Foreign Policy - the main principles / Política Externa - factores decisivos na formulação

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Introdução aos Factores que devem influir na Formatação da POLÍTICA EXTERNA DOS ESTADOS/NAÇÃO Breves comentários à situação de Portugal neste início do Século XXI por Miguel Mattos Chaves

Uma Nação (constituída por seres humanos, que têm em comum um passado, uma língua, mitos e crenças, costumes e desejos de futuro) que se quer autonomizar, e preservar as suas características, no seio do Sistema Internacional; Que possui um sentimento de Pátria comum, generalizado entre os seus integrantes; (isto é que cada um dos nacionais sente como seu o território da Nação e que se sente parte integrante, espiritualmente, dessa mesma Nação); Um País Independente, ou melhor, interdependente: (1)

que se quer autogovernar, no seu território;

(2)

que quer traçar os seus próprios destinos;

(3)

que quer ter um Estado que o representa e que procura defender os interesses dos seus nacionais, onde quer que estes residam; Se quer sobreviver no concerto das outras Nações constituídas por Países

com Território definido, que têm Estados com o respectivo aparelho político a comandá-lo; Tem que possuir uma visão clara de si mesmo, das suas características, dos seus pontos fortes e um esquema de objectivos e de actuação internacional que lhe permita sobreviver de forma individualizada, independente, fazendo-se respeitar no Sistema Internacional. Isto é, tem que se dotar de uma Política Externa clara, consistente e objectiva. E a formulação dessa política cabe, na sua condução ao Estado, mais concretamente ao aparelho político que esteja a comandá-lo, por delegação da Nação. Este trabalho mais não é que um modesto contributo para chamar a atenção para o que o País, Portugal (Nação e Pátria integradas por milhões de seres

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humanos), ou melhor, o seu Estado através do aparelho político que o comanda, tem que urgentemente fazer: - A Construção de uma Política Externa Única, independente da força política que esteja no comando do Estado. Vejamos então alguns dos factores (necessários à determinação do potencial estratégico nacional) que contribuem para a formatação de uma Política Externa e as características da Nação/Pátria portuguesa que construiu há mais de 800 anos um aparelho – Estado – (embora com diversas configurações) para defender os seus interesses permanentes e os seus interesses conjunturais, que tem sido comandado por diversas formas, modelos e pessoas, desde então.

Fronteiras Terrestres – físicas e de influência Localização Fronteiras Marítimas – físicas e de influência

1. Factor Geográfico Territorial Dimensão Populacional Na verdade estes são os primeiros factores a considerar quando se pensa formular uma Estratégia Global ou sectorial de um Estado-Nação. Sendo certo que isto também é válido para uma organização empresarial. Não me vou debruçar sobre as questões relacionadas com a constituição física do território das Nações, nem vou abordar o tema das Nações sem território, nem o desejo expansionista de outras, no âmbito internacional. A localização de um País, no seio da geografia mundial, influi directa ou indirectamente na sua relação com países terceiros. No caso de Portugal estamos no extremo sudoeste da Europa, com fronteiras terrestres apenas com um país: A Espanha. Temos uma fronteira marítima de cerca de 800 kms no Atlântico Norte. Estamos localizados, em sentido mais amplo, no Continente Europeu mas com fronteiras marítimas com a América do Norte, a Oeste, e com o Continente Africano, a Sul. Ora estes factores podem constituir-se como oportunidades ou ameaças, como veremos mais adiante.

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Quanto à dimensão temos que considerar dois factores-base: Território e População Residente, que por sua vez vão condicionar todos os outros factores como a Dimensão de Mercado, as Estruturas de Defesa, etc..., como veremos. Assim temos cerca de 90.000 kms quadrados de território continental, mais dois arquipélagos adjacentes, um a Oeste no meio do Atlântico (entre Portugal e os EUA) – os Açores – com 9 Ilhas e outro a Sudoeste de Portugal, a Oeste do Norte de África – a Madeira - com 3 Ilhas. Estes arquipélagos podem ser, e são na geografia, plataformas estratégicas de defesa e de comunicação. Quanto à população temos cerca de 10.000.000 de habitantes, entre o Continente e as Ilhas. Não menos importante que o número de residentes, temos que considerar, também, qual a localização geográfica de todos os nacionais portugueses e o seu número. Isto porque, como veremos, podem ser um factor positivo na conquista de influência para o Estado de origem junto dos Estados/Nações onde passaram a residir. Portugal, estima-se (infelizmente ninguém tem certezas sobre esta matéria), tem cerca de mais de 6 milhões de emigrantes espalhados pelo Mundo, mas com uma grande concentração em três países: França, Alemanha e Estados Unidos (cerca de 65% do total). Estes factores (território e população) colocam-nos como País de média dimensão no sistema internacional. Se contarmos em termos de nacionalidade então Portugal terá cerca de 15 a 16 milhões de nacionais e não apenas 10 milhões de residentes. E aqui há que reflectir, na minha opinião sobre a palavra e o conceito de nacionalidade. Se consideremos que é um factor concreto de ligação física e se considerarmos que nacionalismo é um factor de ligação psicológica (sentimento de pertença a uma nacionalidade) então estamos a falar de algo vital para uma política externa consequente e efectiva. Infelizmente quer por distorção do significado das palavras, quer por ignorância, quer por complexo dos poderes políticos dos últimos anos, estas duas facetas não têm sido bem equacionadas, o que tem sido prejudicial à Nação Portuguesa. A responsabilidade cabe aos Partidos do Centrão, embora ambos de esquerda: PS (esquerda socialista) e PSD (esquerda social-democrata). É tempo de chamar as coisas pelos nomes e de atribuir responsabilidades! Gráficamente podemos, então, caracterizar o nosso país da seguinte forma:

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 É um País Atlântico, situado no sudoeste da Europa, com porta marítima directa para a África e a América  Está numa Península, com uma só Fronteira Terrestre  É

um

País

periférico

do

Continente

Europeu,

se

considerarmos o factor Geográfico e se considerarmos que os centros de decisão económica estão em deslocação para o centro geográfico do Continente (considerado este de Lisboa aos Urais). Portugal (4)

País de território de Média Dimensão, geográfica e populacional.

(5)

Pequeno, em dimensão territorial e populacional, face ao seu único vizinho

 Costa muito vasta, aberta ao Oceano  Possui dois Arquipélagos Atlânticos  Possui a terceira maior Zona Exclusiva de Mar  A sua posição geoestratégica teve grande influencia na sua entrada na NATO dado que o bloco dos países, então (no período da guerra fria – 1946/1991), denominados de Aliados, precisavam da sua posição estratégica. Vejamos agora os componentes do factor demográfico: Pirâmide Etária – Saldo Demográfico 2. Factor Demográfico

Localização dos residentes no território Localização dos nacionais no território Localização dos nacionais na emigração

Contados os cerca de 10 milhões de residentes, ou os cerca de 15 milhões de nacionais, há que observar, de ambos os factores, as suas características de base: (6)

Pirâmide Etária – Saldo Demográfico

(7)

Localização dos residentes no território

(8)

Localização dos nacionais no território e nos destinos da emigração Se em termos dos sexos este factor está razoavelmente equilibrado, (cerca

de 52% de indivíduos do sexo feminino e 48% do sexo masculino) verifica-se que em termos de idades, face às décadas anteriores, há um decréscimo das faixas etárias mais jovens face às mais velhas, consideradas na pirâmide etária.

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O saldo demográfico dos nacionais residentes no território nacional (continente e ilhas) é negativo. Isto é, os nacionais portugueses não se reproduzem o suficiente para, pelo menos, repor as gerações. Isto é para continuarmos a ser tantos, no futuro, como hoje. Este factor é grave, mas tem de ser equacionado de frente, sem ambiguidades. O saldo demográfico de residentes (nacionais mais os estrangeiros imigrados no nosso país) é positivo, o que embora assegurando um número total de residentes crescente, faz com que sua composição/estrutura seja mutável. Corremos o risco de ver aumentado, para níveis inconvenientes à defesa nacional, o peso dos estrangeiros residentes no nosso país. Não a curto prazo, mas se nada for feito, a médio e longo prazo pode causar problemas de estabilidade e segurança interna, no território. E aqui adquirem importância fundamental dois factores: o modelo de desenvolvimento económico e as políticas de família. No que se refere ao saldo total dos nacionais (residentes no território e na emigração) o mesmo é desconhecido, (existem apenas estimativas mais ou menos grosseiras) por incompetência dos órgãos de poder do Estado português. E no entanto seria, estrategicamente importante conhecê-lo. E tal desiderato não seria difícil de quantificar se houvesse vontade política e competência. Em resumo:  País com cerca de 10 milhões de residentes. Cerca de 9,3 milhões de nacionais a residir no território e cerca de 15 milhões de nacionais (estimativa), no total;  há um decréscimo das faixas etárias mais jovens face às mais velhas, consideradas na pirâmide etária;

Demografia (1)

saldo demográfico dos nacionais residentes no território nacional (continente e ilhas) é negativo

(2)

saldo demográfico de residentes (nacionais mais os estrangeiros imigrados no nosso país) é positivo

(3)

saldo total dos nacionais (residentes no território e na emigração) é desconhecido, existem apenas aproximações grosseiras

(4)

Importantes colónias de emigração noutros países, cerca de 6 milhões de emigrantes espalhados pelo Mundo (estimativa), mas com uma grande concentração em três países: França, Alemanha e Estados Unidos (cerca de 60% do total-estimado).

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recursos naturais, existentes no território 3. Factor Económico

grau de desenvolvimento relações externas

O Território-Casa da Nação Portuguesa, o Território da Pátria Comum, elemento identificador material e unificador sentimental não é muito rico, se comparado com outros territórios pátrios de outras nacionalidades. Mas tem Recursos, em Terra, que têm sido mais ou menos explorados: Agricultura (embora a necessitar de um reordenamento territorial); Terrenos para a Pastorícia e outras actividades agro-pecuárias; Recursos Florestais (madeira, produtos resinosos, para só falar dos principais); Ouro e Urânio; Mármore e outras rochas ornamentais e decorativas; Barros de diversa textura (alimentadores de uma indústria cerâmica com tradições e créditos firmados); Possui

ainda

Recursos

Marítimos,

vastos,

mas

não

explorados

devidamente: Pescas; Plantas marítimas de diversa aplicação, nomeadamente, na medicina; e outros por explorar na plataforma continental marítima. Ainda no campo dos Outros Recursos: Clima propício a diversas actividades, nomeadamente o Turismo (já agora de qualidade); Paisagem diversificada e rica; Recursos Hídricos importantes, mas insuficientemente explorados; Património Cultural, construído, invejável (mas mal tratado, na sua esmagadora maioria ou mal realçado/explorado). No que se refere aos Recursos Humanos, temos um Povo com características impares que não têm sido aproveitadas: (1)

Flexibilidade mental (a que os detractores do costume chamam de desenrascanso – a estes aconselho-os a viajarem mais e analisarem outros Povos nacionais),

(2)

capacidade de Resiliência fora do comum;

(3)

Produtivos, Trabalhadores e Sérios, quando bem enquadrados.

Sobre este último ponto tão em moda agora, vejam-se os exemplos: (1)

em Portugal quando enquadrados em organizações/empresas multinacionais,

possuidoras de

capacidade

organizativa,

e

dirigentes capazes, fazem com que essas empresas sejam das mais rentáveis/per capita do universo desses grupos económicos internacionais); o mesmo digo em relação a empresas nacionais organizadas;

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(2)

no estrangeiro, qualquer que seja o país, são considerados pelos empregadores, e pela classe política desses países, como pessoas trabalhadoras, competentes, sérias, produtivas.

Se não o são em Portugal, segundo as vozes do costume, o que se passa então? Posto esta pergunta que muitos dos meus concidadãos me têm colocado, e no âmbito dos Recursos Humanos, vou provavelmente ser “desagradável” para alguns: (1)

Faltam Gestores Competentes e Experientes em Portugal;

(2)

Faltam, igualmente, Empresários.

Já o afirmei publicamente em várias Conferências que tenho dado pelo País. Fora de Portugal o meu discurso público e privado é naturalmente outro, “noblesse oblige”. Existem bons gestores nacionais, mas não são, infelizmente, a maioria. Existem bons empresários nacionais, mas não são, infelizmente, a maioria. Dos 100% de detentores do capital de empresas nacionais privadas, 90% são negociantes e apenas 10% de Empresários. Os primeiros preocupam-se apenas em obter o Lucro Legítimo no dia a seguir. Isto é, não têm uma visão sobre o que é a Estratégia do Negócio em que se inserem; falta-lhes capacidade organizativa, e de motivação, dos Recursos Humanos que para eles trabalham; não têm a noção do Médio e Longo prazo e da necessidade subsequente de Planeamento e, mais uma vez, de organização; não têm a visão da missão social da empresa; têm uma “aversão” natural ao Risco. Apenas os 10% restantes (sobre esta percentagem e segundo a opinião de alguns reputados economistas, estou a ser optimista) são realmente Empresários dignos desse nome. Precisamos de mais! Portugal precisa de mais! Quem se quer lançar nos negócios empresariais, quem tem uma boa ideia de negócio, quem quer arriscar, quem tem uma visão empresarial, mas não tem dinheiro para começar...? não tem apoios!! Isto porque possuímos um sistema financeiro privado e público, só aparentemente moderno, a que falta a capacidade de incentivar e de arriscar; a que falta a capacidade de análise e de apoio real a projectos (meios financeiros e meios humanos de acompanhamento) e que exige sempre as famigeradas “garantias reais” estrangulando, liquidando “ab-início”, boas ideias e respectivos empreendedores. (Isto é: empresta 1 milhão de euros para um projecto, a quem tiver igual quantia depositada ou tiver bens imóveis desse valor).

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Em suma, não propicia o aparecimento de futuros empresários, de que o País tanto carece. Se na óptica do sistema financeiro privado, cada um faz o que quer (embora esta atitude traduza vistas curtas) já no que concerne ao sistema público é inadmissível. E este é o Problema Fundamental que temos no Território-Sede da Nação. Ou aparece realmente uma Banca de Risco, (pública ou privada) equipada com Recursos Humanos com (muitos anos) muita Experiência Profissional, feita de muitos anos de apreciação e manejo de empresas, no real do dia-a-dia da vida empresarial ou este problema é de difícil solução e continuaremos a ver os Centros de Decisão Económica a fugir (ou a cair) para mãos internacionais. O que, a prazo, poderá revelar-se imprudente para a manutenção de poderes nacionais em mãos nacionais, sobretudo se este período anormal de 60 anos de paz na Europa, tiver algum sobressalto. Mesmo em tempos de paz, que se espera duradoura, um dos factores que fazem um País ser mais respeitado é o de possuir um sistema económico-financeiro forte. Enquanto não se encarar estas questões de frente, de forma séria, veremos umas boas conferências do politicamente correcto mas que apenas se traduzem no enfraquecimento progressivo da voz do país, no concerto das Nações. A Formação e o nível educacional das pessoas têm sido melhorados. Mas o tecido das empresas não é capaz de absorver essa melhoria. Veja-se (2005) o número de Licenciados e de Técnicos Qualificados que estão inscritos nos Centros de Emprego e tirem-se as conclusões, que eu próprio já tirei sobre o que se passa no meu país. O que acontece é que os Negociantes querem o melhor dos recursos humanos, pagando-lhes o mínimo possível, quer em dinheiro, quer em condições de trabalho. Só as boas Empresas, de reais Empresários, têm políticas de fixação dos seus colaboradores, porque percebem que o seu Maior Activo são realmente as pessoas. Os produtos ou serviços que as empresas produzem podem ser copiados, mais tarde ou mais cedo. Os ritmos de produção podem ser aumentados. Os mercados potenciais podem ser semelhantes. Mas o factor que faz a diferença são as pessoas, porque não há duas pessoas iguais, nem duas competências iguais, mesmo em empresas de estruturas e mercados semelhantes.

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Grau de Desenvolvimento Quanto a este factor muito haveria por dizer. Mas por agora direi que Portugal pertence ao Clube dos Países Mais Ricos do Mundo e não ao dos mais pobres como alguns “iluminados” tentam fazer crer à opinião pública do meu país. Vamos a factos! Falemos dos países mais ricos da Europa, mais concretamente os 15 (Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Finlândia, Grécia, Holanda, Itália, Irlanda, Luxemburgo, Reino Unido e Suécia mais Portugal) e vejamos os resultados (para mais informações consultar o livro do autor deste trabalho “Portugal e a Construção Europeia” – Mitos e Realidades – Ed. Sete caminhos – Abril 2005 e “The EU Economy – nº 73 – European Comission – Directorate-General for Economic and Financial Affairs – Bruxelles – 2001):

Desempenho de Portugal: 1. PIB (Produto Interno Bruto)em termos absolutos 1980 – 13º lugar 1990 – 13º lugar 2000 – 13º lugar Nada mau dada a nossa situação geopolítica. Adiante explicarei melhor o que quero dizer com isto. Veremos em 2010 como estaremos. 2. Taxas de Crescimento do PIB 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Portugal

1,0

4,3

3,8

3,9

4,5

3,4

3,4

Média dos 15+Ricos

2,8

2,5

1,7

2,6

2,9

2,6

3,3

1,8

2,1

1,3

1,6

0,8

0,1

Dif em P.Pencentuais (1,8)

No período analisado só em 1994 tivemos crescimentos abaixo da média dos países mais ricos da UE. Nos restantes anos crescemos acima da média. 3. Taxa de Desemprego 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Portugal

6,9

7,3

7,3

6,8

5,2

4,5

4,1

11,1

10,7

10,8

10,6

9,9

9,1

8,2

Dif em P.Percentuais 4,2

3,4

3,5

3,8

4,7

4,6

4,1

Média dos 15

No período analisado a nossa taxa de desemprego foi sempre inferior à média europeia. Houve sempre mais emprego médio que nas restantes 15 economias, em termos médios. Comentário sobre a nossa situação geopolítica e sua influência no desempenho económico:

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Comparemos DOIS PAÍSES de Dimensão Populacional semelhante: A Bélgica – PIB 2000 – 248,3 (Mrd Euros) – População – 10,253 milhões

(3) hab.

Portugal - PIB 2000 – 115,3 (Mrd Euros) – População - 10,009 milhões

(4) hab.

Pergunta: porque é que a Bélgica teve em 2000 um PIB sensivelmente o dobro do português no ano considerado? Vejamos a situação geográfica de um e de outro país: A Bélgica tem fronteiras com a França, Holanda e Alemanha. Portugal tem fronteiras com a Espanha. Consideremos para ambos os países um raio de influência directa, em termos de mercados consumidores, de 500 kms. Com este pressuposto a Bélgica exerce e recebe influência directa de cerca de 40 milhões de consumidores dos países “motores” da economia europeia. Com este mesmo pressuposto Portugal exerce e recebe influência directa de cerca de 20 milhões de consumidores portugueses e espanhóis. A conclusão é tão fácil que me dispenso de dizer mais sobre esta questão. Remédio: A brincar – põem-se umas rodas sob o território português e coloca-se

(1)

o nosso país no centro da Europa. E verão, caros leitores, que de um ano para o outro, com mais ou menos negociantes e empresários, com governos mais ou menos competentes, Portugal dará um salto no seu PIB para o dobro ou mais. A sério – construção de uma Política Externa que tenha como

(2)

vectores o quadrilátero: Europa – África – Brasil – Estados Unidos. Mantendo-nos no seio do bloco europeu, vital para o nosso desenvolvimento, mas que apresenta sintomas de maturidade/estagnação, enquanto mercado consumidor, mas articulando a construção de um bloco económico e político forte com os países de expressão portuguesa. Dois resultados principais são expectáveis com esta estratégia de diversificação de dependências: (1)

Políticos – aquisição, por Portugal, de uma maior importância no xadrez europeu e internacional dado ser membro e representante de um bloco de países capazes de se constituírem como uma força política nos fóruns internacionais;

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(2)

(2) Económicos – abertura de novos mercados de consumo, com grandes possibilidades de expansão a taxas mais interessantes que os mercados europeus.

Em relação aos EUA. È a maior potência mundial. Logo estrategicamente convém-nos, como país médio, estar ao seu lado. Tem 50 grandes mercados no seu interior à espera de serem trabalhados a sério. E o maior erro tem sido considerar os EUA, em termos de mercado, um só mercado. Esse erro tem sido cometido por entidades privadas e por entidades públicas. É tempo de se estudarem as questões a sério. Como exemplo do erro: só N.Y. tem 12 milhões de habitantes. Uma nota final sobre este tema: - Os Países Grandes podem cometer alguns erros. Os Países médios ou pequenos,... NÃO! 4. Religião Quer seja ou não politicamente correcto, é um facto indesmentível que 90% da população nacional é Católica, Apostólica, Romana. Praticante ou não, isso é outro tema de discussão, mas não para caracterizar os nacionais portugueses. De facto se estes se identificam ou não com o “Edifício Igreja”, ou melhor com a parte humana e comportamental (Hierarquia Eclesiástica), é uma questão que não deve esconder a realidade. Isto apesar de nos últimos anos haver poderes instituídos na sociedade portuguesa que têm tentado desvirtuar esta realidade em favor de um ateísmo ou melhor, de um “endeusamento” do homem, facto que nem sequer é novo na sociedade humana. Poderes que têm tentado misturar dois conceitos que nada têm a ver um com o outro: Republicanismo (questão política, questão de regime constitucional) e Religião (questão do foro transcendental). Mas estes são tão pouco sólidos na sua argumentação que faz aflição ver a élite portuguesa calada! Estes são os mesmos que se referem com carga negativa ao facto de pessoas proeminentes da 2ª República (ou Estado Novo) se identificarem bastante com a estrutura religiosa, embora na Constituição, então em vigor, nada fizesse essa ligação. Criticam o facto de os chefes do poder político, de então, serem, na sua grande maioria, Católicos praticantes, como se isso não fosse um direito que assiste a cada pessoa.

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Poderia agora devolver essa critica, de sinal contrário. Os argumentos seriam ainda mais fortes dado o facto de 90% dos meus compatriotas serem Católicos. Mas não o farei por uma questão de seriedade intelectual. Portanto, e em resumo factual, concreto e indesmentível: os nacionais portugueses são na sua esmagadora e absoluta maioria Católicos, Apostólicos, Romanos. É essa matriz que os caracteriza e que molda boa parte das atitudes, comportamentos e crenças dos portugueses e este factor tem influência decisiva na estruturação de uma Política Externa de Portugal.

Cultura em sentido lato

Eticidade Língua falada Mitos comuns Crenças Comuns

Um mesmo povo, construído culturalmente a partir de várias influências, ao longo de 10 séculos, sendo que 8 como Nação Independente, coesa e valores identitários próprios. Uma mesma língua falada em todo o território e na diáspora. Uma coesão cultural indesmentível baseada na matriz Romano-Cristã. Um orgulho na pertença à Nação, à Pátria construída, ao Território-casa da Pátria, ao Estado instituído de forma autónoma, num processo sedimentado por séculos de história comum. Orgulho tentativamente “afogado” pelas pretensas élites, internacionalistas. As mesmas que em 1385 e 1580 se aprestavam para “vender” a Independência da Nação, conquistada e tão duramente mantida ao longo de mais de 800 anos. A história repete-se! (Uma pequena nota para relembrar algo que, na classe política, só foi percebida pelo Presidente da República: - foi preciso um brasileiro (Scolari) vir para Portugal e apelar ao orgulho nacional para que se vissem bandeiras portuguesas a explodir pelo país fora. O pretexto foi o futebol. Mas na realidade o que se viu foi que o Povo, A Nação estava farta de ver os seus símbolos diminuídos e apanhou este pretexto para dar largas ao seu orgulho profundo. Por isso este senhor tem sido tão atacado pela pretensa elite que quer ver o país diluído num internacionalismo duvidoso e a quem, óbviamente, não convém que a Nação tenha orgulho em si mesma. Educação

- grau de educação / formação médio da população

Portugal tem hoje cerca de 10% da sua população habilitada com o grau de Licenciatura. Capaz de aprender novas técnicas e de aprofundar os saberes aprendidos na universidade. Apenas 0,5% de Mestres e Doutores.

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Mas ainda tem cerca de 50% de iliteracia. Ou seja pessoas que têm dificuldade de apreender as instruções ou as mensagens que lhe são dirigidas. E ainda cerca de 20% de analfabetos. Apenas menos 5% do que em1972. Investe-se muito dinheiro na educação. Mas os sistemas de ensino parecem um laboratório experimental permanente onde tudo muda quando chega mais um “iluminado” à cadeira de Ministro da Educação. A direcção, o objectivo, os conteúdos, a organização é deficiente. Algo terá que ser feito nessa matéria. Com a vantagem de este trabalho ser insignificante em termos de custos mas potencialmente significativo em termos de resultados. Há que parar para pensar, planear, organizar e pôr em execução um modelo em que os conteúdos sejam sérios, os professores sejam isso mesmo e não colegas “democráticos” mais velhos, em que os alunos percebam que têm direitos MAS também têm muitos deveres e obrigações e me que os pais percebam que a escola não é o substituto do seu papel de educadores. dimensão das Forças Armadas Poder Militar

Características das FA defensivas ou ofensivas Grau de sofisticação do treinamento e do material

Ciência e Técnologia

História

avançado atrasado

País com 800 anos de história, grande peso deste factor

País dos menos desenvolvidos do Mundo desenvolvido Economia País de transição entre o Mundo Sub - Desenvolvido e o Mundo Desenvolvido

Regime Democrático muito recente Regime Político Regime Semi - Presidencial

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Religião

Católico - mas laico nas atitudes

Língua Comum em todo o Território. Factor de afirmação internacional dado que a língua é falada por cidadãos de 7 países, dentre os quais se ressalta o Brasil Cultura - Dupla dimensão cultural Atlântica e Mediterrânica Mistura com a cultura Africana que tem tendência a crescer através da imigração provinda dos PALOP´s País a crescer. Educação - Está abaixo da Média Europeia. É um País de Transição

Até aos anos 70 as despesas militares tinham um peso significativo no PIB Poder Militar A partir daí as Forças Armadas ficaram sobre dimensionadas FA tecnologicamente pouco desenvolvidas, face aos países desenvolvidos

Europa / Atlântico Outras

País Dualista Mediterrâneo / Atlântico

Poderes do Presidente da República, Governo e Assembleia da República segundo a Constituição de 1976 - revisão de 1996

em termos de Política Externa.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA PR - a constituição não dá grandes poderes ao PR. No entanto existe a TEORIA DOS PODERES IMPLICITOS do Presidente da República segundo os Pareceres de Gomes Canotilho e de Vital Moreira, a pedido de Mário Soares. Segundo esta o PR representa o Estado. Assim alguns poderes tem que Ter, em termos da Política Externa. Por outro lado ao ser eleito por maior número de Votos que qualquer Partido, tem uma legitimidade própria daí adveniente. A acrescer, o PR vem normalmente de desempenhar outras funções políticas. Ainda por cima o PR pode demitir o Governo.

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Existem, na realidade alguns conflitos de Competências entre os sucessivos Governos e os sucessivos PR´s, em termos da Política Externa.

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