Fundo Renato Kehl: A trajetória intelectual do eugenista brasileiro

May 26, 2017 | Autor: L. Carvalho | Categoria: History Of Eugenics, Historia Intelectual, Eugenics
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Conselho Editorial

Conselho Consultivo

Sílvia Maria Azevedo (Presidente) Karin Adriane H. Pobbe Ramos (Vice-presidente) Álvaro Santos Simões Junior André Figueiredo Rodrigues Carlos Camargo Alberts Carlos Eduardo Mendes Moraes Cleide Antonia Rapucci Danilo Saretta Veríssimo Gustavo Henrique Dionísio José Luis Bendicho Beired Lúcia Helena Oliveira Silva Márcio Roberto Pereira Maria Luiza Carpi Semeghini Matheus Nogueira Schwartzmann Miriam Mendonça M. Andrade Paulo César Gonçalves Ronaldo Cardoso Alves Vânia Aparecida Marques Favato

Adilson Odair Citelli (USP) Antonio Castelo Filho (USP) Carlos Alberto Gasparetto (UNICAMP) Durval Muniz Albuquerque Jr (UFRN) João Ernesto de Carvalho (UNICAMP) José Luiz Fiorin (USP) Luiz Cláudio Di Stasi (IBB – UNESP) Oswaldo Hajime Yamamoto (UFRN) Roberto Acízelo Quelha de Souza (UERJ) Sandra Margarida Nitrini (USP) Temístocles Cézar (UFRGS)

Secretário Eduardo Gomes de Almeida Souza

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da F.C.L. – Assis – Unesp

E56a

Encontro do Cedap (8.:2016:Assis, SP). Anais do 8º Encontro do CEDAP: Acervos de intelectuais: desafios e perspectivas, Assis, SP, 26 a 38 de abril de 2016 [recurso eletrônico] / Sílvia Maria Azevedo (org.). Assis: UNESP - Campus de Assis, 2016. 593 f. : il. Vários autores ISBN: 978-85-66060-14-0 1. Intelectuais. 2. Intelectuais e política. 3. Memória. I. Azevedo, Sílvia Maria. II. Título. CDD 301.44

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FUNDO RENATO KEHL: A TRAJETÓRIA INTELECTUAL DO EUGENISTA BRASILEIRO Leonardo Dallacqua de CARVALHO Doutorando em História das Ciências e da Saúde na Casa de Oswaldo Cruz/FIOCRUZ/RJ Bolsista FIOCRUZ [email protected] http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4279481U5

RESUMO Anexado ao acervo do Departamento de Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (COC), no Rio de Janeiro, o Fundo Renato Kehl constitui um dos principais arquivos pessoais do eugenista e local privilegiado para pesquisadores interessados em discutir as relações entre eugenia, intelectualidade, intercâmbio científico e debates sobre a construção identitária de nação nos decênios iniciais do século XX. Nosso objetivo é expor parte da organização do arquivo, em especial, recortes de impressos periódicos e correspondências internacionais. A proposta aponta alguns dos interesses que levam os pesquisadores para o Fundo Renato Kehl e os desafios e possibilidades na análise da documentação. Além disso, pretende-se perceber as variedades de temáticas que podem constituir trabalhos acadêmicos, especialmente voltados aos diálogos entre nação, trajetória intelectual e eugenia. Palavras-chave: Renato Kehl. Eugenia.História Intelectual O Fundo Pessoal do eugenista brasileiro Renato Ferraz Kehl está localizado no Departamento de Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (COC), Fundação Instituto Oswaldo Cruz - Rio de Janeiro. São centenas de documentos em formato de correspondência, matérias de jornal, escritos à mão, documentos oficiais do governo, fotografias e produção intelectual. Os arquivos são procedentes de doações do filho de Kehl, Sérgio Augusto Penna Kehl, no ano de 20001. O personagem em questão é considerado pela historiografia da eugenia como o principal propagador da chamada “Ciência de Galton” no país, dedicando décadas de esforços para divulgá-la e aplicá-la em diferentes contextos sociais, sejam eles por meio da política, medicina ou educação. A particularidade com que adotou as bases teóricas da eugenia em paralelo com as necessidades da nação brasileira propõe uma forma de 1

Informações do Fundo Renato Kehl disponíveis em: (acessado em 10 de abril de 2016).

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diálogo direcionada à sua compreensão de realidade nacional. O Fundo Renato Kehl pode ser pensado como um vestígio singular no resgate da memória político-social brasileira. De melhor forma expôs Lúcia Lippi de Oliveira ao tratar dessa necessidade arquivística:

O trabalho destes colaboradores, entretanto, tem que ser refeito a cada estudioso, a cada geração, que desperta para a pesquisa do social. Enquanto não houver uma infra-estrutura documental forte no Brasil, cada pesquisador, ao desenvolver seu trabalho, forçosamente, continuará a realizar levantamentos de informação que já poderia encontrar organizados. Tal problema vem sendo enfrentado, de diferentes formas, tanto pelas instituições diretamente vinculadas à informação como pelas que se empenham na recuperação da memória político-social brasileira (OLIVEIRA, 1980, p. 26).

O fragmento de Oliveira sugere duas possibilidades de examinar a questão, tendo como perspectiva o Fundo Pessoal de Renato Kehl. Em primeiro lugar, a preocupação com as condições dos arquivos e o aparelhamento de centros especializados para conduzir e higienizar tais documentos. No tocante ao acervo pessoal de Kehl, a documentação doada tem um caráter particular, advinda do próprio ator histórico e tramitada posteriormente por seus familiares. Mesmo em excelentes condições, deve-se lembrar do trato da Fundação Instituto Oswaldo Cruz e os profissionais dos Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz, na higienização, tratamento e individualização em grupos temáticos dos arquivos, facilitando para o pesquisador, preocupado na trajetória de Renato Kehl, uma busca refinada e direcionada. No que concerne a este Fundo e estendendo a outros acervos pertencentes à Fundação Instituto Oswaldo Cruz, o cuidado em resguardar os documentos, favorecendo o trabalho de pesquisadores e oferecendo uma infraestrutura adequada, como notou Oliveira, aparece entre as diretrizes e preocupações da FIOCRUZ. Além disso, outro elemento de cunho organizacional da documentação está inserido na análise de Maria Teresa Villela Bandeira de Mello, ao mencionar a influência de arquivistas e documentalistas no processo de organização do material, sobretudo aqueles advindos de doações. Isto é, a investigação do pesquisador está condicionada às decisões de arrumação das fontes por temas, situações, subjetividades, ou outras características na transformação de patrimônio documental (MELLO, 2012, p. 120).

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Em um segundo momento, que fora observado por nós anteriormente, consiste na preocupação com a “memória político-social brasileira”. Ou seja, tomando-se por base o Fundo Pessoal daquele agente histórico, é possível encontrar vestígios de como foram estabelecidas suas relações, redes e leituras, especialmente aquelas que não estiveram em circulação ou publicação. Nas trocas exercidas por intelectuais, as correspondências assumem um papel de fonte privilegiada para os historiadores. Pelas orientações da historiadora Rebeca Gontijo (2004, p. 165), tais correspondências possuem o status duplo de fonte e objeto e “[...] têm permitido explorar diálogos desenvolvidos a partir da experiência de compartilhar ideais, projetos e expectativas das mais diversas”. Esta percepção está inserida no exame do material pertencente ao Fundo Pessoal de Renato Kehl, tanto no compartilhamento de suas ideias, projetos e expectativas, quanto para pinçar um discurso que remonta ao cenário da memória político-social brasileira. Como salientou Tania Regina De Luca, nos decênios finais do século XX, a historiografia começou a diagnosticar novas ferramentas de tratamento com a documentação. Aquilo que ficou conhecido como “novos objetos, problemas e abordagens”, fruto de uma História Nova, concebeu um exame crítico mais acurado a determinados tipos de documentos para o ofício do historiador. Periódicos ocuparam um lugar privilegiado nas novas interrogativas à medida que se tornaram um vestígio do passado com maior possibilidade de compreensão e utilização, desconsiderando aqueles argumentos de que tais fontes eram recheadas de “ausência de objetividade” (DE LUCA, 2008, p. 112-117). Nas palavras de Ângela de Castro Gomes:

A descoberta dos arquivos privados pelos historiadores em geral está, por conseguinte, associada a uma significativa transformação do campo historiográfico, onde emergem novos objetos e fontes para a pesquisa, a qual, por sua vez, tem que renovar sua prática incorporando novas metodologias, o que não se faz sem uma profunda renovação teórica, marcada pelo abandono de ortodoxias e pela aceitação da pluralidade de escolhas. Isto é, por uma situação de marcante e clara diversidade de abordagens no “fazer história”. (GOMES, 1998, p. 121-127).

O oceano documental presente no Fundo do eugenista inviabiliza, sem incorrer na armadilha do reducionismo, uma tomada geral dos seus arquivos para os objetivos desse texto. Isso se deve, por exemplo, às centenas de publicações de Kehl em jornais

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durante a maior parte da sua trajetória intelectual. Estas publicações poderiam ser divididas por temáticas e áreas de conhecimento distintas na apreciação da sua produção intelectual, não somente no escopo da eugenia, mas de outras áreas como a psicologia, a hereditariedade e a biologia. Além disso, também estão em temporalidades diferentes, situadas no período entre guerras, no curso da Segunda Guerra Mundial e no PósGuerra, um dado importante para compreender as rupturas e permanências do desenvolvimento do seu pensamento. A confecção dos seus argumentos sofreu transformações nesses períodos, principalmente no que publicava sobre eugenia. Inicialmente, selecionamos alguns recortes de jornais presentes em seu Fundo Pessoal, na tentativa de observar como o eugenista era apresentando nesses impressos periódicos para o leitor. Mesclaremos, assim, as informações da literatura especializada sobre Kehl com os aspectos biográficos contidos nas fontes. Em vista do desafio de esmiuçar parte do seu material, optou-se também por incluir no exame das fontes algumas de suas trocas de cartas no intuito de compreender o discurso eugênico ali presente. Assim, serão abordadas, como apontou Gontijo ao tratar do historiador nacional Capistrano de Abreu, aquelas experiências em compartilhar ideais, projetos e expectativas das mais diversas. Nas correspondências de Kehl, pode-se notar tanto trocas de cartas mais reservadas, amparadas por uma escrita mais íntima e afetuosa, quanto os documentos oficiais de caráter internacional, sobretudo em diálogo com instituições e eugenistas renomados.

Um eugenista limeirense Renato Ferraz Kehl é natural da cidade de Limeira, no estado de São Paulo, a quase 150 km da capital do estado. Nascido ainda no século XIX, em 1889, assistiu e participou de quase 3/4 do século XX, falecendo no ano de 1974, aos 85 anos de idade. Em dissertação de mestrado que, entre outras, tratou da trajetória intelectual de Kehl, Vanderlei Sebastião de Souza sublinhou sua caminhada em seus anos de formação ao concretizar dois cursos universitários. Em 1909, completaria o curso de Farmácia, na antiga Faculdade de Farmácia de São Paulo. Depois, em 1915, receberia o título de médico pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (SOUZA, 2006, p.68-69). Posteriormente, ao entrar em contato com literaturas do período, entre elas os escritos de Francis Galton, cientista inglês que viria a ser conhecido como o “Pai da

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eugenia”, ficaria fascinado com suas bases teóricas e compreensões acerca da noção de hereditariedade. Souza, ao emprestar as palavras de Kehl, mostra que o intelectual foi “[...] levado ao estudo dos problemas da hereditariedade normal e patológica, estudo este que, por sua vez, me inclinou para o estudo da zootecnia e da eugenia.” (SOUZA, 2006, p.72). Doravante, assistiu-se, nas décadas seguintes, a ascensão de um sujeito histórico que seria avaliado na historiografia da eugenia como o principal propagandista da “Ciência de Galton” no Brasil. Para considerar essa personificação de “principal eugenista”, deve-se levar em conta uma trajetória de quase 50 anos dedicada ao tema. Em seu Fundo Pessoal, é possível encontrar artigos publicados em impressos periódicos desde a década de 1910 até 1960. Muitos periódicos, especialmente aqueles da segunda metade do século XX, o referenciavam como um ícone das campanhas eugênicas nacionais. Estes impressos reservavam parte da matéria para apresentar o noticiado, geralmente com uma pequena e simples biografia de apresentação em que suas principais virtudes eram destacadas. Nesses fragmentos, nota-se a recepção da sua imagem e a discussão projetada sobre eugenia no âmago de questões de nacionalidade. Inicialmente, trataremos da recepção da figura de Kehl em um dos jornais da sua cidade natal, Limeira, intitulado de Gazeta de Limeira. Em publicação datada de 17 de julho de 1941, o impresso noticiou, em sua primeira página, a instalação de uma Biblioteca Municipal na cidade. O enredo da notícia chama a atenção para as doações de livros a fim de aumentar seu acervo bibliográfico. Em destaque, Kehl estaria ligado à discussão por ter doado à biblioteca uma coleção completa dos seus livros – cerca de vinte. Kehl é resumido como um cidadão preocupado com as transformações intelectuais de sua terra, sendo caracterizado como um “[...] conterrâneo ilustre cujo o renome ultrapassou de há muitos as fronteiras do nosso país.” (A biblioteca municipal, 1941, p. 1). O reconhecimento profissional também foi destacado na doação dos livros, uma vez que se tratava de contribuições de um “[...] cientista ilustre” pelo qual o povo limeirense nutre “grande simpatia e admiração inequívoca.” (A biblioteca municipal, 1941, p. 1). A figura de cientista consagrado que ultrapassou as fronteiras do Brasil foi colocada como orgulho para o município a partir do reconhecimento da trajetória do seu doador. Os temas, que na lista contemplam suas principais investidas sobre eugenia até aquele momento, indicam a recepção positiva das obras para a biblioteca local.

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Partindo de uma ordem cronológica, algumas de suas apresentações sobre diferentes contextos são sugestivas para a reflexão. O Globo, de 17 de setembro de 1928, traz em suas páginas uma matéria realizada com Kehl, após seu retorno ao Brasil de viagem feita à Europa, e quais seriam as impressões dos europeus acerca do Brasil. O médico brasileiro é apresentado como “[...] um médico conhecido, tão conhecido como médico como pela qualidade de autor de algumas obras sobre higiene e eugenia.” (O chapéu de açúcar na cabeça da Europa. Conta-nos uma porção de coisas curiosas e hilariantes o Dr. Renato Kehl, 1928, p.1). Em síntese, o núcleo da notícia não está centrado na especificidade de sua profissão ou temas de eugenia, mas numa matéria de variedades em referência ao que era dito sobre o Brasil no exterior. Os anos finais de 1920 foram decisivos para Kehl na estrutura e reformulação do seu pensamento eugênico. Em partes, como mostram Robert Wegner e Vanderlei Sebastião de Souza, a viagem à Alemanha e a outros países da Europa foi determinante para a sua experiência enquanto eugenista:

Um ano após ter assumido a direção da Casa Bayer do Brasil, Renato Kehl foi convidado pela multinacional alemã para realizar uma viagem de cinco meses pelo norte da Europa, especialmente à Alemanha. Nessa viagem, visitou várias universidades e institutos de antropologia e eugenia alemães e de outros países do norte europeu. Na Alemanha, visitou e realizou pesquisas no Instituto de Eugenia de Berlim, travando contato com seu diretor, o eugenista Hermann Muckermann, e com o eugenista e antropólogo Hans Haustein; conheceu também o já renomado eugenista e antropólogo Eugen Fischer, diretor do Instituto de Antropologia, Genética Humana e Eugenia da Universidade Kaiser Wilhelm, de Berlim; visitou ainda museus de antropologia e eugenia, como o Museu de Higiene Racial da cidade de Dresden (WEGNER; SOUZA, 2013, p. 266).

Portanto, muito mais que impressões sobre o país, o período em que Kehl esteve na Europa foi marcante para sua reinvenção no campo da eugenia. O Globo, por sua vez, lembraria das suas credenciais tanto de higienista como de médico, sendo autoridade em tais assuntos. O respeito à sua figura médica foi destacado pelo mesmo jornal na década seguinte, em 1933, quando estampou a matéria “O Sr. Renato Kehl na Academia de Medicina: A recepção desta noite no velho instituto científico.”, título que enfatiza um momento singular para todo médico de sucesso da época, a saber, o ingresso na Academia Nacional de Medicina. Não à toa, o texto o apresenta como um “[...] eugenista do melhor conceito do nosso meio clínico, farmacêutico e conhecido

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versador de literatura médica.” (O Sr. Renato Kehl na Academia de Medicina: A recepção desta noite no velho instituto científico, 1933, p.1). Recebido sob o discurso de Abel de Oliveira, a entrada de Kehl na prestigiosa academia foi lembrada não somente pelos seus conhecimentos médicos, mas por sua campanha no campo da eugenia e hereditariedade, o que sugere a circulação dessas ideias no meio profissional em questão. A narrativa da apresentação de Kehl na ANM expõe as bases das literaturas do campo da hereditariedade para sua formação e, assim, mostrando a importância dos seus estudos no período. Além disso, o “amor à pátria” é colocado em pauta como um adjetivo para sua trajetória intelectual no campo médico e eugênico:

Estudioso e culto, travou conhecimento com Lamarck, Darwin, Weismann, Mendel. Encantou-se com o apostolado de Galton, na Inglaterra e, como Huerta, de Hespanha, animado por um grande amor à pátria, que almeja alongada em prestígio e glórias, pelo adestramento físico e lindeza moral de seus filhos, atirou-se à campanha da eugenia e do eugenismo no Brasil (O Sr. Renato Kehl na Academia de Medicina: A recepção desta noite no velho instituto científico, 1933, p.1).

Autoridade científica no cenário nacional como um dos principais estudiosos do tema da eugenia e hereditariedade, Kehl era frequentemente convidado a discorrer sobre a matéria em diferentes localidades no país. Em seu Fundo Pessoal encontram-se, no mesmo ano de 1938, três recortes de palestras proferidas sobre eugenia e higiene nos estados de São Paulo, Ceará e Bahia – nestes dois últimos, fruto de uma excursão que realizou pelo norte e nordeste do Brasil. A riqueza dessa documentação está em perceber a sua recepção nos escritos de impressos periódicos locais, nas cidades em que palestrou. Em São Paulo, concedeu entrevista ao Diário da Noite, em 26 de março de 1938, sob o título de O médico e seus novos encargos bio-sociais. A convite do professor Almeida Prado, presidente da Seção de Cultura Geral, da Associação Paulista de Medicina, Kehl proferiu uma conferência no intuito de “[...] reafirmar as minhas ideias sobre o conceito da eugenia e levantar alguns alvitres, na Associação Paulista de Medicina, a respeito de novos rumos que a medicina terá de tomar, sobretudo no terreno da bio-sociobiologia” (Está em S. Paulo o pioneiro da eugenia no Brasil, 1938, p.1). Na escrita da reportagem, o eugenista paulista é apresentado como referência de um projeto

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eugênico em desenvolvimento no país há mais de vinte anos e que, entre seus objetivos, estaria a melhoria da raça. Em Gazeta de Notícias e O Estado, ambos periódicos em circulação em Fortaleza, publicaram em 25 e 30 de janeiro de 1938, respectivamente, a ida de Kehl àquele estado. O primeiro periódico, assim como tantos outros, reconheceu seu nome como o pioneiro no campo da eugenia no país e com “[...] merecido destaque nos círculos médicos e farmacêuticos do país e do estrangeiro, o ilustre hóspede apresenta uma relevante folha de serviços à coletividade [...]” (Dr. Renato Kehl, 1938, p.1). O Estado e igualmente a Gazeta de Notícias fizeram referência aos seus esforços no campo da eugenia, mas, sobretudo, destacaria o caráter patriótico e de preocupação em aprimorar a “nossa raça”:

É sempre com particular interesse e especial agrado que todos quantos labutam na imprensa ouvem a palavra autorizada de um homem de ciência e de cultura, sobretudo quando este traz o espírito impregnado de um desmedido amor ao bem coletivo e, cheio de um nacionalismo edificante e sadio, continuamente voltado aos problemas que dizem mais de perto com o preparo da nossa gente para a esplêndida perfeição da raça (Ouvindo o Dr. Renato Kehl, 1938, p.1).

Por seu turno, o jornal O Imparcial, da Bahia, em 2 de fevereiro de 1938, aproveitando sua estadia no Palace Hotel, realizaria uma entrevista com Kehl a respeito de suas impressões acerca da eugenia e da medicina no norte do país. Igualmente aos outros impressos periódicos, Kehl é descrito como uma personalidade médica influente no país, digna de audição. O destaque particular na matéria está no final do texto, ao lembrar de suas atribuições profissionais e redes institucionais internacionais de participação, sendo “Membro honorário da Academia Nacional de Medicina de Lima; da Société d’Anthropologie, de Paris; da Sociedade de Antropologia do Porto; Presidente da Comissão Central Brasileira de Eugenia.” (O Imparcial. O Dr. Renato Kehl na Bahia, 1938, p.1). Nos diferentes periódicos extraídos do Fundo Renato Kehl, uma das principais características foi a presença constante do discurso de “homem de ciência”, aquele indivíduo possuidor de autoridade a respeito de um tema – como a eugenia, por exemplo. Além disso, sua posição de médico, participando das atividades intelectuais de diversas instituições que iam desde o ingresso à Academia Nacional de Medicina até à

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Société d’Anthropologie, de Paris. Tais recortes demonstram como o discurso eugênico, presente nos anos de 1920 e 1930 e na voz de Kehl como seu principal propagador, possuía um status legitimado na sociedade como ferramenta médica da construção da nação. A inteligibilidade da eugenia no Brasil e a figura de Renato Kehl vão ao encontro dos “problemas da nação” eleitos por grupos médicos e intelectuais, inclusive no que se refere à raça. Segundo Nancy Lays Stepan, a eugenia “[...] foi reconfigurada no Brasil e adaptada à sua topografia intelectual e à sua agenda social, tornando-se importante elemento na reformação ideológica do significado de raça para o futuro brasileiro.” (STEPAN, 2004, p. 381). Sendo assim, como principal articulador do movimento eugênico no Brasil, com uma vasta produção bibliográfica sobre o tema, não surpreende sua receptividade quando o assunto é chamado à baila nos periódicos.

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Figura 1: O Imparcial. O Dr. Renato Kehl na Bahia. 2 de fevereiro de 1938. Fonte: Departamento de Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD-COC).

A legitimidade do eugenista expressa em cartas e documentos oficiais

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Demonstração da qualidade das fontes no Fundo Renato Kehl. Departamento de Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD-COC).

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Entre os pontos em desenvolvimento no presente trabalho, as correspondências alocadas no Fundo Renato Kehl são significativas em termos de quantidade e os locais de intercâmbio. O número de correspondências internacionais sugere o lugar de Kehl no cenário além das fronteiras do país, objetivando, mais uma vez, sua autoridade na discussão eugênica e de intérprete da nação. As correspondências endereçadas a Kehl estão em excelente estado de conservação, possibilitando destacar seus remetentes, marcas ou símbolos institucionais, questões técnicas e suporte de material envolvendo papel, escrita e letra. Uma vez que o acervo

diz

respeito

ao

seu

Fundo

Pessoal,

encontram-se

apenas

aquelas

correspondências conservadas pelo destinatário, por vezes não contendo cópias de suas respostas ou as origens daqueles diálogos, pois a documentação obedece tanto a um caráter privado como institucional. Portanto, a intencionalidade em discorrer sobre as cartas consiste, exclusivamente, em realizar um levantamento do conteúdo do material, sem a preocupação de analisar com mais profundidade suas redes de contato e articulações intelectuais. O conteúdo de muitos documentos em pauta é versado de agradecimentos ao eugenista brasileiro pelo envio de livros de sua autoria ou informativos sobre o desenvolvimento do campo da eugenia em outros países. Mesmo constituindo, muitas vezes, apenas agradecimentos por despacho de remessas de exemplares, os escritos aludem ao interesse do eugenista em manter diálogos com os interlocutores de suas obras. A importância em verificar este material pode ser sustentada pela historiadora Teresa Malatian ao advertir que “Pelas cartas trocadas, percebe-se a organização de um grupo em torno de certos indivíduos que desempenham papel central a partir de um projeto ou objetivo comum.” (MALATIAN, 2012, p. 208). Este sentido proposto pela historiadora está alinhado com a representação de Kehl em torno de um projeto de nação que viabiliza a discussão e implementação da eugenia, seja no Brasil seja em outras partes do mundo. O estágio atual da historiografia vem assimilando com propriedade e crítica o trato das correspondências enquanto documentação palpável para o ofício do historiador, ou seja, procura não adotar este material como discurso de “verdade”, mas confrontar seu conteúdo com outras fontes. Autoras como Ângela de Castro Gomes, Teresa Malatian (2012), Maria Teresa Villela Bandeira de Mello (2012) e Karina Anhezini de Araújo (2006), além de organizações temáticas como a de Walnice

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Nogueira Galvão e Nádia Battella Gotlib (2000), Prezado senhor, prezada senhora: estudos sobre cartas, mostraram de distintas maneiras as possibilidades de se trabalhar com essa modalidade de documentação para diferentes fins de pesquisa. No estudo de caso em andamento, as correspondências de Kehl em níveis continentais não deixam dúvidas sobre seus contatos internacionais. São pedidos, informativos ou agradecimentos por envio de exemplares de livros e diálogos com intelectuais e instituições em países como Portugal, Alemanha, México, Peru, Estados Unidos, Colômbia, Itália, Equador, Panamá, Argentina, Paraguai, Suíça, Espanha, Inglaterra, Cuba, Chile, representados por Laboratórios, Universidades, Institutos de Eugenia, Estudos Antropológicos, Centro de Controle de Nascimento. Nomes internacionalmente importantes da eugenia como Eugen Fischer, Charles Davenport, Paul Popenoe, Alfredo Saavedra e Carlos Enrique Paz Soldan assinaram em cartas endereçadas a Kehl. Em meio à constelação de cartas do Fundo Kehl, pinçamos algumas para demonstrar sua participação no universo da eugenia internacional. Em 4 de abril de 1932, o zoólogo Charles Davenport, um dos maiores nomes da eugenia nos Estados Unidos, entusiasta de comparações de ancestralidades e com uma obsessão pelas questões de raça e miscigenação (BLACK, 2003, p. 89), se comunicou com Kehl. A legitimidade da carta é expressa nas referências, pois representa a International Federation of Eugenic Organizations e o Third International Congress of Eugenics. Ao lado direito do documento é possível notar a menção ao tradicional instituto Cold Spring Harbor. Além disso, no canto esquerdo, há uma lista de todos os vicepresidentes do congresso, representando diversos países. Nomes estes que figuravam entre as principais personalidades da eugenia da época. Por exemplo, nas Américas, Victor Delfino notabilizava como representante da Argentina e Ramos y Delgado, de Cuba. A observação dos nomes é importante para o exame das fontes, uma vez que o Brasil não possuía nenhum vice-presidente no congresso e, pontualmente, este seria o tema tratado na carta. Davenport, desse modo, refere-se à inclusão do Brasil como país representante na International Federation of Eugenic Organizations. O eugenista estadunidense explicaria o motivo do Brasil não figurar entre os representantes até aquele momento:

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The reason why there was no vice president from Brazil was because Brazil has, up till now, had no representation on the International Federation which Federation authorized and organized the congress. I have, of course, personally been aware of your activity and am hoping that steps will be taken at the meeting in August to invite Brazil to be represented on Federation (Carta de Charles Davenport a Renato Kehl em 4 de abril de 1932. Departamento de Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD-COC).

Na correspondência, Davenport fez questão de ressaltar o conhecimento das atividades de Kehl no país em prol da eugenia e promete providências para a escalada do Brasil no Congresso e na Federação Internacional. Kehl, há tempos mantinha troca de material com eugenistas de outros países, todavia, o reconhecimento de um eugenista de peso como Davenport, expresso na carta, implica na importância do Brasil no quadro da eugenia global e o papel de Kehl enquanto expressão da corrente nacional. Kehl recebeu reconhecimento em outras oportunidades, como em carta datada de 23 de janeiro de 1943, do geneticista da Cornell University Medical College, Morton D. Schweitzer, solicitando a Kehl cópias de suas produções intelectuais a respeito da eugenia. Schweitzer, ainda, ficou interessado em conhecer outros nomes da América do Sul para comunicar-se futuramente (Carta de Morton D. Schweitzer a Renato Kehl, em 23 de abril de 1943. Departamento de Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD-COC). Outro intelectual que entrou em contato com Kehl foi Percy Alvin Martin, professor de História da América na Stanford University. Em 12 de outubro de 1940, Martin agradeceu ao eugenista brasileiro por ter lhe encaminhado o livro Psicologia da Personalidade, obra que estaria lendo e despertando interesse. Escreve, ainda, a alegria em anexar o livro à sua biblioteca pessoal. Para a análise da legitimidade de Kehl no cenário internacional, o segundo parágrafo da carta revela um trecho bastante significativo. Martin, disse a Kehl que sua biografia comporia a segunda edição do seu livro Who's Who in Latin America: “You will be interested to know that the second edition of my Who's Who in Latin America, which is honored by the inclusion of your own biography, will be published within the next few weeks” (Carta de Percy Alvin Martin a Renato Kehl em 12 de outubro de 1940. Departamento de Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD-COC). Finalmente, correspondências trocadas com Carlos Henrique de Paz Soldan, são sintomáticas para avaliar o prestígio de Kehl no cenário internacional da eugenia. Em

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carta de 7 de setembro de 1931, Soldan escreveu de forma amigável, além dos formalismos tradicionais, demonstrando a proximidade entre um dos principais nomes da saúde pública do Peru com o eugenista brasileiro. Tal aproximação pode ser eleita em frases como “Siempre suyo afectisimo amigo y fraternal camarada” e “Mi querido e recordado amigo”. O conteúdo da carta sintetiza as últimas ações realizadas por Soldan no campo médico e eugênico. Desde sua ida aos Estados Unidos, Cuba e México, até os diversos problemas de saúde pública e sociedade enfrentados no Peru, especialmente ao salientar uma crise moral vivenciada no país (Carta de Carlos Henrique de Paz Soldan a Renato Kehl, em 7 de setembro de 1931. Departamento de Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD-COC). Soldan discorre sobre assuntos que possivelmente compartilhariam o interesse de Kehl por meio da carta. Em adição, saúda a criação da Comissão Central Brasileira de Eugenia. De acordo com Souza, o contato com intelectuais como Victor Delfino e Paz Soldan – “ [...] ambos nomeados como membros honorários da Sociedade Eugênica de São Paulo e com os quais Kehl almejava formar uma frente para divulgar a eugenia na região.” (SOUZA, 2006, p. 88) – contribuiu para a visibilidade e autoridade do eugenista brasileiro perante a intelectualidade nacional.

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Figura 2: Carta de Percy Alvin Martin a Renato Kehl em 12 de outubro de 1940. Fonte: Departamento de Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD-COC).

Considerações finais Vale ressaltar que a opção, ao longo do texto, foi apresentar algumas possibilidades de trabalhar com o Fundo Renato Kehl, um acervo documental que pode ser examinado tanto no que diz respeito à trajetória intelectual de Kehl como da experiência da eugenia no país e as suas relações com o mundo. Jornais e cartas oferecem questionamentos dos mais variados para compreender quem era Renato Kehl e qual era seu papel naquela sociedade em vista da sua participação no movimento eugênico no Brasil e latino-americano, principalmente sob os olhares de outros intelectuais ou meios de comunicações. Um dos pontos para abordagens de pesquisadores está no lugar que o eugenista ocupou durante sua trajetória ativista no campo eugênico. Este elemento torna-se significativo, sobretudo à luz do século XXI, no qual muitas das interpretações da

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eugenia, em especial após a Segunda Guerra Mundial, reduziram suas teorias e ações como “acientíficas” ou “pseudocientíficas”, deslegitimando-a do caráter científico, fruto das discussões do seu tempo. A eugenia como tema na historiografia vem sendo constituída como um recorte profícuo à medida que desnuda os excessos emocionais em torno da discussão, considerada por muitos uma questão traumática e draconiana que poderia ser reservada ao esquecimento coletivo. O Fundo Renato Kehl permite mergulhar nos recortes conservados pelo eugenista, sobretudo nas correspondências pessoais que, diferente dos impressos periódicos, representam um aspecto mais restrito e particular. Dessa maneira, tanto as cartas como os impressos corroboram com a autoridade de Kehl no campo da eugenia nacional e internacional. Os jornais trabalhados no presente texto são exemplares para demonstrar sua atividade em várias partes do Brasil e a presença de uma fala legitimadora no campo da hereditariedade e da eugenia. As cartas, por sua vez, viajam para além das fronteiras nacionais, sendo lidas por outros continentes e personalidades em institutos, universidades e federações, interessadas na eugenia brasileira e nos estudos de Kehl. O uso dos arquivos pessoais é, por assim dizer, uma fauna diferenciada, principalmente por expressar desejos, intimidades e vontades dos seus atores históricos que muitas vezes não estão presentes em outros documentos. A armadilha para o historiador, como sublinhou Ângela de Castro Gomes, estaria em tomar essa documentação como validação de supostas “verdades”, esquecendo que este é mais um documento presente em sua caixa de ferramentas e passível de críticas e exames. Em outras palavras, ou melhor, nas palavras da autora, é preciso ficar atento aos “feitiços” dos arquivos pessoais.

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Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD-COC). CARTA de Morton D. Schweitzer a Renato Kehl em 23 de abril de 1943. Departamento de Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD-COC). CARTA de Percy Alvin Martin a Renato Kehl em 12 de outubro de 1940. Departamento de Arquivos e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz (DAD-COC). CARVALHO, Leonardo Dallacqua de. Os traços da hereditariedade: cor, raça e eugenia no Brasil. Curitiba: Editora Prismas, 2015. DE LUCA, Tania Regina; História dos, nos e por meio dos. In: PINSKY, Carla Bassanezi (Org.). Fontes Históricas. 2ª. ed. São Paulo: Contexto, 2008, v. 1, p. 111-153. ESTÁ EM S. PAULO O PIONEIRO DA EUGENIA NO BRASIL. Diário da Noite. São Paulo, p.1, 26 mar. 1938. GALVÃO, Walnice Nogueira; GOTLIB, Nádia Battella (Orgs.). Prezado senhor, prezada senhora: estudos sobre cartas. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. DR. Renato Kehl. Gazeta de Notícias, Fortaleza, p.1, 25 jan. 1938. GOMES, Ângela de Castro. Nas malhas do feitiço: o historiador e os encantos dos arquivos privados. Estudos Históricos, nº 21, 1998. p. 121-127. GONTIJO, Rebeca. “Paulo amigo”: amizade, mecenato e ofício do historiador nas cartas de Capistrano de Abreu. In: GOMES, Angela de Castro (Org.). Escrita de si, escrita de História. Rio de Janeiro: FGV, 2004. p. 163-193. MALATIAN, Teresa. Narrador, registro e arquivo. In: PINSKY, Carla Bessanezi; DE LUCA, Tania Regina de. O Historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2012. MELLO, Maria Teresa Villela Bandeira de. Arquivos de cientistas como fontes para a história das ciências. In : MOLLO, Helena Miranda (Org.). Biografia e história das ciências: debates com a história da historiografia. Ouro Preto : EDUFOP/PPGHIS, 2012. O ESTADO. Ouvindo o Dr. Renato Kehl. O Estado, Fortaleza, p.1, 30 jan. 1938. O CHAPÉU DE AÇÚCAR NA CABEÇA DA EUROPA. Conta-nos uma porção de coisas curiosas e hilariantes o Dr. Renato Kehl. O Globo, Rio de Janeiro, p. 1, 17 set. 1928. O DR. RENATO KEHL NA BAHIA. O Imparcial, Bahia, p.1, 2. fev.1938. O SR. RENATO KEHL NA ACADEMIA DE MEDICINA: A recepção desta noite no velho instituto científico. O Globo, Rio de Janeiro, p. 1, 24 abr. 1933.

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