Francisco A. Silva Rocha, 1864-1957: o professor e o homem

August 5, 2017 | Autor: M. Ferreira Rodri... | Categoria: History of Education, História Da Educação, Biografia
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SILVA ROCHA, 1864FRANCISCO A. A. SILVA -1957: O -1957: O PROFESSOR PROFESSOR E EO O HOMEM HOMEM Ferreira RODRIGUES RODRIGUES Manuel Ferreira Universidadede deAveiro Aveiro Universidade

PALAVR ASAVE PA L AV R A S- C H AV E

Ensino Industrial; Industrial; Aveiro; Aveiro; Professor Professor Ensino I D: 703 ID:

CD-ROM DE | 2877 | COLUBHE COLUBHE 2012 CD-ROM DE ATAS ATAS 128771 2012

Necessitamos de saber muito mais sobre Necessitamos sobre a vida vida dos professores (Goodson, 2007, p. 66).

Introdução Introdução Com este este texto, texto, pretendo pretendo gizar gizar um um esboço esboço biográfico biográfico do do fundador fundador da da Escola Escola Industrial Industrial ee Com Comercial de Aveiro, Aveiro, Francisco Francisco A. A. Silva Silva Rocha Rocha (1864-1957), (1864-1957), tentando tentando entrever, entrever, na na fragmentada fragmentada Comercial de e lacunar e lacunar informação informação do do arquivo arquivo da da escola, escola, bem bem como como nas nas esparsas esparsas referências referências da da imprensa imprensa local nos poucos poucos documentos documentos publicados publicados pelo pelo arquivo arquivo da da sua sua família, família, o o homem homem e eo professor. local ee nos o professor. Procurando mais oo «professor-como-pessoa» «professor-como-pessoa» do do que que oo «professor-como-profissional» «professor-como-profissional» (Good(GoodProcurando mais son, 2007, diversas dimensões vida son, 2007, p. p. 73), 73), quero quero perceber perceber as as relações relações entre entre as as diversas dimensões do do percurso percurso de de vida de Silva Rocha Rocha — – que, que, além além de de professor professor e e diretor diretor da da referida referida escola, escola, também também foi foi desenhador, desenhador, de Silva ilustrador, pintor, arquiteto, arquiteto, gestor gestor da da Caixa Caixa Económica Económica de de Aveiro e, mais mais tarde, tarde, do do Banco Banco RegiRegiilustrador, pintor, Aveiro e, onal de Fábricas JeróJeróonal de Aveiro, Aveiro, membro membro do do Conselho Conselho de de Administração Administração da da empresa empresa cerâmica cerâmica de de Fábricas nimo Pereira Campos, Campos, SA, SA, tendo tendo até até participado participado ativamente ativamente na na vida vida política política local, local. pretendo, pretendo, nimo Pereira desse modo, contribuir contribuir para para uma uma reflexão reflexão partilhada partilhada sobre sobre o o papel papel da da biografia biografia na na educação, educação, desse modo, em geral, em geral, e e na na história história da da educação, educação, em em particular. particular. O âmbito âmbito cronológico cronológico deste deste esboço esboço abrange abrange aa longa longa trajetória trajetória de de cerca cerca de de quarenta quarenta anos anos O da vida deste deste professor professor (e (e da da cidade cidade onde onde exerceu exerceu aa sua sua atividade), atividade), entre entre 1893 1893 e e 1934. 1934. Em Em da vida 1893, ano da fundação da Escola de Desenho Industrial de Aveiro, o jovem desenhador das 1893, ano da fundação da Escola de Desenho Industrial de Aveiro, o jovem desenhador das Obras Públicas, que que era era então então Silva Silva Rocha, Rocha, tinha tinha 29 29 anos; anos; em em 1934, 1934, ano ano em em que que abandona abandona as as Obras Públicas, funções docentes, contava contava 70. 70. Exerceu Exerceu aa docência docência num num período período peculiar peculiar muito conturbado da da funções docentes, muito conturbado história de Portugal. Portugal. Como Como mostrou mostrou António António José José Tela Telo (1990, (1990, pp. pp. 11-23), 11-23), esse esse período período de de crise história de crise profunda, entre 1890 e o fim da I República, «é uma manifestação das dificuldades da Europa profunda, entre 1890 e o fim da I República, «é uma manifestação das dificuldades da Europa do Sul, em em geral, geral, ee de de Portugal, Portugal, em em particular, particular, de de assegurar assegurar a a transição transição serena serena entre entre as do Sul, as demodemocracias liberais e elitistas, que marcam o século XIX, na Europa, para as democracias de cracias liberais e elitistas, que marcam o século XIX, na Europa, para as democracias de masmassas, que são são aa regra regra no no século século XX». XX». Portugal Portugal era, era, então, então, um um país país rural, rural, pobre pobre e analfabeto. A A sas, que e analfabeto. taxa de escolarização passa de 22%, em 1890, para 27%, em 1930 (Paz, Rocha, & Candeias, taxa de escolarização passa de 22%, em 1890, para 27%, em 1930 (Paz, Rocha, 81 Candeias, 2007, pp. 36-37). 36-37). 2007, pp. Os fenómenos culturais colocados colocados sob sob oo lema lema do do «regresso» «regresso» — – os os «regressos» «regressos» conexos conexos Os fenómenos culturais da biografia, do do sujeito, sujeito, da da narrativa, narrativa, do do acontecimento, acontecimento, da da história história política, política, etc., etc., que que muitos muitos da biografia, situam nos decénios de 1970-1980 –, resultam, no domínio específico da história, do reconhesituam nos decénios de 1970-1980 —, resultam, no domínio específico da história, do reconhecimento geral das das «limitações «limitações das das análises análises de de tipo pois estas cimento geral tipo macro», macro», pois estas «privilegiam «privilegiam o o coletivo, coletivo, as as massas, os fenómenos de recorrência, reservando um espaço reduzidíssimo – ou mesmo nulo – massas, os fenómenos de recorrência, reservando um espaço reduzidíssimo — ou mesmo nulo — ao indivíduo» (Mendes, (Mendes, 1992, 1992, p. p. 357). 357). Na Na verdade, verdade, devido devido «à crise epistemológica epistemológica que que se ao indivíduo» «à crise se abaabateu sobre as ciências humanas e, em especial, sobre a escrita da história, o género biográfico teu sobre as ciências humanas e, em especial, sobre a escrita da história, o género biográfico ganhou novo fôlego fôlego no no interior interior do do saber saber historiográfico, historiográfico, impulsionado impulsionado em em grande grande parte parte pela pela ganhou novo denominada ‘micro-história’» (Paziani, 2009, p. 56). Mas, se essa «crise» for vista de outros denominada 'micro-história'» (Paziani, 2009, p. 56). Mas, se essa «crise» fo r vista de outros ângulos, perceberemos melhor melhor por por que que razão razão a a sociedade sociedade se se está está a a tornar «cada vez vez mais ângulos, perceberemos tornar «cada mais biobiográfica» (Bessin, 2009, p. 1213 e 18). Alguns autores, como Bisso Schmidt (2003), procuraram gráfica» (Bessin, 2009, p. 1213 e 18). Alguns autores, como Bisso Schmidt (2003), procuraram compreender emergência da da biografia biografia àà luz luz do do conceito conceito de de regime regime de de FranFrancompreender aa emergência de historicidade, historicidade, de çois Hartog que afirma (1995, p. 1220): çois Hartog que afirma (1995, p. 1220): J’entends par là une formulation savante de J'entends par là une formulation savante de l’expérience Vexpérience du du temps temps qui, qui, en en reretour, modèle nos façons de dire et de vivre notre propre temps. Un régime tour, modèle nos façons de dire et de vivre notre propre temps. Un régime d’historicité ouvre et et circonscrit circonscrit un espace de travail et pensée. Il d'historicité ouvre un espace de travail et de de pensée. II rythme rythme l’écriture du temps, représente un ‘ordre’ du temps, auquel on peut sousVécriture du temps, représente un 'ordre' du temps, auquel on peut souscrire, ou au au contraire contraire (et (et le le plus plus souvent) souvent) vouloir vouloir échapper, échapper, en en cherchant cherchant à crire, ou à en élaborer en élaborer un un autre. autre. Desde os os anos anos 70-80, 70-80, assistiu-se, assistiu-se, de de facto, facto, aa um um grande grande interesse interesse pluridisciplinar pluridisciplinar pelo pelo Desde método biográfico (cf. Ferrarotti, 1991, ed. francesa de 1979; Passeron, 1990) e pelas histórias método biográfico (cf. Ferrarotti, 1991, ed. francesa de 1979; Passeron, 1990) e pelas histórias (cf. 6Ó,, 1999, 1999, ed. ed. francesa francesa de de 1983), 1983), independentemente independentemente da da diversidade diversidade das das formas formas de vida (cf. de vida

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assumidas da solidez solidez teórico-metodológica teórico-metodológica que que as as sustentavam. sustentavam. Entre Entre 1984 a biograassumidas ee da 1984 e e 1999, 1999, a biografia teve um um crescimento crescimento de de 66% 66% na na produção produção editorial editorial francesa francesa (Musiedlak, (Musiedlak, 2007, 2007, p. p. 103). 103). Em Em fia teve Portugal, esse Portugal, esse movimento movimento terá terá registo registo idêntico, idêntico, embora embora com com atraso atraso de de alguns alguns anos. anos. Pensemos, Pensemos, tão-só, na monumental monumental coleção coleção de de biografias biografias dos dos reis reis de de Portugal, Portugal, entre entre um um vasto vasto ee diverso diverso tão-só, na Dicionário de conjunto de outras outras obras obras biográficas, biográficas, como como na na publicação publicação do do volumoso volumoso Dicionário conjunto de de EducadoEducadores Portugueses (2003), que educativo,, que, que alarga alarga extraordinariamente extraordinariamente o o campo campo educativo que, como como salienta salienta res Portugueses (2003), António Nóvoa (Pereira, (Pereira, Vieira, Vieira, 81 & Nóvoa, Nóvoa, 2006, 2006, p. p. 111), 111), «não «não se se esgota esgota no no ensino ensino e na pedapedaAntónio Nóvoa e na gogia», pois «abrange «abrange uma uma diversidade diversidade de de práticas práticas ee de gogia», pois de percursos percursos biográficos». biográficos». Naturalmente, porque Naturalmente, porque não não há há regimes regimes de de historicidade historicidade puros, puros, pois pois as as mudanças mudanças paraparadigmáticas são lentas, lentas, oo renovado renovado interesse interesse pela pela biografia biografia foi foi acompanhado, acompanhado, desde desde o início, por por digmáticas são o início, reflexões críticas desencontradas desencontradas sobre sobre os os fundamentos fundamentos epistemológicos epistemológicos da da biografia. biografia. AlguAlgureflexões ee críticas mas correntes mas correntes sociológicas sociológicas advertiram-nos advertiram-nos de de que que o o indivíduo indivíduo não não é éo o mais mais simples simples dos dos elemenelementos sociais, «o «o indivíduo indivíduo não não éé oo fundador fundador do do social, social, mas mas antes antes um um seu seu produto produto sofisticado», sofisticado», tos sociais, como assinala Franco Franco Ferrarotti Ferrarotti (1991, (1991, p. p. 176), 176), para para quem quem «a «a verdadeira verdadeira unidade unidade elementar como assinala elementar do do social éé oo grupo meu). Em O queijo queijo ee os os vermes: vermes: grupo primário» primário» (Itálico (itálico meu). Em 1976, 1976, Cano Carlo Ginsburg Ginsburg publica publica O social em 1985, 1985, é é dada dada à à estampa estampa o quotidiano e e as moleiro perseguido o quotidiano as ideias ideias de de um um moleiro perseguido pela pela Inquisição Inquisição;; em A herança Imaterial. imaterial. Trajetória Trajetória de de Giovanni Giovanni Levi. Levi. A herança de um um exorcista exorcista no no Piemonte Plemonte do do século século XVII XVII,, de No ano seguinte, Pierre Bourdieu, em «L'illusion biographique» (1998, p. 185), recusa aceitar No ano seguinte, Pierre Bourdieu, em «L'illusion biographique» (1998, p. 185), recusa aceitar que uma história história de de vida vida seja seja «o «o relato relato coerente coerente de de uma uma sequência sequência de de acontecimentos acontecimentos com com que uma significado direção», pois pois isso isso equivaleria equivaleria aa «conformar-se «conformar-se com com uma uma ilusão ilusão retórica, retórica, uma uma reresignificado ee direção», presentação comum da da existência existência que que toda toda uma uma tradição tradição literária literária não não deixou deixou ee não não deixa deixa de de presentação comum reforçar», pelo que importa reconstruir a «superfície social», numa pluralidade de campos, reforçar», pelo que importa reconstruir a «superfície social», numa pluralidade de campos, aa cada instante. Em Em 1991, 1991, num num ensaio ensaio de de ego-história ego-história (trad. (trad. portuguesa portuguesa de de 1992, 1992, p. p. 123), 123), GearGeorcada instante. ges Duby dá amplamente conta das transformações operadas nos anos anteriores. Nesse ges Duby dá amplamente conta das transformações operadas nos anos anteriores. Nesse livro livro (1992, pp. 123-124), 123-124), «o «o primeiro primeiro dos dos epígonos epígonos de de Marc Marc Bloch Bloch ee de de Lucien Lucien Febvre Febvre que que aceitou aceitou (1992, pp. Guillaume le –, escrever biografia de de um um 'grande ‘grande homem'» homem’» — – aa biografia biografia de de Guillaume escrever aa biografia le Maréchal Maréchal (1987) (1987) —, esclarece: «Na realidade, realidade, eu eu não não me me desviava desviava uma uma polegada polegada do do meu meu percurso. A única esclarece: «Na percurso. A única mudanmudança, bastante importante, reconheço-o, dizia respeito à forma. Eu regressava sem rodeios à narça, bastante importante, reconheço-o, dizia respeito à forma. Eu regressava sem rodeios à narrativa. Contava uma uma história, história, seguindo seguindo oo fio fio dde destino pessoal. pessoal. Todavia, Todavia, permanecia permanecia rativa. Contava e uum m destino sempre na história-problema, história-problema, na na história-questão. história-questão. A A minha minha pergunta pergunta mantinha-se mantinha-se aa mesma: mesma: oo sempre na que é aa sociedade sociedade feudal?». feudal?». Dois Dois anos anos depois, depois, em em 1989, 1989, Jacques Jacques Le Le Goff mais longe que é Goff vai vai mais longe ao ao citar citar apud Schmidt, 2003, p. 63): «Uma biografia permite lançar um um depoimento de Guenée ( um depoimento de Guenée (apud Schmidt, 2003, p. 63): «Uma biografia permite lançar um primeiro olhar sobre sobre aa opressiva opressiva complexidade complexidade das das coisas coisas [...], […], permite permite conceder conceder mais mais atenção atenção primeiro olhar ao acaso, ao acontecimento, aos encadeamentos cronológicos […]; apenas ela pode dar aos aos ao acaso, ao acontecimento, aos encadeamentos cronológicos [...]; apenas ela pode dar historiadores sentimento do do tempo tempo vivido vivido pelos pelos homens». homens». Nesse Nesse mesmo mesmo ano, ano, Giovanni Giovanni Levi Levi historiadores oo sentimento (1998, pp. 167-168) salientava que «a maioria das questões metodológicas da historiografia (1998, pp. 167-168) salientava que «a maioria das questões metodológicas da historiografia contemporânea diz respeito respeito àà biografia, biografia, sobretudo sobretudo as as relações relações com com as as ciências ciências sociais, sociais, os os proprocontemporânea diz blemas das escalas de análise e das relações entre as regras e as práticas, bem como aqueles, blemas das escalas de análise e das relações entre as regras e as práticas, bem como aqueles, mais complexos, referentes referentes aos aos limites limites da da liberdade liberdade ee da da racionalidade racionalidade humanas». humanas». Por Por essa essa mais complexos, Saint Louis (1996) e S. Francisco altura, Jacques Le Goff publica duas importantes biografias – altura, Jacques Le Goff publica duas importantes biografias — SaMt Louis (1996) e 5 Francisco (2000, ed. ed. francesa francesa de de 1999) 1999) — – que que alargaram alargaram oo movimento movimento de de discussão discussão sobre sobre as as de Assis (2000, de Assis relações entre a biografia e a história. relações entre a biografia e a história. Tornou-se evidente evidente que que aa linearidade linearidade homogénea homogénea ee diacrónica diacrónica da da construção construção narrativa, narrativa, Tornou-se um tanto à maneira da narrativa oral do tempo da produção artesanal, é anacrónica inconum tanto à maneira da narrativa oral do tempo da produção artesanal, é anacrónica ee incongruente, uma vez vez que, que, como como salienta salienta Walter Walter Benjamin Benjamin (1994), (1994), no no tempo tempo da da produção produção capitalisgruente, uma capitalisapud Huizinga, 2006, p. 15) 15) ta, o real é fragmentado, descontínuo. Noutro plano, Huizinga ( ta, o real é fragmentado, descontínuo. Noutro plano, Huizinga (apud Huizinga, 2006, p. deixa uma advertência: advertência: oo historiador historiador deve deve «colocar-se «colocar-se constantemente constantemente num num ponto ponto do passado deixa uma do passado em que os fatores conhecidos pareçam admitir resultados diferentes. Se falar de Salamina, em que os fatores conhecidos pareçam admitir resultados diferentes. Se falar de Salamina, deverá fazê-lo como como se se os os Persas Persas ainda ainda pudessem pudessem ganhar; ganhar; se se falar falar do golpe de do BruBrudeverá fazê-lo do golpe de Estado Estado do

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mário, então Bonaparte Bonaparte não não poderá poderá ainda ainda ter ter sido sido ignominiosamente ignominiosamente repelido». repelido». Por Por outro lado, mário, então outro lado, 2004, p. p. 83), 83), «a «a linguagem linguagem não não deve deve ser como adverte Katherine Katherine Hayles Hayles (apudPena, (apud Pena, 2004, como adverte ser entendida entendida como instrumento como instrumento passivo passivo de de transmissão transmissão de de informação, informação, mas, mas, ao ao contrário, contrário, como como um um espaço espaço produtivo de complexos complexos processos processos de de comunicação comunicação interativos». interativos». Sem Sem querer querer (ou (ou poder) poder) diluir diluir produtivo de as diferenças, o o historiador historiador está, está, assim, assim, numa numa condição condição próxima da do do romancista. as diferenças, próxima da romancista. O O debate debate continua, continua, centrado, centrado, tanto tanto nos nos problemas problemas da da escrita, escrita, como como no no difícil difícil problema problema das complexas relações relações entre entre o o indivíduo indivíduo ee aa sociedade. sociedade. Defendendo Defendendo a a especificidade especificidade da da «bio«biodas complexas grafia política» de de «indivíduos «indivíduos que que marcaram marcaram oo seu seu tempo tempo — – cujo cujo tempo tempo teria teria sido sido diferente se grafia política» diferente se eles não eles não tivessem tivessem vivido», vivido», Maria Maria de de Fátima Fátima Bonifácio Bonifácio (2007) (2007) entende entende que que com com isso isso não não quer quer dizer «que não não se se possa possa ou ou deva deva fazer fazer biografia biografia de de personagens personagens anónimos anónimos ee banais, banais, mas mas — – dizer «que estes personagens, personagens, e e as constituem mero esclarece – neste neste caso caso estes esclarece — as suas suas vidas, vidas, constituem mero sintoma sintoma de de uma uma sociedade ou ou de de uma uma época, sintomático.. Este tipo são tratados tratados precisamente precisamente pelo pelo seu seu valor valor sintomático Este tipo sociedade época, ee são » (Itálicos (itálicos meus). de biografia éé portanto dos métodos métodos possíveis de biografia portanto um u m dos possíveis para para fazer fazer história história social social» meus). Parece-me excessivo atribuir atribuir tal tal valor valor ao ao político, político, em em detrimento detrimento da da força força das das ideias ideias de de que que ele ele Parece-me excessivo mesmo se mesmo se alimenta alimenta ee do do regime regime de de historicidade historicidade que que o o habita. habita. Independentemente Independentemente de de outras outras considerações, pergunto: onde onde se se situa situa aa fronteira fronteira entre entre o o homem homem «anónimo «anónimo e e banal» banal» e o hohoconsiderações, pergunto: eo mem que marcou marcou oo seu seu tempo, tempo, «o «o grande grande personagem personagem histórico»? histórico»? Nos Nos extremos, extremos, aa distinção distinção mem que parece-me óbvia. Mas, e nos casos que se situariam a meio de uma escala imaginária, parece-me óbvia. Mas, e nos casos que se situariam a meio de uma escala imaginária, entre entre o o «homem anónimo ee banal» banal» ee oo «grande «grande homem»? homem»? E E os os homens homens de de ciência, ciência, os os filósofos, filósofos, os os «homem anónimo poetas, os artistas, artistas, os os empresários? empresários? É É tudo tudo «matéria «matéria prima» prima» da da história história social? social? Todavia, Todavia, quero quero poetas, os realçar que aa importância importância política política da da família família Pinto Pinto Basto Basto (como (como aa da da família família política política dos dos Pinto Pinto realçar que Basto), na região de Aveiro, foi decisiva para um conjunto de transformações locais, a que não Basto), na região de Aveiro, foi decisiva para um conjunto de transformações locais, a que não escapam própria Escola Escola de de Desenho Desenho Industrial Industrial ee o percurso de Rocha. escapam aa própria o percurso de Silva Silva Rocha. É, pois, no quadro do debate epistemológico sobre as relações entre a biografia biografia e e aa históhistóÉ, pois, no quadro do debate epistemológico sobre as relações entre a ria – aqui aqui evocado evocado de de forma forma sucinta sucinta ee imperfeita imperfeita —, –, advertido advertido dos dos perigos perigos e e da da dimensão dimensão da da ria — tarefa, mas não imune ao erro, que pretendo traçar um esboço biográfico do professor Silva tarefa, mas não imune ao erro, que pretendo traçar um esboço biográfico do professor Silva Rocha. Atendendo ao ao reduzido reduzido espaço espaço disponível, disponível, de de algum algum modo modo não não escapei escapei àà linearidade linearidade Rocha. Atendendo diacrónica. 1. A criação criação da da Escola Escola de de Desenho Desenho Industrial de Aveiro Aveiro 1. A Industrial de Francisco Augusto Augusto da da Silva Silva Rocha Rocha nasceu nasceu na na Vacariça, Vacariça, no no concelho concelho da da Mealhada, Mealhada, em em 24 24 Francisco de setembro de 1864. O seu pai, José Augusto da Silva, natural de Ançã, Cantanhede, era cande setembro de 1864. O seu pai, José Augusto da Silva, natural de Ançã, Cantanhede, era canteiro (Rodrigues, 199613; 1996b; 6 Ó,, 2003, 2003, p. p. 1199). 1199). Até Até 1893, 1893, ano ano da da fundação fundação da da Escola Escola de de Desenho Desenho teiro (Rodrigues, Industrial de Aveiro, pouco se sabe da sua vida. Pelo menos, até àquela data, terá vivido em Industrial de Aveiro, pouco se sabe da sua vida. Pelo menos, até àquela data, terá vivido em Vagos, terra natal natal da da sua sua mãe, mãe, Vitória Maria da da Rocha, Rocha, e Vagos, terra Vitória Maria e de de Vagos Vagos terá terá partido partido para para Aveiro. Aveiro. Tinha certamente estudado desenho para poder, em 1887, com 23 anos de idade, ser ser Tinha certamente estudado desenho para poder, em 1887, com 23 anos de idade, nomeado desenhador de de segunda segunda classe classe efetivo efetivo dos dos Serviços Serviços Técnicos Técnicos de de Obras Obras Públicas Públicas (Fer(Fernomeado desenhador nandes, 2008, p. 29 e 36). Dois anos depois, era desenhador da Repartição de Obras Públicas nandes, 2008, p. 29 e 36). Dois anos depois, era desenhador da Repartição de Obras Públicas do Distrito de de Aveiro. Aveiro. Desejando Desejando «frequentar «frequentar a Academia de de Belas Belas Artes do Distrito a Academia Artes de de Lisboa», Lisboa», solicitou solicitou aa ibidem ). É possível que já transferência para aquela cidade, mas o seu pedido não foi atendido ( transferência para aquela cidade, mas o seu pedido não foi atendido (Ibidem). É possível que já então ensinasse desenho desenho na na «Escola «Escola Privativa» Privativa» da da Fábrica Fábrica de de Porcelana Porcelana da da Vista Vista Alegre, Alegre, pois, pois, então ensinasse em 1891, há há testemunho testemunho de de que que era era um um dos dos três três desenhadores desenhadores da da Direção Direção das Públicas em 1891, das Obras Obras Públicas de Aveiro ee professor professor naquela naquela escola. escola. Mas Mas fábrica fábrica viria viria aa encerrar encerrar a a escola, escola, criada criada em em 1884, 1884, de Aveiro empenhando-se na fundação de uma escola de desenho industrial, em Aveiro, a expensas da empenhando-se na fundação de uma escola de desenho industrial, em Aveiro, a expensas da Câmara Municipal de de Aveiro. Aveiro. ÉÉ neste neste contexto contexto que que Silva Silva Rocha Rocha se se torna torna professor professor da da escola escola Câmara Municipal industrial criada nesta cidade, em 1893. Vejamos. industrial criada nesta cidade, em 1893. Vejamos. Em 1865, respondendo respondendo ao ao 9.º Em 1865, 9 . quesito da Comissão do Inquérito Industrial, essa empresa afirmou: «As operações de fábrica, para que que mais mais convém convém oo auxílio auxílio das das escolas escolas industriais, são 0 «As q uoperações e s i t o de fábrica, para afirmou: industriais, são aquelas queadependem dependem principalmente principalmente dos dos princípios princípios do do desenho» desenho» (cf. (cf. Rodrigues, Rodrigues, 1993, 34). d que aquelas 1993, p. p. 34). C o m i s s ã o d o I n q u é r i t o I n d u s t CD-ROM DE | 2881 | COLUBHE COLUBHE 2012 CD-ROM DE ATAS ATAS 128811 2012 r i a l ,

Estranha resposta esta, esta, pois pois aa fábrica fábrica assegurava assegurava aa formação formação profissional profissional dos dos seus seus aprendizes aprendizes Estranha resposta de outros setores setores com com os os técnicos técnicos estrangeiros estrangeiros contratados. contratados. É É possível possível que que os Basto estede outros os Pinto Pinto Basto estejam jam por por detrás detrás da da iniciativa iniciativa (gorada) (gorada) de de criação criação de de uma uma escola escola industrial industrial (noturna), (noturna), em em Aveiro, Aveiro, – seria em 1867 (Rodrigues, (Rodrigues, 1993, 1993, p. p. 28), 28), pois pois uma uma das das disciplinas – Desenho em 1867 disciplinas — Desenho Aplicado Aplicado às às Artes Artes— seria assegurada por João João da da Maia Maia Romão Romão (1837-1914), (1837-1914), também também desenhador desenhador das assegurada por das Obras Obras Públicas, Públicas, em em Aveiro, com Artes do do Aveiro, com quem quem Silva Silva Rocha Rocha terá terá trabalhado. trabalhado. Com Com oo curso curso da da Academia Academia das das Belas Belas Artes Porto, João da da Maia Maia Romão Romão era era professor professor do do Liceu Liceu de de Aveiro, Aveiro, desde desde 1861, 1861, ee assinou assinou um um signifisignifiPorto, João cativo número de de projetos projetos desta desta cidade, cidade, no no século século XIX. XIX. Era Era amigo amigo de de José José Estêvão Estêvão e, e, como como cativo número este, muito este, muito próximo próximo dos dos Pinto Pinto Basto. Basto. Em 1882, por por ocasião ocasião do do Centenário Centenário da da morte morte do do Marquês Marquês de de Pombal, Pombal, Marques Marques Gomes Gomes Em 1882, Exposição Distrital. Distrital. O O êxito êxito dessa dessa importante importante propõe ao Grémio Grémio Moderno Moderno aa realização realização de de uma uma Exposição propõe ao mostra levou mostra levou aa referida referida associação associação local, local, fundada fundada no no ano ano anterior, anterior, aa anunciar anunciar oo seu seu propósito propósito de criar uma uma escola escola industrial industrial aa expensas expensas próprias. próprias. Nesse Nesse mesmo mesmo ano, ano, éé fundada fundada em em Aveiro Aveiro aa de criar Fábrica de Louça Louça da da Fonte Fonte Nova, Nova, que que procura procura no no Porto Porto ee em em Gaia Gaia os os pintores pintores de de que que necessitanecessitaFábrica de va. Ora, va. Ora, oo problema problema do do aliciamento aliciamento de de pintores pintores ee modeladores modeladores éé muito muito discutido discutido nesse nesse ConCongresso Indústria Cerâmica, Cerâmica, realizado realizado nno Porto, ma mas empresários aaíí reunidos reunidos não não gresso dda a Indústria o Porto, s oos s empresários conseguem chegar aa acordo acordo para para aa criação criação de de uma uma escola escola industrial, industrial, nos nos moldes moldes propostos propostos conseguem chegar (Rodrigues, 1993, p. 38). Todavia, em 1884, sem qualquer apoio dos poderes públicos, Duarte (Rodrigues, 1993, p. 38). Todavia, em 1884, sem qualquer apoio dos poderes públicos, Duarte Ferreira Pinto Basto Basto decide decide copiar copiar aa Fábrica Fábrica das das Devesas: Devesas: cria cria aa sua sua própria própria escola escola de de desenho desenho Ferreira Pinto e pintura, até até encontrar encontrar outra outra solução. solução. A A Fábrica Fábrica da da Fonte Fonte Nova Nova continuou continuou aa recrutar recrutar pintores e pintura, pintores no Porto Porto ee Gaia. Gaia. A realização do Inquérito Inquérito Industrial Industrial de e as as medidas medidas de de António António Augusto Augusto de A realização do de 1881, 1881, e de Aguiar Aguiar vide Alves, 2005, pp. pp. 100-133), 100-133), são são expressão expressão dos dos efeitos efeitos da da industrialização industrialização e Emídio Navarro Navarro ((vide e Emídio Alves, 2005, e da urbanização urbanização desse desse período. período. Localmente, Localmente, a a direção direção municipal, municipal, pressionada pressionada pelos pelos Pinto Basto e da Pinto Basto (a que se se juntam juntam os os seus seus correligionários correligionários da da Fonte Fonte Nova), Nova), pede pede ao ao Governo, Governo, em em 1884 1884 ee em em (a que 1889, apoio para a criação de uma escola industrial. Na «representação» de 1884, a Câmara 1889, apoio para a criação de uma escola industrial. Na «representação» de 1884, a Câmara de de Aveiro justifica-se, dizendo dizendo que que aa cidade cidade «tem, «tem, eem si ee nas nas proximidades, proximidades, importantíssimos importantíssimos Aveiro justifica-se, m si estabelecimentos artísticos e industriais». Evocando dificuldades várias, várias, em em 1892, 1892, oo Governo Governo transfere transfere aa administração administração do do AsiloAsiloEvocando dificuldades Escola Distrital de Aveiro para a Câmara Municipal de Aveiro (Leitão, 1966, p. 78). A direção do Escola Distrital de Aveiro para a Câmara Municipal de Aveiro (Leitão, 1966, p. 78). A direção do município, encabeçada ppor Jaime dde Magalhães Lima, Lima, aceita aceita contrariada contrariada essa essa incumbência, incumbência, município, encabeçada o r Jaime e Magalhães dada a exiguidade dos réditos concelhios. Além da formação militar e da prática da dada a exiguidade dos réditos concelhios. Além da formação militar e da prática da ginástica ginástica e e da esgrima, é é introduzida introduzida alguma alguma formação formação profissional profissional com com aa criação criação das das oficinas oficinas de de marcenamarcenada esgrima, ria ee alfaiataria. ria alfaiataria. Estava ali aa solução solução para para oo problema problema dos dos Pinto Pinto Basto. Basto. Em Em 18 1893, promoEstava ali 18 de de junho junho de de 1893, promovem uma manifestação pública, diante dos Paços do Concelho para exigirem a criação da escovem uma manifestação pública, diante dos Paços do Concelho para exigirem a criação da escola. Um dos dos vereadores, vereadores, Cano Carlo da da Silva Silva Melo Melo Guimarães, Guimarães, patrão patrão da da Fábrica Fábrica de de Louça Louça da da Fonte Fonte la. Um Nova, era vereador da Câmara Municipal de Aveiro. Nova, era vereador da Câmara Municipal de Aveiro. Dez dias depois, depois, salientando salientando aa importância importância das das fábricas fábricas referidas, que empregavam empregavam em em Dez dias referidas, que conjunto cerca de 400 trabalhadores, a Câmara pede apoio ao Governo para a criação de uma conjunto cerca de 400 trabalhadores, a Câmara pede apoio ao Governo para a criação de uma escola de desenho desenho industrial, industrial, nas nas instalações instalações do do Asilo-Escola, Asilo-Escola, onde onde se se ministraria ministraria «o «o ensino ensino do do escola de desenho geral e industrial» aos asilados, «aproveitando ao mesmo tempo aos estranhos ao desenho geral e industrial» aos asilados, «aproveitando ao mesmo tempo aos estranhos ao um pequeno número » (Itálico (itálico meu). A asilo pela admissão admissão às às lições lições da da escola escola de de u asilo pela m pequeno número de de operários operários» meu). A petição enaltece o apoio da Fábrica da Vista Alegre, «que põe à disposição do Asilo, por empetição enaltece o apoio da Fábrica da Vista Alegre, «que põe à disposição do Asilo, por emescola de desenho que préstimo, mobília, modelos modelos ee mais mais material material da da escola préstimo, aa mobília, de desenho que em em tempo tempo existiu existiu na na , e concorre com 50$000 réis para a instalação». A terminar, a Câmara pede mesma fábrica mesma fábrica, e concorre com 50$000 réis para a instalação». A terminar, a Câmara pede que, «para coadjuvar coadjuvar tão tão vantajoso vantajoso empreendimento», empreendimento», seja seja nomeado nomeado Silva Silva Rocha Rocha «para «para reger reger que, «para uma cadeira de desenho industrial», sem prejuízo para a sua situação no quadro das Obras uma cadeira de desenho industrial», sem prejuízo para a sua situação no quadro das Obras Públicas (Rodrigues, 1993, 1993, p. p. 43). 43). Públicas (Rodrigues,

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No final de de agosto agosto desse desse mesmo mesmo ano, ano, Bernardino Bernardino Machado Machado vem vem aa Aveiro, Aveiro, visitando visitando as as No final duas fábricas referidas referidas (Rodrigues, (Rodrigues, 1996a, 1996a, p. p. 11). 11). Nessa Nessa ocasião, ocasião, Bernardino Bernardino Machado Machado deixa, duas fábricas deixa, na na fábrica da fábrica da Fonte Fonte Nova, Nova, aa promessa promessa de de criação criação da da escola escola ;; na na Vista Vista Alegre, Alegre, também também Silva Silva Rocha Rocha mostrou ao ministro ministro aa falta falta que que aa escola escola fazia. fazia. Assim, Assim, por por decreto decreto de de 28 28 de de outubro de 1893, 1893, é é mostrou ao outubro de criada Escola de de Desenho Desenho Industrial Industrial de de Aveiro, Aveiro, competindo competindo à à Câmara Câmara «a «a administração administração discicriada aa Escola disciplinar ee financeira técnica». financeira ee ao ao dito dito Ministério Ministério aa direção direção ee inspeção inspeção técnica ». Era Era uma uma situação situação inédita, inédita, plinar que se verificou, verificou, também, também, na na Figueira Figueira da da Foz Foz (Costa, (Costa, 1990, 1990, p. p. 97). 97). Na Na verdade, verdade, aa Câmara Câmara não não que se iria cumprir aa sua sua parte, parte, pois pois provou provou ser ser incapaz incapaz de de prover prover aa todas todas as as despesas; despesas; não não dispunha dispunha iria cumprir sequer dos sequer dos 1.500$000 1.500$000 réis réis necessários necessários àà sua sua instalação instalação (mobiliário, (mobiliário, material material pedagógico, pedagógico, etc.). etc.). A escola escola foi foi inaugurada inaugurada em em 11 11 de de agosto do ano ano seguinte, seguinte, com com a a presença presença de A agosto do de António António ArArroio de Silva Silva Rocha, Rocha, que que se se tornaram tornaram amigos amigos desde desde esta esta data. data. Instalada Instalada em em condições condições muito muito roio ee de precárias (numa precárias (numa dependência dependência de de um um edifício edifício particular), particular), em em 55 de de Outubro, Outubro, aa escola escola abre abre as as portas aos 107 107 alunos alunos inscritos: inscritos: 14 14 da da Fábrica Fábrica da da Vista Vista Alegre; Alegre; 15 15 da da Fábrica Fábrica da da Fonte Fonte Nova Nova ee portas aos 12 do Asilo. Asilo. Os Os restantes restantes 66 66 tinham tinham proveniência proveniência diversa, diversa, como como diversas diversas eram eram as as suas suas profisprofis12 do sões. Estes sões. Estes números números permitem permitem afirmar afirmar que que os os Pinto Pinto Basto Basto conseguiram conseguiram libertar-se libertar-se das das grandes grandes despesas com aa formação formação de de 14 14 aprendizes aprendizes ee com com aa remuneração remuneração de de Silva Silva Rocha, Rocha, bem bem como como despesas com das outras despesas despesas de de funcionamento funcionamento da da escola. escola. E, E, desse desse modo, modo, Silva Silva Rocha Rocha entrava entrava no no esesdas outras treito clube treito clube das elites aveirenses. De facto, aa família família Pinto Pinto Basto Basto tinha tinha enorme enorme preponderância na política política local. local. A De facto, preponderância na A propósito propósito O Nauta de ílhavo, Ílhavo, escrevia: escrevia: «Todas «Todas as as nossas nossas autoridades autoridades concelhias, concelhias, das eleições de de 1908, 1908, O das eleições Nauta,, de se não são são totalmente totalmente progressistas, progressistas, estão, estão, totalmente totalmente — – totalmente, totalmente, ouçam ouçam bem! bem! — – ligadas ao se não ligadas ao Sr. Alberto Ferreira Pinto Basto, por favores recebidos ou pelo seu valor político, pelo seu caráSr. Alberto Ferreira Pinto Basto, por favores recebidos ou pelo seu valor político, pelo seu caráter popular ou ou pela pela sua sua grande grande fortuna. fortuna. Está Está aa câmara câmara municipal municipal [...], [...], está está a a fazenda, fazenda, está está a ter popular a administração e até o juízo de paz. A política predominante, em Ílhavo, é, como veem, a do Sr. administração e até o juízo de paz. A política predominante, em ílhavo, é, como veem, a do Sr. Alberto Ferreira Pinto Pinto Basto. Basto. E E há há de de continuar continuar aa sê-lo sê-lo com com qualquer qualquer governo governo — – progressista, progressista, Alberto Ferreira amarelista, franquista, regenerador ou nacionalista –, enquanto não houver um homem respeiamarelista, franquista, regenerador ou nacionalista —, enquanto não houver um homem respeitável com dinheiro dinheiro bastante bastante que que monte monte uma uma fábrica fábrica que que dê trabalho equivalente equivalente ao ao que tável ee com dê trabalho que dá dá a a da Vista Alegre. Trabalho e lucros, que é como quem diz: sustente suficientemente centenas de da Vista Alegre. Trabalho e lucros, que é como quem diz: sustente suficientemente centenas de famílias». Duarte Ferreira Ferreira Pinto Pinto Basto, Basto, que que dirigiu dirigiu a empresa, entre entre 1882 foi procurador procurador famílias». Duarte a empresa, 1882 e e 1909, 1909, foi à Junta Geral do Distrito, presidente da Câmara Municipal de Ílhavo e vereador na de Aveiro. Aveiro. à Junta Geral do Distrito, presidente da Câmara Municipal de ílhavo e vereador na de Nesta cidade, ainda ainda que que mais mais discreta, discreta, aa influência influência dos dos Pinto Pinto Basto Basto foi foi considerável. considerável. Nesta cidade, 2. Silva 2. Silva Rocha Rocha ee aa «sua» «sua» escola No triénio de 1893-1895, Gustavo Ferreira Ferreira Pinto Pinto Basto Basto é Misericórdia, tendo No triénio de 1893-1895, Gustavo é provedor provedor da da Misericórdia, tendo a seu lado lado Silva Silva Rocha, Rocha, que que permanece permanece como como mesário, mesário, entre 1893 e e 1915 1915 (Barreira, (Barreira, 1998, 1998, pp. pp. a seu entre 1893 221-222). Em 1896, quando decorria o terceiro ano letivo da escola, Silva Rocha casa com 221-222). Em 1896, quando decorria o terceiro ano letivo da escola, Silva Rocha casa com Olinda Augusta Soares, Soares, filha filha do do «brasileiro» «brasileiro» João João Pedro Pedro Soares, Soares, também também mesário mesário nos nos dois dois manmanOlinda Augusta datos anteriores, referido na imprensa local como um «benemérito», pois colaborou com Gusdatos anteriores, referido na imprensa local como um «benemérito», pois colaborou com Gustavo F. Pinto Pinto Basto Basto na na edificação edificação do do Teatro Teatro Aveirense Aveirense ee noutras noutras obras obras da da cidade, cidade, após após o o seu seu tavo F. regresso do Brasil. Esse casamento foi decisivo para os destinos da escola. Como o próprio Silva regresso do Brasil. Esse casamento foi decisivo para os destinos da escola. Como o próprio Silva sonho – aa palavra palavra éé sua sua — – da da construção construção do do novo novo edifício edifício para para Rocha reconheceria, em em 1911, 1911, oo sonho— Rocha reconheceria, a Escola Industrial só foi possível «por um acaso de vida, o da ligação com a família do primitia Escola Industrial só foi possível «por um acaso de vida, o da ligação com a família do primitivo proprietário», seu seu sogro. sogro. Sobre Sobre os os arcos arcos do do velho velho moinho moinho de de maré, maré, adquirido adquirido por por José José FerFervo proprietário», reira Pinto Basto, em 1830, seria construído um edifício de raiz para ali funcionar a «sua» reira Pinto Basto, e m 1830, seria construído u m edifício de raiz para a li funcionar a «sua» Escola. João Pedro Pedro Soares Soares morre morre em em 1907 1907 e, e, em em 1908, 1908, Silva Silva Rocha Rocha éé oo único único proprietário proprietário do do Escola. João imóvel. Recebia da Câmara uma renda de 350$000 réis anuais, pagos em prestações trimesimóvel. Recebia da Câmara uma renda de 350$000 réis anuais, pagos em prestações trimestrais. trais. Em 1901, sem sem deixar deixar aa Escola Escola Industrial, Industrial, Silva Silva Rocha Rocha substitui substitui João João da da Mala Maia Romão Romão na Em 1901, na Desenho, no no Liceu Liceu de de Aveiro. Aveiro. Em Em 1907, 1907, integra integra aa Comissão Comissão Instaladora Instaladora regência da cadeira cadeira de de Desenho, regência da

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da Creche Edmundo Edmundo Magalhães Magalhães Machado, Machado, aa primeira primeira creche creche da da região, região, instituída instituída pela pela Câmara Câmara da Creche Municipal de Aveiro. Aveiro. Em Em 1909 1909 integra integra oo grupo grupo que que homenageia homenageia Jaime Jaime de de Magalhães Magalhães Lima, Lima, de de Municipal de que fazem Teixeira Lopes, que fazem parte, parte, entre entre outros, outros, oo escultor escultor Teixeira Lopes, seu seu grande grande amigo. amigo. Com aa instauração instauração da da República, República, Silva Silva Rocha Rocha vai vai ser ser alvo alvo de de uma uma vindicta vindicta de de contornos contornos Com ainda obscuros, apesar apesar do do generalizado generalizado reconhecimento reconhecimento da da sua sua competência competência profissional, profissional, da da ainda obscuros, elevada estatura elevada estatura moral, moral, da da sua sua proverbial proverbial bondade, bondade, como, como, até, até, da da adesão adesão (formal) (formal) ao ao regime regime republicano. Em novembro novembro de de 1911, 1911, aa vereação vereação republicana, republicana, dirigida dirigida ppor um seu seu ex-aluno, ex-aluno, republicano. Em o r um toma um conjunto conjunto de de medidas medidas que que provocam provocam uma uma desorganização desorganização do do ensino, ensino, em em Aveiro. Aveiro. Em Em toma um relação àà Escola relação Escola de de Desenho Desenho Industrial, Industrial, aa Câmara Câmara queria queria que que Silva Silva Rocha Rocha aceitasse aceitasse uma uma enorenorme redução do do valor valor da da renda. renda. Aparentemente, Aparentemente, os os objetivos objetivos dessas dessas medidas medidas visavam visavam oo saneasaneame redução mento contas municipais. municipais. Na Na realidade, realidade, oo alvo alvo eera diretor dda escola, pelos pelos seus seus mento ddas a s contas ra oo diretor a escola, alinhamentos políticos, até então, então, alinhamentos políticos, bem bem como como aa Igreja Igreja ou ou os os chefes chefes da da monarquia monarquia que que dirigiam, dirigiam, até outros estabelecimentos de de ensino. ensino. Depois Depois de de Silva Silva Rocha, Rocha, que que foi foi transferido transferido para para Leiria, Leiria, deoutros estabelecimentos depois de uma uma passagem passagem por por Setúbal, Setúbal, também também oo Padre Padre José José Marques Marques Castilho Castilho foi foi transferido transferido para para pois de a Escola A LiberdaLiberdaAlmanaque A a Escola Normal Normal de de Leiria. Leiria. Mesmo Mesmo assim, assim, em em 1911, 1911, Silva Silva Rocha Rocha ilustra ilustra o o Almanaque do deputado deputado republicano republicano aveirense, aveirense, Alberto Alberto Souto. Souto. de de,, do Silva Rocha Rocha não não deixou deixou obra obra escrita. escrita. O O seu seu pensamento pensamento pedagógico pedagógico encontra-se encontra-se dissemiSilva disseminado pelas cartas trocadas, tanto com a Câmara, como com a administração central, que tudo nado pelas cartas trocadas, tanto com a Câmara, como com a administração central, que tudo controlava. É, especialmente, especialmente, nas nas cartas cartas que que dirige dirige àà Câmara Câmara de de Aveiro Aveiro que que Silva Silva Rocha Rocha se se controlava. É, mostra grande defensor defensor da da educação educação ee em em particular particular do do ensino ensino industrial industrial ee artístico, artístico, um um mostra uum m grande professor devotado aos aos seus seus alunos alunos ee às às atividades atividades económicas económicas da da região. região. Em Em 1900, 1900, opôs-se opôs-se à à professor devotado adoção do horário diário, pois iria prejudicar os operários fabris; em 1901, propôs que os pais adoção do horário diário, pois iria prejudicar os operários fabris; em 1901, propôs que os pais dos alunos fossem fossem notificados notificados da da assiduidade, assiduidade, aproveitamento aproveitamento ee comportamento comportamento moral moral dos dos dos alunos seus filhos; em 1908, lidera as pressões para a criação de uma Aula de Comércio (note-se que, seus filhos; em 1908, lidera as pressões para a criação de uma Aula de Comércio (note-se que, entre 1902 ee 1924, 1924, assiste-se assiste-se a a um um «surto «surto industrial» industrial» na região, que que desencadeou desencadeou uma uma grande entre 1902 na região, grande a procura de caixeiros e contabilistas (Rodrigues, 2010); em 1909, convida o seu amigo Ernesto a procura de caixeiros e contabilistas (Rodrigues, 2010); em 1909, convida o seu amigo Ernesto Korrodi proferir uma uma conferência, conferência, em em Aveiro, Aveiro, em em defesa defesa do do ensino ensino industrial. industrial. Após Após o o seu seu rereKorrodi aa proferir gresso a Aveiro, em 4 de novembro de 1912, Silva Rocha promove a colaboração das fábricas gresso a Aveiro, em 4 de novembro de 1912, Silva Rocha promove a colaboração das fábricas da região para para poder poder fornecer ensino prático prático e aos seus como defende da região fornecer um um ensino e útil útil aos seus alunos, alunos, como defende aa criação criação de uma escola de marinhagem. No final desse ano, Silva Rocha é membro da direção da Mesa de uma escola de marinhagem. No final desse ano, Silva Rocha é membro da direção da Mesa da Misericórdia de de Aveiro. Aveiro. Em Em 1915, 1915, preside preside à à Sociedade Sociedade Anónima Anónima Construtora Construtora e da Misericórdia e Administrativa Administrativa do Teatro Aveirense, período em que mantém relações com o Arquiteto Marques da Silva. Silva. Em Em do Teatro Aveirense, período em que mantém relações com o Arquiteto Marques da 1917, nomeado gerente gerente da da Caixa Caixa Económica Económica de de Aveiro. No ano ano seguinte, seguinte, Silva Silva Rocha Rocha integra1917, éé nomeado Aveiro. No integrava a Comissão Promotora para a construção do novo Hospital, com risco seu. Com o regresso va a Comissão Promotora para a construção do novo Hospital, com risco seu. Com o regresso a a Aveiro, em 1912, 1912, inicia inicia aa fase fase mais mais importante importante da da sua sua vida, vida, liberto liberto de de proteções proteções ee patrocínios, Aveiro, em patrocínios, fazendo valer aa sua sua competência competência profissional profissional e ea a grande grande capacidade capacidade para construir consensos. fazendo valer para construir consensos. Em 1914, 1914, com com aa criação criação do do Curso Curso Elementar Elementar do do Comércio, Comércio, aa escola escola adota adota aa designação designação Em de Escola Industrial e Comercial Fernando Caldeira. Com o pós-guerra, as despesas a esesde Escola Industrial e Comercial Fernando Caldeira. Com o pós-guerra, as despesas com com a cola «quadruplicaram». Para Para conservação conservação do do seu seu «bom-nome», «bom-nome», Silva Silva Rocha Rocha viu-se viu-se «obrigado «obrigado a cola «quadruplicaram». a abonar despesas do seu bolso». Em 1917, por exemplo, ele era responsável pela oficina de abonar despesas do seu bolso». Em 1917, por exemplo, ele era responsável pela oficina de pintura cerâmica, sem sem qualquer qualquer remuneração. remuneração. Mesmo Mesmo assim, assim, em em dezembro dezembro de de 1918, 1918, aa escola escola pintura cerâmica, passa a ser uma simples escola de «artes e ofícios», sendo instalada, no ano seguinte, nos passa a se r uma simples escola de «artes e ofícios», sendo instalada, no ano seguinte, nos corredores e noutros noutros espaços espaços improvisados improvisados da da Misericórdia Misericórdia de de Aveiro. corredores e Aveiro. A grande dedicação à Escola Industrial, as suas grandes qualidades humanas humanas ee também A grande dedicação à Escola Industrial, as suas grandes qualidades também o seu trabalho trabalho como como desenhador, desenhador, ilustrador ilustrador e e arquiteto o seu arquiteto tornam-no tornam-no uma uma referência referência incontornável incontornável na cidade, nas nas primeiras primeiras décadas décadas do do século século XX, XX, especialmente especialmente no no domínio domínio da da cerâmica. cerâmica. De De na cidade, facto, foram os os bons bons resultados resultados da da atividade atividade da da Escola Escola que que primeiro promoveram o o seu seu nome nome facto, foram primeiro promoveram na região e firmaram ligações decisivas no seu cheio, mas discreto, percurso biográfico. É grana região e firmaram ligações decisivas no seu cheio, mas discreto, percurso biográfico. É graças essa atividade atividade que que rodeia rodeia de de amigos amigos sinceros, sinceros, como como oo pintor pintor Cândido Cândido da da Cunha. Cunha. Silva Silva ças aa essa

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Rocha tinha consciência consciência da da importância importância do do seu seu trabalho trabalho ee da da «sua» «sua» escola escola para para oo desenvolvidesenvolviRocha tinha mento da região. região. Numa Numa breve breve avaliação avaliação dos dos resultados resultados de de duas duas décadas décadas de de atividade, atividade, dizia: dizia: mento da «É grande de deficiendeficien«É grande aa influência influência do do ensino ensino ministrado ministrado nesta nesta escola, escola, apesar apesar de te ainda muito muito teorizado, teorizado, pois pois o aluno devia devia tornar tornar concretos, te ee ainda o aluno concretos, por por meio meio do do trabalho oficinal, os os desenhos desenhos elaborados elaborados na na escola, escola, tornando-se tornando-se então então tratrabalho oficinal, trabalho eficaz balho eficaz aa sua sua aprendizagem, aprendizagem, fixando fixando assim assim melhor melhor os os produtos produtos da da sua sua inteligência habilidade. Antes Antes da da existência existência da da escola, escola, algumas algumas indústrias indústrias inteligência ee habilidade. existiam apenas no no seu seu estado estado rudimentar, rudimentar, acentuando-se acentuando-se de para cá cá existiam apenas de então então para o seu do ferro ferro,, da arte do da cantaria, cantaria, o seu progresso progresso material material ee artístico, artístico, tais tais como como a a arte pintura decorativa de estucador a arte » ((Itálicos itálicos meus). da da pintura decorativa,, de estucador ee a arte de de construir construi!» meus). Referindo-se à situação situação social social ee profissional profissional em em que que se alguns dos Referindo-se à se encontravam encontravam alguns dos mais mais disdistintos alunos de pintura pintura na na Fábrica tintos alunos da da escola, escola, destacava, destacava, «Duarte «Duarte Magalhães, Magalhães, mestre mestre da da oficina oficina de Fábrica da Vista Alegre; Alegre; Francisco Francisco Miller, Miller, mestre mestre da da formação formação na na mesma mesma fábrica; fábrica; António António Franco, Franco, gragrada Vista vador na referida referida fábrica; fábrica; António António Augusto Augusto da da Silva, Silva, construtor construtor civil; civil; António António de de Freitas Freitas 81 & F.º, vador na F.o, mestres canteiros; mestres canteiros; Joaquim Joaquim Ferreira Ferreira Barreto, Barreto, estucador estucador e e pintor pintor decorador; decorador; Francisco Francisco Luís Luís PereiPereira, pintor cerâmico cerâmico na na fábrica fábrica da da Fonte Fonte Nova; Nova; Carlos Carlos da da Silva Silva Ribeiro, Ribeiro, hoje hoje distinto distinto aluno aluno da da ra, pintor Academia Portuense de de Belas Belas Artes». Artes». É É evidente evidente que, que, noutras noutras circunstâncias, a lista lista seria seria bem bem Academia Portuense circunstâncias, a mais longa, pois não referiu o artista, músico e industrial João Aleluia, ceramistas e industriais mais longa, pois não referiu o artista, músico e industrial João Aleluia, ceramistas e industriais João Henrique Pereira Pereira Campos Campos — – que que fundaram fundaram aa importante importante empresa empresa cerâmica cerâmica Jerónimo Jerónimo João ee Henrique Pereira Campos 81 & Filhos Filhos depois depois de de terminarem terminarem oo curso curso na na escola escola —, –, oo oleiro oleiro José José Ferreira Ferreira de de Pereira Campos Barros, os serralheiros serralheiros João João ee Artur Artur Trindade, Trindade, os os «pais «pais da da serralharia serralharia aveirense», aveirense», ee tantos tantos ououBarros, os tros, não falando dos que formaria nos anos seguintes, como o pintor Lauro Corado, que tros, não falando dos que formaria nos anos seguintes, como o pintor Lauro Corado, que oo pintou, ou oo escultor escultor João João Calista, Calisto, que que lhe lhe fez fez um um busto. busto. pintou, ou Em 1919, perante a «despromoção» institucional, toda a a imprensa imprensa local toca aa rebate Em 1919, perante a «despromoção» institucional, toda local toca rebate em em defesa da escola escola — – esse esse «liceu «liceu do do povo» povo» — –e e exalta exalta oo nome nome do do «distinto «distinto professor» professor» tido tido como como defesa da «o verdadeiro nervo nervo do do progresso progresso da da escola escola ee das das suas suas oficinas oficinas [...]. [...]. A A sua sua ação ação educadora educadora éé «o verdadeiro das mais dignas dignas de de nota, nota, de de louvor louvor e de reconhecimento». reconhecimento». das mais e de Em 1921, Silva Rocha integra o movimento regionalista, sendo sendo elemento elemento preponderante preponderante Em 1921, Silva Rocha integra o movimento regionalista, da Comissão Central Central do do Congresso Congresso Beirão. Beirão. Nesse Nesse evento, evento, apresentou apresentou uma uma comunicação comunicação dedicadedicada Comissão da às questões do ensino industrial. Dois anos depois, Silva Rocha é vereador-substituto da da às questões do ensino industrial. Dois anos depois, Silva Rocha é vereador-substituto da equipa dirigida por por Lourenço Lourenço Peixinho Peixinho e, e, no no ano ano seguinte, seguinte, ocupa ocupa interinamente interinamente o o lugar lugar de de prepreequipa dirigida sidente da Associação Comercial de Aveiro, para a qual executa desenhos vários, como integra sidente da Associação Comercial de Aveiro, para a qual executa desenhos vários, como integra o Conselho de de Administração Administração da da empresa empresa cerâmica cerâmica de de construção, construção, Fábricas Fábricas Jerónimo Jerónimo Pereira Pereira o Conselho Campos, Filhos, SARL. Campos, Filhos, SARL. Em 1924, Silva Silva Rocha Rocha éé considerado considerado um um «aveirense «aveirense digno digno da da maior maior gratidão gratidão dos dos seus seus Em 1924, conterrâneos, que ao ensino popular tem dedicado toda a sua vida com a maior dedicação e conterrâneos, que ao ensino popular tem dedicado toda a sua vida com a maior dedicação e competência». Em 1926, 1926, éé vice-presidente vice-presidente da da Comissão Comissão Administrativa Administrativa da da Câmara Municipal de de competência». Em Câmara Municipal Aveiro. Em 1930, Silva Silva Rocha Rocha foi foi afastado afastado do do ensino. ensino. O O Conselho Conselho Escolar Escolar fez Em 1930, fez chegar chegar ao ao Ministério Ministério um texto de protesto que é uma homenagem, um gesto singelo de gratidão para com o homem um texto de protesto que é uma homenagem, um gesto singelo de gratidão para com o homem que devotou aa sua sua vida vida ao ao ensino ensino técnico, técnico, rogando rogando aa sua sua reintegração. reintegração. Atentemos Atentemos nesta nesta passapassaque devotou gem: gem: «Os professores ee mestres mestres da da Escola Escola Industrial Industrial ee Comercial Comercial Fernando Fernando CaldeiCaldei«Os professores ra, de Aveiro, veem com desgosto o afastamento do seu diretor, Francisco ra, de Aveiro, veem com desgosto o afastamento do seu diretor, Francisco Escola éé ele, Augusto da Silva Silva Rocha, Rocha, não não só só porque porque esta esta Escola Augusto da ele, ee aa sua sua vida vida está está , mas presa a ela por um labor de 36 anos sem intermitências nem desânimos presa a ela por um labor de 36 anos sem intermitênclas nem desânimos, mas ainda porque ninguém ninguém oo substituirá substituirá sem sem aquela aquela cópia cópia de de conhecimentos ainda porque conhecimentos que que faz com que todos, sem exceção de um só, tenham nele ao mesmo tempo faz com que todos, sem exceção de um só, tenham nele ao mesmo tempo um amigo ee um um mestre. mestre. Somos Somos daqueles daqueles que que sabem sabem quanto quanto éé espinhosa espinhosa aa um amigo

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missão que Silva Silva Rocha Rocha vem vem desempenhando desempenhando desde desde o o tempo em que que profesprofesmissão que tempo em sor desta escola escola era era só só ele, ele, e, e, por por isso isso mesmo, mesmo, sabemos sabemos quanto quanto o o seu seu afasafassor desta tamento da e ingratidão, tamento da Direção Direção desta desta escola escola representa representa dde ingratidão, mormente mormente no no momento em que que os os seus seus cabelos cabelos brancos brancos merecem merecem um um pouco pouco de de carinho carinho e e momento em gratidão». gratidão». Um Um mês mês depois, depois, Silva Silva Rocha Rocha éé reintegrado reintegrado ee alvo alvo de de palavras palavras de de muito muito apreço, apreço, sendo sendo sasalientado publicamente «que «que oo desenvolvimento desenvolvimento desta desta Escola Escola éé devido devido incontestavelmente incontestavelmente à à sua sua lientado publicamente persistente ação, sempre sempre norteada norteada pela pela inteligência inteligência ee manifestas manifestas qualidades qualidades pedagógicas». pedagógicas». Por Por persistente ação, essas razões, essas razões, «considerando «considerando aa cerâmica cerâmica nacional nacional ee nomeadamente nomeadamente a a regional regional muito muito lhe lhe ficam ficam devendo, pelo carinho carinho ee competência competência com com que que criou criou ee orientou orientou aa oficina oficina desta desta especialidade especialidade devendo, pelo nesta Escola; considerando considerando aa conveniência conveniência que que traduzirá traduzirá um um ato ato de de inteira inteira justiça justiça de de materialimaterialinesta Escola; zar não zar não só só oo sentimento sentimento de de apreço apreço em em que que éé tido tido pelo pelo corpo corpo docente, docente, mas mas também também quanto quanto aa Escola deve àà sua sua ação», ação», foi foi proposto proposto atribuir atribuir «à «à oficina oficina de de cerâmica cerâmica da da Escola Escola o o nome nome do do proproEscola deve fessor Silva Rocha, Rocha, como como homenagem homenagem perpétua perpétua aos aos elevados fessor Silva elevados serviços serviços que que oo mesmo mesmo prestou», prestou», ee criar um igualmente com com o o seu criar um prémio prémio para para os os melhores melhores alunos alunos igualmente seu nome. nome. Falar de de Silva Silva Rocha Rocha é, é, antes antes de de mais, mais, falar falar do do «professor-como-pessoa» «professor-como-pessoa» e e da da própria própria EsEsFalar cola Industrial que que abnegadamente abnegadamente serviu. cola Industrial serviu. Referências bibliográficas Referências bibliográficas Alves, L. L. A. A. M. M. (2005). (2005). O O Porto Porto no no arranque arranque do Ensino Industrial Porto: Edições Edições Alves, do Ensino Industrial (1851-1910) (1851-1910).. Porto: Afrontamento. Santa Casa Poder. Pobreza. Pobreza. Solidariedade. Solidariedade. AveiAveiBarreira, M. (1998). (1998). Santa Barreira, M. Casa da da Misericórdia Misericórdia de de Aveiro. Aveiro. Poder. ro: Santa Santa Casa Casa da Misericórdia de Aveiro.

Parcours de vie et quelques éléments Bessin, M. (2009). (2009). Parcours Bessin, M. de vie e t temporalités temporalltés biographiques: blographiques; quelques éléments de de propro. Informations sociales, 6(156), 12-21. blématique blématique. Informations sociales, 6(156), 12-21. Estudos de Bonifácio, M. F. F. (2007). (2007). Biografia Biografia ee conhecimento conhecimento histórico. histórico. In In Estudos Bonifácio, M. de História História ContempoContempo(pp. 241-253). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. rânea de Portugal rânea de Portugal (pp. 241-253). Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais. Usos ee abusos Bourdieu, P. (1998). (1998). AA ilusão ilusão biográfica. biográfica. In In M. M. d. d. M. M. Ferreira Ferreira & & J. J. Amado Amado (Eds.), (Eds.), Usos Bourdieu, P. abusos (2 ed.). Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas Editora. da História Oral da História Oral (2 ed.). Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas Editora. O ensino Costa, M. A. A. N. N. (1990). (1990). O Costa, M. ensino industrial industrial em em Portugal Portugal de de 1852 1852 aa 1900 1900 (subsídios (subsídios para para aa sua sua . Lisboa: Academia Portuguesa de História. história) história). Lisboa: Academia Portuguesa de História. A história história continua Porto: Edições Edições ASA. ASA. Duby, G. (1992). (1992). A Duby, G. continua.. Porto: Francisco da Silva Rocha (1864-1957). Arquitectura Arte Uma Fernandes, M. J. (2008). Fernandes, M. J. (2008). Francisco da Silva Rocha (1864-1957). Arquitectura Arte Nova. Nova. Uma Aveiro: Câmara Câmara Municipal Municipal de de Aveiro. primavera eterna. eterna. Aveiro: primavera Aveiro. Sociologia. Problemas Problemas ee PrátiFerrarotti, F. (1991). Sobre a autonomia do método biográfico. Sociologia. Ferrarotti, F. (1991). Sobre a autonomia do método biográfico. Práti9, 171-177. 171-177. cas cas,, 9, Goodson, I. F. F. (2007). (2007). Dar Dar voz voz ao ao professor: professor: as as histórias histórias de de vida vida dos dos professores professores e seu dedeGoodson, I. eo o seu Vidas de 63-78). Porto: Porto: senvolvimento profissional. profissional. In In A. A. Nóvoa Nóvoa (Ed.), (Ed.), Vidas senvolvimento de professores professores (pp. (pp. 63-78). Porto Editora. Porto Editora. Annales. Histoire, Histoire, Hartog, F. (1995). (1995). Temps Temps et et histoire. histoire. «Comment «Comment écrire écrire l’histoire de France?». France?». Annales. Hartog, F. l'histoire de , 50(6), 1219-1236. Sciences Sociales Sciences Sociales, 50(6), 1219-1236. História virtual Lisboa: Edições Edições tinta-da-china. tinta-da-china. Huizinga. (2006). História Huizinga. (2006). virtual.. Lisboa: S. Francisco de Assis (T. Costa, Trans.). Lisboa: Lisboa: Teorema. Teorema. Le Goff, J. (2000). Le Goff, J. (2000). 5 Francisco de Assis (r. Costa, Trans.). Aveiro ee oo Leitão, H. (1966). (1966). Apontamentos Apontamentos para para aa História História do do Asilo-Escola Asilo-Escola Distrital Distrital de de Aveiro. Aveiro. Aveiro Leitão, H. , 2, 77-84. seu Distrito seu Distrito, 2, 77-84. Usos ee abusos Levi, G. (1998). (1998). Usos Usos da da biografia. biografia. In In M. M. d. d. M. M. Ferreira Ferreira & & 3. J. Amado Amado (Eds.), (Eds.), Usos Levi, G. abusos da da (2 ed.). Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas Editora. história oral história oral (2 ed.). Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas Editora. Mendes, J. A. A. (1992). (1992). O O contributo contributo da da biografia biografia para para oo estudo estudo das das elites elites locais: locais: alguns alguns exemexemMendes, J.

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