FOTOGRAFIA E MEMÓRIA NA CONTEMPORANEIDADE: JUVENTUDE EM FOCO

July 24, 2017 | Autor: L. Feliciano | Categoria: Educação, Juventude, Fotografia, Memória social
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FOTOGRAFIA E MEMÓRIA NA CONTEMPORANEIDADE: JUVENTUDE EM FOCO

LUIZ ANTONIO FELICIANO*

INTRODUÇÃO

A tecnologia tem produzido novas experiências, na contemporaneidade. De certa maneira, essas práticas vêm transformando a relação com o tempo, com o espaço, com o Outro, com a realidade. As experimentações, na atualidade, nem sempre estão relacionadas à atitude extensional. Muitas das vezes, as experiências nascem de processos representativos oferecidos pelos diversos aparelhos tecnológicos e informacionais. Isso não quer dizer que, outrora, experimentar a realidade fosse diferente, provada por todos os sentidos, experimentada na sua inteireza, mas, sim, porque havia uma intensidade no curto espaço geográfico que era oferecido. As dimensões territoriais, construídas no imaginário eram difíceis de ser comprovadas. O lar, a escola, o trabalho, eram os espaços territoriais em que tudo se resumia. Com a televisão o mundo ficou maior do que aquele imaginado. As outras cidades, os outros países existiam. Tudo podia ser confirmado através das imagens. Paradoxal, mas era um mundo que se expandia. As ruas e os bairros próximos não existiam na televisão. Lá, o mundo oferecido era outro. Esses dois mundos têm se aproximado mais com a regionalização das Emissoras de TV. As invenções e inovações tecnológicas não cessaram. A internet deu outra dinâmica na relação espaço-tempo. Apenas um clique para tudo que era distante se aproximar. Com ela pode se tocar, virtualmente – ou visualmente para ser mais preciso –, aquele mundo da televisão. Os espaços se encurtaram e o google maps contribuiu para que a experimentação virtual acontecesse. É o “olhar viajante” que encontra, aí, a concretude. A precisão dos detalhes dos locais a serem visitados pode ser vistos através das imagens. O contato efetivo *Faculdade de Educação – Unicamp – Grupo Violar – Doutorando em Educação – [email protected]

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jamais poderá proporcionar isso. Não, essas experiências visuais não se tornaram mais intensas, apenas os ângulos das câmeras, dispostas em locais inusitados, captam uma representação da realidade, diferente das observações do olhar in loco. Por outro lado, a presença, no local, possibilita um vivenciar mais alargado dos sentidos da experimentação. A tecnologia ainda não deu conta de (re)presentar o cheiro, o toque, o paladar. Estar presente é a melhor maneira de uma experiência intensificada e um vivenciar a realidade na sua inteireza. Essas transformações tecnológicas têm construído novas subjetividades, novas relações? A juventude tem incorporado essas mudanças ao seu cotidiano e buscado novas experiências com o Outro e com o mundo? Quais os usos que o jovem faz das imagens que produz? A efemeridade, propiciada pela imagem, sobretudo a fotografia, tem mudado a relação do jovem com a sua memória? Os questionamentos suscitados dão o caminho que esse breve ensaio pretende percorrer. Eles emergem de uma quantidade ainda maior de outras questões que somente uma pesquisa profunda e intensa pode dar conta de oferecer problematizações consistentes. Nesse sentido, essa reflexão lança mão de alguns autores como Juarez Dayrell, Rosa Maria Bueno Fischer, Maria Helena Oliva Augusto, Mario Margulis, Marcelo Urresti, Maria Iciar Lozano Urbieta, Maria Rita Khell, Jaques Le Goff, Pilar Riaños-Alcalá, entre outros, para pensar a juventude, a fotografia e a memória. No entanto, outros temas podem surgir, mesmo que com menos ênfase, pois pensar o sujeito e as suas relações imbrica sacudir a cultura que envolve a todos que vivem em determinada sociedade. Tomara, esse texto possa sugerir novas reconfigurações.

JUVENTUDES: CONFIGURAÇÕES E NARRATIVAS Os discursos contemporâneos têm procurado explorar o termo “juventude” por diversos vieses. Cada área procura apresentar explicações a partir de seus olhares e suas experiências. A cultura, a educação, a mídia, as religiões, o mercado. Nada escapa ileso dessas tentativas de entender e, até mesmo, classificar essa geração. Mas, diante de tantas falas, o que é a juventude? Ela pode ser compreendida a partir de uma faixa etária que delimite a ânsia pela

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liberdade? Ou é apenas um discurso imposto pela mídia e pelo mercado na tentativa de alargar os limites etários para encaixar um número cada vez maior de pessoas? Ávidas consumidoras em potencial. Para todos os lados que se olhe, para todos os sons que se escute, para todos os gestos que se apresente há uma abundância de maneiras de ser jovem (DAYRELL, 2007: 1006). Cada grupo inventa e (re)inventa modos, estilos, características para diferenciar-se dos outros. A originalidade é buscada a todo instante e cada particularidade, por menor que seja, deve ser exaltada como uma especificidade do grupo. São competições que dimensionam o termo juventude ou, melhor, as diversas juventudes que se constroem culturalmente. Para se pensar a juventude é importante reconhecer a construção sócio-cultural-histórica do grupo abordado (MARGULLIS; URRESTI, s. D, p. 1). Enquanto grupo social, a juventude sofre todas as influências da sociedade, seja no campo econômico, simbólico e ideológico. Diferentes são os olhares lançados pelos adultos sobre as maneiras de ser jovem, numa tentativa de homogeneização das diversas juventudes. (URBIETA, 2003, p. 13). Nesse sentido, o olhar dos mais velhos procura um enquadramento do jovem em uma fôrma social. Suas instabilidades, caracterizadas pelos seus anseios e suas aspirações, são sempre vistas como período marcado pela transitoriedade. De certa maneira, a juventude é vista como um tempo de reclusão, necessário para a chegada à vida adulta. Uma fase em que não se é mais criança, mas ainda não se atingiu o amadurecimento que caracteriza o ápice do desenvolvimento, encontrado no adulto (KEHL, 2004; MEIRA, 2009; MCCARTHY e SOUZA, 2010). No entanto, o mercado procura valorizar aspectos característicos da juventude. O pós-modernismo deu ao jovem todas as liberdades reclamadas e poupou-o de qualquer responsabilidade (Khel, 2004: p. 93.). Com todos os direitos garantidos e sem a necessidade de assumir qualquer dever, os jovens passam a ser vistos como um grande segmento mercadológico. Com isso, um discurso que promove o alargamento da faixa etária que compreende essa fase de incertezas, se torna palavra de ordem. A potencialidade desse filão se escora no mito da “eterna juventude”. Se, antigamente, ser adulto era o sonho da juventude (PAIS, 2009), hoje, essa mesma juventude, perenizada, é desejada por todo adulto. Além disso, a criação, e supervalorização da chamada “terceira

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idade” esvazia o espaço reservado ao adulto. Quem vai querer assumir a obrigação de tomar decisões e ser cobrado, mais tarde, pelas escolhas feitas? Quem irá assumir a responsabilidade de cuidar dos mais novos e dos mais velhos? Quem se encarregará de pensar um mundo diferente? Há uma carência de novos adultos. Essa opção adulta pela juventude, a todo custo, pode trazer conseqüências aos próprios jovens que se veem sem um referencial sólido para seguir. Para Khel, Eles (os jovens) buscam encontrar na vida dos mais velhos alguma perspectiva de futuro, mas encontram um espelho deformado de si próprios. Quando os adultos se espelham em ideais teen, os adolescentes ficam sem parâmetros para pensar o futuro. Como ingressar no mundo adulto onde nenhum adulto quer viver? O que os espera, então? (KHEL, 2004, p. 97. O grifo é nosso)

É difícil traçar um caminho sem uma referência segura. De certa maneira, é o discurso do mercado que oferece a saída para essa encruzilhada que ele mesmo criou. Carpe Dien! Viva o presente é a palavra de ordem. Se os adultos que já chegaram ao futuro não têm preocupação alguma, não é o jovem quem vai ter. O objetivo generalizado de toda a sociedade passa a ser “viver o presente e aproveitar a vida que passa”. Parece que passado, presente e futuro não necessitam de nenhuma conexão. O Futuro não está comprometido pelo presente, pois não há nada neste que permita visualizar o que está por vir naquele (BAUMAN, 2005, p. 74.). O presente se oferece como um refúgio do passado e do futuro (AUGUSTO, 2005.). É a momentaneidade da experiência. O tempo da Juventude é o momento de experimentar as coisas, as relações, a vida. Outrora, a experiência tinha significado de conhecimento amparado pela “sabedoria do saber fazer” (AUGUSTO, 2005.). Consumir é o ato – e o discurso – que vai estar presente em todas as fases da vida. Consumir as coisas, consumir o tempo, consumir-se. Um discurso que é construído, e reforçado a todo instante, no processo de socialização da sociedade contemporânea, através de todas as instituições. A família, a igreja, o trabalho, a escola e, sobretudo, a mídia. Nada sai incólume dos chamusques ditados pelo mercado. Para Deleuze (1992), a sociedade passou de um modelo disciplinar para outro controlável. Nas sociedades disciplinares, era um recomeçar a cada momento, no novo modelo, a formação constante é a “bola da vez”. A insatisfação com as conquistas torna-se inevitável.

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“Mais, mais e mais”, a todo instante, sempre. “As coisas devem estar prontas para o consumo imediato. As tarefas devem produzir resultados antes que a atenção se desvie para outros esforços. Os assuntos devem gerar frutos antes que o entusiasmo pelo cultivo acabe” (BAUMAN, 2005: p 81.). Rapidez, efemeridade, inconstância fazem parte do cotidiano. Essas transformações foram promovidas pelas novas tecnologias ou elas apenas foram as respostas que a sociedade ansiava? A fotografia assume outro papel nessas novas relações da sociedade contemporânea? Outras problematizações devem eclodir a partir de um olhar mais apurado sobre a temática da juventude. No entanto, essas questões que desabrocham nos movem para outros caminhos mais próximos de nossos olhares.

FOTOGRAFIA: NOVOS OLHARES, NOVAS EXPERIÊNCIAS, NOVAS MEMÓRIAS As novas tecnologias têm propiciado uma geração de jovens que nasce e configura-se a partir de uma simultaneidade de mídias visuais (Schwertner; Fischer, 2012). Isso tem possibilitado uma absorção maior e uma digestão, cada vez mais natural, de todos os recursos oferecidos pelas inovações tecnológicas e informacionais. Para as gerações menos contemporâneas, essa naturalidade não é tão evidente. Há sempre restrições, para grande parte dos mais velhos, quando o assunto é a utilização desses novos aparatos tecnológicos. Nessa convergência midiática, a fotografia se potencializa. O cotidiano se reveste de inúmeras possibilidades de atos fotográficos. É nas possibilidades de ruptura do cotidiano (PAIS, 1993: p. 108.), caracterizadas pelas coisas frívolas e anódinas, que a fotografia contemporânea encontra refúgio. Cenas comuns que recebem um tratamento diferenciado para ser fotografado. A pulverização das câmeras, propiciada pelo seu barateamento, e a facilidade de manuseio dos equipamentos, conseguida com a tecnologia digital, tem gerado um automatismo na produção de imagens. No anelo de que nada se perca, procura-se fotografar tudo e todos, como Antonino, personagem do conto “A aventura de um fotógrafo” (CALVINO, 1992.), que conhece o limite entre a loucura e a sanidade, por conta de suas aventuras fotográficas. Essa aflição no registro visual de tudo encontra guarida em outra prática comum na

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contemporaneidade, a enorme vontade em apagar tudo que não está legal. E o restante, geralmente, cai no esquecimento, num prazo não muito longo. Fotografar e deletar são atividades concomitantes. De “momento decisivo”¹†, tanto estimado por Cartier-Bresson, a momento decidido, entre as centenas de cliques sequenciais de uma mesma cena, a fotografia se deleita na sua paradoxal estratégia de “morder o próprio rabo”. Porém, fazer uso de um aparelho que possa produzir imagens é utilizar-se de uma determinada linguagem para produzir, ou (re)produzir, um discurso. Como todo signo é uma construção histórico-social, toda forma de linguagem é, por si só, ideológica, pois trasveste uma realidade. A fotografia se reveste dessa potencialidade de reapresentar algo, assim como todo processo sígnico, porém, nesse caso, através da luz. Solange Jobim destaca que é “na linguagem, e por meio dela, que construímos a leitura da vida e da nossa própria história”. (1998, p. 21. Grifos da autora.). Nesse sentido, a prática fotográfica é mais uma das maneiras, dentre as diversas existentes, que o jovem encontra para construir os discursos e as falas que provém das suas leituras sobre o mundo e sobre as relações que o permeiam. Isso é possível pela sua incorporação às novas linguagens que a tecnologia potencializou – a fotografia é apenas uma delas. Mesmo com uma enorme capacidade reflexiva, na fotografia é inerente uma capacidade refrativa, por ela inverter, interferir, interpretar e alterar o objeto representado, dado todas as escolhas técnicas e compositivas pertinentes ao fotógrafo, seja ele profissional ou amador (MACHADO, 1984, p. 14.). Os elementos significativos do pensar, do sentir e do agir dessa geração são retratados nas fotografias cotidianas produzidas a partir da vivência juvenil. A informatização instaurou uma prática fotográfica desvinculada da necessidade da técnica e lançou o fotógrafo numa atividade sempre clamada pelo olhar. O automatismo, que todo dispositivo oferece, deixa o Olhar livre das escolhas cognitivas e lança-o a um flanar visual com menos empecilhos. Não que as fotografias estejam totalmente libertas de qualquer interferência ideológica. Muito pelo contrário, toda produção de discurso vem engendrada por outros discursos. Nesse sentido, as 1

De todos os meios de expressão, a fotografia é o único que fixa um momento preciso. Nós jogamos com coisas que desaparecem, e quando desaparecem, é impossível fazê-las. (CARTIER-BRESSON, Henri. O imaginário segundo a natureza. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2004.p.18-19.)

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fotografias que o jovem tem produzido, certamente, oferecem as leituras que ele tem feito da realidade que lhe é dada. Nos registros visuais encontram-se as experiências que a juventude tem vivenciado no cotidiano. Um vivenciar as coisas, diferente de outras gerações. A experimentação da vida, intermediada pelo aparelho, sugere uma necessidade de marcar o tempo vivido, para que a realidade não escorra por entre os dedos. Essa nova relação com o tempo se distingue pela velocidade que a tecnologia exige. Uma rapidez que sugere um distanciamento das fases vividas anteriormente. De certa maneira, isso evoca um saudosismo cada vez mais frequente no jovem, que vê suas experiências, mesmo as mais recentes, como um passado distante. Para Schwertner e Fischer, (...) o instigante modo de ver a si mesmo como alguém que passa, que some no tempo, numa velocidade incontrolável, o que tem levado muitos de nossos jovens a agarrar-se, comoventemente, a seu passado tão próximo, como se ele pudesse escapar e abandoná-los irremediavelmente. (SCHWERTNER; FISCHER, 2012, 415.)

Nesse sentido, enquanto sujeito, o jovem se apropria do aparato imagético, seja fotográfico ou videográfico, para situar-se no topos e no cronos da vida diária. Essa nova relação com o tempo dá indícios da necessidade da busca excessiva pela lembrança. Isso, de acordo com Fischer (2008, p. 674.), “está relacionado ao bombardeio de informação e, consequentemente, ao medo do esquecimento”. A fotografia possibilita esse recordar a todo instante, apenas com um clique no computador²‡. A relação da fotografia com a memória ganha, com isso, novos ares? Para Le Goff (1992: 457), as inscrições são formas de exteriorização da memória. São, de certo modo, potencializadoras da memória coletiva, que se constrói a partir de uma vivência em conjunto, por determinado grupo social. A fotografia é a grande revolucionária da memória (LE GOFF, 1992: 466.), por permitir uma democratização e uma multiplicação, com precisão e verdades visuais. No entanto, ela se junta às diferentes formas de memória do cotidiano (RIAÑOS-ALCALÁ, 2005: 97; STALLYBRASS, 1999: 18.) – objetos, roupas, lugares – para possibilitar (re)apresentar os traços do ausente, em outro lugar. Esses elementos da memória têm forte presença representativa e narrativa na cotidianidade. Nesse sentido, a

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Entre os jovens não é muito comum a prática de ampliar as fotografias feitas.

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fotografia vai contribuir na constituição dessas narrativas sempre pautadas pelo lugar do fotógrafo diante da realidade fotografada. Parar refletir sobre o jovem contemporâneo é necessário lançar um olhar para os diferentes meios representativos que o envolve. Desse modo, as tecnologias digitais devem ser exploradas e relacionadas ao cotidiano juvenil. De certa maneira, essas práticas se incorporam ao cotidiano das juventudes como uma extensão de seu próprio viver. É impossível pensar uma vida do jovem sem os celulares, as câmeras fotográficas, o notebook, o computador, a internet, pois tudo é tão comum para a nova geração. Essa vivência na tecnologia foi facilitada, ainda mais, pela convergência das mídias. No mesmo aparelho encontram-se todas as funções necessárias ao sujeito. Rádio, televisão, dispositivo móvel – para acesso à internet –, câmera fotográfica, câmera de vídeo, livro digital, editor de texto e, em alguns casos, telefone. É quase imprescindível realizar um curso avançado para entender todas as funções. Assim, fica mais fácil não se perder em cada uma delas. Mas o jovem sabe muito bem como explorar todo o potencial de qualquer aparelho. De certa maneira, esse novo modo de relacionar-se com a realidade potencializa as novas tecnologias como objeto para a pesquisa. Nesse sentido, entender o papel da fotografia na constituição da memória do jovem, na contemporaneidade, é o objetivo do projeto que dá origens a essas reflexões. Um entendimento que nasça das narrativas orais, que surjam a partir das fotografias já produzidas, nas suas experiências, e que circulam pelos sites de relacionamento. Ou, mesmo, as que estejam esquecidas em algum arquivo, dentro de seus computadores. Pois, memória e esquecimento são operações cognitivas que caminham juntas e guardam seus respectivos valores. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A contemporaneidade tem produzido novas maneiras de experienciar a realidade. A hibridização dos aparelhos disponibiliza funções que proporcionam inúmeras possibilidades. Gravar vídeo, fotografar, enviar mensagem, acessar internet e, ainda, telefonar. Todas as funções afastam o indivíduo das experiências mais densas, aquelas afetam (LARROSA,

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2002). Esses novos meios têm contribuído para moldar as juventudes por diferentes modos. A interação do jovem com o outro e com o mundo se refizeram a partir dos aparatos tecnológicos. Seus dizeres, sua capacidade comunicativa e suas produções simbólicas ganharam novas roupagens. As produções imagéticas são apenas algumas das diversas formas culturais de ecoarem suas falas. A fotografia é mais uma dessas maneiras de dizer os anseios e as preocupações com futuro e, como outrora, um modo de carregar as inscrições do passado. Na escola, na rua, nas associações, nas redes sociais, nos diversos espaços de sociabilidade, a convivência acontece em todos os momentos. São constantes as configurações e reconfigurações dos grupos. Essas mudanças de sujeitos nos grupos ampliam, ainda mais, as possibilidades de crescimento individual e coletivo. Seus modos de agir sofrem interferência dos amigos, dos professores, dos pais, da mídia. No entanto, com a internet a interferência é mútua. Todos são afetados por essa vivência na tecnologia. Essa dinâmica cada vez mais interativa requer olhos bem atentos, tanto dos pesquisadores como de toda sociedade. Esse ensaio procurou problematizar a tríade juventude, fotografia e memória, numa perspectiva mais reflexionada. Não tinha pretensão alguma de esgotar as temáticas, como os autores citados o fazem de forma exaustiva e consistente. Mas, contudo, procurou-se, de maneira ponderada e atenta, debruçar sobre questões que os temas tem feito submergir com as observações provenientes da pesquisa e, ainda, a partir de mergulhos por pesquisas de outros pesquisadores. Oxalá, as inferências, aqui apontadas, possam contribuir, de forma contundente, para problematizações, ainda mais substanciais, sobre a juventude e as relações com a memória, sobretudo, a partir do uso da fotografia.

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