Fundação Mostazafan da Revolução Islâmica, Quinta Coluna do Regime Iraniano

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Fundação Mostazafan da Revolução Islâmica, Quinta Coluna do Regime Iraniano Author : Marli Barros Dias - Colaboradora Voluntária Sênior Categories : ANÁLISES DE CONJUNTURA, ORIENTE MÉDIO, ORIENTE MÉDIO Date : 17 de dezembro de 2015

Em 28 de fevereiro de 1979, o líder da Revolução Islâmica, Aiatolá Sayyid Ruhollah Musavi Khomeini, estabeleceu a Fundação Mostazafan. Esta instituição foi fundada por intermédio de um decreto dirigido ao Conselho da Revolução Islâmica. Ela foi criada como sucessora da Fundação Pahlavi (instituída por Mohammad Reza Pahlavi, o Xá do Irã, em 1958), e iniciou as suas atividades em 5 de março de 1979, sob a supervisão do Grande Líder da Revolução, com um Conselho constituído pelo Aiatolá Sayyed Ali Hosseini Khamenei, Akbar Hashemi Bahramani, o Aiatolá Sayyed Mohammad Hosseini Beheshti, Mir Karim Mousavi Karimi (Aiatolá Ardabili), Ahmad Jalali, Ali Asghar Mas’udi, e Ezzatollah Sahabi. Através de um decreto do Grande Líder da Revolução Islâmica, Hussein Mussavi, o Primeiro-Ministro iraniano, em 24 de novembro de 1988, mudou o nome da Fundação para Fundação dos Feridos na Guerra. Em 5 de setembro de 1989, um decreto do Aiatolá 1/5

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Khomeini voltou a alterar o nome da Fundação, que passou a designar-se, desde então, http://www.jornal.ceiri.com.br como Fundação para os Oprimidos e Deficientes, por vezes também referida como Fundação para os Oprimidos e Veteranos Deficientes. Em 2003, tendo em vista a centralização da prestação de cuidados às famílias dos mortos, feridos de guerra e prisioneiros libertados no âmbito da Guerra Irã-Iraque, as atividades assistenciais da Fundação passaram a ser concentradas na Fundação dos Mártires da Revolução Islâmica. Em junho de 2004, a Fundação para os Oprimidos e Deficientes passou a denominar-se Fundação Mostazafan da Revolução Islâmica, de acordo com o registo efetuado no Bureau para o Registo de Empresas e Instituições Não-Comerciais. A Fundação Mostazafan está sediada em Teerã e é uma Bonyad [em português: Fundação Caritativa] da República Islâmica do Irã, sendo a “segunda maior empresa comercial do país atrás da Companhia Nacional Iraniana de Petróleo”. A Fundação goza de inúmeras vantagens em relação aos seus competidores, sob o ponto da gestão corrente e dos assuntos tributários: ela não está submetida à Lei Geral de Contabilidade do Irã, tendo acesso privilegiado ao crédito concedido pelos Bancos estatais . Por outro lado, se durante sua existência, a Fundação para os Oprimidos e Deficientes constituiu um importante pilar financeiro do Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica, através da atividade de empresas iranianas no estrangeiro, que serviam de fachada para as operações do Exército de Guardiões, outro tanto continua a ocorrer com a Fundação Mostazafan. Alegadamente, a Fundação adquiria produtos químicos, equipamentos para o programa nuclear iraniano e peças sobressalentes para os caças-bombardeiros da Força Aérea. A Agência Reuters, fazendo fé num artigo publicado pelo periódico Journal of Middle East Studies, em 1989, afirmou que a Fundação para os Oprimidos e Deficientes “possuía, em 1982, 2.786 propriedades imobiliárias, incluindo o edifício da 5.ª Avenida, em Nova Iorque, construído na década de 1970 para a entretanto extinta Fundação Pahlavi”. Conforme informação institucional da Fundação Mostazafan, integram a Bonyad os seguintes institutos e companhias: holdings – PAYA SAMAN PARS Investment, IRAN Housing Development, SINA Investment Management, PARSIAN Tourism and Recreational Centers, ALAVI Foundation, e SINA Communications and Technologies; institutos – PEYVAND FERDOUS PARS Agriculture and Gardening, KAVEH PARS Mining Industries Development, ALAVI Urbanizing and Engineering Services, Sina Paya Sanat Development (General Industry), SINA Energy Development, SABA Power and Energy Industries, Bonyad Museums Cultural Institute, NOVIN DANESHMAND R AND D Institute, Taban light cinema, Bayanat Hadi Audit and Inspection, Iranian Contemporary Historical Studies; companhias – SHAHID MOTAHHARY Agriculture Industry, e TEHRAN SHOMAL Freeway. Contudo, as informações prestadas pela Fundação Mostazafan acerca do seu envolvimento empresarial são discrepantes com os do sítio web Iran Watch, segundo o qual a Fundação administrava, em 2004, mais de quatrocentas empresas e fábricas, sendo proprietária da cadeia de lojas Ghods, and the Bonyad Export and Import Company (BEXIM). Ela supervisionava as seguintes empresas no estrangeiro: Alborz, Aliaf, Aliaf P. P. Azar, Bonyad, Baftehaie Kerman, Baresh, Behran, Bonyad Parkett Keshvary, Blour 2/5

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Yazd, Bonyad Aluminium Iran, Caolinit, Daftar Abzar, Damavand Mining Company, Doona http://www.jornal.ceiri.com.br Mining, Ekbatana, Eshtiyagh, Holeh Laleh, Irana, Iran Abzar, Iran Choob, Iran Footwear, Iran Kork, Iran Parto, Iran Pouya, Iran Tire, Jahan, Kaben, Kaveh, Khalkhal Neopan, Kordestan Textile, Laleh Naghsh, Novaform, Nezam Abad, Pakris, Panbeh Ghabos, Panbeh Shahid Beheshti, Pars Choob, Rey, Sanate Choobe Shomal, Sanaye Korke Kashan, Saveh Tile, Selkbaf, Sitco, Somic, Tabchem, Tizro, Tizro Trading Company, Tebed, e Ziba. Entrementes, em 2010, o Conselho Europeu, por meio da Decisão 2010/644/CFSP, considerou como envolvida em atividades nucleares ou de mísseis balísticos, a seguinte empresa conectada com a Fundação Mostazafan: Etemad Amin Invest Co Mobin; em 2014, o Conselho para a Implementação da Regulamentação (EU) n.º 1202/2014, da União Europeia, declarou o Sina Bank, do Irã, como sendo controlado pela Fundação Mostazafan. Cabe, também, referir, no âmbito das atividades pouco claras da Fundação Mostazafan, um telegrama da Embaixada dos EUA, interceptado pelo Wikileaks[1], que dava conta das atividades da Fundação Mostazafan no Azerbaijão. Confirmando as suspeitas, de há longo tempo alimentadas por diversos países ocidentais, de que a Fundação Mostazafan tem ligações ao mundo do terror, em sessão de audição ante a Comissão para as Relações Exteriores do Congresso Norte-Americano, Jonathan Schanzer, Vice-presidente para a Pesquisa da Fundação para as Democracias, revelou, em 9 de setembro de 2014: “O Irã se tornou ainda mais vital para as finanças do Hamas depois da vitória eleitoral do Hamas em janeiro de 2006 e do embargo ocidental que se seguiu. Um porta-voz do Hamas confirmou que o Irã ‘estava preparado para cobrir completamente o déficit do Orçamento palestino, e [a fazer isso] continuadamente’. A Bonyad-e Mostazafan va Janbazan (Fundação para os Oprimidos e Veteranos de Guerra), um ramo do Exército dos Guardiões da Revolução Islâmica, supostamente abriu os seus cofres ao Hamas, providenciando financiamento fundamental. Durante a visita do Primeiroministro do Hamas, Ismail Haniyeh, a Teerã, em dezembro de 2006, o Irã prometeu USD $ 250 milhões em ajuda para compensar o boicote ocidental. Acredita-se que o Irã também ajudou o Hamas a derrubar a Autoridade Nacional Palestina, da Faixa de Gaza, em 2007”. Devido ao fato de a política social iraniana estar vinculada às instituições de caridade, ela “funciona em grande escala com base nas megafundações de caridade que gravitam na órbita estatal”. Neste contexto, a Fundação Mostazafan se destaca na economia, interna e externa, com investimentos nas áreas de petróleo, turismo e construção. O aspecto combativo da Mostazafan, em termos econômicos e comerciais, de acordo com vários relatórios de Inteligência e o dicionário Middle Eastern Intelligence[2], reside no fato desta instituição não visar apenas atender as pessoas necessitadas do país, mas, principalmente, formar uma quinta coluna para burlar as leis internacionais e os embargos econômicos que o Irã tem sofrido, mantendo assim as atividades consideradas ilícitas pela comunidade internacional. Segundo Mohsen Rafighdoost, responsável pela Fundação durante 10 anos, entre 1989 e 1999, ela “aloca 50% dos seus lucros providenciando ajuda aos necessitados na forma de empréstimos com juros subsidiados ou pensões mensais, investindo os outros 50% em várias atividades”. Com mais de “200.000 empregados, a Fundação opera com mais 350 3/5

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subsidiárias e companhias afiliadas em numerosas indústrias, incluindo agricultura, http://www.jornal.ceiri.com.br indústria, transportes e turismo. Ela representa aproximadamente 10% do Orçamento de Estado do Irã, sendo o seu valor de mercado de mais de USD $ 3 biliões”. A maior subsidiária da Fundação Mostazafan é a Organização das Indústrias da Agricultura e Alimentação, que possui mais de 115 companhias adicionais. Alguns dos contratos da Fundação incluem grandes projetos de engenharia, tais como o Terminal 1 do Aeroporto Internacional Imã Khomeini, em Teerã. As atividades da Fundação Mostazafan não estão restritas ao território iraniano, pois ela criou ramificações e atua em diferentes continentes no sentido de assegurar os interesses do Governo do Irã, ao qual está subordinada. As ações no exterior passam despercebidas, pois seu staff age como um conjunto de funcionários comuns de empresas comerciais, bancos e centros culturais. Por meio das Fundações, tornou-se relativamente fácil e vantajoso negociar com o Irã. Por se tratar de instituições de caridade, elas não se encontram submetidas aos rigores das leis internacionais de modo que os seus agentes têm mãos livres para agir. Aliados presentes na Venezuela, Argentina e Brasil, por exemplo, facilitam as transações comerciais. Somente na Venezuela, há pelo menos “dez fábricas, cuja participação de empresas iranianas ligadas às Bonyads é de 49%, deixando 51% [do capital] com o Estado venezuelano”. As Bonyads, de entre as quais a Fundação Mostazafan da Revolução Islâmica é a maior de todas, não estão formalmente vinculadas ao Governo iraniano. Este fato permite que elas operem sem grandes dificuldades, pois escapam ao controle oficial dos governos estrangeiros. Através de investigações de vários centros de Inteligência, acredita-se que, na verdade, as Fundações estão nas mãos do Aiatolá Sayyed Ali Hosseini Khamenei, o Líder Supremo iraniano, e ao serviço do Governo para a aquisição de equipamentos não autorizados a serem importados pelo Irã como, por exemplo, armas e tecnologia de destruição em massa. Segundo a agência de notícias Reuters, muitas Fundações iranianas, incluindo a Fundação Mostazafan, estão autorizadas a confiscar bens imobiliários. É indiscutível que as Bonyads iranianas, lideradas pela Fundação Mostazafan, exercem grande poder e são o braço direito da República Islâmica em negociações que asseguram os objetivos do regime teocrático daquele país. Neste contexto, de acordo com o posicionamento de analistas internacionais, a assinatura de acordos entre o Ocidente e o Irã não é suficiente para eliminar definitivamente as ameaças que envolvem a comunidade mundial, na medida em que não é possível neutralizar as atividades consideradas suspeitas daquele país, pois a considerada quinta coluna formada pela Fundação Mostazafan e demais Fundações caritativas iranianas continua a atuar livremente, e, de acordo com observadores, ferindo a legalidade internacional. ----------------------------------------------------------------------------------------------Imagem “Fundação Mostazafan da Revolução Islâmica – logotipo” (Fonte): https://fa.wikipedia.org/wiki/%D8%A8%D9%86%DB%8C%D8%A7%D8%AF_%D9%85%D8%B3%D8%AA %D8%B6%D8%B9%D9%81%D8%A7%D9%86_%D8%A7%D9%86%D9%82%D9%84%D8%A7%D8%A8 _%D8%A7%D8%B3%D9%84%D8%A7%D9%85%DB%8C#/media/File:Mostazafan.jpg 4/5

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----------------------------------------------------------------------------------------------http://www.jornal.ceiri.com.br Fontes Bibliográficas: [1] De acordo com o telegrama, classificado como secreto, o Bank Melli Iran tinha, em 2011, relações comerciais estreitas com o Xalq Bank, uma instituição de médio porte, sediada em Baku. O Bank Melli Iran instalou-se no Azerbaijão após ter falido, no Irã, em circunstâncias obscuras. Segundo informações, na antiga República soviética, o Bank Melli Iran era rico e, supostamente, trabalhava estreitamente com a Fundação para os Oprimidos iraniana Banyadeh Mostazafan). Embaixada dos EUA, Baku, Azerbaijão, 30.08.2011: http://wikileaks.cabledrum.net/cable/2009/03/09BAKU175.html [2] Ver: EPHRAIM KAHANA & MUHAMMAD SUWAD. Middle Eastern Intelligence, Lanham – Plymouth, Scarecrow Press, 2009, págs. 88 e 268.

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