da América do Sul, postulava a domesticação de tubérculos e o foco na utilização dos caminhos fluviais como essenciais ao estabelecimento de populações na região (LOWIE, 1948). Esta categorização lançou as bases para a distinção fundamental entre várzea e terra firme, que orientou as pesquisas realizadas posteriormente na região (LATHRAP, 1970; MEGGERS, 1971). 23

Betty Meggers (1971, 1992) propôs o primeiro modelo arqueológico para a ocupação da Amazônia. Para Meggers, os grandes sítios arqueológicos identificados na região amazônica seriam resultado de sucessivas re-ocupações dos mesmos locais por pequenas populações semi-sedentárias, cuja densidade, complexidade social e fixação seriam limitadas pelo ambiente inóspito. Sua argumentação é claramente influenciada pelo determinismo ambiental da Ecologia Cultural, que considerava as culturas da floresta tropical como áreas marginais. Afirmando que fatores ambientais estabeleceram um limite ao potencial de desenvolvimento para as sociedades amazônicas, Meggers interpretou o ambiente amazônico como um ecossistema formado pela seleção natural e as culturas amazônicas como parte de um complexo sistema de adaptação ecológica (MEGGERS, 1971). Os pressupostos do determinismo ecológico, acolhidos por Meggers (1954, 1971), faziam da agricultura uma condição prévia necessária ao estabelecimento de populações humanas na região. Em conseqüência, e devido aos solos ácidos considerados impróprios ao cultivo, a autora postulou que populações densas nunca teriam se fixado ou se adaptado ao ambiente quente e úmido da floresta amazônica, e que populações provenientes de outras áreas não poderiam ser bem-sucedidas na exploração dos supostos parcos recursos disponíveis, amargando uma estagnação sócio-cultural prolongada ou até mesmo uma decadência cultural. Meggers marcou também a Arqueologia Amazônica com uma forte herança HistóricoCultural. Durante os anos 1970, a arqueóloga coordenou ao lado de Clifford Evans e de Mário Simões, uma série de prospecções arqueológicas, empreendidas pelo Programa Nacional de Prospecções Arqueológicas na Bacia Amazônica (PRONAPABA). Este programa concentrou suas atividades ao longo dos principais rios e tributários da bacia Amazônica, visando a 24

determinação de fases e tradições cerâmicas através do emprego da seriação de Ford (NEVES, 1998). Ao trabalhar em Marajó, Meggers encontrou vestígios de uma cultura ‘sofisticada’, com clara diferenciação social e que de forma alguma se enquadravam no modelo de cultura da floresta tropical. Meggers então considerou que estes grupos seriam provenientes de áreas como o circun-caribe ou os Andes, não podendo pertencer às terras baixas (MEGGERS & EVANS, 1957). No entanto, não houve consenso sobre tal interpretação. O meio ambiente amazônico dominado pela densa Floresta Tropical era entendido como um fator limitante ao desenvolvimento das culturas da região (STEWARD, 1948; MEGGERS, 1971), principalmente devido aos solos pobres. Isto porque a complexidade social estava atrelada, nas teorias de Meggers, de seus sucessores e até mesmo daqueles que se opuseram às suas idéias, ao desenvolvimento agrícola (LATHRAP, 1970; MEGGERS, 1971; BROCHADO, 1977; ROOSEVELT, 1991). Donald Lathrap (1970) apresentou um modelo explicativo muito diferente do de Meggers, conhecido como ‘modelo cardíaco’. O autor propôs que a Amazônia Central seria um importante centro de inovação, o berço de sociedades complexas que teriam se difundido culturalmente nas terras baixas da América do Sul, deslocando-se intrincada e extensa rede hidrográfica do rio Amazonas que, segundo o autor constituiria “a maior e mais importante via de comunicação e transporte” da região (LATHRAP, 1970:24), estendendo-se para além da Bacia Amazônica. As planícies aluviais e terras adjacentes seriam fartas em alimentos devido à grande disponibilidade de proteína animal e ao sistema de cultivo de mandioca, favorecendo o crescimento demográfico de populações sedentárias, o que implicaria, em oposição ao modelo de Meggers, em ocupações de longa duração para a área de estudo (LATHRAP, 1970). 25

Embora discordasse de Meggers, o modelo de Lathrap não fugiu da oposição ambiental simples entre várzea e terra firme, preocupando-se em destacar as potencialidades da várzea, em detrimento da terra firme, o que chama a atenção para a presença em seu modelo, em certo sentido, de algum grau de determinismo ambiental. Posteriormente, Anna Roosevelt (1980) propôs que as áreas adjacentes às planícies aluviais amazônicas teriam sido marcadas pela ocupação densa e sedentária caracterizada por organizações sociais ‘complexas’, centralizadas ou não, porém ainda dando grande valor às várzeas como determinantes na complexificação social. Embora estas hipóteses fossem em muitos sentidos antagônicas, todas elas baseavamse na interpretação equivocada de um condicionamento do ambiente sobre a organização sócio-econômica humana e em certo grau de homogeneização de categorias por demais amplas para distinguir a vegetação amazônica, como terra firme e várzea. Tal equívoco acabou minimizando a importância da diversidade da floresta amazônica e das relações de reciprocidade entre grupos humanos e plantas. Posteriormente, a constatação da existência de contextos diversos, muitos destes longe de áreas de várzea, mostrava que o sucesso de grupos humanos na Amazônia não dependia exclusivamente destas áreas, e que, em lugar da defendida dicotomia ente várzea e terra firme, uma interpretação integradora e complementar destes ambientes poderia ser muito mais condizente com o registro arqueológico (DENEVAN, 1996).

2.1.4 A busca por novas interpretações de Natureza e Cultura na Amazônia Durante muitas décadas a teoria do determinismo ambiental influenciou o modo como as populações amazônicas eram vistas, tanto as do presente quanto as do passado, como povos periféricos em suas relações com o meio ambiente e a cultura material (NOELLI & 26

FERREIRA, 2007). Porém, uma série de críticas contribuiu para a falência dessa imagem, com a consolidação de uma antropologia renovada teoricamente e com uma revisão das idéias aceitas sobre a ecologia e a história cultural da Amazônia (VIVEIROS DE CASTRO, 2006). As discussões da Antropologia iniciadas nos anos 60, questionando a dicotomia entre Natureza e Cultura (ELLEN, 1996), começaram a ser bem recebidas pela antropologia e pela arqueologia realizada em solos amazônicos. Segundo estas teorias antropológicas mais integradoras, diferentes esquemas cognitivos apóiam a concepção de natureza em cada cultura (ELLEN, 1996). Além disso, esta antropologia apontava para a existência de inúmeras concepções de natureza entre culturas distintas e no interior de cada uma destas. Partindo-se da concepção de Bourdieu (1977) de que os dados do sistema classificatório são constantemente relidos pelos agentes sociais devido à ocorrência de situações diversas, não era mais possível pressupor que a concepção de natureza em cada cultura fosse rígida, deixando no registro arqueológico vestígios que seriam supostamente pertencentes a eventuais âmbitos da cultura ou da natureza. A dicotomia rígida entre Várzea e Terra Firme, a defesa de uma absoluta divisão entre Natureza e Cultura, ou o seu extremo, a proposta de que estas estejam completamente unidas, em modelos generalizantes, deveriam ser repensados. Os trabalhos de autores como Croll e Parkin (1992) e Ingold (1992), tentaram mostrar como esta dicotomia não pode ser tomada como verdade absoluta. Estas seriam categorias fluidas em sistemas nativos deixando claro como não é possível trabalhar na antropologia e, por extensão, na arqueologia, com categorias de natureza e cultura fixas, fechadas, opostas e, por conseqüência, irreais.

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O estudo de diferentes contextos de maneira aprofundada e com o número máximo de abordagens possíveis, não pressupondo modelos fixos para as diversas realidades do mosaico cultural-ambiental amazônico passou a ser essencial para a arqueologia da Amazônia. Em oposição à perspectiva da Ecologia Cultural, a arqueologia amazônica tem se mostrado atualmente bastante adepta às premissas da Ecologia Histórica tendendo a concordar com a influência mútua entre pessoa (“Homem”) e biosfera (“Natureza”) uma sobre a outra ao longo do tempo como um fenômeno dialético (BALÉE, 1998). Neste sentido a floresta tem passado da visão de uma suposta virgem para, de fato, um registro vivo das inter-relações entre humanos e o mundo natural (BALÉE, 1989). As pessoas não se adaptam apenas aos ambientes, como defendeu a escola da Ecologia Cultural, elas “identificam, dão nomes, agradecem ou culpam seu habitat pela sua prosperidade ou infortúnio, muitas vezes personificando-o nos seus próprios feitos e desfeitos” (CROLL & PARKIN, 1992:13), neste sentido elas os fazem, constroem estes ambientes materialmente com as possibilidades que viram nele, por isso não se pode separálos entre Cultura e Natureza (CROLL & PARKIN, 1992). O “banco de dados” de referências que a imensa biodiversidade amazônica oferece aos grupos humanos que nela habitam é um elemento que merece destaque quando pensamos em termos culturais. O mundo da natureza, para as populações indígenas da Amazônia, representa não somente um grande estoque de recursos materiais a ser utilizado de diferentes formas (alimentação, construção de habitações, transporte, divertimento), mas também uma verdadeira biblioteca de referências, a partir da qual indivíduos e sociedades constroem narrativas sobre si mesmos e seus papéis no universo. (Neves, 2006:.19)

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2.1.5 Novas abordagens para velhos paradigmas na Arqueologia na Amazônia A partir do anos 90, um quadro muito mais complexo para a arqueologia amazônica começou a ser formado por diferentes pesquisadores (PETERSEN et al., 2001; HECKENBERGER et al., 2008; NEVES, 2008). As discussões da Antropologia iniciadas nos anos 60 começaram a ser bem recebidas pela arqueologia realizada em solos amazônicos. O aumento de pesquisas de campo sistemáticas na região amazônica apontou para a existência de uma grande diversidade em modos de ocupação no passado, derrubando as dicotomias deterministas. Influenciadas por uma perspectiva ampla de interação entre os grupos humanos no passado e o ambiente, as pesquisas realizadas no Rio Negro por Neves demonstraram a existência de sistemas de interação multi-regionais, onde relações entre diferentes grupos, estabelecidos em ambientes diversos eram freqüentes, corroborando uma visão integradora que abria mão da visão dicotômica entre terra firme e várzea (NEVES, 1998). A testemunhada abundância de vestígios arqueológicos e a imensa expansão territorial de sítios arqueológicos da floresta tropical apontavam para a intensidade com que os grupos que habitaram a floresta amazônica interagiram com o ambiente. A busca por elementos que comprovassem a intensa transformação do ambiente amazônico, fruto da profunda interação entre os grupos humanos e o ambiente, lançou as bases para novas linhas investigativas avessas ao paradigma da limitação que passaram a fazer parte do arcabouço teórico-metodológico da arqueologia feita da Amazônia. Nesse cenário, a Ecologia Histórica (BALÉE, 1998) trouxe interessantes alternativas para a compreensão da relação entre as populações amazônicas e o meio ambiente (SILVA, 2009). Livres do paradigma das limitações ambientais proposto pela Ecologia Cultural, a 29

perspectiva ecológico-histórica permitiu vislumbrar que as populações vinham transformando e manejando o meio onde viviam e criando paisagens a partir de seus próprios objetivos, percepções e visões de mundo (SILVA, 2009). Os elementos-testemunho da prática da transformação do meio ambiente amazônico, como as constantes queimadas, os padrões de assentamentos, as ilhas de florestas antropogênicas (ERICKSON, 2008), trincheiras e grandes movimentações de solo (SCHAAN, 2007), plataformas de cultivo, extensas redes de comunicação em terra firme (HECKENBERGER et al., 2008), construções monticulares e extensos depósitos de terra preta (NEVES, 2006) passaram a ser elementos-chave nas interpretações sobre o passado amazônico (SILVA, 2009). O conceito de natureza intocada amazônica passou a ser repensado: A Amazônia é ocupada há mais de 10.000 anos, em alguns casos por populações de milhares de pessoas. É de se esperar, portanto, que a floresta que hoje recobre muitos sítios arqueológicos tenha, além de uma história natural, também uma história cultural. Assim sendo, é impossível entender aspectos da história natural da Amazônia sem considerar a influência das populações humanas, do mesmo modo que não se pode entender a história dos povos amazônicos sem considerar também as relações que esses povos estabeleceram com a natureza. (NEVES, 2006:10)

Por ocasião da conquista européia, muitas partes da Amazônia eram densamente habitadas (as estimativas populacionais variam de 5 a 25 milhões de pessoas) (CLEMENT & JUNQUEIRA, 2008). De todo modo, é certo que nesta época os povos amazônicos já haviam desenvolvido sistemas eficientes de produção de alimentos, domesticado plantas nativas e trazido diversas espécies vegetais de outros locais das Américas (CLEMENT & JUNQUEIRA, 2008). Além disso, a integração constante com o meio vegetal produziu um conhecimento único que propiciou não só o início da domesticação de espécies, como

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também possibilitou que fossem conhecidas em micro-escala, as características do meio em que viviam. A história da ocupação da Amazônia e da interação entre seres humanos e o mundo vegetal remonta há pelo menos 11.000 anos. As pesquisas realizadas num dos sítios mais antigos da Amazônia brasileira com datas que recuam pelo menos até 11.200 anos AP, a Caverna da Pedra Pintada em Monte Alegre, Pará (ROOSEVELT et al., 1996), colaboraram com interpretações sobre a antiguidade das primeiras ocupações amazônicas e os modos de vida destes primeiros povos. No sítio, além de pinturas rupestres, pontas de flecha e outros artefatos líticos unifaciais e bifaciais, foram coletados vestígios faunísticos e arqueobotânicos carbonizados, incluindo restos vegetais abundantes de Hymenaea parvifolia, Bertholetia excelsa, Sacoglotis guianensis, Talisia esculenta, Vitex cf. cymosa, Attalea microcarpa, Attalea spectabilis, (ROOSEVELT et al., 1996). Dados estes que já apontavam para uma ampla gama de recursos da floresta tropical entre eles, frutos, moluscos, peixes, quelônios e mamíferos terrestres utilizados pelos antigos caçadores-coletores da Amazônia (ROOSEVELT et al., 1996). As reconstituições paleoecológicas disponíveis mostram que no final do Pleistoceno o baixo Amazonas era coberto por uma floresta tropical densa (ADAMS & FAURE, 1997), enquanto os dados arqueológicos sugerem uma economia diversificada baseada na coleta de diferentes espécies vegetais e na pesca. Na Serra de Carajás, Pará, quinze sítios de caçadores-coletores foram localizados, sendo datados entre 4.000 e 9.000 anos AP (MAGALHÃES, 1994; KIPNIS, 2005), e, em alguns destes, foi registrada presença de plantas que, sugere-se, podem ter sido manejadas (Manihot sp., Couepia sp., Copaifera sp., Hymenaea sp., Astrocaryum sp.) (SILVEIRA, 1995; MAGALHÃES, 1998). 31

Estes resultados corroboram a interpretação de que a natureza da Amazônia não limita o crescimento demográfico ou a emergência da complexidade social. Antes, eles demonstram que a natureza é parcialmente um produto da ação humana e não uma variável externa totalmente independente, e contribuem para contestar o determinismo ambiental extremo que caracterizou as pesquisas arqueológicas realizadas na Amazônia sob a influência de Meggers (NEVES, 2000). Na bacia do alto Madeira, em Rondônia, apesar de a arqueologia ser ainda pouco conhecida, há uma seqüência de ocupação bastante longa, iniciada há cerca de 9.000 anos AP, incluindo evidências precoces de ocupações sedentárias, ao redor de 4.500 anos AP (MILLER et al.,1992). Nesta área encontram-se as mais antigas evidências de solo antrópico, as terras pretas de índio (NEVES, 2008). Considera-se que nesta região estejam localizados os centros de domesticação de dois importantes cultivares dos neotrópicos: a mandioca (Manihot esculenta) e a pupunha (Bactris gasipaes) (OLSEN & SCHAAL 1999; CLEMENT 1999a, 1999b). A relação entre terras antropogênicas, a intensificação agrícola e o manejo de solos por grandes ocupações sedentárias na Amazônia tem sido fortemente discutida (WOODS & MCCANN, 1999). No Período Arcaico (7.800 AP a 4.500 AP), a produção de diferentes conjuntos cerâmicos, Paituna, Taperinha, Mina e Uruá-Tucumã, por pescadores-coletores semisedentários tem sido associada a um momento importante de processamento de plantas (SILVA, 2009). Os assentamentos sedentários que marcam o período seguinte, o Formativo (entre 4.500 AP a 2.000 AP), distribuem-se por todas as terras baixas da Amazônia, apresentando

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grande variedade de vestígios cerâmicos, pertencentes a diferentes Tradições: Saladóide, Hachurada-Zonada e Barrancóide (SILVA, 2009). O período subseqüente foi marcado pelo aparecimento de grandes assentamentos, com alta densidade de material cerâmico, marcado pelas Tradições Borda Incisa, Polícroma, e Inciso Ponteada. Este contexto é associado a um período de intensificação da agricultura, correlacionado à sedentarização, crescimento populacional e o surgimento de marcadores muito explícitos da profunda antropização do ambiente amazônico: as terras pretas (OLIVER, 2008; NEVES, 2008; SILVA, 2009). Os dados arqueológicos, aliados a estudos pedológicos, também contribuíram para a crítica ao determinismo ecológico. Demonstrou-se uma origem antrópica para as férteis terras pretas, que seriam o resultado da acumulação de resíduos orgânicos produzidos e descartados por ocupações pré-coloniais de longa duração, complexificando assim as discussões acerca do ambiente amazônico (SMITH, 1980). Para Neves (2006:52), “as terras pretas talvez sejam o melhor indicador de que os ambientes amazônicos foram modificados pelas populações indígenas que ocupavam a região antes da conquista”.

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2.2 Os Solos Antropogênicos da Amazônia: as Terras Pretas e as Terras Mulatas Solos são sistemas dinâmicos onde processos físicos, químicos e biológicos operam constantemente, entretanto, sistemas culturais também podem se integrar aos processos de formação de solos (SCHMIDT, 2010). Um típico exemplo de solos resultantes desta integração entre processos naturais e culturais são os solos antropogênicos, ou antrossolos, da Amazônia. Grandes manchas de solos escuros são encontradas ao longo de quase todos os principais rios da bacia Amazônica, apresentando larga ocorrência tanto em áreas próximas às várzeas quanto em terra firme (DENEVAN, 2009). Este excepcional tipo de solo é rico em fósforo, nitrogênio, zinco e magnésio, bastante distinto dos solos amazônicos das áreas que os circundam que são extremamente pobres e ácidos. Sua fertilidade é resultante do acúmulo de materiais orgânicos descartados por humanos. A matéria orgânica é então decomposta por bactérias e outros organismos presentes no solo e o resultado desta decomposição provê mais nutrientes e compostos orgânicos que serão então utilizados por outros organismos, criando um rico sistema que resulta na dinâmica de evolução do solo (SCHMIDT, 2010).

2.2.1 Classificação dos solos antropogênicos Os solos escuros amazônicos são alvos de atenção desde o século XIX e o reconhecimento de sua origem como resultado de acúmulo de matéria orgânica em áreas próximas a antigas áreas de habitação também remonta a este período (WOODS, 2003). Duas formas extremamente importantes de solos antropogênicos amazônicos são destacadas pelos principais estudiosos do tema: as Terras Pretas (ou Terras Pretas de Índio) e 34

as Terras Mulatas, ambas vinculadas a períodos de sedentarismo (WOODS & MCCANN, 1999). Estes dois tipos de solos antropogênicos escuros, ou como são geralmente definidos “antropogenic dark earths – ADE” são diferenciados de acordo com sua cor, componentes químicos, dispersão e componentes culturais, resultando em hipóteses sobre os processos que teriam levado à sua formação. As Terras Pretas teriam sido resultantes do acúmulo de lixo em áreas de residência, constituído por cinzas, carvões, fragmentos de artefatos cerâmicos e líticos, fezes, ossos e outros restos domésticos (DENEVAN, 2009). Estes solos apresentam altos teores de carbono orgânico, fósforo, cálcio, magnésio, zinco e manganês, contrastando com os solos naturais (KAMPF et al., 2009). Já as Terras Mulatas, com maior expansão espacial e menor quantidade de artefatos, tiveram sua origem correlacionada a eventos freqüentes de queimadas controladas para agricultura intensiva ou semi-intensiva, de acordo com Sombroek (1966), cuja hipótese foi aceita por pesquisadores de áreas diversas (PRANCE & SCHUBART, 1977; WOODS & MCCANN, 1999; DENEVAN, 2001; PETERSEN et al., 2001). As Terras Mulatas possuem altos valores de carbono orgânico e pH, alta concentração de carvões porém, menores quantidades de artefatos e menores níveis de fósforo e outros nutrientes que são significativamente elevados nas Terras Pretas (SOMBROEK, 1966; KÄMPF et al., 2003). Entretanto, um sistema de identificação baseado apenas na cor destes solos não é totalmente representativo de sua origem. Os solos antropogênicos podem ser altamente variáveis entre sítios e dentro de sítios, dando origem a diferentes tipos de solos escurecidos (DENEVAN, 2009).

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2.2.2 O sistema classificatório de Kämpf Kämpf e colaboradores buscaram criar um sistema de classificação de solos escurecidos ligados diretamente aos processos de formação destes solos (KAMPF et al., 2003). Segundo esta classificação, “o horizonte arqueoantropopedogênico (do grego arkhaios, antigo, anthropos, humano, pedon, solo, e genesis, origem) é um horizonte superficial (eventualmente subsuperficial) produzido por atividades humanas antigas continuadas e de longa duração” (KAMPF et al., 2009), tendo as seguintes propriedades:

- espessura de 0,20, ou maior, a partir da superfície acumulada nos 0,60m superiores do perfil de solo, ou soterrado por sedimentos mais recentes; e, um ou mais dos seguintes requisitos: - presença de material arqueológico (fragmentos de artefatos cerâmicos, líticos etc.) em qualquer quantidade; e, ou - teor de fósforo (P extraível por Mehlich-a) na fração terra fina de 68mg kg1 ou maior; altos teores de P extraível também nos horizontes mais profundos (B, C) apóiam efeitos antrópicos antigos. - teor de carvão de pelo menos 10g kg-1 no solo. Em sítios onde não foi detectada evidência adicional de atividade antrópica antiga, o teor de carvão deverá ser maior da superfície até a profundidade de 0,40m ou maior, em comparação aos solos não antrópicos circunvizinhos; - presença de fragmentos de conchas e outros organismos aquáticos, e material cultural (cerâmicas, líticos, artefatos ósseos, etc.), de pelo menos 10g KG-1 da terra fina; ou em 1% da superfície vertical exposta, por estimativa visual - associação evidente do solo com atividades humanas pretéritas (sítios de habitação, lixeiras, construções de terra, lavouras pretéritas, vegetação etc.). (KAMPF et al., 2009:95)

Após o reconhecimento das propriedades mínimas para classificação dos solos sob investigação como arqueoantropopedogênicos, estes deveriam ser classificados de acordo com classes distintivas baseadas em níveis de “elementos formativos” (KAMPF et al., 2003), ou seja os processos que tenham levado à sua formação. Alguns exemplos das nomenclaturas propostas no sistema de Kampf e colaboradores (2003) são descritas no quadro a seguir: 36

Ágrico – supõe a formação deliberada do horizonte em estudo por práticas agrícolas, tais como a derrubada e queima da vegetação e uma série de outras características de composição físico-química. Estes tipos de solo compreenderiam as Terras Mulatas. Cúltico – formados pelo alto teor de artefatos culturais, podendo ser usado de maneira combinada (ex: culto-ágrico, culto-hórtico). Segundo os autores, esta classificação compreenderia usualmente os montículos e outros depósitos de artefatos culturais. Hórtico – supõe a formação do horizonte de referência em decorrência de prolongada habitação com adições casuais de resíduos orgânicos domésticos e de material cultural. Estes seriam equivalentes às Terras Pretas “legítimas”. Prótico – indicariam um estádio preliminar de desenvolvimento de um Arqueoantrossolo, detectado por vestígios de resíduos de habitação antiga e, ou atividades humanas antigas. Podem apresentar valor de C orgânico abaixo do requerido para serem classificados como Hórticos, por exemplo. (...)

Além deste nível classificatório baseado nos processos de formação, o sistema prevê a adição de outros níveis relacionados a cor, textura, espessura, composição química e constituição (KAMPF et al., 2003). Alguns exemplos, são descritos a seguir:

- Cárbico (indica altos teores de carvão). - Cinzento (com predomínio de cores conzentas). - Cumúlico (horizontes som mais de 60cm de espessura). (...)

Com fins ilustrativos, podemos exemplificar uma nomenclatura a partir desta classificação: Arqueoantrossolo Hórtico cárbico cumúlico argiloso. Como proposto pelos autores, esta classificação “prioriza e enfatiza propriedades dos solos relacionadas à influência humana e à pedogênese subseqüente” (KAMPF et al, 2009). Entretanto, embora os autores reconheçam a natureza dinâmica e variável dos solos antrópicos, não deixam de pressupor que seja possível diferenciar em campo e através da análise das propriedades físico-químicas do solo os processos culturais que teriam levado à formação destes solos.

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2.2.3 Problemas classificatórios e o exemplo etnográfico Embora seja digno de reconhecimento o grande esforço em pormenorizar as características dos solos antropogênicos da Amazônia, o sistema classificatório de Kampf e colaboradores (2003) não deixa de partir dos mesmos pressupostos existentes na classificação de Terras Pretas e Terras Mulatas, ou seja, postula que eventos díspares, como o acúmulo de dejetos em áreas de residência e as queimadas em áreas de cultivo, seriam reconhecíveis e que dariam origem a diferentes solos escurecidos. No entanto, pesquisas etnoarqueológicas realizadas no Xingu apontam para a grande dificuldade de se identificar as atividades específicas que resultam em solos escurecidos. Schmidt (2010) relata que solos com grande quantidade de matéria orgânica, abundantes carvões e poucos artefatos (propriedades semelhantes àqueles classificados como Terra Mulata, ou Ágricos), podem resultar de atividades domésticas, rituais, econômicas (elaboração de artefatos de madeira, processamento de alimentos), descarte de dejetos e queimadas com propósitos agrícolas, ou não, localizando-se em áreas domésticas, periféricas, de cultivo e até mesmo na praça central (SCHMIDT, 2010). Da mesma forma que a classificação destes solos de acordo com o processo que os teriam gerado é passível de críticas (SCHMIDT, 2010), sua intencionalidade ou não também tem provocado intensos debates. Não se sabe se a formação de Terras Pretas e Terras Mulatas foi intencional. As pesquisas etnográficas apontam para uma série de práticas que levam ao aumento da produtividade dos plantios, seja através do controle das pragas, da adição de matéria orgânica, ou da utilização de lixeiras para a prática de cultivo. Inúmeros eventos estão envolvidos nos processos de cultivo, desde a escolha dos locais, tendo em vista um conhecimento prévio das qualidades do solo para o cultivo de determinadas plantas até a manutenção das áreas cultivadas, com o melhoramento do solo ou 38

manutenção deste, o que aponta para a importância e diversidade de elementos que podem alterar os solos. Todas estas ações práticas são regidas por um plano cosmogônico que em alguns casos pode envolver desde a retirada de plantas invasoras até a regulação do equilíbrio na relação entre seres humanos e plantas. Descola (2006) fez uma série de observações representativas da importância da manutenção das roças dos Achuar, um grupo Jívaro que vive num território na divisa entre a Amazônia Peruana e Equatoriana e os Andes. As mulheres Achuar são as donas das áreas de roçado, e cada roça é um espelho da dedicação destas mulheres, o que as leva a prezar muito pela extrema organização de seus roçados.

[...] É necessário muito suor. Avançando de cócoras em círculos concêntricos, Entza se pôs a capinar com o facão. Dia após dia ela vai perseguindo as ervas daninhas que disputam o terreno com as plantas cultivadas, tal labor paciente ocupando a maior parte do tempo passado na roça. A tradição mítica explica que esses tufos de gramíneas parasitas nasceram da penugem de Colibri, que as espalhou na superfície da terra para punir os humanos por seu excesso de zelo hortícola. (DESCOLA, 2006:1617)

A organização das áreas de plantio e todas as atividades envolvidas na sua manutenção variam de acordo com o tempo e com as diferentes culturas, deixando registros muito distintos nos solos. No Brasil Central, os Kayapó são um exemplo extremo de intensas práticas de manejo e melhoramento do solo. Este grupo emprega restos da colheita, folhas de palmeiras e cobertura morta como meio de manejo do solo. Além disso, adicionam material orgânico (como ossos, restos de folhas, formigueiros) ao solo que circunda as árvores cultivadas e ainda realizam queimadas controladas de acordo com a temperatura e horário do dia, o que possibilita a realização de agricultura semi-intensiva por períodos relativamente longos (5 39

anos), seguidos por um período curto de pousio do solo (10 anos) (HECHT & POSEY, 1989; HECHT, 2003). Entre os Kuikuro, no Xingu, Schmidt (2010) observou práticas importantes de manejo e uso dos solos: Farmers have been observed practicing in-field burning and mulching during cropping periods and also spreading organic refuse over the soil surface of fallow ground in order to improve fertility for later planting. All of this indicates that the Kuikuro understand soil management, including the benefits of organic matter and burning. […] It is probably as true in the past as it is in the present that middens or ‘midden material’ and ‘old terra preta’ are recognized as a resource that can be created and exploited. Rather than intentional or not, there is the intentional utilization of an unintentional byproduct of settlement and economic activities (organic refuse) along with the intentional improvement of soil for cultivation with organic refuse and other techniques such as mulching and in-field burning. (SCHMIDT, 2010:879)

Diferentes formas de manejo podem ser empregadas, podendo resultar, ou não, em solos escuros. A principal questão que deve ser compreendida não é a intencionalidade ou não da formação de Terras Pretas ou Mulatas, mas sim, a intenção de incremento do solo, tendo em vista o melhor crescimento das plantas ou a restauração do equilíbrio entre o mundo dos viventes e o mundo dos espíritos, incluindo práticas de adição de restos de fogueiras, de matéria orgânica e diversos outros elementos, para a apropriação social do ambiente e, por extensão, dos solos. Um componente muito importante destes solos são os carvões, ou como são correntemente denominados pelos especialistas em Terra Preta: “bio-char”. Formados a partir de queimas de baixa temperatura, os inúmeros fragmentos de carvões colaboram para que as terras pretas apresentem 70 vezes mais carbono que os demais solos amazônicos (GLASER & WOODS, 2004). Embora o carbono não seja um nutriente, ele auxilia na retenção destes e torna-os disponíveis, estabilizando a matéria orgânica do solo, e aumentando os níveis de pH e de 40

atividade microbial do solo. No caso dos carvões, sua estrutura porosa contribui no processo de adsorção dos nutrientes (LOWRI, 1920), reduzindo a lixiviação (DENEVAN, 2009). Desta forma, o carbono e por extensão os carvões, dada sua extrema quantidade nas Terras Pretas e Mulatas, contribui para a fertilidade destes solos e sua sustentabilidade (LEHMANN et al., 2003; STEINER et al., 2004 apud DENEVAN, 2009). Estes carvões constituem um farto material em sítios arqueológicos da Amazônia Central, sendo particularmente abundantes nas Terras Pretas e Mulatas. A determinação taxonômica dos carvões encontrados nas camadas de solo antropogênico é uma ferramenta interessante para a compreensão dos eventos de queima que fizeram parte da formação destes solos e como o ambiente à época de ocupação destes sítios foi alterado pela ação humana através do uso do fogo.

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2.3 Antracologia: a relação entre Humanos e Ambientes contada a partir dos Carvões A Antracologia é o de estudo de macro restos vegetais carbonizados. Estes restos carbonizados podem ser encontrados tanto em sítios arqueológicos, sendo resultantes das diversas atividades humanas em torno da produção de fogo, quanto em solos, retratando áreas afetadas por incêndios naturais no passado (SCHEEL-YBERT, 2004a). Através do estudo dos carvões coletados em sítios arqueológico é possível obter, a partir do mesmo material, resultados Paleoetnobotânicos e também Paleoecológicos. A determinação dos carvões possibilita o reconhecimento das espécies lenhosas, permitindo tanto descobrir qual era a vegetação da área estudada como também que plantas eram utilizadas por grupos passados (SCHEEL, GASPAR & YBERT, 1996a). Nos contextos arqueológicos, a análise antracológica possibilita a reconstituição do paleoambiente vegetal associado a populações humanas do passado (VERNET, 1992), conduzindo a uma melhor interpretação sobre os modos de vida, recursos ambientais disponíveis, a influência destas populações sobre o ambiente (manejo, cultivo, desmatamento, queimadas etc.) e as possibilidades oferecidas pelo meio para as populações (dieta alimentar, tipo de habitat, etc.), assim como a reconstituição do paleoclima (SCHEEL, GASPAR & YBERT, 1996a). Em análises antracológicas, pode ser significativo o fato de uma espécie ser ou não representada em um dado momento, sendo possível tirar conclusões sobre a vegetação, o clima, e até mesmo o papel humano no passado, através da variação, ao longo do tempo, da importância relativa das principais espécies (PONS, 1977 apud VERNET, 1992). Estes estudos fornecem interessantes dados sobre os usos que as populações pré-históricas faziam da vegetação lenhosa local, seja como combustível (preparação de alimentos, calor, 42

transformação de matérias-primas etc.), seja para a confecção de artefatos de madeira (utensílios, habitações, embarcações etc.), assim como informações sobre a alimentação dessas populações (conservação de restos alimentares carbonizados) (SCHEEL, GASPAR & YBERT, 1996a; SCHEEL-YBERT, 2004a, 2004b). A grande quantidade de informações que podem ser obtidas com a análise dos carvões revela o grande potencial da antracologia em elucidar graves lacunas no conhecimento arqueológico sobre o uso de vegetais e a relação com o ambiente por populações passadas.

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2.3.1 O Surgimento da Antracologia O estudo de carvões teve seu início no final do século XIX, e métodos de observação e análise complexos e, muitas vezes lentos, marcaram a história das análises de carvões até o século XX1. Nos anos 60 a história da observação de carvões passaria por uma grande guinada, a partir de uma idéia simples. Vernet, na França e Western, na Inglaterra desenvolveram concomitantemente uma técnica de fragmentação manual dos carvões seguida da observação direta através de microscopia de luz refletida, sem necessidade de impregná-los com produtos químicos (WESTERN, 1963, 1969, 1971; VERNET, 1973). Este método, além de diminuir drasticamente o tempo e os custos da análise de carvões, revelando a flora e a vegetação pré-histórica ainda permitia a datação destes materiais por C14, já que não era utilizado qualquer tipo de produto químico na manipulação dos carvões arqueológicos (VERNET, BAZILE ROBERT & EVIN, 1979). Os trabalhos de Western e de Vernet são um grande marco no desenvolvimento da Antracologia como disciplina. Esta disciplina é extremamente ligada à metodologia por eles desenvolvida e difundida a partir de 1960. A imensa influência de Vernet na difusão desta disciplina e na formação de uma forte tradição de pesquisa na Universidade de Montpellier possibilitou o avanço das pesquisas antracológicas para além da França, expandindo as análises não só para vários países da Europa, como inclusive para o Brasil (CAROMANO, 2009). Os avanços obtidos a partir dos novos procedimentos laboratoriais caminharam juntos da implementação de técnicas de campo que visavam o máximo possível de recuperação dos carvões dispersos nos sedimentos arqueológicos, como a técnica de flotação (PEARSALL, 1

Para um histórico mais completo da Antracologia, ver CAROMANO, 2009.

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2006). Baseadas num número cada vez maior de carvões analisados, reconstituições paleoambientais tanto do Pleistoceno quanto do Holoceno obtidas a partir das pesquisas antracológicas passaram a corresponder bastante bem aos resultados obtidos por outras disciplinas paleoambientais como a palinologia, a sedimentologia e os estudos faunísticos (SCHEEL-YBERT, 2004a).

2.3.2 O Desenvolvimento da Metodologia Antracológica: a busca pela fiabilidade dos resultados Com o desenvolvimento crescente das pesquisas antracológicas com enfoque paleoambiental e paleoetnobotânico a partir dos anos 80, uma geração de pesquisadores buscou fundamentar a aplicação sistemática de análises de carvões em sítios arqueológicos. Estratégias apropriadas de amostragem e a necessidade do papel ativo dos analistas de carvão na escavação passaram a figurar nos trabalhos acadêmicos (CHABAL, 1982, 1988; HEINZ, 1988). Além disso, novas abordagens foram exploradas na interpretação dos dados obtidos com os carvões, a partir de experimentos de combustão e fragmentação (BAZILE-ROBERT, 1982). A década de 80 também foi palco de discussões interpretativas com questionamentos sobre a validade da realização de diagramas em função do peso dos carvões analisados ou de seu número (KRAUSS-MARGUET, 1980; CHABAL, 1982) e reconhecimento do índice de fragmentação de diferentes espécies (BAZILE-ROBERT, 1982; CHABAL, 1982). Diferentes formas de apresentação dos dados foram desenvolvidas. Vernet e seus colaboradores interpretam seus dados a partir da contagem dos fragmentos expressa em porcentagens relativas de cada taxon, partindo do pressuposto de que um grande número de fragmentos estaria associado a uma biomassa vegetal importante, independentemente do seu 44

tamanho (HEINZ, 1991; SOLARI & VERNET, 1992; THIÉBAULT, 1994, 1997; SCHEELYBERT, 1998, 2000). Também na França, Thinon comandou uma segunda tradição de pesquisas antracológicas, estritamente ligados à análise de carvões de solos sem influência antrópica, conhecida como pedoantracologia. Os membros desta corrente apresentam seus dados em termos de presença específica, com porcentagem ponderada e pesagem das amostras, como forma de representar a biomassa vegetal (THINON, 1979; CARCAILLET & THINON, 1996, TALON et al., 2005). Entre os membros da tradição anglo-saxã, os taxa identificados são geralmente tratados em termos de presença-ausência (WILLCOX, 1974; SMART & HOFFMAN, 1988; POPPER, 1988). Outros autores, por sua vez, apresentam seus resultados sob a forma de freqüências relativas tanto do número de fragmentos quanto do peso de cada taxon (CASTELLETTI, CREMASCHI & NOTINI, 1976; CASTELLETTI, 1978; THOMPSON, 1994). Os questionamentos, que já haviam iniciado nos anos 40 (SALISBURY & JANE, 1940; GODWIN & TANSLEY, 1941), sobre a representatividade paleoecológica dos carvões arqueológicos e sobre o quanto as escolhas humanas poderiam alterar este registro, intensificaram-se nesta época (THINON, 1978; SMART & HOFFMAN, 1988). Como contraponto àqueles que propunham uma suposta fragilidade do resultado paleoambiental obtido a partir de carvões arqueológicos, diversos estudos paleoecológicos baseados em carvões comprovaram a validade dos resultados (VERNET & THIÉBAULT, 1987; NEUMANN, 1989; TUSENIUS, 1989; HEINZ, 1991; VERNET, 1992, 1997; FIGUEIRAL, 1993, 1995; HOPKINS et al,. 1993; SOLARI, 1993/94; BADAL, BERNABEU & VERNET , 1994; THIÉBAULT, 1997; HEINZ & THIÉBAULT, 1998). Desenvolvidas as técnicas adequadas e confirmada a fiabilidade dos resultados obtidos, a antracologia passou a ser especialmente aplicada em pesquisas paleoecológicas. Porém, a 45

maior parte destes estudos ocorreu em regiões temperadas da Europa (VERNET & THIÉBAULT, 1987; VERNET, 1992; HEINZ, 1991; BADAL, BERNABEU & VERNET , 1994; FIGUEIRAL, 1995; THIÉBAULT, 1997; HEINZ & THIÉBAULT, 1998), com raras aplicações na África (PRIOR & WILLIAMS, 1985; TUSENIUS, 1989; NEUMANN, 1989; NEUMANN, KAHLHEBER & UEBEL, 1998). Os poucos estudos feitos em áreas de clima tropical se referiam, principalmente, a aspectos paleoetnobotânicos, como no caso dos estudos realizados no Equador (PEARSALL, 1979, 1983), no sul da Flórida e Caribe (NEWSON, 1991, 1993) e na Tailândia (THOMPSON, 1994). Na América do Sul, as primeiras análises antracológicas foram realizadas a partir dos anos 90, principalmente na Patagônia (SOLARI, 1990, 1993/94; PIQUÉ I HUERTA, 1999). Nas regiões tropicais, a disciplina começou a ser empregada poucos anos mais tarde com trabalhos no Brasil (SCHEEL, GASPAR & YBERT, 1996a, 1996b; SCHEEL-YBERT, 1998, 1999, 2000, 2001a; SCHEEL-YBERT et al., 2003) e na Guiana Francesa (TARDY, 1998). É interessante notar que, tão logo a antracologia foi implementada em regiões tropicais, surgiram discussões sobre possíveis adaptações nas metodologias de coleta e de análise, de maneira a melhor adequá-las à pluralidade da vegetação tropical (SCHEEL-YBERT, 2002). É importante ressaltar a imensa variabilidade de formas de trabalhar com os dados antracológicos presente nos estudos mencionados acima, não somente devido à própria diversidade dos contextos arqueológicos analisados à luz da antracologia, mas também da diversidade de influências teóricas e metodológicas. Estas, por sua vez, existem em grande parte devido aos países e aos professores que formaram cada pesquisador, resultando em distintos métodos de análise, de agrupamentos de dados e até mesmo de questões levantadas. Este é um tema candente na antracologia que, como vimos anteriormente, tem profundas raízes no histórico da disciplina. O número mínimo de amostragem de carvões para 46

a realização de uma reconstituição paleoambiental fiável tem sido tema de profundos debates até hoje. A escola formada por Vernet defende um número mínimo compatível com a estabilização da curva de riqueza específica, que em regiões temperadas geralmente é atingida com a análise de um número mínimo de 200 a 300 fragmentos, ao passo que, em regiões tropicais, este número ainda tem sido estudado, mas tende a ser igual ou um pouco maior. Thompson, por outro lado, ao tratar da análise de carvões em regiões tropicais, propõe um número bastante reduzido, de apenas 25 fragmentos por amostra, para a análise antracológica. Ao analisarmos as pesquisas realizadas na América Latina, podemos verificar que, embora as pesquisas sejam muito mais influenciadas pela escola de Vernet (e.g. SOLARI, 1993/94; SCHEEL-YBERT, 1998), outras propostas teórico-metodológicas também têm o seu lugar (MONTAÑEZ, 2005).

2.3.3 A Antracologia no Brasil: aplicações no Sul e Sudeste Os trabalhos de antracologia no Brasil, da mesma forma que no restante do mundo, apresentaram novos dados tanto para a Arqueologia quanto para os estudos paleoambientais. Os fragmentos de carvões, geralmente abundantes no sedimento arqueológico, até recentemente eram coletados apenas para datação (este não era um fenômeno exclusivo do Brasil, ocorrendo em todo o mundo). Com a aplicação da antracologia, esses pequenos pedacinhos enegrecidos pela carbonização passaram a informar sobre o paleoambiente no qual viviam os antigos habitantes dos sítios arqueológicos, assim como sobre as transformações pelas quais a paisagem passou, além de trazer ricas informações sobre a economia do combustível e o uso de madeira em contextos cotidianos e rituais e de manejo e cultivo de vegetais (SCHEEL-YBERT, 2000, 2001a, 2001b; SCHEEL-YBERT et al., 2003;

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BEAUCLAIR, 2007; BIANCHINI, SCHEEL-YBERT & GASPAR 2007; BIANCHINI, 2008; BEAUCLAIR et al., 2009). Rita Scheel-Ybert foi a precursora nos estudos antracológicos no Brasil, seguindo a metodologia difundida pela escola de Vernet para a caracterização paleoambiental e paleoetnobotânica de sítios arqueológicos nas regiões Sul e Sudeste. A formação, por esta, de pesquisadores brasileiros nesta disciplina possibilitou o aprofundamentos dos estudos no Sul e Sudeste em contextos arqueológicos pré-colombianos e históricos (BIANCHINI, 2008; BEAUCLAIR, 2010), assim como também permitiu a expansão das pesquisas para outras regiões brasileiras (CAROMANO, 2009). Dez sambaquis do Sudeste e do Sul brasileiros foram estudados até o momento por Scheel-Ybert e por sua equipe, e mais de uma centena de tipos vegetais já foram identificados registrando, normalmente, entre 30 e 50 taxa por amostra. Esta riqueza é comparável ao que é normalmente encontrado em levantamentos fitossociológicos de 1 ha de floresta, o que demonstra a fiabilidade dos resultados para reconstituições paleoecológicas (SCHEELYBERT, 2000). Além dos sambaquis, localizados no Sul e Sudeste brasileiros, dois sítios Tupiguarani foram analisados, demonstrando a existência da Floresta Atlântica durante todo o período de ocupação dos mesmos. A análise antracológica de um destes sítios revelou a existência de fogueiras domésticas com alta diversidade taxonômica, permitindo sugerir que elas tenham sido reutilizadas várias vezes, representando o registro de diversas coletas aleatórias de lenha ao longo do tempo (BEAUCLAIR, 2007; BEAUCLAIR et al., 2008). Em contexto funerário, no entanto, foram registrados indícios de seleção. No sítio Tupiguarani Morro Grande, fogueiras de cascas organizadas circularmente em torno de uma urna forneceram evidências indiscutíveis de que este combustível tenha sido selecionado para este contexto específico 48

(BEAUCLAIR et al., 2009). Tal resultado demonstrou a imensa riqueza destes contextos e a importância das análises antracológicas no desvelar da cosmogonia dos povos do passado. As pesquisas antracológicas realizadas em território brasileiro, além de resultarem em importantes reconstituições paleoambientais, também revelaram a presença de restos alimentares carbonizados. Em Santa Catarina, no sambaqui Jabuticabeira-II, foram identificadas numerosas sementes (incluindo Annonaceae, Myrtaceae e Cucurbitaceae) e coquinhos (Arecaceae), reiterando a importância das plantas para esta sociedade, tanto em contextos cotidianos quanto rituais, e fornecendo bases mais sólidas para debates sobre manejo e cultivo de vegetais (BIANCHINI, 2008), de acordo com o que foi proposto por Scheel-Ybert et al. (2003). Os sítios históricos começaram a ser abordados pela antracologia em território brasileiro, a partir de diferentes estudos realizados sobre materiais arqueobotânicos coletados em sítios no estado do Rio de Janeiro. Em carvoarias históricas do Rio de Janeiro, Beauclair (2010) apontou para a importante influência da extração de madeira para a produção de carvões na composição vegetal de um trecho de mata atlântica no Maciço da Pedra Branca, aliando aos seus dados a inferência sobre o diâmetro mínimo de espécies coletadas para a produção carvoeira (RANGEL, 2009). Já no interior do Estado do Rio de Janeiro, sítios do período colonial tem sido amplamente abordados por Bianchini, partindo desde a análise de perfis antracológicos com vistas à reconstituição da vegetação da Mata Atlântica à época de ocupação dos sítios, até a análise das diferentes formas de utilização da madeira como combustível, desde a coleta direta de galhos até o reaproveitamento de restos de madeira beneficiada, transformada em tábuas, como combustível (BIANCHINI, 2009).

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Ainda em território brasileiro, foram realizados estudos anatômicos de carvões como subsídios ao conhecimento da anatomia do lenho das famílias Anacardiaceae, Annonaceae, Aquifoliaceae, Apocynaceae e Araliaceae (GONÇALVES, 2006), assim como estudos das modificações estruturais do lenho após carbonização em diversas espécies do cerrado paulista (GONÇALVES, 2010).

2.3.4 Antracologia na Amazônia Embora haja uma grande expansão dos estudos antracológicos na região sul-sudeste do Brasil, é notável o vazio das pesquisas arqueobotânicas com macro restos carbonizados nas regiões Norte e Nordeste do país. Na Amazônia, mais especificamente, estes estudos são raros e bastante recentes quando comparados aos trabalhos realizados na Europa e até mesmo em toda a América do Sul. No território Amazônico (considerando-se não apenas a Amazônia brasileira), podemos destacar três estudos antracológicos realizados a partir de material arqueobotânico, um na Guiana Francesa, outro na Colômbia e um terceiro no Brasil.

2.3.4.1 Antracologia na Amazônia da Guiana Francesa Um grande estudo de arqueologia preventiva realizado na bacia do Sinnamary foi realizado por Vacher e colaboradores (1998), contando com uma equipe multidisciplinar para análises de solo, osteológicas, de artefatos cerâmicos e líticos e também de vestígios botânicos. Christophe Tardy ficou responsável pela análise antracológica dos carvões recuperados em três sítios identificados na área do estudo arqueológico.

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Tardy analisou mais de 4400 fragmentos de carvões, concentrando-se nos carvões de estruturas arqueológicas recuperados a partir da técnica de peneira molhada e numa coluna de sedimento para a análise de carvões mais antigos, provenientes de paleoincêndios naturais. Seu principal objetivo foi a realização de uma reconstituição da vegetação do entorno antes e durante o período de ocupação dos sítios (VACHER et al, 1998:95). Com relação à análise do conjunto de carvões provenientes de paleoincêndios holocênicos, foram identificados carvões pertencentes a 11 famílias botânicas (Bignoniaceae, Fabaceae, Anacardiaceae, Apocynaceae, Meliaceae, Verbenaceae, Annonaceae, Rubiaceae, Flacourtiaceae, Araliaceae e Lecythidaceae). O autor ainda refinou a análise, sugerindo 11 gêneros e 4 espécies (VACHER et al., 1998: 101). Os carvões provenientes dos níveis arqueológicos apresentaram uma diversidade de taxa muito superior. No conjunto dos três sítios foram identificadas 45 famílias distintas, 135 gêneros e 95 espécies (VACHER et al, 1998, pp: 98-100). O resultado foi interpretado como bastante representativo da vegetação presente nas florestas de terra firme, com a presença também de gêneros comuns às florestas de várzea, entretanto, o próprio autor chama atenção para a impossibilidade de definir acuradamente o meio ecológico mais representativo (terra firme ou várzea) em virtude das limitações de identificação em nível específico. Um ponto importante verificado pelo autor foi a presença de taxa característicos de florestas secundárias em virtude do impacto antrópico, podendo indicar uma grande pressão humana sobre o ambiente nos períodos de ocupação dos sítios (VACHER et al, 1998, p:97).

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2.3.4.2 Antracologia na Amazônia Colombiana Uma pesquisa pioneira foi realizada na Amazônia Colombiana tendo como objetivo principal a caracterização do conjunto de carvões arqueológicos do sítio arqueológico Peña Roja, na região do médio rio Caquetá (MONTAÑEZ, 2005). O livro “Arqueobotánica en la Amazonía Colombiana” apresenta os resultados de análises antracológicas realizadas no sítio Peña Roja. Montañez buscou realizar, conjuntamente, uma coleção de referência de madeiras atuais amazônicas, a construção de um modelo de investigação da formação de conjuntos de carvões em sítios arqueológicos a partir da observação etnográfica e, ainda, analisar um conjunto de carvões arqueológicos a partir da metodologia antracológica. Tendo em conta a alta diversidade da flora da região de investigação, assim como a falta de estudos piloto sobre o tamanho apropriado da amostragem, foram escolhidos 200 fragmentos de carvão com mais de 2mm para identificação. Alguns dos carvões foram identificados em nível de família e alguns em nível de gênero. A autora também calculou o peso dos carvões das amostras do sítio Peña Roja para calcular a densidade de carvões por camada arqueológica, verificando que a densidade de carvões é maior nas camadas pré-cerâmicas, devendo-se, provavelmente, à maior intensidade de ocupação do sítio neste período, a funções diferentes do sítio ao longo do tempo ou a mudanças na velocidade de deposição dos materiais arqueológicos. Neste estudo, 84 fragmentos de carvões foram identificados, resultando em 16 famílias e 4 diferentes gêneros. Destes fragmentos 81 pertencem a dicotiledôneas e 3 a monocotiledôneas. Os 116 fragmentos restantes não identificados também foram determinados como lenhos de dicotiledôneas. É possível notar ao longo do trabalho que a autora foi profundamente influenciada pela proposta de Thompson (1994), que defende que, 52

devido à enorme diversidade vegetal existente em sítios tropicais, seria necessária a análise de apenas uma pequena quantidade de carvões, já que a totalidade vegetal nunca seria alcançada. A autora chama atenção para a impossibilidade de análises quantitativas de diversidade dos taxa ou de reconstruções paleoambientais devido ao pequeno número de carvões analisados, acrescentando que o principal objetivo deste estudo foi criar um modelo para caracterizar os conjuntos de carvões de sítios arqueológicos da Amazônia Colombiana e avaliar os métodos correntes de identificação de carvões para essa região (MONTAÑEZ, 2005:134).

2.3.4.3 Antracologia na Amazônia Central: um ensaio no sítio Maria de Jesus, Anamã – AM Localizado à margem esquerda do paraná Anamã, no município de Anamã, Estado do Amazonas (coordenadas UTM 0675823/9606848), o sítio Maria de Jesus é um típico sítio cerâmico de várzea, distando apenas 33m do curso d’água (Figura 1). O sítio foi escavado como parte de um levantamento e salvamento arqueológico da área de influência direta do gasoduto Coari-Manaus, vinculado ao Projeto Amazônia Central. Um cuidado especial foi dado à coleta de amostras de solo do sítio Maria de Jesus, para análises de vestígios botânicos. Em todos os níveis foram coletadas amostras de solo de 10cm³, reservando-se assim um testemunho geral das características do solo em cada nível artificial, para pesquisas futuras. Durante as escavações foram localizadas, aos 30cm de profundidade, áreas com alta concentração de feições bem delineadas (em algumas áreas de 2m² chegaram a ser evidenciadas 14 feições), com concentrações de carvões associadas a artefatos líticos, vasilhas e fragmentos cerâmicos (Figura 2). O sedimento destas estruturas foi coletado 53

cuidadosamente, de maneira que cada uma destas feições recebeu um tratamento de escavação e registro individual para futuras análises em laboratório.

Figura 1 - Localização do Sítio Maria de Jesus (a) - imagem do Google Earth, adaptada pela autora; Aspectos da várzea onde o sítio está implantado (b, c e d) – fotografias: Carlos Augusto da Silva.

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Figura 2- Aspectos das feições identificadas no sítio Maria de Jesus (a); Escavação da área (b); Feições esvaziadas após escavação individual (c). Fotografias: Carlos Augusto da Silva.

Graças ao grande volume e importância destas estruturas no sítio Maria de Jesus, decidiu-se analisar os carvões concentrados de uma destas feições (CAROMANO, 2009). Selecionou-se para um ensaio antracológico uma feição (F4) identificada aos 40cm de 55

profundidade durante a escavação. Aos 60 cm de profundidade, foi atingido o final desta feição. Respeitados os limites naturais visíveis da feição, foram então coletadas duas amostras distintas da mesma, referentes ao seu conteúdo total: uma amostra relativa ao nível 40-50cm e outra referente ao nível 50-60cm. No caso do sítio Maria de Jesus, devido ao solo extremamente argiloso, optou-se pela coleta total do sedimento das áreas de feições para posterior flotação em laboratório. O material resultante foi então selecionado, de maneira que os carvões e sementes carbonizadas foram separados dos vestígios faunísticos. É preciso salientar que de forma alguma privilegiou-se os maiores carvões para a amostragem antracológica, já que a identificação de numerosos fragmentos de todos os tamanhos é importante estatisticamente (VERNET, 1992). Os carvões apresentaram-se muito fragmentados e bastante intrudidos por minerais, porém, tal condição não impossibilitou a identificação qualitativa dos mesmos em nível de família. Foram analisados 100 fragmentos de carvão provenientes da Feição 4 do sítio arqueológico Maria de Jesus, referentes aos níveis 40-50 e 50-60 cm. Quatorze famílias foram identificadas e, quando houve a possibilidade, foram subdivididas em tipos anatômicos, ou seja, conjunto de indivíduos (fragmentos de carvão) de uma mesma família que compartilham as mesmas características anatômicas (por exemplo, Leguminosae tipo 1), destacando-se dos demais indivíduos desta mesma família. Quando a subdivisão por tipos não foi possível, ou seja, quando os caracteres anatômicos não coincidiram de tal maneira a formar um grupo dentro de uma mesma família, todos os espécimens foram reunidos sob o nível de família (por exemplo, Leguminosae) (Figura 3).

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A análise dos carvões em F4 revelou uma dominância de taxa da família Leguminosae, tanto em diversidade de espécies quanto em freqüência de indivíduos. Este resultado é coincidente com o que é observado em levantamentos da vegetação atual da região, em que esta família apresenta ampla diversidade, distribuição e abundância (DUCKE, 1949; SILVA et al., 1989). Além disso, a importância de elementos das famílias Myrtaceae, Rubiaceae e Annonaceae também sugere um ambiente relativamente semelhante ao atual durante o período de ocupação do sítio (TELLO, 1994). Embora carvões concentrados nem sempre sejam bons indicadores ambientais, carvões de fogueiras de uso cotidiano podem ser representativos da vegetação circundante, já que, para o uso combustível diário, geralmente não há seleção de espécies, mas sim coletas aleatórias (VERNET 1977; VERNET, BAZILE ROBERT & EVIN 1979, CHABAL 1991, 1992; SCHEEL-YBERT, 2000).

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Figura 3 - Porcentagem de fragmentos de lenho identificados em F4.

Além da identificação de 91 fragmentos de madeira carbonizada, sementes e tubérculos também foram identificados na amostra (Figura 4). Estes vestígios podem ser importantes fontes de informação sobre os hábitos alimentares, podendo indicar também que esta feição esteve associada a um contexto de processamento de alimentos.

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Figura 4 - Tipos de restos carbonizados presentes em F4.

A alta diversidade de espécies encontradas nesta feição, além do contexto evidenciado durante as escavações, nos leva a sugerir que F4 se trata de uma fogueira que pode ter sido utilizada inúmeras vezes apontando para a prática da coleta aleatória da lenha, sendo talvez uma fogueira para preparação de alimentos, provavelmente localizando-se numa área doméstica. Os resultados antracológicos obtidos no sítio Maria de Jesus, embora bastante preliminares e não atingindo um grande número de carvões apontaram a predominância de famílias típicas da Amazônia Central, e como já citado, com proporções bastante semelhantes aos levantamentos florísticos publicados atualmente, o que sugere que o sítio Maria de Jesus tivesse uma cobertura vegetal relativamente semelhante à atual (CAROMANO, 2009).

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 PAC: um Projeto para a Arqueologia da Amazônia Central Inspirados pelas candentes questões arqueológicas da Floresta Tropical Amazônica, em 1995, os arqueólogos Eduardo Góes Neves, James Brant Petersen e Michael Heckenberger criaram um projeto objetivando adquirir novos dados sobre as a arqueologia da região a partir de uma abordagem multidisciplinar, testando as hipóteses resultantes dos intensos debates sobre as formas de ocupação da região e os modos de vida dos antigos habitantes da Floresta Amazônica. Este projeto recebeu o nome de Projeto Amazônia Central (PAC). A pesquisa intensiva realizada desde o nascimento do PAC gerou um grande avanço na compreensão das cronologias regionais da Amazônia Central, assim como na estrutura e processos de mudança das sociedades que habitaram esta região desde o início do Holoceno até a colonização européia, com a identificação de mais de 100 sítios arqueológicos (NEVES, 2005). Os dados obtidos indicam um mosaico cultural no passado Amazônico extremamente complexo e dinâmico. As pesquisas realizadas incluem análises de vestígios cerâmicos e líticos, isótopos de carvões estáveis, estudos de propriedades químicas dos solos, análises micromorfológicas, levantamento de fontes de argila, estudos faunísticos e bioantropológicos, assim como extensivas datações radiocarbônicas (NEVES, 2006, 2008).

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3.1.1 A área de pesquisa A área de pesquisa do Projeto Amazônia Central, na confluência entre os rios Negro e Solimões, abrange uma região fundamental para as discussões sobre a ocupação não somente da região amazônica, mas também para toda a América do Sul. Esta importante área é delimitada a Norte pelo rio Negro, a Sul pelo Solimões e a Oeste pelo rio Ariaú (Figura 5), abrangendo 900 Km², no Estado do Amazonas (NEVES, 2003) Nas linhas que se seguem, pretende-se abordar as características ambientais da região onde as pesquisas do PAC desenvolvem-se e também realizar uma breve exposição das principais características dos sítios arqueológicos identificados na área. A opção por unir tanto os dados ambientais quanto arqueológicos neste capítulo tem como fundamento a idéia que perpassa todo este trabalho. Não é possível tratar do ambiente amazônico como hoje o percebemos ignorando a existência de grupos humanos no passado destas áreas, tampouco formular inúmeras hipóteses sobre a ocupação humana da região amazônica excluindo o papel do ambiente nesta discussão. Longe de concordar com qualquer interpretação determinista, o que se busca valorizar com esta abordagem é uma visão menos dicotômica de Cultura e Natureza, partindo de uma visão integradora.

3.1.2 Integrando dados ambientais e arqueológicos A região de abrangência do PAC é marcada pelos sistemas fluviais bastante distintos dos rios Negro e Solimões, fazendo presentes numa mesma região, dois importantes ecossistemas da bacia amazônica. Esta proximidade dos regimes fluviais de águas pretas e brancas traz para a região uma intensa variedade tanto em termos faunísticos quanto da flora, tornando-a um perfeito exemplo do mosaico de paisagens presentes na bacia amazônica (NEVES, 2000). 62

O clima desta região é do tipo Ami (tropical chuvoso), segundo a classificação de Köppen, com alta umidade relativa do ar, variando entre 85,4 e 94 % (FERREIRA, 1997). A temperatura média varia entre 26 e 27 ºC durante o ano; a taxa de precipitação média é de 2800 mm (FERREIRA, 1997). Duas épocas do ano distinguem-se pelo regime de chuvas: a chuvosa, ocorrendo entre os meses de novembro e maio, causando as intensas cheias amazônicas; e a “seca”, entre os meses de junho e outubro, quando as chuvas escasseiam e o nível dos rios diminui drasticamente, revelando amplas áreas de várzea (FALESI, 1971). Ao norte, a área é banhada pelo rio Negro, cujas águas transparentes e escuras, como seu próprio nome sugere, têm suas nascentes no escudo das Guianas. Este rio caracteriza-se pelos altos níveis de acidez de suas águas e pela não formação de várzeas em suas margens. Os solos da bacia do rio Negro são arenosos e pouco férteis, denominados Podzols (GOULDING, CARVALHO & FERREIRA, 1988). A água filtrada destes solos seria a fonte dos rios de água preta da Amazônia, com deficiência de nutrientes minerais e biologicamente empobrecidos, quando comparados a outros tipos de rio (KLINGE, 1967).

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Figura 5- Área de abrangência do Projeto Amazônia Central e localização dos sítios identificados. Fonte: Neves, 2008.

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As características deste solo empobrecido influenciam a vegetação que ocorre nestas áreas. Na área de atuação do PAC, ocorrem as campinaranas, uma vegetação arbustiva considerada um tipo de transição entre as campinas2 e a floresta densa (BRAGA, 1979), possuindo uma cobertura vegetal raquítica, em resposta aos diversos fatores estressantes aos quais estão submetidas, em decorrência do stress hídrico e às características dos solos arenosos onde se desenvolvem (ANDERSON, 1981; PIRES & PRANCE, 1985). Em áreas próximas das campinaranas, com relevo mais alto, os solos já não são mais arenosos, apresentando muito mais argila em sua composição e cobertura vegetal típica de áreas de terras firmes. Assim, as campinaranas são constantemente entremeadas por áreas de floresta, em virtude da variação da composição dos solos (OLIVEIRA et al., 2001: 189), reforçando ainda mais o típico mosaico vegetal que caracteriza a região (NEVES et al, 2003). Os levantamentos e escavações arqueológica, realizados na área de atuação do PAC mostraram que há uma correlação positiva entre sítios arqueológicos pré-cerâmicos e os areais, como são chamadas as áreas de campinarana (LIMA, 2003; NEVES et al.., 2003; COSTA, 2009). Nesses locais, foram identificados afloramentos rochosos associados a sítios arqueológicos pré-cerâmicos com datas de até 8000 anos AP (COSTA, 2003). Segundo Costa (2003), as campinaranas da Amazônia Central eram uma rica fonte de matéria-prima lítica, o que possivelmente influenciou na escolha destes locais para o estabelecimento das populações pré-ceramistas na área. Esta relação também parece ter ocorrido em outras áreas da Amazônia, como na Guiana Francesa, onde os as indústrias líticas pareciam ter uma profunda relação com a

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“O termo campina na região amazônica ainda é muito discutido, mas refere-se, em geral, a uma paisagem caracterizada por vegetação de porte baixo (3-4m), aberta e escleromórfica, que ocorre sempre em solos arenosos de baixa fertilidade, principalmente em áreas de influência da bacia do Rio Negro” (Barbosa e Ferreira, 2004:578).

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adaptação às matérias primas dos arredores dos sítios (ROSTAIN,1994 apud NEVES et al, 2003). Entretanto, a busca pela proximidade de embasamentos rochosos, fontes de matériasprimas para a produção de instrumentos líticos não parece ter influenciado tanto os grupos ceramistas que ocuparam a Amazônia Central a partir de, aproximadamente, 2500 anos atrás, parecendo ter havido outros tipos de escolhas para a implantação destes sítios, como a localização em barrancos adjacentes às várzeas (NEVES et al, 2003; LIMA, 2008). A área de abrangência do PAC apresenta, ao sul, características distintas, principalmente devido à influência do rio Solimões que, com seu aspecto barrento, é típico do sistema dos rios de águas brancas que se caracterizam pela grande quantidade de sedimentos carreados da região andina, geologicamente jovem e pouco consolidada. As planícies aluviais adjacentes ao rio Solimões formam, no município de Iranduba, áreas de várzea cuja extensão varia de alguns metros a vários quilômetros (LATRUBESSE & FRANZINELLI, 2002). Ao contrário do que ocorre no estável rio Negro, o Solimões é um rio jovem, que constantemente altera seu curso, provocando eventos de alteração do entorno com altas taxas de sedimentação e também profundos processos erosivos, como o fenômeno das terras caídas. Este forte processo de alteração do terreno, muitas vezes chega a afetar os sítios arqueológicos às margens do Solimões nos terraços elevados que expõem depósitos Cretáceos da formação Alter do Chão (FRANZINELLI & IGREJA, 2002). Embora atualmente, esta área já tenha sido bastante desmatada, a cobertura original era típica da floresta amazônica, apresentando grande diversidade de espécies, como se verifica ainda hoje em reservas onde podem ser identificadas mais de 2000 espécies em 10.000 hectares de floresta (VICENTINI, 2001).

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Os solos das áreas de terra firme são predominantemente do tipo Latossolo ou Argissolo, pobres em nutrientes, com PH bastante ácido (VIEIRA, 1988). Nas várzeas, as alagações sazonais, ao contrário, formam depósitos aluviais e são responsáveis pelo enriquecimento do solo e renovação de nutrientes. As pesquisas realizadas na Amazônia Central demonstraram que os sítios “de várzea” não estão localizados exatamente sobre as várzeas, como foi proposto anteriormente e entendido como um fator limitante para assentamentos de longa duração (MEGGERS, 1997). Os locais onde preferivelmente os sítios arqueológicos são implantados são os terraços adjacentes aos rios Negro e Solimões, localizados acima da área de variação dos níveis dos rios, porém, no caso dos sítios nos barrancos do Solimões, adjacentes às áreas de várzea (NEVES, 2003). Este padrão de ocupação já foi observado por Denevan em outras partes da Amazônia, num modelo batizado pelo autor de “Bluff Model” (DENEVAN, 1996). Neste tipo de padrão de assentamento, que se encaixa perfeitamente aos contextos verificados na Amazônia Central, os grupos teriam acesso tanto aos ambientes de várzea quanto de terra firme, aproveitando o potencial de ambos (DENEVAN, 1996). Os sítios arqueológicos implantados nestes barrancos apresentam grande concentração de fragmentos cerâmicos espalhados por áreas extensas, bem como construções monticulares que até o momento são entendidas como construções que serviram de bases para antigas habitações e também como locais de enterramento dos mortos (MORAES, 2007; PYDANIEL, 2009). As pesquisas realizadas pelo PAC demonstram que a confluência dos grandes rios Solimões e Negro apresenta grande potencial arqueológico. Nesta área grandes sítios foram identificados, com alta densidade de vestígios, da mesma forma como foi verificado em outras 67

regiões de confluência de grandes rios com o Amazonas, como o Madeira e o Tapajós (LIMA, 2008). Além disso, as pesquisas realizadas nos últimos 15 anos pelo PAC têm mostrado como a área de pesquisa já passou por modificações antrópicas significativas no período précolonial, visíveis tanto nos ecossistemas de águas brancas quanto no sistema de águas pretas, bem como nas áreas de interflúvio (NEVES, 2003). Os solos de terra preta distribuem-se de maneira a apontar a distribuição das aldeias do passado pré-colonial da região. Estes solos possuem origem antrópica, com alta fertilidade e importância sócio-econômica notável até os dias de hoje, sendo um claro exemplo da profunda antropização da Floresta Amazônica (NEVES, 2006). Além das terras pretas, as pesquisas realizadas nos sítios do Holoceno tardio revelaram uma série de estruturas (montículos artificiais, valas defensivas, sepultamentos diretos ou em urnas, feições3) que se correlacionam com as tipologias cerâmicas, Açutuba, Manacapuru, Paredão e Guarita, definidas para a Amazônia Central (HILBERT, 1968; LIMA, NEVES & PETERSEN, 2006). Os dados obtidos pelo PAC revelaram padrões interessantes para os sítios cerâmicos da Amazônia Central. A cerâmica Açutuba, a ocupação mais antiga da região, sempre é encontrada enterrada, podendo ou não estar sobreposta por cerâmicas correspondentes às fases mais recentes. Outro ponto importante é a ausência de terras pretas em contextos associados à fase Açutuba. As fases Manacapuru e Paredão, por sua vez, ocorrem em depósitos bastante espessos, com terra preta, sendo sobrepostas, ou não, por cerâmica Guarita. A distribuição 3

Feição é um termo empregado no âmbito do PAC que define marcas intrusivas nos solos, caracterizadas por sedimentos de coloração escura e claramente destacadas do solo predominante que as circundam, geralmente com a presença de bolsões de carvão e, em alguns casos fauna queimada e fragmentos cerâmicos e líticos (NEVES, 2005)

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espacial destas fases é maior que a da fase Guarita. A fase Guarita, correspondente aos períodos mais recentes, pode ser encontrada em contextos sem terra preta ou com depósitos pouco espessos destes solos (NEVES, 2008). Os contextos associados aos distintos conjuntos cerâmicos, Açutuba, Manacapuru, Paredão e Guarita, tiveram sua cronologia bastante esmiuçada no âmbito do PAC (Erro! Fonte de referência não encontrada.), com mais de 100 datações radiocarbônicas. Os

padrões apresentados tanto pelos contextos arqueológicos quanto pelas datas radiocarbônicas indicam que o ápice demográfico ocorreu na Amazônia Central durante as ocupações das fases Manacapuru e Paredão, por volta dos séculos VII e XII DC (Figura 6).

Tabela 1- Cronologia Cultural da Área de Abrangência do Projeto Amazônia Central. Fonte: Neves, 2008.

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Figura 6 - Datações radiocarbônicas calibradas dos sítios cerâmicos da Amazônia Central, com destaque para o período correspondente às Fases Manacapuru e Paredão. Fonte: PAC.

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3.2 A Arqueologia do sítio Hatahara

3.2.1 Pesquisas anteriores Descoberto em 1997, o sítio Hatahara (AM-IR-13) foi sistematicamente investigado nos anos de 1999, 2001, 2002, 2006 e 2008, mostrando-se de importância ímpar para a compreensão dos sítios do Holoceno tardio estudados pelo PAC. O Hatahara localiza-se às margens do Rio Solimões, no município de Iranduba, apresentando 160.000m² de área (Figura 7). As pesquisas arqueológicas realizadas forneceram grande variedade de informações sobre os conjuntos cerâmicos presentes no sítio e sua cronologia.

Figura 7 - Localização do Sítio Hatahara (AM-IR-13). Imagem: Google Earth, adaptada pela autora.

Um ponto de destaque das pesquisas realizadas no Hatahara é a diversidade de abordagens, com ênfase tanto nas análises artefatuais (MACHADO, 2005; TAMANAHA, 2006; LIMA, 2008), quanto nos vestígios de fauna (PAIVA, 2006), remanescentes esqueléticos (PY-DANIEL, 2009), 71

marcadores químicos (GROSH, 2005; REBELLATO, 2007), micromorfologia dos solos (ARROYOKALIN, 2006) e microvestígios botânicos (BOZARTH, 2009; CASCON, 2010). As análises dos materiais cerâmicos demonstraram que o sítio Hatahara apresenta as quatro fases cerâmicas características da Amazônia Central, Açutuba, Manacapuru, Paredão e Guarita (MACHADO, 2005; TAMANAHA, 2006; LIMA, 2008), com datações entre 2310 AP e 340 AP (MACHADO, 2005) que condizem com o período correspondente ao estabelecimento destas fases na Amazônia Central (Figura 8).

Figura 8 - Datações radiocarbônicas calibradas do sítio Hatahara (AM-IR-13), com destaque para o período correspondente às Fases Manacapuru e Paredão. Fonte: PAC

Um elemento importante na configuração do sítio Hatahara é a presença de estruturas monticulares artificiais, com alta densidade de fragmentos cerâmicos e profundas camadas de Terra 72

Preta. Até o momento, foram identificados 14 montículos dispostos em quatro agrupamentos semicirculares. Em três destes montículos (I, III e IV) foram identificados sepultamentos humanos diretos (MACHADO, 2005; PY-DANIEL, 2009). A área central do sítio apresenta a maior densidade destas estruturas, maiores quantidades de artefatos e grandes profundidades de Terra Preta, o que sugere que tenha sido a área do sítio cujo uso foi mais intenso ao longo do tempo. A formação de Terra Preta foi associada às fases Manacapuru e Paredão, com maior intensidade de ocupação e provavelmente, maior densidade demográfica (revelada inclusive pelo maior número de datações coincidentes com o período de vigência destas fases –Figura 8).

3.2.1.1 Mapeamento e Malha O levantamento da distribuição da Terra Preta e das fases cerâmicas no sítio foi realizado a partir de um procedimento de mapeamento e tradagens aplicado aos sítios pesquisados pelo PAC. Para tanto, uma malha georeferenciada é estabelecida, criando uma referência exata (com base nu sistema cartesiano de eixos X e Y) para a realização de intervenções arqueológicas em superfície e subsuperfície. Segundo este método, cada metro quadrado do sítio recebe coordenadas referentes aos pontos Norte e Oeste de seu vértice (cuja sigla adotada pelo PAC segue o padrão internacional “N-W”). Em seqüência, são estabelecidas linhas de tradagem respeitando a malha, para a verificação da distribuição subsuperficial dos vestígios arqueológicos e dos solos antrópicos. Feito este levantamento, é possível selecionar áreas de escavação em que cada unidade de 1m x 1m, pode ser identificada pelo seu Norte e Oeste e diretamente inserida na malha do sítio (LIMA, 2008). 73

3.2.2 Arqueobotânica no Sítio Hatahara: o campo 3.2.2.1 A escolha do local de escavação Durante os trabalhos de campo realizados no mês de Julho de 2008, foi selecionada uma área para a escavação de uma unidade de 1 x 1m objetivando a coleta sistemática de macro restos carbonizados. Para a seleção da unidade de escavação, levou-se em conta o conhecimento adquirido sobre o sítio Hatahara nas quatro etapas de campo realizadas anteriormente no mesmo e as pesquisas acadêmicas que se seguiram (MACHADO, 2005; GROSH, 2005; REBELLATO, 2007; LIMA, 2008; PY-DANIEL, 2009), associados às informações recolhidas nos demais sítios da Amazônia Central, com um padrão de implantação e tipos de artefatos e estruturas bastante semelhantes, estudados ao longo dos 12 anos do Projeto Amazônia Central (HECKENBERGER et al., 1998; NEVES, 2000, 2003, 2005; DONATTI, 2003; LIMA, 2003; PORTOCARRERO, 2006; MORAES, 2007; CASTRO, 2008; LIMA, 2008). As pesquisas realizadas anteriormente no sítio demonstraram que, nos montículos artificiais, sugeridos como unidades habitacionais e funerárias (MACHADO, 2005; MORAES, 2007), são encontradas as maiores densidades de material cerâmico e grandes profundidades de Terras Pretas, em comparação com o restante do sítio. Porém, uma série de inversões estratigráficas ocorre (MACHADO, 2005), isto porque o material utilizado para a construção dos montículos (solo e fragmentos cerâmicos) foi recolhido em outras áreas do sítio, resultando, muitas vezes, na mistura de materiais pertencentes a diferentes momentos de ocupação, numa estratigrafia com cronologias muitas vezes invertidas (MACHADO, 2005; NEVES, 2005). 74

3.2.2.2 A Unidade N1345 W1260 Tendo em vista o objetivo de escavar uma área com provável bom controle cronoestratigráfico, para a realização do estudo de macro restos carbonizados, foi selecionada uma unidade fora dos montículos, na periferia do sítio, com menor densidade de artefatos e uma camada de terra preta pouco profunda, conforme verificou-se durante as tradagens, porém com bom potencial para análises antracológicas e de demais vestígios botânicos (CAROMANO, 2008). A unidade selecionada foi inserida na malha de escavação do sítio Hatahara e recebeu a nomenclatura N1345 W1260, seguindo a metodologia descrita anteriormente. N1234 W 1260 localiza-se a, aproximadamente, 40 metros do montículo 3 (Figura 9), próxima à estrada que corta o sítio no sentido Leste-Oeste, numa área com cobertura vegetal composta por gramíneas e algumas poucas árvores, entre estas, Macacaúba (Platymiscium ulei) (Figura 10).

75

Figura 9 - Mapa topográfico do sítio Hatahara. Em azul, destaca-se a unidade N1345 W1260 e, em vermelho, o montículo 3. Elaboração do Mapa: Lucas Garcindo.

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Figura 10 - Área de escavação de N1345 W1260 (a); Vegetação do entorno da unidade (b, c e d); Detalhe da área de escavação (e). Fotografias: Val Moraes.

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3.2.2.3 Técnicas de escavação A metodologia empregada nos sítios do Holoceno tardio na Amazônia Central pelo PAC foi seguida para a escavação e registro da unidade (NEVES, 2000), com algumas adaptações voltadas à coleta controlada de macro restos carbonizados. A unidade foi escavada com colheres de pedreiro, em níveis artificiais de 10cm (Figura 11), sendo respeitados eventuais estratos culturais, como estruturas, identificados durante as escavações. O registro dos materiais identificados foi realizado de acordo com o plano cartesiano tridimensional (eixos X, Y e Z), permitindo o controle espacial do material coletado. O controle da profundidade (eixo Z), foi estabelecido a partir de um ponto zero, indicado 10 cm acima da superfície de escavação com uma estaca de madeira, um datum, alocado em um dos vértices da unidade. Este datum foi posteriormente adicionado à malha e à topografia do sítio, o que permitiu a exata localização espacial da unidade. Todos os vestígios arqueológicos coletados durante a escavação, como artefatos cerâmicos, líticos, vestígios ósseos e carvões receberam um número referente ao seu nível de escavação e método de coleta precedido pela sigla PN (Provenience Number). Para o estabelecimento deste número foi consultada a lista de PN’s do sítio Hatahara, ficando reservados para a unidade em questão os números compreendidos entre 25201 e 25300. Amostras controladas, como no caso de materiais selecionados para flotação, ou vestígios de estrututras, receberam um número de PN próprio e o motivo de sua coleta especial foi descrito nas fichas de escavação e de PN’s.

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Figura 11 - Bases dos níveis de escavação: superfície (a), 10cm(b), 20cm(c), 25cm(d), 30cm(e), 40cm(f), 50cm(g), 60cm(h), 70cm(i), 80cm(j), 90cm(k), 100cm(l), 110cm(m), 120(n) Obs: até a imagem ‘g’ as fotos foram tiradas sem flash, nas fotos seguintes utilizou-se flash; escavação da unidade (n, o). Fotografias da autora.

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A descrição sucinta da escavação de N1345 W1260 foi resumida no quadro a seguir, a partir do relatório e fichas de escavação:

Descrição sucinta da escavação de N1345 W1260 Superfície – Não havia vestígios arqueológicos. 0-10 cm – Poucos carvões, claramente associados a atividades humanas atuais. Aos 10cm de profundidade, coletou-se pequenos fragmentos cerâmicos e um fragmento de aplique Paredão (cabecinha). 10-20 cm – Aumento na densidade de cerâmica e carvões. 20-25 cm – Aumento na densidade de fragmentos de cerâmica. Aos 25cm de profundidade notou-se diferença na coloração do solo, mosqueada entre marrom e amarelo, sendo então o nível artificial encerrado. 25-30 cm – A densidade e o tamanho dos fragmentos cerâmicos aumentou. Presença de lateritas e um pequeno fragmento de fauna. 30-40 cm – O número de fragmentos cerâmicos aumentou assim como seu tamanho. Evidenciou-se uma concentração de fragmentos de cerâmica e grandes lateritas que receberam PN distinto. 40-50 cm – Identificação de um fragmento de borda da Fase paredão. Redução do número de fragmentos cerâmicos e de carvões próximo à base do nível. 50-60 cm – Redução drástica da freqüência de cerâmica, clareamento do solo [mosqueado de amarelo (40%) e marrom (60%)]. 60-70 cm – Baixa densidade de cerâmica e de carvões. Concreções de solo dispersas por toda a unidade foram coletadas separadamente, talvez indicando um processo de queima na área anterior à formação de terra preta. 70-80 cm – Apenas um fragmento de cerâmica, de aproximadamente 5 cm, foi coletado Pequeninas bolotas de argila foram coletadas e também um fragmento de fauna. 80-90 cm – Clareamento do solo. 90-100 cm – A proporção de solo amarelo aumentou, apresentando lateritas e mais concreções como aquelas descritas no nível 60-70cm. 100-110 cm – Considerou-se este nível estéril, com reduzida quantidade de carvões. 110-120cm – Segundo nível estéril. Encerramento das escavações. Uma tradagem de um metro de profundidade por 30cm de diâmetro foi realizada no centro da unidade, não sendo observado nenhum artefato nem sinal de solo escurecido.

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Durante a escavação, os dados obtidos a partir das tradagens realizadas próximas à unidade N1345 W1260, como a densidade de vestígios arqueológicos e a profundidade da Terra Preta (MACHADO, 2005; REBELLATO, 2007), foram confirmados. A partir da observação dos artefatos cerâmicos realizada ainda durante as escavações, foi possível identificar fragmentos cerâmicos característicos da fase Paredão (MORAES, 2007), como cabecinhas e bordas com forma e decoração típicos desta fase. Os trabalhos realizados anteriormente no sítio Hatahara demonstraram a grande distribuição espacial dos artefatos relacionados à fase Paredão, distribuição esta, maior que nas demais fases (MACHADO, 2005), o que reforça a possibilidade de que o contexto periférico de N1345 W 1260 seja majoritariamente vinculado à fase Paredão. Após a escavação, os perfis estratigráficos foram

registrados

(Figura

12)

sendo

sua

observação integrada às informações recolhidas durante a escavação.

Figura 12- Perfis W, N, E e S (rotacionados) da unidade N1345 W1260. Fotografias: Val Moraes.

Como resultado, foram

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identificadas 4 camadas distintas, explicitadas no quadro sintético a seguir: Descrição das Camadas Arqueológicas Camada IV (superfície a 3cm de profundidade) – Camada Húmica. A camada mais superficial, composta por terra preta, pouco compacta com aproximadamente 2 cm de espessura, areno-argilosa com baixa densidade de material arqueológico e bastante remexida por atividade humana atual. Raízes e bioturbações por toda a área. Cor na tabela Munsell: 10YR3/1 very dark Gray. Camada III (3cm a 30cm)- Segunda camada arqueológica. Terra Preta, com cerca de 30 cm de espessura. Maior densidade de material cerâmico e carvões. Apresenta raízes grandes, de até 8 cm de diâmetro. O material cerâmico correspondente à Fase Paredão (identificação em campo). Cor na tabela Munsell:: 10YR 2/1 Black. Camada II (30 a 60cm) – Primeira camada arqueológica, com cerca de 30 cm de espessura começou a ser evidenciada aos 25 cm de profundidade, aproximadamente. Menor densidade de material arqueológico e maior compactação em comparação à camada III. Terra Mulata, sedimento mosqueado, amarronzado, com manchas de terra preta da camada anterior e latossolo da camada inferior. Cor na tabela Munsell: 10YR 3/2 very dark grayish Brown e 10YR 5/6 yellowish Brown. Camada I (60 a 120cm)- Latossolo amarelo, bastante argiloso e compacto. Baixíssima quantidade de material arqueológico, coletados nos níveis superiores. Evidenciada a partir dos 52 cm de profundidade. Cor na tabela Munsell: 10 YR 5/6 yellowish Brown (70%) e 10YR 3/2 very dark grayish Brown (30%).

3.2.2.4 A coleta dos carvões Durante as escavações da unidade foi aplicada uma metodologia priorizando a coleta de macro-restos botânicos carbonizados. Como o principal interesse neste estudo seriam as eventuais mudanças no registro de vestígios botânicos ao longo da estratigrafia, as mudanças indicativas de camadas arqueológicas diferenciadas, relativas tanto à densidade e distribuição dos artefatos quanto ao solo (coloração, textura e compactação), foram consideradas, respeitando-se assim, além dos níveis artificiais de 10cm adotados para a escavação, os níveis naturais. Este foi o caso da subdivisão do nível 20-30, em 20-25 e 25-30, pois, durante a 82

escavação foi notada uma mudança marcante na coloração do solo passando de preto para marrom acinzentado aos 25cm de profundidade. As coletas de carvão seguiram dois procedimentos distintos: No primeiro, um balde de 12 litros foi preenchido com sedimento coletado nas diversas áreas da unidade, seguindo a metodologia de blanket sampling proposta por Deborah Pearsall (2006: 66), respeitando-se os níveis de escavação artificial de 10cm e as eventuais mudanças de camadas dentro dos níveis. O conteúdo deste balde foi reservado para um processo posterior de flotação. Além disso, todo o sedimento relacionado a uma estrutura específica ou

até

mesmo

a uma

concentração cerâmica foi coletado em separado do restante do nível para futura flotação. No segundo método de coleta de carvões adotado, a “Peneira Geral”, o restante do sedimento retirado durante a

Figura 13Peneira a seco realizada concomitantemente à escavação. Fotografia: Val escavação foi peneirado a seco (Figura Moraes.

13), em malha de 5mm, também de acordo com o nível artificial ou eventuais subdivisões deste em virtude da evidenciação de camadas naturais diferenciáveis. Todo o material recuperado na peneira (fragmentos cerâmicos, líticos, ossos e carvões) recebeu o PN de acordo com o nível de escavação de referência e de acordo com o método de coleta empregado. A Peneira Geral foi realizada cuidadosamente, coletandoFigura 14- detalhe de fragmento de carvão envolvido por argila, coletado na peneira a seco.

se cada fragmento visível de carvão, independente de seu 83

tamanho, inclusive os pequenos fragmentos aderidos a blocos de argila (Figura 14). Como a textura do solo no sítio é bastante argilosa, tomou-se o máximo de cuidado possível na peneiragem para não danificar os carvões. Por isso, durante a realização da Peneira Geral, buscou-se não pressionar o sedimento, mesmo quando este, devido à sua textura, permanecia quase todo sobre a malha da peneira (Figura 13).

3.2.2.5 Uma adaptação necessária: da Flotação para Wet-sieving Os sedimentos reservados durante a escavação para flotação receberam um número de proveniência específico de acordo com o nível artificial e foram divididos em três sacos objetivando facilitar o transporte, sendo então pesados. Numa tentativa de realização do processo simples de flotação (PEARSALL, 2006), uma amostra de sedimento já seco foi colocada em um balde acrescida de água, agitando-se o conteúdo do balde para a matéria orgânica flutuar. Entretanto, por se tratar de um solo muito argiloso, os carvões ficaram impregnados de argila e não flutuaram. Mesmo após a agitação e decantação, os carvões permaneceram presos à argila, depositados no fundo do balde, protagonizando o que Pearsall define como “nightmare to float” (PEARSALL, 2006:42). Decidimos então empregar um método diferenciado, de wet-sieving (PEARSALL, 2006), ou peneira molhada, devido às limitações de se ter acesso a defloculantes, em campo, para a realização de uma flotação química (PEARSALL, 2006). Os materiais utilizados no processo de wet-sieving, foram baldes de 12 l, bacias de 70 cm de diâmetro, peneiras de areia para uso na construção civil, com 2,79mm de abertura, e peneiras do tipo “coador”, com abertura de 1mm (Figura 15), todos estes, disponíveis no comércio local do Município de Iranduba.

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Neste procedimento, uma parte do sedimento já seco foi reservada como testemunho do material analisado, e o restante do sedimento passou primeiro pela peneira de 2,79mm, com o auxílio de água, sob chuveiro (Figura 15). O material contido na peneira, carvões, fragmentos de cerâmica e fragmentos de ossos de fauna, foi reservado para secagem e separado de acordo com a sua natureza, recebendo o mesmo número de proveniência do sedimento amostrado. O material que passou pela peneira foi acumulado nas bacias. Esta mistura de água, argila e principalmente carvões, passou pela peneira de 1mm, sendo constantemente molhada com o auxílio de chuveiros (Figura 15). A etapa seguinte consistiu na secagem do material contido na peneira fina (1mm), composto basicamente de flocos de argila que não se quebraram, e carvões. A secagem do material recuperado nas duas amostragens foi feita com filtros de papel colocados em varais montados ao ar livre. O material da peneira fina, após a secagem, foi reservado para flotação em laboratório devido à grande quantidade de argila ainda presente. O material resultante da peneiragem recebeu o mesmo PN do sedimento de origem, apenas com o acréscimo de sua natureza específica: carvão, cerâmica, fauna, material resultante da peneira de 2,79mm e da peneira de 1mm, ou sedimento (já que uma pequena porção de sedimento foi reservada para eventuais análises futuras).

85

Figura 15 – No sentido anti-horário: Equipamentos utilizados na peneira molhada; Carvões recuperados na malha da peneira molhada; mistura de água e sedimento sendo derramados na peneira fina; Secagem do material recuperado após a peneira molhada; Sacos de sedimento reservados para peneira molhada.

86

3.2.3 Buscando integrar os macro restos carbonizados: o laboratório

3.2.3.1 Flotação em Laboratório Após a primeira separação dos carvões realizada em campo, através da técnica de peneira molhada, as amostras foram transportadas até o Laboratório de Paleoecologia Vegetal do Museu Nacional, UFRJ, onde passaram por um processo de flotação, desta vez em água com detergente de laboratório, de maneira que os agrupamentos de argila foram desfeitos e os carvões recuperados. Os carvões foram então reservados até estarem completamente secos. Posteriormente, o resíduo da flotação foi triado, de maneira a separar os carvões dos demais materiais resultantes da flotação, como restos de argila, pequenos fragmentos de cerâmica e de rocha e raros fragmentos de ossos. Após esse processo, os carvões foram analisados com três diferentes enfoques: pesagem e qauntificação dos carvões, quantificação de sementes e análise antracológica.

3.2.3.2 A quantificação dos carvões Pesquisas realizadas na Amazônia Colombiana demonstraram a importância dos métodos de pesagem e de contagem de carvões para sua abordagem como “indicadores da intensidade das atividades humanas ao longo do tempo” (MORA, 2003:112). Tendo em vista este potencial, todos os carvões resultantes da escavação de N1345 W1260 foram pesados, respeitando-se o tipo de coleta em campo quais sejam, peneira geral e peneiras molhadas de 2,8mm e de 1mm (Tabela 2). O peso dos carvões foi obtido através de balança semi-analítica, marca Marte, modelo AS5500C.

87

Um segundo passo foi a contagem dos fragmentos de carvão. Em parte, os carvões foram contados durante a fase de análise antracológica. Já os carvões restantes, que não foram contemplados pela antracologia, foram contados e separados tendo em vista a análise de sementes. Como nem todas os níveis coletados na Peneira Geral tiveram a mesma espessura (os níveis artificiais correspondentes à camada III possuem 5cm cada, ao passo que os demais níveis escavados possuem 10cm), foi necessário transformar os valores de peso e quantidade dos níveis artificiais para torná-los equiparáveis entre si. Para tanto, os valores obtidos na contagem de fragmentos e na pesagem das amostras dos níveis artificiais foram divididos pelo valor da espessura do nível a que correspondiam. Assim, os resultados dos procedimentos de contagem e coleta dos níveis artificiais 20-25 e 25-30 foram divididos por 5, enquanto os resultados obtidos níveis subseqüentes foram divididos por 10. Os gráficos realizados a partir destes resultados que são apresentados e discutidos na seção subseqüente forma feitos com base nos valores desta divisão que, como forma de diferenciar dos valores reais, denominamos “índice”. Os procedimentos de pesagem e contagem dos carvões tiveram como objetivo verificar a variação de sua quantidade ao longo da estratigrafia, o que poderia indicar períodos de intensificação de queimadas antrópicas, ou de maior ou menor uso de madeira para combustível. Além disso, a pesagem e contagem dos carvões pode ser um instrumento interessante de avaliação da eficácia dos diferentes métodos de coleta empregados em campo, como será discutido posteriomente. Os dados levantados a partir da contagem e pesagem dos carvões obtidos na unidade N1345 W1260 foram introduzidos numa planilha Excel. Neste mesmo programa foram gerados gráficos para os principais resultados obtidos. 88

3.2.3.3 A triagem das sementes: subsídios para a carpologia do sítio Hatahara Durante o processo de contagem dos carvões, foi realizada a triagem dos mesmos, buscando separar as sementes dos fragmentos de lenho. A triagem foi realizada com o auxílio de um microcópio estereoscópico Zeiss, modelo Stemi DV4, com aumento de 8 a 32x. Este processo teve como objetivo verificar a proporção de sementes em relação ao total de lenhos e também o estado de conservação das mesmas. Estabeleceu-se um índice para a determinação desta, denominado índice sementes/lenho, obtido através do cálculo do número de sementes de cada nível artificial ou camada, dividido pelo número de lenhos dos respectivos níveis ou camadas (MILLER, 1988). Foi realizada ainda, uma classificação preliminar das sementes entre endocarpos de palmeiras (coquinhos) e demais tipos de sementes. No presente trabalho, serão abordados apenas os dados relativos à contagem e à classificação das sementes (coquinho e outras), já que o desenvolvimento das pesquisas, abordando o estado de conservação e, quando possível, a identificação botânica das mesmas é parte de um projeto de iniciação científica em desenvolvimento4. Os dados obtidos nesta primeira fase de análise das sementes foram inseridos numa planilha do Excel e, neste mesmo programa, foram gerados gráficos representativos das amostras de sementes e de sua relação com os demais vestígios carbonizados presentes na unidade de escavação em estudo.

3.2.3.4 A Antracologia 4

O referido projeto de iniciação científica está sendo desenvolvido por Bianca Victoriano Nogueira, sob orientação da Dra Rita Scheel-Ybert e co-orientação da autora e da MSc. Gina Faraco Bianchini .

89

A identificação botânica dos fragmentos de carvão foi feita a partir de análise da estrutura anatômica da madeira em microscópio Olympus de luz refletida com campo claro e campo escuro. Os fragmentos foram quebrados manualmente e analisados segundo os três planos fundamentais da madeira (transversal, longitudinal tangencial e longitudinal radial). Neste estudo, excluíram-se as amostras referentes aos níveis 0-10 e 10-20 (por serem muito superficiais e mais sujeitos às alterações provocadas pelo uso da terra atualmente) e também aos níveis 70-80 e 100-110, referentes à camada I, que, por ser a mais espessa, já estava super-representada na amostragem. A determinação baseou-se na análise e descrição sistemática dos principais caracteres da anatomia do lenho, de acordo com procedimentos e terminologias recomendados pela Associação Internacional de Anatomistas da Madeira (IAWA COMMITTEE, 1989). Assim, foram analisados caracteres como a disposição dos vasos e do tecido parenquimático; o tamanho e a freqüência dos vasos; a seriação, o tamanho e a disposição dos raios; a disposição, o tamanho, a forma e as características das pontoações intervasculares e radiovasculares; a presença de canais, fitólitos, células oleíferas (IAWA COMMITTEE, 1989); e outros elementos que permitissem a identificação pelo menos ao nível de família dos fragmentos de carvão arqueológico (Figura 16, Figura 17, Figura 18, Figura 19 eFigura 20).

90

Figura 16 – Ilustração do plano de corte transversal da madeira, apresentando diferentes tipos de agrupamento e arranjo dos vasos segundo as instruções do IAWA Comitee (1989). Ilustrado por Luciana Witovisk Gussella.

91

Figura 17 - Ilustração do plano de corte transversal da madeira, apresentando diferentes tipos de arranjo de vasos e de parênquima, segundo as instruções do IAWA Comitee (1989). Ilustrado por Luciana Witovisk Gussella.

92

Figura 18 - Ilustração do plano de corte transversal da madeira, apresentando diferentes tipos de parênquima, segundo as instruções do IAWA Comitee (1989). Ilustrado por Luciana Witovisk Gussella.

93

Figura 19 - Ilustração do plano de corte longitudinal tangencial da madeira, apresentando diferentes tipos de raios, segundo as instruções do IAWA Comitee (1989). Ilustrado por Luciana Witovisk Gussella.

94

Figura 20 - Ilustração do plano de corte longitudinal radial da madeira, apresentando diferentes tipos de disposição das células dos raios, segundo as instruções do IAWA Comitee (1989). Ilustrado por Luciana Witovisk Gussella..

As características observadas foram inseridas na base de dados do programa de identificação arqueológica “Atlas Brasil” (SCHEEL-YBERT et al., 2006). Após a descrição dos elementos observados e consulta ao banco de dados, foi realizada uma comparação das estruturas anatômicas observadas nos fragmentos com a coleção de referência de madeira carbonizada (antracoteca) do Laboratório de Paleoecologia Vegetal do Museu Nacional/UFRJ e com as descrições de anatomia da madeira de literatura especializada (METCALFE & CHALKE, 1950; DÉTIENNE & JACQUET, 1983), e em bancos de dados de anatomia da madeira e de antracologia (INSIDEWOOD, 2010).

95

A associação destes dados forneceu as bases para a identificação taxonômica dos fragmentos de carvões arqueológicos. A classificação taxonômica foi feita de acordo com o sistema APG III, verificada a partir da base de dados Tropicos, do Missouri Botanical Garden (TROPICOS.ORG, 2010).

3.2.3.5 A Análise Antracológica A análise antracológica é uma importante ferramenta para a obtenção de reconstituições paleoambientais de sítios arqueológicos (VERNET, 1992). A seleção de uma amostra representativa é essencial para a fiabilidade da análise. Um número mínimo de 100 fragmentos por amostra é necessário para a realização de uma análise fiável para recontituições paleoambientais, sendo estimado que 200 fragmentos ou mais sejam ideais para as análises antracológicas (SCHEEL-YBERT, 2005). Após a observação das amostras correspondentes a cada camada arqueológica5 do sítio Hatahara (Camada I ou Latossolo, Camada II ou Terra Mulata e Camada III ou Terra Preta), estipulou-se que em torno de 75 fragmentos de carvões seriam analisados em cada nível artificial. Desta forma, as camadas arqueológicas teriam, no mínimo, 150 carvões analisados (no caso da Camada III), podendo chegar a 300 (na Camada I). A identificação dos carvões de cada amostra de nível artificial foi realizada até atingirse o número mínimo pré-estabelecido para este estudo de 75 carvões sempre que possível. Porém, o tamanho dos carvões observados foi, muitas vezes, inferior a 3mm de lado (um reflexo do pequeno tamanho dos carvões existentes ao longo de toda a unidade), exigindo um 5

A camada I é composta pelos níveis artificiais 60-70 a 110-120, correspondendo ao latossolo amarelo, sendo excluídos deste estudo os níveis 70-80 e 100-110. A camada II, por sua vez, é composta pelos níveis artificiais 30-40 a 50-60, correspondendo à Terra Mulata; a camada III é composta pelos níveis 0-10 a 25-30, correspondendo à Terra Preta, entretanto, apenas os níveis 20-25 e 25-30 desta camada foram analisados neste estudo.

96

grande esforço durante de análise e diminuindo, proporcionalmente, a precisão das determinações taxonômicas. Por esta razão, houve variação no número de carvões observados e identificados. Por esta razão, houve variação no número de carvões observados e identificados. O nível 80-90 apresentava poucos carvões com tamanho suficiente para análise e, embora tenha sido realizado um grande esforço de observação, foram observados apenas 72 fragmentos. Outros níveis, como 20-25 e 25-30, pelo fato de serem os únicos níveis da camada III, exigiram um esforço maior de identificação e o número de observações ultrapassou o número mínimo pré estabelecido. Este caso também ocorreu em outros níveis por motivos variados, como excesso de carvões não identificados, ou um grande número de sementes presentes nas amostras analisadas para a antracologia. O fato dos carvões disponíveis para a análise serem muito pequenos resultou num número elevado de fragmentos não identificados e não identificáveis, já que, em regiões tropicais, a determinação de fragmentos menores do que 4mm é bastante problemática pois, em geral, um reduzido número de caracteres anatômicos pode ser observado, dificultando a identificação até mesmo ao nível de família (SCHEEL-YBERT, 2004b). Buscou-se avaliar a suficiência amostral das análises a partir das curvas de Gini-Lorenz construídas com o uso do programa R (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2007), sendo o resultado destas considerado nas interpretações.

3.2.3.6 O Tratamento dos Dados Os dados referentes aos carvões identificados pela análise antracológica (considerando todos os diferentes níveis de taxa) foram inseridos numa planilha de dados Excel. A partir desta planilha as freqüências relativas dos diferentes taxa foram calculadas em relação ao 97

número total de fragmentos determinados, respeitando-se os níveis artificiais e as camadas arqueológicas. Estes dados foram transferidos para o programa C2 (JUGGINS, 2007), um software para análise de dados paleoecológicos, que gera diagramas sob diferentes formas para facilitar a visualização e interpretação dos dados resultantes da análise antracológica (BIANCHINI, 2008). Já as análises estatísticas dos principais índices utilizados na Ecologia Vegetal (como dissimilaridade, número de indivíduos, números de espécies, diversidade de Shannon, coeficiente de desigualdade de Gini, entre outros), foram feitas com o uso do software livre “R” (R DEVELOPMENT CORE TEAM, 2007). Análises multivariadas também foram realizadas através de diferentes técnicas de ordenação dos dados para a comparação das amostras analisadas. O método de ordenamento utilizado neste estudo foi o de Escalonamento Multidimensional Não-métrico (NMDS) e para o agrupamento das amostras selecionou-se o método de Ward de variância mínima. O Escalonamento Multidimensional Não-métrico (NMDS) “é considerado um bom método de ordenação, por usar técnicas ecologicamente significativas para medir a dissimilaridade uma comunidade”, e o método de agrupamento Ward, “define arupamentos compactos, minimizando a variância entre eles” (BIANCHINI, 2008: 97). Estas análises, em conjunto, são importantes para a comparação dos dados antracológicos com os tipos de vegetação atual, para a avaliação das características intrínsecas das amostras analisadas (como número de indivíduos, dominância e diversidade), bem como para a verificação da suficiência amostral do estudo em questão6. 6

Para uma discussão pormenorizada da importância e aplicação de cada tipo de análise e dos principais índices utilizados na interpretação dos resultados antracológicos, ver Bianchini (2008). Para discussão sobre suficiência amostral, ver Scheel-Ybert (2005).

98

4. RESULTADOS 4.1 A Quantificação dos Carvões Após a flotação dos carvões, realizada em laboratório, e a secagem do material obtido, todos os carvões foram separados dos demais fragmentos arqueológicos resultantes da flotação e triados. Todos os carvões triados foram pesados, respeitando-se os níveis artificiais, a forma de coleta, Peneira Geral (P.G.) ou Peneira Molhada seguida de Flotação (W.S.) e o tamanho da malha de recuperação; 0,5mm, 0,3mm e 0,1mm (Tabela 2). No total, 180g de carvões foram coletados na unidade N1345 W1260. A contagem dos carvões, realizada durante o processo de análise antracológica e de triagem das sementes, demonstrou que a amostragem dos carvões coletados resultou num total de quase 17000 carvões, sendo a imensa maioria muito inferior a 1mm (Tabelas 3 e 4). A assembléia de carvões pesados e quantificados neste estudo é composta por fragmentos carbonizados de diversas estruturas vegetais. Durante os processos de triagem, contagem e da própria análise antracológica, foram observados fragmentos carbonizados de lenho, raízes e tubérculos, fragmentos de endocarpo de palmeiras (coquinhos) e outros tipos de sementes (Tabelas 5 e 6). Um fragmento de raiz tuberosa de Manihot esculenta foi identificado durante as análises antracológicas (Tabela 3).

99

Tabela 2 - Peso (em gramas) dos carvões coletados em níveis artificiais, de acordo com o tipo de coleta e malha das peneiras

Nível

Tipo de coleta

Peneira

Peso (em gramas)

20-25

P.G.

0,5 cm

4,51

20-25

W.S

0,1 cm

1,6

20-25

W.S

0,3 cm

0,85

25-30

P.G.

0,5 cm

11,36

25-30

W.S

0,1 cm

1,45

25-30

W.S

0,3 cm

1,79

30-40

P.G.

0,5 cm

12,38

30-40

W.S

0,1 cm

1,93

30-40

W.S

0,3 cm

1,62

40-50

P.G.

0,5 cm

14,44

40-50

W.S

0,1 cm

1,88

40-50

W.S

0,3 cm

1,16

50-60

P.G.

0,5 cm

7,43

50-60

W.S

0,1 cm

1,73

50-60

W.S

0,3 cm

3,32

60-70

P.G.

0,5 cm

19,17

60-70

W.S

0,1 cm

0,78

60-70

W.S

0,3 cm

1,12

80-90

P.G.

0,5 cm

14,9

80-90

W.S

0,1 cm

0,85

80-90

W.S

0,3 cm

0,98

90-100

P.G.

0,5 cm

14,19

90-100

W.S

0,1 cm

0,71

90-100

W.S

0,3 cm

0,76

110-120

P.G.

0,5 cm

5,89

110-120

W.S

0,1 cm

0,28

110-120

W.S

0,3 cm

1,49

100

Casca

6

7 4

3 1

1

2

2 1

2 15

1

3 1

1 1

1

16 46

7

2 1

11 47

3 6

3 2

2 1

41 12

11

1 1

4

9 50

6

7

1

2

9 34

2 1

2 1

1

15

13 50

2 4

4

1

5

5

43

11

7

Sementes 3

1 1 1 6 1

2 4

1

1



Galho

1 4 7

Coquinhos

Tubérculo

Manihot esculenta (raiz)

P.G. 0,5

Raiz dicotiledônea

9 41

Lenhos Indetermináveis

1 29 20

Lenhos Indeterminados

W.S. 0,1 W.S. 0,3 P.G. 0,5 W.S. 0,1 W.S. 0,3 P.G. 0,5 W.S. 0,1 W.S. 0,3 P.G. 0,5 W.S. 0,1 W.S. 0,3 P.G. 0,5 W.S. 0,1 W.S. 0,3 P.G. 0,5 W.S. 0,1 W.S. 0,3 P.G. 0,5 W.S. 0,1 W.S. 0,3 P.G. 0,5 W.S. 0,1 W.S. 0,3 P.G. 0,5 W.S. 0,1 W.S. 0,3

Coleta/ Malha

Lenhos identificados

110-120

90-100

80-90

60-70

50-60

40-50

30-40

25-30

20-25

Nível artificial

Tabela 3 - Número de carvões observados durante a análise Antracológica

1

1

2 1

1

1

1

1 1

1

4

5 1 1

101

Tabela 4 - Resultado da Triagem das Sementes

110-120 90-100

80-90

60-70

50-60

40-50

30-40

25-30

20-25

Nível artificial

Coleta/ Indeterminados cf. Sementes Coquinhos Malha sementes W.S. 0,1 1 5 8 W.S. 0,3 1 P.G. 0,5 1 W.S. 0,1 10 W.S. 0,3 P.G. 0,5 W.S. 0,1 7 1 W.S. 0,3 1 P.G. 0,5 W.S. 0,1 16 20 W.S. 0,3 6 P.G. 0,5 1 1 W.S. 0,1 3 W.S. 0,3 1 P.G. 0,5 1 W.S. 0,1 1 1 W.S. 0,3 P.G. 0,5 1 W.S. 0,1 6 W.S. 0,3 2 2 P.G. 0,5 1 W.S. 0,1 1 6 W.S. 0,3 P.G. 0,5 2 1 2 W.S. 0,1 1 2 W.S. 0,3 1 6 P.G. 0,5

Os valores da contagem e da pesagem dos carvões, recuperados pelos dois métodos distintos empregados nesta pesquisa, Peneira Geral (P.G.) e Peneira Molhada (W.S.), foram transformados em gráficos que permitem a visualização das diferenças de valores obtidos em cada nível artificial e em cada camada arqueológica, bem como em cada tipo de coleta. O índice do peso de carvões obtidos pela peneiragem a seco (Peneira Geral) demonstrou grandes variações entre os níveis artificiais, com picos correspondentes às camadas de transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata (60-70cm de profundidade) e entre a Terra Mulata e a Terra Preta (25-30cm de profundidade).

102

O peso dos carvões obtidos a partir das amostras da peneira molhada (W.S) apresentou um pico bastante pronunciado na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata (5060cm de profundidade). Embora a profundidade deste pico (50-60cm) não tenha sido exatamente a mesma verificada na peneira a seco (60-70cm), é possível considerar que, em ambas as formas de coleta, a transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata seja bastante marcante no peso dos carvões recuperados, considerando-se os níveis 50-60cm e 60-70cm a transição entre as referidas camadas. Na análise das camadas, a camada III foi a que apresentou o maior peso de carvões na Peneira Geral, seguida pela camada I. Já na Peneira Molhada, a camada II foi a que apresentou o maior peso de carvões, seguida pela camada III. Quanto ao número de carvões em cada nível e camada, na coleta por peneiragem a seco foram observados três picos no perfil, um maior na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata (60-70cm), um de menor tamanho no meio do pacote de Terra Mulata (4050cm), e outro de menor dimensão na transição entre a Terra Mulata e a Terra Preta (2530cm). Na análise de quantidade de carvões coletados por peneiragem com água, foram identificados dois picos, um no latossolo amarelo (80-90cm), e outro maior na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata (50-60cm de profundidade). A quantidade de carvões de acordo com as camadas na peneira geral foi decrescente. Na peneira molhada, a camada II apresentou a maior quantidade de carvões. A interpretação destes resultados será abordada na seção Discussão do presente trabalho. A assembléia de carvões pesados e quantificados neste estudo é composta por fragmentos carbonizados de diversas estruturas vegetais. Durante os processos de triagem, contagem e da 103

própria análise antracológica, foram observados fragmentos carbonizados de lenho, raízes e tubérculos, sementes de palmeiras (coquinhos) e demais tipos de sementes (Tabela 5 Tabela 6).

Tabela 5 - Quantidade de carvões de diferentes estruturas vegetais, por nível artificial. Níveis Sementes Coquinhos Lenhos Tubérculos

Camada 3 20-25 25-30 16 4 13 12 1045 946 1 1

30-40 7 2 1282 0

Camada 2 40-50 20 27 1818 0

50-60 4 4 2007 0

60-70 2 4 1873 1

Camada 1 80-90 90-100 12 3 3 8 1779 1377 1 0

110-120 6 8 1020 0

Tabela 6 - Quantidade de carvões de diferentes estruturas vegetais, por camada.

Sementes Coquinhos Lenhos Tubérculos

camada camada camada 3 2 1 20 31 23 25 33 23 1991 5107 6049 2 0 2

A proporção da distribuição destes tipos de carvões foi calculada e apresentada graficamente (Figuras 17,18,19 e 20). Nestes gráficos, é possível verificar que os carvões de lenho correspondem a mais de 90% da assembléia total de fragmentos carbonizados de todos os níveis artificiais (Figura 22 eFigura 24) e camadas arqueológicas (Figura 23 Figura 25).

104

Figura 21 - Gráficos de Peso e Quantidade de Carvões recuperados na Peneira Geral e na Molhada.

105

Figura 22 - Porcentagem de Tipos de fragmentos carbonizados identificados por nível artificial. Os lenhos são divididos em contagem durante a triagem das sementes (Triagem) e contagem durante a análise antracológica (Antraco).

106

Figura 23 - Porcentagem de Tipos de fragmentos carbonizados identificados por camada. Os lenhos são divididos em contagem durante a triagem das sementes (Triagem) e contagem durante a análise antracológica (Antraco).

107

Figura 24 - Porcentagem de Coquinhos, Sementes, Tubérculos e Lenhos, por nível artificial.

Figura 25 - Porcentagem de Coquinhos, Sementes, Tubérculos e Lenhos, por camada.

108

4.2 Frutos e Sementes A triagem dos fragmentos carbonizados não analisados antracologicamente foi realizada tendo em vista a contagem e separação dos carvões de frutos e sementes. Durante a análise antracológica, frutos e sementes também foram identificadas nas amostras e separadas dos carvões de lenho. Estes dois procedimentos conjuntos resultaram num total de 155 frutos e sementes. Foi possível também verificar a proporção de sementes em relação ao total de lenhos (13.147 fragmentos) a partir do índice de sementes/lenho (Figura 26Figura 27). Foi realizada ainda, uma primeira subdivisão das sementes entre sementes de palmeiras (coquinhos) e demais tipos (Tabela 7 e Figuras 28 e 29). A utilização desta razão permite comparar a abundância de sementes entre sítios e camadas arqueológicas distintos; o uso de carvão no denominador, ao invés do número total de sementes ou do volume de sedimento, tem por objetivo controlar a preservação diferencial dos restos (MILLER, 1988; SCHEEL-YBERT, 2001). Foi realizada ainda, uma primeira classificação distinguindo as sementes de endocarpos de palmeiras (coquinhos) (Tabela 7 e Figuras 28 e 29). Numa observação prévia, realizada pela autora, um tipo de semente foi identificado no nível 20-25. A comparação com dados da bibliografia especializada (LENTZ & DICKAU, 2005) permitiu a associação desta semente a cf. Juncaceae. A verificação exata do número de sementes semelhantes ao tipo cf. Juncaceae nos demais níveis artificiais está em andamento, mas já foi confirmado que este é o tipo de semente mais freqüente na amostragem, principalmente nos níveis de solos antropogênicos, atrás apenas dos fragmentos de coquinhos (NOGUEIRA, 2010, comunicação pessoal). A identificação taxonômica das demais sementes

109

e a avaliação do estado de conservação destas está em andamento e será apresentada em pesquisas futuras7.

Tabela 7 - Número de Coquinhos e Sementes, por nível artificial. Níveis

20-25

25-30

30-40

40-50

50-60

60-70

80-90

90-100

110-120

Coquinhos

13

12

2

27

4

4

3

8

8

Sementes

16

4

7

20

4

2

12

3

6

Figura 26 – Relação entre frutos e sementes carbonizados e carvões de lenhos, por nível artificial.

7

Iniciação científica de Bianca Victoriano Nogueira.

110

Figura 27 Porcentagem de frutos e sementes carbonizados em relação aos carvões de lenho, por camada.

Figura 28 - - Relação entre Coquinhos e Sementes, por nível artificial.

111

Figura 29 - Porcentagem de coquinhos em relação a frutos e sementes, por camada.

112

4.3 A Antracologia Para a análise antracológica foram observados 708 fragmentos de carvão: 94 fragmentos do nível 20-25; 78 do nível 25-30; 80 do nível 30-40; 76 do nível 40-50; 75 do nível 50-60; 76 do nível 60-70; 72 do nível 80-90; 80 do nível 90-100; e 77 do nível 110-120. Análises estatísticas e diagramas sintéticos destes resultados foram elaborados, tendo em vista as camadas arqueológicas. Devido ao número elevado de carvões não identificados, estes foram excluídos das análises e do diagrama pois impediam a visualização de alterações discretas aos longo das camadas arqueológicas. Também foram excluídos do diagrama sintético os dados sobre sementes, raízes e tubérculos, e carvões cuja determinação taxonômica foi impossibilitada devido a características intrínsecas das amostras que impediram sua determinação, como nós e ramos finos (cuja anatomia, em geral, não permite a associação segura ao nível de família), e carvões definidos como indetermináveis, com anomalias em suas estruturas ou tamanho muito inferior ao mínimo necessário para a observação dos três planos anatômicos (Tabela 9). Foram identificados 484 fragmentos de lenhos de angiospermas dicotiledôneas (arbóreo/arbustivas), e dois fragmentos de angiospermas monocotiledôneas (Arecaceae). A classificação dos carvões foi realizada em nível de gênero, entretanto em 7 famílias, a identificação neste nível não foi alcançada em todas as amostras (Arecaceae, Fabaceae, Lauraceae, Linaceae, Lythraceae, Myrtaceae e Rubiaceae). Assim, os fragmentos definidos em nível de família foram reunidos em tipos, de maneira a diferenciar a totalidade dos carvões dentro de cada família. Alguns fragmentos analisados apresentaram características anatômicas associadas a mais de um gênero dentro de uma mesma família e, nestes casos, optou-se por classificá-los 113

como tipos denominados pelos gêneros aos quais assemelhavam-se. Este foi o caso, por exemplo de diversas Melastomataceae, como Bellucia/Henriettella, pois a estrutura anatômica do lenho destes grupos é muito semelhante, não permitindo relacionar os fragmentos analisados a apenas um dos gêneros. Como resultado da análise antracológica foram identificados 147 taxa8 distintos, dentre os quais, 43 famílias e 63 gêneros (Tabela 8 e Tabela 10). Considerando-se o resultado total das análises, a família com maior número de indivíduos foi Melastomataceae (com 15% do total de lenhos identificados), seguida por Fabaceae (12%), Myrtaceae (9%), Rubiaceae (8%), Euphorbiaceae (7%) e Sapotaceae (5%). As 5 famílias com maiores porcentagens na camada I foram: Melastomataceae (20%), Fabaceae (10%), Rubiaceae (9%), Euphorbiaceae (7%) e Myrtaceae (5%). Já na camada II, as famílias com maior número de indivíduos foram Fabaceae (14%), Myrtaceae (12%), Melastomataceae (10%), Sapindaceae (7%) e Euphorbiaceae (6%). As Famílias mais abundantes na camada III foram Fabaceae (16%), Melastomataceae (15%), Rubiaceae (14%), Myrtaceae (10%) e Euphorbiaceae (9%). Os dados obrtidos a partir da análise antracológica foram sintetizados em um diagrama sintético dos taxa identificados em cada camada arqueológica (Figura 31 - Diagrama antracológico da unidade N1345 W1260, sítio Hatahara.).

Dentre os demais tipos de estruturas carbonizadas observadas, foram identificados ramos, nós, sementes e endocarpos de palmeiras, além de raízes de dicotiledôneas (Tabela 9) Uma raiz tuberosa de Manihot esculenta foi encontrada no nível 60-70. A identificação desta

8

“Taxon (plural taxa) é uma unidade taxonômica que pode se referir a qualquer nível de um sistema de classificação biológico (espécie, gênero, família, etc.). Este termo é freqüentemente usado em antracologia, dado que os espécimes geralmente são determinados em níveis taxonômicos distintos, alguns podendo ser identificados ao nível de espécie, outros ao nível de gênero, outros apenas ao nível de família, e assim por diante”. (Bianchini, 2008, p:100)

114

foi feita a partir da comparação do fragmento arqueológico com uma amostra de mandioca atual, disponível na coleção de referência (Figura 30).

Figura 30 - À esquerda, Manihot esculenta, coleção de referência. À direita, Manihot esculenta, nível 60-70, sítio Hatahara. Ambas em aumento de 100x.

Tabela 8 – Número de fragmentos de cada taxon identificados pela análise antracológica, por nível artificial. Camada 3 Família Arecaceae tipo 1 Arecaceae tipo 2 Anacardiaceae Campnosperma sp. Anacardiaceae Lithraea sp. Anacardiaceae Schinus sp. Anacardiaceae Spondias sp. Anacardiaceae Tapirira sp. Annonaceae Anaxagorea sp. Annonaceae Guatteria sp. Annonaceae Xylopia sp. Apocynaceae Aspidosperma sp. tipo 1 Apocynaceae Aspidosperma sp. tipo 2 Apocynaceae Himatanthus sp. Apocynaceae Peschiera sp. tipo 1 Apocynaceae Peschiera sp. tipo 2

20-25 25-30

Camada 2

Camada 1

30-40

40-50

50-60

60-70

80-90

90-100

110-120

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

0 1

0 0

1 0

0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 2 0 1 0 1 0 0 0 0 1 1

0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0

0 0 0 1 1 0 3 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0

1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

1 1 0 1 2 0 0 2 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0

1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0

115

Apocynaceae Rauvolfia sp. Aquifoliaceae Ilex sp. Asteraceae Vanillosmopsis sp. Asteraceae Vernonia sp. Bignoniaceae Tabebuia sp. tipo 1 Bignoniaceae Tabebuia sp. tipo 2 Bignoniaceae Tabebuia sp. tipo 3 Bignoniaceae Tabebuia sp. tipo 4 Cannabaceae Celtis sp. Chrysobalanaceae Hirtella sp. Chrysobalanaceae Licania sp. Clusiaceae Tovomita sp. Combretaceae Buchenavia sp. Ebenaceae Diospyros sp. Elaeocarpaceae Sloanea sp. Erythroxylaceae Erythroxylum sp. Euphorbiaceae Euphorbia sp. Euphorbiaceae Mabea sp. Euphorbiaceae Manihot sp. Euphorbiaceae Pachystroma sp. Euphorbiaceae Pera sp. Euphorbiaceae Sapium sp. Euphorbiaceae Sebastiania sp. Fabaceae Acacia sp. Fabaceae Clitoria sp. Fabaceae Hymenaea sp. Fabaceae Peltophorum sp. Fabaceae tipo 1 Fabaceae tipo 2 Fabaceae tipo 3 Fabaceae tipo 4 Fabaceae tipo 5 Fabaceae tipo 6 Fabaceae tipo 7 Fabaceae tipo 8 Fabaceae tipo 9 Fabaceae tipo 10 Fabaceae tipo 11 Fabaceae tipo 12 Fabaceae tipo 13 Fabaceae tipo 14 Humiriaceae Humiriastrum sp. Humiriaceae Sacoglottis sp. Humiriaceae Vantanea sp. Hypericaceae Vismia sp. Lamiaceae Vitex sp. Lauraceae Beilschmiedia sp. Lauraceae Cryptocarya sp. Lauraceae Endlicheria sp. Lauraceae Licaria sp.

0 0 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1 3 0 0 0 0 0 2 0 1 1 0 0 0 2 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 3 0 1 0 1 0 0 0 0 2 2 0 0 0 0 0 0 1 3 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0

1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 1 0 2 0 0 0 1 0 0 0 0 0 3 1 0 0 1 0 0 2 1 0 0 0 0 1 0 0 1 0 1 0 1 2 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 1 3 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 1

0 1 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 1 2 0 2 0 0 1 0 0 0 1 2 0 0 1 0 2 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0

1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 2 0 2 0 0 0 0 1 0 2 0 0 0 0 0 0 0 1

0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0

1 2 0 1 0 1 0 0 0 0 1 1 1 0 0 2 0 3 0 0 0 1 1 0 0 0 1 2 1 1 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 1 0

0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0 3 0 2 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0

116

Lauraceae Ocotea sp. Lauraceae Persea sp. Lauraceae tipo 1 Lauraceae tipo 2 Lauraceae tipo 3 Lecythidaceae Eschweilera sp. Lecythidaceae Lecythis sp. Linaceae tipo 1 Lythraceae tipo 1 Malpighiaceae Byrsonima sp. Malvaceae Hibiscus sp. Malvaceae Luehea sp. Melastomataceae Bellucia/Henriettella Melastomataceae Miconia/Loreya/Henriettea

Melastomataceae tipo Huberia/Tibouchina Melastomataceae Leandra sp Meliaceae Guarea sp. Metteniusaceae Metteniusa sp. Moraceae Brosimum sp. Myristicaceae Virola sp. Myrsinaceae Rapanea sp. Myrtaceae Calycolpus sp. Myrtaceae Calyptranthes sp. Myrtaceae Campomanesia sp. Myrtaceae Eugenia sp. Myrtaceae Gomidesia/Myrcia Myrtaceae Myrciaria sp. Myrtaceae Siphoneugena sp. Myrtaceae tipo 1 Myrtaceae tipo2 Myrtaceae tipo 3 Myrtaceae tipo 4 Myrtaceae tipo 5 Myrtaceae tipo 6 Myrtaceae tipo 7 Myrtaceae tipo 8 Myrtaceae tipo 9 Myrtaceae tipo 10 Myrtaceae tipo 11 Myrtaceae tipo Syzygium/Myrcia Olacaceae Heisteria sp. Pentaphylacaceae Ternstroemia sp. Proteaceae Roupala sp. Rubiaceae Alibertia sp. Rubiaceae Alseis sp. Rubiaceae Amaioua sp. Rubiaceae Bathysa sp. Rubiaceae Chiococca sp. Rubiaceae Coussarea sp. Rubiaceae Faramea sp.

0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 3 1 0 1 0 0 0 0 0 3 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 2 1 0 1 0 1

1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 3 7 0 1 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0

1 1 0 0 0 0 0 1 0 4 0 0 2 3 2 0 1 0 0 0 0 0 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0

0 0 1 0 0 0 0 0 0 3 0 0 3 1 4 1 0 0 0 0 1 0 0 1 2 1 0 0 0 1 1 1 1 1 0 0 0 0 0 0 1 0 2 0 1 0 0 0 0 0

1 1 0 0 0 2 0 0 1 1 0 1 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0

0 0 0 1 1 0 3 0 0 1 0 0 1 8 6 0 0 0 1 0 1 3 1 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 3 3 0 0 1 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0

1 0 0 0 0 0 0 0 0 4 1 0 4 7 1 2 0 1 0 0 1 1 1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 1 1 0 0 0 1 0

1 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 4 3 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 4 2 0 0 0 0

117

Rubiaceae Genipa sp. Rubiaceae Palicourea sp. Rubiaceae Psychotria sp. Rubiaceae Rudgea sp. Rubiaceae Simira/Sickingia Rubiaceae tipo 1 Rubiaceae tipo 2 Rubiaceae tipo 3 Rubiaceae tipo 4 Rubiaceae tipo 5 Rubiaceae tipo 6 Rubiaceae tipo 7 Rubiaceae tipo 8 Rubiaceae tipo 9 Salicaceae Casearia sp. Sapindaceae Allophylus/Cupania/Matayba Sapindaceae estrutura anômala Sapotaceae Pouteria sp. tipo 1 Sapotaceae Pouteria sp.tipo 2 Sapotaceae Pouteria sp.tipo 3 Sapotaceae Pouteria sp. tipo 4 Sapotaceae Pouteria sp. tipo 5 Sapotaceae Pouteria sp. tipo 6 Sapotaceae Pouteria sp. tipo 7 Sapotaceae Pradosia sp. Sapotaceae Sideroxylon sp. Schlegeliaceae Schlegelia sp. Siparunaceae Siparuna sp. Symplocaceae Symplocos tipo 2 Symplocaceae Symplocos tipo1 Vochysiaceae Qualea sp.

0 1 0 0 0 0 0 0 0 3 1 1 1 0 3 1 0 2 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0

0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 3 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 4 1 1 0 0 2 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0

0 0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 0 1 0 2 0

0 0 2 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0 0 2 5 0 1 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0

0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 1 0 0 1

1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 1 0 0

1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0

1 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 0 0 0 1 3 1 0 0 0 1 0 0 0 0

118

Tabela 9 – Síntese do número de fragmentos carbonizados presentes nas amostras observadas durante a análise antracológica, por nível artificial.

Camada 1

Camada 2

Camada 3

20-25 25-30 30-40 40-50 50-60 60-70 80-90 90-100 110-120

Lenhos Identificados

50

50

62

58

53

59

43

63

48

Indetermináveis

6

1

3

5

2

7

3

4

7

Indeterminados

12

17

7

9

11

6

15

6

16

Cascas

3

0

0

0

3

0

2

Nós

3

0

6

1

1

0

4

5

1

Sementes

11

4

0

3

4

1

3

1

4

Sementes tipo coquinho

4

2

0

0

0

2

1

0

0

Raiz tuberosa Manihot esculenta

0

0

0

0

0

1

0

0

0

Raízes de Dicotiledônea

0

1

1

0

1

0

0

1

0

Tubérculos

2

0

1

0

0

0

1

0

0

Ramos

3

3

0

0

0

0

0

0

0

1

Tabela 10 - Número fragmentos de cada taxon identificados, por camada arqueológica.

Arecaceae tipo 1 Arecaceae tipo 2 Anacardiaceae Campnosperma sp. Anacardiaceae Lithraea sp. Anacardiaceae Schinus sp. Anacardiaceae Spondias sp. Anacardiaceae Tapirira sp. Annonaceae Anaxagorea sp. Annonaceae Guatteria sp. Annonaceae Xylopia sp. Apocynaceae Aspidosperma tipo 1 Apocynaceae Aspidosperma tipo 2 Apocynaceae Himatanthus sp. Apocynaceae Peschiera tipo 1 Apocynaceae Peschiera tipo 2 Apocynaceae Rauvolfia sp. Aquifoliaceae Ilex sp. Asteraceae Vanillosmopsis sp. Asteraceae Vernonia sp.

Camada 1 0 0 0 0 2 0 2 0 1 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0

Camada 2 0 0 0 0 1 1 1 0 3 1 1 1 0 0 0 1 2 0 0

Camada 3 1 1 3 1 1 1 2 1 0 2 0 0 2 0 0 2 3 1 2

119

Bignoniaceae Tabebuia sp. tipos Cannabaceae Celtis sp. Chrysobalanaceae Hirtella sp. Chrysobalanaceae Licania sp. Clusiaceae Tovomita sp. Combretaceae Buchenavia sp. Ebenaceae Diospyros sp. Elaeocarpaceae Sloanea sp. Erythroxylaceae Erythroxylum sp. Euphorbiaceae Euphorbia sp. Euphorbiaceae Mabea sp. Euphorbiaceae Manihot sp. Euphorbiaceae Pachystroma sp. Euphorbiaceae Pera sp. Euphorbiaceae Sapium sp. Euphorbiaceae Sebastiania sp. Fabaceae Acacia sp. Fabaceae Clitoria sp. Fabaceae Hymenaea sp. Fabaceae Peltophorum sp. Fabaceae tipos Humiriaceae Humiriastrum sp. Humiriaceae Sacoglottis sp. Humiriaceae Vantanea sp. Hypericaceae Vismia sp. Lamiaceae Vitex sp. Lauraceae tipos Lecythidaceae Eschweilera sp. Lecythidaceae Lecythis sp. Linaceae tipo 1 Lythraceae tipo 1 Malpighiaceae Byrsonima sp. Malvaceae Hibiscus sp. Malvaceae Luehea sp. Melastomataceae Bellucia/Henriettella Melastomataceae Miconia/Loreya/Henriettea

Melastomataceae tipo Huberia/Tibouchina Melastomataceae tipo Leandra Meliaceae Guarea sp. Metteniusaceae Metteniusa sp. Moraceae Brosimum sp. Myristicaceae Virola sp. Myrsinaceae Rapanea sp. Myrtaceae Calycolpus sp. Myrtaceae Calyptranthes sp. Myrtaceae Campomanesia sp. Myrtaceae Eugenia sp. Myrtaceae Gomidesia/Myrcia Myrtaceae Myrciaria sp. Myrtaceae Siphoneugena sp.

3 0 0 0 0 1 1 2 0 0 4 3 1 0 1 0 0 2 0 3 11 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 2 0 0 1 6 8 0 2 0 0 0 0 0 5 1 1 1 0 1

1 1 1 7 0 0 0 0 1 1 4 0 2 1 1 2 1 0 0 2 22 1 1 1 1 1 10 2 0 1 1 8 0 1 5 5 7 1 1 1 0 0 1 0 2 2 3 2 2 0

3 0 0 5 2 1 0 0 2 1 8 0 3 0 1 3 0 0 2 2 17 4 0 0 1 0 9 0 3 0 0 7 1 0 6 22 13 2 0 2 1 1 4 4 3 0 2 0 1 2

120

Myrtaceae tipo Syzygium/Myrcia Myrtaceae tipos Olacaceae Heisteria sp. Pentaphylacaceae Ternstroemia sp. Proteaceae Roupala sp. Rubiaceae Alibertia sp. Rubiaceae Alseis sp. Rubiaceae Amaioua sp. Rubiaceae Bathysa sp. Rubiaceae Chiococca sp. Rubiaceae Coussarea sp. Rubiaceae Faramea sp. Rubiaceae Genipa sp. Rubiaceae Palicourea sp. Rubiaceae Psychotria sp. Rubiaceae Rudgea sp. Rubiaceae Simira/Sickingia Rubiaceae tipos Salicaceae Casearia sp. Sapindaceae Allophylus/Cupania/Matayba Sapindaceae estrutura anômala Sapindaceae Pouteria tipos Sapotaceae Pradosia sp. Sapotaceae Sideroxylon sp. Schlegeliaceae Schlegelia sp. Siparunaceae Siparuna sp. Symplocaceae Symplocos tipos Vochysiaceae Qualea sp.

0 1 1 0 1 0 2 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0 7 4 4 0 4 1 0 0 0 0 1

2 9 2 0 3 0 2 0 0 0 0 0 0 0 3 0 0 3 2 12 1 7 0 3 0 3 2 0

0 1 1 1 3 1 6 2 1 0 1 0 3 0 0 0 3 3 3 7 2 8 2 0 1 1 1 1

121

A suficiência amostral das análises realizadas no presente trabalho foi estimada a partir do cálculo de índices e de curvas de Gini-Lorenz (Figura 32). Para tanto, os níveis artificiais foram reunidos de acordo com suas respectivas camadas arqueológicas, obtendo curvas de concentração para as camadas I (Latossolo), II (Terra Mulata) e III (Terra Preta) . Na camada III, foram analisados 100 indivíduos, na camada II, 173 e, na camada I, 213. Os índices de concentração das respectivas amostras foram 31:69%, 29:71% e 31:69%. As amostras apresentaram um coeficiente de concentração próximo do que se considera normal (27:70) para vegetações dos Neotrópicos (SCHEEL-YBERT, 2005), podendo ser consideradas representativas da vegetação existente à época de ocupação do sítio Hatahara. Embora ainda não tenham sido realizados estudos sobre o coeficiente de concentração ideal para a representação da vegetação da Amazônia, podemos considerar os índices estipulados para a Mata Atlântica um parâmetro para nossos estudos já que, embora estes biomas apresentem estruturas distintas, estão entre aqueles com maior diversidade vegetal do mundo.

Figura 32 - Curvas de Gini-Lorenz das camadas arqueológicas de N1345 W1260

O cálculo dos índices de diversidade foi realizado a partir dos níveis artificiais e dos tipos identificados em cada nível (Tabela 11). 123

Tabela 11 - Índices de diversidade das camadas arqueológicas de N1345 W1260 Amostras Ni 20-25 25-30 30-40 40-50 50-60 60-70 80-90 90-100 110-120

Nsp 50 50 62 58 53 59 43 63 48

H

34 31 40 38 38 36 34 41 31

J 3,42 3,24 3,53 3,50 3,52 3,34 3,43 3,52 3,29

0.9687 0.9427 0.9578 0.9634 0.9679 0.9313 0.974 0.9485 0.958

1-D 0.9632 0.9496 0.9651 0.9655 0.9655 0.9509 0.9638 0.962 0.9566

O método de ordenamento NMDS foi aplicado sobre os dados das camadas reunidas (Figura 33). Este método demonstra no eixo X, uma primeira ordem de dissimilaridade entre as amostras . Neste eixo, nota-se que as camadas mais semelhantes em composição foram as camadas 1 e 2, sendo a camada 3 a mais diferente. Apesar das camadas 1 e 2 terem sido reunidas no eixo X, no eixo Y, que apresenta uma dissimilaridade de segunda ordem, estas apresentam pontos de divergência entre si, isto porque, a camada 1encontra-se acima do eixo Y, ao passo que a camada 2 encontra-se abaixo do eixo Y. Pelo método Ward de agrupamento a mesma similaridade entre as camadas 1 e 2 é apontada, sendo a camada 3 a menos semelhante delas (Figura 34).

124

Figura 33 - Escalonamento Muntifuncional Não Métrico aplicado às amostras antracológicas, por camadas arqueológicas.

Foi realizado um outro agrupamento pelo método Ward sobre os dados obtidos a partir dos níveis artificiais. Neste agrupamento as camadas 20-25 e 25-30 foram reunidas em blocos distintos, reforçando as diferenças notadas entre elas em campo (Figura 35).

125

Figura 34 - Método Ward de agrupamento aplicado sobre os dados das camadas arqueológicas.

Figura 35 - Método Ward de agrupamento aplicado sobre os níveis artificiais analisados.

126

5. DISCUSSÃO

O levantamento de dados de natureza quantitativa (quantificação dos carvões) e qualitativa (determinação taxonômica através da análise antracológica) da assembléia de fragmentos vegetais coletados da unidade N1245 W1360, a tabulação dos dados e sua transformação em gráficos (Tabelas 2-10 e Figuras 22-30), conduziram a interessantes observações acerca da aplicação do estudo de carvões no sítio Hatahara. Tais constatações são tanto de ordem paleoambiental quanto metodológica, sendo de certa forma válidas para a aplicação desta abordagem a diferentes contextos arqueológicos, como também específicos ao contexto estudado e aos sítios de Terra Preta da região Amazônica.

5.1 Antracologia, paleoambiente e uso de plantas

5.1.1 Suficiência Amostral Como referido anteriormente, a suficiência amostral das análises dos carvões das camadas I, II e III de N1345 W1260 foi estimada a partir do cálculo de índices e de curvas de Gini-Lorenz. Os resultados demonstraram que os índices de concentração das respectivas amostras foram de 31:69%, 29:71% e 31:69%. Estes coeficientes de concentração se aproximam do índice de 30:70, indicando uma alta diversidade nestas amostras. A princípio, isto poderia sugerir uma relativa insuficiência amostral (SCHEEL-YBERT, 2005). A pequena quantidade de sedimento disponível para 127

amostragem produziu uma quantidade de carvões limitada, além de que seu pequeno tamanho, de modo geral, dificultou a determinação dos carvões, impedindo a análise de um maior número de fragmentos. Claro está que, muito provavelmente, caso mais fragmentos de carvão tivessem um tamanho mínimo para análise, poder-se-ia chegar a valores de concentração dentro do patamar da referida normalidade. Por outro lado, estudos sobre o coeficiente de concentração para a vegetação da Amazônia são inexistentes e por este motivo, foram utilizados como parâmetro os valores de concentração obtidos por SCHEEL-YBERT (2005) No entanto, deve-se atentar para o fato de que os valores obtidos pela autora baseamse- em levantamentos realizados em várias fitofisionomias (cerrado, restinga, floresta estacional, floresta ombrófila) que apesar de estarem entre aquelas com a maior diversidade vegetal do mundo (PÉREZ et al., 2002), certamente apresentam estruturas bastante distintas em relação à Floresta Amazônica. Neste caso, ainda que as interpretações quantitativas baseadas em frequência devam ser tomadas com uma certa precaução, a proximidade destes valores com o limite inferior da classe de índices de concentração considerados “normais” permite considerar que as análises realizadas podem ser consideradas qualitativamente representativas da vegetação existente à época de ocupação do sítio Hatahara.

5.1.2 Diversidade Arqueológica

e

Equitabilidade

das

Amostras:

Interpretação

A análise antracológica de 708 fragmentos de carvão permitiu a identificação de 486 indivíduos, distribuídos em 147 taxa, dentre os quais, 43 famílias e 63 gêneros. Os índices ecológicos de diversidade de Shannon (H’) obtidos tanto para os níveis artificiais quanto para as camadas arqueológicas foram, em todos os casos, bastante altos 128

(variando entre 3,24 e 3,53 para os níveis artificiais e entre 3,28 e 3,67 para as camadas arqueológicas), e se enquadram nos valores obtidos por levantamentos fitossociológicos para a Amazônia Central, que variam entre 3 e 5 (MARTINS, 1993). Os índices de diversidade de Simpson (1-D) e de equitabilidade de Pielou (J) também resultaram em valores particularmente altos, em todos os casos muito próximos de 1, valor máximo para ambos os índices. Ambos os resultados indicam uma alta diversidade e equitabilidade em todas as amostras, mostrando que não houve dominância significativa de nenhum taxon ou grupo de taxa. Note-se, também, que não só os índices de diversidade/equitabilidade mostraram valores altos, mas a riqueza específica de todas as amostras foi bastante elevada. Para em média 50 indivíduos analisados em cada nível artificial, o número de taxa variou entre 31 e 41; nas camadas arqueológicas, a amostra de 100 indivíduos da Camada I revelou 38 taxa, a amostra de 173 indivíduos da Camada II revelou 54 taxa, e a amostra de 213 indivíduos da Camada III revelou 62 taxa. Este resultado é particularmente importante, especialmente no caso da Camada I, de Latossolo, para a qual a baixa densidade de vestígios arqueológicos como cerâmicas e líticos e a ausência destes vestígios nos dois últimos níveis escavados o conduzia à hipótese de que, a partir da profundidade de 100cm não havia mais indícios de ocupação da área, com exceção dos carvões, que, num primeiro momento poderiam ser entendidos como oriundos de incêndios naturais.

A ausência de lentes contínuas de carvões e a elevada diversidade

antracológica desta camada, no entanto, indicam que os carvões presentes nela não podem ser provenientes apenas da queima in situ da vegetação natural, demonstrando que esta camada corresponde também ao período de ocupação humana da área.

129

A ausência de material cerâmico e de datações radiocarbônicas na área não permite que seja feita uma associação cronológica para a camada I, mas a identificação de um registro de antropização no latosssolo, através da diversidade de carvões, por si já é um dado muito interessante para a interpretação. A análise da camada I revela que importantes eventos de queima ocorreram antes mesmo do período em que os solos antropogênicos começaram a se formar nesta região do sítio Hatahara. Na transição entre a camada I e a camada II foi encontrado um fragmento de mandioca (Manihot esculenta), cujo significado arqueológico será melhor discutido posteriormente. Da mesma forma, no caso da camada arqueológica II (Terra Mulata), os elevados índices de diversidade e equitabilidade não corroboram a hipótese de que os carvões nela encontrados seriam resultado apenas de queimadas in situ. Os dados obtidos permitem sugerir que teria havido uma combinação entre queimadas para limpeza do terreno ou derrubada de árvores específicas, acompanhada da adição de carvões provenientes de outras fontes (como restos de fogueiras, ou madeiras adicionadas à área e posteriormente queimadas). A manutenção de altos índices de diversidade na camada III (Terra Preta) aponta para o fato de que o aumento de densidade populacional sinalizado pela formação da terra preta não foram acompanhados por uma diminuição da diversidade da vegetação do entorno como um todo, corroborando o postulado de Balée, que propôs que o processo de ocupação da Amazônia influenciou a vegetação de boa parte deste bioma, podendo chegar inclusive a aumentar a diversidade vegetal do mesmo (BALÉE, 1994).

130

5.1.3 A vegetação no entorno do sítio A análise antracológica revelou uma grande diversidade de famílias e gêneros de angiospermas, todas referenciadas para tipos atuais de vegetação amazônica. Entre estes, a grande maioria corresponde a taxa presentes nas mais diversas formações da Floresta, entre elas a Várzea e a Terra Firme, formações que, em virtude da implantação do sítio estavam entre as áreas passíveis de serem utilizadas para a captação de recursos. Destaca-se a ocorrência de gêneros com utilidade variada, como Genipa sp., cujos frutos são utilizados na produção de uma tintura negra largamente utilizadas nas pinturas corporais assim como Chiococca sp., gênero ao qual pertence um cipó de significativa importância como medicinal. A análise antracológica realizada apontou que as principais famílias presentes na assembléia de carvões do Hatahara ao longo do período de ocupação do sítio, em número de indivíduos, foram, segundo a ordem de importância, Melastomataceae, Fabaceae, Myrtaceae, Rubiaceae, Euphorbiaceae e Sapotaceae. Dentre estas, a família Fabaceae é citada como a mais importante em diversidade de espécies e número de indivíduos por diversos levantamentos florísticos realizados na Amazônia Central, em grande parte destes estudos acompanhada pelas famílias Rubiaceae e Sapotaceae (HOPKINS, 2005; OLIVEIRA & AMARAL, 2005). Num levantamento da vegetação da Reserva Ducke, na Amazônia Central, Hopkins destacou as famílias Fabaceae, Sapotaceae e Myrtaceae como os representantes arbóreos mais diversos no subdossel (HOPKINS, 2005). Outros estudos revelam que embora a vegetação amazônica seja bastante heterogênea, a maior parte das espécies de floresta de terra firme na Amazônia Central concentra-se em poucas famílias (OLIVEIRA & AMARAL, 2005).

131

Estes dados, confrontados com as famílias dominantes no registro antracológico geral do sítio Hatahara, nos levam a propor que a vegetação à época de ocupação do sítio apresentava características presentes ainda hoje na vegetação da Amazônia Central. Uma característica interessante da assembléia antracológica identificada é a forte proporção de plantas pioneiras presentes desde a camada de ocupação mais antiga. Ainda que, de modo geral, as plantas oportunistas sejam geralmente as mais frequentes em qualquer tipo de vegetação, uma maior proporção de plantas do tipo clímax, ou mesmo de oportunistas, poderia ser esperada na camada I, caso esta fosse representativa de uma primeira intervenção humana na paisagem, previamente à ocupação do sítio. A alta frequência de pioneiras nesta camada corrobora os resultados já apresentados previamente, demonstrando ainda que os últimos níveis da camada I não correspondem ao início da formação do sítio arqueológico. Estes dados nos levam a interpretar que a área onde se encontra a unidade N1345 W1260 não foi ocupada pelos grupos que viveram no Hatahara da mesma forma ao longo do tempo. Muito provavelmente, no período correspondente à camada I, uma população já estava estabelecida no sítio há tempo suficiente para influenciar de alguma forma a vegetação do entorno. A área em questão neste período, provavelmente estava localizada numa porção periférica do sítio, pois são raros os artefatos e poucos indícios de ocupação da área foram encontrados, à exceção dos carvões dispersos, principalmente nos níveis mais inferiores da referida camada. É provável que outras áreas do sítio estivessem sendo muito mais utilizadas no mesmo período, e possivelmente traços mais marcantes da presença humana ocorressem nestes locais, como o escurecimento dos solos e a formação de depósitos mais espessos de artefatos e ecofatos. Estas hipóteses carecem de dados mais concretos, como datações, porém, a presença de plantas pioneiras na assembléia antracológica são um importante reforço destas sugestões. 132

A permanência de uma alta proporção de pioneiras ao longo de todo o período de ocupação do sítio é coincidente com a hipótese de uma área de densa ocupação e uso do ambiente, apontando para uma vegetação influenciada pela ação humana. A coexistência, no registro antracológico, destas espécies pioneiras com espécies oportunistas e climácicas demonstra que diversos tipos de vegetação eram explorados para obtenção de lenha, podendo ser considerada, ainda, uma confirmação da hipótese também já apresentada de que os carvões presentes no solo, em todas as camadas, não são resultado apenas de queimadas in situ, mas sim de uma combinação entre queimadas e a adição de carvões provenientes de outras fontes. O caráter secundário dos taxa identificados na vegetação do entorno do sítio durante a ocupação é reiterado pela presença de plantas reconhecidamente frequentes em áreas abertas ou perturbadas, como clareiras de mata e beiras de caminho. Dentre estas, as Melastomataceae assumem particular importância, por sua especial abundância em todas as camadas arqueológicas, e mais particularmente nas camadas I e III. Esta família, é conhecida por apresentar representantes tipicamente secundários. Um estudo antracológico realizado na Guiana Francesa apresentou resultados muito semelhantes, sendo a presença dos gêneros Xylopia, Cupania e Byrsonima e das famílias Rubiaceae e Melastomataceae considerados indicativos da influência antrópica sobre a vegetação circundante.

Le cortèje indique en outre la présence de taxons caractéristiques de milieux plus ou moins secondaires dus à l’impact anthropique local ou du moins d’um milieu plus ouvert; cet état est marqué par la présence de taxons typiques de milieux héliophiles. La proportion relative de ces taxons peut indiquer une plus ou moins grande pression de l’homme sur l’environnement, voire même donner une idée de la durée d’implantation. Certaines espèces typiques comme Xylopia nitida (Annonacées) ou encore [...], Byrsonima densa (Malpighiacées), certains genres caractéristiques comme Vismia (Clusiacées), [...] Cupania (Sapindacées) et Vitex (Verbenacées), et des familles comme

133

les Mélastomatacées, les Rubiacées [..], sont autant d’indices du caractère secondaire de la flore environnant les sites. (TARDY em VACHER et al., 1998)

Nos resultados obtidos para o sítio Hatahara, além das Melastomataceae, são também particularmente frequentes fragmentos de lenho de Byrsonima e inúmeras Rubiaceae, além de diversos outros elementos indicativos de uma vegetação secundária, como várias Anacardiaceae, Apocynaceae, Euphorbiaceae, Asteraceae, Malvaceae, Myrsinaceae e, alguns gêneros de Fabaceae (Figura 31). Da mesma forma que nas demais camadas, a antracologia da Terra Preta apresentou resultados que são relacionados a um ambiente secundário, provavelmente alterado, marcadamente pela presença dos gêneros Byrsonima, Mabea, Manihot, Peltophorum, Clitoria, e por gêneros das famílias Rubiaceae e Melastomataceae, esta última correspondendo a quase 20% do total de tipos identificados nas amostras da camada III. É significativa também a redução marcante de elementos da família Lauraceae, normalmente caracterizada por árvores secundárias tardias ou climácicas (HOPKINS, 2005). Outro ponto relevante com relação ao registro de carvões da camada III é a maior frequência de sementes, que se apresentou num crescente desde o primeiro estrato estudado, ainda no latossolo amarelo, até o último nível da terra preta (Figura 27). De um modo geral, não houve variação significativa na composição e nas famílias dominantes entre as três camadas arqueológicas analisadas. Ainda assim, estas camadas apresentaram características ligeiramente distintas, que podem informar sobre a história da evolução da vegetação do entorno do sítio. Análises estatísticas como o método de ordenamento NMDS foram aplicadas aos dados das camadas reunidas (Figura 33). O gráfico produzido por este método demonstra no 134

eixo X, uma primeira ordem de dissimilaridade entre as amostras. Neste eixo, nota-se que as camadas mais semelhantes em composição foram as camadas 1 e 2, sendo a camada 3 a mais distinta. As camadas 1 e 2, por sua vez, se distinguem no eixo Y, que representa uma dissimilaridade de segunda ordem, isto porque a camada 1 se encontra acima do eixo Y, ao passo que a camada 2 encontra-se abaixo deste eixo.

Figura 36 - Escalonamento Muntifuncional Não Métrico aplicado às amostras antracológicas, por camadas arqueológicas.

Pelo método Ward de agrupamento a mesma similaridade entre as camadas 1 e 2 é apontada, sendo a camada 3 a menos semelhante delas (Figura 34). Uma segunda análise de agrupamento pelo método Ward, realizada com os dados obtidos a partir dos níveis artificiais, 135

mostra que as camadas 20-25 e 25-30 se agrupam em blocos distintos, reforçando as diferenças notadas entre elas em campo (Figura 35).

Figura 37 - Método Ward de agrupamento aplicado sobre os dados das camadas arqueológicas.

136

Figura 38 - Método Ward de agrupamento aplicado sobre os níveis artificiais analisados.

Os resultados das análises de similaridade entre as amostras (NMDS), assim como das análises de agrupamento (método Ward), demonstraram que as camadas I e II (Latossolo e Terra Mulata) são as mais semelhantes entre si, sendo a camada III (Terra Preta) a que mais se distingue das outras. Este é um dado muito interessante pois demonstra que embora a Terra Mulata e a Terra Preta sejam resultantes da influência antrópica sobre o meio, a vegetação no período de formação da Terra Preta parece ter sido distinta daquela do período de formação da Terra Mulata. O sítio Hatahara apresenta um período de ocupação bastante longo (de mais de 2000 anos). Durante este processo, a densidade populacional teve seu ápice entre os séculos VII e XII (Figura 8). Em decorrência da intensidade de ocupação do sítio o ambiente foi

137

profundamente alterado. Esta alteração se traduz principalmente na formação dos solos antrópicos. É possível que tenha havido, também, uma relativa modificação da vegetação do entorno, a qual foi demonstrada pelas análises multivariadas. Esta modificação, no entanto, não implicou em diminuição da diversidade ou em abertura significativa da vegetação, e tampouco em mudanças drásticas dos tipos de vegetação existentes em torno do sítio. Este resultado converge com as pesquisas mais recentes que sugerem que as interrelações entre as populações amazônicas e seu ambiente não se baseavam em processos destrutivos, mas sim em interações harmônicas baseadas na coleta, no manejo e no cultivo, aumentando a diversidade ecológica ao invés de reduzi-la (BALÉE, 1989).

5.1.4 A Mandioca Vestígios de plantas do gênero da mandioca foram encontrados em dois momentos no sítio: um fragmento de raiz tuberosa de Manihot esculenta no nível 60-70cm (Camada I), e três fragmentos de lenho de Manihot no nível 20-25cm (Camada III). Embora estes últimos não possam ser diretamente associados à raiz comestível, sua presença no sítio é sugestiva do uso desta planta como alimento. A identificação de um fragmento de raiz tuberosa de Manihot esculenta na camada I é um fato digno de especial atenção, pois este é um material difícil de ser recuperado no registro arqueológico. O baixo potencial de recuperação de fragmentos de mandioca em contextos arqueológicos pode ser explicado por razões de ordem cultural e tafonômica. A rara recuperação de macro-restos de mandioca em sítios arqueológicos tem relação direta com seu uso, já que a mandioca é um alimento aproveitado quase por completo. A 138

identificação de um fragmento carbonizado de Manihot esculenta é provavelmente resultante de algum evento de descarte de um pedaço de mandioca e posterior carbonização ou da queda acidental deste diretamente numa fogueira. O fato de apenas um fragmento de mandioca ter sido encontrado não necessariamente implica numa baixa importância desta planta no contexto estudado, muito pelo contrário. Em virtude de sua baixa probabilidade de preservação, o encontro de um fragmento pode ser interpretado como resultado de um uso relativamente frequente da planta em questão.

5.2 Reflexões de ordem metodológica

5.2.1 Do carvão como vestígio arqueológico Como já mencionado, a escavação da unidade N1245 W1360 foi encerrada aos 120cm de profundidade, quando foi constatado que o nível artificial 110-120cm era o segundo nível ‘arqueologicamente estéril’, por não conter vestígios arqueológicos. Como forma de garantir que nenhum pacote arqueológico se encontrava em níveis abaixo, uma tradagem de um metro de profundidade por 30cm de diâmetro foi então realizada no centro da unidade, porém nenhum indício arqueológico, como a presença de artefatos ou de solos escurecidos, foi encontrado. O encerramento das escavações a partir da constatação da ausência de indícios arqueológicos faz parte da metodologia aplicada pelo Projeto Amazônia Central para sítios da região. De fato, tal prática é aplicada por se tratar de uma questão de bom senso; na falta de vestígios arqueológicos, considera-se que não houve ocupações humanas no local. O problema é o que pode ser considerado como vestígio arqueológico. Artefatos 139

incontestavelmente produzidos pela mão humana certamente são, assim como transformações no ambiente, como solos antropizados. Mas, e os carvões? Como já mencionado, a ocupação humana em um local freqüentemente produz restos carbonizados de material vegetal. Quando estes são identificados como oriundos de plantas necessariamente cultivadas por seres humanos, como grãos de milho, ou raízes tuberosas de mandioca, tais carvões são prova da existência de grupos no passado. Carvões de lenho, porém, quando não associados a artefatos ou a solos antropizados são mais dificilmente correlacionados positivamente a ocupações passadas, pois estes podem ser oriundos de incêndios naturais. A análise antracológica pode ajudar na interpretação destes carvões, o que foi comprovado neste estudo do sítio Hatahara. Foi observado um total de 77 fragmentos de carvões do nível 110-120cm, sendo 48 destes identificados como pertencentes a 31 taxa diferentes. Através desta análise foi constatado que a diversidade taxonômica presente nesta camada era incompatível com a diversidade esperada para incêndios naturais, considerando-se o tamanho da área amostral, de 1m2. Como os carvões que se conservam num determinado local provém de um número limitado de plantas que aí se queimaram, amostras pontuais de solo sempre apresentam um número de espécies muito reduzido (SCHEEL-YBERT, 2004a). A análise antracológica de paleoincêndios na Amazônia franco-guianense, por exemplo, obteve a identificação de uma diversidade que variou entre 3 e 8 taxa para as camadas observadas (VACHER et al., 1998 ). Este dado nos leva a concluir que os carvões da camada 110-120cm da unidade de escavação foco do presente estudo devem ser associados a atividade humanas. Tal hipótese é reforçada pela presença de sementes na assembléia, entre estas, endocarpos de palmeiras, plantas com importante valor alimentício para grupos amazônicos. 140

Portanto, a análise arqueológica da camada 110-120cm da unidade N1245 W1360 revelou que um contexto anteriormente considerado como ‘natural’ seria provavelmente um contexto cultural, demonstrando que o carvão pode ser um importante marcador de atividades antrópicas em contextos onde Terras Pretas e outros indicadores não são visíveis em campo. As implicações desta constatação são diversas: primeiro, é um tipo de abordagem que pode ser aplicado em diversos contextos arqueológicos, não se limitando à área de estudo; segundo, nos leva a refletir acerca do potencial dos macro restos carbonizados para o fazer arqueológico, podendo, no futuro, extrapolar os limites do laboratório para se tornar uma poderosa ferramenta de campo, auxiliando a tomada de decisão quanto à escavação, já que, em sítios arqueológicos, a presença de carvões num solo “aparentemente estéril” deve ser considerada um potencial marcador de atividades humanas.

5.2.2 Dos métodos de recuperação de carvões Uma segunda observação de caráter metodológico é feita baseada na comparação entre os dois métodos de recuperação utilizados (Peneira Geral e Peneira Molhada seguida de Flotação) e na interpretação arqueológica, dos valores obtidos através da contagem de carvões e de sua pesagem. Na comparação entre o peso dos carvões recuperados em cada nível artificial, nos carvões coletados na Peneira Geral e na Peneira Molhada seguida de Flotação, percebe-se diferenças entre os picos de carvão apresentados graficamente: enquanto na coleta da Peneira Geral o maior pico de carvão encontra-se na transição entre a Terra Mulata e a Terra Preta e o segundo maior pico, na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata, na coleta da

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Peneira Molhada/Flotação o maior pico de carvão encontra-se na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata. Da mesma forma, na análise de peso das camadas, na coleta da Peneira Geral o maior valor de peso de carvões encontra-se na Terra Preta e o menor na Terra Mulata, enquanto na coleta da Peneira Molhada/Flotação o maior peso de carvões encontra-se na Terra Mulata. Na comparação entre os valores de quantidade de carvões obtidas através da coleta por Peneira Geral e pela coleta por Peneira Molhada seguida de Flotação, diferenças notáveis entre os dois métodos puderam ser notadas. Na análise por níveis, a coleta da Peneira Geral apresentou os dois maiores picos de carvão na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata e no meio da Terra Mulata, enquanto que na coleta da Peneira Molhada/Flotação os dois maiores picos se encontram no meio do latossolo amarelo e na transição do latossolo amarelo e a Terra Mulata. Já na análise por camadas, na coleta da Peneira Geral a maior quantidade de carvões encontra-se no latossolo amarelo, enquanto na coleta da Peneira Molhada/Flotação, a maior quantidade de carvões encontra-se na Terra Mulata. As diferenças percebidas nos dois métodos de coleta utilizados merecem ser aqui discutidas, pois as interpretações arqueológicas baseadas nos resultados obtidos a partir de um ou outro tipo de coleta serão diferentes. Primeiro faremos uma comparação entre os pesos obtidos nestas duas coletas. Para facilitar a interpretação dos dados, foram inseridos novamente os gráficos relativos ao peso dos carvões tanto na coleta da Peneira Geral, quanto da Peneira Molhada (Figura 39).

142

Figura 39 - Peso de carvões recuperados pelos dois métodos de coleta, Peneira Geral (a seco) e Peneira molhada (seguida de flotação em laboratório)

Na interpretação do peso obtido na Peneira Geral, onde existe um grande pico de carvão na transição entre a Terra Mulata e a Terra Preta e um pico menor na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata, poder-se-ia propor que o maior pico estaria relacionado ao adensamento demográfico no período correspondente a este contexto. Isto porque considerase que a Terra Preta é indicativa de grandes populações (HECKENBERGER, PETERSEN & NEVES, 1998) e se nos basearmos na lógica de quanto maior a população maior a quantidade de fogueiras domésticas, então esta grande quantidade de carvões poderia ter como origem este grande número de fogueiras. Já o pico de carvão visto na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata poderia ser interpretado como indicativo de um momento de

143

abertura de uma área arborizada com o uso do fogo, resultando em uma grande quantidade de carvão. No entanto, a interpretação acima apresentada não parece ser válida, pois existem pontos falhos. O primeiro diz respeito ao peso total de carvões coletados na camada de Terra Mulata. Se estes carvões são oriundos de fogueiras, e se quanto maior a população, maior a quantidade de fogueiras e, portanto, de carvões, por que na coleta da Peneira Geral a Terra Mulata não contém maior peso de carvões do que o latossolo amarelo? A Terra Mulata contém outros indícios que sugerem maior densidade demográfica do que o latossolo amarelo, como artefatos cerâmicos e o próprio solo antropizado. Uma explicação para o maior peso de carvões no latossolo poderia ser de ordem cultural; a área em estudo poderia ter tido usos diversos ao longo do processo de ocupação do sítio. Neste caso, à época de formação da Terra Mulata, diversos momentos de limpeza desta área poderiam ter gerado um menor volume de carvões depositados no local. Outra possível hipótese, já apresentada, é a que o latossolo amarelo pode apresentar um maior peso de carvões por ter sido uma área arborizada que teria sido aberta com o uso do fogo. No entanto, como vimos, existe uma grande riqueza taxonômica na assembléia de carvões na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata que não é compatível com a hipótese de uma simples abertura de terreno por fogo. Este dado aponta para o transporte de carvão para a área, possivelmente intencional. Também deve ser ressaltado que o grande pico de peso de carvões percebido na Terra Preta através da coleta da Peneira Geral diminui drasticamente na coleta da Peneira molhada/Flotação, onde o maior pico de peso encontra-se na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata. Como interpretar estas diferenças? Uma possibilidade é que houve um tendenciamento na coleta por Peneira Geral. Esta se encontra mais sujeita a falhas do que a coleta por Peneira 144

molhada/Flotação, pois depende da capacidade do coletor em visualizar os fragmentos. A melhor visualização de fragmentos de carvão através do contraste da cor destes com o latossolo amarelo pode ter facilitado a coleta nos níveis de latossolo amarelo; esta hipótese é reforçada pela análise do conteúdo da peneira molhada, onde a proporção da quantidade de carvão do latossolo amarelo em comparação a outras camadas diminui consideravelmente. No entanto, esta interpretação não ajuda a explicar o grande peso de carvões recuperados na camada de Terra Preta, onde o contraste de cor entre o solo e os carvões dificultaria ainda mais a visualização destes. Neste caso, a explicação talvez residiria na textura do solo, pois a Terra Preta era menos argilosa e menos compactada e, portanto, os fragmentos de carvões se encontravam menos envolvidos pelo sedimento argiloso, facilitando sua visualização. Embora estas hipóteses não encerrem o número de possibilidades de explicações para a diferença entre as coletas de Peneira Geral e Peneira Molhada, o fato é que os valores tanto do número de fragmentos quanto do peso de carvões coletados são diferentes nos dois modos, e, neste caso a interpretação de valores obtidos através da Peneira Molhada seguida pela Flotação parece-nos ser mais confiável do que interpretações baseadas na coleta por Peneira Geral. Apesar da quantidade amostral da Peneira Molhada ser menor, ela é menos sujeita ao tendenciamento, já que independe da visualização dos carvões para a sua coleta. Portanto, as interpretações de caráter arqueológico baseadas na quantidade e peso total de carvões aqui serão feitas preferencialmente através do conjunto de dados obtido pelo método de Peneira Molhada/Flotação. Uma palavra de ressalva. A interpretação antracológica (que será apresentada a seguir) tem como base, principalmente a análise de carvões provenientes da coleta por Peneira Geral.

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Neste caso, deve ser ressaltado que tal abordagem não sofreu os possíveis tendenciamentos apresentados acima para a análise de peso e quantidade de carvões, pelas seguintes razões: Primeiro, a determinação taxonômica de carvões requer que estes possuam um tamanho mínimo que permita a observação de características anatômicas destes. Desta forma, independente da existência de possíveis diferenças no tamanho de carvões coletados pelos dois métodos utilizados, tais diferenças são anuladas pela necessária seleção de carvões que possuam um tamanho mínimo para a análise antracológica (que neste estudo apresentou medidas bastante diminutas, por volta dos 3mm); Segundo, o possível tendenciamento na coleta pela Peneira Geral pode ter gerado diferenças na quantidade e no tamanho de carvões porém não na seleção de determinados taxa em detrimento de outros. É possível que um tendenciamento no tamanho de carvões coletados resultasse em subrepresentações de certos taxa, pois existem trabalhos que demonstram que certas espécies tendem a quebrar em fragmentos maiores ou em menores (WILLCOX, 1974; ZALUCHA, 1982), porém, inúmeros outros fatores também influenciam o tamanho de fragmentos de carvões dentro das mesmas espécies, como o tamanho do lenho utilizado e a idade da planta (SMART & HOFFMAN, 1988). Outros trabalhos demonstram que em certas assembléias de carvão, variações no tamanho e no formato destes são sutis e não constituem um problema (ASCH, FORD & ASCH, 1972). Por último, é preciso ressaltar, que, embora a malha da Peneira Geral fosse superior às malhas das Peneiras Molhadas (5mm em oposição a 3mm e 1mm), em virtude do solo extremamente argiloso, boa parte dos carvões recuperados na peneira geral tinham menos de 4mm pois, estando envoltos pelo sedimento argiloso, não passaram pela malha durante a peneiragem a seco.

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A explanação sobre os dados quantitativos feita acima é de grande importância para a discussão deste trabalho, pois demonstra como uma análise de carvões de amplo-espectro, aliando dados quantitativos a determinações taxonômicas de lenhos, sementes, raízes e tubérculos carbonizados, pode fornecer uma série de informações sobre os contextos arqueológicos da região estudada. A tentativa de abordar os macrorestos vegetais carbonizados em sua quase totalidade, não focando somente em uma categoria (como somente na análise morfológica de sementes) tem se mostrado bem sucedida para a Amazônia Central. A abordagem quali-quantitativa de fragmentos vegetais carbonizados tem se mostrado um interessante caminho a ser trilhado pela paleoetnobotânica da região, extraindo o máximo de informações de sítios que, dada a exposição a diversas formas de intemperismo e a degradação por organismos diversos, até o momento têm se mostrado contextos bastante desafiadores para a aplicação de tradicionais abordagens arqueobotânicas.

5.3 Formação de solos antrópicos e a importância dos carvões Na observação dos gráficos apresentados na figura 10, e que foram minuciosamente discutidos no tópico acima, uma informação acabou se destacando dentre as demais. Em todas as análises quantitativas realizadas por nível artificial, seja pela coleta da Peneira Geral ou de Peneira Molhada/Flotação, seja pela contagem do peso total dos carvões ou do número de indivíduos, o maior pico de carvão observado era sempre encontrado na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata. A única exceção foi na análise de peso da peneira geral, onde o maior pico de carvão foi encontrado na transição entre a Terra Mulata e a Terra Preta, sendo o segundo maior pico de carvão encontrado na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata. 147

Desta forma, um padrão começou a ser desenhado; na área estudada, parecia haver uma correlação entre o início de formação de solos antrópicos e grandes quantidades de carvão. Como interpretar isto? Uma primeira hipótese seria a abertura de área, porém como já foi discutido, a assembléia de carvões possui uma alta diversidade que não condiz com a hipótese que estes carvões são oriundos apenas de árvores queimadas in situ. Uma grande parte dos carvões do momento de formação da Terra Mulata foram necessariamente transportados para o local. Poderia este transporte ser intencional? Uma primeira resposta é que tal hipótese seria mera especulação, pois estes mesmos carvões poderiam vir de fogueiras no qual lenho de outras regiões foi utilizado. Porém, se estes carvões vieram de fogueiras, e se ao longo da formação do sítio mais pessoas teriam habitado o local, produzindo mais fogueiras por diversas razões, porque a quantidade de carvão não aumentou nos momentos de maior adensamento demográfico? Tanto na análise por peso de carvões como na análise por número de carvões coletados pela Peneira Molhada/Flotação, em nenhum momento posterior à formação inicial de solos antrópicos houve um pico de carvão que sequer chegasse perto do observado no momento de formação de Terra Mulata, mesmo nas camadas de Terra Preta, momento em que se postula a existência do maior adensamento demográfico já existente no passado pré-colonial do local onde hoje existe o sítio Hatahara. Uma hipótese que pode ser formulada para explicar a diminuição da quantidade de carvões na Terra Preta é que, no momento correspondente à sua formação, um novo padrão de uso do local foi estabelecido. É possível, que limpezas frequentes da área tenham reduzido o número de carvões depositados, bem como é possível que carvões ou madeiras posterioremente carbonizadas não mais tenham sido adicionados. Isto poderia ser resultado da mudança das atividades que ocorreram na área. 148

Podemos considerar que, com o aumento da densidade populacional a área da unidade escavada deixou de ser tão periférica e passou a receber vestígios de atividades cotidianas, como restos de alimentos, dejetos orgânicos e restos de lixo que poderiam conter carvões. Porém, a partir de poucos dados, é sempre complicado atribuir práticas específicas que teriam gerado as Terras Mulatas e Pretas no passado. Como sabemos, percepções de mundo, e ações decorrente destas, são determinadas dentro de especificidades culturais, e não conhecemos as razões sociais que poderiam ter resultado no transporte de carvões para o local estudado. No entanto, estudos etnográficos e etnoarqueológicos podem nos ajudar a interpretar o contexto estudado. No Sul da Amazônia, no Alto Xingú, a observação de modos de intervenção no ambiente por grupos Kuikuru que resultam, entre outras marcas da ação humana no ambiente, na formação de solos antropizados, tem fornecido novas perspectivas sobre possíveis práticas no passado que possam ter resultado na formação de solos antrópicos na Amazônia em geral (SCHMIDT, 2010). Em sua tese de doutorado, Schmidt (2010) propõe que seu estudo etnoarqueológico no Alto Xingu possa trazer novos dados à discussão sobre as duas hipóteses existentes para a formação de solos antrópicos na Amazônia, o ‘modelo de lixeira’ (midden model) e o ‘modelo de cultivo’ (cultivation model). Tais modelos propõem que as atividades que resultaram na formação de Terras Pretas e de Terras Mulatas são bastante distintas e, desta forma, a existência destes solos serviria como um marcador confiável de um conjunto de atividades que teriam ocorrido no passado. Schmidt também afirma que estas hipóteses trazem em si discussões sobre intencionalidade na formação destes solos, pois enquanto a formação de Terras Pretas, através do ‘modelo de lixeira’, seria um resultado não-intencional, a formação

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de Terras Mulatas, através do ‘modelo de cultivo’ poderia passar por atos de intencionalidade, através da adição de matéria orgânica, cinzas e carvão ao solo cultivado (SCHMIDT, 2010). A alta quantidade de carvão é uma das características descritas para a Terra Mulata, e propõe-se que métodos de melhoria de solo para o cultivo, como a queima de madeira in situ e a prática de mulching, estejam entre os fatores para a formação deste tipo de solo (SCHIMDT, 2010), e tais práticas de manejo do solo têm sido observadas em grupos Amazônicos atuais (HECHT, 2003; HECHT AND POSEY, 1989 apud SCHIMDT, 2010) A assembléia de carvões observados no início de formação de Terra Mulata na unidade de escavação estudada no sítio Hatahara pode ser resultado destas duas práticas. Como já mencionado, a alta diversidade taxonômica registrada para o contexto não sustenta a hipótese da existência somente de queima in situ, porém esta grande diversidade pode sim ser resultado desta prática em conjunto com a de mulching. O ato de mulching consiste na formação intencional de uma espécie de camada húmica no solo, através da adição a este de matéria orgânica e carvão. Estes materiais poderiam ter sido transportados de outras áreas e, portanto, tal prática, se feita no sítio Hatahara, poderia possivelmente ter resultado não somente na formação da Terra Mulata observada na unidade estudada, como também na alta diversidade de carvões observadas para o momento de formação desta camada. Observações realizadas por pesquisadores em solos enriquecidos pela adição de material orgânico e carvão demonstram que a atividade microbiótica nestes solos se auto sustenta e os mantém mais férteis por mais tempo (MCCANN, et al. 2001). Isto resulta numa colonização mais rápida da área por plantas de espécies pioneiras e ainda num menor tempo de descanso da área entre períodos de práticas de cultivo (GERMAN, 2003; MAJOR et al.

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2003). Este ciclo de fertilidade crescente torna o uso destes solos semelhante à prática agrícola em solos de várzea (SCHMIDT, 2005). A possibilidade da Terra Mulata observada na unidade estudada ser oriunda de uma prática em conjunto de mulching com queima de madeira in situ é ainda reforçada por outras características observadas ao longo da escavação da unidade, como a presença na transição entre o latossolo amarelo e a Terra Mulata de concreções de solo que aparentavam ser resultado de um processo de queima na área (ver descrição da escavação da unidade em Materiais e Métodos). De acordo com a interpretação acima, a Terra Mulata presente na unidade N1345 W1260 é possivelmente fruto da utilização deste espaço como área de roçado, com manejo de solo como forma de aumentar sua fertilidade. Tal interpretação estaria de acordo com diversos modelos propostos para a formação das Terras Mulatas (ver discussão sobre a formação de solos antrópicos em Fundamentação Teórica). Uma interessante reflexão sobre as formas diferenciadas de uso do espaço no sítio Hatahara pode ser feita pela integração entre os dados obtidos neste estudo com outras pesquisas realizadas na Amazônia. A proximidade da unidade estudada com as prováveis áreas de habitação contemporâneas no momento de formação desta Terra Mulata é um fato que chama a atenção. Na etnografia Amazônica, as áreas de roçado propriamente ditas não costumam ser localizadas tão próximas aos locais de habitação, estando na periferia das aldeias ou até em campos mais distantes (PEZZUTI & CHAVES, 2009). As áreas de cultivo mais próximas às áreas de habitação são constituídas geralmente por house gardens, ou home gardens, locais onde pratica-se principalmente a horticultura e a experimentação de cultivo de plantas variadas (DESCOLA, 2006). Devido à proximidade da unidade N1345 W1260 às prováveis 151

áreas de habitação, os montículos, poder-se-ia então propor que esta área era um antigo home garden ou uma lixeira. No entanto, a hipótese da lixeira não é corroborada por outras observações, a começar pela análise topográfica da unidade. Antigas lixeiras são geralmente percebidas pela existência de pequenos morros (SCHMIDT, 2010), o que não é visto na topografia da área da unidade. A escavação da unidade também não resultou na observação de vestígios arqueológicos típicos de lixeiras, como restos de fauna. A discussão sobre a utilização da área em estudo à época da ocupação pré colonial é de fundamental importância pois, tal como tem sido recentemente observado, a distinção de solos antrópicos em Terras Mulatas e Terra Pretas não implica em uma compreensão acerca das práticas que resultaram na formação destes. O processamento de mandioca, a limpeza cotidiana de áreas e a produção de fogueiras para diversas funções, desde o cozimento de alimentos até a queima de lixo, são atividades transformadoras de solos tão diversificadas que se mostram impossíveis de serem retraçadas a partir da simples constatação de características como coloração e composição química de solos antropizados. Portanto, a discussão sobre os possíveis usos dados à área na qual hoje se encontra a unidade N1345 W1260 do sítio Hatahara, e que resultaram na formação da Terra Mulata, não é um mero detalhe. Neste exercício interpretativo reside a própria tentativa de entender a formação de Terra Mulata neste contexto específico. Acerca dos possíveis usos dados a esta área no momento de formação da Terra Mulata, além de área de roçado, e home garden, uma terceira hipótese pode ser postulada. Em seu estudo entre os Kuikuro do alto Xingú, Schmidt (2010) observa a existência de uma zona intermediária entre a área de roçado e o home garden. Esta área, uma espécie de extensão do 152

home garden, teria como uma de suas funções o plantio de árvores frutíferas, e a realização de diversas atividades que resultariam em uma maior contribuição de matéria orgânica e de carvão ao local, se tornando uma espécie de amálgama das áreas de roçado e do home garden:

Parts of this zone are also used for fruit orchard/agroforestry crops, an extension of the home garden. This zone, on the periphery of the village, is where other activities (food processing, cooking, wood working etc.) are carried out, increasing inputs of organic material (including charcoal) to the soil in localized areas. Refuse disposal, cultivation, and other activities resulted in soils with elevated pH, OC, and various nutrients, but at levels much lower than middens and with few durable artifacts, like the relationship between terra mulata and terra preta. Here, the midden and cultivation zones are one; refuse disposal serves agriculture, as in many ancient and modern systems. (SCHMIDT, 2010:843, grifos da autora)

Devido à alta diversidade taxonômica observada na assembléia de carvões de N1345 W1260, assim como a localização desta unidade em relação às prováveis áreas de habitação, pode-se então propor que o uso desta esta área era semelhante ao descrito para as zonas intermediárias xinguanas. É preciso perceber que o uso do espaço, ao longo do processo de ocupação de uma área é regido pela dinâmica cultural que determina desde mudanças nas configurações das cerâmicas até a forma de disposição das aldeias, o que acaba influenciando a constituição dos solos e por conseqüência o registro de carvões. Como vimos, parece que os solos de terra mulata da área de estudo têm maior relação com queima, porém não apenas com a queima in situ, mas sim, com uma série de queimas distintas, para a limpeza do terreno e provavelmente com a possibilidade de adição de carvões provenientes de outras áreas do sítio. No segundo momento de formação de solos antrópicos, a formação da Terra Preta, percebe-se um menor aporte na quantidade e no peso de carvões do que na Terra Mulata, 153

porém sem diminuição da diversidade vegetal. Esta diversidade é bastante representativa da vegetação do entorno. É possível que estes carvões sejam provenientes de lixo doméstico e resultem de restos de fogueiras que eram elementos constantemente utilizados no dia a dia pelos antigos habitantes do sítio Hatahara. Estes carvões de fogueiras de uso cotidiano podem ser representativos da vegetação circundante, já que, para o uso combustível diário, geralmente não há seleção de espécies, mas sim coletas aleatórias (VERNET, 1977; CHABAL 1991, 1992; SCHEEL-YBERT, 2000). Estes dados, de certa forma, corroboram as hipóteses de que a formação de Terra Mulata tenha maior relação com eventos de queima do que a formação da Terra Preta, que seria mais relacionada a atividades cotidianas de despejo de dejetos. No entanto, não é possível afirmar categoricamente que os solos mais claros (Terra Mulata) seriam exclusivamente oriundos de práticas de cultivo e os solos mais escuros (Terra Preta) apenas da prática de descarte. É questionável a atribuição, a priori, da coloração do solo a um processo social, excluindo-se a possibilidade de que mais de uma atividade tenha contribuído para a formação destes solos. Antes, o que vemos tanto nos dados etnográficos e etnoarqueológicos quanto na composição da assembléia de carvões é uma complexidade que sugere que diversas atividades tenham contribuído para a formação do registro antracológico destas áreas.

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CONCLUSÃO O estudo dos carvões presentes na unidade N1345 W1260 resultou em interessantes reflexões tanto de ordem teórico-metodológica, válidas não apenas para o contexto do sítio Hatahara, como também para outras áreas, dentro e fora da Amazônia. O primeiro ponto é que uma análise de carvões de amplo-espectro, aliando dados quantitativos a dados qualitativos sobre lenhos, raízes tuberosas e sementes carbonizadas se mostrou um interessante caminho a ser trilhado para a paleoetnobotânica da região. A abordagem de macro restos vegetais carbonizados em sua quase totalidade e de forma qualiquantitativa pode fornecer uma série de informações sobre o contexto estudado que até o momento carecia de informações arqueobotânicas. Da mesma forma, o diálogo constante entre os dados obtidos em laboratório com aqueles obtidos em campo foi essencial para a formulação de diversas interpretações, reforçando o a importância de que o arqueólogo que realizará as análises arqueobotânicas participe de todas as etapas de pesquisa, tendo acesso ao máximo de informações possível. Por mais que existam diversos métodos de registro da escavação, alguns aspectos da pesquisa arqueológica voltada para a análise arqueobotânica precisam ser avaliados e constantemente reformulados ao longo da escavação. Embora haja um planejamento prévio sobre o contexto e o local a ser investigado num sítio arqueológico, é principalmente durante o campo que se definem melhor o potencial da área escavada e novas questões que podem ser investigadas. Isto vale também para a paleoetnobotânica e a presente pesquisa é um claro exemplo disto.

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Neste estudo, a aplicação de uma abordagem de escavação do sítio Hatahara voltada para a análise de macro restos botânicos carbonizados permitiu avaliar o potencial do estudo destes ecofatos para sítios do Holoceno tardio na Amazônia Central. A associação entre os dados quantitativos de carvões e a determinação taxonômica através da análise antracológica permitiu vislumbrar a dinâmica de uso do espaço no sítio Hatahara, principalmente na região escavada, ao longo do tempo e da formação de sítio. O carvão se mostrrou um importante marcador de atividade humana mesmo em contextos despidos de outros vestígios arqueológicos, e forneceu indícios de prováveis intervenções humanas sobre a área estudada no sítio. Ao longo da discussão apresentada foi possível então demonstrar que o registro antracológico auxilia na avaliação da importância dos carvões na formação de solos antropogênicos. Por fim, os dados obtidos no estudo da unidade N1345 W1260, do sítio Hatahara possibilitaram uma análise da vegetação contemporânea ao período de ocupação do sítio. A partir da identificação dos taxa encontrados e da comparação destes dados com estudos fitossociológicos na Amazônia Central foi possível sugerir que os taxa identificados podem ser indicativos de algum grau de alteração na vegetação do entorno do sítio. Para uma investigação mais aprofundada desta hipóstese é preciso que novas análises sobre os dados fitossociológicos atuais sejam realizadas, buscando eleaborar uma curva de diversidade que contemple a vegetação amazônica. Por fim, percebeu-se a necessidade de ampliação de estudos de macro restos carbonizados em sítio arqueológicos da região Amazônica. A realização de tais estudos em contextos arqueológicos variados na Amazônia pode fornecer informações sobre a importância que o uso do fogo teve para as populções pré-coloniais e também sobre a 156

reconfiguração de diversas áreas da Floresta Amazônica por estes povos, assim demonstrando que, neste mundo das águas, o fogo também teve o seu papel.

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Apêndice 1: Descrições Anatômicas

ANACARDIACEAE

Campnosperma sp. Procedência: AM-IR-13/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios uni- a bisseriados, heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Lithraea sp Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios uni- a bisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas) e heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). ____________________ Schinus sp. Procedência AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, em filas radiais ou oblíquas. Espessamentos espiralados. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios 6- a 10-seriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Presença de canais radiais __________________ Spondias sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: 175

Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso pouco distinto. Raios 3- a 5-seriados; 6- a 10-seriados subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Presença de canais radiais.

____________________ Tapirira sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as intervasculares. Parênquima vasicêntrico a paratraqueal escasso, pouco distinto. Raios bi- a trisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Presença de canais radiais.

_____________________________________ ANNONACEAE Anaxagorea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima reticulado, escalariforme. Raios 6- a 10-seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Raios maiores que 2 mm de altura. Raios da mesma largura ou maiores que os vasos. ____________________ Guatteria sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 2 e 3 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima em linhas unicelulares, em linhas ou bandas estreitas (até 3 células). Raios 3- a 5-seriados; 6- a 10seriados; homogêneos (todas as células prostradas) a subhomogêneos (células prostradas com 176

uma fileira marginal de células eretas ou quadradas). Altura dos raios entre 1 e 2 mm. Raios maiores que 2 mm de altura. Presença de células oleíferas ou mucilaginosas. ____________________ Xylopia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima reticulado. Raios 6- a 10-seriados; homogêneos (todas as células prostradas) a subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas). Raios maiores que 2 mm de altura. Presença de células oleíferas ou mucilaginosas.

_____________________________________ APOCYNACEAE Aspidosperma sp. tipo 1 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso. Raios uni a biseriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Aspidosperma sp tipo 2 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários com raros múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios uni a biseriados; homogêneos (todas as células prostradas). Fibras com pontoações areoladas . ____________________ Himatanthus sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: 177

Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos; Vasos em cadeia frequentes. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios uni- a bisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Presença de tubos laticíferos ou taniníferos. ____________________ Peschiera sp. tipo 1 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos, muito freqüentes. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios bi a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Peschiera sp. tipo 2 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios 3- a 5-seriados; sub homogêneos (células prostradas com 1 fileira marginal de células eretas e/ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Rauvolfia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios 3- a 5-seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ FAMÍLIA AQUIFOLIACEAE 178

Ilex sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Pontoações intervasculares opostas, pequenas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso, difuso. Raios 6- a 10-seriados a mais de 10-seriados; raios unisseriados freqüentes; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou todas as células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ ASTERACEAE Vanillosmopsis sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites distintos. Vasos difusos, dispersos, em filas radiais ou oblíquas, solitários e em múltiplos; Vasos em cadeia frequentes. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso. Raios uni- a bisseriados; bi- a trisseriados; sub homogêneos (células prostradas com 1 fileira marginal de células eretas e/ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Vernonia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios estratificados. Raios 3- a 5-seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou células prostradas, eretas e quadradas misturadas).

_____________________________________ FAMÍLIA BIGNONIACEAE 179

Tabebuia sp. tipo 1 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme. Raios exclusivamente unisseriados; frequentes (4 a 12 homogêneos (todas as células prostradas) a subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas e/ou quadradas).

____________________ Tabebuia sp. tipo 2 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios bi- a trisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas). ____________________ Tabebuia sp. tipo 3 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima vasicêntrico, aliforme, confluente. Raios bi- a trisseriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Tabebuia sp. tipo 4 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites distintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, losangiforme, confluente. Raios uni- a bisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). 180

_____________________________________ : CANNABACEAE Celtis sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2

Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Presença de espessamentos espiralados nos vasos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios 6- a 10-seriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ FAMÍLIA CHRYSOBALANACEAE Hirtella sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em linhas unicelulares, ou bandas estreitas (até 3 células). Raios exclusivamente unisseriados; heterogêneos (células prostradas, eretas e quadradas misturadas). ____________________ Licania sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em linhas ou bandas estreitas (até 3 células). Raios exclusivamente unisseriados; muito frequentes (mais que 12 raios/mm); heterogêneos (células prostradas, eretas e quadradas misturadas). Corpos silicosos nos raio.

181

_____________________________________ CLUSIACEAE Tovomita sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares escalariformes. Parênquima aliforme e difuso. Raios bi- a trisseriados; 3- a 5seriados; raios unisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). Raios maiores que 2 mm de altura.

_____________________________________ COMBRETACEAE Buchenavia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples Pontoações intervasculares ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente tendendo a formar faixas. Raios exclusivamente unisseriados; heterogêneos (células prostradas, eretas e quadradas misturadas).

_____________________________________ FAMÍLIA EBENACEAE Diospyros sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima em linhas. Raios unisseriados frequentes; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). 182

_____________________________________ FAMÍLIA ELAEOCARPACEAE

Sloanea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso. Raios de dois tamanhos distintos, raios 6a 10-seriados; raios unisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ).

_____________________________________ ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Espessamentos espiralados. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios uni- a bisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ FAMÍLIA EUPHORBIACEAE Euphorbia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos; frequentes vasos em cadeia. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso, difuso e em agregados. Raios uni- a bisseriados; homogêneos (todas as células prostradas). 183

____________________ Mabea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em linhas unicelulares. Raios exclusivamente unisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Presença de tubos laticíferos ou taniníferos.

____________________ Manihot sp Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos; Vasos em cadeia frequentes. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Parênquima aliforme, confluente tendendo a formar faixas. Raios unisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). ____________________ Pachystroma sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Código: IPT 2371 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos; frequentes vasos em cadeia. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima vasicêntrico, em linhas. Raios exclusivamente unisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas). ____________________ Pera sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios unisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). 184

____________________ Sapium sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Pontoações intervasculares alternas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios unisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Sebastiania sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2

Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. ..Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios unisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ FABACEAE

Acacia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2

Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios 3- a 5-seriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Hymenaea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica:

185

Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios bi- a trisseriados; 3- a 5-seriados; homogêneos (todas as células prostradas) a subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas). ____________________ Peltophorum sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios bisseriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Clitoria sp Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente tendendo a formar faixas. Raios 3- a 5seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Fabaceae tipo 1 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios uni - bisseriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Fabaceae tipo 2 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações 186

intervasculares. Parênquima vasicêntrico, aliforme, confluente. Raios 1-2 e 2-3 seriados; homogêneos (todas as células prostradas).

____________________ Fabaceae tipo 3 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios uni-bisseriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Fabaceae tipo 4 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima vasicêntrico. Raios uni-bisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Fabaceae tipo 5 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios unisseriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Fabaceae tipo 6 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios bi-trisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Fabaceae tipo 7 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 187

Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente tendendo a formar faixas. Raios unisseriados; homogêneos (todas as células prostradas) a subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Fabaceae tipo 8 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios bisseriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Fabaceae tipo 9 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios bi-trisseriados, 3-5 seriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Fabaceae tipo 10 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima confluente formando faixas. Raios bi a trisseriados, estratificados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Fabaceae tipo 11 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente tendendo a formar faixas. Raios bitrisseriados; homogêneos (todas as células prostradas). 188

____________________ Fabaceae tipo 12 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios bisseriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Fabaceae tipo 13 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima confluente tendendo a formar faixas. Raios bi-trisseriados, 3-5 seriados, 6-10 seriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Fabaceae tipo 14 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios uni-bisseriados; (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ HUMIRIACEAE Humiriastrum sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placa de perfuração escalariforme (mais de 10 barras). Pontoações intervasculares alternas. Parênquima pouco distinto, paratraqueal escasso. Raios uni- a bisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas); segmentos multisseriados e unisseriados da mesma largura. 189

____________________ Sacoglottis sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placa de perfuração escalariformes (mais de 10 barras). Pontoações intervasculares alternas. Parênquima pouco distinto, paratraqueal escasso. Raios uni e bitrisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Vantanea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Código: TAP Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração escalariformes. Pontoações intervasculares alternas a opostas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso, aliforme. Raios uni-bisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ FAMÍLIA HYPERICACEAE Vismia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2

Descrição anatômica: Vasos difusos, em filas radiais ou oblíquas, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima em bandas tangenciais descontínuas. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ LAMIACEAE 190

Vitex sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites distintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração escalariformes. Pontoações intervasculares alternas. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso a vasicêntrico. Raios 3-5 e 6-10-seriados subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas).

_____________________________________ FAMÍLIA LAURACEAE Beilschmiedia sp Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima losangiforme, confluente tendendo a formar faixas. Presença de linhas ou bandas marginais. Presença de células oleíferas ou mucilaginosas. Raios uni, bi- a trisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas). ____________________ Cryptocarya sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2

Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso a aliforme. Raios bi a trisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas).

____________________ Endlicheria sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações 191

intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima vasicêntrico .Presença de células oleíferas ou mucilaginosas nas fibras. Raios bi- a trisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas). Presença de sílica (fitólitos globulares) nos raios. ____________________ Licaria sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal unilateral a vasicêntrico. Presença de células oleíferas ou mucilaginosas. Raios bi- a trisseriados; homogêneos (todas as células prostradas) a subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas). ____________________ Ocotea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal vasicêntrico. Presença de células oleíferas ou mucilaginosas. Raios bi a trisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas). ____________________ Persea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso. Presença de células oleíferas ou mucilaginosas nos raios. Raios bi- a trisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Lauraceae tipo 1 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: 192

Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal vasicêntrico. Presença de células oleíferas ou mucilaginosas. Raios bi- a trisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Lauraceae tipo 2 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso, vasicêntrico. Presença de células oleíferas ou mucilaginosas no parênquima e nas fibras. Raios bi- a trisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas). ____________________ Lauraceae tipo 3 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso, vasicêntrico. Presença de células oleíferas ou mucilaginosas no parênquima. Raios bi- a trisseriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ LECYTHIDACEAE Eischweilera sp Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima em bandas espessas. Raios uni- a bisseriados; homogêneos (todas as células prostradas). 193

____________________ Lecythis sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima em linhas, reticulado. Raios bi- a trisseriados; 3- a 5-seriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas).

_____________________________________ LINACEAE

Linaceae Tipo 1 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples e escalariformes. Pontoações intervasculares alternas. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima vasicêntrico e aliforme. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ LYTHRACEAE Lythraceae tipo 1 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoanções intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso. Raios uni- a bisseriados; muito frequentes (mais que 12 raios/mm); heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ 194

MALPIGHIACEAE Byrsonima sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima pouco distinto, paratraqueal escasso. Raios 2-5 seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ MALVACEAE

Hibiscus sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima vasicêntrico, aliforme, difuso e em agregados. Elementos de vaso estratificados. Raios 3-5 e 6- a 10seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

____________________ Luehea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Anéis semi-porosos. Vasos dispersos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso, difuso e em agregados. Presença de linhas ou bandas marginais. Raios estratificados. Raios 6- a 10-seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ MELASTOMATACEAE 195

Bellucia/ Henriettella sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios exclusivamente unisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). Presença de bandas de fibras semelhantes a parênquima em alternância com fibras simples. ____________________ Huberia/ Tibouchina sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Parênquima ausente. Raios exclusivamente unisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). .Presença de bandas de fibras semelhantes a parênquima em alternância com fibras simples. ____________________ Leandra sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Parênquima ausente. Raios exclusivamente unisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). ____________________ Miconia/Loreya/Henriettea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente a escasso, difuso. Raios exclusivamente unisseriados; heterogêneos (células prostradas, eretas e quadradas misturadas). Presença de bandas de fibras semelhantes a parênquima em alternância com fibras simples.

_____________________________________ 196

MELIACEAE Guarea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima confluente tendendo a formar faixas sinuosas. Raios bi- a trisseriados; frequentes (4 a 12 raios/mm); subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas).

_____________________________________ METTENIUSACEAE Metteniusa sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração escalariformes (mais de 10 barras). Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios unisseriados e 6- a 10-seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Raios maiores que 2 mm de altura.

_____________________________________ MORACEAE Brosimum sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme, confluente. Raios 6- a 10-seriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas) a heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas. Presença de tubos laticíferos ou taniníferos.

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_____________________________________ MYRISTICACEAE Virola sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos; frequentes vasos em cadeia. Placas de perfuração escalariformes (10 barras ou menos). Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso. Raios uni- a bisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou todas as células eretas e/ou quadradas). Nos raios heterocelulares, o segmento multisseriado é mais largo que as extremidades unisseriadas. Presença de tubos laticíferos ou taniníferos.

_____________________________________ MYRSINACEAE Rapanea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente a paratraqueal escasso. Raios 6- a 10-seriados; heterogêneos (células prostradas, eretas e quadradas misturadas). Raios maiores que 2 mm de altura. Presença de células oleíferas ou mucilaginosas.

_____________________________________ MYRTACEAE Calycolpus sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, em filas radiais ou oblíquas, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso, difuso e em 198

agregados. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). _______________ Calypthrantes sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Poros difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas perfuradas simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares similares às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Raios heterocelulares; segmento multisseriado mais largo que as extremidades unisseriadas. _______________ Campomanesia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios 2-3, 3-5-seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Eugenia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Presença de canais radiais ____________________ Gomidesia/ Myrcia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal unilateral, difuso e em agregados. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). 199

____________________ Myrciaria sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados, em linhas unicelulares, em bandas tangenciais descontínuas. Raios uni, bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Siphoneugena sp Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, em filas radiais ou oblíquas, dendríticos; exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados, Raios bi- a trisseriados; freqüentes raios unisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Raios heterocelulares; segmento multisseriado mais largo que as extremidades unisseriadas. ____________________ Sygygium sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima confluente tendendo a formar faixas, difuso e em agregados. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Myrtaceae tipo 1 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima vasicêntrico, difuso, Raios bi- a trisseriados; heterogêneos 200

(células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Myrtaceae tipo 2 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e raros múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados, Raios uni a bisseriados; freqüentes raios unisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Myrtaceae tipo 3 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Myrtaceae tipo 4 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados, Raios 3-4 -seriados; freqüentes raios unisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Myrtaceae tipo 5 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e raros em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima em bandas. Raios uni a bisseriados; heterogêneos 201

(células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas, ou todas eretas e quadradas). ____________________ Myrtaceae tipo 6 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso. Raios 3-5 -seriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Myrtaceae tipo 7 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados, Raios 3-5 -seriados; freqüentes raios unisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Myrtaceae tipo 8 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios 3-5 -seriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Myrtaceae tipo 9 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso. Raios bi- a trisseriados; (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). 202

____________________ Myrtaceae tipo 10 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima em bandas. Raios uni, bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Myrtaceae tipo 11 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ OLACACEAE Heisteria sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração escalariformes (mais de 10 barras). Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ PENTAPHYLACACEAE Ternstroemia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: 203

Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração escalariformes (10 barras ou menos). Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios 3-5, 6- a 10-seriados; raios unisseriados frequentes; heterogêneos (células prostradas, eretas e quadradas misturadas).

_____________________________________ PROTEACEAE Roupala sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, em bandas tangenciais, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, muito pequenas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima em bandas, escalariforme. Raios 10-seriados ou mais; raios unisseriados frequentes; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Raios maiores que 2 mm de altura.

_____________________________________ RUBIACEAE Alibertia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima em bandas espessas. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). Raios heterocelulares; segmento multisseriado mais largo que as extremidades unisseriadas. ____________________ Alseis sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, em bandas tangenciais, exclusivamente múltiplos. Vasos muito pequenos Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. 204

Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios 3- a 5-seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Células bordantes. ____________________ Amaioua sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios 3-5 -seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Raios heterocelulares; segmento multisseriado mais largo que as extremidades unisseriadas. ____________________ Bathysa sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios 3- a 5-seriados; heterogêneos (células eretas, quadradas e prostradas misturadas). ____________________ Chiococca sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios 3 a 5 -seriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Raios heterocelulares; segmento multisseriado mais largo que as extremidades unisseriadas. ____________________ Coussarea sp Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações 205

intervasculares. Parênquima ausente. Raios 3- a 5-seriados; heterogêneos (células prostradas eretas e quadradas misturadas). ____________________ Faramea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima pouco distinto, difuso. Raios 3- a 5-seriados; heterogêneos (todas as células eretas e quadradas). ____________________ Genipa sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios 3-5, 6-10 -seriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

____________________ Palicourea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios uni- bisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Raios heterocelulares; segmento multisseriado mais largo que as extremidades unisseriadas. ____________________ Psychotria sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios 2-3, 3-5 –seriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). 206

____________________ Rudgea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios exclusivamente unisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). ____________________ Simira/ Sickingia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios 3- a 5-seriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Rubiaceae tipo 1 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios uni-bisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais 4 fileiras de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Rubiaceae tipo 2 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima difuso. Raios exclusivamente unisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Rubiaceae tipo 3 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 207

Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso. Raios uni- a bisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). ____________________ Rubiaceae tipo 4 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso a vasicêntrico. Raios uni- a bisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). ____________________ Rubiaceae tipo 5 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou células eretas, quadradas e prostradas misturadas). ____________________ Rubiaceae tipo 6 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou células eretas, quadradas e prostradas misturadas). ____________________ Rubiaceae tipo 7 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: 208

Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). ____________________ Rubiaceae tipo 8 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Rubiaceae tipo 9 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima ausente. Raios 3- a 5-seriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). Raios com mais de 2mm de altura.

_____________________________________ SALICACEAE Casearia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima paratraqueal escasso . Raios 3- a 5-seriados; muito frequentes (mais que 12 raios/mm); heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou células prostradas, eretas e quadradas misturadas). Raios heterocelulares; segmento multisseriado da mesma largura que as extremidades unisseriadas.

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SAPINDACEAE Allophylus/ Cupania/ Matayba sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1, 2 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima pouco distinto, paratraqueal escasso, difuso. Raios exclusivamente unisseriados; homogêneos (todas as células prostradas). ____________________ Sapindaceae estrutura anômala Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima pouco distinto, paratraqueal escasso. Raios exclusivamente unisseriados; homogêneos (todas as células prostradas).

_____________________________________ SAPOTACEAE Pouteria tipo 1 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 2 e 3 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, em filas radiais ou oblíquas, solitários; Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em linhas. Raios uni- a bisseriados; raios unisseriados frequentes; heterogêneos (células prostradas, eretas e quadradas misturadas). ____________________ Sapotaceae tipo 2 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Anéis de crescimento com limites ausentes ou indistintos. Vasos difusos, em filas radiais ou oblíquas, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares 210

alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em bandas. Raios uni- a bisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou todas as células eretas e/ou quadradas). ____________________ Pouteria tipo 3 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, em filas radiais ou oblíquas, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em bandas. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Pouteria tipo 4 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, em filas radiais ou oblíquas, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em bandas estreitas. Raios uni- a bisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Pouteria tipo 5 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, em filas radiais ou oblíquas, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em linhas. Raios uni- a bisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Pouteria tipo 6 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica:

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Vasos difusos, dispersos, freqüentemente solitários. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em bandas. Raios exclusivamente unisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Pouteria tipo 7 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, em filas radiais ou oblíquas, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em linhas ou bandas estreitas. Raios exclusivamente unisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Pradosia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em linhas. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (todas as células eretas e/ou quadradas). ____________________ Sideroxylon sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, em filas radiais ou oblíquas, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima em bandas. Raios bi- a trisseriados; raios unisseriados frequentes; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ SCHLEGELIACEAE Schlegelia sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: 212

Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, simples. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima vasicêntrico. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com mais de 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas ou células prostradas, eretas e quadradas misturadas). Raios maiores que 2 mm de altura.

_____________________________________ SIPARUNACEAE Siparuna sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, em filas radiais ou oblíquas, exclusivamente múltiplos. Placas de perfuração escalariforme (10 barras ou menos). Pontoações intervasculares alternas. Pontoações radiovasculares maiores que as pontoações intervasculares. Parênquima difuso e em agregados. Raios 6- a 10-seriados; heterogêneos (células prostradas, eretas e quadradas misturadas). Raios heterocelulares; segmento multisseriado mais largo que as extremidades unisseriadas.

_____________________________________ SYMPLOCACEAE Symplocaceae tipo 1 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 2 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração escalariformes (mais de 10 barras). Parênquima difuso e em agregados. Raios bi- a trisseriados; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas). ____________________ Symplocaceae tipo 2 Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camada 1 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, exclusivamente solitários. Placas de perfuração escalariformes (mais de 10 barras). Parênquima difuso e em agregados. Raios uni- a bisseriados; raios unisseriados 213

frequentes; heterogêneos (células prostradas com 2 a 4 fileiras marginais de células eretas e/ou quadradas).

_____________________________________ VOCHYSIACEAE Qualea sp. Procedência: AM-IR-13 / N1345 W1260/ camadas 1 e 3 Descrição anatômica: Vasos difusos, dispersos, solitários e em múltiplos. Placas de perfuração simples. Pontoações intervasculares alternas, ornadas. Pontoações radiovasculares semelhantes às pontoações intervasculares. Parênquima aliforme. Raios 6- a 10-seriados; subhomogêneos (células prostradas com uma fileira marginal de células eretas ou quadradas).

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Apêndice 2: Pranchas com os planos transversais dos taxa identificados

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Figura 1: Anacardiaceae - Campnosperma sp. (a), Lythraea (b), Schinus sp. (c), Spondias sp. (d), Tapirira sp. (e); Annonaceae - Anaxagorea sp. (f), Guatteria sp. (g), Xylopia sp (h); Apocynaceae - Aspidosperma tipo 1 (i), Aspidosperma tipo 2 (j), Hymatanthus sp. (k), Peschiera tipo 1 (l). Aumento 100x.

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Figura 2: Apocynaceae - Peschiera tipo 2 (m), Rauvolfia sp. (n); Aquifoliaceae -Ilex sp. (o); Asteraceae -Vanilosmopsis sp. (p), Vernonia sp. (q); Bignoniaceae -Tabebuia tipo 1 (r), Tabebuia tipo 2 (s), Tabebuia tipo 3 (t), Tabebuia tipo 4 (u); Cannabaceae -Celtis sp. (v); Chrysobalanaceae -Hirtella sp. (w), Licania sp. (x). Aumento 100x.

217

Figura 3: Clusiaceae -Tovomita sp. (y); Combretaceae -Buchenavia sp. (z); Ebenaceae Diospyros sp. (aa); Elaeocarpaceae - Sloanea sp. (ab); Erythroxylaceae -Erythroxylum sp. (ac); Euphorbiaceae - Euphorbia sp. (ad), Mabea sp. (ae), Manihot sp. (af), Pachystroma sp. (ag), Pera sp. (ah), Sapium sp. (ai), Sebastiania sp. (aj). Aumento 100x.

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Figura 4: Fabaceae -Acacia sp. (ak), Clitoria sp. (al), Hymenaea sp. (am), Peltophorum sp. (an), tipo 1 (ao), tipo 2 (ap), tipo 3 (aq), tipo 4 (ar), tipo 5 (as), tipo 6 (at), tipo 7 (au), tipo 8. (av). Aumento 100x.

219

Figura 5: Fabaceae - tipo 9 (ax), tipo 10 (ay), tipo 11 (az), tipo 12 (ba), tipo 13 (bb), tipo 14 (bc); Humiriaceae -Humiriastrum sp. (bd), Sacoglottis (be), Vantanea sp. (bf); Hypericaceae -Vismia sp. (bg); Lamiaceae -Vitex sp. (bh); Lauraceae -Beilschmiedia sp. (bi). Aumento 100x.

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Figura 6: Lauraceae -Cryptocarya sp. (bj), Endlicheria sp. (bk), Licaria sp. (bl), Ocotea sp. (bm), Persea sp. (bn), tipo 1 (bo), tipo 2 (bp), tipo 3 (bq); Lecythidaceae Eschweilera sp. (br), Lecythis sp. (bs); Linaceae - tipo 1(bt); Lythraceae - tipo 1 (bu). Aumento 100x.

221

Figura 7: Malpighiaceae - Byrsonima sp. (bv); Malvaceae -Hibiscus sp. (bx), Luehea sp. (by); Melastomataceae -Bellucia/ Henriettella sp. (bz), Miconia/ Loreya/ Henriettea sp. (ca), Huberia/ Tibouchina sp. (cb), Leandra sp. (cc); Meliaceae -Guarea sp. (cd); Metteniusaceae -Metteniusa sp. (ce); Moraceae Brosimum sp. (cf); Myristicaceae - Virola sp. (cg); Myrsinaceae -Rapanea sp. (ch). Aumento 100x.

222

Figura 8: Myrtaceae -Calycolpus sp. (ci), Calyptranthes sp. (cj), Campomanesia sp. (ck), Eugenia sp. (cl), Gomidesia/Myrcia sp. (cm), Myrciaria sp. (cn), Syphoneugena sp. (co), Syzygium/ Myrcia sp. (cp); Olacaceae -Heisteria sp. (cq); Pentaphylacaceae Ternstroemia sp. (cr); Proteaceae - Roupala sp. (cs); Rubiaceae -Alibertia sp. (ct). Aumento 100x.

223

Figura 9: Rubiaceae -Alseis sp. (cu), Amaioua sp. (cv), Bathysa sp. (cw), Chiococca sp. (cx), Coussarea sp. (cy), Faramea sp. (cz), Genipa sp. (da), Palicourea sp. (db), Psychotria sp. (dc), Rudgea sp. (dd), Simira/ Sickingia sp. (de); Salicaceae- Casearia sp. (df). Aumento 100x.

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Figura 10: Sapindaceae –Allophyllus/Cupania/Matayba (dg); Sapotaceae – Pouteria sp. tipo 1 (dh), Pouteria sp. tipo 2 (di), Pouteria sp. tipo 3 (dj), Pouteria sp. tipo 4 (dk), Pouteria sp. tipo 5 (dl), Pouteria sp. tipo 6 (dm), Pouteria sp. tipo 7 (dn), Pradosia sp. (do), Sideroxylon sp. (dp); Schlegeliaceae - Schlegelia sp. (dq); Siparunaceae – Siparuna sp. (dr) Aumento 100x.

225

Figura 11: Symplocaceae -Symplocos sp. tipo 1 (ds), Symplocos sp. tipo 2 (dt); Vochysiaceae -Qualea sp. (du). Aumento 100x.

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