FOLHETO DE CORDEL: A TERRITORIALIZAÇÃO DO MUNDO RURAL AO CIBERESPAÇO. Publicado na II Semana de Antropologia do PPGA/UFPB, MAIA, Caroline Sandrise dos Santos ; SOUZA, Fabianne Ramos de; FERREIRA, Wanderson Diego Gomes; MELLO, Beliza Áurea de Arruda

September 13, 2017 | Autor: Wanderson Diego | Categoria: Territorio, Ciberespaço, Cordel Literature
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Ética Antropológica em Debate: Práticas e Narrativas

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ROCHA, Graciene da Silva e SCHON, Nélia. Acidentes de Motocicletas no município de Rio Branco: caracterização e tendências. Revista Ciência e Saúde Coletiva, 0282/2012 disponível em: www.cienciaesaudecoletiva.com.br . Consultada em: 9.11.2012. SCHENEIDER, Sérgio. Agricultura Familiar e desenvolvimento Endógeno: elementos teóricos e estudos de caso. In: Froehlich, J.M.; Vivien Diesel. (Org.). Desenvolvimento Rural - Tendências e debates contemporâneos. Ijuí: Unijuí, 2006.

FOLHETO DE CORDEL: A TERRITORIALIZAÇÃO DO MUNDO RURAL AO CIBERESPAÇO Caroline Sandrise dos Santos Maia; Fabianne Ramos de Souza; Wanderson Diego; Gomes Ferreira; Drª. Beliza Áurea de Arruda Mello¹;

Resumo: O folheto de cordel – narrativa popular nordestina – tem como referência territorial os ‘sertões’ do Nordeste Brasileiro. Os espaços mais focados, anteriormente, eram a vida no mundo rural, a relação do “homem e sua cultura”. Na contemporaneidade, há uma movência territorial, o mundo rural dá espaço ao mundo urbano influenciando também na escolha dos suportes, se os cordéis antes eram fixados em folhetos, publicações em papel jornal, na atualidade eles emigraram para outros suportes como livros e o ciberespaço, principal fonte mediadora do homem contemporâneo. Pretende-se discutir, nesta comunicação, as “travessias” e movência desses suportes e territórios poéticos. Palavras-chave: Folheto de Cordel; Ciberespaço; Territorialização. INTRODUÇÃO O cordel, gênero literário da literatura popular nordestina, teve suas origens na Europa Medieval, e chegou ao Brasil com os colonizadores portugueses, no século XVI. Estabelece-se no Brasil no século XIX, quando se tem os primeiras cordéis impressos, vale lembrar que concomitantemente eram e ainda são cantados ou lidos em voz alta pelos poetas da tradição e com escritura, segundo Zumthor (1993), a última instância da oralidade. O cordel faz parte da literatura do povo. São versos que refletem acontecimentos recentes, figuras políticas, assuntos do fim do mundo , temas de animais, cidades, hábitos e costumes, epopéias e romances, gênero narrativo oriundo do romanceiro ibérico do século XIV. Daí, os próprios poetas populares classificarem como o “ jornal dos sertões”, em épocas anteriores ao “boom” midiático. Os cordéis foram também “ a cartilha” do homem rural, visto que com a escassez de escolas, os poetas populares foram alfabetizados pelos versos dos Cordéis, como falam Costa Leite ( 2003), J.Borges ( 2012) em entrevistas gravadas por

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Beliza Áurea de Arruda Mello e arquivadas no no acervo do MIVE ( Grupo de estudos e pesquisa de Memória e Imaginário da Vozes e Escrituras). Todavia, na contemporaneidade, o advento das novas tecnologias mostram novos paradigmas rituais, por isso o folheto também terá novos suportes, novos jogos se constroem. Para o poeta de cordel a transmissão virtual propicia novas recepções, em números indefinidos , constituindo uma co-presença a quem é entregue uma reiteração da memória, formatando um novo arquivo cultural. METODOLOGIA A partir das pesquisas desenvolvidas pelo projeto do PROLICEN desde 2003 pela professora Beliza áurea de Arruda Mello junto ao alunado da Graduação em Letras Clássicas e Vernáculas , foca-se , segundo os pressupostos teóricos de Zumthor(1993, 2000, 2003) sobre o impacto dos meios eletrônicos sobre a vocalidade e como, o poeta popular, “manipula” os novos sistemas da pósmodernidade, que embora tendam a apagar as referências espaciais da voz viva, retorna , como espécie de “revanche” tecnológico a voz, a imagem , tornado reiterável a performance. A voz, embora abstrata, sem a presença rela do poeta, torna-se virtual alcançando maior número de receptores.Vale lembrar que, como ponta Zumthor (2000:19), o computador é o substituto eletrônico da escritura. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os folhetos de cordel estão emigrando para o ciberespaço, visto que a necessidade de acompanhar novas tecnologias recria os gêneros. Em decorrência disso, o cordel sai do seu território e se reterritorializa no meio virtual. Sobre o processo de territorialização, Deleuze afirma que "não há território sem um vetor de saída do território, e não há saída do território, ou seja, desterritorialização, sem, ao mesmo tempo, um esforço para se reterritorializar em outra parte. (Deleuze , 2001) O filósofo francês acima citado , pontua também que se deve compreender o território como um espaço em construção , e que por isso existe uma dinamicidade, visto que nele estão contidos aspectos subjetivos e objetivos da experiência humana. O território é o conjunto de projetos e representações de uma série de comportamentos, de investimentos, nos tempos e nos espaços sociais, culturais, estéticos, cognitivos. (Deleuze, 1980 :118) Os poetas populares ao usarem também o ciberespaço confirmam o “trajeto antropológico” das práticas das modalidades da poética oral, as tradições “sempre reinventadas”. CONCLUSÃO Com eleito, as formas poéticas transmitidas anteriormente pelas vozes e pelas impressões tradicionais, passam a ter uma nova agilidade na recepção do texto, a partir, como dizem os poetas, entram no ciberespaço que permite uma recepção coletiva mais ampla, sem contudo solapar os hábitos culturais do poeta popular.

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REFERÊNCIAS BORGES,J. Entrevista concedida a Beliza Áurea de Arruda Mello em abril 2012. COSTA LEITE, José. Entrevista concedida a Beliza Áurea de Arruda Mello em novembro-dezembro de 2002 Deleuze, Gilles, GUATTARI, Félix.Mil Platôs,Capitalismo e esquizofrenia.Trad..Suely Rolnik,São Pualo:Editora 34,1980.

MELLO, Beliza Áurea de Arruda ..Poiesis esquecida : epifanianas travessias da memória popular.In:Língua, linguística literatura.: revista do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa,Vol.1, n.3,Dez/2005,p.171-180 __.Nomadismo dos folhetos de cordel : da feira pública á ciberfeira.In: Estudos em litertaura popular II,Org.Maria de Fátima Barbosa de Mesquita et AL. João Pessoa: Editora Universitária, 2011. P.69-80. ZUMTHOR, PAUL. A letra e a voz: trad. Jerusa Pores Ferreira et alli,.São Paulo: Companhia das Letras, 1993. ___.Performance, recepção e leitura;trad. Jerusa Pires Ferreira et alli,.São Paulo:EDUC, 2000.

O GRUPO GANGARA E A CAPOEIRA EM UM BAIRRO DE SALVADOR: UM PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DE TERRITÓRIO 6 Eduardo Evangelista Costa Bomfim¹; Maristela Andrade² Univ. Federal da Paraíba

Resumo: A apropriação de territórios por grupos de capoeira existentes em Salvador é o resultado de um intenso circuito de elemento culturais: pessoas, tradições, costumes, bens e mercadorias; também de interesses diversos, tais como políticos, familiares, religiosos e comerciais. Neste contexto, nota-se o fato de nesta cidade não existirem bairros tradicionalmente marcados pela prática de capoeira, apesar de Salvador ser o mais importante centro difusor desta manifestação cultural. A localização do grupo Gangara, bem como dos outros grupos de capoeira servem de marcação para as relações citadas acima. Este trabalho busca evidenciar a demarcação de territórios com base nos processos identitários fora dos circuitos e fluxos valorizados pelos interesses das elites. Objetiva aprofundar as discussões sobre os processos de configuração: formação/desestruturação simultânea da realidade social e do universo simbólico, onde a formação do corpo, dos indivíduos, dos grupos (agrupamentos) e da configuração do território se estabelece, considerando o processo de formação da memória coletiva na participação de interesses diversos, não obstante a convergência destes. Trataremos de vínculos 6

Este trabalho é parte da pesquisa sobre representações sociais com base no corpo, sob o título: “A capoeira é tudo o que a boca come”: construções e representações corporais na capoeira. O caso do batizado e troca de cordões no Grupo Gangara, sob a orientação da prof. (a) Dr(a) Maristela Andrade.

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