Fotografia, corpo e movimento

July 19, 2017 | Autor: P. Ribeiro Baptista | Categoria: Theatre Studies, Dance Studies, Photography, History of photography, Dance, History and Theory of Photography
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WORKSHOP FOTOGRAFIA INVESTIGAÇÃO ARQUIVO

MUSEU NACIONAL DO TEATRO 7-8 MAIO 2014

Estrada do Lumiar, 10 1600-495 LISBOA Email: [email protected] Telefone: 217 567 410

NACIONAL DO

TEATRO

Workshop Fotografia-Investigação-Arquivo programa 7 de Maio Manhã 9h20 - Abertura dos Trabalhos

11h30 - José Oliveira

9h35 - José Carlos Alvarez

Doutorando em História da Arte Contemporânea (UNL-FCSH), bolseiro FCT e investigador do IHA da FCSH da UNL. Colaborador externo do CAMJAP da FCG e docente de fotografia e cultura visual no IADE. Co-fundador do projecto de curadoria independente “interface/arte contemporânea”, comissariando exposições.

Director do Museu Nacional do Teatro Artes do espectáculo e memória: a importância da fotografia no MNT A complexidade orgânica dos elementos que constituem um espectáculo cénico pode ressurgir através dos materiais, documentos e objectos que lhe sobrevivam. A fotografia tem um papel fundamental nesse processo porque, para lá do documental, possui uma dimensão de representação que profundamente se articula com a própria representação teatral, na pose e na imagem artística do actor. 9h45 - Clara Carvalho Professora auxiliar no Departamento de Antropologia do ISCTE-IUL (Lisboa), responsável pelo ramo de Saúde Global do Mestrado de Estudos de Desenvolvimento e diretora do Centro de Estudos Africanos do mesmo instituto (2007-2013) Género e Colonialismo nos arquivos fotográficos No caso português e, em particular, do colonialismo tardio (pós-1945), a imagem fotográfica revelou-se um elemento essencial na elaboração de um imaginário sobre a nação e o projecto colonial. Estas imagens encerram significantes expressivos da aplicação de um discurso de poder. Olhando para os arquivos coloniais, dois referentes surgem como óbvios, a classificação tipológica e racial, por um lado, e a diferenciação de género, por outro lado. Nesta comunicação procuram-se expor as continuidades encontradas nas fotografias coloniais sobre Africa nas útimas décadas do Estado Novo e questionar o seu papel na elaboração de um discurso sobre a diferença e alteridade.

Ernesto de Sousa: Fotografia, Escultura e Fenomenologia Uma abordagem à edição de Para o Estudo da Escultura Portuguesa (1965), de Ernesto de Sousa, que constitui uma obra de referência e pioneira na abordagem fenomenológica da utilização da fotografia no estudo e caracterização da escultura. 11h40 - Natasha Revez Mestre em História da Arte, com a dissertação “Os álbuns “Portugal-1934” e “Portugal 1940”. Dois retratos do país no Estado Novo”. Doutoranda em História da Arte na FCSH UNL Os álbuns Portugal 1934 e Portugal 1940, imagens do país no Estado Novo Os álbuns Portugal 1934 e Portugal 1940 como ponto de partida para uma reflexão sobre a necessidade de estudar as imagens fotográficas e sobre o significado de fazer a sua história no presente. 11h50 - Teresa Meruje Mestre em Património Europeu, Multimédia e Sociedade de Informação, doutoranda em História da Arte e professora do Ensino Secundário. Colaborou em jornais, revistas e antologias, com artigos e ensaios sobre arte e literatura, e é Membro do Conselho Redactorial da revista AVE AZUL – Arte e Crítica [Viseu].

9h55 - Inês Vieira Gomes

Do auto-retrato da artista ao retrato da actriz – inclusão e asserção

Doutoranda em História no ICS da UL, com projecto de tese sobre fotografia em contexto colonial português. Investigadora bolseira no projecto “Conhecimento e Visão: Fotografia no Arquivo e no Museu Colonial Português (1850-1950)”. Licenciada e mestre em História da Arte, colaborou com o CAMJAP da FCG

O auto-retrato feminino apresenta a artista, despojada de adereços, no exercício da sua profissão. O retrato da actriz traz, nos atavios, o encanto como aura dominante. Cotejaremos quanto, um e outro, denunciam o anseio de auto-afirmação e ganho de credibilidade.

Os fotógrafos no Arquivo do SNI. Um estudo de caso a partir de fotografias das ex-colónias portuguesas O Arquivo Fotográfico do SNI possui c. 2000 fotografias das ex-colónias portuguesas. Pretende-se, a partir de uma visão de conjunto, abordar a autoria destas fotografias e questionar o papel que os fotógrafos tiveram na produção de uma propaganda colonial em imagens. 10h05 - Filomena Serra Doutorada em História da Arte Contemporânea, Membro integrado do Instituto de História da Arte FCSH-UNL Vitoriano Braga, homem de teatro e fotógrafo amador Vitoriano Braga (1888-1940) foi uma figura sobejamente conhecida pelos seus dramas teatrais, alguns dos quais como Octavio, mereceram os melhores elogios de Fernando Pessoa. Foi também tradutor e crítico de teatro, mas a sua faceta de apaixonado da fotografia é, talvez, a menos conhecida. Todavia, a ele se devem algumas das imagens fotográficas importantes do princípio do século XX ao ter retratado as principais figuras do grupo de Orpheu. É sobre essas imagens que incidirá a comunicação. 10h15 - Filomena Chiaradia Doutorada em Artes Cênicas com tese sobre Iconografia Teatral. Investigadora do Centro de Documentação e Informação/Fundação Nacional de Artes/ Ministério da Cultura do Brasil Uma experiência produtiva entre investigação e acervos fotográficos: a fotografia de cena para além do registo A fotografia de cena na escrita da narrativa historiográfica de companhias teatrais responsáveis pela constituição de coleções fotográficas e a oportunidade de organização de acervos em diálogo entre investigação científica e processamento técnico.

12h00 - Nuno Borges de Araújo Arquitecto, doutorando em Ciências da Comunicação pela UM, com projecto de tese “Fotografia e cultura visual em Braga, 1853-1910”. Investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, do Departamento de Ciências da Comunicação da UM. Tem várias obras sobre fotografia editadas e colaborou em diversas exposições de fotografia. As publicações ilustradas com retratos fotográficos e a renovação da iconografia oitocentista em Portugal As publicações ilustradas com retratos fotográficos colados, surgem em Portugal a partir da década de 1860, constituindo um caso particular da história da ilustração, contemporâneo de um período de expansão da técnica fotográfica. Tiveram o seu auge no final da década de 1870 e início da de 1880, desaparecendo gradualmente com o aparecimento de novas técnicas de ilustração. No caso das publicações periódicas, constituíram verdadeiras «galerias biográficas» que tiveram um papel importante na renovação da iconografia, na difusão de novos modelos e valores, durante a monarquia constitucional. Estas publicações constituem uma importante fonte de documentação iconográfica oitocentista, ainda hoje não inventariada e pouco acessível à consulta generalizada. 12h10 - Carmen Almeida Mestre em Museologia com a dissertação Objectos Melancólicos… Fotografia , Património e Construção da Memória, A Colecção do Grupo Pró-Évora (1890-1920). Doutoranda em História e Filosofia da Ciência no CHEFci-UE; projecto de dissertação “A Divulgação da Fotografia no Portugal Oitocentista-Protagonistas , Práticas e Redes de Circulação dos Saber”. A divulgação da fotografia no Portugal Oitocentista: Autonomia e dependência-protagonistas e primeiras participações em redes internacionais do saber

Se os dispositivos estabelecem e gerem relações, se são mecanismos de auto-controle, a finalidade da arte é des-naturalizar essa ação reguladora. Por via da fotografia e do teatro é proposta uma alternativa contrária à do dispositivo através da construção de algo de “artificial”.

Os primeiros casos de participação portuguesa em inventos ou redes internacionais de fotografia, na primeira metade do séc. XIX (1839-1860), foi efectivada quase inteiramente por fotógrafos/amadores ingleses ou de ascendência inglesa, se bem que se possam apontar alguns casos de fotógrafos portugueses ou franceses ou de outra nacionalidade residentes em Portugal, na sua maior parte, fotógrafos comerciais. Assim, Porto e Madeira, locais com fortes comunidades inglesas residentes, foram seguramente o cenário dos primeiros intercâmbios fotográficos com o exterior, de inserção em redes de comunidades fotográficas/científicas internacionalmente reconhecidas. Joseph James Forrester (Porto), durante a década de 1850, e Russel Manners Gordon (Ilha da Madeira), durante a década de 1860, constituem exemplos paradigmáticos da prática e aprofundamento do estudo do novo invento durante as décadas de 1840 a 1860, a maior parte das vezes desenvolvido à margem geográfica dos convencionais centros de saber. Paralelamente, Forrester e Gordon constituem exemplos concretos do paradigma de comunicação de ciência então vigente, aspecto determinante para entender a produção do saber fotográfico e o seu entendimento/apropriação popular.

10h35 - Debate

12h10 - Debate

11h10 - Intervalo

12h40 - Encerramento da sessão da manhã

10h25 - Miguel Proença Fotógrafo independente, Lisboa. Mestre em História da Arte Contemporânea pela Universidade Nova com a dissertação, “Fernando Lemos: Eu sou a fotografia”. Doutorando na Faculdade de Belas Artes de Lisboa em Fotografia com projecto de tese: Fotografia e dispositivo Arte, Fotografia e Teatro versus dispositivo

Workshop Fotografia-Investigação-Arquivo programa 7 de Maio Tarde 14h15 - Alexandra Encarnação

15h55 - Guida Cândido

Responsável pelo Arquivo de Documentação Fotográfico da DGPC. Licenciada em História pela FCSH da UNL, especializou-se em conservação de fotografia com formação e estágio nos Arquivos Fratelli Alinari, Florença, Itália.

Coordenadora do Arquivo Fotográfico Municipal da Figueira da Foz, mestrando em Alimentação - Fontes, Cultura e Sociedade e licenciada em História da Arte pela FLUC. É responsável pelo estudo dos fundos fotográficos da coleção, organização de exposições, concursos, workshops e outras atividades culturais do Arquivo Fotográfico Municipal da Figueira da Foz. É autora de livros e publicações científicas na sua área de investigação em Alimentação e, com isso, alimenta o hiperespaço na condição de food blogger

Fotografia e Memória Patrimonial A Arquivo de Documentação Fotográfico da DGPC tem como missão o registo fotográfico e a sua salvaguarda documental dos bens móveis e imóveis dos Museus, Palácios, e outros imóveis da DGPC no Inventário Fotográfico Nacional. A ação do Arquivo articula-se em 4 eixos fundamentais: 1. Levantamentos fotográficos patrimoniais, segundo critérios técnicos internacionais; 2.Inventário, digitalização e disponibilização pública dos registos fotográficos, através de plataformas online; 3.Salvaguarda, conservação e estudo dos espólios fotográficos antigos à sua guarda; 4.Formação e aconselhamento técnico na área da fotografia técnica patrimonial e da conservação de fotografia. 14h25 - Luís Pavão e Paula Figueiredo Cunca Técnicos Superiores no AMLx/Fotográfico. Luís Pavão, fotógrafo e mestre em Conservação de Fotografia (Rochester/EUA), responsável pela Conservação e Restauro no AMLx/ Fotográfico e Paula Figueiredo Cunca, licenciada em Filosofia pela UCP/FCH e mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação (ISCTE) tem desenvolvido trabalhos de investigação sobre fotografia privada O Arquivo Municipal de Lisboa/Fotográfico - 20 Anos de portas abertas ao público O AMLx/Fotográfico celebra 20 anos de existência nas atuais instalações. Em 1994 apresentou um novo conceito de arquivo fotográfico, de portas abertas ao público com a exposição Provas Originais 1858 – 1910 - 20 anos depois, apresentamos um olhar retrospetivo sobre o trabalho desenvolvido a partir desta exposição.

A Figueira na “boca de cena”: O teatro na coleção do Arquivo Fotográfico Municipal da Figueira da Foz O Teatro Príncipe Carlos, reduzido a cinzas em 1914, não ditou o fim da actividade teatral na Figueira. Atores, alçados neste e noutros palcos, construíram o imaginário duma cidade com tradição nesta arte. Eis as imagens que contam essa história. Abram as cortinas! 16h05 - Abel Rodrigues Licenciado em História e mestre em História Moderna e Contemporânea de Portugal, pela UM. A concluir o curso de especialização em Ciências da Informação (variante Arquivos). Investigador em arquivos sociais e familiares e em história social e cultural. O Arquivo Fotográfico da Casa de Mateus (1844-2014) Apresentação do tratamento arquivístico que está a ser aplicado ao Arquivo Fotográfico da FCM, composto por 9806 imagens, que se encontra integralmente digitalizado. Trata-se de um acervo riquíssimo, no qual a História da Família, da Casa (monumento nacional) e da Fundação se confunde com a História do País 16h15 - Luísa Baeta e Anabela Bravo

Técnica superior no Arquivo Histórico Municipal do Porto. Licenciada em Filosofia e pós graduada com o Curso de Especialização em Ciências Documentais pela FLUC.

Técnicas da Widegris/ AFotMMontemor-o-Novo; Anabela Bravo é licenciada em Artes Plásticas, mestre em Arte Multimédia e pós-graduada em Arquivos. Desenvolve trabalho em arquivos de artista com enfoque na fotografia e nos audiovisuais; Luísa Baeta é antropóloga, com especialização em gestão do património e acção cultural e fotógrafa, mestre em arte multimédia

O Porto e os seus fotógrafos : o acervo do Arquivo Histórico Municipal do Porto

Começar pela Reforma Agrária

O arquivo fotográfico do AHMP detém um valioso acervo com interesse para a história do país no final do séc. XIX. e início do séc. XX. A sua divulgação permitirá realçar o contributo dos fotógrafos portuenses no desenvolvimento da fotografia em Portugal

Contribuir para que as estruturas estatais tratem, a nível arquivístico, o documento fotográfico com a mesma importância que o documento escrito. O fundo audiovisual sobre Reforma Agrária do Arquivo Fotográfico Municipal de Montemor-o-Novo.

14h45 - Ana Barata

16h25 - Teresa Barreto Borges

Bibliotecária de referência da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, mestre em História da Arte pela FCSH da UNL.

Coordenadora do Centro de Documentação e Informação da Cinemateca Portuguesa. Licenciada em Comunicação Social pela FCSH da UNL, pós-graduada em Ciências Documentais pela FLUL.

14h35 - Maria do Rosário Guimarães

As colecções fotográficas da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian Apresentação e caracterização das colecções fotográficas da Biblioteca de Arte; recuperação da informação, formas de acesso e disponibilização 14h55 - Paulo Simões Rodrigues Director do CHAIA e professor auxiliar da UE A Operacionalidade da Fotografia ou a Fotografia como Arte da Memória A Arte da Memória, ou Ars Memoriae, ou Ars Memorativa, remonta à antiga retórica grega e consistia num conjunto de técnicas de memorização e de organização de ideias e palavras através da sua associação a imagens. A imagem fotográfica, enquanto produto de civilização, é essencialmente mnemónica. Uma das valências da fotografia é a preservação da memória da imagem dos índividuos, das paisagens, dos edifícios e das mais variados manifestações da acção produção humana. Tendo como exemplos as colecções fotográficas da BA-FCG, focar-nos-emos na abordagem do registo fotográfico enquanto fonte documental da investigação da memória da imagem em áreas relacionadas com o património cultural e arquitectónico. Isto é, de uma memória que, quando fixada, não se quis neutra, mas visualização de uma determinada ideia acerca de uma determinada realidade, configuradora de uma determinada inteligibilidade. 15h05 - Debate 15h35 - Intervalo

O caso da UFA: fotografias de cena e de rodagem de filmes com múltiplas versões Descrição do trabalho de indexação de provas fotográficas de filmes produzidos em multiversões linguísticas pela UFA (Universum Film AG) no início dos anos 30. Identificação da versão retratada (fotografias de cena e de rodagem) a partir dos elementos presentes na imagem. 16h35 - Beatriz Neves e Paulo Baptista MNTeatro. Beatriz Neves é licenciada em História Contemporânea de Portugal ISCTE A vida nos palcos: Palmira Bastos, projecto de fotobiografia (1890-1915) Processos de investigação fotobiográfica no Museu Nacional do Teatro. Alguns aspectos e imagens da actividade teatral em Portugal através da carreira de uma das mais destacadas intérpretes, Palmira Bastos, e do seu percurso em palco de 1890 a 1915. 16h45 - Carmen Almeida Coordenadora do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Évora desde 2000•. O Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Évora – 12 Anos de actividade O Arquivo Fotográfico da CME foi aberto ao público em Novembro de 2001. Possui actualmente mais de 450 000 espécies fotográficas para além de um pequeno “ núcleo museológico”. O seu acervo reúne as colecções dos mais importantes fotógrafos locais dos séculos XIX e XX de Évora , permitindo documentar os aspectos mais diversos da vida local e regional. Doze anos depois apresenta-se uma reflexão sobre o trabalho desenvolvido, identificando as principais potencialidades e debilidades. 16h55 - Debate 17h20 - Encerramento da sessão da tarde • Ver detalhes comunicação 7 Maio Manhã

Workshop Fotografia-Investigação-Arquivo programa 8 de Maio Manhã 9h30 - Pedro Aboim Borges

11h10 - Ana Duarte Rodrigues

Doutorado em História da Arte Contemporânea (Fotografia e Património) e mestre em História da Arte (Fotografia) pela FCSH da UNL. Professor-adjunto na Escola Superior de Turismo e Hotelaria do Estoril.

Professora Universitária, Doutorada em História da Arte pela FCSH da UNL, investigadora do CHAIA da UE e do CHAM da FCSH da UNL, Investigadora (Fellow) na Universidade de Harvard (2013). Editora da revista Gardens & Landscapes. Autora de numerosos livros e artigos científicos sobre jardins e paisagem e escultura.

O Arquivo Marques Abreu O arquivo do fotógrafo e editor José Antunes Marques Abreu, funcionário da DGEMN (Monumentos do Norte) documenta sobretudo a arquitectura românica, mas também a arquitectura gótica, renascentista e barroca, e mesmo a pintura e a escultura. Comporta provas e negativos fotográficos, equipamento fotográfico, correspondência, documentação técnica e divide-se por dois espólios, o de Marques Abreu pai e o de Marques Abreu Jr., que acompanhou o pai em múltiplas campanhas para prossecução dos projectos editoriais. É um arquivo imprescindível para o entendimento da historiografia sobre a Arte Românica em Portugal e determinantn e para o estudo da edição e da protecção patrimonial entre 1900 e 1935. 9h40 - Jorge Custódio Doutorado pela UE, investigador integrado do IHC e docente de Arqueologia Industrial e de Museologia Industrial na FCSH da UNL. Dirigiu o Projecto Municipal Santarém a Património Mundial (1994-2002), o Convento de Cristo (2002-2007) e o Museu Nacional Ferroviário (2009-2011). A Fotografia como Documento da Rede Ferroviária Nacional: O caso de Emílio Biel Análise do modelo descritivo de levantamento da estrutura ferroviária portuguesa por via do registo fotográfico sistemático da circulação de material circulante e de obras de arte das primeiras linhas ferroviárias portuguesas, nomeadamente do Leste e do Douro, do Minho, da Beira Alta e do Vouga, trabalhos de excelência de Emílio Biel. Significado da publicação das imagens da ferrovia no desenvolvimento do turismo em Portugal, chamando a atenção, por via da fotografia, da litografia ou da impressão fotográfica para a paisagem que o turista podia observar circulando pelas regiões atravessadas pelos caminhos-de-ferro. 9h50 - Filipe Figueiredo Investigador do CET (FL/UL), integra o projecto OPSIS, doutorando em Estudos Artísticos – fotografia de teatro (bolseiro FCT). O arquivo de fotografia e a construção da memória A partir da análise dos Livros de Registo de Repertório da companhia Rey Colaço–Robles Monteiro (1821-1974), na Biblioteca-Arquivo do TNDM II, esta comunicação visa abordar a possibilidade de construção da memória através da colecção de fotografias. 10h00 - Paulo Baptista Investigador do MNT, doutorando em História da Arte Contemporânea, Investigador do IHA da FCSH-UNL, co-editor da revista Gardens & Landscapes of Portugal. O retrato modernista: a contribuição da fotografia A fotografia desempenhou um papel fundamental na afirmação da imagem moderna em Portugal. O estudo sistemático do espólio da Fotografia Brasil (Arquivo Fotográfico da DGPC/Museu Nacional do Teatro) contribuiu, de forma determinante, para um entendimento formal e cronológico dessa afirmação modernista no retrato fotográfico. 10h10 - Cosimo Chiarelli Historiador da fotografia italiana, especialista das relações entre fotografia e teatro. Docente de Historia da Fotografia na Universidade de Pisa, actualmente a investigar as coleções do Departamento das Artes do Espectáculo da Biblioteca Nacional Francesa. É director do “Centro per la fotografia dello spettacolo di San Miniato” (Pisa) e organizador (até 2011) do “Occhi di scena”, o único Festival Europeu dedicado à fotografia do espectáculo, com mostra de exposições originais de arquivos teatrais. Corpo, imagem, arquivo: a fotografia e o mimo Uma investigação sobre as relações entre fotografia e mimo, realizada nos arquivos da Biblioteca Nacional Francesa: materiais, perguntas, resultados e perspectivas. (intervenção em língua inglesa). 10h20 - Debate 10h50 - Intervalo

Sintra’s privileged picturesque landscapes offered by 19th century photography Sintra’s landscape photography in the 19th century clearly remains encoded within academic painting composition. In this paper I seek to analyze the construction of Sintra’s landscapes idealized image through a comparative approach with other media. (intervenção em língua portuguesa). 11h20 - João Paulo Machado Técnico Superior da DGPC, exerce funções na Divisão de Património Imóvel, Móvel e Imaterial, gestor do Sistema de Informação “Matriz”. Licenciado em História, foi técnico de documentação fotográfica do arquivo da DGEMN e técnico responsável pelo estudo do espólio San Payo do AFDGPC. A Persistência da memória: retratos da Coleção San Payo A coleção de retratos de San Payo como exemplo de espólio de atelier fotográfico. Chamar a atenção para a sua fragilidade de suportes e dificuldade de identificação. A abordagem arquivística. A urgência do levantamento dos espólios fotográficos na luta contra a perda da memória. A necessidade de digitalização como forma de preservar e divulgar para auxiliar na identificação. 11h30 - Fernando Costa e Paulo Tremoceiro Técnicos do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Documentos fotográficos na Torre do Tombo: tratamento e acesso I Condições de acesso: O acervo fotográfico do Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT) foi enriquecido com a fusão do ex. - Arquivo de Fotografia de Lisboa em 2007. Tornou-se, assim, num acervo bastante diversificado e com uma grande multiplicidade de tipologias documentais. Dada a sua magnitude, apenas parte da documentação fotográfica se encontra, atualmente, disponível aos mais variados utilizadores. A pesquisa fotográfica obedece a determinadas especificidades que a tornam singular dentro do ANTT. Não obstante, o acesso às imagens poderá ser condicionado pelas restrições de comunicabilidade previstas na lei. 11h40 - Fátima Ó Ramos e Paulo Leme Técnicas do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Documentos fotográficos na Torre do Tombo: tratamento e acesso II Tratamento técnico e apresentação de conteúdos: A fotografia, enquanto documento de arquivo, toma sentido no contexto documental a que pertence. Ela apresenta, todavia, características muito próprias, que se refletem na sua descrição, instigando, a todo momento, o diálogo interativo entre as diferentes normas disponíveis. O estado da questão no ANTT. 11h50 - Anabela Ribeiro e Carla Lobo Técnicas do Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Documentos fotográficos na Torre do Tombo: tratamento e acesso III Conservação, transferência de suporte e disponibilização. No ANTT, seguimos uma metodologia de identificação dos processos fotográficos, estado de conservação e proposta de intervenção. O nível de tratamento nestes materiais depende de um conjunto de fatores. Contudo, a intervenção é sempre mínima, o suficiente para garantir o acesso ao documento original, bem como à reprodução em segurança. No âmbito da política de disponibilização online e de preservação, os documentos fotográficos depois de tratados do ponto de vista físico e intelectual, são reproduzidos/digitalizados de acordo com normas internacionais para serem associados aos registos descritivos. 12h00 - Debate 12h30 - Encerramento da sessão da manhã

Workshop Fotografia-Investigação-Arquivo programa 8 de Maio Tarde 14h15 - Marina Figueiredo

16h00 - Luís Montalvão

Técnica do Arquivo Histórico Parlamentar.

Técnico superior, bibliotecário e documentalista do MNAA.

Estratégias para a incorporação nos arquivos fotográficos digitais: o caso do Arquivo Fotográfico Parlamentar

O arquivo fotográfico do MNAA

Caracterização do acervo fotográfico do Arquivo Fotográfico Parlamentar e o problema da incorporação de fotografia digital num cenário de aumento exponencial da produção de documentos fotográficos que carateriza o contexto digital”. 14h25 - Leonor Sá Directora do Museu de Polícia Judiciária, doutoranda na FCH da Universidade Católica. O Arquivo Histórico Fotográfico do Museu de Polícia Judiciária O Arquivo Histórico Fotográfico do Museu de Polícia Judiciária: desafios passados, presentes e futuros. 14h35 - Susana Rodrigues, Tânia Marques e Vasco Duque Susana Rodrigues, técnica superior do Arquivo da PR. Licenciada em História e pósgraduada em Ciências Documentais, variante Arquivo, pela UAL e pós-graduada em Ciências Documentais, variante Biblioteca, pela FLUL.; Tânia Marques, técnica superior do Arquivo da PR. Licenciada em Estudos Europeus pela FLUL. Pós-Graduada em Ciências Documentais pela ULHT. Mestre em Ciências Documentais, pela ULHT; Vasco Duque, técnico superior do Arquivo da PR. Licenciado em Design e Produção Gráfica – ISEC. A fotografia institucional no Arquivo Histórico da Presidência da República O Arquivo Histórico da Presidência da República está a proceder à integração e tratamento da documentação fotográfica produzida pela instituição. Trata-se de um conjunto documental composto por milhares de fotografias, ilustrativo da atividade presidencial e, como tal, incontornável para o estudo da História Contemporânea Portuguesa. 14h45 - Ana Marta Lopes Guerreiro Técnica superior do Arquivo do Museu da PR. Anteriormente foi responsável pelo levantamento do arquivo da Valorsul. Mestre em Ciências da Informação e Documentação (arquivo) pela FCSH da UNL. Licenciada em Estudos Portugueses pela FLUL. Formadora da BAD em Norma internacional para a descrição de funções (2012). A indexação como estratégia para a recuperação de informação nos arquivos fotográficos: os arquivos do órgão de soberania, o Presidente da República As coleções fotográficas do Museu da Presidência da República representam um testemunho único para o estudo da história contemporânea. A criação de uma lista especializada de assuntos para indexação é fundamental como estratégia para uma política de acesso documental. 14h55 - Catarina Miranda Basso Marques Mestre em História da Arte, é investigadora do CITCEM e doutoranda na UM (bolseira FCT) com o projecto de tese “Usos privados e públicos da fotografia na sociedade bracarense (1910-1945)”. Fotografia & Investigação Histórica – estudo de caso do Arquivo Aliança.

O arquivo fotográfico do MNAA documenta a evolução do Museu, desde 1882, até as obras de 1992. É também um inventário fotográfico das colecções do MNAA, e um repositório de imagens de obras de arte de colecções portuguesas e estrangeiras. 16h10 - Sandra Garrucho Mestre em Fotografia – perfil Conservação de Fotografia, Escola Superior de Tecnologia de Tomar/Instituto Politécnico de Tomar . Intervenção sobre uma Coleção Fotográfica do Arquivo Histórico Ultramarino - Conservação e Acesso A documentação fotográfica, depositada no AHU, era constituída por vários tipos de suporte (vidros, películas, provas em papel e álbuns fotográficos). Referia-se a várias missões do Instituto de Investigação Científica Tropical (nomeadamente a Missão Geográfica de Cabo Verde, 1926-1932 e a Missão de Delimitação de Fronteira LusoBelga em Angola, 1901), à Sociedade Agrícola Colonial (referente à Roça Porto Real na Ilha de Príncipe) e a Companhias coloniais (p.ex. Companhia da Zambézia, Moçambique, 1892-1920). O núcleo fotográfico é de enorme importância dos pontos de vista histórico, cultural e patrimonial. O objetivo da intervenção visou a preservação e o tratamento da documentação fotográfica, tornando-a acessível ao público. 16h20 - Teresa Alexandra da Silva Ferreira Laboratório HERCULES, Herança Cultural, Estudos e Salvaguarda, professora auxiliar da UE. Caracterização material de fotografias e negativos: casos de estudo Caracterização material de fotografias e negativos: casos de estudo. 16h30 - Ana David Mendes Técnica superior do M|i|mo (museu da imagem em movimento). Responsável pela “Qualidade, Certificação e Redes”, coordenadora da gestão das colecções. Foi coordenadora do museu até 2013. Arquivos fotográficos: o que se esconde dentro da Caixa? Os arquivos são memorias escondidas no tempo. Pequenas descobertas, grandes avanços. Do numero do chapa ao titulo do envelope - como se revela a informação, como se comunicam conteúdos, e como podem decorrer os processos de apropriação, como uma forma de valorização? O M|i|mo integrou a RPM em 2004 e teve uma nomeação honrosa para “melhor museu do ano” em 2010. 16h40 - Mafalda Lourenço e Paulo Baptista Museu Nacional do Teatro. Mafalda Lourenço é pós-graduada em Jardins e Paisagem pela FCSH da UNL e licenciada em Agronomia pelo ISA. Fotografia e movimento Bailarinos, dançarinos e fotografia de espectáculo (1890-1930) na colecção fotográfica do Museu Nacional do Teatro e na imprensa periódica ilustrada portuguesa.

O Arquivo Aliança compreende o espólio de um estúdio fotográfico, a Photographia Alliança, que existiu em Braga entre 1910-1980. A comunicação centra-se na abordagem do arquivo fotográfico como forma de aceder ao universo da fotografia e ao conhecimento da realidade histórica que dele transparece.

16h50 - Alexandre Pomar

15h05 - Debate

A Exposição-Feira de Angola 1938, a exposição como mecanismo de investigação e conhecimento

15h40 - Intervalo

Jornalista, crítico de arte e galerista da fotografia, tem numerosos artigos e escritos sobre fotografia contemporânea e História da Fotografia

A partir da recentíssima exposição da Pequena Galeria, intitulada Exposição-Feira de Angola 1938, reflecte-se ácerca de um enigmático objecto da História da Fotografia em Portugal e do processo de investigação/aprendizagem multidisciplinares que a referida exposição constituiu 17h00 - Debate 17h30 - Encerramento da sessão da tarde

Workshop Fotografia Investigação Arquivo Museu Nacional do Teatro 7-8 Maio 2014

Ficha Técnica Coordenação

José Carlos Alvarez (Director do Museu Nacional do Teatro e da Dança) Paulo Baptista (Museu Nacional do Teatro) Paulo Simões Rodrigues (CHAIA U\Évora)

Secretariado

Mafalda Lourenço (Museu Nacional do Teatro e da Dança) Manuela Gomes dos Santos (Museu Nacional do Teatro e da Dança) Sofia Patrão (Museu Nacional do Teatro e da Dança)

Apoio

Sónia Dias (Museu Nacional do Teatro e da Dança) Rui Mourão (Museu Nacional do Teatro e da Dança)

Design e Paginação Francisco Baptista

ISBN 978-989-8052-86-5 [Título: Actas do Workshop Fotografia-Investigação-Arquivo, Museu Nacional do Teatro e da Dança Maio de 2015]; Alvarez]; Eletrónico];

[Autor: José Carlos

[Co-autor(es): Paulo Ribeiro Batista]; [Suporte: [Formato: PDF / PDF/A]

Fotografia, corpo e movimento

Aspectos da fotografia de dança em Portugal (1925-1933) Mafalda Lourenço, Paulo Baptista ISBN 978-989-8052-86-5

Resumo Bailarinos, dançarinos e fotografia de espectáculo (1890-1930) na colecção fotográ- fica do Museu Nacional do Teatro e na imprensa periódica ilustrada portuguesa: o caso de Francis. Artigo Na crítica à revista Chá de Parreira, que publicou em 2 de Agosto de 1929, António Ferro faz justiça a uma figura dos palcos portugueses, o bailarino Francis, que tinha sido injustamente maltratada em várias circunstâncias, por um público ignorante e preconceituoso relativamente à modernidade nas artes de palco e que ainda encarava a dança, e muito particularmente a dança masculina e os seus intérpretes, com especial desconfiança e forte preconceito sexista. No entanto, durante o processo de renovação da revista à portuguesa, que ocorreu a partir de 1926, Francis pôde assumir um protagonismo que acabou apazigou essa relação conflituosa com o público e o tornou numa das mais destacadas figuras do palco, como Ferro veio a reconhecer e destacar na crítica referida. A estreia de Francis em palco não foi auspiciosa. Apresentou três bailados no palco do foyer do Teatro Tivoli após a representação da peça Knock ou a Vitória da Medicina pelo Teatro Novo, por ocasião da estreia daquela companhia em três de Junho de 1925. As notas que Florêncio recebeu dos críticos dos mais importantes jornais de Lisboa foram genericamente positivas. No entanto, as fortes pateadas que o público lhe votou durante as apresentações provocaram tal impacto nele que o levaram mesmo a mudar o nome artístico de Florêncio para Francis e o fizeram até aparecer em palco com uma máscara. Só um dos críticos achou o bailarino pouco atlético, diminuindo o seu número ao defini-lo como de “poses plásticas”1. Após a traumatizante experiência das apresentações perante o público do Tivoli e já com o nome artístico de Francis, integrou o elenco da revista Cabaz de Morangos que estreou no Teatro Eden em Setembro de 1926. A menção no programa da revista é discreta, limitando-se a indicar o nome do bailarino e do seu número, Nu Artístico. Contudo o crítico de serviço do Diário de Notícias, Paulo Brito Aranha, dá-nos mais alguns detalhes sobre o número de Francis: “O [número] Nu Artístico é uma mancha bizarra e moderna. O cenário não está de acordo com o objectivo. O bailarino Francis dança com alegria, com animação, com desenvoltura. O ritmo dos seus movimentos adapta-se superiormente às estridências do Jazz Band2.” Ao compararmos a caracterização que o crítico Paulo Brito Aranha faz do número de Francis com algumas das fotografias dos números principais da revista, nomeadamente da principal figura do elenco do Cabaz de Morangos, a actriz e bailarina Deolinda de Macedo, podemos constatar que nas fotografias de cena daquela actriz revelam pouca dinâmica, ao contrário do que nos diz o crítico quanto ao ritmo quase jazzbandístico da actuação de Francis. O facto do número de Francis se chamar Nu Artístico é também revelador da sua ousadia. Julgamos que esse número poderá ter a ver com um conjunto de fotografias que o fotógrafo San Payo fez do bailarino provavelmente antes da apresentação de Francis no Cabaz de Morangos, que veremos adiante.

1 “Primeiras representações: Teatro Novo” in A Capital, A. 15, Nº 4949, 5/6/1925, p. 3. 2 “Primeiras representações: Eden Teatro-Cabaz de Morangos” in Diário de Notícias, A. 62, Nº 21773, 3/9/1926, p. 2.

Mas a sorte de Francis mudaria decisivamente logo em 1927, quando as suas apresentações em palco foram aplaudidas com entusiasmo. Para isso muito terá contribuído o importante passo que foi a sua contratação, pela empresária, actriz, bailarina e cantora Luísa Satanela, para integrar o elenco artístico da revista Água-Pé. Francis dançou com Satanela os principais bailados do espectáculo, com temas musicais da autoria de um dos mais destacados compositores da nova geração, Frederico de Freitas. Afinal, a ousadia de Francis necessitava, para se afirmar plenamente junto do grande público, de um espectáculo de carácter moderno que potenciasse a sua apresentação. Não admira, por isso, que tenha sido justamente na revista Água Pé que essa afirmação se pôde concretizar. Envergando os trajos de José Barbosa, Francis e Satanela, tanto juntos como a solo, apresentaram um conjunto de coreografias como charleston, dança dos elefantes, embriaguez do tango, bonecos russos que foram determinantes para a riqueza visual do espectáculo. Uma das mais interessantes vertentes do trabalho coreográfico dos bailados de Francis e Satanela foi o profuso trabalho fotográfico de preparação, em particular das variadas posições dos bailarinos que ficou a cargo de Silva Nogueira3. Essa documentação fotográfica, em grande medida inédita até hoje, permite uma melhor compreensão da dimensão inovadora de que se revestiu a montagem da revista Água–Pé, que António Ferro saudou na sua crítica de Julho de 1927: “[…] a Água-Pé, pela interpretação, pelo guarda roupa, pelos bailados de Francis e de Satanela, e até pelo espírito de alguns números, marca, evidentemente, um progresso, um grande progresso, no nosso teatro de revista. […] há vivacidade, espírito e um certo imprevisto, aqui e além. […] Uma grande parte do êxito de Água-Pé deve-se a Luísa Satanela, Francis e ao autor dos figurinos. Luísa Satanela afirmou-se uma grande actriz de revista: desembaraço, intenção, frescura e máscara, Francis a quem ontem se fez justiça, finalmente, e a quem se deve a elegância e a afinação de certos números, foi um bailarino civilizado, europeu, que deu largueza e horizonte ao palco do Avenida.[…] Os números em que colaboraram Satanela, Francis, o autor dos figurinos, bateram em Portugal o record do bom gosto.“4 3 Vd. “Coreografia Portuguesa” in de Teatro, 5º ano, 9ª série, Nos 53-54, 2ª parte Nº 11 e 12, Julho e Agosto de 1937, p. 25. 4 “Teatros-Primeiras representações: Avenida-Água-Pé” in Diário de Notícias, A. 63, Nº 22088, 25/7/1927, p. 6.

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Se compararmos alguns dos aspectos fotográficos das coreografias da Água-Pé com o pequeno excerto fílmico do quadro Frivolinas retirado de um dos espectáculos da Companhia Velasco em que pontuava a artista mexicana Eva Stachino, verificamos que a dinâmica das coreografias de Francis e Satanela parece estar já distante da forma básica da dança de Stachino. Deve mencionar-se que a Companhia Velasco foi uma das mais importantes companhias estrangeiras de teatro ligeiro a actuar em Portugal, Ferro teceu rasgados elogios aos seus espectáculos, realçando a modernidade da cenografia e dos figurinos. Logo depois Eva Stachino havia de se fixar em Portugal, sendo uma das figuras que mais inovou no teatro ligeiro. No ano seguinte, precisamente quanto o estrondoso sucesso da revista de Satanela passava as trezentas e setenta representações seguidas, estreou A Rambóia, uma revista que genericamente seguia o mesmo figurino, pelo menos no que dizia respeito ao desenho de cena e à coreografia dos bailados. Novamente José Barbosa e Francis desempenharam na Rambóia, as funções de figurinista e de dançarino, respectivamente, e será também António Ferro o crítico de serviço do DN: “A Rambóia tem alegria, vida, sabor português, o ritmo de um bailarico, a marcha turbulenta duma romaria. […] O quadro arredores de Lisboa é um quadro agradável no verão: tem a frescura de uma bilha. Os figurinos de José Barbosa neste quadro são pincelados dum indiscutível bom gosto. A renovação do guarda-roupa nas revistas portuguesas deve-se muito a este rapaz que, incontestavelmente, sabe talhar os seus figurinos com simplicidade e elegância. Bela, como uma paisagem, a cortina de estopa. O número das saloias é um número delicioso, de grande e justificado êxito. Uma harmonia rara no género: interpretação, música e guarda-roupa.[…] A cortina do vira de António Soares, uma pequena maravilha, merecia sem favor uma ovação do público. Para se ver o que essa cortina vale como progresso, como passo, basta olhar atentamente os restantes cenários. Que distância, que abismo […]o que seria da […] Rambóia sem esse perfume de modernidade tão criticado. O que seria da revista se não fossem os figurinos decorativos de José Barbosa, os bailados que Francis levantou, tão portugueses e saudáveis, se não fosse o desembaraço “novo estilo” das suas girls? A diferença entre o antigo (o antiquado…) e o moderno pode avaliar-se confrontando a admirável cortina de António Soares e o cenário infeliz “Arte Nova” do “Novo armazém”.“5 A carreira de Francis como bailarino e coreógrafo estava definitivamente lançada e votada ao sucesso inscrevendo-se num contexto de renovação da cena teatral ligeira portuguesa que carecia de novidades cosmopolitas. No entanto é de referir que ao mesmo tempo que Francis se conseguia afirmar na cena do teatro de revista surgiram em Portugal uma série de outros dançarinos que, sem terem conseguido atingir o relevo de Francis, não deixaram de contribuir para a renovação da revista. Refiram-se os casos de Cressy e Janou, dois portugueses, Cremilda de Sousa e Januário Ruivo e também de Mora e Falkoff, Hildegard Mora e Falkoff, dois bailarinos russos da ópera de Berlim que aí dançaram dirigidos pelo produtor Max Terpis. Efectivamente, Francis tinha uma enorme vantagem relativamente a outros bailarinos seus contemporâneos, a sua especial ligação a algumas das mais destacadas figuras das vanguardas artísticas portuguesas que o terão sensibilizado para a dimensão da imagem como forma de expressão pessoal. Será justamente essa imagem, em particular a imagem do corpo, que ele soube trabalhar em profundidade com os fotógrafos portugueses, mas sobretudo com Silva Nogueira, numa colaboração que durou por várias décadas. Essa pesquisa estética teve lugar de meados da década de 1920 a meados da de 1930, com uma expressão evidente nas séries de fotografias que pudemos encontrar no espólio daquele fotógrafo. A maior parte dessas séries são inéditas ou pouco conhecidas porque nunca foram publicadas nas revistas ilustradas. Esse conjunto de fotografias revela uma acentuada modernidade retratando, sem subterfúgios nem transparências, a própria nudez do bailarino. Passando a analisar as séries fotográficas, foi possível identificar uma das primeiras séries de fotografias que conhecemos de Francis Graça, realizada por Manuel Alves de SanPayo, muito possivelmente realizada em 1925. Nela, o bailarino é retratado nu e em poses de dança. Se considerarmos as suas apresentações em palco é plausível que essa série fotográfica possa ter antecedido o número que integrou a revista Cabaz de Morangos. Contudo, nessa série é evidente que as opções estéticas do fotógrafo, marcadamente pictorialistas, não potenciavamam a tradução do movimento do bailarino. Para SanPayo, esse gosto estético traduzia a continuidade de uma prática que trazia do 5 “Teatros-Primeiras representações: Maria Vitória-A Rambóia” in Diário de Notícias, A. 64, Nº 22469, 15/8/1928, p. 3.

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Brasil, da sua actividade anterior à vinda para Portugal, no início da década de 1920. Com efeito, o estilo pictorialista de SanPayo correspondia, por coincidência, a um gosto que dominava os fotógrafos amadores portugueses e as élites sociais, em particular a alta burguesia lisboeta. SanPayo pôde-se afirmar, dessa forma, como o fotógrafo dilecto dessas élites, tendo retratado também alguns artistas dos palcos, mas de forma esporádica. As imagens de SanPayo possuem um carácter sombrio que a iluminação lhes confere e o sfumato acentua, afinal uma das suas imagens de marca. Por essa razão não eram as mais adequadas para os documentos de trabalho de que Francis precisava. Também não eram a melhor opção para o registo do movimento e da plástica do corpo como Francis pretendia. Como Francis pôde verificar através do trabalho fotográfico realizado em conjunto com Luísa Satanela para Água-Pé, a clareza do estilo de Silva Nogueira era muito mais adequado à afirmação da imagens dos artistas e à documentação gráfica de que Francis precisava para a preparação das suas coreografias. Podemos exemplificar essa situação através de uma série de imagens de 1933, que conseguimos datar com rigor graças a uma inscrição pelo punho do próprio Francis. Nessas imagens Silva Nogueira dá-nos uma prova inequívoca da sua permanente pesquisa técnica e estética, oferecendo uma série fotográfica de tal expressividade que só pode ter sido realizada numa situação de profunda cumplicidade criativa entre os artistas. A dimensão mais surpreendente deste conjunto de imagens é o seu movimento, o dinamismo que Silva Nogueira consegue imprimir a esta sequência de fotografias, com a profunda e espontânea conivência dos bailarinos. Na série de duas fotografias de 1930 que vemos de seguida está bem expressa toda a dimensão do trabalho plástico de pesquisa das posições e do movimento que Francis realizava com Silva Nogueira. Com maior rigor do que frente ao espelho, face à câmara Francis ensaiava novas posições, quase de forma milimétrica, como podemos verificar nestas duas imagens em que o bailarino mantém as pernas exactamente na mesma posição mas move braços e cabeça.

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Também é muito significativa a série de fotografias em que Francis se faz fotografar nu. Podemos considerar que a exploração da imagem do corpo constituía uma dimensão fundamental do trabalho de um bailarino, contudo a situação estética de Francis é inédita no Portugal de final da década de 1920 e início da de 1930. Por outro lado, não podemos deixar de considerar que existe em Francis alguma vontade expressa e evidente de exibir o corpo nu, naturalmente, no estúdio, frente ao fotógrafo mas também noutras circunstâncias, nomeadamente na praia, num conjunto de fotografias de Salazar Dinis publicadas num artigo que fez capa da revista Ilustração, em 19296. Em muitos aspectos das fotografias de Francis consideradas temos que ter em conta a tremenda importância que o cinema tinha vindo a assumir, permitindo o desenvolvimento de novas técnicas de iluminação e, por outro lado, estabelecendo novas formas de enquadramento dos artistas, desenvolvendo o grande plano, que não existia em teatro, acabando por fornecer à fotografia novas perspectivas de olhar o corpo e o rosto. Como podemos ver nalgumas das imagens que ilustram este texto. Esse novo olhar obrigou a profundas mudanças na imagem dos próprios protagonistas que chegou com naturalidade aos palcos. Face às novas exigências que o cinema colocava, já não era suficiente aos actores e às actrizes dominarem a arte da representação, passaram a estar sujeitos à ditadura da câmara de cinema ou fotográfica, tinham necessariamente que passar o teste do grande plano. A prática fotográfica de Silva Nogueira muito deveu a essas inovações e às alterações introduzidas no quadro estético do retrato. Assinale-se que Silva Nogueira colaborou com a Tobis Portuguesa, como fotógrafo de plateau de vários dos filmes dessa companhia cinematográfica. A colaboração de Francis com Silva Nogueira foi extremamente importante para a evolução artística da sua dança mas também para a sua afirmação enquanto bailarino, coreógrafo e empresário. Francis atinge a consagração em 1929 com a revista Chá de Parreira e já na década de 1930 dirige uma companhia de revistas em parceria com Luísa Satanela, a companhia Satanela-Francis, para itinerar pelo Brasil, com assinalável sucesso. Mas o mais importante reconhecimento do papel que Francis represen tou na afirmação da dança portuguesa foi a sua nomeação como director da companhia de bailados portugueses Verde Gaio, a principal companhia portuguesa de dança durante os anos 1940 e 1950. Porventura numa das mais felizes sequências fotográficas de Francis e Corina Freire, Silva Nogueira consegue recriar, apenas com o recurso à sua câmara e à sua arte da iluminação, o movimento dos dois bailarinos. Trata-se afinal de um equívoco em que o fotógrafo nos quer fazer cair ao construir no estúdio três situações em que aparentemente não há pose. Parecem, sim, três instantâneos captados numa sala de baile. Mas verdadeiramente isso só era possível, nesse início de década de 1930, quando se reúnem três artistas tão talentosos como são Silva Nogueira, Francis e Corina. Só mesmo essa cumplicidade, que Silva Nogueira soube cultivar com aquelas duas figuras dos palcos portugueses, permitiria simular em estúdio tal instantâneo. E os dois bailarinos, Corina e Francis, acabaram por estender essa cumplicidade a outros palcos já que tiveram oportunidade de se apresentarem juntos em muitas ocasiões, não só em revistas em Portugal como até mesmo em Paris, em representação oficial, apresentando os bailados portugueses nas acções de propaganda que António Ferro organizava naquela cidade7.

6 “Jazz Band” in Ilustração, 4º ano, Nº 90, 16 de Setembro de 1929, p. 1-2. 7 Cf. “Conferences: Université des Annales, Gabrielle Réval, Une heure au Portugal” in Journal des débats politiques et littéraires, A. 146º, Nº 66, 9/3/1934, p. 4

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Porventura para a fotografia e o retrato fotográfico em Portugal o quadro estético de cumplicidade entre Francis e Silva Nogueira representou um passo importante para a alteração de um paradigma que muito era devedor das profundas transformações que a imagem estava a sofrer nos mais diversos domínios. Muito beneficiou Silva Nogueira dessa parceria cúmplice que estabeleceu com Francis. Naturalmente que esse trabalho não pode ser dissociado de uma pesquisa que aquele fotógrafo levava ao cabo, simultaneamente, com outras importantes figuras da cena portuguesa como Luísa Satanela ou Corina Freire. No entanto é notório que no trabalho com Francis, Silva Nogueira estava a ir ainda mais longe, nomeadamente no desafio às convenções morais do seu tempo, situação que o fotógrafo assume ousadamente até mesmo nos nus que expôs em exposições internacionais. Essa mudança de paradigma relativamente à exposição pública do corpo teve profundas consequências no contexto fotográfico português e até mesmo no conjunto da sociedade, mas essa é uma questão que já foge ao âmbito deste texto. Referências: AAVV (1999), Verde Gaio: uma companhia portuguesa de bailado (1940-1950), Lisboa: Museu Nacional do Teatro. REBELO, Luís Francisco (1979), O Teatro Simbolista e Modernista (1890-1939), Lisboa: Instituto de Cultura Portuguesa. SANTOS, Victor Pavão dos (1978), A Revista à Portuguesa, Lisboa: O Jornal.

Mafalda Lourenço Pós-graduada em Jardins e Paisagem pela FCSH da UNL e licenciada em Agronomia pelo ISA, Museu Nacional do Teatro e da Dança. Paulo Baptista Investigador do Museu Nacional do Teatro e da Dança, doutorando em História da Arte Contemporânea, Investigador do IHA da FCSH--UNL, co-editor da revista Gardens & Landscapes of Portugal.

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