Fórum CELAC-China: A estratégia multilateral da China na América Latina

July 9, 2017 | Autor: Júlia Rosa | Categoria: Chinese Studies, Brazilian Studies, China, Contemporary China, CELAC, Xi Jinping
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Gabriel Eldridge Mascarenhas e Júlia Rosa Ferreira *Paper elaborado para IRI1831(Questões de Politica Internacional da China) para o Curso de Relações Internacionais da PUC-RIO em 2014.2

Resumo. Em Julho de 2014 o presidente Xi Jinping fez uma visita a América Latina e participou da fundação do fórum multilateral entre a China e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Durante o anúncio do novo Fórum, a China propôs um fundo de investimentos que visa o desenvolvimento da região latinoamericana. Tendo em vista as crescentes relações bilaterais entre Beijing e região, nesse trabalho pretendemos descobrir a motivação e o interesse político chinês em se inserir em um fórum multilateral com os países latino-americanos e caribenhos. Neste artigo argumentaremos que o interesse da China está relacionado a expansão do “Soft Power”, que através do multilateralismo busca melhorar sua imagem frente a comunidade internacional e reforça seu papel como modelo para os países emergentes. Como a América Latina está localizado em um continente sob a hegemonia americana, também argumentaremos que esse novo Fórum se difere de outros já estabelecidos pela China, como a FOCAC, e revela um discurso mais ousado do presidente Xi, que pretende dar a China um papel mais assertivo na política internacional, com um crescente desafio aos Estados Unidos.

Palavras-chaves: China, CELAC, América Latina, Multilateralismo.

I.

Introdução A China e a América Latina são tanto geograficamente quanto historicamente

distantes, no entanto a aproximação entre essas duas regiões tem cresceu de forma gradual na última década. A China é hoje a principal parceira econômica de muitos países da região e caso o ritmo continue, e a tendência é que no future ela irá ultrapassar os Estados Unidos como maior parceira da região como um todo. Isso representa uma virada histórica, tendo em vista a larga hegemonia que os americanos desfrutam no continente por quase dois séculos, se levarmos em conta a doutrina Monroe. No entanto a aproximação chinesa traz uma série de riscos e oportunidades para a região, e também para o país asiático. Durante um tour oficial do presidente Xi Jinping pela América Latina nesse ano, foi oficialmente anunciado a formação do fórum China-CELAC. Tendo em vista que a relação China – América Latina vinha se dando principalmente de maneira bilateral, e também através de organizações regionais com uma forte presença americana, vamos analisar os possíveis interesses chineses na recente adoção de uma abordagem multilateral na região. Sem ignorar os claros benefícios econômicos traz para a região, vamos focar no interesse político dessa nova abordagem. Para tal vamos utilizar o espectro das escolas de relações internacionais na China apresentado por Shambaugh, argumentando que as escolas do Multilateralismo Seletivo e “Sul Global”, juntas com o Realismo que domina a discussão política chinesa, são as que mais explicam esse novo relacionamento. Para chegar ao nosso objetivo vamos iniciar a pesquisa fazendo uma breve análise da política multilateralista da China, e dando um foco na FOCAC, fórum multilateral estabelecido pela China para aprofundar as relações com a África. Argumentamos que o caso da FOCAC pode ser usado para entendermos em parte como funcionara o fórum China-CELAC. No entanto a América Latina se distingue do caso africano em alguns pontos importantes, sendo o principal deles a competição com os Estados Unidos que deve se intensificar por aqui. Com isso o próximo passo da pesquisa será fazer uma analise das relações entre China e América Latina nos últimos anos, para então analisarmos os interesses chineses na região. Para fazer essa analise iremos primeiro utilizar uma perspectiva baseada no “Soft Power”, isto é, argumentaremos que a China pretende replicar sua experiência na África, usando o multilateralismo para melhorar sua imagem como uma nação

responsável com a comunidade internacional e diminuir a resistência ao seu crescimento na região. No entanto como América Latina difere-se das outras regiões devido a hegemonia americana no continente americano, também dedicaremos uma seção ao realismo sob uma perspectiva chinesa, utilizando da teoria de Hegemonia Regional e “offshore-balancing” de Mearsheimer (2001), para mostrar que essa aproximação também faz parte do discurso de Xi Jinping em defesa de uma atuação mais proativa da China no Sistema Internacional.

II.

Considerações Metodológicas

Uma gama de autores foi utilizados para o desenvolvimento dessa pesquisa, no entanto o foco teórico ira se basear em três obras em especial. Primeiramente o artigo “Coping With a Conflicted China” de David Shambaugh, escrito em 2011, e também o artigo de Joel Wuthnow (et. al; 2012) “Diverse Multilateralism: four strategies in China’s Multilateral Diplomacy” que faz uma análise das diferentes estratégias do multilateralismo chinês e por ultimo o conceito de Hegemonia Regional de Mearsheimer (2001), do livro “The Tragedy of Great Power Politics”. Vamos iniciar esse resumo das teorias com Shambaugh, o autor faz uma analise das diferentes identidades e escolas de pensamento das relações internacionais que existem, e disputam entre si, no cenário político Chinês. Para essa análise ele desenvolve um espectro das identidades globais chinesas, que em uma ponta tem a escola isolacionista do Nativismo e na outra a escola que defende o Globalismo. A escola do Nativismo que inicia o espectro se caracteriza pelo discurso nacionalista, populista e com uma forte orientação Marxista. Os membros dessa escola fazem uma oposição fervorosa ao Ocidente e advogam que a China não deve ser ativa internacionalmente. Para eles as reformas dos últimos 30 anos foram prejudiciais `a integridade socialista da China e que o Ocidente tenta através delas acabar com o domínio do PCC. Seguindo para a direita do espectro temos a escola do que Shambaugh (2011) chama de Realismo com características chinesas. Segundo o autor esse grupo é o dominante na discussão sobre as relações internacionais chinesas. Esse grupo pode ser dividido entre “agressivos” e “defensivos”, ambos acreditam que o Estado deve desenvolver sus capacidades, mas discordam em como ele deve ser usado. Os

agressivos obviamente possuem uma visão de que o poder não vale de nada se não for usado, eles defendem uma posição mais dura em relação aos EUA e à Taiwan. Os defensivos acreditam que a China deve ter grandes capacidades militares, mas mais visando a dissuasão. De maneira geral os Realistas defendem uma posição voltada para os interesses nacionais da China e desconfiam do conceito de governança global, eles, no entanto não são isolacionistas. A próxima escola é chamada de “Major Powers”, seus membros defendem que a diplomacia chinesa deve ser concentrada nas relações com as grandes potencias, dando

pouco atenção ao mundo em desenvolvimento e ao multilateralismo. Figura 1: O Espectro das Identidades Globais Chinesas segundo Shambaugh Já no meio do espectro apresenta-se a escola “Asia First”, que como o nome sugere advogam pra uma concentração na diplomacia da China com sua periferia e vizinhos asiáticos. Segundo esse grupo a região é instável e por isso pode trazer impedimentos ao desenvolvimento e à segurança do país, a prioridade, portanto é estabelecer um ambiente estável ao redor da China. Um subgrupo importante da “Asia First” é defensor do regionalismo multilateral. Os membros dessa escola não excluem o relacionamento com outras regiões, mas focam na importância do equilíbrio regional para os interesses chineses. A próxima escola é a “Global South”, a qual acredita que a identidade e responsabilidade internacional da China e’ com os países em desenvolvimento. Seus

membros são grandes defensores de organizações como a FOCAC e os BRICS, e defendem a redistribuição de poder e recursos do Norte (países ricos) para o Sul (países em desenvolvimento), ou seja, do papel da China como uma potencia revisionista. Seguindo para a direita está a escola do Multilateralismo Seletivo. Seus membros defendem a expansão do envolvimento global da China, mas de maneira seletiva. O multilateralismo para esse grupo seria uma tática para a China alcançar seus objetivos, e não uma filosofia que guie a política externa. De maneira mais sucinta, essa escola é uma versão mais internacionalista dos realistas. No fim do espectro está a escola Globalista, que defende uma maior participação chinesa nas questões de governança global. Eles advogam a favor da ONU e de uma participação mais efetiva no Conselho de Segurança. Para essa pesquisa vamos utilizar a perspectiva de que a atuação chinesa na América Latina pode ser entendida através das escolas “Sul Global” e com uma parte de “Multilateralismo Seletivo”, além do uso do realismo, o qual forma o centro de gravidade da política externa chinesa de maneira geral. Sendo assim, utilizaremos também as estratégias observadas por Joel Wuthnow (et. a; 2012) sobre o multilateralismo chinês, que podem caracterizar tanto uma postura status quo quanto revisionista. O Autor identifica quatro estratégias usadas pelo governo chinês para o multilateralismo: observar, engajar, contornar e moldar. As duas ultimas são as que caracterizam uma abordagem mais revisionista. A de contornar consiste em estabelecer relações fora da arquitetura vigente, pois os regimes existentes não seriam capazes de atender a todos os interesses do pais. A estratégia de moldar consiste em tentar mudar regras e procedimentos de instituições vigentes, sendo essa a estratégia mais revisionista. No caso da América Latina podemos observar que a estratégia de contornar e’ a que guia o multilateralismo chinês na região, não necessariamente criando novas instituições, mas criando fortalecendo a CELAC como maneira de contornar o poder da OEA controlada pelos EUA. Para fazer uma analise utilizando o realismo para entender a aproximação com o a América Latina, e a relação disso com os EUA, utilizamos do conceito de Hegemonia Regional de Mearsheimer (2001). Segundo o autor, uma hegemonia regional é aquela que tem total superioridade em sua região, e a única a gozar dessa posição atualmente são os EUA, Mearsheimer mostra que as hegemonias regionais são conservadoras e por isso querem impedir que outras hegemonias apareçam pelo globo, para isso uma estratégia é o “offshore balancing”, que consiste em atuar em outra para evitar que uma

hegemonia apareça por lá. Essa tática é a atualmente usada pelos EUA para conter o crescimento chinês. Nesse artigo vamos analisar a possibilidade de a relação China América Latina fazer parte de uma estratégia chinesa de utilizar uma espécie menos agressiva de offshore balancing para desafiar a hegemonia americana.

Análise

1.1. Multilateralismo Chinês Os primeiros anos da Republica Popular da China foram marcados por uma posição passiva e um tanto isolacionista. Mesmo após substituir Taiwan na ONU, China fez pouquíssimo uso do seu poder de veto no Conselho de Segurança. No entanto, um aspecto da diplomacia da China contemporânea é o gradual aceitamento e adoção do multilateralismo. Joel Wuthnow (2012) mostra as mudanças que a China vem sofrendo, em de 1971 o país só participava de uma organização intergovernamental (OIG) e 58 ONG’s, já em 2003 participava de 49 OIG’s e 1,568 ONG’s. A crescente participação chinesa em órgãos multilaterais trouxe à tona uma questão importante, se a China esta se tornando uma potência de “status quo” ou uma potência revisionista, ou seja, se ela está apenas se encaixando no sistema internacional sem grandes pretensões em relação a balança de poder ou se ela pretende mudar a maneira como ele esta organizado. Existem autores defendendo ambas perspectivas, ou então uma mistura das duas, mas pelo discurso interno chinês podemos perceber o objetivo claro de se tornar definitivamente uma liderança global. Enquanto o discurso de Deng Xiaoping era de que a China deveria “esconder sua forca e esperar a hora” (taoguang yanghui), em janeiro desse ano Xi Jinping declarou que pais deveria ser mais proativo (fenfa you wei). Joel Wuthnow (2012) argumenta que o multilateralismo chinês nos próximos anos se tornará mais assertivo, mas de certa forma ainda não será definitivamente revisionista. Das estratégias revisionistas, podemos identificar a de “contornar” como a que irá se expandir em relação a instituições regionais na África, na no Sudeste Asiático, no Oriente Médio e na America Latina. No aspecto da governança global Xinning Song (2010) afirma que para a China o multilateralismo é uma tática e uma ferramenta. Segundo o autor a China tem o receio de que o multilateralismo seja uma estratégia do Ocidente para conter o país. Desde os anos 90 a China vem usando a política multilateral para resolver questões bilaterais, ou seja, encontros multilaterais

são uteis para negociar bilateralmente. De acordo com David Shambaugh (2011) o centro de gravidade da política externa chinesa está na escola Realista, com muita influência do Nativismo, mas também alguma força da escola das “Grandes Potencias” e da “Sul Global”. Segundo ele os oficiais do Ministério de Relações Exteriores e do Departamento de Relações Exteriores do Comitê Central estão concentrados entre as escolas “Sul Global” e “Grandes Potencias”. Para entendermos a questão da América Latina vamos primeiro observar a atuação chinesa na África, e com isso avaliamos que a escola “Sul Global” e do “Multilateralismo Seletivo”, juntamente com o realismo dominante, são os melhores mecanismos para entendermos postura chinesa na região. Além da crescente participação em organizações multilaterais já existentes como a OMC e a ONU, a China participou da criação de diversas instituições multilaterais nas quais ela exerce um papel de liderança e nos ajudam a entender como o multilateralismo está inserido na estratégia de política externa chinesa. Dos órgãos criados pela china que podemos destacar estão a Organização de Cooperação de Shangai (OCS) e a FOCAC. A OSC foi criada no pós guerra fria e inclui além da China a Rússia e países da Ásia Central. Esse órgão tem um importante papel na cooperação econômica mas principalmente em segurança, e países como Índia e Irã são potenciais futuros membros, o que pode significar numa nova fazer na cooperação militar no continente asiático. No entanto para entender a relação da China com a CELAC a melhor instituição a ser analisada e’ a FOCAC, que será nosso foco na próxima seção. 1.2. A China na África O rápido e contínuo desenvolvimento da economia chinesa desde as reformas econômicas que se iniciaram há 30 anos chamou a atenção do mundo, que passou por diversas crises nesse mesmo período. Os países em desenvolvimento que seguiram o chamado “Consenso de Washington”, ou seja, seguiam um modelo de desenvolvimento econômico estadunidense, passaram por diversas dificuldades e baixo crescimento econômico. Um exemplo disto é o “Plano de Reestruturação Econômica”, formulado pelo Banco Mundial e pelo FMI, e que foi posto em prática por alguns países africanos e em nada melhorou a situação, na verdade fez piorar. Segundo uma estimativa da Conferência das Nações Unidas sobre Comercio e Desenvolvimento, o Plano reduziu em 10% o crescimento dos países africanos. A falha do modelo Ocidental e o contínuo crescimento chinês fez com que líderes de países subdesenvolvidos voltassem seus

olhos para a China para aprender sobre o modelo de redução de pobreza e desenvolvimento econômico. A liderança de Beijing soube aproveitar essa posição de modelo, e os laços já criados com os países africanos desde movimentos de independência daquele continente. Por consequência, houve o fortalecimento do relacionamento com a África, o que trouxe inúmeros benefícios econômicos e também políticos, tendo em vista que foi na África que a China passou a ser vista como uma aliança alternativa para o desenvolvimento e melhorou sua imagem frente a comunidade internacional. A China passou a ser vista como uma nação que promove a cooperação e ajuda os países mais pobres do mundo. A plataforma multilateral usada pela China na África é o Fórum de Cooperação entre China e África, chamado de FOCAC, no qual foi fundado no ano 2000. Esse fórum teve grande importância em colocar a China na posição de uma grande potência com responsabilidades com a comunidade internacional, e com isso expandir o “Soft Power” chinês. A FOCAC incrementou a cooperação chinesa na região, aumentando de maneira significativa a presença de empresas chinesas em países africanos, proporcionando não somente lucros mas também uma grande fonte de recursos naturais indispensáveis para o continuo desenvolvimento chinês. O Fórum também trouxe muitos benefícios para os países africanos, como a formação de técnicos e investimentos em tecnologia, e até a diminuição da corrupção, além de alavancar o crescimento econômico da região. O próprio Banco Mundial reconheceu o sucesso da iniciativa chinesa, atestando que “a China criou oportunidades imediatas para os outros países em desenvolvimento, além de dar eles a oportunidade de aprendizado com o modelo chinês de desenvolvimento.” A presença multilateral da China na região africana estende-se também a sua atuação na ONU. Vale lembrar que o apoio dos países africanos foi fundamental para a República Popular tomar o lugar de Taiwan na ONU e no Conselho de Segurança (CS). Atualmente as forças de paz enviadas pela China estão concentradas no continente, sendo o membro permanente do CS com o maior número de tropas na região. Sendo o único país em desenvolvimento no Conselho, a atuação na África mostra como o discurso de responsabilidade da China com os países mais pobres tem um papel importante na política externa chinesa. A cooperação na África teve um importante papel em elevar a China à uma

posição de benfeitora no sistema internacional e assim impulsionou seu papel como uma potência global. Podemos entender que a postura multilateral da China no continente africano não limitou a apenas ganhos no campo econômico, o que poderia ser verdade, caso fosse exercido apenas a postura bilateral, no entanto foi adotada a postura multilateral, responsável por estender o “Soft Power” chinês e melhorar sua imagem na comunidade internacional. A adoção do multilateralismo para as relações diretas com a América Latina pode ser entendida da mesma forma, mas esbarra em uma competição mais acirrada com os Estados Unidos, como veremos nas próximas seções.

2. China na América Latina A China e a América Latina são regiões tanto geograficamente quanto historicamente muito distantes, no entanto o desenvolvimento político e econômico de ambos chegou a um patamar que facilitou a aproximação política e econômica. Tanto a China quanto a América Latina, representam grande parte das economias em desenvolvimento, e no campo da política internacional Beijing e as principais forças da região, como Brasil, mantém uma postura diplomática similar, desde o não alinhamento na Guerra Fria ao não intervencionismo defendido por esses países. Grande parte dos países latino-americanos se vê governada por partidos de esquerda, e o discurso adotado pela maioria é o de distanciamento da influência americana, principalmente por parte dos países da ALBA (Aliança Bolivariana para as Américas). O interesse pelo afastamento da liderança americana por parte de diversos países latino-americanos faz com que a força econômica chinesa seja vista como uma alternativa para o desenvolvimento sem a intensa presença americana na região. O crescimento econômico e a modernização fizeram com que a demanda chinesa por matéria prima crescesse de forma vertiginosa, a América Latina é uma rica fonte de materiais essências para esse desenvolvimento, como ferro e petróleo. Um potencial mercado consumidor de 500 milhões de pessoas também é um grande atrativo para a iniciativa chinesa na região. Todos esses fatores fizeram com que a as relações entre China e América Latina disparassem na última década. Apesar da visita do presidente Yang Shangkun à região em 1990, a presença chinesa na América Latina nos anos 90 foi modesta. No entanto desde o ano 2000 as transações bilaterais entre as duas regiões tiveram um crescimento anual de 23%. Enquanto em 2000 foram 13 bilhões de dólares, em 2013 foram ultrapassados os 260 bilhões de dólares.

Figura 2: O Comércio de bens da América Latina com a China entre 2002 e 2012

Os Estados Unidos continuam sendo o principal parceiro econômico da região, mas a China já ocupa a primeira posição em alguns países, um deles sendo o Brasil, levando em conta que em 2000 as transações entre o estavam em torno dos 13 bilhões de dólares o crescimento é surpreendente, e não parece diminuir. Diaz e Lee (2009) mostram, através do 11º Plano Quinquenal divulgado pela China em 2006, que é uma boa maneira de entender a política de investimento chinês no exterior, uma das prioridades desse plano é manter o crescimento econômico e ao mesmo tempo preservar energia e os recursos do país. A respeito do crescente relacionamento entre a China e a América Latina, alguns autores argumentam que os benefícios gerados para a China são muito maiores do que os para os países latino-americanos. Becard (2013) avalia que mesmo tendo grande importância em curto prazo para o desenvolvimento dos países latino americanos, o impacto chinês sobre a região no futuro ainda é incerto e pode trazer danos substanciais. De maneira sucinta o argumento da autora é que a interdependência estabelecida é

desigual, favorecendo os interesses chineses. A presença chinesa na região também ocorre na esfera multilateral, o país é um observador permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) desde 2004 e se juntou ao Banco de Desenvolvimento Interamericano (BDI) em 2009. Nesses dois órgãos a China é um grande contribuinte, aumentando cada vez mais seus investimentos na região. No entanto, tanto a OEA e a BDI, contam com forte presença americana, até mesmo suas sedes se concentram em Washington, com isso a presença chinesa nesses grupos tende a se limitar ao campo econômico, sempre com a sanção americana. No campo político a presença nesses grupos mostra como os EUA formam suas expectativas em relação à atuação chinesa na região, essa na qual historicamente esteve submetida aos seus interesses. Em 1998 foi criado o Fórum para Cooperação Leste Asiático – América Latina (FEALAC), tal organização pretendia estreitar as relações Sul-Sul entre as duas regiões. No entanto o bloco sofreu com o baixo comprometimento de seus países membros, mesmo assim desde o fim da última década a China vem aumentando sua participação no bloco, sendo depois da Tailândia, o país com mais projetos apresentados. O interesse chinês em ganhos políticos e no controle americano pode ser expandido com o recentemente criado Fórum de Cooperação China-CELAC, tema no qual analisaremos a seguir. 3. A CELAC A Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) foi criada em 2010 com um objetivo de ajudar na integração dos países da região, além de projetar a América Latina como um ator coeso na política internacional. Na composição da organização é notável a exclusão dos Estados Unidos e do Canadá e a presença de Cuba, fazendo uma clara contraposição à OEA. A criação de um bloco de países no continente com a ausência americana é uma grande virada histórica, tendo em vista a constante presença dos EUA na região desde a famosa doutrina Monroe. A CELAC em si uma é evolução do Grupo do Rio, aliança de países latino-americanos criado em 1986 como uma alternativa a OEA, liderada pelos americanos. O multilateralismo latinoamericano, no entanto é muito criticado devido a sua baixa efetividade, Christopher Sabatini (2014) argumenta que ao invés de promover uma cooperação internacional efetiva, as dezenas de organizações não fazem nada mais do que reafirmar o discurso em defesa da soberania de seus membros. A região conta atualmente com diversos

órgãos multilaterais, desde organizações regionais como a Comunidade Andina até as organizações com uma inspiração ideológica como a Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA). No entanto os órgãos presentes na América Latina em sua maioria se limitam a encontros de chefes de Estado, sem uma pauta com objetivos concretos de fácil alcance. Sabatini (2014) diz que organizações multilaterais são efetivas quando elas obrigam seus membros a se submeter um pouco de sua soberania, mas como a defesa desta forma um dos pilares dos governos da região, a atividade desses órgãos se torna um tanto engessada. 3.1. A expansão do “Soft Power” Um dos pilares da política externa chinesa é a defesa da soberania, esse discurso reflete o papel desempenhado pela China no Sistema Internacional. Como membro permanente do Conselho de Segurança o país frequentemente veta resoluções que buscam políticas intervencionistas, contrariando muitas vezes os interesses dos outros membros, principalmente dos Estados Unidos. Esse discurso também reflete o papel de liderança dos países em desenvolvimento, o qual a China considera como naturalmente seu. Tal posição de liderança dos países mais pobres é o que guia o que Shambaugh chama de escola “Sul Global”, tal escola vê uma responsabilidade da China com os países emergentes, sendo seu dever ajuda-los contra o domínio dos países ricos. Tal afinidade da China com os chamados países do Sul é essencial para a expansão do “Soft Power” chinês, e para seus interesses nacionais. Adotando esse discurso de liderança e modelo para os países em desenvolvimento, a China estabeleceu de maneira bem sucedida a FOCAC, fórum que, como visto anteriormente, foi essencial para melhorar a imagem da China frente à comunidade internacional. A adoção de uma política multilateral em muito se assemelha com o caso africano. Como foi dito, a maior aproximação com a China foi vista pelos líderes africanos como uma alternativa ao plano mal sucedido para o desenvolvimento do continente proposto pelo Banco Mundial e o FMI. No caso da América Latina, a aproximação com a China para muitos países não está diretamente ligada a uma política econômica mal sucedida, mas ao desejo em se afastar da hegemonia americana. A rejeição da forte influência dos EUA pode ser bem aproveitada pela China, que com um discurso que vai mais de encontro com os interesses desses países tem grandes chances de expandir suas capacidades na região. Como Hearn e

Mariquez escreveram “os oficiais chineses são conscientes da história colonial da América Latina e pretendem desenvolver uma relação trans-Pacifica que os diferencie das abordagens Europeias e Americanas do passado.” (Hearn A; Manriquez, J.; p.14) Em uma entrevista durante sua visita ao Brasil em Julho de 2014, o presidente chinês Xi Jinping reforçou as afinidades entre a China e a América Latina ao afirmar que todos eles são “países emergentes a um estágio parecido de desenvolvimento”. Com essa declaração Xi retoma um discurso diversas vezes repetido por Deng Xiaoping ao dizer que a “China estará sempre no Terceiro Mundo, e deve estar do lado dos países do Terceiro

Mundo

para

sempre”.

Essas

posições

trazem

a

reflexão

que,

independentemente do crescimento econômico chinês, a afinidade com os países emergentes irá perdurar enquanto isso for benéfico para a China, e talvez isso seja como Deng falou: para sempre As relações China – América Latina nos últimos anos estiveram muito concentradas no bilateralismo, tal prática faz a China ser alvo de diversas críticas por não colaborar com os mecanismos de governança global. A crescente presença chinesa também é alvo de críticas devido à assimetria na interdependência resultante da relação. Becard(2013) mostra que em muitos países da região a presença chinesa, apesar dos benefícios de curto prazo, pode prejudicar e economia nacional devido à grande competitividade das empresas chinesas, que com o tempo podem dominar mercados, como o automobilístico e o de telefonia, prejudicando empresas nacionais. Um argumento é que a China está estabelecendo uma nova relação de troca de matériaprima por produtos manufaturados, gerando futuramente uma desindustrialização em alguns países na região. Outro ponto que vai contra a crescente influência chinesa é o fato que, diferentemente da África, a região está muito mais ligada a Europa e ao Ocidente, principalmente em termos culturais. Para aumentar seus investimentos na América Latina a China teve de fazer serias mudanças na responsabilidade social de suas empresas, tendo em vista que as instituições civis são mais fortes aqui se comparadas as africanas. Além disso, a América Latina conta com centros de pesquisas mais robustos e avançados do que na África, além da mídia e a sociedade civil serem mais organizados, fazendo com que desvantagens com o relacionamento com a China sejam mais rapidamente identificadas, e as críticas mais rapidamente elaboradas. A adoção de uma política multilateral que promova a integração regional é uma

maneira de alterar esse panorama. A China atualmente não cede financiamentos apenas para projetos de infraestrutura de forma bilateral, mas custeia projetos de enormes dimensões que promovem uma integração entre os países latino-americanos e pode trazer benefícios duradouros tanto economicamente quanto socialmente, entre eles se destacam o projeto de uma linha férrea ligando o Brasil ao Oceano Pacifico e um canal Transoceânico em Nicarágua, capaz de competir com Canal do Panamá. A recente criação do Banco de Desenvolvimento dos BRICS é a prova de que a China aumentara seus investimentos em infraestrutura na região, e fazendo isso em parceria com o Brasil ela mostra que pretende uma relação mais horizontal com a região. Outra forma de aproximar a opinião pública ao estreitamento das relações com a China e a expansão do “Soft Power” é através de trocas culturais, sendo um dos maiores exemplos dessa estratégia o Instituto Confúcio, que atualmente possui 25 unidades em 12 países. Esse Instituto tem o propósito de levar a cultura e a língua chinesa para o resto do mundo, e pode ter um importante papel na aproximação cultural entre a China e América Latina, e diferente mente de organizações parecidas de outros países, como o British Council e o Instituto Cervantes, o Confúcio atua em parceria com Universidades, gerando um maior grau de aproximação não só cultural, mas também acadêmica. Essas trocas também foram lembradas na formação do Fórum China-CELAC, com o presidente Xi Jinping garantindo milhares de bolsas de estudo para estudantes latino-americanos irem para a China. Essa iniciativa mostra mais uma vez que a adoção do multilateralismo vai muito além do campo econômico. Ao fazer essa expansão do Soft Power, a China aumenta o número de parceiros em nível mundial, e melhorar sua imagem, consequentemente ganhando mais legitimidade em suas ações. Um número maior de aliados pode ser determinante para ajudar Beijing em suas reivindicações territoriais na Ásia, principalmente no caso de Taiwan. Dos 21 países que reconhecem Taipei como legitimo representante da China, 11 são membros da CELAC. Realizando um estreitamento das relações com esses países, de forma a se mostrar a melhor parceria para eles, China dá um passo importante na direção de diminuir o reconhecimento de Taiwan e com isso seu antigo objetivo de reunir os dois países pode ficar mais próximo. Vemos portanto que a expansão de seu Soft Power na América Latina dá um importante passo com a formação de uma aliança multilateral. No entanto a região está sob a hegemonia americana, e com isso uma visão mais realista também pode ser

empregada pra entendermos o estreitamento dessa aliança, é o que veremos a seguir. 3.2. Rivalizando com os EUA Uma relação multilateral da China com a América Latina se difere daquela com outras regiões do mundo devido à hegemonia americana na região. Com isso, uma maior atuação da China na região demonstra também um desafio explicito aos Estados Unidos, com isso uma análise mais realista é a melhor forma de entender com maior extensão os ganhos políticos pretendidos pela China na América Latina. Como dito anteriormente o multilateralismo de Beijing com os países latino-americanos normalmente se dava em órgãos controlados pelos EUA. A Organização dos Estados Americanos (OEA) foi criada em 1948 e é ainda hoje a maior organização multilateral do continente, e em 2004 a China se tornou um país observador permanente da organização e em 2009 passou a colaborar com o Banco Interamericano de Desenvolvimento. Mas como dito anteriormente essas organizações são controladas pelos EUA, e atuação chinesa era limitada a uma certa aceitação da preponderância americana. A política externa de Xi Jinping pode ser vista como uma nova fase na diplomacia chinesa, tendo em vista que nestes anos de início de seu governo a China adotou uma postura muito mais assertiva na política internacional. O maior campo de disputa na ascensão chinesa é a Ásia, com intensas disputas territoriais com diversos de seus vizinhos, mas essas disputas não se limitam a uma discussão territorial, mas faz parte de redistribuição de poder na região, que passa a ter a China como um ator de destaque e potencial de vir a ser uma hegemonia regional. Utilizando-se da teoria de John Mearsheimer (2001) sobre Hegemonias regionais, podemos ver que os Estados Unidos como única hegemonia regional do sistema, busca de todas as formas impedir que a China se torne um destaque na Ásia e se torne de fato uma ameaça aos EUA. Para isso os americanos vêm realizando uma série de manobras militares para reforçar sua estratégia de “offshore balancing”, como por exemplo, a sua histórica redistribuição de sua frota militar, que agora tem a maior parte de seu poderio naval concentrado no Oceano Pacifico. Os outros países asiáticos também buscam uma aproximação maior com os Estados Unidos, para evitar que a ascensão chinesa se concretize em um novo equilíbrio de poder na região, ameaçando seus vizinhos. No entanto, enquanto as disputas com a China os Estados Unidos se concentram

quase que somente na Ásia, a estratégia de Beijing parece ser a de trazer a disputa também para onde os americanos gozam de intensa preponderância, a América Latina. Ao estabelecer um fórum com a CELAC, que como repetido diversas vezes se apresenta como alternativa a OEA e a liderança americana, a China faz uma espécie própria de “offshore balancing”. Tendo em vista que os EUA atuam como hegemonia na região, um fortalecimento de um bloco que o exclui, com o apoio de uma potencial hegemonia de outra região, traz um novo desafio para a política externa americana. A parceria entre a China e América Latina também se estende ao campo da segurança. A CEIEC, empresa estatal chinesa de engenharia especializada em defesa, possui contratos com Equador, Bolívia e Venezuela para modernizar e reestruturar o aparato de segurança desses países. Existe também um enorme intercambio de estudantes militares entre a China e a região. No entanto, a região representou apenas 6% do mercado das armas chinesas no período de 2007 a 2011, e o crescimento dos gastos em segurança dos países latino-americanos entre 2011 e 2014 é estimado em apenas 20%, sem contar que poucos países da região possuem capacidades econômicas de fazer uma diferença no mercado bélico. A postura da China em relação a assuntos de segurança com a América Latina, portanto não se baseia em uma afronta direta aos Estados Unidos, mas sim uma estratégia defensiva, que reforça seu discurso de defesa contra a interferência externa em assuntos domésticos e expande suas relações militares. No entanto é importante levantar que a parceria da China com a América Latina não acontece baseada em um puro pragmatismo econômico. A Venezuela, por exemplo, representa apenas 8% do comercio bilateral da China com a região, mas recebeu mais da metade dos empréstimos chineses destinados ao continente. O México por outro lado, mesmo sendo o segundo principal parceiro econômico, não figura entre os mais beneficiados pelos empréstimos. As afinidades ideológicas entre Venezuela e China são um importante fator a ser considerado, ao priorizar países que tem maior afinidade com a ideologia política de Beijing e uma maior rejeição em relação aos Estados Unidos, a China reforça o modelo político a ser seguido pela CELAC. Ajudando a América Latina em sua integração, e dando um viés ideológico que incorpora uma maior contraposição aos EUA, pode ser a maneira chinesa de desafiar indiretamente a força americana na região, sem a necessidade de um enfrentamento direto e arriscado através do desenvolvimento militar. Essa perspectiva segue a lógica da ascensão pacifica defendida por grande parte dos líderes chineses, mas também apresenta uma evolução em direção

a maior pro atividade no cenário internacional defendido por Xi Jinping. A aproximação chinesa da América Latina como forma de contrabalancear a forca americana ainda não se caracteriza portanto em uma política mais agressiva, que cria um confronto direto. No entanto sem dúvida tem um importante papel na política externa de Xi Jinping de tornar a China mais proativa.

IV.

Conclusão O objetivo dessa pesquisa foi descobrir quais são os interesses da China na

formação do fórum China-CELAC, isto é, o motivo pelo qual a China deu início a um projeto multilateral na região. Após analisarmos as diferentes identidades globais presentes na China apresentada por Shambaugh (2011) e as estratégias do multilateralismo chinês observadas por Wuthnow (2012), chegamos à conclusão de que essa nova fase nas relações entre China e América Latina vai muito além do campo econômico. Trocando um paralelo com o multilateralismo chinês na África através da FOCAC, podemos ver que o fórum China-CELAC apresenta similaridades, tendo como um dos principais objetivos a expansão do “Soft Power”, melhorando a imagem da China frente a comunidade internacional e aumentando o chamado “Consenso de Beijing”. A América Latina no entanto difere-se da África em inúmeras questões, trazendo novos desafios e mostrando outros interesses por parte do governo chinês na região. A principal peculiaridade do caso latino-americano é o fato de a região ser a única no mundo a ter o que Mearsheimer (2001) chama de Hegemonia Regional, no caso os Estados Unidos. Uma aproximação chinesa traz receios a analistas realistas que preveem um futuro conflito com os EUA, no entanto nessa pesquisa concluímos que o Fórum China-CELAC não representa um confrontamento direto aos americanos. Tal aproximação faz parte do discurso do presidente Xi Jinping a favor de uma política externa mais assertiva, tendo em vista a presença americana na Ásia, a aproximação chinesa com a América Latina além de seus inúmeros benefícios, é capaz de trazer um desconforto aos americanos, que precisaram rever sua diplomacia na região. Concluímos então que o multilateralismo chinês na América Latina representa uma abordagem mais revisionista e mais assertiva por parte da China, já que “contorna” a OEA controlada pelos EUA. De maneira mais sucinta, o fórum China-CELAC representa o discurso de Xi e mostra uma evolução em relação ao princípio de

“esconder sua forca e esperar a hora” (taoguang yanghui) que dominou a política externa chinesa desde o governo de Deng Xiaoping. Para entender como essa relação irá se desenvolver, e suas implicações, é de suma importância que as relações China – América Latina recebam maior relevância acadêmica. Futuras pesquisas devem buscar mostrar como a conjuntura de poder na região poderá ser modificada. O papel de liderança regional almejado pelo Brasil tem riscos e oportunidades a se tirar dessa nova arena multilateral, então é necessário entender quais serão esses riscos e como evitá-los para melhor aproveitar as oportunidades. Em relação a América Latina será preciso entender como essa região pode se tornar uma área estratégica na competição entre China e Estados Unidos.

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