Fracos e Fortes no Nietzsche

May 25, 2017 | Autor: E. Dos Santos Rocha | Categoria: Friedrich Nietzsche, Filosofía
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FRACOS E FORTES NO NIETZSCHE



Nietzsche na sua filosofia quer corroer a Metafísica baseada em Platão, Descarte ou Kant (canônica). Para isso, ele se utiliza investigando nossa linguagem e como usamos nossa linguagem. Ele observa e persegue os "adjetivos morais". Ele discute o seguinte algo no começo da Filosofia platônica e da ética. Ele começa perguntando: o que é o bom? Por que usamos a palavra bom e como? Só que ele analise que essa palavra possui uma peculiaridade. Bom possui dois contrários ou antônimos. Ora nós usamos bom, mas como antônimo temos mau. Ora usamos bom e temos como contraponto ruim. É estranho. Como uma palavra se contrapõe a outras duas? Devemos investigar a linguagem. Significa que Nietzsche criou uma tipologia dos Fracos x Fortes, Sadios x Doentes e Senhor x Escravo. Por ser uma tipologia não são sujeitos empíricos propriamente existentes no mundo, não diz respeito ao homem concreto de carne e osso. É na verdade, um tipo psicológico. Vemos isso no seu livro Genealogia da Moral. Surge então, uma arma contra a Metafísica.
Qual tipo psicológico usa o bom como contraponto o ruim? Ele percebe que bom – ruim é utilizado pelos fortes, os nobres e os sadios. Eles são bons e lutam contra os ruins (os ausentes de técnica, capacidade, tática ou força). O seu adversário é ruim porque ele não luta bem. Ele não é mau! Agora, os fracos (doentes, escravos) usam a linguagem de outra maneira: bom e mau. Eu fraco sou o bom, o bonzinho e nossos adversários (os fortes) são maus! Eles não são ruins. Não se julga a técnica do forte, mas sim, sua crueldade. Há, portanto, uma avaliação moral do fraco perante o forte! Os fortes não fazem avaliação moral porque para eles o que está em jogo é a técnica. Eles fracos, não inábeis nas armas. E o forte ao engolir esse discurso (de ser o mau), lhe começa a causar uma má consciência, começa a titubear e cede ao discurso do fraco. Ele forte começa a ter arrependimento, seus pelos de lobo agora viraram pelos de ovelha animais de rebanho.
A história caminha dizendo que os fracos são os que vencem fazendo uma revolução na moral. Aí é que está o pulo do gato. Os fracos através da linguagem inventam a capacidade de se poder mudar de vocabulário. Não existe opção. Os fracos acham que ao adotar esse discurso o forte acabaria por optar diferente: eu (forte) poderia não ser mau. Ele forte poderia não ser cruel e ser que nem eu (fraco) o bom! O forte não entende isso. É da natureza do forte se estranhar. É da natureza do lobo comer as ovelhas. Ele gosta tanto delas que quer comê-las. Engolir esse vocabulário de que o mau é uma opção do forte é cair em sedução. Essa mensagem do fraco é moderna e cristã, e de certa forma burguesa. Os fracos não podem fazer isso. O máximo que o forte pode fazer é ficar com má consciência. Porque eles perderiam suas práticas de domínio do cotidiano. O sujeito mudar de mau para bom é uma falsa ideia. O sujeito não existe! O "sujeito" é uma invenção do modo de falar do fraco. A metafísica cartesiana do (sujeito – subjetividade) sofre uma batida tão forte porque o "sujeito" é uma ficção da gramática.





NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da Moral: Uma Polêmica. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, pp. 18-46.
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