FRONTEIRAS DA NARRATIVA, DE GÉRARD GENETTE - LEITURA DE VICENTE MARTINS

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FRONTEIRAS DA NARRATIVA GÉRARD GENETTE

Apresentação de artigo por Vicente Martins, durante a realização da disciplina Seminários Temáticos I, ministrada pela Profa. Dra. Sandra Maia Farias Vasconcelos (PPGL/UFC), em 25/01/2013.

GÉRARD GENETTE Crítico literário francês

Teórico da literatura

“O conjunto de escritos que envolve a história do mundo não tem medida. As histórias são trens em andamento, correndo sobre trilhos de memórias que não se terminam jamais e cujas alternâncias vão se transformando à medida que a história ganha novas feições e a escrita ganha novas modalidades, sempre à procura de sentido... (VASCONCELOS: 2011, p. 314)

“ A vida se desenha pela narrativa” (Sandra Maia Farias Vasconcelos, em Fortaleza, 24/01/2013, PPGL/UFC)

DEFINIÇÃO

DE

NARRATIVA “ Apresentação de um acontecimento ou de uma série de acontecimentos, reais ou fictícios, por meio da linguagem e, mais particularmente, da linguagem escrita” (GENETTE: [1971] 2009, p. 265)

NARRATIVA COMO EXPRESSÃO LITERÁRIA Exposição de um acontecimento ou de uma série de acontecimentos mais ou menos encadeados, reais ou imaginários, por meio de palavras ou de imagens (HOUAISS: 2009)  Prosa literária (conto, novela, romance etc.), caracterizada pela presença de personagens inseridos em situações imaginárias (HOUAISS: 2009)  O conjunto das obras de determinado autor ou de uma determinada época, de um país etc. (HOUAISS: 2009) 

A DEFINIÇÃO CORRENTE DE

NARRATIVA

MÉRITOS

INCONVENIENTES Apagar as fronteiras do seu exercício

Evidência  Simplicidade

Apagar as condições de sua existência

ESTUPOR DE PAUL VALÉRY

“A

MARQUESA SAIU ÀS CINCO HORAS” 

 

 

A marquesa saiu à francesa às cinco horas A marquesa saiu de fininho às cinco horas A marquesa saiu do armário às cinco horas A marquesa saiu fora de si às cinco horas A marquesa saiu ventando às cinco horas

OS LIMITES DA NARRATIVA Quais os jogos de oposições por meio dos quais a NARRATIVA se define, se constitui em face das diversas forma da NÃO NARRATIVA?

PRIMEIRA FRONTEIRA DIEGESIS

MIMESIS

Do grego διήγησις (história)

Do grego μίμησις (imitação)

FORMA DRAMÁTICA DISCURSO INDIRETO

FORMA NARRATIVA DISCURSO DIRETO

“Mimesis é diegesis” (GENETTE: [1971] 2009, p.272)

SEGUNDA FRONTEIRA NARRAÇÃO

DESCRIÇÃO

Representações de ações e de acontecimentos

Representações de objetos e personagens

“ O homem aproximou-se da mesa e apanhou uma faca” (GENETTE: [1971], p.273)

“ A casa é branca com um telhado de ardósia e janelas verdes”(GENETTE: [1971], p.273)

DESCRIÇÃO NOS GÊNEROS NARRATIVOS (EPOPEIA,

CONTO, NOVELA, ROMANCE)

Ancilla narrationis (GENETTE: [1971] 2009, P.273)

NARRATIVO E DESCRITIVO

“Deve-se considerar as funções diegéticas da descrição, isto é, o papel representado pelas passagens ou os aspectos descritivos na economia geral da narrativa” (GENETTE: [1971] 2009, p. 274)

AS FUNÇÕES DA DESCRIÇÃO Ornamental (Classicismo, Barroco) Significativa (Realismo, Naturalismo)

SIGNO

CAUSA

EFEITO

DESCRIÇÃO NO ROMANCE “ [...] Trazia a cabeça

sempre velada por um manto de algodãozinho, cujas curelas prendia aos alvos dentes, como se, por um requinte de casquilhice, cuidasse com meticuloso interesse de preservar o rosto dos raios do sol e da poeira corrosiva, a evolar em nuvens espessas do solo adusto, donde ao tênue borrifo de chuvas fecundantes, surgiam, por encanto, alfombras de relva virente e flores odorosas. [...]” (Capítulo II, Luzia-Homem, [1903])

TERCEIRA FRONTEIRA NARRATIVA HISTÓRIA “Imitação, por narrativa ou representação cênica, de uma ação, real ou fingida, exterior à pessoa e à palavra do poeta.” (GENETTE: [1971] 2009, p. 277)

DISCURSO CANTOS POESIA LÍRICA ENSAIO EXPOSIÇÃO CIENTÍFICA DIARIO ÍNTIMO [BLOG, FACE] “Fala que se investe diretamente no discurso da obra.” (GENETTE: [1971] 2009, p.277)

PROPOSTA DE ÉMILE BENVENISTE 



NARRATIVA: História (3ª pessoa do singular, pretérito perfeito e mais-queperfeito) Objetividade da narrativa DISCURSO: Imitação direta (1ª pessoa, certos demonstrativos e adverbiais) Subjetividade do discurso

NARRATIVA EM ESTADO PURO 

“Luzia confiava na

ausência, mãe do esquecimento, para conjurar o perigo; entretanto, um mês depois, recebeu uma carta de Crapiúna, transbordante de frases de amor, em prosa e verso – protestos lânguidos e trovas populares, escritas em péssima letra sobre papel de cercadura rendilhada, tendo, no ângulo superior, à esquerda, um coração em relevo, crivado de setas, desfechadas por travessos Cupidinhos alados. [...]” (CapítuloIII, Luzia-Homem)

DICÇÃO PRÓPRIA DA NARRATIVA “ O texto está aí, sob nossos olhos, sem ser proferido por ninguém, e nenhuma (ou quase) das informações que contém exige, para ser compreendida ou apreciada, de ser relacionada com sua fonte” (GENETTE: [1971] 2009, p. 280)

(IN) CONCLUSÕES DO ARTIGO

REFERÊNCIAS BENVENISTE, Émile. Problemas de linguística geral I. Campinas, SP: Pontes, [1966] 2005. P.260-276. GENETTE, G. Fronteiras da Narrativa. In Análise Estrutural da Narrativa. BARTHES, Roland et ali. Rio de Janeiro: Vozes, [1971] 2009. p. 265- 284. VASCONCELOS, Sandra Maia Farias. História de vida e genealogia: categoria narrativa específica em busca do tempo perdido...In Linha d’Água, n. 24 (2), p. 313-328, 2011

PARA REFLETIR DEPOIS DOS SEMINÁRIOS

As palavras não dão conta do sentido”



(Sandra Maia Farias Vasconcelos, em Fortaleza, 24/01/2013, PPGL/UFC)

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