Fundamentos do ensino de português como língua estrangeira

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FUNDAMENTOS DO ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA

ORG. LUIS GONÇALVES

Copyright © 2016 Boavista Press All rights reserved. ISBN-13: 978-0996051149 ISBN-10: 0996051147 Roosevelt, NJ.

Índice

Introdução Luis Gonçalves

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Capítulo 1 - Os alunos e os professores 1.1 Português e as línguas estrangeiras: ensino e aprendizagem nos Estados Unidos da América Celia R. P. Bianconi 1.2 É crescente a busca por aulas e professores de português na América Central. Quem são os alunos? Porque aprendem português? Quem são os instrutores? Que expectativas têm uns dos outros? Marilia Gazola Pessoa Barros 1.3 A relação aprendiz-professor/professor-aprendiz e seus reflexos no ensino de português como língua estrangeira Karine Dourado

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Capítulo 2 - Metodologias e abordagens em PLE 2.1 Métodos De Ensino De Língua Estrangeira: Contextos Históricos e Aplicabilidade Francisca Paula Soares Maia Shirlene Benfica 2.2 O impacto da heterogeneidade linguístico-cultural em turmas de PLE: percepções de professores e aprendentes Edirnelis Moraes dos Santos José Carlos Chaves da Cunha

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Capítulo 3 – Atividades e manejo da aula 3.1 Planificar uma aula: o que é um plano de aula? O que é um plano completo? Giliard Dutra Brandão 3.2 Tarefa Comunicativa em Sala de Aula de Português como Língua Estrangeira Eliete Sampaio Farneda Miriam Kurcbaum Futer

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3.3 Como desenvolver unidades pedagógicas comunicativas completas com principal, pré e pós-atividade, usando documentos reais Marilia Gazola Pessoa Barros 3.4 Como elaborar sequências didáticas utilizando textos multimodais autênticos em aula comunicativa: o antes, o durante e o depois. Ana Katy Lazare Gabriel Milton Gabriel Junior 3.5 Histórias de vida e de letramento: um espaço de interlocução sobre a descoberta da escrita Ana Célia Clementino Moura Maria Erotildes Moreira e Silva 3.6 O uso de feedback corretivo: A percepção do aprendiz de português como língua estrangeira Viviane Gontijo Cristiane Soares 3.7 A avaliação como sinonímia e reflexão Afrânio da Silva Garcia

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Capítulo 4 - A utilização de documentos reais 4.1 Ensinar e aprender PLE com a imprensa escrita: algumas propostas Rosa Bizarro 4.2 Aulas de redação em PLE: dois títulos e alguns questionamentos Eloisa Moura 4.3 A literatura brasileira como instrumento motivador no processo de ensino/aprendizagem Adriana Domenico Roberta Rodrigues da Silva 4.4 A aplicação de técnicas de teatro no ensino de PLE Denise Maria Osborne 4.5 Lendas indígenas: gênero do discurso e ensino integrado de língua e cultura na aula de PLE Sulamita Bomfim Almendra Filipe Pereira de Jesus Flores Jancleide Teixeira Góes 4.6 S´tora ou Senhora Doutora: da questão do ensino das formas de tratamento em PLE Isabel Roboredo Seara Isabelle Simões Marques 2

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Capítulo 5 - A gramática 5.1 Do “foco nas formas” ao “foco na forma”: contributos para o ensino/aprendizagem do Português L2 em Cabo Verde Jorge Pinto 5.2 As gramáticas e suas aplicações no ensino de Português Lilia Llanto Chávez 5.3 O ensino de gramática para aprendizes de português como língua de herança Gláucia V. Silva 5.4 Gramática é língua, mas língua não é só gramática: o que ensinar nos contextos de ensino-aprendizagem de PLE? Milena Fernandes da Rocha

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Capítulo 6 – Tecnologia na aula de PLE 6.1 As Tecnologias de Informação e Comunicação, TIC no ensino de PLE Luiza Carravetta 6.2 Uso da Mídia em aula de PLE: à procura de sentido para a exploração de vídeos publicitários Ana Clotilde Thomé Williams 6.3 Ensino de PLE e as novas tecnologias: o uso dos blogues Davi Borges de Albuquerque Aurelie Marie Franco Nascimento 6.4 Estratégias de sempre, tarefas de agora: Construção de conhecimento em chat didático de PLE Ida Maria Rebelo Arnold 6.5 Oralidade e novas tecnologias: uma experiência na aula de PLE Adriana Cabrera Garcia 6.6 Preparatório para o Celp-Bras: ensino de PLE totalmente à distância Ana Luíza Gabatteli

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Capítulo 7 - Estudos de caso 7.1 O ensino de português como língua estrangeira no contexto universitário: uma análise da formação do professor de PLE na UFMG Simone Garofalo Monique Longordo Mônica Brum Cíntia Antão 3

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7.2 Ações e reflexões no ensino de Português como Língua Estrangeira no interior do Estado de São Paulo: focalizando a cultura Nildicéia Aparecida Rocha Heloísa Bacchi Zanchetta

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Introdução O ensino de línguas estrangeiras está em constante movimento. Quanto mais conhecemos o sistema cognitivo humano, mais somos levados a renegociar metodologias e abordagens, numa busca constante pela eficácia e eficiência das nossas práticas pedagógicas. Fundamentos do ensino de português como língua estrangeira oferece um diálogo com o trabalho de vários autores com experiências diversas, em países diferentes, e que ensinam português com acesso a mais ou menos recursos, conforme o seu contexto de trabalho. O livro apresenta aspetos essenciais em termos de metodologias e abordagens teóricas do ensino comunicativo, enfatizando os aspetos mais importantes. Oferece muitos exemplos de como colocar essas teorias em prática na sala de aula, para que os leitores/instrutores possam escolher como integrar essas ideias nas suas atividades, de acordo com as suas crenças sobre o ensino de português como língua estrangeira. Este livro apresenta questões fundamentais do planejamento de aulas e de cursos, e mostra alguns aspetos que, se o instrutor tiver em conta desde o início de elaboração do seu trabalho, vão facilitar o ensino, aumentar o impacto das aulas e abrir o caminho na direção dos objetivos a que tanto aluno quanto instrutor se propuseram no início do processo. Mostra também como criar sequências didáticas baseadas em documentos reais, e oferece várias sequências já preparadas e utilizadas por colegas experientes, que podem servir de modelo para que o instrutor desenvolva o seu próprio material, com documentos reais que respondam às necessidades dos seus alunos. Fundamentos do ensino de português como língua estrangeira discute ainda o lugar da gramática nestas sequências pedagógicas; qual gramática ou gramáticas são pertinentes para o aluno de português como língua estrangeira, e problematiza ainda como o conhecimento explícito de gramática não produz um conhecimento implícito da língua. No entanto, não esquece que a competência gramatical é uma das componentes da competência comunicativa e, por isso, argumenta o quanto as necessidades do aluno devem ser o princípio orientador do ensino da gramática. No século XXI, as novas tecnologias da informação e comunicação já demonstraram ser uma mais valia para o ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras e o instrutor de português como língua estrangeira tem que estar preparado para integrar estas novas tecnologias nas práticas pedagógicas da sua sala de aula. Fundamentos do ensino de português como língua estrangeira contém vários exemplos de como integrar na sala de aula atividades baseadas em suportes tecnológicos (como tecnologias móveis, redes sociais, e multimídia) e mostra como colocar a pedagogia no centro do processo de ensino e aprendizagem, com os conteúdos e atividades 5

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organizados à volta de áreas de aprendizagem da língua, como a pronúncia, o vocabulário, a gramática, ou as funções comunicativas. O “Capítulo 1 - Os alunos e os professores” explora o aumento da procura de cursos de português um pouco por todo o mundo. Usando o exemplo do que vem acontecendo nos Estados Unidos da América (EUA) e na América Central, e em particular na Costa Rica. Apresenta um historial do ensino de línguas ,estrangeiras e do português nos EUA e examina quem são os alunos que estão por detrás desta procura pelo português, quais os seus interesses e o que os motiva a aprender a língua. Também procura quem são os professores que dão essas aulas e qual a sua formação. Finalmente, analisa as expectativas que tanto professores como alunos têm uns dos outros. Neste capítulo, estas questões guiam uma reflexão sobre os papeis do aluno e do instrutor no processo de ensino e aprendizagem de português. Mostra a importância de um instrutor ponderar sobre esses papeis, visto que eles são determinantes no êxito do processo de ensino e aprendizagem por afetarem todas as escolhas, desde a metodologia e estratégias de ensino, ao material pedagógico e tipos de avaliação. Em seguida, o “Capítulo 2 - Metodologias e abordagens em PLE” traça o percurso feito pelas metodologias e abordagens de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras ao longo do século XX, atentando a que os avanços teóricos se construíram sobre o conhecimento produzido até então, e evitando o equívoco frequente de que cada passo implicou o repúdio de tudo o que era feito anteriormente. Depois de descrever as opções disponíveis, e tendo como exemplo o trabalho desenvolvido na Universidade Federal do Pará, este capítulo explora ainda o impacto da diversidade linguística e cultural dos alunos e instrutores nas escolhas metodológicas e de materiais didáticos feitas pelo instrutor. Já o “Capítulo 3 – Atividades e manejo da aula” discute aspetos do planejamento, necessariamente desenvolvido pelos instrutores, que tenha em consideração a comunicação, os relacionamentos e o próprio espaço físico disponível, fundamentais para alcançar os objetivos pedagógicos da aula e do curso. O capítulo descreve ainda como a produção dos alunos e os recursos didáticos motivadores e comunicativos devem ser centrais no planejamento do instrutor, para a construção de um ambiente de aprendizagem criativo e independente. Para isso, é fundamental que o instrutor saiba planejar unidades pedagógicas comunicativas completas (com pré-atividade, atividade-principal, pós-atividade e expansão) usando documentos reais. Este capítulo inclui exemplos de unidades pedagógicas, que podem servir de modelo, que promovem a utilização da língua como veículo para o conhecimento multidisciplinar, e que desenvolvem as habilidades de leitura e escrita, e de compreensão e produção oral. Segue uma reflexão sobre cada uma das etapas de elaboração de uma sequência didática, utilizando textos 6

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multimodais, visando a ressaltar as possibilidades a serem exploradas no ensino de português como língua estrangeira através de textos autênticos. Por fim, termina com a questão dos tipos de avaliação disponíveis, o que cada um implica, em particular no que diz respeito a questões de ansiedade, e como aproximar o momento de avaliação à realidade. Na sequência, o “Capítulo 4 - A utilização de documentos reais” apresenta como trazer a realidade dos falantes de língua portuguesa para dentro da sala de aula, recorrendo a todo o tipo de documentos do cotidiano dessas pessoas, feitos por e para falantes da língua portuguesa, e que permitam aos alunos comunicar para agir socialmente, mobilizando as competências e os recursos próprios a cada ato de comunicar intercultural. Em termos de comunicação escrita vemos, através da produção textual de aluno de português na Nigéria, os saberes do mundo real mobilizados na produção textual. O capítulo apresenta ainda uma série de exemplos concretos de como utilizar documentos e técnicas que colocam o aluno no centro da aprendizagem. Primeiro, uma experiência de ensino no Peru apresenta, através de atividades concretas, como a literatura pode servir para aprofundar o conhecimento intercultural utilizado no entendimento do outro. Segundo, explica detalhadamente como as técnicas de teatro e a aula de língua estrangeira partilham certas dimensões linguísticas que podem ser aplicadas com sucesso no ensino de português como língua estrangeira. Terceiro, propõe a utilização de lendas indígenas, para exemplificar uma sequência didática construída com o princípio do ensino integrado de língua e cultura, na busca de um conhecimento intercultural preciso, significativo e adequado. E finalmente, apresenta as formas de tratamento e de cortesia, que existem para o português europeu, com realce para usos do quotidiano, e propõe duas unidades didáticas para o ensino desse tema. Relacionado ao capítulo anterior, o “Capítulo 5 - A gramática” usa o exemplo de um trabalho desenvolvido em Cabo Verde, e faz uma revisão do papel da gramática no ensino das línguas na segunda metade do século XX, focando nos princípios fundamentais de cada proposta de ensino e nas suas vantagens e desvantagens no sucesso para o processo de ensino e aprendizagem de português como língua estrangeira. Discute ainda o lugar da gramática na aula de português como língua estrangeira, mas não só, discute também qual gramática, a sua natureza, e que aspetos estruturais e funcionais devem ser usados no ensino. Neste capítulo, usamos as particularidades do aluno de português como língua de herança para ilustrar o quanto a aprendizagem de estruturas gramaticais tem que estar sempre subordinada ao princípio das características e necessidades próprias e peculiares do aluno. Finalmente, o capítulo termina analisando a limitação de reduzir o estudo da língua ao estudo estrutural da gramática, apresentando pressupostos e implicações para o ensino de línguas estrangeiras. 7

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O “Capítulo 6 – Tecnologia na aula de PLE” explora as possibilidades criadas pelas novas tecnologias da informação e comunicação e aponta atividades concretas que podem ser utilizadas com sucesso nas aulas de português como língua estrangeira. O capítulo começa por explorar a evolução das novas tecnologias de informação e comunicação e as suas implicações para as práticas pedagógicas, para a organização do conteúdo (com uma lista de exemplos práticos), e para os elos de ligação entre o conteúdo, os objetivos propostos e os meios disponíveis. O capítulo explora ainda utilizações específicas que as novas tecnologias nos disponibilizam. Primeiro, foca na exploração de vídeos publicitários como veículo para um diálogo entre a língua e cultura nativas e a língua e cultura alvo, com o foco no desenvolvimento da competência comunicativa e intercultural do aluno de português como língua estrangeira. Segundo, propõe diversas maneiras de uso do blogue na produção textual na aula de português como língua estrangeira, e que podem ser alargadas à produção textual nas redes sociais e outras novas tecnologias. Terceiro, apresenta uma proposta didática de utilização do chat na aula, para interagir com falantes nativos e, em colaboração, desenvolver competências linguísticas. Quarto, propõe a utilização de aparelhos móveis para desenvolver a produção oral na interação espontânea. O projeto descrito mostra como a revolução digital agora permite praticar a linguagem e promover a aquisição de vocabulário, além de permitir a autoavaliação dos alunos. Finalmente, o capítulo termina com a apresentação de um curso totalmente à distância voltado para a preparação de alunos interessados em fazer o exame Celpe-Bras. Por fim, o último capítulo “Capítulo 7 - Estudos de caso” fecha este livro com duas reflexões: uma, sobre a formação do professor de português como língua estrangeira no contexto universitário, utilizando a experiência da Universidade Federal de Minas Gerais; e outra, sobre o ensino nas aulas de português para estrangeiros intercambistas desenvolvido na Universidade Estadual Paulista de Araraquara, e a sua relação com a internacionalização das universidades brasileiras. Muito obrigado pelo seu interesse em Fundamentos do ensino de português como língua estrangeira. Esperamos que ajude outros instrutores a entender o quanto, tanto alunos quanto instrutores, trazem para a sala de aula em termos de expetativas e práticas que acreditam ser propícias para a aprendizagem de português, e que isso os ajude a fazer as escolhas mais adequadas para os públicos que forem encontrando.O livro procura não só esclarecer as premissas por trás dos métodos e suas semelhanças e diferenças, mas também ajudar os instrutores a explorar suas próprias crenças e práticas no ensino de línguas. Mostra ainda como o ensino das línguas estrangeiras tem progredido para metodologias cada vez mais inclusivas da diversidade na sala de aula, e que hoje se coloca o aluno no centro do 8

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processo de ensino e aprendizagem. A atividade dos instrutores de português como língua estrangeira é feita com grande entrega, com reflexão profunda e é uma fonte de pesquisa inesgotável. O nosso objetivo é que as contribuições dos colegas, que escreveram os vários capítulos, guiem outros instrutores na tomada de decisões pedagógicas eficazes e socioculturalmente adequadas na sua própria atividade. Fundamentos do ensino de português como língua estrangeira mostra que neste mundo globalizado é cada vez mais necessário formar sujeitos inseridos e capazes de lançar pontes de comunicação entre indivíduos ou grupos de diferentes origens linguísticas e culturais. Boa leitura.

Luis Gonçalves

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