Futuro do presente (survey)
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Longevidade
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Longevidade estudo desenvolvido por Zhuo Consultoria e Giacometti Comunicação março/2013 2
, Indice
Introdução .................................................................................................................................. Metodologia ............................................................................................................................... O horizonte ................................................................................................................................. O reflexo da realidade ................................................................................................................ Projeções sobre o envelhecimento .................................................................................... O significado da morte ...................................................................................................... Viver até os 120 anos ......................................................................................................... A reflexão ................................................................................................................................... Notícia auspiciosa? ............................................................................................................ E os brasileiros estão conscientes disso? ........................................................................... Como o brasileiro encara o envelhecimento? .................................................................... O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje? ............................................. Os jovens diante da própria velhice e dos idosos .............................................................. A longevidade como ideologia?! ........................................................................................ Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos? ..... Velhice na hipermodernidade não tem significado ............................................................ A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico .......................................... Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé? ......................... Pontos para reflexão sobre o sentido da vida ..................................................................... A saudabilidade e o sonho de consumo ...................................................................................... A saudabilidade ................................................................................................................. O trabalho, a leitura, o conhecimento e o sonho de consumo impactando na longevidade. Conclusão ................................................................................................................................... 3
004 009 017 025 028 050 074 123 126 138 149 163 178 193 206 231 242 252 259 278 280 306 338
Introducao ,˜ 4
Sabemos que algumas correntes de investigação da biotecnologia, da neurotecnologia, da nanotecnologia e da medicina afirmam que uma criança nascida hoje, se ficar atenta a uma prática saudável de vida, pode viver até os 120 anos ou mais.
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Nesse sentido, o objetivo geral deste estudo foi o de averiguar o grau de consciência dos brasileiros, principalmente entre os não idosos, com relação a essa possibilidade, bem como os impactos e as mudanças (positivas ou negativas) nas ideias, nas representações e no comportamento social da nossa população diante dessa nova realidade. 6
Quanto aos objetivos específicos, estão relacionados a um convite para uma reflexão sobre o presente e o futuro p r ó x i m o, b e m c o m o s o b re o envelhecimento, o significado da morte nos dias de hoje, o significado da saudabilidade e o nosso consumo do dia a dia.
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Como pano de fundo, buscamos investigar em que medida os brasileiros têm no autoconhecimento uma prática diária como uma ferramenta de evolução pessoal.
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Metodologia 9
1ª FASE Organizamos dois grupos de profissionais, de d i f e re n t e s á re a s d e c o n h e c i m e n t o, e provocamos um profundo debate em torno “da nova longevidade”. 10
IRENE GAETA ARCURI • PSICÓLOGA
CARLOS FREDERICO LÚCIO • ANTROPÓLOGO
Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP Mestre em Gerontologia pela PUC-SP Coordenadora de Psicoterapia Junguiana e Psicogerontologia na UNIP
Doutor em Ciências Sociais pela UNICAMP Mestre em Antropologia pela UNICAMP Professor de Antropologia na FAAP e ESPM
DANTE MARCELLO CLARAMONTE GALLIAN • HISTORIADOR
JOÃO TONIOLO NETO • GERIATRA
Pós-doutor em Ciências Sociais pela École des Hautes Études (Paris) Doutor em História Social pela FFLCH-USP Diretor do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde da Escola de Medicina da UNIFESP
Diretor clínico do Instituto Toniolo de Geriatria
JOSÉ CARLOS FERRIGNO • PSICÓLOGO
FRANK USARSKI • CIENTISTA DA RELIGIÃO
Doutor em Filosofia pela Universidade de Hannover (Alemanha) Livre-docente em Ciência da Religião pela PUC-SP
Doutor em Psicologia Social pela USP Especialista em Gerontologia pela SBGG e Universidade de Barcelona Consultor em Gerontologia, Programas Intergeracionais e Programas de Preparação para Aposentadoria
JORGE FELIX • ECONOMISTA POLÍTICO
JÚLIO SÉRGIO CARDOZO • CONTADOR E ADMINISTRADOR
Mestre em Economia Política pela PUC-SP Pesquisador membro do Núcleo de Pesquisas Políticas para Desenvolvimento Humano Jornalista especializado em envelhecimento
Livre-docente em Finanças pela UERJ Professor da FGV e do Programa de Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ Presidente da Júlio Sérgio Cardozo e Associados
JÚLIO CÉSAR POMPEU • FILÓSOFO
ROBERTO CARLOS BURINI • BIOMÉDICO
Doutor em Filosofia Professor de Ética e Teoria do Estado do Departamento de Direito da UFES
Pós-doutor em Metabolismo e Nutrição pelo MIT (Cambridge, EUA) Livre-docente em Bioquímica Clínica e professor titular em Patologia Clínica Coordenador do Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição
MARIA LÚCIA SANTAELLA BRAGA • SEMIOTICISTA
Livre-docente em Ciências da Comunicação pela ECA-USP Coordenadora da Pós-Graduação em Tecnologia da Inteligência da PUC-SP
SHIRLEI SCHNAIDER BORELLI • DERMATOLOGISTA
Médica dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia Pesquisadora do Centro de Estudos do Envelhecimento da UNIFESP-EPM Presidente da Clínica Dra. Shirlei Borelli
PEDRO LUIZ RIBEIRO DE SANTI • PSICANALISTA Doutor em Psicologia Clínica pela PUC-SP Mestre em Filosofia pela USP Professor e pesquisador do CAEMP da ESPM
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2ª FASE O produto final do debate foi extremamente rico e obviamente base para as fases complementares. Antes, porém, de iniciarmos a fase quantitativa, junto à população brasileira, optamos por realizar seis minigrupos com os representantes dela, visando pré-testar a estrutura de abordagem às principais questões, referentes ao novo universo dessa nova longevidade. 12
Minigrupos: 20 a 30 anos
31 a 40 anos
41 a 60 anos
Homens e Mulheres AB
5 pessoas
5 pessoas
5 pessoas
Homens e Mulheres C
5 pessoas
5 pessoas
5 pessoas
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3ª FASE Com todas as hipóteses em mãos, validamos as questões através de uma pesquisa quantitativa, nas seguintes praças: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife. Tamanho da amostra: mil casos. 14
Quantitativa: Sexo: masculino e feminino Idades: 20 a 35 anos / 36 a 55 anos / 56 a 69 anos / 70 anos e mais Classes Sócio-Econômicas: A, B e C (Critério Brasil) Amostra
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São Paulo
500
Rio de Janeiro
200
Porto Alegre
150
Recife
150
TOTAL
1.000
Tabela Critério Brasil: Classes
Renda média bruta familiar no mês em R$
A
9.263
B1
5.241
B2
2.654
C1
1.685
C2
1.147
DE
776
Fonte: ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) 2012 / Dados com base no Levantamento Sócio-Econômico 2011 - IBOPE 16
O horizonte 17
Fácil seria escolher apenas uma perspectiva para compreender este estudo: a otimista, através da qual existiria, sim, uma esperança e então tudo ficaria mais leve, mais promissor... Ou a pessimista, em que predominaria a teoria do quanto pior, melhor... Estamos, mesmo, no Kaliuga e nada nos re s t a a n ã o s e r a g u a rd a r p e l o insuperável... 18
Na verdade, o que veremos a seguir, na minha modesta opinião, é uma imagem perfeita de que, de fato, não existem mais coisas entre o céu e a terra as quais a nossa “vã” Filosofia não dê mais conta de compreender... Parece-me que está, sim, tudo escrito, t u d o d i a g n o s t i c a d o, m u i t o b e m compreendido. 19
Nosso maior desafio, então, seria o de encontrar um caminho para superar as contradições entre o que essas teorias certeiras nos dizem sobre a atual condição humana e a nossa prática diária, em que, na maioria das vezes, teimamos em nadar contra o sentido natural das forças deste nosso Universo.
20
Estamos, sim, irremediavelmente sozinhos neste labirinto e poucos enxergam a saída, é verdade; mas como é prazeroso saber que esses poucos, de fato, estão sendo bem-sucedidos!
21
Veremos que tanto os “analisandos”, os brasileiros estudiosos, os nossos pensadores, quanto os “analisados”, os brasileiros como nós, possuem distintas perspectivas sobre como evoluir nessa questão da longevidade!
22
N a re a l i d a d e, n ã o e x i s t e u m a perspectiva “vencedora”. São correntes de pensamento ascendentes, descendentes, circulares que vez por outra provocam grandes turbulências de tal f orma que pessimismo e otimismo se comprimem, tornando-se, assim, quase irrelevantes...
23
E é nessa atmosfera que propomos o nosso mergulho nos resultados que veremos a seguir, tentando manter em mente que essa questão é muito nova, impensável poucos anos atrás, de tal forma que seria melhor iniciarmos este processo de investigação sem nenhum preconceito, desarmados mesmo, o que já seria um imenso desafio... 24
O reflexo da realidade 25
Nossa escolha Optamos por inverter a lógica da apresentação dos resultados, vis-à-vis com a metodologia utilizada (através da qual iniciamos este estudo, junto aos profissionais especialistas), uma vez que as informações advindas de brasileiros de vários cantos deste Brasil pertencem, ao mesmo tempo, a um universo simples de se expor e complexo de se compreender. 26
De tal forma... ...que as contribuições dos profissionais especialistas, que veremos após a primeira parte quantitativa deste estudo, tornar-se-ão bem mais ricas para a compreensão deste complexo universo social brasileiro.
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Projeções sobre o envelhecimento
28
Até quantos anos você acha que vai viver? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
menos de 55 anos
3%
-‐
-‐
-‐
1%
de 56 a 65 anos
8%
7%
2%
-‐
6%
de 66 a 75 anos
21%
25%
18%
3%
20%
de 76 a 85 anos
39%
41%
42%
42%
40%
de 86 a 95 anos
16%
17%
21%
34%
20%
de 96 a 100 anos
11%
9%
14%
17%
11%
mais de 100 anos
2%
1%
3%
4%
2%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
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KEY POINT
Os jovens não querem viver muito!!!
Apenas 13% dos jovens, no total, entre 20 e 35 anos, acreditam que vão ultrapassar a casa dos 90 anos. Mais adiante temos a informação de que, destes, apenas 40% têm o conhecimento (e não a consciência) de que, se “capricharem”, poderão viver até os 120 anos com uma significativa qualidade de vida. É importante observar as diferenças regionais e notar o destaque para as regiões do Recife e do Rio de Janeiro, onde influências da natureza, do estilo de vida e da religiosidade fazem com que a vontade de viver seja prolongada. Já em Por to Alegre, predomina uma visão mais racionalizada, talvez influenciada por uma maior presença da cultura europeia nos dias de hoje. Lá, um número maior de jovens (21%) acredita que chegará tranquilamente aos cem anos, mas nada além disso. 30
KEY POINT
Os jovens não querem viver muito!!!
A conclusão mais importante a que chegamos aqui é que o lado inconsciente do jovem lhe inspira pura potência, inabalável força, “eu sou o super-homem” e a outra face da moeda, a do lado consciente, não tão bem informado, lhe impõe dúvidas e incertezas sobre um futuro distante. Abre-se aqui uma oportunidade incrível para debatermos com esses jovens a possibilidade de ampliarmos as nossas perspectivas, objetivando aprofundar as raízes sobre o significado da vida. 31
Statements
Na visão dos brasileiros (minigrupos)
“Poucas pessoas conseguem enxergar o centenário com bons olhos, no sen7do da saúde, de lidar com todas as perdas. Não quero chegar lá. Tem que ser muito regrado. Vejo que a alimentação tem que ser muito balanceada, regrada e não me vejo fazendo isso a longo prazo. A solidão é outro fator. Não me vejo dando trabalho, sendo um peso para a minha família. Minha avó vivia chorando, pois enterrou os sete filhos. Fora as dores, ficava resmungando o dia todo.” Jovem AB 32
KEY POINT
O desejo de viver e o medo de depender
O desejo de viver somente até a idade projetada vem do medo da dependência, ou seja, a faixa etária que vai de 76 a 85 anos, para a maioria, é o limite para não ficar dependente e o suficiente para acompanhar as futura gerações. Além disso, conforme a parte quantitativa do estudo, é esta a idade que a maioria tem como referência familiar. Vale ressaltar também que a sabedoria (variável que representa 13% no total) citada não é uma sabedoria que vem do conhecimento teórico, e muito menos de autoconhecimento. Ela tem origem nas experiências ao longo da vida, na chamada “escola da vida”. 33
Você trabalha regularmente?
Comparativo das diferentes praças
TOTAL
SP
RJ
REC
POA
{ { { { {
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
sim
76%
85%
57%
14%
70%
não
24%
15%
43%
86%
30%
sim
86%
88%
59%
20%
75%
não
14%
12%
41%
80%
25%
sim
77%
83%
42%
8%
65%
não
23%
17%
58%
92%
35%
sim
41%
85%
57%
7%
61%
não
59%
15%
43%
93%
39%
sim
79%
81%
65%
7%
69%
não
21%
19%
35%
93%
31%
34
KEY POINT
Como sustentar uma situação como essa?
A maioria das pessoas que estão na terceira faixa etária (56 a 69 anos) pretende viver, no máximo, 85 anos para uns e 95 anos para outros. Esse aspecto entra em contradição com o número de pessoas que não estão trabalhando com essa idade: em média 44% disseram não realizar uma atividade remunerada regularmente (como observamos no quadro anterior). No caminhar da reflexão sobre este estudo, veremos o potencial negativo dessa informação, não só para o indivíduo em si, como também para a sociedade em geral. A pergunta que fica agora é: que novo sentido essas pessoas vão dar à vida (até no máximo entre os 85 e os 95 anos)? 35
Qual o principal medo de envelhecer? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
depender de alguém
31%
39%
40%
41%
37%
ficar só
31%
33%
25%
41%
32%
ficar inúQl
28%
30%
40%
38%
32%
ver os outros parQrem
25%
19%
18%
25%
21%
adoecer
8%
11%
10%
16%
10%
abandono
9%
6%
6%
14%
8%
ver a morte se aproximar
11%
6%
7%
4%
7%
preconceito
4%
1%
4%
-‐
2%
outros
3%
3%
1%
2%
3%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
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Statements
Na visão dos brasileiros (minigrupos)
“O maior medo no mundo é envelhecer, pois gera limitações e eu não gosto de ser limitado. Tem que saber lidar com isso, e é frustrante!” “Dependência é o que pega: financeiramente e fisicamente. A ausência dos amigos, os jovens que não querem proximidade porque os obje7vos acabam mudando...” Adulto AB
“Na casa dos idosos, a maioria fica lá, jogada pelos cantos.” Adulto C
“Me preocupa mais ser tratado como velho do que eu me sen7r um velho.” Sênior AB
“Depressão, ansiedade, estresse. As pessoas idosas são jogadas no asilo. Esse é o medo que vai crescer com o tempo.” “Tenho medo de envelhecer largado. Deve ser terrível depender de alguém para trocar a sua fralda. A minha avó sempre foi uma pessoa muito a7va, fazia coisas para todo mundo e ela se sen7a humilhada quando cuidávamos dela. Tenho certeza de que, se ela pudesse, pediria para que Ele a levasse embora logo.” Sênior C
37
KEY POINT
Reinventar-se aos 60 anos?
As respostas dadas a essa questão nos remetem a um ponto estratégico no que se refere a políticas públicas no Brasil. Com a possibilidade real do aumento acelerado da expectativa de vida, passa a ser fundamental uma reflexão profunda, com o objetivo de evoluir, e muito, no sentido de fazer retornar para a sociedade toda essa experiência, essa vivência desses segmentos populacionais idosos. Enquanto em inúmeros países orientais existe uma reinserção natural deles na sociedade, por meio de uma redefinição de papéis desses idosos, desde dirigindo, coordenando creches, até participando do alto conselho de grandes empresas, é possível, sim, realizar uma revolução se acrescentarmos a essa vivência, a essa experiência dos idosos, mais conhecimento (pr incipalmente, o autoconhecimento). 38
KEY POINT
Reinventar-se aos 60 anos?
Com esse procedimento, além de reduzirmos as incertezas que o idoso tem com relação a si próprio, estaremos potencializando a expansão das demais gerações ao agregar esse conhecimento (que estamos jogando fora atualmente) às gerações mais novas. Contudo, temos um obstáculo, um grande desafio, se avizinha para a realização desse sonho: trata-se do elevado índice dos chamados, tristemente, analfabetos funcionais (27% da população brasileira). Estamos constatando pelos statements aqui apresentados a simplicidade da visão de mundo da maioria dos brasileiros e, ao mesmo tempo, veremos mais adiante a sofisticação de pensamento dos estudiosos brasileiros, demonstrando que essa desigualdade na “distribuição” do conhecimento vai ter seu preço logo ali na frente. Assim, abre-se mais uma oportunidade imensa para entidades, empresas privadas e políticas públicas investirem nesse novo e importantíssimo “mercado”. 39
KEY POINT
Reinventar-se aos 60 anos?
Sem falar no incremento do PIB que esse “novo” idoso pode trazer para o país... Com isso, conseguiremos, ainda, amenizar o impacto no orçamento da União no que se refere à manutenção dos custos desses segmentos sociais atualmente “aposentados”, descartados. Esse desafio da reeducação dos “idosos”, aos 60 anos, é tão fundamental quanto o ensino fundamental, pela sua grandiosidade e complexidade, como mencionamos, uma vez que, sabemos, a partir de 2020, esses “idosos” passarão a ser maioria e não teremos como sustentá-los em todos os aspectos: físicos, mentais e filosóficos; eles precisam e podem viver por conta própria até os cem anos. 40
KEY POINT
Reinventar-se aos 60 anos?
Esses jovens idosos de 50, 60 anos, necessitam ter a consciência da importância d e re s g a t a re m a s i p r ó p r i o s p a r a potencializarem seu autoconhecimento, indo às profundezas do seu eu, redirecionando as energias de sua alma, de sua natureza, para se reinventarem. Só assim conquistarão a admiração não só daqueles que os cercam, mas também, e pr incipalmente, dos segmentos sociais ao seu redor. 41
O que você se imagina fazendo quando envelhecer? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
aproveitando a vida
46%
47%
39%
45%
viajando
43%
40%
33%
39%
morando em um lugar tranquilo
46%
47%
39%
31%
cuidando da família
28%
29%
38%
29%
ajudando o próximo
12%
10%
12%
11%
trabalhando
9%
8%
8%
8%
estudando
4%
5%
4%
4%
descansando
1%
1%
3%
1%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base total: 892 entrevistados
42
O que você se imagina fazendo quando envelhecer?
Por classe social
Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
classe A
classe B
classe C
TOTAL
aproveitando a vida
55%
41%
45%
45%
viajando
47%
39%
40%
39%
morando em um lugar tranquilo
34%
32%
33%
31%
cuidando da família
25%
25%
30%
29%
ajudando o próximo
8%
10%
15%
11%
trabalhando
8%
10%
10%
8%
estudando
5%
2%
3%
4%
curQndo os netos
5%
2%
3%
3%
dançando
5%
2%
3%
2%
fazendo caminhadas/esportes
5%
2%
3%
2%
descansando
2%
2%
4%
1%
base classe A: 123 entrevistados / base classe B: 383 entrevistados / base classe C: 386 entrevistados / base total: 892 entrevistados 43
KEY POINT
Com a fé ninguém está sozinho!
Falando em correntes ascendentes, na perspectiva otimista, a classe média brasileira parece mesmo ter consolidado, nos últimos anos, os seus sonhos de consumo. Nada mais normal, uma vez que se trata de necessidades básicas, o que inclui, até mesmo, a lista completa dos eletrodomésticos, bem como dos equipamentos que permitem a conectividade. Podemos concluir que fica para uma segunda fase da vida, ou até mesmo para a próxima geração, evoluir na relação com amigos, nos estudos, seja para o autoconhecimento ou para a profissionalização, especialização, etc. Sem falar da nossa relação com o Princípio, com este imenso universo; evoluir na nossa religiosidade/espiritualidade. Se compararmos essas últimas possibilidades conquistadas com as de outros países emergentes (e não precisa ser o BRIC), veremos que a distância é longa, tendo-se em vista países como Chile, Vietnã e Cingapura. 44
KEY POINT
15% pretendem fazer o bem ao próximo quando envelhecerem!
Numa sociedade extremamente individualizada como a nossa, realmente não podíamos imaginar respostas melhores do que a que obtivemos nesse último quadro, pois nada melhor mesmo do que viajar, aproveitar a vida, morar numa cidade do interior, etc., do ponto de vista de uma sociedade individualista. Ventos diferentes vêm, predominantemente, das classes mais desfavorecidas, em que o índice de solidariedade e de preocupação com aqueles que não estão tão próximos é mais elevado do que o encontrado na classe A. Daí, o “fazer bem ao próximo”, sonho que pertence pelo menos a 15% da classe C, além de aumentar a nossa esperança em dias melhores, nos indica que muitos de nós já estão preparados ou até mesmo já estão em ação para, através de “n” atividades, contribuir para a reinvenção dos “jovens” de 40 anos e principalmente daqueles com 60 anos. 45
Frase de concordância
“Tenho medo de envelhecer porque vou ficar inválido(a), inútil.” Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
TOTAL
20 – 35 anos 20%
16%
15%
49%
36 – 55 anos 22%
16%
15%
47%
56 – 69 anos 22%
19%
16%
43%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 46
Frase de concordância
“Prefiro morrer a depender de alguém.” POA 20 – 35 anos 37%
21%
18%
24%
36 – 55 anos 38%
25%
14%
22%
56 – 69 anos 24%
18%
44%
14%
70 + anos 20%
20%
20%
40%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 47
Frase de concordância
“Futuramente, não haverá tanto preconceito com os idosos.” 20 – 35 anos 22%
37%
24%
17%
36 – 55 anos 23%
34%
25%
18%
56 – 69 anos 25%
31%
25%
19%
70 + anos 32%
31%
20%
17%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 48
KEY POINT
Consequência de um contexto urbano mais humanizado
Em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, as pessoas encaram a velhice de uma maneira mais negativa, pelo medo de ficarem dependentes e de perderem a beleza. Já na faixa etária das pessoas com mais de setenta anos, percebemos que a população da região de Pernambuco, mesmo com o físico mais enfraquecido, é a que mais quer viver. No extremo oposto, está Porto Alegre. Mais adiante, aprofundamos essa questão dos “medos” da velhice nas diferentes regiões, surgindo aí uma constatação maravilhosa a favor das cidades onde o contexto urbano é mais humanizado. 49
O significado da morte
50
Qual o significado da morte? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
fim da vida
41%
42%
40%
42%
42%
única certeza
20%
24%
24%
29%
24%
vida nova
14%
11%
12%
5%
12%
renovação
8%
11%
13%
10%
11%
luto/tristeza
9%
6%
5%
19%
8%
perda
9%
6%
7%
10%
7%
desencarnação
5%
5%
3%
9%
5%
descanso
1%
-‐
1%
-‐
1%
vida nova: No Recife essa porcentagem chega a 17% no total e 23% na classe C. renovação: No Rio de Janeiro esta porcentagem chega a 16% no total. base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
51
Qual o significado da morte? Por classe social
classe A
classe B
classe C
TOTAL
fim da vida
40%
41%
43%
42%
única certeza
29%
21%
25%
24%
vida nova
12%
12%
11%
12%
renovação
10%
11%
10%
11%
luto/tristeza
10%
7%
8%
8%
perda
14%
6%
7%
7%
desencarnação
2%
5%
6%
5%
descanso
1%
2%
1%
1%
caminho sem volta
-‐
1%
1%
1%
missão cumprida
-‐
-‐
1%
1%
base classe A: 125 entrevistados / base classe B: 436 entrevistados / base classe C: 439 entrevistados / base total: 1000 entrevistados 52
KEY POINT
O reflexo da religião levada a sério
Interessante a presença do conceito de uma vida nova após a morte. Mais interessante ainda é a diferença na quantidade das respostas a favor desse conceito na região do Recife. Sem dúvida nenhuma é a religião praticada além dos limites de uma simples fé, que é comum à maior ia dos brasileiros, a fomentadora nata dessa crença. 53
Do que você sente mais medo: de morrer ou envelhecer?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
morrer
71%
62%
56%
53%
62%
envelhecer*
24%
33%
38%
33%
32%
nenhum dos dois
5%
5%
6%
14%
6%
*No Rio de Janeiro esta porcentagem chega a 46% no total. base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
54
Statements
Na visão dos brasileiros (minigrupos)
“Tenho medo da morte; ela me assusta porque não sei como eu vou morrer.” Jovem C
“Tenho muito medo da morte. Tanto que eu não vou a enterros. Não gosto.” “A morte é inevitável, mas quero ela longe. Não quero saber dela, não.” Sênior AB
55
Você se considera uma pessoa de fé?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
sim
89%
95%
94%
96%
94%
não
11%
5%
6%
4%
6%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
56
Qual a importância da fé na sua vida? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
ajuda a enfrentar os obstáculos
72%
68%
75%
78%
71%
traz esperança
23%
18%
23%
33%
22%
dá equilíbrio espiritual
13%
12%
18%
55%
18%
dá ânimo/oQmismo
15%
14%
13%
29%
16%
traz paz e amor
9%
13%
9%
34%
14%
dá sabedoria/ discernimento
11%
8%
9%
17%
10%
constrói valores
8%
6%
6%
13%
7%
ajuda na saúde
4%
3%
6%
30%
7%
ajuda a ser uma pessoa melhor
6%
2%
5%
19%
6%
base 20 -‐ 35 anos: 221 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 425 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 185 entrevistados / base 70 + anos: 104 entrevistados / base total: 935 entrevistados
57
KEY POINT
Fé. Só quando dói! Nas discussões qualitativas, em grupo, quando questionamos sobre o significado da fé, percebemos que ela é “acionada” apenas em momentos de dificuldade e está ligada à crença em Deus, mas nada além disso. A fé apareceu pouco como algo maior, inabalável e fomentadora da espiritualidade, pois quase sempre é enfraquecida pela racionalidade e dificuldades do dia a dia. Essa constatação reflete diretamente no significado da fé nesta parte quantitativa do estudo. As questões que a tratam como algo maior (que vai além dos momentos de dificuldades), que a associam ao sentido da vida, aos valores e à evolução pessoal não apareceram com tanta representatividade. Isso dá força a todas as outras constatações que fizemos e iremos fazer ao longo do estudo: esta fé, que na maioria dos casos é superficial e não exercitada, impacta na vontade de viver, no autoconhecimento e nas angústias em relação ao futuro. Os que contam com ela de maneira fortalecida encaram a vida como algo maravilhoso e querem fazer de tudo para prolongá-la. 58
O que é mais maravilhoso na sua vida hoje? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
amor da família
48%
74%
51%
55%
46%
filhos
32%
39%
40%
38%
38%
ter saúde
9%
16%
15%
30%
15%
namorado/noivo/cônjuge
10%
10%
9%
9%
9%
trabalho/profissão
7%
15%
3%
5%
9%
não ter dívidas
5%
6%
6%
2%
5%
poder viajar
2%
6%
4%
3%
4%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
59
O que é mais maravilhoso na sua vida hoje? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
amigos
6%
4%
2%
3%
4%
religião*
4%
4%
5%
3%
4%
conquistar objeQvos/metas
1%
3%
2%
8%
3%
ter liberdade/independência
3%
1%
1%
1%
2%
casa própria
-‐
1%
2%
1%
1%
2%
1%
1%
estudar
-‐
1%
*Na região do Recife esta porcentagem é maior, chega a 8% no total e tem um peso maior na 3ª faixa etária (17%) e na classe C (10%). base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
60
Quais são os principais valores que sua família te passou e são importantes na sua vida? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
honesQdade/ transparência
56%
64%
64%
74%
63%
amor
25%
24%
19%
31%
25%
dignidade
26%
25%
20%
29%
25%
trabalho
26%
26%
23%
22%
25%
sinceridade
22%
19%
16%
14%
19%
união
20%
18%
15%
22%
19%
honesQdade: ver explicação mais adiante no Key Point base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
61
Quais são os principais valores que sua família te passou e são importantes na sua vida? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
fidelidade
12%
9%
13%
12%
11%
educação
4%
9%
9%
7%
8%
bom caráter
6%
7%
8%
9%
7%
humildade
8%
3%
5%
6%
5%
respeito
4%
5%
4%
2%
4%
outros
1%
2%
2%
-‐
2%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
62
KEY POINT
Honestidade não vai além do próprio umbigo
É importante ressaltar que o valor da honestidade em questão está ligado diretamente aos círculos mais próximos, começando pela família, que são “os meus”, e se estendendo, porém com menos importância, aos amigos e ao universo do trabalho; portanto, a importância dada a esse valor deve ser relativizada, pois, quando não se está dentro da esfera emocional, entre os seus, deixa de ser importante. Bauman diz: “a preocupação com a condução da vida, nesta sociedade hiperindividualizada, distancia o ser humano da reflexão moral”. Nós nos preocupamos intensamente com a competitividade, com o obter resultados de tal forma que isso nos afasta da reflexão sobre nós mesmos e a forma como vamos nos alinhar com o nosso real destino. Portanto, não importam muito os meios com os quais realizo as minhas conquistas materiais, o que importa é conquistá-las. 63
Ao longo de todos esses anos, quais foram as suas principais conquistas/alegrias? 70 + anos ter construído uma família/união familiar
30%
ter Qdo filhos
30%
ser avô/avó
30%
ter comprado a casa própria
28%
ter alcançado estabilidade financeira
19%
ter encaminhado os filhos
14%
ter conservado a saúde
9%
casamento dos filhos
5%
ter Qdo um bom emprego
5%
ter viajado bastante
3% 64
Feita apenas para quem Qnha mais de 70 anos.
base 70 + anos: 108 entrevistados
Quais são os principais medos em relação à vida? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
violência
38%
31%
43%
39%
36%
depender de alguém
18%
29%
28%
43%
28%
solidão*
21%
25%
31%
34%
26%
desemprego
32%
25%
16%
2%
22%
morte
6%
14%
10%
15%
13%
ficar doente
6%
14%
17%
13%
13%
drogas/álcool
7%
7%
7%
2%
7%
não conquistar objeQvos
9%
3%
5%
-‐
5%
perder pessoas queridas
3%
5%
9%
6%
5%
envelhecer
1%
1%
1%
-‐
1%
*Na região de Pernambuco esta porcentagem é menor, 10% no total. base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados 65
Quais são os principais medos em relação à vida?
Por classe social
classe A
classe B
classe C
TOTAL
violência
43%
33%
33%
35%
depender de alguém
18%
29%
23%
25%
solidão
27%
29%
20%
25%
desemprego
16%
20%
26%
22%
morte
20%
9%
10%
11%
ficar doente
12%
13%
12%
12%
drogas/álcool
10%
4%
7%
6%
base classe A: 125 entrevistados / base classe B: 436 entrevistados / base classe C: 439 entrevistados / base total: 1000 entrevistados 66
Quais são os principais medos em relação à vida?
Por classe social
classe A
classe B
classe C
TOTAL
não alcançar os objeQvos
8%
5%
3%
5%
perder pessoas queridas
6%
5%
5%
5%
ficar inválido
1%
1%
2%
1%
se endividar/falir
-‐
1%
1%
1%
envelhecer
-‐
1%
1%
1%
base classe A: 125 entrevistados / base classe B: 436 entrevistados / base classe C: 439 entrevistados / base total: 1000 entrevistados 67
Ao longo de todos esses anos, quais foram suas frustrações/tristezas? Feita apenas para quem Qnha mais de 70 anos.
70 + anos falecimento do pai/mãe
30%
nenhuma
17%
falecimento dos filhos
11%
falecimento do cônjuge
10%
falecimento de pessoas queridas
9%
não ter alcançado os objeQvos
7%
não ter aproveitado mais a vida*
5%
* E n t e n d a -‐ s e c om o n ã o t e r viajado, não ter ido mais às f e s t a s , n ã o t e r f e i t o m a i s programas em família e com os amigos. Este aproveitar não tem relação direta com a valorização da vida. Esse arrependimento p o d e t e r v i n d o d a responsabilidade masculina por ser o provedor financeiro da família e da tripla jornada de trabalho feminina. base 70 + anos: 108 entrevistados
68
Ao longo de todos esses anos, quais foram suas frustrações/tristezas? Feita apenas para quem Qnha mais de 70 anos.
70 + anos doenças graves na família
5%
problemas pessoais de saúde
5%
não ter se esforçado mais
4%
separação
3%
parentes envolvidos com drogas
3%
ter ficado dependente
3%
não ter ajudado os filhos estudarem
3%
base 70 + anos: 108 entrevistados
69
KEY POINT
Família: ruim com ela, pior sem ela
Em um estudo anterior a este, o qual denominamos “Quem te inspira?”, já tínhamos a comprovação clara da importância do núcleo familiar na vida da maioria dos brasileiros. Dentro desse núcleo, o papel da mãe é fundamental, cabendo ao pai e aos irmãos relativa importância, quando não há relativas desconfianças. Porém, ruim com eles, pior sem eles, uma vez que em última instância, a família é o meu porto seguro. Se eu não puder contar com mais nada: saúde, dinheiro, vida social, apoio emocional, etc., é no mínimo prudente manter-me próximo dela e assim se cria um complexo relacionamento em que para o bem ou para o mal, a família é a coisa mais importante e, portanto, é o que mais me preocupa. 70
KEY POINT
Há remédio para a solidão?
Como veremos, mais adiante, no capítulo a Reflexão, no estudo feito junto a filósofos, sociólogos, psicólogos, etc., essa preocupação com a família é permanente, perpassando as várias fases da vida, com diferentes entonações. O ponto comum entre elas é a perspectiva, o medo da solidão. “Condenados a ser livres” terminamos com esse sentimento de desamparo, não temos mais hierarquia de valores para orientar nossas vidas; pelo contrário, temos excesso de valores e muitos de nós terminam levando a vida em busca de algo e em fuga de tudo. Uma rusga de otimismo surge quando percebemos, entre os que se denominam religiosos, espiritualizados, e não apenas possuidores de fé, uma relativização do atributo solidão - é o que acontece na região do Recife claramente. 71
KEY POINT
Há remédio para a solidão?
Essas pessoas tendem a suportar melhor essa questão na medida em que se consideram sozinhas, mas não solitárias, e encaram o envelhecimento de uma maneira mais positiva, conforme vimos nas questões anteriores. Bauman nos auxilia nessa reflexão dizendo que a autonomia do indivíduo, hoje existente, de tão exacerbada que é, não sustenta a autonomia da sociedade como um todo. Portanto, esse individualismo leva a relações frágeis, à falta de comprometimento e, consequentemente, ao medo do amor entre pessoas. 72
KEY POINT
Há remédio para a solidão?
A Ágora infelizmente não existe mais; resta-nos, para compensar, os botecos, a pracinha, os almoços com os amigos, o churrasco de final de semana. Mesmo assim, são tribos específicas que comungam interesses por pequenas causas, f lamenguistas que só conversam com flamenguistas... E restam, ainda, as “redes sociais” em que compartilhamos a superficialidade nossa de cada dia. Não temos tempo para nós mesmos... Daí a sensação, para os ativos, de que a vida passa muito rápido. 73
Viver até os 120 anos
74
Você sabia que:
Se você cuidar bem da sua saúde, bem mais do que você cuida hoje, fazendo exercícios físicos, melhorando a alimentação, lendo mais, se prevenindo mais, você pode viver até os 120 anos com muita qualidade de vida? Você já ouviu falar sobre isso? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
sim
40%
53%
48%
49%
não
60%
47%
52%
51%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base total: 892 entrevistados
75
Gostaria de chegar até os 120 anos? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
sim
41%
40%
42%
41%
não
59%
60%
58%
59%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base total: 892 entrevistados
76
Gostaria de chegar até os 120 anos? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
REC
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
sim
68%
59%
50%
59%
não
32%
41%
50%
41%
base 20 -‐ 35 anos: 37 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 68 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 30 entrevistados / base total: 135 entrevistados
77
Gostaria de chegar até os 120 anos?
Se SIM, por quê? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
para ter mais tempo de realizar os sonhos
53%
43%
47%
46%
para ficar perto/acompanhar as pessoas amadas
41%
33%
42%
37%
para adquirir mais experiência/sabedoria
24%
12%
11%
15%
para acompanhar a evolução do mundo
13%
12%
12%
12%
para acompanhar a evolução dos filhos/netos
7%
13%
12%
11%
para transmiQr conhecimento
7%
9%
11%
9%
base 20 -‐ 35 anos: 102 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 180 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 83 entrevistados / base total: 365 entrevistados
78
Gostaria de chegar até os 120 anos?
Se NÃO, por quê? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
não teria qualidade de vida
42%
41%
49%
43%
medo de ficar dependente
40%
37%
47%
40%
considera muito tempo
22%
26%
32%
26%
não teria lucidez
16%
13%
10%
13%
teria uma vida limitada
15%
10%
14%
12%
seria uma pessoa desiludida
4%
5%
9%
6%
as pessoas amadas teriam parQdo
6%
3%
3%
4%
perderia a virilidade
2%
1%
-‐
1%
base 20 -‐ 35 anos: 147 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 267 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 113 entrevistados / base total: 527 entrevistados
79
O(A) senhor(a) sabe que, com os avanços da medicina e saúde pública, as pessoas vivem naturalmente mais do que antigamente? Uma pessoa que cuida muito da saúde hoje, consegue chegar até uns 120 anos. O(A) senhor(a) sabia disso? Feita apenas para quem Qnha mais de 70 anos.
70 + anos sim
54%
não
46%
base 70 + anos: 108 entrevistados
80
Pensando nisso, o(a) senhor(a) acha possível melhorar a saúde que tem hoje para viver mais? Feita apenas para quem Qnha mais de 70 anos.
70 + anos sim*
57%
não
43%
*A porcentagem é de 70% no Rio de Janeiro. base 70 + anos: 108 entrevistados
81
Pensando nisso, o(a) senhor(a) acha possível melhorar a saúde que tem hoje para viver mais?
Se SIM, por quê? Feita apenas para quem Qnha mais de 70 anos.
70 + anos pelos avanços da medicina
32%
há mais recursos médicos/ cuidados com a saúde são mais comuns
29%
hoje há mais incenQvos
26%
hoje há mais informações
26%
há mais incenQvos à práQca de aQvidades msicas
14%
há menos resistências para mudar os hábitos
5%
base 70 + anos: 108 entrevistados
82
Pensando nisso, o(a) senhor(a) acha possível melhorar a saúde que tem hoje para viver mais?
Se NÃO, por quê? Feita apenas para quem Qnha mais de 70 anos.
70 + anos está no limite que a medicina pode ajudar
41%
tem a saúde muito frágil
39%
já se cuida bastante/é bastante regrado(a)
24%
já tem uma boa saúde/alimentação
11%
base 70 + anos: 108 entrevistados
83
Vontade de viver até os 120 anos.
Comparativo entre as idades
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
70 + anos
sim
41%
40%
42%
41%
57%
não
59%
60%
58%
59%
VS
43%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
84
Pensando que seja possível melhorar a sua saúde, o(a) senhor(a) se cuidaria para viver tanto? Feita apenas para quem Qnha mais de 70 anos.
70 + anos sim*
65%
não
35%
*A porcentagem no Recife é de 93% e no Rio de Janeiro, 75%. base 70 + anos: 108 entrevistados
85
Quais seriam os principais medos de chegar aos 120 anos? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
ficar doente
64%
77%
61%
58%
69%
depender de alguém
54%
60%
55%
56%
57%
ficar sozinho
31%
34%
24%
29%
31%
falta de lucidez
4%
3%
5%
1%
3%
ver as pessoas queridas parQrem
4%
3%
3%
2%
3%
outros
4%
3%
3%
-‐
3%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
86
KEY POINT
Viver é inexorável A boa notícia: querer viver mais é inexorável para quase a maioria dos brasileiros (quer seja por medo da morte, quer seja para “curtir” a vida). A outra boa notícia: governos e as suas políticas públicas, empresas, universidades, estudiosos, etc. têm uma tarefa, uma responsabilidade significativa a partir destes nossos dias, como dissemos anteriormente, no sentido de rever todos os seus sonhos, seus projetos, suas práticas, visando responder às demandas que esses brasileiros longevos, cujas etapas de vida se mesclam de tal forma que os antigos estereótipos do século passado, nos quais eram facilmente classificadas, não estão hoje presentes de forma contundente. Temos jovens de 30 anos que, por exemplo, de tanto trabalhar, tem aparência, mental e física, de 40 anos; por outro lado, temos “senhores” de 60 anos que, em plena saúde mental e forma física, no ápice da sua capacidade de entrega para a sociedade, estão aposentados. É urgente então a tarefa de reconhecê-los e reidentificá-los, objetivando decifrar o DNA de uma nova sociedade que emerge. 87
Quais seriam as principais alegrias de chegar aos 120 anos?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
acompanhar as próximas gerações
59%
63%
69%
67%
64%
transmiQr experiência/conhecimento
51%
35%
45%
45%
42%
mais tempo para aproveitar a vida
31%
27%
29%
25%
28%
nenhuma
8%
8%
7%
10%
8%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
88
O que faria com esse tempo a mais? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
viajaria
61%
53%
44%
44%
52%
cuidaria de si mesmo
41%
48%
46%
49%
46%
descansaria
42%
36%
41%
46%
40%
se dedicaria à família
14%
13%
18%
12%
14%
faria trabalho voluntário
10%
10%
9%
16%
11%
estudaria
4%
3%
3%
2%
3%
trabalharia
2%
2%
2%
3%
2%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
89
KEY POINT
Outra boa notícia!
É muito encorajador ver que 11% dos brasileiros, quando idosos, pretendem se dedicar a um trabalho voluntário; que a metade consiga realizar esse sonho, já seremos muitos milhões contribuindo com sua experiência, paciência e conhecimento para uma sociedade melhor.
90
O que faria com esse tempo a mais?
Por classe social
classe A
classe B
classe C
TOTAL
viajaria
58%
63%
53%
52%
cuidaria de si mesmo
48%
53%
51%
46%
descansaria
33%
44%
49%
40%
se dedicaria à família
12%
12%
17%
14%
faria trabalho voluntário
13%
15%
11%
11%
estudaria
2%
5%
3%
3%
base classe A: 125 entrevistados / base classe B: 436 entrevistados / base classe C: 439 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
91
O que faria com esse tempo a mais?
Por classe social
classe A
classe B
classe C
TOTAL
curQria os netos
1%
3%
2%
2%
trabalharia
2%
4%
3%
2%
namoraria mais
2%
1%
-‐
1%
se dedicaria à pesca
1%
1%
-‐
1%
-‐
1%
-‐
1%
1%
1%
-‐
1%
praQcaria esportes
faria dança de salão
base classe A: 125 entrevistados / base classe B: 436 entrevistados / base classe C: 439 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
92
Quais seriam as barreiras para chegar lá?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
saúde
66%
69%
67%
75%
69%
limitações msicas
55%
56%
56%
55%
56%
dinheiro
27%
22%
15%
16%
21%
tempo
12%
10%
11%
9%
11%
hábitos alimentares
4%
2%
4%
2%
3%
medo
-‐
1%
1%
-‐
1%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
93
Como você se imagina com 120 anos?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
48%
40%
39%
40%
42%
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
52%
60%
61%
60%
58%
OBS: Nem mesmo “roubando no jogo” com a foto colorida versus a preto e branca, conseguimos uma autoprojeção posiQva. base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
94
Frase de concordância
“Não estou disposto a mudar meus hábitos para viver até os 120 anos. A vida é agora!” REC
20 -‐ 35 anos 6%
16%
8%
70%
36 -‐ 55 anos 12%
21%
7%
60%
56 -‐ 69 anos 13%
23%
3%
61%
70 + anos 20%
20%
33%
27%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 95
Frase de concordância
“Não estou disposto a mudar meus hábitos para viver até os 120 anos. A vida é agora!” POA
20 -‐ 35 anos 34%
16%
32%
18%
36 -‐ 55 anos 29%
27%
25%
19%
56 -‐ 69 anos 29%
26%
29%
16%
70 + anos 26%
26%
22%
26%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 96
Frase de concordância
“Mudaria toda a minha rotina para viver até 120 anos, mesmo que precisasse abrir mão de coisas que me dão prazer.” TOTAL
20 -‐ 35 anos 24%
22%
24%
30%
36 -‐ 55 anos 26%
19%
24%
31%
56 -‐ 69 anos 25%
24%
20%
31%
70 + anos 32%
23%
21%
24%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 97
Frase de concordância
“Mudaria toda a minha rotina para viver até 120 anos, mesmo que precisasse abrir mão de coisas que me dão prazer.” RJ
20 -‐ 35 anos 31%
42%
19%
8%
36 -‐ 55 anos 32%
28%
26%
14%
56 -‐ 69 anos 22%
39%
17%
22%
70 + anos 42%
42%
13%
3%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 98
Frase de concordância
“Mudaria toda a minha rotina para viver até 120 anos, mesmo que precisasse abrir mão de coisas que me dão prazer.” REC
20 -‐ 35 anos 46%
14%
30%
10%
36 -‐ 55 anos 49%
16%
28%
7%
56 -‐ 69 anos 47%
23%
13%
17%
70 + anos 27%
13%
33%
27%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 99
Frase de concordância
“Mudaria toda a minha rotina para viver até 120 anos, mesmo que precisasse abrir mão de coisas que me dão prazer.” POA
20 -‐ 35 anos 18%
24%
24%
34%
36 -‐ 55 anos 16%
22%
19%
43%
56 -‐ 69 anos 18%
21%
21%
40%
70 + anos 27%
13%
33%
27%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 100
Frase de concordância
“Quero viver o máximo que puder para aproveitar a vida, descansar, viajar, ter uma vida tranquila.” TOTAL
20 -‐ 35 anos 68%
24%
3% 5%
36 -‐ 55 anos 65%
25%
6%
4%
56 -‐ 69 anos 72%
20%
5% 3%
70 + anos 64%
30%
6%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 101
Frase de concordância
“Quero viver o máximo que puder para aproveitar a vida, descansar, viajar, ter uma vida tranquila.” REC
20 -‐ 35 anos 92%
8%
36 -‐ 55 anos 76%
24%
56 -‐ 69 anos 80%
20%
70 + anos 73%
27%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 102
Frase de concordância
“Quero chegar aos 120 anos para aprimorar e compartilhar meu conhecimento.” TOTAL 20 -‐ 35 anos 39%
17%
22%
22%
36 -‐ 55 anos 38%
19%
18%
25%
56 -‐ 69 anos 39%
26%
13%
22%
70 + anos 51%
26%
15%
8%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 103
Frase de concordância
“Quero chegar aos 120 anos para aprimorar e compartilhar meu conhecimento.” POA 20 -‐ 35 anos 37%
8%
24%
31%
36 -‐ 55 anos 25%
17%
19%
39%
56 -‐ 69 anos 24%
26%
9%
41%
70 + anos 67%
27%
6%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 104
Frase de concordância
“Quero chegar aos 120 anos para aprimorar e compartilhar meu conhecimento.” REC 20 -‐ 35 anos 38%
16%
11%
35%
36 -‐ 55 anos 44%
13%
21%
22%
56 -‐ 69 anos 30%
7%
30%
33%
70 + anos 60%
33%
7%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 105
KEY POINT
Conhecimento: para que te quero?
Constatamos nesses últimos quadros a impor tância relativa do conhecimento compartilhado quando a pessoa é idosa; na perspectiva de uma sociedade individualizada, realmente, fica mais fácil “aceitar” tal colocação. No entanto, a proposta para nos reinventar aos 60 anos, depois aos 80 e aos cem (o que vai ser inexorável diante dos avanços tecnológicos e da produção de conhecimento) com certeza vai reequilibrar esse quadro. 106
Frase de concordância “Só quero chegar aos 120 anos se tiver pessoas da minha família por perto.” TOTAL 20 -‐ 35 anos 36%
21%
19%
24%
20%
23%
36 -‐ 55 anos 33%
24%
56 -‐ 69 anos 33%
31%
15%
21%
70 + anos 51%
22%
13%
14%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 107
Frase de concordância
“Não quero chegar aos 120 anos, é muito tempo.” TOTAL 20 -‐ 35 anos 32%
18%
16%
33%
36 -‐ 55 anos 31%
16%
17%
36%
56 -‐ 69 anos 29%
16%
23%
32%
70 + anos 19%
18%
23%
40%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 108
Frase de concordância
“Não quero chegar aos 120 anos, é muito tempo.” RJ 20 -‐ 35 anos 31%
17%
19%
33%
36 -‐ 55 anos 20%
30%
15%
35%
56 -‐ 69 anos 42%
14%
14%
30%
70 + anos 4%
13%
25%
58%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 109
Frase de concordância
“Não quero chegar aos 120 anos, é muito tempo.” REC 20 -‐ 35 anos 5%
8%
19%
68%
36 -‐ 55 anos 15%
19%
19%
47%
56 -‐ 69 anos 17%
13%
20%
50%
70 + anos 27%
33%
13%
27%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 110
Frase de concordância
“Conquistar esse tempo “extra” seria importante para mim, pois gostaria muito de ajudar outras pessoas.” TOTAL
20 -‐ 35 anos 36%
28%
17%
19%
36 -‐ 55 anos 39%
28%
16%
17%
56 -‐ 69 anos 40%
29%
17%
14%
70 + anos 36%
24%
20%
20%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 111
Frase de concordância
“Conquistar esse tempo “extra” seria importante para mim, pois gostaria muito de ajudar outras pessoas.” REC
20 -‐ 35 anos 73%
19%
5% 3%
36 -‐ 55 anos 69%
25%
6%
56 -‐ 69 anos 63%
37%
70 + anos 27%
13%
27%
33%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 112
Frase de concordância
“Conquistar esse tempo “extra” seria importante para mim, pois gostaria muito de ajudar outras pessoas.” RJ
20 -‐ 35 anos 50%
29%
13%
8%
36 -‐ 55 anos 35%
37%
22%
6%
56 -‐ 69 anos 25%
44%
17%
14%
70 + anos 50%
42%
8%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 113
Frase de concordância
“Conquistar esse tempo “extra” seria importante para mim, pois gostaria muito de ajudar outras pessoas.” POA
20 -‐ 35 anos 21%
39%
8%
32%
36 -‐ 55 anos 30%
25%
11%
34%
56 -‐ 69 anos 29%
21%
29%
21%
70 + anos 13%
7%
33%
47%
Concorda totalmente Concorda parcialmente Discorda parcialmente Discorda totalmente 114
KEY POINT
Compartilhando o peixe: onde come um, comem dois!
Mais uma vez, a “filosofia praiana” suportada por um lado emocional mais equilibrado potencializa, e muito, o indivíduo solidário, mais com aqueles que estão mais próximos, é verdade, mas, ainda assim, uma bela esperança para que essas “tribos” convirjam para um solidarismo lato sensu, para a prática do bem comum, sem olhar os olhos de quem quer que seja.
115
Você acredita que é possível viver até 120 anos sem fé?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
sim
14%
8%
9%
11%
10%
não
86%
92%
91%
89%
90%
OBS: Esta fé segue a mesma lógica das perguntas anteriores; não é uma fé profunda e exercitada. base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
116
Qual é o sentido da vida? Qual a receita para uma vida feliz? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
viver com alegria
31%
33%
32%
46%
34%
família unida
25%
27%
25%
59%
30%
ter esperança
27%
30%
37%
25%
30%
ter fé
18%
22%
26%
22%
22%
não se privar do que gosta
26%
16%
19%
32%
21%
cuidar bem da saúde
17%
17%
17%
30%
18%
correr atrás dos objeQvos
20%
13%
18%
18%
16%
ter esperança: No Recife, a porcentagem chega a 49% no total. ter fé: No Rio de Janeiro, a porcentagem chega a 30% e em Porto Alegre, a 19% no total. base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
117
Qual é o sentido da vida? Qual a receita para uma vida feliz? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
ter amigos por perto
12%
7%
11%
16%
11%
ser honesto
10%
10%
11%
8%
10%
trabalhar muito*
10%
9%
7%
11%
9%
praQcar esportes
4%
5%
4%
8%
5%
estabilidade financeira
5%
4%
4%
12%
5%
estudar
5%
2%
1%
5%
3%
*Em Porto Alegre, a porcentagem chega a 14% no total, e é mais forte na primeira e segunda idades. base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
118
Que conselho você daria a um jovem de 20 anos? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
estudar bastante*
46%
41%
38%
30%
39%
não se envolver com drogas
26%
39%
34%
35%
36%
trabalhar/ser úQl
28%
27%
35%
34%
30%
respeitar os pais
19%
17%
17%
16%
17%
lutar pelos ideais
20%
14%
23%
10%
16%
não adquirir vícios
14%
14%
12%
20%
15%
ajudar o próximo
17%
10%
16%
18%
14%
*Em Porto Alegre, a porcentagem chega a 43% no total. base 20 -‐ 35 anos: 83 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 834 entrevistados
119
Que conselho você daria a um jovem de 20 anos? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
ser honesto
11%
14%
17%
13%
14%
ter fé
8%
14%
18%
10%
14%
evitar más companhias
10%
10%
12%
15%
11%
se diverQr
24%
9%
9%
10%
11%
cuidar da saúde
8%
8%
7%
16%
9%
cuidar da aparência
2%
5%
6%
2%
4%
praQcar esportes
4%
2%
5%
4%
3%
base 20 -‐ 35 anos: 83 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 834 entrevistados
120
KEY POINT
Entre uma geração e a próxima
O que uma geração apreende da anterior e o que ela passa adiante. Dos meus pais escuto: seja honesto, transparente, sincero (83%); tenha amor em tudo o que faz (25%); seja digno (25%); trabalhador (25%). Para meus amigos mais jovens e filhos, direi: estude bastante (39%); evite as drogas (36%); trabalhe duro (20%); respeite os seus pais (17%); lute por seus ideais (16%); ajude o próximo (14%); seja honesto (14%); tenha fé (14%). Nitidamente, quando refletimos sobre a substituição de alguns valores, na passagem de uma geração para outra, percebemos, consciente ou inconscientemente, a presença de uma sociedade individualizada, competitiva, que, para enfrentá-la, necessitamos estudar muito, trabalhar duro, respeitar os pais (como um possível oásis), lutar por nossos ideais (somos “guerreiros de causa própria”) ativistas de movimentos sociais secundários. 121
KEY POINT
Entre o céu e a terra.
Em contrapartida, surge a importância da fé; o contraponto, um suporte que carrega consigo a esperança de uma interdependência social, ao contrário da individualização (pelo menos pertenço a uma tribo e contribuo para a construção de “nossas igrejas”). Já mencionamos anteriormente que essa fé, na maioria dos casos, não está associada a uma prática religiosa relevante, mas com certeza desses 14%, 2% estão buscando religar suas conexões com este universo. Então, mais uma boa notícia: já somos milhões de pessoas evoluindo na sua prática espiritual e, como consequência, a atual geração recomenda à futura (14%) a ajuda ao próximo; sabemos também que a maioria desses 14% refere-se aos “próximos mais próximos”, mas, ainda assim, temos centenas de milhares de jovens já trilhando esses novos caminhos. 122
A reflexao ˜ 123
Os brasileiros estudiosos e os brasileiros A seguir veremos os pontos de vista dos vários especialistas, vez por outra, entremeados com as percepções das pessoas que participaram de discussões em grupos provenientes das classes A, B e C da cidade de São Paulo.
124
A lógica de apresentação deste segmento V i s a n d o o rd e n a r a a p re s e n t a ç ã o d o s pr incipais pontos discutidos entre os profissionais especialistas, separamos cada grande questão por tema. A exposição deles será precedida por um resumo básico; na sequência, um sumário organizando a ordem d o s s t a t e m e n t s d o s d e b a t e d o re s e , eventualmente, fechamos com nossos Key Points. 125
Notícia auspiciosa? No Brasil, a expectativa de vida aumentou significativamente nos últimos anos. Ela chegaria a 74 anos... mas nós temos o genoma, a carga genética, para chegar, nos dias de hoje, aos 120 anos!!!
126
RESUMO
Notícia auspiciosa?
Carga genética para os 120 anos Os avanços da ciência, da tecnologia, da biotecnologia, da neurotecnologia e da nanotecnologia contribuíram para a constatação de que temos o genoma, a carga genética, para chegar aos 120 anos. Esse cenário fica mais positivo ainda quando lembramos que estão sob controle as doenças perinatais, infectocontagiosas, entre outras, que impediriam, teoricamente, que 100% das pessoas que nascem morram com a idade máxima. Resta ainda resolvermos o problema das doenças crônicas, somatórias, como as cardiovasculares, decorrentes de um estilo de vida não saudável, em que o ambiente impede que as pessoas apresentem a expectativa de vida máxima. O transumanismo, uma filosofia emergente que analisa e incentiva o uso da ciência e da tecnologia para superar essas limitações e melhorar a própria condição humana ao longo do tempo, já é uma realidade. 127
RESUMO
Notícia auspiciosa?
A longevidade Já existem locais no mundo onde as pessoas são mais longevas, ultrapassando a marca dos cem anos de idade; são as chamadas Zonas Azuis (Loma Linda, na Califórnia; península de Nicoya, na Costa Rica; Sardenha, na Itália; Icária, na Grécia; ilhas de Okinawa, no Japão). Esses grupos possuem características e práticas específicas que corroboram essa alta incidência em longevidade, como, por exemplo, vida harmônica em sociedade, respeito à família e às tradições, alimentação natural e atividades físicas frequentes. Portanto, se de um lado temos a possibilidade de uma vida biológica cada vez mais longa, por outro, temos ainda que vencer o desafio de uma vida profissional, corporativa cada vez mais curta, o que é agravado com a ausência de emprego suficiente para todos. A maioria das pessoas ainda não se deu conta dessa realidade e não compreendeu por que precisam se preparar, de todas as maneiras e em todos os sentidos, para não correrem o risco de perder o sentido da sua própria vida. 128
RESUMO
Notícia auspiciosa?
Aprender com exemplos Se pegarmos como exemplo a Alemanha, podemos evidenciar traços culturais que são completamente antagônicos aos do Brasil. Trata-se de um país formado por um enorme contingente de idosos, o que levou o Estado a focar o bemestar social. Já o Brasil mantém características de país subdesenvolvido, onde poucas coisas funcionam bem, que hipervaloriza a juventude, desrespeita o velho e, consequentemente, o cuidado dos idosos depende deles mesmos e/ou dos próprios filhos. Ou seja, para atingirmos a longevidade, pensando num cenário que abrace melhor a qualidade de vida, dependemos de uma verdadeira revolução na educação e na prática das políticas públicas e privadas. 129
Notícia auspiciosa?
Sumário dos statements • A real possibilidade de se chegar aos 120 anos. • Com isso, o surgimento das chamadas Zonas Azuis. • Sendo assim, caminhamos para o transumanismo? • Nem tudo são flores: os contrapontos da longevidade. • E ainda temos a disparidade na cultura do envelhecimento.
130
Notícia auspiciosa?
A REAL POSSIBILIDADE DE SE CHEGAR AOS 120 ANOS
“
São dois aspectos conceituais importantes: um é a expecta7va de vida e o outro, a longevidade. A longevidade diz por que 100% das pessoas que nascem não morrem com a idade máxima. Então você tem que ver que as doenças que mais matam, as chamadas perinatais, doenças infectocontagiosas, etc. já estão sendo dominadas pela ciência, então temos uma redução da mortalidade infan7l e temos um aumento da mortalidade dos jovens, par7cularmente mortes violentas. No Brasil, a expecta7va de vida chegaria a 74 anos, eu não sei se 120. Tem uma série de cálculos, mas nós temos o genoma, a carga gené7ca, para chegar aos 120 anos. Já a expecta7va de vida abrange tudo o que impede que 100% das pessoas que nascem cheguem lá na frente. Falamos de doenças cardiovasculares, que são crônicas, pois se trata de somatórias. Aí grande parte dos fatores de risco dessas doenças crônicas é decorrente do es7lo de vida não saudável, em que o ambiente impede que as pessoas apresentem a expecta7va de vida máxima – quer dizer, à medida que o tempo passa e que a ciência está dando sua contribuição, então temos um aumento dessa expecta7va de vida.
”
por Roberto Carlos Burini 131
Notícia auspiciosa?
COM ISSO, O SURGIMENTO DAS CHAMADAS ZONAS AZUIS
“
No Brasil tem um con7ngente de cerca de 23 mil centenários; na França, em 2005, estava em torno de 17, 18 mil; no Japão também. Quer dizer, estamos evoluindo como todo o resto do mundo. Mas existe esse ambiente ideal dos genes longevos? Então tem as chamadas Zonas Azuis, locais no mundo onde as pessoas são mais longevas, ultrapassando a marca de cem anos de idade: Loma Linda, na Califórnia; península de Nicoya, na Costa Rica; Sardenha, na Itália; Icária, na Grécia e as ilhas de Okinawa, no Japão. Tais regiões foram iden7ficadas por cien7stas e demógrafos que constataram, nos locais, caracterís7cas e prá7cas específicas que corroboram essa alta incidência de longevidade: os habitantes dessas regiões têm pontos em comum, vivem harmonicamente em sociedade, respeitam a família, têm tradições, alimentação baseada em alimentos integrais e naturais, são fisicamente a7vos. Então, tem um padrão que é um paradigma para nós.
”
132
por Roberto Carlos Burini
Notícia auspiciosa?
SENDO ASSIM, CAMINHAMOS PARA O TRANSUMANISMO?
“
Longevidade é uma promessa que vem dos países de primeiro mundo, dos avanços tecnológicos, em termos que me parecem uma ficção. Basta entrar na internet que vocês vão ver uma tendência que hoje se chama transumanismo (trata-‐se de uma filosofia emergente que analisa e incen7va o uso da ciência e da tecnologia, especialmente da biotecnologia, da neurotecnologia e da nanotecnologia, para superar as limitações humanas: intelectuais, rsicas e psicológicas e assim poder melhorar a própria condição humana). É a possibilidade de você extrair o cérebro e
”
colocá-‐lo num outro corpo, porque o nosso está obsoleto.
por Maria Lúcia Santaella Braga 133
Notícia auspiciosa?
“
NEM TUDO SÃO FLORES: OS CONTRAPONTOS DA LONGEVIDADE
Existem três fenômenos que estão acontecendo ao mesmo tempo, dos quais as pessoas ainda não se deram conta: 1. A vida biológica está cada vez mais longa: 74 anos é a expecta7va média de vida. Já temos 23 mil pessoas com mais de cem anos no Brasil. Então nós vamos viver mais. O que os franceses levaram cem anos para fazer, que era a expecta7va de vida, o brasileiro fez em 50. Nós somos apressados! 2. A carreira, a vida corpora7va é cada vez mais curta: você vai chegando aos 55 anos e o seu chefe o chama para uma conversa, falando que está na hora de você enfrentar um novo desafio – daí você é demi7do. 3. Não há emprego para todo mundo, devido ao fenômeno da tecnologia digital: em cada dez alunos de uma faculdade, quatro nunca terão um emprego decente. Veja o paradoxo: vida biológica mais longa, com uma vida corpora7va mais curta e não tendo emprego para todo mundo. Aí entra a racionalidade: você precisa se preparar! Num congresso preparatório para os futuros aposentados, chegou-‐se à conclusão de que ninguém sabia o que iria fazer até lá. Falar que vamos viver até os 120 anos fará com que a maioria saia correndo apavorada, porque as pessoas não estão preparadas para isso. Tem gente de 20 anos, gente com 60 anos se preparando para viver bem a longevidade, e o segredo é você ser relevante no meio em que vive. Você não pode ficar sem nada para fazer. por Júlio César Cardozo 134
Notícia auspiciosa?
E AINDA TEMOS A DISPARIDADE NA CULTURA DO ENVELHECIMENTO
“
A Alemanha e o Brasil são os dois países de culturas mais antagônicas que podemos ter. A Alemanha é um país de velhos e está tudo preparado para eles. Falamos de um país onde o Estado cuida, ou seja, é um Estado-‐pai; a família lá é nuclear, então o filho casa e cada um tem o seu núcleo. Já no Brasil existe a preocupação: se meu pai e minha mãe ficarem velhos, eu é que vou ter que cuidar. Aqui é o avesso: nós vivemos num país de hipervalorização da juventude, que maltrata o velho, que não está preparado para o envelhecimento depois dos 70, imagine então dos 120 anos! Vivemos uma heterogeneidade radical: enquanto na Alemanha você tem um país de bem-‐estar social, aqui você tem um capitalismo selvagem, em que poucas coisas funcionam bem, então temos um país para construir. Vamos pegar o exemplo do BRIC. Se formos olhar cada um dos países, é um pior que o outro, mas na China tem gente que ganha US$ 5 por dia, mas, ao mesmo tempo, o país está fazendo a coisa correta, pois está inves7ndo tudo o que pode em educação! Então as diferenças sociais na Rússia, Brasil, Índia e China são dramá7cas, profundas, drás7cas, mas par7cularmente no Brasil, parece endêmico e incorrigível: longevidade depende da educação da população e da vontade polí7ca. por Maria Lúcia Santaella Braga 135
KEY POINT
Notícia auspiciosa?
Falta de planejamento?! Na verdade, nos falta um projeto de país, pois estamos tentando equacionar questões que eram impor tantes ontem (no período capitalismo selvagem) e que viraram urgentes hoje. Mal estamos conseguindo dar conta de projetos básicos em todas as frentes, da infraestrutura à educação. Esta última, então, tem um desafio imenso, que, não é mais o de copiar o modelo sulcoreano da década de 60!!! 136
KEY POINT
Notícia auspiciosa?
Falta de planejamento?! Como vimos na parte quantitativa deste estudo, o grau de despreparo da sociedade brasileira para o que está por vir é significativo. Temos que repensar do zero a política educacional: F u n d a m e n t a l , M é d i o, U n ive r s i t á r i a e principalmente a dos Seniores. São tarefas hercúleas e urgentes, uma vez que, sabemos, a partir de 2020, os chamados idosos serão maioria e essa imaturidade deles mesmos, com relação a sua visão de mundo com certeza vai nos levar a grandes gargalos na economia e no relacionamento social. 137
E os brasileiros estão conscientes disso?
138
RESUMO
E os brasileiros estão conscientes disso?
Saber não é querer fazer! A longevidade está na moda como uma espécie de imperativo ético contemporâneo, mas não significa que a partir dessa premissa exista um movimento diário e constante a favor de um estilo de vida mais saudável, principalmente se projetado para alcançar um futuro mais “tranquilo”. A maioria das pessoas sabe que pode viver mais, mas prefere limitar seu tempo de acordo com os padrões familiares recorrentes, ou seja, os 80 anos, porque a perda de saúde, a dependência e a solidão são fatores negativos que acabam pesando mais que os positivos, que necessariamente significam mudanças e mais disciplina, tanto física como mental. É perceptível que ninguém está muito disposto a abrir mão das suas indulgências, seja pelos fatores externos, que contribuem como obstáculos, seja porque esse é um assunto adiado pela distância da sua chegada. 139
RESUMO
E os brasileiros estão conscientes disso?
O papel da mulher agora é a soma do velho e do novo As mulheres têm uma certa vantagem no envelhecer melhor, porque elas são mais autônomas e se viram mais facilmente sozinhas, enquanto o homem que fica viúvo busca rapidamente um novo par que possa cuidar dele, para ter, então, uma vida mais regrada na velhice. Mas é importante ressaltar que a condição da mulher brasileira mudou: ela já não tem como prioridade apenas a busca pelo seu lugar de afirmação pessoal e maternal, como era o costume. Agora ela luta pela sua participação no mercado de trabalho e o desejo passa a ser, também, o de afirmação social. 140
E os brasileiros estão conscientes disso?
Sumário dos statements • A longevidade em voga. • Projeções otimistas sobre o envelhecimento. • Então, para melhorar, mudei parte dos meus hábitos. • A prática mostra que as mulheres já saem na frente. • Isso porque elas têm um novo estímulo.
141
E os brasileiros estão conscientes disso?
A LONGEVIDADE EM VOGA
“
A longevidade virou um assunto de pauta com a constatação dos efeitos dos avanços da medicina. Não só com a constatação lógica das possibilidades reais de extensão da vida, mas, mais do que isso, virou um tema é7co contemporâneo, uma espécie de impera7vo é7co contemporâneo. Começa com a ideia de potência. A vida pode ser vivida de forma potente, por todo e qualquer um, de tal forma que lhe cobram uma espécie de dever moral de manter a própria potência, sob pena de ser acusado de falta de amor próprio: você não se ama, você sabota a sua vida, porque a vida nela mesma, a vida tal qual lhe é dada, lhe é franqueada, é a
”
vida que pode ser vivida na plena potência.
142
por Júlio César Pompeu
E os brasileiros estão conscientes disso?
PROJEÇÕES OTIMISTAS SOBRE O ENVELHECIMENTO Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Com saúde, lúcido, com dinheiro e uma vida tranquila.” Jovem AB
“Vou ser uma velhinha cheia de netos.” Jovem C
“Chegando com saúde e lúcido, acho ó7mo! Viver, aprender a cada dia, viajar. O que a gente leva desta vida é o conhecimento.” Adulto AB
“Super-‐humanos! Pessoas especiais com qualidade de vida e bem-‐estar. Me vejo a7vo, como o Oscar Niemeyer.” Sênior C
143
E os brasileiros estão conscientes disso?
ENTÃO, PARA MELHORAR, MUDEI PARTE DOS MEUS HÁBITOS Na visão dos brasileiros (minigrupos) Vou ao médico de seis em seis meses.” Jovem AB
“A gente é o que come.” / “Eu me preocupo com a saúde e quero ir ao médico para modular meus hormônios: não quero envelhecer.” Adulto AB
“Estou tentando fazer caminhada, tentando que vire um hábito.” Sênior AB
“Procuro comer comida colorida, legumes, frutas. Nada em demasia, o suficiente para saciar a fome. Tomo bastante líquido.” / “Sou a7va, faço exercício. É men7ra quem fala que não dá para fazer, é só querer.” Sênior C 144
E os brasileiros estão conscientes disso?
A PRÁTICA MOSTRA QUE AS MULHERES JÁ SAEM NA FRENTE
“
Acho que as mulheres, no fim, acabam tendo uma certa vantagem de envelhecer melhor, porque elas se viram mais facilmente sozinhas. O homem que fica viúvo rapidamente quer arrumar alguém para cuidar dele e ele tem sorte, porque é a lei da oferta e procura: nos bailes do SESC, por exemplo, os homens desfilam feito uns pavões, com um ego desse tamanho, porque são disputados a tapa. E, se ele consegue alguém para
”
cuidar dele, está ó7mo, vai ter uma vida mansa na velhice.
por Jose Carlos Ferrigno 145
E os brasileiros estão conscientes disso?
ISSO PORQUE ELAS TÊM UM NOVO ESTÍMULO
“
A condição da mulher mudou. Por que ela não quer mais ter filhos? Porque ela quer encontrar o seu lugar na sociedade! Nós ganhamos essa liberdade nos anos 60 e 70, com a pílula an7concepcional, e outra coisa: a mulher brasileira tem caracterís7cas muito especiais, se comparada com a mulher americana, que acabou encontrando sua voz naquele feminismo ridículo. A brasileira tem um princípio de busca que é muito interessante, é a par7cipação no mercado de trabalho e o desejo de encontrar seu lugar
”
de afirmação social e não apenas pessoal e maternal.
por Maria Lúcia Santaella Braga 146
KEY POINT
E os brasileiros estão conscientes disso?
O inconsciente da consciência A consciência dos brasileiros, diante da longevidade, existe e é fato: 49% dos brasileiros, de alguma maneira, têm acesso às informações sobre os avanços nas diferentes áreas da saúde e consequentemente sabem como isso impacta no aumento da expectativa das suas vidas. Mas, como tudo na vida, a teoria é uma, enquanto a prática é outra; poucos aplicam esse conhecimento no cotidiano, porque a transformação depende de uma autoestima e de um autoconhecimento. O ato de envelhecer, para a maioria, ainda está atrelado à limitação física e mental, em que o significado dos anos acaba se resumindo à decrepitude. Então, se tiverem a sorte de ter saúde com independência financeira e a alegria de algum neto como motivador, já está de bom tamanho; ou seja, é assustador perceber que os anos de vida a mais acabam sendo rejeitados pela ausência de sentido e ocupação. 147
KEY POINT
E os brasileiros estão conscientes disso?
E o que será da mulher?
A mulher está cada vez mais ambiciosa e há tempos já não se contenta mais em ser uma boa dona de casa e boa mãe. Ela precisa ser uma boa profissional também e suas principais características femininas, ou seja, saber ouvir, ser mais atenta, intuitiva, mais sensível e acolhedora, além da conquista do espaço nas universidades, a tornaram mais apta para as ocupações do trabalho remunerado. O reconhecimento financeiro foi o pivô para se transformar no principal objetivo de realização pessoal, principalmente quando a mulher passou a contribuir com o orçamento familiar. Como consequência, cresceram os fatores tipicamente masculinos: a agressividade já é uma constante no antigo “sexo frágil”; o consumo de drogas legais, como o tabaco e a bebida, e as ilícitas; a carga de trabalho e suas responsabilidades acarretaram a incidência de infartos, derrames e câncer. Então, os mesmos valores que capacitaram e diferenciaram as mulheres, no início da década de 60, hoje diminuem na mesma medida em que elas aumentam sua participação no mercado de trabalho. Nasce uma mulher híbrida? 148
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
149
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
RESUMO
Negação As pessoas não se enxergam nada velhas. O que predomina é a negação da velhice, por conta da fixação na juventude. Então, a questão do envelhecimento, de acordo com a atemporalidade do insconsciente freudiano, mostra que ainda precisamos que outras pessoas nos informem sobre essa passagem de nível na vida, que geralmente é feita através do tratamento cada vez mais reverencial. Outra forma de negação é a opção por uma vida de ativismo, que é uma armadilha, pois é uma obsessão por estar sempre fazendo alguma coisa e age como um fator de alienação, um mecanismo de defesa contra a angústia de se estar cada vez mais próximo da morte. Já a escolha por uma vida ativa é cercada por atividades que fazem sentido para a pessoa e atua como fator de integração, autoconhecimento e desenvolvimento de uma consciência crítica em relação à realidade. 150
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
RESUMO
O ato de envelhecer A reflexão que temos que considerar sobre o envelhecimento é baseada nas escolhas que fazemos, pois tudo depende do olhar que colocamos sobre a realidade: se valorizamos mais as perdas ou se enfatizamos o ganho. Morrer não é o pior cenário; pior mesmo é a perspectiva da decrepitude e da perda da identidade, situações que colocam a dignidade das pessoas em xeque. Nesse sentido, uma das coisas mais tristes e cruéis é a necessidade de dependência da família ou de um cuidador, somada às perdas que vão se acumulando nessa trajetória. Temos então as principais questões que levam o ser humano a desistir da própria vida. 151
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
RESUMO
Morte que fica e a que vai A condição humana tem outro problema: não sabe lidar com a morte, com a finitude. O enfrentamento da morte é uma questão mal resolvida, pois existe uma cobrança acirrada da sociedade para os que ficaram, de se recuperarem logo e mostrarem alegria instantânea, ou seja, entra a alienação contra a tristeza. Mas ainda não existe remédio melhor do que encarar a tristeza no momento em que ela surge e chorar até que ela parta, porque assim você se liberta e não precisa mais carregar esse sentimento pelo resto da sua existência. No caso das pessoas que se vão, a fórmula utilizada para se manterem na eternidade está na ideia da obra, para se manterem imortais, mas ainda não encontraram um jeito de se tornarem “imorríveis”! 152
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
Sumário dos statements • Não encara!!! Ele é informado pelo outro! • Velho? Eu??? • Vida ativa não significa ativismo. • Reflexões que levam a escolhas. • A decrepitude é mais pavorosa do que a morte. • Sua visão é sempre a de um cenário sombrio. • De frente para a morte. • E como fica a vida diante das perdas? • Então é melhor enfrentar do que fugir. 153
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
NÃO ENCARA!!! ELE É INFORMADO PELO OUTRO!
“
A questão do envelhecimento é informada pelo outro. Embora todo
mundo tenha espelho em casa, de fato, a velhice surge a par7r do tratamento que nos dão: primeiro “7o”, depois “senhor”, então “avô” – a coisa cada vez mais reverencial no tratamento, a gente vai se dando conta de que está entrando em uma outra fase da vida. Sem entrar muito no “psicologuês”, eu penso que, de acordo com o inconsciente freudiano, o envelhecimento é atemporal, e me pergunto também se ele tem toda essa influência sobre o nosso comportamento. Se não é exatamente por causa dessa atemporalidade que a gente não sente por dentro, que o tempo
”
passa e precisa ser informado pelo outro. É um fenômeno estranho esse!
por José Carlos Ferrigno 154
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
VELHO? EU???
“
É absolutamente incrível que as pessoas não se veem nada velhas. Isso,
no consultório, é uma doideira. Coisa mais comum é a pessoa sair ou entrar na sala e comentar: ‘Nossa Senhora! Quantos anos ela tem? Está acabada…’, sendo que ela é cinco anos mais nova do que a que entrou. Isso é ro7na!
“
”
por João Toniolo Neto
Eu acho que é uma fixação na juventude, uma não percepção do tempo.
Como já se falou, velho é o outro, eu não. Eu me recuso a aceitar a imagem que o espelho me propõe. Provavelmente o espelho está louco, não sou essa pessoa refle7da. Então, acho que a questão da negação da velhice ainda é predominante.
”
por Shirlei Schnaider Borelli 155
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
VIDA ATIVA NÃO SIGNIFICA ATIVISMO
“
Você tem que ser a7vo, então é importante a gente refle7r: o que é uma
vida a7va e o que é um a7vismo. Eu conheci pessoas idosas que eram obsessivas para estarem sempre fazendo alguma coisa e percebi que, muitas vezes, isso era um mecanismo para a pessoa se defender da angús7a de saber que, à medida que se envelhece, está cada vez mais próximo da morte, do fim.
“
”
por João Toniolo Neto
Há que se diferenciar uma vida a7va de uma vida caracterizada como a7vismo febril, porque, é óbvio, as a7vidades têm que fazer sen7do para a pessoa e elas não podem ser um fator de alienação; pelo contrário, têm que ser um fator de integração, autoconhecimento e desenvolvimento de uma consciência crí7ca em relação à realidade. E a gente percebe que muitos idosos caem nessa armadilha, de achar que envelhecer bem é ficar irrequieto o tempo inteiro.
”
por José Carlos Ferrigno 156
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
REFLEXÕES QUE LEVAM A ESCOLHAS
“
Tudo na vida tem os prós e os contras, ou seja, vantagens e
desvantagens. Por um lado pode ser dircil enfrentar o momento de ruptura. Tudo depende de como a gente lida com a vida: se a gente olha principalmente para a perda ou se enfa7za o ganho, é uma escolha do olhar que a gente coloca sobre a realidade. Então é um momento de transição que nos força, evidentemente, a pensar sobre a questão do envelhecimento, e eu vou con7nuar pensando até o úl7mo suspiro, se 7ver sorte e não dementar. Então, essa é a questão agora: refle7r sobre o
”
próprio envelhecimento é sempre uma coisa dircil.
por José Carlos Ferrigno 157
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
A DECREPITUDE É MAIS PAVOROSA QUE A MORTE
“
Parece que morrer não é o pior; o pior é a perspec7va da decrepitude,
perder a iden7dade, preocupar-‐se que pessoas tenham que cuidar da gente. A decrepitude é incrivelmente triste. A situação que coloca a dignidade da pessoa em decrepitude, diante da família ou dos cuidadores
”
em torno, é muito cruel.
por Pedro Luiz de Santi
158
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
SUA VISÃO É SEMPRE A DE UM CENÁRIO SOMBRIO Na visão dos brasileiros (minigrupos)
“Se eu parar de fazer tudo o que eu faço hoje, acho que morro: primeiro na alma e, na sequência, no corpo.” “O idoso não tem condições de mobilidade urbana e isso acaba afetando a qualidade de vida dele.” Adulto AB
159
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
DE FRENTE PARA A MORTE
“
O que o ser humano quer? Ele vive 150 anos e não resolveu o nosso problema fundamental, que está lá em Lacan: “O que nós ganhamos ao viver? A morte!”. Heidegger dizia: “O ser humano é um ser para a morte”. O ser humano é o único animal que sabe que vai morrer porque tem consciência e isso nos descarna. Uma das questões da desistência da vida são as perdas que vão se acumulando. Então, numa sucessão de perdas, a pessoa perde mesmo a vontade de viver.
”
por Maria Lúcia Santaella Braga
“
A condição humana tem um problema que é não saber lidar numa boa com a morte e com a finitude. Você tem consciência, então deve saber lidar com isso. E como você lida com isso? Pela alienação, você se aliena da morte. Como faz isso? Na ideia da obra, a obra que eu faço ficará para a eternidade, como se o fato de alguém ficar recitando o seu livro daqui a cem anos signifique que você não morreu. Imortais da Academia Brasileira de Letras são imortais, mas não são imorríveis. por Júlio César Pompeu 160
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
E COMO FICA A VIDA DIANTE DAS PERDAS? Na visão dos brasileiros (minigrupos)
“Viver no presente com a cabeça no passado, vivendo de lembranças e de saudades.” Adulto AB
“É complicado. Quando o meu irmão morreu, eu achava que seria o fim do mundo. Foi duro, mas o mundo não acabou.” Adulto C
161
Como o brasileiro encara o envelhecimento?
ENTÃO É MELHOR ENFRENTAR DO QUE FUGIR
“
Existe a questão entre o enfrentamento da morte de um ente querido e
a cobrança da sociedade para que a pessoa fique logo bem, e a minha colocação é: qual seria o “tristômetro” que mede a tristeza adequada para a morte? As pessoas cobram a alegria das pessoas três dias depois da morte, por quê? Porque você tem que ser alienado à tristeza, completamente. Precisa procurar um psiquiatra, porque alguém tem que lhe dar uma bolinha para que fique feliz. Se o momento é de tristeza, a melhor coisa que se tem a fazer é encarar a tristeza, porque, se não encarar a tristeza no momento da tristeza e ficar se alienando a ela, então vai carregar esse sen7mento pelo resto da sua existência e vai chorar a morte não chorada, mesmo naquele momento em que a vida está mais animadinha e tem tudo para valer a pena.
162
”
por Júlio César Pompeu
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
163
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
RESUMO
As fases no gerúndio A biologia conceitua a adolescência como a fase da conquista, da força, da velocidade, enquanto a senescência é a fase das perdas, principalmente as fisiológicas. Só que vivemos numa época em que não existe mais uma identidade definida e as divisões das etapas da infância, adolescência, maturidade e terceira idade ficaram tão imprecisas que desapareceram quase por completo. O ritmo do envelhecimento é muito individual em função dos fatores endógenos e exógenos, ou seja, não existe um grupo majoritário que vai envelhecer do mesmo jeito, com as mesmas necessidades e as mesmas possibilidades, porque esse é o momento em que todo o seu ciclo de vida e o ciclo genético deságuam. Nesse contexto, os otimistas viverão mais que os pessimistas e a expectativa do velho desaparecerá. 164
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
RESUMO
O limbo da transição Nesse momento de transição, nenhum de nós sabe muito bem que espaço ocupar, que roupas usar e como devemos nos relacionar. A única certeza que temos sobre o futuro é que ele será completamente diferente do que é hoje, tão avassaladora é a aceleração das transformações sociais e psíquicas que influenciam o comportamento e até as habilidades mentais. O modelo de vida voltado para a plena potência da juventude, em que a promessa de viver eternamente como jovens reafirma o imediatismo e, consequentemente, o desejo de adiar tudo o que vem pela frente, desencadeia também uma ausência de perspectiva de vida, ou seja, do que queremos construir para nós mesmos, refletindo no acomodamento, tanto pessoal como profissional. 165
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
RESUMO
O que se espera de cada um Essa crise de identidade começa com a cobrança social feita quando o indivíduo ainda é adolescente e acaba servindo como balizamento para o resto de sua vida. As regras impostas são para que ele estude, seja um bom profissional, constitua família, seja um cidadão do bem e bem-sucedido em todos os aspectos. Cumprida essa parte, não existe uma regra clara de continuidade do que se esperar da pessoa que está envelhecendo, pois o seu discurso é contraditório e ambíguo, uma vez que o ideal gira em torno de um idoso bacana e ativo, sendo que o próprio interlocutor não acredita que isso seja possível. 166
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
Sumário dos statements • Uma época sem identidade definida. • Qual é a fórmula do envelhecimento se cada um é um? • Não existe padrão para a chegada da velhice! • Ou seja, vivemos num momento de transição. • Onde a velocidade das mudanças é avassaladora. • “Quando se navega sem destino, nenhum vento lhe é favorável” - Sêneca. • Futuro profissional: uma luz ou um completo limbo? • Ambiguidade no discurso do que se espera de cada um. 167
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
UMA ÉPOCA SEM IDENTIDADE DEFINIDA
“
A gente vive numa época que não tem mais uma iden7dade definida. A princípio, o que é ser criança, adolescente, adulto, idoso? Isso meio que se esfumaçou num espaço de dez, 20 anos e a gente pode imaginar que alguém com 40 anos seja jovial, ou que alguém com 60, 70, ou mesmo 80 anos também não tenha iden7dade de velho, daquelas que a gente não queria para a gente. Ninguém mais sabe dizer o que é um adolescente, pouca gente acha que existam adultos, ou adultos estão em ex7nção; em
”
compensação, do outro lado, a expecta7va do velho desaparece.
por Pedro Luiz de Santi 168
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
“
QUAL É A FÓRMULA DO ENVELHECIMENTO SE CADA UM É UM?
Quando o sujeito nasce, existe o pediatra. Depois tem a primeira infância, a idade pré-‐escolar, quer dizer, em dez anos de vida, ele tem pelo menos umas quatro ou cinco classificações. Mas o sujeito, após os 30, é maduro; após os 60 é da terceira idade, sendo que, claramente, biologicamente, a gente sabe que não é isso. Uma pessoa de 70 anos tem um es7lo de vida diferente do de uma de 90. Por que a gente tem que classificar o tempo todo? Eu acho que, em Biologia, existe um conceito mais eclé7co: você tem adolescência, que é uma fase de conquista, em que você conquista força, velocidade; e você tem a senescência, que é a parte de perdas; ela é mais fisiológica. Agora, existem pessoas que não precisam estar com 70 anos para perder; tem pessoas que perdem aos 40. A gente perde massa muscular, 1% a 2% por década e perde força, 3% por década. Mas tem muitas pessoas que com 40 anos já estão debilitadas. Aí começa a haver essas doenças de base, câncer, etc. O problema do envelhecimento no país é cultural, nós não temos essa cultura. A gente precisa se preparar, tem que fazer escola e fiquei muito curioso, pois como seria esse ensinamento para envelhecer? Porque cada um tem um es7lo e, se as pessoas nem se aceitam, como é que você vai achar a possibilidade de uma car7lha do envelhecimento?
”
por Roberto Carlos Burini
169
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
NÃO EXISTE PADRÃO PARA A CHEGADA DA VELHICE!
“
Tem um problema limiar, porque, oficialmente, a terceira idade é a velhice e dizemos que começa aos 60, mas é sempre uma coisa um tanto quanto imprecisa. Obviamente o ritmo do envelhecimento é muito individual em função de muitos fatores endógenos e exógenos, ambientais e gené7cos.
”
“
por José Carlos Ferrigno
A população idosa é o segmento mais heterogêneo da sociedade, porque não
existe um grupo majoritário que vai envelhecer do mesmo jeito, que tenha as mesmas necessidades, as mesmas possibilidades, porque é onde deságua todo o seu ciclo de vida e o seu ciclo gené7co. Então é muito dircil eu estabelecer, para mim mesmo, que vou chegar com prazer até meus cem anos.
“
”
por Jorge Felix
Uma universidade americana constatou que os o7mistas vivem em média três
anos a mais que os pessimistas. Eu pensei: Nossa, que no•cia maravilhosa para os pessimistas! Porque é tudo o que o pessimista quer. Se você acha que a vida é uma desgraça, quanto menos durar, melhor. É o Éden: vida breve, brevíssima.
”
por Júlio César Pompeu 170
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
OU SEJA, VIVEMOS NUM MOMENTO DE TRANSIÇÃO
“
Há um modelo para a vida que pode ser vivida na plena potência: é o da juventude. É como se nós vendêssemos a ideia de que todos podem viver eternamente como jovens a ponto de desaparecer um pouco o conceito de fases da vida: infância, fase adulta, velhice; até na moda você vê isso com muita clareza – roupa para criança: menina ves7da de marinheiro; adultos: terno e gravata; idade avançada: roupa sisuda, sóbria. Há um critério claro de dis7nção social, que também desaparece em favor desse modelo.
”
por Júlio César Pompeu
“
Estamos no momento de transição, nós estamos fazendo a passagem. Eu acho
que, tanto o jovem quanto o idoso, ninguém sabe muito bem que lugar, que espaço ocupar, que roupa usar, como viver, como funcionar, como se relacionar. Tem pessoas com 60, 70 anos se divorciando, pois percebem que tem mais dez anos de vida e querem sossego, querem viver em paz. São coisas muito novas. Quer ver uma outra situação interessante? O filho que tem que sustentar os pais, e os pais falam: “Mas eu sustentei você”, e o filho responde: “Mãe, você me sustentou por 20 anos, eu estou te sustentando há 40 anos!”
”
por Irene Gaeta Arcuri 171
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
ONDE A VELOCIDADE DAS MUDANÇAS É AVASSALADORA
“
A única certeza que nós podemos ter sobre o futuro é que ele será
completamente diferente do que é hoje. A aceleração da transformação social e psíquica hoje é avassaladora. É só a gente comparar a cultura oral e a escrita: duraram dezenas de séculos e mais do que isso, não sei quantos mil anos; depois da cultura impressa para cá, até o século XIX, foi a era de Gutenberg. Nós já estamos na quinta formação cultural e esta, mais recente, que é a cibercultura, já está no quarto estágio, em 20 anos! Isso traz transformações sociais profundas, no modo de vida e no psiquismo, no comportamento e até nas habilidades mentais. A inteligência humana, hoje, está crescendo e a gente tem que levar em consideração que o futuro para o jovem é um pensamento con7nuamente adiado, porque o jovem vive muito do imedia7smo.
”
por Maria Lúcia Santaella Braga 172
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
”QUANDO SE NAVEGA SEM DESTINO, NENHUM VENTO LHE É FAVORÁVEL” - Sêneca
“
Vivemos na ausência de uma perspec7va de vida, do que queremos para
nós mesmos. Temos, então, apenas a grande perspec7va que já é colocada, que é a de mercado. Sendo assim, eu discordo que isso seja um problema da juventude atual, porque, na nossa idade, na nossa geração, era diferente. A gente se propunha a conquistas, sonhos, utopias e coisas
”
que hoje, no segmento social com o qual eu lido, não existem mais.
por Carlos Frederico Lúcio 173
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
FUTURO PROFISSIONAL: UMA LUZ OU UM COMPLETO LIMBO? Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Até os 28 anos, estudar, pretendo ter uma escola com foco diferente das escolas de hoje: quero resgatar as crianças da favela, mostrar que estudar é muito mais do que ler e escrever, é viver a vida, conhecer culturas e se desenvolver através delas.” / “Inquietude, mudar para ganhar conhecimento e depois consolidar.” Jovem AB
“Defini7vamente não faço o que gosto. Não estou sofrendo, mas não gosto do que faço.” Jovem C
“Meu foco é uma profissão. Estou estudando, me preparando para outro curso para poder compe7r cara a cara no mercado.” / “Se eu inventar de estudar à noite, a minha esposa me pede o divórcio, ainda mais com gêmeos. Eu sou segurança em uma fábrica, já faço o que gosto, penso em melhorar, mas, para ser mais ousado, só depois que as crianças forem maiores. Adulto C
“Não estou atuando na área em que me formei. Financeiramente não está bom, mas não 7ve opção nas entrevistas, pois sempre era barrada na questão da idade, então abri mão do meu plano de carreira.” Sênior AB
174
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
AMBIGUIDADE NO DISCURSO DO QUE SE ESPERA DE CADA UM
“
Vive-‐se uma crise de iden7dade. Há dois momentos crí7cos -‐ não para
todos; evidentemente não dá para generalizar. De modo geral, no ciclo de vida nós temos o momento da adolescência e a meia-‐idade. Então, a pergunta que o sujeito faz, obviamente, é quem eu sou e, no caso do adolescente, a sociedade ainda dá um balizamento para ele: “Olha, o que a gente espera de você? Que você estude, seja um bom profissional, cons7tua família, seja um cidadão do bem e bem-‐sucedido em todos os aspectos”. E o que se espera da pessoa que está envelhecendo? Aí a sociedade é muito contraditória e as suas mensagens também. No discurso de ser um idoso bacana, a7vo, nem sempre as próprias pessoas que estão dizendo acreditam que de fato chegarão a isso e nem que é possível chegar a isso. Então, quem está nessa fase de transição vai absorver um pouco dessa ambiguidade e vai ter que saber lidar com ela. Não é fácil!
”
por José Carlos Ferrigno 175
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
KEY POINT
De repente 40! Ensinaram-nos a estudar nas melhores universidades, não nos envolver com drogas, trabalhar com afinco e respeitar os pais (fonte: estudo quantitativo). Sei que estou sozinho e em última instância só posso contar com a minha família, portanto, sou um guerreiro de causa própria, sem grandes ideais e não tenho tempo para perder. Ainda sonho com a casa própria, o carrão do ano, a casa na praia e as viagens (fonte: estudo quantitativo). Essas serão as minhas conquistas!!! Terei formado uma família e... E agora? Qual é o sentido da minha vida? 176
O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?
KEY POINT
De repente 40! Tenho corrido tanto e andado tão pouco! Preciso me reinventar! Compactei minha infância, minha adolescência, a minha maturidade para aquilo que a sociedade esperava de mim e quem sou eu hoje? Não me conheço! Isolei-me de tudo, de mim mesmo, do universo e só me restou a família. Tenho mais 40 anos pela frente?!
177
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
178
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
RESUMO
A realidade A cobrança da sociedade é feita em cima do modelo eleito da juventude na potência, ou seja, todos não só podem ser jovens, como devem ser jovens, menos os jovens! Eles são criminalizados porque estamos numa era que vê no adolescente o doente, o problema, a pessoa que não se contém e, nesse modelo, nessa concorrência, os dominantes sociais são as pessoas que têm condições para bancar essa vida de consumo e que querem desqualificar esses mais aptos fisicamente, numa tentativa de deter o modelo de vida potente, mas acabam percebendo que não podem e isso acaba gerando um certo dissabor e a consequente perda da vontade de viver muito mais. 179
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
RESUMO
O confronto A longevidade só funciona à medida que se toma cuidado com a qualidade de vida, e é uma promessa antagônica à juventude, porque, para ela, a morte é tão adiada que a explosão da energia leva a uma dissipação irresponsável, pois acha que pode tudo. O jovem brasileiro é impaciente e maleducado com os mais velhos pela completa falta de consciência do significado do envelhecer. Ele faz exercícios porque precisa emagrecer e não porque faz bem à saúde! O valor magno para esses jovens é o sucesso, é aquilo que vão ganhar; eles se baseiam na perspectiva de carreira, da profissão, isso em todas as faixas sociais. Fazer o que se gosta é a grande conquista da vida, mas nem sempre coincide com o sucesso profissional da carreira, que é o que oferece o retorno para uma vida condizente com o padrão de consumo que estipulou para si. 180
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
RESUMO
A projeção Onde há o indivíduo, há uma organização social que, diante da morte, se apresenta como a responsável por lembrar da finitude o tempo todo, através dos rituais da morte: o velório, o caixão com o vidrinho, para que você possa olhar de frente a sua face. Tem um lado entristecedor e tem também, um papel redentor, porque essa experiência plena da existência, que lembra da vida e da morte, é uma espécie de condição para cuidar da manutenção do corpo e também construir certos valores sociais, da organização econômica e política, que tornam a vida coletiva possível. 181
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
RESUMO
Perspectiva da velhice Onze por cento da nossa população passou dos 65 anos, mas já temos os 75 anos como a nova média de expectativa de vida. Isso significa que é ascendente a taxa de crescimento da população mais idosa. A preocupação que surge é saber quais são as medidas preparatórias para essa realidade tão próxima. Nesse sentido, uma saída pode estar apoiada n a s g e r a ç õ e s m a i s n ov a s , p o i s , e m b o r a o envelhecimento não seja o universo do jovem, ainda faz parte do seu universo o convívio com os mais velhos. Então, naturalmente e em última instância, eles serão os futuros cuidadores dos seus próprios idosos. 182
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
Sumário dos statements • Sem consciência, sem paciência, sem educação. • A juventude é sinônimo de alienação. • A alegoria da morte. • E o sucesso profissional é a moeda de troca. • A estatística indica o que mostra a prática. • Cuidar do outro. • Jovem: ser ou não ser? 183
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
SEM CONSCIÊNCIA, SEM PACIÊNCIA, SEM EDUCAÇÃO
“
Há 20 anos, a média da expecta7va de vida era de 65 anos e aumentou para 75, então, em que medida este país está se preparando para isso? Por outro lado, existe a falta de consciência do significado do envelhecimento para o próprio jovem brasileiro, que é impaciente e deseducado com a pessoa mais velha, pois essa promessa é um pouco antagônica à juventude, porque funciona à medida que se toma cuidado com a qualidade de vida e porque a morte para eles é tão adiada e a explosão da energia leva a uma dissipação irresponsável. Nenhum jovem está pensando: ele corre porque precisa emagrecer e não porque vai viver mais.
”
Então, é uma consciência que falta completamente.
por Maria Lúcia Santaella Braga 184
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
A JUVENTUDE É SINÔNIMO DE ALIENAÇÃO
“
A condição de existência ou o problema do jovem é a alienação da tristeza, a alienação da morte: posso tudo e vamos embora. É uma constatação lógica que morreremos algum dia, mas isso não é para mim! Mas nessa alienação, é como se a vida perdesse um pouco do sabor e, quando você se encontra com a morte, reencontra a plenitude da existência diante de si, de morte, alegria e tristeza. O preço dessa chamada
”
talvez seja viver uma vida de qualidade.
185
por Júlio César Pompeu
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
A ALEGORIA DA MORTE
“
Se existe isso da condição humana, essa alienação, tem também, na organização social, uma série de contramedidas à alienação. Você tem uma sociedade que lembra da morte e da finitude o tempo todo, através dos rituais da morte: o velório não deixa de ser um espetáculo, afinal, por que o caixão tem o vidrinho? Por que temos que olhar a face da morte? Por que a sociedade faz questão de lembrá-‐lo? Se tem um lado entristecedor, tem também um papel redentor. Essa experiência plena da existência, que lembra da vida e da morte, é uma espécie de condição para você construir certos valores sociais e da organização econômica e polí7ca, que tornam a vida cole7va possível. Porque, se levamos à radicalidade essa alienação com relação à própria finitude, tendemos a um modelo de existência de onipotência, porque faz parte da morte e da finitude você perceber que também depende dos outros para exis7r. Eu tenho como condição de existência não só a manutenção do meu corpo, mas a manutenção de certas relações sociais e econômicas, que tornam a coisa possível.
”
por Júlio César Pompeu 186
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
E O SUCESSO PROFISSIONAL É A MOEDA DE TROCA
“
Eu não acho que o jovem de hoje não tenha perspec7va. Ele tem sim a perspec7va de carreira, do sucesso profissional, e em todas as faixas sociais. Eu acho que, hoje, o valor magno para esses jovens é que eles tenham sucesso. Não é o trabalho em si, como é para nós que trabalhamos com o intelecto. Para eles, não, é aquilo que vão ganhar. Eu 7ve uma experiência com um jovem, que trabalhava numa consultoria de mercado, que imagina que aos 40 anos iria mudar de vida; essa pessoa 7nha lá um cargo extraordinário aos 37 anos e declarou que dali a uns 5 anos iria largar tudo para fazer o que gostava. Porque fazer o que gosta é a grande conquista da vida e nem sempre fazer o que gosta coincide com o sucesso profissional da carreira, que lhe oferece retorno para ter uma vida em que se entra no padrão de consumo.
”
por Maria Lúcia Santaella Braga 187
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
A ESTATÍSTICA INDICA O QUE MOSTRA A PRÁTICA
“
Nós estamos com 11% da população com mais de 65 anos, ou seja,
estamos com crescimento do mais idoso, como chamamos os que têm além de 80 anos, num ritmo muito acelerado. Então todos nós seremos cuidadores de idosos.
“
”
por Jorge Felix
Pode não ser o universo do jovem, mas é do universo dele lidar com
pessoas mais velhas, pois sempre se tem um avô, pai, etc. Se perguntar quem são as pessoas com quem ele se relaciona e como é a relação dele com os velhos que aparecem no seu co7diano, talvez, respondendo e lidando com essas questões, ele comece a pensar em si mesmo.
”
por Carlos Frederico Lúcio 188
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
CUIDAR DO OUTRO Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Tem diferença entre ser independente e ser ingrato. Não acho errado ser independente e, na maioria das vezes, é em relação às finanças, pois achamos que todo o resto deriva disso. Ingrato é o abandono.” Jovem AB
“A ins7tuição família está em decadência. Como os pais estão fora trabalhando, não se dedicam tanto à educação e isso acarreta a diminuição do vínculo e do respeito.” “Eu não acho que envelhecer é feio. A forma como isso é tratado é que é feia, jogar os pais no asilo. As a7vidades do SESC mostram como os idosos podem ser plenos.” Adulto AB
“Quero um profissional; prefiro.” Adulto C 189
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
JOVEM: SER OU NÃO SER?
“
Todos não só podem ser jovens como devem ser jovens, menos os jovens! Entre os seres com os quais convivemos, o único grupo no qual a juventude é criminalizada é o dos jovens! Estamos em uma era que coincide no adolescente o doente, o problema, a pessoa que não se contém e, nesse modelo, nessa concorrência, os dominantes sociais somos nós, que temos grana para bancar a mesada desse adolescente. Mas o adolescente é aquele que tem o corpo mais apto à existência, tal qual o modelo. Então, para tornar a compe7ção um pouco mais viável, nós desqualificamos os mais aptos corporeamente a fim de deter o modelo de vida potente e, por sua vez, nos permi7mos afirmar que podemos, que nós devemos. Agora, se isso é vendido com obrigação, é uma espécie de soma desse paradoxo: você pode viver a vida potente, mas, ao mesmo tempo, percebe que não pode e isso gera um certo dissabor. Por que você tem que viver essa vida nesse modelo jovem? Porque não é só o consumo de produto, é o consumo de um modelo de existência e, quando você percebe que não pode chegar lá, perde a vontade de viver muito mesmo, é desanimador e então vêm as forças para que você mantenha, por exemplo, a tristeza. A vida jovem pressupõe a alienação da morte, da tristeza e da euforia, ou seja, é a carnavalização da existência constante.
”
por Júlio César Pompeu 190
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
KEY POINT
A materialização O significado da vida, quando transferido para a matéria, para o consumo exacerbado, resulta na desvalorização do passado e do futuro. A busca pelo viver intensamente o presente significa, ainda, a privação da vivência da tristeza, das perdas e do luto, ações que fazem com que o indivíduo busque saídas irrefletidas e imediatas para a exclusão de sentimentos que se apresentem como obstáculos na conquista da felicidade ideal; por exemplo, consumir mais ainda. 191
Os jovens diante da própria velhice e dos idosos
KEY POINT
A materialização Em vez de conquistar uma possível felicidade real, o indivíduo contemporâneo, portanto, que se identifica com o modelo da sociedade atual, pode se deparar com um esvaziamento interior, com uma sensação de perda no sentido vital da sua natureza, que ele, na maioria dos casos, desconhece. Daí, o comportamento observado no estudo quantitativo, de que o sonho maior seja viajar, ir para uma cidade do interior, se dedicar à família, descansar e poder compartilhar o seu “conhecimento” com os mais próximos. Conhecimento esse que, sabemos, se trata de relatar a sua vivência. Vivência que, também sabemos, é produto dessa história consumista. 192
A longevidade como ideologia?!
193
RESUMO
A longevidade como ideologia?!
Um país sem educação Para falar de qualidade de vida, que é do que se trata a questão da longevidade, temos que falar em educação. Nesse sentido, nosso quadro é preocupante. Vivemos num país onde 27% da população é analfabeta funcional, a nota do nível dos alunos do ensino médio é 3,4 e 38% dos jovens que saem das universidades não têm alfabetização plena! A profissão de professor ainda não é valorizada, em todos os aspectos, e ainda significa se sujeitar a humilhação e desrespeito. 194
RESUMO
A longevidade como ideologia?!
Ausência do presente Um estudo, embora feito com presidiários, mostra dois tipos de discursos sobre a vida que também são representativos para parcela da população brasileira; trata-se de uma narrativa que não tem presente, só uma vida no passado e outra no futuro. O resultado disso é que o presente não é reconhecido. Além disso, há os jovens que não têm um discurso consolidado para o hoje, porque, entre outros aspectos, não pensam no envelhecimento como um processo natural que vai sendo construído durante a vida. Parcela da população prefere viver por viver, seguindo apenas o seu fluxo, até o momento da morte. E que ela venha, preferencialmente, quando estiverem dormindo! 195
RESUMO
A longevidade como ideologia?!
O momento da aposentadoria A maioria das pessoas que trabalham tem a expectativa de que na aposentadoria possa, finalmente, usufruir a vida e não percebem que, nesse discurso, toda sua vida útil e produtiva parece ter sido “jogada fora”. A aposentadoria ainda é considerada um grande mistério, porque cada um olha esse momento de acordo com suas fantasias e representações: uns ficam muito preocupados por acreditar que serão esquecidos por todos e outros se sentem invejados por terem a chance de finalmente começar a viver. 196
RESUMO
A longevidade como ideologia?!
Viver mais e melhor Seguindo o raciocínio anterior, chega-se à conclusão de que a longevidade não é para levar mais tempo para morrer, mas para levar mais tempo vivendo bem! Sartre já dizia que o ser humano está condenado a ser livre e, por mais paradoxal que possa ser essa afirmação, ela quer dizer que não é fácil ter muitas escolhas, ao mesmo tempo em que se anseia por isso. Temos que quebrar esse paradigma e viver a vida intensamente, de acordo com a capacidade física individual. 197
A longevidade como ideologia?!
Sumário dos statements • Tudo começa na educação. • Negar o presente não é o caminho. • Carpe diem. • Longevidade não é para levar mais tempo para morrer! • Ter escolhas nem sempre é mais fácil. • E o legado que eu quero deixar é:
198
A longevidade como ideologia?!
TUDO COMEÇA NA EDUCAÇÃO
“
Se nós que estamos aqui, que somos a elite, nos perguntamos para que serve ter qualidade de vida, se nós ainda temos essa interrogação, imagine os outros! Ou melhor, nós temos essa interrogação, os outros não têm. Para falar de qualidade de vida, pois é do que trata a questão da longevidade, temos que falar em educação. Educação num país onde 27% da população é analfabeta funcional e 38% dos jovens que saem das universidades não têm alfabe7zação plena! É dramá7co, acabou de sair na Folha de S.Paulo* que o nível dos alunos do ensino médio é 3,4. Então, isso confirma que toda essa nossa discussão é a preocupação de uma elite da elite, porque o resto da população não está nem entendendo o que isso significa. No meu caso, nunca pensei em ter outra profissão na vida senão a de professora, embora eu não assine que sou professora; assino pesquisadora, porque, se você quer se humilhar neste país, é só dizer que é professor. Mas a minha vocação é realmente ser professora e eu tenho sen7do isso na pele: oriento teses de doutorado de pessoas que não sabem escrever.
”
por Maria Lúcia Santaella Braga
*h„p://www1.folha.uol.com.br/fsp/co7diano/60948-‐com-‐ensino-‐medio-‐estagnado-‐mec-‐ja-‐planeja-‐mudancas-‐no-‐curriculo.shtml 199
A longevidade como ideologia?!
NEGAR O PRESENTE NÃO É O CAMINHO
“
Par7cipei de uma pesquisa num presídio, coisa de curso de Direito, e percebi dois 7pos de discurso sobre a vida: o preso que falava de uma vida antes da prisão e uma vida depois; durante, não. É uma narra7va que não tem presente, só fazia ou vai fazer, não tem o eu faço. Os que só 7nham passado acreditavam que a vida, de certa forma, 7nha acabado, que era um caixão, que não sairiam mais de lá e, mesmo que saíssem, ela não exis7a mais. Por outro lado, vi um programa em que um arquiteto espanhol entrevistava o Niemeyer e ele queria saber como foi fazer Brasília, enquanto, que pela cara do Niemeyer, você via quão enfadonho era, pois ele queria falar do que iria fazer, pensando no futuro. Para falar de longevidade, precisamos saber como é que as pessoas percebem a própria existência. Existe uma concepção de futuro e de passado, e eu não me assustaria se você encontrasse jovens sem um discurso, sem futuro.
”
por Júlio César Pompeu 200
A longevidade como ideologia?!
CARPE DIEM
“
Tornei-‐me antropólogo porque sou um pouco índio nesse processo, eu nunca me preocupei com absolutamente nada e fui me preocupar com condições, entre aspas, de envelhecimento com quase 40 anos, porque, até então, a vida é aquilo que você vai construindo. O dever de casa, como dizia o meu analista, eu faço: faço exercícios, me alimento bem e pronto, acho que mais que isso não tenho muita condição de fazer. Não vou ficar neuró7co procurando formas. Em relação à morte, a gente já pensa isso como um badline, e eu penso na ponta de lá, não penso no envelhecimento como um processo natural que eu vou construindo durante a vida. Vou construindo laços, sejam de família, sejam de amizade, então, nunca me tocou. Mas agora vem me preocupando, porque o meu pai faleceu de câncer, a minha mãe está com mal de Alzheimer e você começa a lidar com essas doenças. Eu não transformo isso num cálculo para pensar as coisas que eu preciso construir. Se eu for colocar isso como expecta7va, acho que enlouqueço pensando nos mecanismos que vou ter que construir para chegar lá. Não, eu prefiro viver, seguir a minha vida e aí o processo de envelhecimento é interessante, é qualidade. Quero viver com qualidade. Quando me perguntam dessa coisa de morte, eu falo que eu quero morrer dormindo.
”
por Carlos Frederico Lúcio 201
A longevidade como ideologia?!
LONGEVIDADE NÃO É PARA LEVAR MAIS TEMPO PARA MORRER!
“
Para quem tem 25 anos, 50 é velho. O jovem fala: ‘Ah, eu não quero ficar velho igual ao meu pai e não aproveitar nada da vida’. Para ele, o pai já é velho, coitado, e agora, que chegou aos 50 anos, a vida já passou.
”
por Irene Gaeta Arcuri
“
Quem tem que esperar chegar aos 50 anos para aproveitar a vida? A longevidade não é para levar mais tempo para morrer, longevidade é para levar mais tempo vivendo bem! Eu vejo o pessoal de 60 anos falando: “Agora estou pronto para usufruir a vida.” Então, nos anos que passou na fase produ7va, não aproveitou a vida? E a resposta: “Não, eu trabalhei para ganhar dinheiro.” E por acaso o dinheiro vai resolver? Agora não tem saúde e está com dinheiro no banco, então vai ser enterrado igual ao faraó? Temos que quebrar esse paradigma, temos que viver intensamente a vida de acordo com a capacidade rsica individual. Não há nada pior que um jovem pessimista ou um velho o7mista. por Júlio Sérgio Cardozo 202
A longevidade como ideologia?!
TER ESCOLHAS NEM SEMPRE É MAIS FÁCIL
“
Eu pude me preparar para a aposentadoria, porque eu soube, com muitos meses de antecedência, a data do meu desligamento. No começo é um pouco afli7vo e a pergunta que se faz é: “Será que vão se lembrar de mim?” Depois, em função dos contatos que eu 7nha quando trabalhava na empresa, comecei a ficar mais feliz por ser lembrado aqui e acolá. Enfim, estou administrando o tempo de outro jeito, bem diferente, pois antes passava dentro de uma empresa oito, nove ou dez horas por dia e, agora, tenho esse tempo todo para poder escolher o que fazer! Sartre já dizia que o ser humano está condenado a ser livre. Por mais paradoxal que possa ser essa afirmação, ela quer dizer que não é fácil ter muitas escolhas, ao mesmo tempo que se anseia por isso. Alguns colegas me olhavam com olhar preocupado, pensando se eu iria aguentar o tranco, enquanto outros me olhavam com uma inveja evidente de quem finalmente iria começar a viver. Ou seja, cada um olha conforme as suas fantasias e representações, mas, de fato, é um caminho complexo. Evidentemente isso faz parte de um fenômeno cultural.
”
por José Carlos Ferrigno 203
A longevidade como ideologia?!
E O LEGADO QUE QUERO DEIXAR É: Na visão dos brasileiros (minigrupos)
“Bens materiais são conquistas que todos podem ter. Acho que o mais importante é a essência que vem de dentro.” “Sou brasileiro e a minha cultura me faz pensar que vou postergar até o úl7mo minuto e daí não terei mais tempo para realizar o que me propus.” Jovem AB
“Oportunidade de ser uma pessoa melhor a cada dia.” Adulto AB
“A vida vale a pena porque existe uma outra vida além desta. Isso que é bonito na vida espiritual e temos que prestar contas, evoluir na terra.” Sênior C
204
KEY POINT
A longevidade como ideologia?!
Quando o bônus vira ônus A estrutura deficitária da sociedade que não privilegia a educação e nem a cultura estimula a visão negativa da longevidade pelas perspectivas de um modelo tradicional, que já se tornou limitado por não se encaixar com agilidade às mudanças que se sucedem. Os entrevistados acreditam que o caminho para se chegar aos 120 anos, na verdade, trata-se de um tempo extra e não é visto como um horizonte aberto de oportunidades e, sim, um calvário, por falta de um olhar mais profundo sobre a vida e da completa ausência de um autoconhecimento. 205
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
206
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
RESUMO
Questão da renda Esta nossa sociedade líquida, com suas facilidades tecnológicas e a mobilidade, imprime um novo modus operandi de desagregação das famílias, que, quando somado à perspectiva da longevidade, acaba por impactar diretamente nas questões voltadas à renda e à saúde. No caso da renda, temos um sistema democrático moderno que ainda não conseguiu equacionar a questão fundamental da previdência, o que exige da economia muito mais do que ela pode oferecer e acaba repercutindo como mais um desafio para a sociedade brasileira, que precisa saber como se planejar financeiramente, principalmente nas famílias mononucleares. Outro fator relevante é o consumo de um modelo de existência baseado na vida jovem, na vida potente, voltado exclusivamente para o consumo, em que poucos podem bancar, porque a realidade é limitadora. 207
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
RESUMO
Questão da saúde A saúde é outro assunto mal resolvido, pois a população brasileira continua resistente em relação à frequência ao médico. Considerando o ponto de vista do envelhecimento populacional, isso também impacta diretamente no sistema de saúde. Mas não é só isso. Apesar de ter adquirido mais consciência sobre os benefícios dos alimentos saudáveis e naturais, os brasileiros continuam com uma dieta deficiente. A grande dificuldade está na resistência natural em abrir mão das coisas que dão prazer e que, infelizmente, fazem mal à saúde. Em paralelo, a prática de exercícios físicos também não é mais novidade para ninguém e, ainda assim, o hábito ainda não foi estabelecido. A maioria prefere viver o autoengano, para suportar a pressão da cobrança social por um corpo perfeito, que esteja dentro dos padrões da potência da juventude. 208
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
RESUMO
Um modelo que não ajuda O modelo de vida que supervaloriza a juventude cria diferentes perspectivas entre o olhar masculino e o feminino, então já partimos da premissa de que envelhecer para um não é a mesma coisa para o outro. Para o homem é mais simples, ele aceita melhor, principalmente se estiver bem fisicamente, porque assim manterá a vitalidade e, consequentemente, continuará explorando o máximo possível sua sexualidade. No caso das mulheres, envelhecer é muito difícil, porque elas ainda precisam competir com as mais novas, em todos os pontos de vista: profissional, sexual, amoroso. Mas a beleza é muito mais do que isso, é propriedade daquilo que é natural de cada momento e de cada idade; envelhecemos da maneira como vivemos e isso é um evento de todos os dias e de todas as questões; trata-se da adequação da evolução interna com a externa, então, exercer o lado externo da própria velhice é exercitar a energia vibrante, que é o que de fato faz ser jovem. 209
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
RESUMO
Dois pesos, duas medidas A vida potente e longeva virou sinônimo de felicidade e a vida é a alternância desbalanceada de alegria e tristeza, pois talvez a tristeza venha em baldes, enquanto a alegria venha em conta-gotas. Então essa qualidade de vida que aparece via discurso do senso comum gira em torno de um modelo que pode ser muito mais a capacidade de usufruir o momento. Isso pressupõe aceitar a existência e também esse modelo impreciso do eternamente jovem, que reafirma a não percepção da autoimagem, em que a potência é masculina e a beleza é feminina. 210
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
RESUMO
Será essa a sua raiz? A longevidade reduz uma das perspectivas que mais obrigam as pessoas a agir, a mortalidade. Aumentando o tempo de vida, aumenta-se também a cultura de preguiçoso, de postergar o que se tem para fazer, ou seja, a perspectiva de infinitude gera uma sensação de ócio. Segundo a psicologia analítica de Carl Jung, o segredo está na capacidade de integração entre o desenvolvimento intelectual e o emocional, a integração entre os instintos, os sentimentos com a razão. Então, no final, talvez a pergunta que tenhamos que fazer é: o que é viver bem? A busca pela qualidade de vida é em função do quê? 211
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
Sumário dos statements • A questão da renda. • É preciso manter o consumo do modelo de existência! • E a questão da saúde? • A aversão ao médico ainda é muito comum. • O autoengano em relação às atividades físicas. • E o campeão da resistência: os hábitos alimentares. • Então tudo o que é bom... faz mal? • Como queremos viver na longevidade. • Carpe diem com qualidade: falsa conotação de felicidade? • Um modelo que supervaloriza a juventude! • Então é natural a importância da beleza. • A busca pela beleza supera a busca pela saúde. • Diferentes olhares, diferentes percepções. • E, no final, mais tempo significa mais oportunidade? • Negar a velhice talvez não seja a saída. • Jung explica as resistências às transformações. 212
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
A QUESTÃO DA RENDA
“
No sistema democrá7co moderno temos, entre outras, uma questão fundamental que não foi equacionada, a previdenciária. Eu acredito que há uma grande confusão por força da medicina, da gené7ca, do avanço das pesquisas que estão se propondo a estender a vida. Elas estão confundindo a questão da longevidade com a do envelhecimento populacional -‐ este demanda a visualização de duas taxas simultaneamente: o aumento da expecta7va de vida, concomitante com a taxa de fecundidade, que caminham em direções opostas. Como consequência, o capitalismo brasileiro está exigindo da economia muito mais do que ela pode oferecer. Então, saber como você vai se planejar financeiramente é o grande desafio da sociedade brasileira numa família mononuclear: pai, mãe e filho; é uma situação para onde caminhamos num ritmo mais acelerado. Com a questão de ter 1,8 filho por mulher (nossa taxa de fecundidade), o planejamento financeiro é totalmente diferente, inclusive prestando atenção nas pessoas que são minhas dependentes, não só para frente, mas para trás também, e vou tentando adaptar a minha vida, para ter essa questão de segurança no futuro, uma vez que a perspec7va de vida está aumentando.
”
213
por Jorge Felix
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
É PRECISO MANTER O CONSUMO DO MODELO DE EXISTÊNCIA!
“
Nós podemos viver, mas quem quer viver até os 60? Quem é que me
garante que aos 50 já não se começa a sen7r a tal da decrepitude ou a perda da potência para se viver a vida que se prega? É como se a única vida que valesse a pena fosse a vida jovem, a vida do consumo. Consumo não só no sen7do da aquisição de bens, mas o consumo de um modelo de existência que eu não sei se terei condições de bancar. Os grupos sociais de pessoas dominantes que consomem luxo são os que têm grana, ou seja, a vida potente é vendida como possibilidade, mas o fato é que quem pode viver a vida potente que se vende é quem tem como condição acesso à
”
medicina de ponta.
por Júlio César Pompeu 214
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
E A QUESTÃO DA SAÚDE?
“
Num estudo de um médico acadêmico, observou-‐se que a relação do
sexo masculino com o médico é diferente da mulher pela própria necessidade fisiológica: a mulher adolescente já começa a frequentar cedo o médico ginecologista e cria esse hábito. O homem, não. Então o estudo levanta uma série de coisas do ponto de vista do envelhecimento
”
populacional e o impacto que isso causaria no sistema de saúde.
por Jorge Felix 215
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
A AVERSÃO AO MÉDICO AINDA É MUITO COMUM Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Só quando dói.” “Nem quando dói!” “Estou bem, vou ao médico e ele me arranja um monte de problemas.” Adulto AB
O AUTOENGANO EM RELAÇÃO ÀS ATIVIDADES FÍSICAS Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Academia tem um ambiente narcisista: são 40 minutos enfadonhos. Tem um cara que começou junto comigo, passou um tempo e ele já está maior do que eu! Com certeza ele deve tomar bomba, daí fica fácil.” Jovem AB 216
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
E O CAMPEÃO DA RESISTÊNCIA: OS HÁBITOS ALIMENTARES Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Não consigo comer nada verde.” / “Gosto de des7lado. Posso trocar por um vinho, mas eu gosto mesmo é de ficar levemente embriagado.” Jovem AB
“Eu não ligo muito para alimentação, não, eu como o que gosto e nunca 7ve problema com isso.” Jovem C
“A gente come muito fora e acaba exagerando.” / “Sou viciado em chocolate e cerveja.” / “Adoro Outback, Burger King, McDonald’s. Tenho paladar infan7l, vou fazer o quê? Amo sorvete!” / “Para cortar o chocolate, tenho que cortar o útero!” Adulto AB
“Por enquanto eu como de tudo, até o dia em que o médico falar que está proibido!” / “Ah, cerveja, um bom churrasco, uma boa picanha com aquela gordurinha... Tudo de bom, né?!” Sênior AB
“Quero comer certo, mas, se a minha filha quer pizza, não tenho como falar não.” Sênior AB 217
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
“
ENTÃO TUDO O QUE É BOM... FAZ MAL?
Na realidade, ninguém abre mão do conforto, bem-‐estar e nem do bom, não é? Tudo o
que é bom na vida ou engorda ou dá câncer ou é pecado! Existe uma resistência natural em abrir mão dessas coisas que dão prazer, que fazem mal à saúde. É que cada vez mais estamos adeptos ao es7lo de vida sedentário, em função de uma tecnologia do bem-‐ estar: controle remoto, carro, televisão, etc. Então, reduzindo a a7vidade rsica, você deixa de usar seus 500 músculos, mais os 400 ossos e, sabidamente, se não usa, atrofia. Você perde e, perdendo um tecido tão grande, você começa a ter resistência à insulina, hipertensão. Então é uma cascata, em função de uma mudança de es7lo de vida, que é recente. Você verifica que, embora os pediatras digam que a criança não é um adulto em miniatura, do ponto de vista da patologia, a criança é um adulto em miniatura. A criança obesa fica assim pelas mesmas causas dos adultos, ela também tem hipertensão como o adulto, também tem resistência à insulina, um indício de epidemia e ela também está sendo medicada. Então estamos diminuindo a transmissão epidemiológica, as doenças infectocontagiosas e estamos aumentando as doenças crônicas, até nas crianças. Conversando com o agente funerário de Botucatu, ele falou das dificuldades que está tendo em fazer caixões para adolescentes. Isso não se enquadra em modelo nenhum. Se você pega alguns estados dos Estados Unidos, que têm um bom levantamento, a expecta7va de vida já está diminuindo. E os epidemiologistas são draconianos [excessivamente severos ou rigorosos] em dizer que nós estamos evoluindo para uma fase ímpar da humanidade, em que os pais vão começar a enterrar os seus filhos.
”
por Roberto Carlos Burini 218
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
COMO QUEREMOS VIVER NA LONGEVIDADE
“
Eu tenho um histórico não muito alentador, do ponto de vista clínico,
então, na questão da alimentação, do exercício rsico, de fato, é uma coisa com que a gente tem que se preocupar, mas a qualidade é para quê? Simplesmente ficar lutando contra as limitações, até quando? Não tem jeito, longevidade é um jogo em que você vai negociar um pouco mais de tempo e a morte, nesse sen7do, já ganhou. A questão é: como a gente, até
”
o final do jogo, vai levar a par7da? O que é viver bem?
por Dante Marcello Gallian 219
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
CARPE DIEM COM QUALIDADE: FALSA CONOTAÇÃO DE FELICIDADE?
“
A vida potente e longeva virou sinônimo de felicidade. Felicidade é diferente de alegria. Felicidade é alegria que con7nua indefinidamente, sem tristeza para avacalhar. Eu acho que a percepção disso tudo foi uma espécie de desencanamento: a vida é alegria e tristeza, e talvez a tristeza venha em baldes, enquanto a alegria venha em conta-‐gotas. Isso é existência, é um ganho, porque, no final das contas, esse modelo que se vende de potência é uma espécie de alienação da vida como ela é: a alternância de alegria e tristeza, de momentos em que realmente não se tem vontade de viver e outros em que você diz: “Nossa, eu quero viver muito”; ou: “Agora eu sei para que eu existo”, ou ainda: “O que eu estou fazendo aqui?” Isso permite encarar os momentos como eles são: a tristeza na tristeza e a alegria na alegria. Então a qualidade de vida que aparece por aí, via discurso do senso comum, é uma qualidade em torno de um modelo que talvez seja muito mais a capacidade de você usufruir um instante, o momento do instante. Isso pressupõe você aceitar sua existência, considerando as oscilações (alegrias e tristezas), aceitar que não existe um modelo e desencanar dele. Mas a longevidade vem com o modelo, goela abaixo.
220
”
por Júlio César Pompeu
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
UM MODELO QUE SUPERVALORIZA A JUVENTUDE!
“
No Brasil e para o homem, envelhecer não é a mesma coisa que é para a
mulher. É muito dircil para a mulher envelhecer, porque este é um país que hipervaloriza a juventude, a beleza. Basta andar por aí e ver quantos quiosques de revistas têm mulheres peladas: é a valorização do corpo. Potência é masculina. A mulher nem pensa em potência, ela está pensando na beleza, no semblante. Aquilo que é a potência para o homem, para
”
manter então a qualidade de vida, é a beleza da mulher.
por Maria Lúcia Santaella Braga
“
Eu fico na questão puer aeternus, do eternamente jovem. As pessoas
”
trazem a questão de uma não percepção da autoimagem.
por Irene Gaeta Arcuri 221
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
ENTÃO É NATURAL A IMPORTÂNCIA DA BELEZA
“
Eu sou dermatologista e, para mim, é ainda mais dircil envelhecer.
Acabei redefinindo o conceito de beleza, porque eu preciso me adequar também à minha própria evolução interna e externa. Beleza é propriedade, é aquilo que é próprio e natural de cada momento e de cada idade. Olho para a minha vida e vejo se estou construindo uma história que eu gosto, que me traz felicidade, que me dá paz interior, em que eu vejo as pessoas felizes com isso que estou disseminando. A gente não fica velho da noite para o dia, a gente vai envelhecer da maneira como viveu, e isso é um evento de todos os dias e de todas as questões. E ainda tenho que exercer o lado externo da minha própria velhice ou da minha própria juventude, porque acho que essa coisa de ser animada, de ter essa energia muito vibrante, é o que de fato faz ser jovem. Não é a contagem das dúvidas e sim das certezas.
”
por Shirlei Schnaider Borelli 222
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
A BUSCA PELA BELEZA SUPERA A BUSCA PELA SAÚDE Na visão dos brasileiros (minigrupos)
“Sou a favor da plás7ca, porque a academia vai demorar muito. Eu usava 38 e hoje me recuso a ver o que uso, então vou fazer recauchutagem geral.” Jovem AB
“Quando não gosto do meu cabelo, vou cuidar. Se não gosto do corpo, vou na academia e tento não comer fritura.” Jovem C
“A aparência é a nossa vitrine.” Sênior C
223
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
DIFERENTES OLHARES, DIFERENTES PERCEPÇÕES
“
Eu tenho um projeto de mudança de es7lo de vida saudável na
prevenção de doenças crônicas há 22 anos, e como é complicado trabalhar com a mulher! O homem aceita o envelhecimento, já a mulher, 77% da minha amostra, na faixa etária de 54 anos em média, ou seja, a maioria ‘menopausada’, é muito mais complicado.
”
“
por Roberto Carlos Burini
Eu acho que precisamos conceituar o envelhecimento, pois ele não é
igual para todo mundo. A mulher entende muito mais do lado de fora do que o homem. Estamos falando da perda da beleza e ela não quer ficar velha, porque compete também com as mais novas, de todos os pontos de vista: profissional, sexual, amoroso; sendo assim, o pensamento de que se pudesse estar sempre linda, então, talvez custasse menos envelhecer. Já o homem entende que o envelhecimento é vitalidade e ele quer explorar o máximo possível a sua sexualidade.
” 224
por Shirlei Schnaider Borelli
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
E, NO FINAL, MAIS TEMPO SIGNIFICA MAIS OPORTUNIDADE?
“
Se você me permite, eu não gostaria de viver indefinidamente, de jeito
nenhum. Acho que uma das perspec7vas que mais obrigam a gente a agir é a noção de que a gente vai morrer. É a mortalidade. A imortalidade criaria uma cultura de preguiçoso: amanhã eu faço, medicina eu faço aos 80, plano de saúde contrato aos 120 anos. A perspec7va de infinitude me daria uma sensação de ócio horrorosa. Todo mundo que passou muito perto da
”
morte valoriza mais a vida e vive com uma intensidade incrível.
por Pedro Luiz de Santi 225
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
NEGAR A VELHICE TALVEZ NÃO SEJA A SAÍDA
“
Evidentemente tem um pouco de negação da velhice, sem dúvida
porque ainda há muitas barreiras, muita dificuldade de aceitação dos velhos, o preconceito ainda não terminou. Avançamos muito, tem idosos pulando de paraquedas e asa-‐delta, mas, no meio disso, tem também uma velhice deteriorada, pobre, sofrida e alvo de muito preconceito. Não estou negando esse mecanismo de negação, mas acho que, além disso, alguma coisa da ordem do inconsciente nos dificulta a percepção do nosso
”
envelhecimento.
por José Carlos Ferrigno 226
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
“
JUNG EXPLICA AS RESISTÊNCIAS ÀS TRANSFORMAÇÕES
Jung diz que existem vários núcleos, que ele chama de complexos, e que podem nunca
amadurecer. É muito dircil mesmo. Por exemplo, eu 7nha um grupo de psicanalistas no meu consultório, e eles falavam assim: “Mas Irene, meus pacientes sabem tudo sobre a neurose, sabem de cor e salteado e falam: Olha, eu tenho isso, isso, isso... mas eles não mudam! O que eu faço?” Eles têm que sen7r, e sen7r é mudar e transformar, então não adianta eu teorizar, eu tenho que entrar em contato, e entrar em contato é sofrido, às vezes tem que deprimir. Por que as pessoas têm que fazer, fazer? Isso entra no polo oposto, da mania, que é um quadro depressivo também. Bipolar é uma doença que está na moda: num polo ele está para fora, dominando tudo; no outro, está para dentro, no mundo interior, ele está pequeno. Jung citava que vários grandes personagens da história 7nham um comportamento absolutamente infan7l, porque se desenvolveram muito intelectualmente e emocionalmente, não. São esses campos que ele denomina de complexos e teria que fazer essa integração. Não é fácil, mas é interessante. Por exemplo, uma pessoa espiritual: ela consegue, porque os complexos são verdadeiros demônios e eles têm autonomia, então você fala: “Não, Irene, eu sou um cara calmo”. Daí vem um outro cara e te fecha e, quando você vê, já virou um monstro, porque aquela raiva toda se apossou do seu ser e toda a ideologia caiu por terra, por quê? Porque a gente tem que integrar os ins7ntos e os sen7mentos com a razão, então não dá para fazer as coisas separadas. Aí vem a questão religiosa, do monoteísmo. Eu amo e eu odeio ao mesmo tempo: “Você gosta da sua mãe? Ah, eu gosto, a minha mãe é legal, mas eu odeio quando ela me pega no pé”. Quer dizer, você tem que conviver, tem que saber que você ama e odeia simultaneamente tudo, não pode ser unilateral. Quanto mais unilateral você for, mais o monstro te pega ali na esquina. por Irene Gaeta Arcuri
227
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
KEY POINT
A resistência fundamental Tales de Mileto já dizia, antes de Cristo, que “a coisa mais fácil da vida é falar dos outros; e a mais difícil é conhecer a si próprio”. Muito poucas pessoas, sendo otimista, neste estudo todo, junto aos dois públicos entrevistados, brasileiros estudiosos e brasileiros, colocaram essa questão às claras. Poucos se perguntam, ou melhor, se questionam diariamente, quem sou eu no plano físico, no mental e na forma como eu me relaciono com este universo. Poucos, muito poucos mesmo, sequer percebem que têm algum tipo de vínculo com este universo, que, por exemplo, nosso corpo é formado por 73% de água e que, portanto, estamos sujeitos, como a Terra, a Lua, as marés, a qualquer tipo de fluxos e refluxos das energias do universo. Um simples átomo humano contém carbono, da mesma molécula proveniente de uma estrela morta bilhões de anos atrás. 228
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
KEY POINT
A resistência fundamental Então, será que, de alguma forma, eu não tenho nada a ver com isso?! E, se tenho, como deve ser maravilhoso viver! E, se de fato é, por que eu resisto a não querer viver mais? Aproximadamente 45% dos entrevistados têm consciência de que podem viver mais, sim, mas imaginam que chegarão lá mais decrépitos ainda, pois a muitos falta a informação de que a tecnologia, a biotecnologia, etc. vão levá-los até lá com qualidade de vida, sim! Outros têm medo da solidão, de ver os seus parentes, amigos morrerem e então se sentir só. Nascemos dependentes, acreditamos que crescemos de forma independente e vamos morrer dependentes?! 229
Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?
KEY POINT
A resistência fundamental Se eu tenho algo a ver com este universo, a morte lá (no universo) não se situa no campo da dependência e sim da interdependência. Tudo está conectado a tudo no universo; no universo do nosso corpo e no da nossa mente. Portanto, talvez não estejamos tão sós assim, pois estamos relacionados a algo maior! Assim, eu, “guerreiro de causa própria”, vou desistir, entregando os pontos como o meu avô e o meu pai, morrendo com a mesma idade? Cabe a muitos de nós, levantar essa bandeira para alterar esse quadro, quebrar esse paradigma, quebrar essa resistência num futuro próximo. Precisamos levar essa revolução do conhecimento, do autoconhecimento ao jovem e ao jovem idoso brasileiro. 230
Velhice na hipermodernidade não tem significado
231
Velhice na hipermodernidade não tem significado
RESUMO
A invisibilidade da velhice Vivemos um novo tempo, em que os modelos constantes de vida desapareceram completamente, ou seja, ruiu aquele paradigma que existia quando o mundo era estável, segundo o qual pessoas mais velhas tinham prestígio e sua longevidade significava terem muito a dizer sobre como viver. Com as mudanças constantes em todos os setores, os idosos acabam não tendo mais velocidade para acompanhar, então tendemos a não os valorizar por princípio. A discriminação fica cada vez mais evidente, uma vez que a maioria da população concorda que o Brasil tem preconceito com seus idosos e, ao mesmo tempo, não se considera preconceituosa, ou seja, quem tem o preconceito é sempre o outro! Os jovens continuam achando que os velhos não têm direito a namorar, o governo não colabora oferecendo condições mais apropriadas para as restrições comuns nessa idade, tanto materiais como psicológicas, e, para piorar, os próprios idosos acabam se posicionando numa situação de infantilização. 232
Velhice na hipermodernidade não tem significado
RESUMO
Apequenamento Precisamos passar por uma mudança cultural mais profunda, de maneira que as gerações estejam mais próximas e integradas. Nossa sociedade é bombardeada por uma série de estímulos positivos para o fast food e o sedentarismo, então temos que trabalhar em todos os níveis, desde o aconselhamento individual aos com caráter político, para uma contraposição a tudo o que possa representar a alienação. Sendo assim, não podemos apenas responsabilizar o indivíduo, porque há uma produção social nesse sentido e o que discrimina não é a pessoa, é a sociedade... mas não existe sociedade sem pessoas! Existem duas saídas na forma de encarar a longevidade: aproveitar a vida até o final ou ficar com o cobertor por perto, para esperar a morte chegar. E o questionamento que fica então é: até que ponto as pessoas se apequenam diante da velhice, principalmente quando começam a perceber que a sua hora está chegando e não sabem mais como reagir? 233
Velhice na hipermodernidade não tem significado
Sumário dos statements • Porque ela é invisível. • Preconceito declarado de maneira velada. • Ou abertamente. • No final, a discriminação está em todos nós. • Qual é a solução? Apequenar-se diante da velhice?
234
Velhice na hipermodernidade não tem significado
PORQUE ELA É INVISÍVEL
“
Uma sociedade que tem modelos constantes de vida -‐ ou seja, a vida que eu levo é a que o meu avô levava e a que eu tenho certeza de que meu filho levará -‐ desapareceu completamente. A vida que eu levo hoje é completamente diferente da que eu levava há 15 anos. De cara, telefone celular era coisa de ficção cien•fica; o Agente 86 7rava o sapato e usava aquilo para falar. Hoje é um mundo inimaginável e, nesse modelo, as pessoas mais velhas têm pres•gio quando o mundo é estável, porque, se a vida é a mesma sempre, quem já a viveu por mais tempo tem muito a me dizer sobre como viver. Mas, quando a vida muda o tempo todo, então o idoso não tem nada a me dizer e eu tendo, portanto, a não o valorizar por princípio. Projete o futuro. Ainda que para o jovem a ideia de longevidade possa ser uma coisa distante, como ele formula isso no imaginário? Aparecem traços de solidariedade ou de respeito por princípio? Ou alienação? É mais radical.
”
por Júlio César Pompeu 235
Velhice na hipermodernidade não tem significado
PRECONCEITO DECLARADO DE MANEIRA VELADA
“
O SESC, junto com a Fundação Perseu Abramo, fez uma pesquisa
chamada “Idosos no Brasil” e buscou retratar um pouco das condições de vida e também as representações que os idosos faziam deles mesmos. O grande con7ngente era formado por jovens de 16 a 59 anos, para se contrapor a outro grupo com mais de 60 anos, e foi feita a seguinte pergunta: “Existe preconceito em relação ao velho no Brasil?” Noventa por cento dos entrevistados disseram que sim. Na sequência, perguntaram para os respondentes; no caso, os mais jovens: “E você tem preconceito?” Não. Então os que diziam que não 7nham preconceito também representavam uma porcentagem imensa, ou seja, quem tem preconceito
”
também é o outro, não é?
por José Carlos Ferrigno 236
Velhice na hipermodernidade não tem significado
OU ABERTAMENTE
“ “
Eu vejo pelos meus filhos, eles falam: “Não! Pelo amor de Deus, velho namorar? Que coisa horrível, que nojo!”
”
por Shirlei Schnaider Borelli
É material e não apenas psicológico: calçadão, ônibus... Como o idoso vai se movimentar numa cidade como essa? A exclusão não é apenas pelo preconceito, mas também pelas condições.
”
“
por Frank Usarski
Houve um incen7vo do governo japonês, na década de 90, no Brasil, para o desenvolvimento de uma pesquisa que 7nha como obje7vo saber como as pessoas envelhecem e o que esperavam da vida. Aí surgiram milhões de grupos de terceira idade que infan7lizaram os próprios idosos. É uma coisa horrível. Não é preciso ser uma miss idosa, mas também não precisa transformar os idosos em um jardim de infância. por Irene Gaeta Arcuri 237
Velhice na hipermodernidade não tem significado
NO FINAL, A DISCRIMINAÇÃO ESTÁ EM TODOS NÓS
“
No Brasil, precisamos passar por uma mudança cultural mais profunda, em que, em primeiro lugar, as gerações estejam mais próximas, mais integradas. Não podemos apenas responsabilizar o indivíduo, porque há uma produção social nesse sen7do. Não que cada indivíduo seja um autômato e não tenha uma capacidade de discernimento, mas eu acho que é muito perigoso a gente par7r para uma postura de culpabilização do indivíduo, em uma sociedade em que nós somos bombardeados o tempo inteiro com uma série de es•mulos para o ‘sim’ ao fast food, o ‘sim’ ao sedentarismo. Sendo assim, temos que trabalhar em todos os níveis, desde o nível de aconselhamento individual -‐ o pai, a mãe, o professor -‐ aos outros níveis, com caráter polí7co mesmo, de fazer uma contraposição a toda essa alienação da indústria farmacêu7ca, enfim, de tudo aquilo que pode representar a alienação. Então, na verdade, o que discrimina não é a pessoa, é a sociedade. Mas não existe sociedade sem pessoas.
”
por Júlio Sérgio Cardozo 238
Velhice na hipermodernidade não tem significado
QUAL É A SOLUÇÃO? APEQUENAR-SE DIANTE DA VELHICE?
“
Então, até que ponto a pessoa também se apequena, sobretudo porque, não digo tanto aos 60, mas quando vai chegando aos 80 ou 90 anos e seus irmãos já foram, assim como seus amigos de infância, e você já foi ao velório deles. Você começa a perceber que a sua hora está chegando e não sabe como reagir: vai aproveitar até o final ou vai ficar com o cobertor por
”
perto, porque daqui a pouco ela [a morte] chega?
por Júlio César Pompeu
239
Velhice na hipermodernidade não tem significado
KEY POINT
Significado esvaído A hipermodernidade se caracteriza por evidenciar o aspecto mutável, corrobora a busca pelo novo, o questionamento dos valores, a confiança nos sistemas abstratos, pela obsolescência e descartabilidade de objetos, pessoas e relações, como um menosprezo pelo valor da vida. Dentro desses padrões, em que a preservação da imagem do corpo é desmedida na busca para manter os valores próprios de si, então envelhecer significa fundamentalmente retardar; agora o desafio está na conservação da imagem corporal, que demanda tempo e dinheiro, fatores importantes para a economia. 240
Velhice na hipermodernidade não tem significado
KEY POINT
Significado esvaído Mas retardar o corpo não ajuda em nada o retardar da mente, de tal forma que o idoso de hoje, diante das aceleradas mudanças em curto espaço de tempo, não consegue mais contribuir para a formação do jovem, uma vez que ele está “totalmente desatualizado”. Nesse círculo vicioso, o idoso autocrítico se retira de cena, “indo descansar na cidade do interior”. Assim, contribui-se para esvaziar o significado da velhice através dos próprios idosos e dos jovens, também já velhos por não conseguirem propor a sua própria reinvenção da velhice. 241
A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico
242
A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico
RESUMO
Não podemos parar! Quando se chega à fase da aposentadoria, teoricamente se conquista uma nova liberdade, porque uma das perspectivas é parar de trabalhar mesmo. O sonho é esse, mas vem primeiro, naturalmente, a preocupação com a família, o dever de suprir os filhos até estarem criados. Concluída essa missão, aí, sim, pode-se pensar em qualidade de vida. Só que a realidade é outra, vivemos em uma sociedade em que não se consegue parar de trabalhar porque existem questões do ponto de vista econômico para equacionar, como a formalização da economia para que todos estejam incluídos no sistema previdenciário, a questão da produtividade e o analfabetismo. 243
A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico
RESUMO
O idoso em ascensão Para as pessoas que têm mais de 65 anos e que não possuem renda familiar, existe o Estatuto do Idoso, que contribui mensalmente com um salário mínimo. Para alguns soa como um privilégio, enquanto para outros, trata-se de um benefício importante, porque, além de ajudar na movimentação dos comércios locais, também passa a valorizar o idoso, que migra de uma posição decadente e de ônus em peso para a família para, muitas vezes, a de provedor. Sendo assim, hoje, o idoso pode ser considerado um segmento equacionado, pois está muito fora da linha da pobreza e muito aquém das outras faixas etárias. 244
A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico
Sumário dos statements • A chegada da aposentadoria: uma nova fase. • Terceiro turno? • O conservadorismo: plantar para colher. • Os idosos aquecendo economias locais. • O idoso do futuro.
245
A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico
A CHEGADA DA APOSENTADORIA: UMA NOVA FASE
“
Ser aposentado, para ir para a Índia, me livrar de vários elementos de iden7dade e poder então ler, voltar a ler! Você tem a perspec7va de atravessar a vida adulta e poder chegar à aposentadoria e conquistar uma nova liberdade. Sonhamos com isso, naturalmente, mas acho que primeiro tem essa coisa da família: depois que os filhos es7verem criados, aí tudo bem, podemos ter qualidade de vida e, ainda, se puder viver com
”
autonomia e inteligência, quero escrever e ler, sem pressa.
por Pedro Luiz de Santi
246
A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico
TERCEIRO TURNO?
“
Uma perspec7va da aposentadoria é a de parar de trabalhar mesmo. Mas nós percebemos que, na sociedade brasileira, a pessoa não consegue parar, porque existem três questões do ponto de vista econômico para equacionar: a formalização da economia (de todos estarem incluídos no sistema previdenciário), a questão da produ7vidade (que tem a ver com a
”
educação, processos e metodologias) e o analfabe7smo.
por Jorge Felix
247
A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico
O CONSERVADORISMO: PLANTAR PARA COLHER Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Minha saúde financeira é totalmente deficiente, estou de cadeira de rodas.” “É muito mês para o meu dinheiro.” Jovem C
“Sempre fui seguro financeiramente, nunca dei um passo maior do que eu podia.” Adulto AB
“Eu já me preocupei cedo, comprei meu imóvel, consegui dar um apartamento para o meu filho e deixar uma boa poupança, então essa preocupação eu já não tenho mais.” Sênior AB
“Eu fiz uma previdência privada por fora e o CapMais do Itaú.” Sênior C 248
A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico
OS IDOSOS AQUECENDO ECONOMIAS LOCAIS
“
Esse Estatuto do Idoso pode soar para alguns como um direito legí7mo; para outros, pode ser visto como privilégio, mas é um benercio importante , que dá direito a um salário mínimo para maiores de 65 anos que não têm renda familiar. Para nós pode ser uma quan7a irrisória, ridícula, mas imagine você numa cidade do interior do Piauí, pequenininha, como o dono da venda fica feliz quando os velhinhos começam a receber aquele salário mínimo para movimentar o comércio local. Podemos ver como se passa, mesmo entre os idosos mais humildes, de uma posição de decadentes e ônus em peso para a família, muitas vezes, para a de provedor, de tal forma que algumas famílias ficam olhando com inveja o
”
vizinho, porque ele tem o velhinho.
249
por José Carlos Ferrigno
A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico
O IDOSO DO FUTURO
“
Em termos de Brasil, o idoso hoje eu diria que é um segmento equacionado: está muito fora da linha de pobreza e muito além das outras faixas etárias. E o que interessa hoje para a sociedade brasileira é o idoso do futuro.
”
por Jorge Felix
250
A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico
KEY POINT
O$ ido$o$ O avanço do poder econômico dos mais v e l h o s é c o m p rov a d o p o r i n ú m e r a s estatísticas. Atualmente, eles respondem por quase 20% do poder de compra do país. Há duas décadas, esse percentual era de 5%. Estima-se que 70% dos idosos brasileiros tenham independência financeira, o que representa o dobro de 20 anos atrás.
251
Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?
252
Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?
RESUMO
O que importa é a fé! A extensão da vida gera inúmeras questões, profundas e aparentemente insolúveis, mas a religião trabalha em cima de quatro modelos: a projeção da vida, imaginando uma eternidade; a ressurreição de um corpo analógico para o dia do juízo final; trabalhar a questão da alma e do espírito para oferecer esperança; e a imortalidade através da obra, do legado. Só que o que mais conta é a questão da espiritualidade, nem tanto da religiosidade, porque a vida interior é muito mais importante, pois, no final, é ela que oferece um certo sentimento de acolhimento, de conforto, de contextualização por algo maior. A maioria das pessoas se apega muito mais à fé do que à religião, pois ela já reside dentro de cada um e acaba sendo o grande motivador para enfrentar as adversidades da vida com otimismo. 253
Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?
Sumário dos statements • Teorias sobre a extensão da vida. • Onde o aspecto espiritual provê alento. • E a voz do povo é a voz de Deus...
254
Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?
TEORIAS SOBRE A EXTENSÃO DA VIDA
“
O problema mais profundo do ponto de vista da extensão da vida não é
suficiente para resolvê-‐lo com 50 ou mesmo 500 anos. Há teorias que nascem aqui e a religião trabalha exatamente com quatro modelos: 1. De um lado está a morte de todos os cantos, o que não tem nada a ver com nós que somos jovens, e do outro lado, a possibilidade de projetarmos a vida, imaginando a eternidade. 2. Ressurreição de um corpo analógico, em que você tem o corpo quase idên7co ao original e é chamado para o dia do juízo final. 3. Questão da alma, do espírito, em que a sua religiosidade resolve os problemas e lhe dá esperança. 4. Imortalidade, em que você transforma o lado rsico para viver para sempre; é ser citado até hoje, deixar uma obra.
255
”
por Frank Usarski
Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?
ONDE O ASPECTO ESPIRITUAL PROVÊ ALENTO
“
A vida interior é muito importante. Para mim, conta a questão da
espiritualidade, eu não falaria religiosidade. Tem pesquisas que sustentam essa minha própria experiência, que é a espiritualidade, desenvolvida, digamos, a par7r da própria razão, a experiência com todas as dúvidas que a gente tem durante a vida e o que resta é um certo sen7mento de ser acolhido, de ser contextualizado por algo maior e isso me dá muito
”
conforto. Para mim, 80% dos problemas, entre aspas, seriam resolvidos.
por Frank Usarski
256
Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?
E A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS... Na visão dos brasileiros (minigrupos) “A fé move montanhas e minha fé hoje me move para chegar ao lugar que acredito que quero alcançar.” Jovem AB
“Se a vida já está dircil, imagine sem Deus?” Adulto C
“Tem sempre que ter esperança, porque, se perder, acabou tudo. Se você não acreditar, se não 7ver fé, não vai chegar lá, vai perder a esperança no caminho e não vai alcançar.” Sênior AB
“Fé para mim é o firme fundamento das coisas que a gente não vê, mas que se espera. É o que nos mo7va a con7nuar vivendo, uma mo7vação, esperança de que tudo vai dar certo. O7mismo.” Sênior C 257
Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?
KEY POINT
A fé na ciência e na religião A ciência diz: “compreendei e acreditareis”. Já a religião diz: “acreditai e compreendereis”. O domínio do mistério é um campo aberto às conquistas da inteligência. Todo o saber é um sonho impossível, e quem não ousa aprender tudo não sabe que, para saber alguma coisa, é preciso resignar-se a estudar sempre! Na ordem religiosa, colocamos a ciência com a revelação e a razão com a fé, para revelar o equilíbrio universal das forças naturais. A fé, quando relacionada à esperança ou a motivos mais nobres, ou ainda a motivos estritamente pessoais e egoístas, tem origem emocional, é uma força que nasce dentro do ser humano e que o impulsiona a agir, a suportar todas as adversidades e torna-se o alento para as tristezas, porque ela é o bálsamo que alivia as dores e anima os dias cinzentos. 258
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
259
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
RESUMO
Família como o principal elo
A população brasileira, em geral, compartilha o sentimento de que sua vida não lhe pertence, porque tudo acaba girando em prol das necessidades da sua família. Isso significa que grande parte do seu esforço, durante o período ativo de sua vida, acaba se transformando numa rotina voltada para o suporte e bem-estar dessas pessoas, com o objetivo de acompanhar a vida desse dependente, até que adquira autonomia própria, ou até que descanse em paz. Como tudo na vida se gasta, passado algum tempo, podemos dizer que o afeto também se gasta e uma forma de se renovar é através da chegada dos netos, quando volta diferente, intenso, tão forte que transborda. Então você tem uma nova motivação para continuar vivendo, porque você quer ver essa criança se desenvolver. Nesse contexo, a família se consolida como a base de tudo, o amálgama que garante um futuro distante da solidão e esse fator emocional a enaltece como uma das coisas mais maravilhosas na vida dos brasileiros. 260
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
RESUMO
Limites Podemos balizar a questão do sentido da vida na forma como organizamos nossa existência e isso está diretamente ligado ao problema do conhecimento. Sem ele, a perspectiva de futuro pode caminhar para a alienação, uma muleta ilusória para a dor da existência: uma vida sem sentido precisa de outro, nem que seja fictício, para suportar os trancos das adversidades. O sentido da vida por que você passa é a vida que você preserva, a vida que você transmite e o legado que você deixa, porque a ideia é que, de alguma maneira, mesmo de forma diferente, você continue através da vida do seu filho. Nesse contexto, a longevidade surge como uma oportunidade para cumprir essa missão de se aprofundar naquilo que efetivamente dá sentido à vida, aproveitando melhor esse tempo, driblando as limitações, abrindo novos caminhos e transformando a vida dos que vêm atrás de você. 261
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
RESUMO
Um passo após o outro Desconhecer o sentido da vida e nós mesmos não significa que não exista uma resposta. O aprofundamento nessa direção impede, de certa forma, que fiquemos simplesmente lutando contra as limitações físicas ou psicológicas da vida e oferece mais elementos de qualidade e dimensão para a longevidade. Já dizia Er ik Er ikson que, na f ase de transição do envelhecimento, o ser humano poderia seguir dois caminhos: o de se “ensimesmar”, mais provável diante da realidade que vivemos, pois nossa sociedade é muito narcisista, fato que estimula cada vez mais a exacerbação na aquisição dos bens de consumo; ou o de desenvolver uma geratividade, em que aproveita as experiências da vida para se voltar mais para fora, ou seja, encontra satisfação em servir e contribuir com a felicidade alheia. Se as pessoas perceberem o valor disso, certamente vão envelhecer melhor do que só ficar pensando em aproveitar a vida para si. 262
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
RESUMO
O que vem depois A organização social cuida para que haja um script perfeito até os 50 anos, em que o foco está na persona, na construção de uma base sólida: a família, a profissão, o matrimônio; depois disso, não temos mais nada, então o envelhecimento, dentro desse padrão pode ser considerado totalmente pós-moderno. Segundo Jung, essa primeira metade da vida é comparada com o Sol, quando toda sua energia se volta para o lado de fora. A outra metade é quando o Sol de põe e você passa a se iluminar. Significa, então, viver a vida interior, do autoconhecimento; nessa jornada, não existe lugar que não possa ser visitado. A criatividade e a vitalidade estão alinhadas com o self, o desafio da busca pelo objetivo da vida ganha proporções maiores e o questionamento que fica é: o que alimenta a minha alma? 263
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
Sumário dos statements • Vivemos em função do outro. • Então nossa batalha diária é em prol de quem? • Uma nova vida inspira uma nova motivação. • A dor da existência. • A organização da vida oferece mais sentido a ela. • Conhecimento da vida: um enigma sem solução. • Então perguntamos: o que é mais maravilhoso na sua vida? • E o grande desejo em relação à vida é: • Repercute na mesmice do sonho de consumo. • É preciso romper com o narcisismo. • Perspectiva da psicologia analítica segundo Jung. • Confúcio: diante dessa máxima, a concordância. 264
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
VIVEMOS EM FUNÇÃO DO OUTRO
“
Meu sen7mento é que minha vida não pertence a mim. A
responsabilidade com a própria vida passei a sen7r de um jeito pesado mesmo quando 7ve minhas filhas. Eu tenho hoje uma direção, uma responsabilidade de acompanhar a vida delas até elas adquirirem a autonomia. Porque eu tenho um histórico familiar de doenças, então desde os 35 eu faço exames regulares; tenho tendência a ganhar peso, a comer muito, então tento segurar meu peso razoavelmente, mas faço isso diferente por causa das minhas filhas. Se não fossem elas, eu não teria isso como preocupação, acho que seguiria mais a linha do Frederico, do desfrute. Os cuidados muito específicos, de previdência privada, imóveis, etc. não são porque a minha vida está em jogo, são responsabilidades por ter outras vidas que eu acompanho.
” 265
por Pedro Luiz de Santi
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
ENTÃO NOSSA BATALHA DIÁRIA É EM PROL DE QUEM? Na visão dos brasileiros (minigrupos)
“Família.” “No presente, mais para mim mesmo.” Jovem AB
“Ser um bom pai e um bom marido.” Jovem C
“Muitas pessoas precisam da gente e temos a obrigação de ajudar.” “Meus netos, me preocupo muito com o futuro deles.” Sênior C
266
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
UMA NOVA VIDA INSPIRA UMA NOVA MOTIVAÇÃO
“
Tornei-‐me avó, então filho é uma coisa, neto é outra coisa,
completamente diferente. Depois que a gente viveu, o afeto se gasta. Isso falando de marido, de mulher, do co7diano, dos hábitos. Então, quando vem o neto, o afeto volta de uma forma tão forte que ele transborda e te dá vontade de con7nuar vivendo, ou seja, você quer ver essa criança crescer e a pergunta é até quando eu vou ver? Essa pergunta começa a te perseguir e pensar na morte é um pensamento adiado, porque eu não quero saber, eu não quero pensar.
”
por Maria Lúcia Santaella Braga
267
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
A DOR DA EXISTÊNCIA
“
O que é a vida feliz, afinal de contas? É como você pensa a vida feliz.
Existe uma perspec7va de futuro em torno disso? E o outro ponto é a ideia de sen7do da vida. A alienação pode ser interpretada como uma desgraça, a necessidade de ter uma muleta ilusória para exis7r, mas, por outro lado, será que essa muleta metarsica você consegue encarar? Então a vida não tem sen7do nem valor, ela é uma sucessão caó7ca de imagens, é uma ilusão, que, no final das contas, não tem sen7do nenhum. É você que inventa um sen7do para ela, para aguentar o tranco, sobretudo quando o momento é triste. É a pequena dor da sua existência. Talvez a gente necessite inventar um sen7do para a vida e, por mais que a gente saiba que esse sen7do é precário, efêmero, inventado, ainda assim ele não deixa de ser importante. Então qual é o sen7do da existência? Esse sen7do vai ser formulado em termos de futuro ou em termos de presente. Quais são as questões de tempo que vão aparecer nessa ideia de vida?
”
por Júlio César Pompeu 268
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
A ORGANIZAÇÃO NA VIDA OFERECE MAIS SENTIDO A ELA
“
Sobre a questão do sen7do da vida, eu acho que, inevitavelmente, quando você se coloca o problema da idade, você se coloca com a problemá7ca do sen7do da vida, ou seja, como é que você organiza isso que a gente chama de existência, que parece ser uma coisa que vem do nada e vai para o nada? Afinal de contas, o que nós estamos fazendo aqui? Isso, por sua vez, também está ligado ao problema do conhecimento: o sen7do da vida por que você passa, da vida que você preserva, da vida que você transmite e o legado que você deixa, porque a ideia é que a sua vida, de certa forma, vai con7nuar na vida do seu filho, claro, de uma maneira diferente. É entender também a longevidade como oportunidade de cumprir essa missão, na busca do sen7do, e legar para os que vêm atrás de você. Aproveitar esse tempo de vida sabendo lidar com as limitações, para se aprofundar naquilo que dá sen7do efe7vamente a ela e ao tentar se aprofundar nisso, deixar um legado melhor, fazendo com que a vida dos que vêm atrás de você faça mais sen7do.
”
por Dante Marcello Gallian
269
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
CONHECIMENTO DA VIDA: UM ENIGMA SEM SOLUÇÃO
“
O inves7mento no conhecimento da vida e de nós mesmos é um enigma que talvez não tenha solução, mas o fato de tentarmos resolver, ainda que saibamos que também é uma par7da que não vamos ganhar, só o fato de estarmos nesse movimento talvez seja o que dê esse elemento de qualidade, que vai além do que simplesmente ficar lutando contra as limitações rsicas ou psicológicas da vida. Esse ponto do inves7mento do conhecimento na busca do sen7do da vida, não no sen7do barato, numa espécie de autoajuda, mas no sen7do mesmo de você tentar a cada momento e quando parece que está chegando perto de uma solução, percebe na verdade que está muito mais longe , e aí, isso te provoca e te puxa para trás. A questão de que toda essa luta em busca de sen7do, que dá qualidade e uma certa dimensão para a longevidade, mais do que uma simples batalha perdida, é a questão do legado, que eu acho que tem muito a ver com a questão do sen7do.
”
por Dante Marcello Gallian 270
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
ENTÃO PERGUNTAMOS: O QUE É MAIS MARAVILHOSO NA SUA VIDA? Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Me sinto amado pelos que me cercam.” Jovem C
“Meus cachorros.” “Minha liberdade.” “Minha espiritualidade, com foco no que vale a pena e na família.” Adulto AB
“O brasileiro é muito apegado à família, é sociável. A meninada tem a mentalidade diferente, mas vai chegar o momento em que eles vão sen7r a necessidade de voltar ao ambiente da família. Hoje estão voando, mas vão voltar.” Sênior AB
“A vida é bela, ô se é! A felicidade está dentro de mim. Vou casar pela terceira vez. Se existe um milagre, eu sou ele! Tive câncer e fiquei desenganada pelos médicos, 7ve trombose e quase me amputaram a perna, e ainda estou aqui! Eu gosto da vida e não quero ir agora.” Sênior C 271
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
E O GRANDE DESEJO EM RELAÇÃO À VIDA É: Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Casar, ter filhos, formar uma família.” Jovem AB
“Felicidade.” “Paz de espírito e paz financeira, o nirvana interior: é preciso ter fé para 7rar as energias para vencer as dificuldades.” “Progresso moral e intelectual.” Adulto AB
“O meu maior sonho era ter um sí7o, um can7nho, que agora tenho. O meu sonho agora, apesar de ser o mesmo, mudou, pois agora quero me mudar para lá!” Sênior AB
272
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
REPERCUTE NA MESMICE DO SONHO DE CONSUMO Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Casa própria.” “iPhone: 7ve 2, fui roubado e quero outro. Sempre cur7 pela facilidade, a tecnologia do touch não 7nha nada igual, fora que é lindo! Sou fã da Apple, ela me fascina, me atrai. É vaidade, beleza, status, moda.” “Roupa de marca. Uma camisa pode custar R$ 200,00, enquanto tem umas de R$ 20,00, é a Armani x Hering.” Jovem AB
“Ter uma casa na praia.” “Comprar uma BMW, apesar de ser perigoso. Vai que um ladrão me assalta... mas eu acho lindo!” “Eu vivo o que posso, como o que eu gosto e pronto! Sonho em ter uma bela casa e uma Ferrari.” Sênior AB 273
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
É PRECISO ROMPER COM O NARCISISMO
“
Eu acho que a gente vive numa sociedade muito narcisista, então, quando a gente faz a pesquisa e pergunta o que você quer fazer, já pressupõe que o cara vai dizer que quer usufruir as coisas para ele. Ora, uma coisa que pode dar muita sa7sfação para uma pessoa, principalmente nessa etapa da vida, é servir outras pessoas, é contribuir com a felicidade alheia. Se as pessoas perceberem o valor disso, certamente vão envelhecer melhor do que só ficar pensando em aproveitar a vida para si. Erik Erikson, um psicólogo importante, estabelece fenômenos específicos por fases da vida e ele afirma que, na fase de transição, no envelhecimento e mesmo um pouco mais além, o sujeito pode se ‘ensimesmar’ ou ele pode desenvolver uma gera7vidade (tendência que os mais maduros teriam em cuidar e melhorar a vida da próxima geração usando suas competências), ou seja, aproveitar essa experiência de vida e se voltar um pouco mais para fora e não querer apenas usufruir egois7camente do dinheiro que acumulou, ou, enfim, do status que conseguiu. Seria interessante pesquisar até onde vai esse egocentrismo; acho que vai ser avassalador, acho que terá pouquíssimas respostas que vão dizer assim: ‘Na minha velhice, eu quero fazer alguma coisa pelos outros’, infelizmente.
”
por José Carlos Ferrigno 274
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA ANALÍTICA SEGUNDO JUNG
“
Nós temos uma fase da vida denominada metanoia. Na primeira fase temos um script perfeito até os 50 anos e, depois, não temos mais. Por mais paradoxal que possa parecer, o envelhecimento é totalmente pós-‐moderno. Na primeira metade da vida estamos focados na construção de um alicerce, de uma base sólida, ou seja, a família, o trabalho, a profissão, o matrimônio. Jung compara isso com o Sol, toda sua energia está para fora e, quando o Sol se põe, você passa a se iluminar e isso significa viver a vida interior. É muito dircil, porque não tem lugar que a gente não visite no próprio mundo interno. Eu lembro quando o Oscar Niemeyer fez aniversário, ele falava que não via a hora em que o dia amanhecesse para fazer alguma coisa. Quer dizer, ele 7nha tanta cria7vidade e vitalidade, porque está, digamos assim, alinhado com o self, com esse interior. Então existem muitas coisas para fazer e a questão é saber o quanto você foi capaz de se visitar, o quanto a gente viveu só na persona, que no caso é a professora Irene Gaeta com filhos e tal. Tem todo um script, mas eu não sou isso, eu sou algo anterior a isso, então o que eu sou de fato? Qual é o meu anseio? Qual é o meu obje7vo, o que alimenta a minha alma? Então eu acho que essa é a busca maior, o alimento da alma, e é o desafio maior também! 275
”
por Irene Gaeta Arcuri
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
Citamos para os entrevistados: “Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para re c u p e ra r a s a ú d e. Po r p e n s a re m ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido.”
Confúcio 276
Pontos para reflexão sobre o sentido da vida
DIANTE DESSA MÁXIMA, A CONCORDÂNCIA Na visão dos brasileiros (minigrupos)
“A vida assim não tem um sen7do.” Jovem C
“Tem gente que não sabe viver o momento. Se o filho nasce hoje, então ele leva o computador ao hospital para trabalhar de lá, para cur7r esse momento tão especial.” Adulto AB
“As pessoas se apegam muito ao dinheiro. As pessoas são materialistas e isso acaba acontecendo mesmo. A maioria é assim.” Sênior C
277
A saudabilidade e o sonho de consumo 278
Construção nos diferentes planos A seguir veremos como, no dia a dia, a maioria dos brasileiros realiza suas práticas no plano físico (alimentação, exercícios físicos, etc.) e no do consumo, objetivando, ou não, construir o seu perfil de uma longa vida. Na verdade, essa construção, sabemos, se inicia por esse plano, o das atividades físicas, ascende para o plano da evolução mental e, em seguida, se fizer parte da sua natureza, para um plano espiritual. 279
A saudabilidade
280
Por ordem de importância, quais são suas principais preocupações hoje? 1ª citação 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
filhos
28%
39%
27%
22%
32%
saúde
21%
20%
32%
47%
25%
família em geral
23%
23%
24%
23%
23%
violência
6%
7%
9%
6%
7%
emprego
8%
6%
1%
2%
5%
estabilidade financeira
8%
4%
6%
1%
5%
estudos
7%
1%
1%
-‐
3%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
281
Por ordem de importância, quais são suas principais preocupações hoje? 2ª citação 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
saúde
32%
33%
26%
31%
31%
família em geral
26%
22%
28%
28%
25%
filhos
6%
15%
17%
22%
14%
estabilidade financeira
10%
13%
8%
8%
11%
violência
6%
7%
11%
9%
8%
emprego
13%
7%
9%
1%
8%
estudos
8%
2%
1%
1%
3%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
282
Por ordem de importância, quais são suas principais preocupações hoje? 3ª citação 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
saúde
25%
25%
30%
20%
25%
estabilidade financeira
17%
18%
19%
18%
18%
família em geral
12%
18%
20%
21%
18%
violência
10%
14%
13%
19%
13%
emprego
22%
11%
2%
-‐
11%
filhos
5%
8%
14%
21%
10%
estudos
9%
4%
2%
-‐
4%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
283
Você está satisfeito com o seu corpo? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
sim
66%
64%
70%
66%
não
34%
36%
30%
34%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base total: 892 entrevistados
284
Você está satisfeito com o seu corpo?
Se NÃO, o que você mudaria? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
perderia peso
50%
48%
46%
48%
diminuiria barriga
36%
41%
44%
40%
faria uma lipo
5%
11%
17%
11%
colocaria silicone
8%
6%
7%
7%
faria uma plásQca
7%
7%
5%
7%
reduziria seios
8%
2%
3%
3%
engordaria um pouco
2%
2%
3%
2%
base 20 -‐ 35 anos: 84 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 159 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 59 entrevistados / base total: 302 entrevistados
285
De 0 a 10, quanto você está satisfeito com o seu corpo? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
0
-‐
-‐
-‐
-‐
1
-‐
-‐
-‐
-‐
2
1%
-‐
-‐
-‐
3
1%
-‐
-‐
1%
4
3%
3%
4%
3%
5
5%
10%
9%
8%
6
9%
11%
11%
10%
7
19%
15%
16%
16%
8
26%
24%
22%
24%
9
14%
16%
15%
16%
10
22%
21%
23%
22%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base total: 892 entrevistados
286
KEY POINT
Eu me cuido para ficar bonito e não para ser saudável.
Mais à frente, veremos o reflexo dessa satisfação com o corpo em todas as questões que envolvem os cuidados com a saúde. Como o nível de satisfação está relativamente alto, não há razão para cuidados mais assíduos com a saúde, pois eles estão mais atrelados à aparência do que à saúde. Esse fato pode ter origem na falta de perspectiva a longo prazo do brasileiro, pois não há uma motivação de vida maior, o que faz com que os cuidados com a saúde, em todas as esferas, também fiquem no plano superficial. 287
Quais são as boas práticas da sua alimentação? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
comer legumes e vegetais
71%
80%
81%
83%
78%
não comer frituras
13%
19%
26%
26%
20%
evitar alimentos gordurosos
8%
12%
8%
9%
10%
comer arroz com feijão
7%
9%
17%
-‐
10%
tomar suco natural
10%
9%
10%
9%
10%
ter uma alimentação balanceada
8%
8%
8%
12%
9%
se alimentar nos horários certos
10%
10%
6%
7%
9%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
288
KEY POINT
É mais fácil incluir do que abdicar.
Podemos observar que há uma maior facilidade de incluir alimentos saudáveis (legumes, vegetais, frutas, arroz com feijão e suco de frutas) na rotina do que evitar comer alimentos que fazem mal, ou seja, o bem e o mal convivem. Adiante, veremos quais são as tentações que nos levam a esse comportamento.
289
Quais são as práticas que você sabe que não estão certas, mas não consegue abandonar? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
frituras
55%
48%
37%
30%
46%
carne vermelha/churrasco
36%
39%
33%
34%
37%
doces
26%
25%
25%
23%
25%
bebidas alcoólicas
28%
26%
21%
12%
24%
chocolate
22%
21%
17%
14%
20%
refrigerante
20%
11%
7%
4%
12%
lanches/sanduíches
11%
6%
3%
2%
6%
nenhuma
2%
3%
8%
14%
5%
massas
4%
4%
4%
1%
4%
salgadinhos
6%
4%
2%
1%
4%
comidas gordurosas
2%
4%
6%
5%
4%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados 290
KEY POINT
Deixar de participar? Nunca!
Analisando as respostas mais representativas da questão anterior, percebemos que esses alimentos estão presentes no final de semana, nas atividades sociais que vão além da rotina dos brasileiros. Estão presentes no churrasco, no bar, nos happy hours, nas comemorações, na praia, etc. Deixar de consumir esses alimentos significa deixar de participar. A partir da segunda faixa etária (principalmente para as pessoas acima de 70 anos), como a alimentação saudável se faz mais presente, deixar de consumir alimentos que fazem mal é menos difícil se analisarmos as porcentagens da variável “nenhuma”. 291
Mudaria seus hábitos alimentares para viver mais?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
sim
71%
69%
70%
51%
68%
não
29%
31%
30%
49%
32%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
292
KEY POINT
Mais uma vez, você é a sua cidade!
Mais uma vez, podemos comprovar a influência de um contexto urbano menos hostil na motivação para viver mais. Sabemos que uma pessoa que tem mais contato com a natureza tem também muito mais potencial para desenvolver hábitos saudáveis (principalmente no Rio de Janeiro, como veremos a seguir na questão que envolve exercícios físicos), pois já cuida mais da saúde naturalmente. No Recife, podemos dizer que esse potencial também está fortemente influenciado à questão religiosa, pois, mesmo o contexto urbano sendo aparentemente mais humanizado - sabemos não é -, a vida é levada sob uma forma menos estressante. 293
Você pratica atividades físicas regularmente?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
sim
41%
38%
35%
32%
38%
não
59%
62%
65%
68%
62%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
294
Você pratica atividades físicas regularmente?
Se SIM, qual?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
caminhadas
21%
44%
71%
63%
44%
academia/musculação
39%
34%
19%
14%
30%
futebol
17%
13%
4%
3%
12%
andar de bicicleta
15%
6%
7%
3%
8%
natação
8%
9%
6%
11%
8%
corrida
11%
3%
4%
3%
5%
ginásQca aeróbica
4%
3%
1%
-‐
3%
esteira
2%
1%
-‐
6%
2%
dança
2%
2%
3%
3%
2%
outros
4%
1%
-‐
-‐
3%
base 20 -‐ 35 anos: 102 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 171 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 69 entrevistados / base 70 + anos: 35 entrevistados / base total: 377 entrevistados
295
Com que frequência pratica atividade física?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
uma vez por semana
18%
17%
10%
8%
15%
duas vezes por semana
15%
20%
16%
17%
18%
três vezes por semana
34%
30%
22%
32%
29%
todos os dias
33%
33%
52%
43%
38%
base 20 -‐ 35 anos: 102 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 171 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 69 entrevistados / base 70 + anos: 35 entrevistados / base total: 377 entrevistados
296
Você pratica atividades físicas regularmente?
Se NÃO, por que não pratica?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
não tem tempo
62%
75%
48%
12%
59%
tem preguiça
35%
22%
29%
23%
26%
não gosta
22%
18%
27%
42%
24%
não tem dinheiro
9%
4%
3%
1%
5%
não tem companhia
3%
2%
5%
1%
3%
não tem mais idade
-‐
-‐
-‐
15%
2%
base 20 -‐ 35 anos: 147 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 276 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 127 entrevistados / base 70 + anos: 73 entrevistados / base total: 623 entrevistados
297
Hábitos alimentares saudáveis X Atividades físicas Comparativo
Você se considera uma pessoa de hábitos alimentares saudáveis? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
sim
42%
53%
64%
83%
56%
não
58%
47%
36%
17%
44%
VS Você pratica atividades físicas regularmente? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
sim
41%
38%
35%
32%
38%
não
59%
62%
65%
68%
62%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
298
KEY POINT
Não dá tempo de criar novos hábitos ou não queremos encontrar esse tempo?
No total, a porcentagem de “sim” para a prática de alimentação saudável é bem maior do que para as atividades físicas, demonstrando que os brasileiros têm mais facilidade para incluir novas práticas em uma determinada rotina do que para criar um novo hábito. Na realidade, essa inclusão de novas práticas alimentares não significa a eliminação da parte ruim desses mesmos hábitos; para a maioria, na verdade, essa inclusão significa compensação ineficiente para reduzir a sua culpa, portanto não há uma alteração efetiva no estilo de vida. Dados do IBGE claramente comprovam isso (43% da população brasileira tende à obesidade). 299
KEY POINT
Não dá tempo de criar novos hábitos ou não queremos encontrar esse tempo?
Como vimos no capítulo “Viver até os 120 anos”, para 31% das pessoas, o sentido da vida é viver com alegria, 30% dizem que é ter a família unida, outros 30% alegam que é ter esperança, ter fé aparece com 22% e não se privar do que gosta, 21%!!! (respostas múltiplas) Se os fatores vitais que dão sentido à vida são esses, realmente, a questão da saudabilidade (manifestada apenas por 18% da população) não é relevante para a maior ia. Assim, mesmo vivendo em cidades potencialmente influenciáveis pela presença gritante da natureza, a nossa autoestima é baixa com relação ao respeito pela nossa própria natureza. 300
Você se considera uma pessoa vaidosa?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
sim
67%
56%
43%
43%
55%
não
14%
25%
37%
38%
26%
mais ou menos
19%
19%
20%
19%
19%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
301
Com o que você gasta mais dinheiro para ficar bonito(a)? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
roupas
55%
48%
44%
39%
48%
salão de beleza
49%
47%
47%
43%
47%
cosméQcos
33%
35%
29%
27%
33%
sapatos
30%
24%
21%
27%
25%
nada
3%
4%
9%
12%
6%
perfumes
5%
5%
6%
4%
5%
tratamentos estéQcos
6%
6%
5%
-‐
5%
bijuterias/acessórios
7%
3%
1%
2%
4%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
302
O que você faz para manter-se bonito(a)? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
cuida do cabelo
70%
71%
60%
71%
68%
cuida das unhas
43%
40%
30%
36%
38%
usa cremes
40%
37%
31%
30%
36%
alimentação saudável
12%
18%
23%
25%
18%
aQvidades msicas
19%
15%
15%
12%
16%
compra roupas
14%
8%
6%
6%
9%
faz a barba
5%
6%
11%
8%
7%
usa maquiagem/perfumes
8%
7%
6%
6%
7%
faz tratamentos estéQcos
9%
7%
4%
-‐
6%
nada
2%
5%
8%
6%
5%
usa bijuterias/acessórios
2%
1%
4%
4%
2%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados 303
Quantas vezes por ano você frequenta o médico?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
uma vez por ano
34%
37%
25%
15%
31%
duas vezes por ano
28%
27%
26%
19%
26%
três vezes por ano
16%
12%
14%
15%
14%
quatro vezes por ano
7%
6%
12%
10%
8%
cinco vezes por ano
11%
13%
19%
41%
17%
não vai
4%
5%
4%
-‐
4%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
304
Em quais situações?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
prevenção
40%
35%
38%
30%
36%
roQna
32%
32%
39%
52%
35%
algum sintoma
43%
29%
21%
24%
30%
dores
25%
20%
16%
17%
20%
monitoramento
3%
5%
14%
29%
9%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
305
O trabalho, a leitura, o conhecimento e o sonho de consumo impactando na longevidade 306
Você está feliz com a carreira que escolheu? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
sim
82%
88%
79%
85%
não
18%
12%
21%
15%
Pessoas com ensino superior, técnico e/ou profissional liberal base 20 -‐ 35 anos: 68 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 122 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 43 entrevistados / base total: 233 entrevistados
307
Você está feliz com a carreira que escolheu?
Por classe social
Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
classe A
classe B
classe C
TOTAL
sim
82%
84%
92%
85%
não
18%
16%
8%
15%
Pessoas com ensino superior, técnico e/ou profissional liberal base classe A: 70 entrevistados / base classe B: 114 entrevistados / base classe C: 49 entrevistados / base total: 233 entrevistados
308
Você está feliz com a carreira que escolheu?
Se NÃO, por quê? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
falta oportunidade na área de formação
56%
50%
40%
50%
está acomodado(a)
11%
40%
20%
25%
não exerce a profissão de formação
22%
-‐
20%
13%
foi a única opção que encontrou
11%
10%
20%
12%
Pessoas com ensino superior, técnico e/ou profissional liberal base 20 -‐ 35 anos: 12 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 14 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 9 entrevistados / base total: 35 entrevistados
309
O que você espera do seu futuro profissional? Como você se vê no futuro, em relação a carreira? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
ganhar mais
24%
20%
13%
20%
ocupar um cargo mais elevado/ser chefe
21%
21%
8%
18%
ter o próprio negócio
2%
2%
13%
17%
se aperfeiçoar/especializar na área que atua
24%
7%
6%
12%
estabilidade na função/ empresa
5%
14%
8%
11%
se aposentar
1%
9%
15%
9%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base total: 892 entrevistados
310
O que você espera do seu futuro profissional? Como você se vê no futuro, em relação a carreira? Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
TOTAL
conseguir um emprego melhor
12%
5%
8%
8%
se realizar no cargo que venha a ocupar
9%
7%
8%
7%
trabalhar na área de formação
3%
4%
1%
3%
expandir o negócio
5%
14%
8%
3%
está sem perspecQvas
4%
2%
7%
3%
outros
11%
8%
10%
9%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base total: 892 entrevistados
311
O que você espera do seu futuro profissional? Como você se vê no futuro, em relação a carreira?
Por classe social
Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
classe A
classe B
classe C
TOTAL
ganhar mais
19%
20%
21%
20%
ocupar um cargo mais elevado/ser chefe
11%
19%
20%
18%
ter o próprio negócio
12%
18%
17%
17%
se aperfeiçoar/especializar na área que atua
11%
12%
12%
12%
estabilidade na função/ empresa
8%
11%
10%
11%
se aposentar
10%
7%
10%
9%
base 20 -‐ 35 anos: 123 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 383 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 386 entrevistados / base total: 892 entrevistados
312
O que você espera do seu futuro profissional? Como você se vê no futuro, em relação a carreira?
Por classe social
Não foi feita para quem Qnha mais de 70 anos.
classe A
classe B
classe C
TOTAL
conseguir um emprego melhor
5%
7%
10%
8%
se realizar no cargo que venha a ocupar
8%
7%
6%
7%
trabalhar na área de formação
3%
3%
3%
3%
expandir o negócio
7%
3%
2%
3%
está sem perspecQvas
2%
2%
5%
3%
outros
10%
11%
8%
9%
base 20 -‐ 35 anos: 123 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 383 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 386 entrevistados / base total: 892 entrevistados
313
KEY POINT
Aspirações saudáveis!!!
Se unirmos as variáveis “ocupar um cargo mais elevado/ser chefe” com “ter o próprio negócio”, somamos 35% de indivíduos com ambição de evoluir rapidamente. Muitos de nós, portanto, têm o empreendedorismo por natureza e o que aprendemos em outros estudos realizados por nós é que essa força empreendedora deve ser guiada e liderada por instituições privadas ou públicas, visando melhor orientar esses indivíduos. Ou seja, a orientação dessas entidades, como já dizia Peter Drucker na década de 80, “deve estar focada no management e não no fomento do empreendedorismo”. 314
KEY POINT
Aspirações saudáveis!!!
Fica fácil de compreender o porquê disso quando colocamos essas informações sob a perspectiva de uma sociedade extremamente individualizada, competitiva, o que cada vez mais nos levará ao desenvolvimento de “espécies” de profissionais com veias predominantemente empreendedoras, mas, força bruta sem direcionamento, sabemos, não vai a lugar nenhum.
315
Como anda a sua saúde financeira?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
óQma
5%
6%
6%
10%
6%
boa
44%
47%
47%
45%
46%
regular
40%
37%
41%
38%
39%
ruim
8%
7%
4%
6%
7%
péssima
3%
3%
2%
1%
2%
Fizemos cruzamentos por classe e os resultados foram muito parecidos nas três classes. Para a maioria, a situação financeira foi considerada boa ou regular. base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
316
Para onde vai a maior parte do seu dinheiro? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
supermercado
35%
55%
58%
51%
50%
contas em geral
40%
52%
54%
44%
49%
roupas/sapatos
27%
22%
18%
9%
23%
educação dos filhos
16%
23%
13%
-‐
17%
cartão de crédito
23%
17%
13%
5%
17%
estudos
13%
4%
-‐
-‐
5%
carro/moto
6%
5%
7%
2%
5%
aluguel
5%
22%
6%
-‐
5%
prestação da casa/terreno/ material de construção
1%
7%
7%
-‐
5%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados 317
Para onde vai a maior parte do seu dinheiro? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
ajuda a família
5%
3%
6%
6%
4%
plano de saúde
1%
2%
4%
6%
3%
remédios
-‐
1%
3%
22%
3%
balada/bares/namorado(a)
5%
2%
-‐
-‐
2%
poupança
2%
1%
4%
1%
2%
salão de beleza
-‐
1%
-‐
2%
1%
viagens/lazer
2%
1%
2%
-‐
1%
invesQmento na empresa
-‐
1%
-‐
-‐
1%
pensão alimentar
1%
1%
1%
-‐
1%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
318
O que você compra hoje que é essencial? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
supermercado
76%
81%
86%
74%
80%
roupas/sapatos
42%
32%
26%
7%
31%
farmácia
10%
9%
29%
43%
17%
livros
3%
1%
-‐
-‐
1%
material de construção
2%
1%
-‐
-‐
1%
produtos infanQs/fralda
2%
1%
-‐
-‐
1%
eletrodomésQcos
1%
1%
-‐
1%
gás
1%
-‐
-‐
1%
-‐ 1%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
319
KEY POINT
1% preocupante!
Um por cento do total de brasileiros considera a aquisição de livros como algo essencial para sua vida. Num estudo realizado pela Giacometti em 2012, de nome “Quem te inspira”, confirmamos que 31% da população brasileira lia livros (de qualquer tipo), 30% liam às vezes, 23% dificilmente liam e 16% nunca liam. Entre os que liam, 35% preferiam ficção, 20%, religião e 13%, espiritualidade, relacionamento e autoajuda. Levando-se em conta ainda o que dissemos lá trás, sobre 27% da população ser considerada analfabeta funcional, fica claro que é mais do que urgente o desenvolvimento de esforços, tanto no setor público como no privado, das instituições de ensino, etc., para fazer com que todos entendamos a importância de evoluir permanentemente o nosso conhecimento através da vida. 320
KEY POINT
1% preocupante!
Esse cenário é altamente preocupante e, com certeza, a sua solução passa por uma revolução no ensino brasileiro, pois só quem tem uma educação consistente que inspire a curiosidade, a investigação, a dúvida e principalmente a prática dessas teorias todas, e não o decorar ou “arquivar o depositado pelo professor no meu cérebro”, pode evoluir. Consequentemente, estaremos inspirando o hábito de leitura e, mais do que isso, o hábito de estudar prazerosamente; só assim conseguiremos dar condições para que as futuras gerações se reinventem totalmente. Não nos interessa ainda, nenhuma revolução baseada em modelos do tipo da Coreia do Sul, pois esta já virá muito tardia e, ao mesmo tempo, velha, superada, para nos tirar desse quadro endêmico. 321
KEY POINT
1% preocupante!
Não necessariamente necessitamos de grandes investimentos, encher as salas de aulas com equipamentos eletrônicos, computadores, tablets, etc. Sem alterar conteúdo, isso não nos levará a nada. A verdadeira riqueza da escola não está só nesse tipo de investimento, e sim em descobrir junto com os alunos quais são as suas reais riquezas. Platão nos diz: “primeiro a educação dos sentimentos e o ensino das virtudes, depois o ensino da razão”. Milhares de anos depois, ainda estamos muito longe disso. 322
O que você compra hoje que é supérfluo? 20 – 35 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
não compra nada supérfluo
36 – 55 anos
14%
18%
21%
44%
20%
roupas de marca/roupas de marca em excesso
20%
17%
19%
13%
18%
sapato/tênis
12%
12%
17%
9%
13%
besteiras quando come fora de casa
16%
12%
12%
16%
13%
bebidas alcoólicas
9%
8%
7%
4%
7%
bijuterias/maquiagem
7%
7%
5%
2%
6%
cosméQcos
8%
6%
4%
2%
6%
perfumes/perfumes importados
6%
4%
6%
3%
6%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados 323
O que você compra hoje que é supérfluo? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
cigarro
3%
4%
3%
2%
3%
comer em restaurantes
3%
4%
4%
1%
3%
brinquedos/jogos eletrônicos
2%
4%
4%
1%
3%
DVD/CD
1%
3%
-‐
-‐
2%
celular moderno
1%
2%
1%
2%
2%
aparelhos eletrônicos
2%
2%
1%
1%
2%
refrigerante
1%
2%
3%
1%
2%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
324
Você se preocupa com dinheiro no futuro?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
sim
87%
83%
69%
43%
77%
não
13%
17%
31%
57%
23%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
325
Você se preocupa com dinheiro no futuro?
Se SIM, por quê?
20 – 35 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
para ter mais segurança financeira
36 – 55 anos
27%
34%
42%
42%
34%
para ter uma velhice tranquila
11%
24%
32%
2%
21%
para garanQr o futuro
15%
15%
16%
15%
15%
para garanQr a educação dos filhos
15%
12%
26%
13%
15%
para cuidar da família
6%
12%
9%
51%
12%
para adquirir um bem material
11%
5%
10%
4%
7%
para realizar as metas
5%
5%
1%
-‐
4%
medo de falir
2%
4%
1%
2%
3%
para garanQr os estudos
7%
-‐
-‐
2%
2%
base 20 -‐ 35 anos: 218 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 373 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 136 entrevistados / base 70 + anos: 47 entrevistados / base total: 774 entrevistados 326
Você se preocupa com dinheiro no futuro?
Se NÃO, por quê?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
vive o momento
45%
28%
7%
6%
19%
conta com a aposentadoria
-‐
5%
23%
41%
19%
não se preocupa com o amanhã
16%
15%
18%
20%
17%
cuida mais da parte espiritual do que da financeira
19%
16%
12%
10%
14%
tem estabilidade financeira
6%
11%
23%
3%
12%
já tem tudo o que precisa
-‐
4%
10%
11%
7%
tem pensão do marido
-‐
5%
5%
6%
5%
não consegue poupar
10%
5%
5%
-‐
4%
ainda não parou para pensar no assunto
13%
5%
-‐
-‐
4%
tem a família para ajudar
10%
3%
2%
3%
3%
ganha pouco, não dá para guardar
-‐
7%
-‐
3%
3%
base 20 -‐ 35 anos: 31 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 74 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 60 entrevistados / base 70 + anos: 61 entrevistados / base total: 226 entrevistados 327
O que você faz para poupar? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
poupança
41%
48%
45%
41%
45%
não consegue poupar
47%
35%
41%
42%
40%
seguro de vida
6%
8%
5%
6%
7%
aplicação no banco
4%
7%
7%
2%
6%
guarda em casa
6%
4%
8%
7%
5%
investe em imóveis
1%
5%
6%
7%
4%
previdência privada
3%
4%
3%
3%
4%
investe em ações
-‐
1%
2%
-‐
1%
consórcio
-‐
-‐
-‐
-‐
1%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
328
KEY POINT
A classe média faz direitinho a lição de casa! Sem dúvida, hoje as nossas classes média e média alta, se as compararmos a números de dez anos atrás, amadureceram bastante na sua forma de se relacionar com o dinheiro. Ainda temos 40% da nossa população que não consegue poupar, principalmente os mais jovens, mas esse comportamento evidencia a perspectiva, muito utilizada por eles, de que a velhice está muito distante, portanto somos a tribo do carpe diem. Consolidada nos próximos anos a base da pirâmide de Maslow, a da necessidade básica, podemos prever uma próxima década tendenciando para uma maior demanda por “bens duráveis”, quer seja na área financeira, quer seja na aquisição de imóveis, educação, viagens/cultura, como veremos mais adiante. Isso não significa que a pessoa deixará de consumir os bens não duráveis, tais como roupas, sapatos, automóveis, etc. Ocorre que a maioria confia no aumento gradual da renda, a qual, aí sim, seria mais bem distribuída entre esses dois grandes segmentos de consumo. 329
Você tem algum sonho de consumo?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
sim
95%
89%
77%
64%
85%
não
5%
11%
23%
36%
15%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
330
Você tem algum sonho de consumo?
Se SIM, qual?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
casa própria/casa maior
40%
29%
20%
15%
29%
carro/moto 0km
29%
21%
16%
23%
22%
casa na praia/chácara/síQo
6%
17%
21%
37%
17%
viajar pela Europa
4%
5%
6%
5%
5%
trocar carro por um melhor
3%
7%
5%
1%
4%
viajar pelo Brasil
3%
3%
8%
12%
4%
abrir o próprio negócio
3%
4%
4%
-‐
4%
reformar a casa
1%
3%
8%
1%
3%
eletrodomésQcos modernos
3%
3%
6%
7%
3%
morar no interior
1%
2%
6%
12%
3%
base 20 -‐ 35 anos: 236 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 398 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 151 entrevistados / base 70 + anos: 69 entrevistados / base total: 854 entrevistados 331
Você tem algum sonho de consumo?
Se SIM, qual?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
fazer cirurgia plásQca
-‐
1%
1%
-‐
1%
comprar jet sky/lancha/iate
1%
1%
-‐
-‐
1%
terminar a faculdade
3%
1%
-‐
-‐
1%
trocar os móveis
-‐
1%
1%
-‐
1%
TV de plasma/LED/TV grande
1%
3%
-‐
-‐
1%
terminar de pagar o apartamento
-‐
4%
-‐
-‐
1%
tablet
1%
-‐
-‐
-‐
-‐
notebook
1%
-‐
-‐
-‐
-‐
ar condicionado
1%
-‐
-‐
1%
-‐
base 20 -‐ 35 anos: 236 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 398 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 151 entrevistados / base 70 + anos: 69 entrevistados / base total: 854 entrevistados 332
Se você tivesse um aumento no seu salário de:
R$ 1.000 (classe C), R$ 2.000 (classe B) e R$ 3.000 (classe A),
o que você compraria?
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
casa própria
19%
11%
12%
10%
16%
um carro/moto
22%
18%
7%
13%
16%
guardaria dinheiro
8%
12%
18%
17%
12%
roupas/sapatos/bolsas
16%
10%
11%
10%
11%
TV
7%
8%
1%
12%
8%
eletrodomésQcos (geladeira/micro-‐ondas)
4%
9%
8%
10%
8%
viajaria mais
6%
7%
8%
12%
7%
pagaria as dívidas
8%
5%
5%
-‐
5%
casa na praia
2%
5%
4%
6%
4%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados 333
Se você tivesse um aumento no seu salário de:
R$ 1.000 (classe C), R$ 2.000 (classe B) e R$ 3.000 (classe A),
o que você compraria? 56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
4%
3%
5%
4%
2%
3%
6%
5%
4%
móveis
4%
2%
7%
9%
4%
computador
11%
8%
5%
2%
4%
ajudaria a família
2%
2%
3%
11%
3%
faria uma plásQca
5%
3%
3%
1%
2%
jóias
2%
1%
2%
2%
2%
terreno
22%
-‐
-‐
-‐
1%
faria academia
1%
-‐
-‐
-‐
1%
ar condicionado
6%
1%
2%
2%
1%
20 – 35 anos
36 – 55 anos
produtos eletrônicos
5%
materiais de construção
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados 334
Qual é a compra irresistível? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
roupas/roupas de grife
54%
27%
20%
23%
32%
sapato/tênis
22%
17%
16%
14%
18%
não compra nada por impulso
11%
10%
17%
25%
13%
perfumes
6%
8%
7%
6%
7%
novidades no supermercado
8%
2%
6%
9%
5%
cremes/cosméQcos
3%
4%
1%
7%
4%
produtos eletrônicos
5%
6%
3%
-‐
4%
-‐
3%
5%
5%
3%
objetos de decoração
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
335
Qual é a compra irresistível? 20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
70 + anos
TOTAL
livros/revistas
2%
3%
2%
2%
3%
bijuterias/acessórios
2%
3%
3%
3%
3%
celular moderno
4%
3%
3%
-‐
3%
lanches/fast food/chocolate
6%
3%
3%
1%
2%
DVD/CD
3%
2%
1%
3%
2%
bolsa/bolsas de grife
4%
2%
1%
1%
2%
acessório para carro
3%
1%
1%
1%
2%
não sabe
2%
1%
4%
-‐
2%
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
336
Qual é a compra irresistível? 70 + anos
TOTAL
1%
-‐
1%
1%
-‐
-‐
1%
3%
1%
1%
-‐
1%
lingerie
2%
1%
-‐
1%
1%
brinquedo para os filhos
1%
1%
1%
-‐
1%
óculos de sol
2%
3%
-‐
-‐
1%
produtos R$ 1,99
2%
3%
-‐
1%
1%
vinhos
-‐
3%
3%
1%
1%
sorvete
1%
3%
1%
-‐
1%
20 – 35 anos
36 – 55 anos
56 – 69 anos
eletrodomésQcos
1%
1%
relógios
2%
maquiagem
base 20 -‐ 35 anos: 249 entrevistados / base 36 -‐ 55 anos: 447 entrevistados / base 56 -‐ 69 anos: 196 entrevistados / base 70 + anos: 108 entrevistados / base total: 1000 entrevistados
337
Conclusao ˜ 338
O propósito deste estudo foi i n i c i a r u m p ro c e s s o d e conhecimento em torno da questão da longevidade. Portanto, seria muita pretensão concluir alguma coisa no caso de um assunto que acaba de emergir à nossa realidade. 339
Acreditamos de fato que o re v e l a d o n e s t a p r i m e i r a sondagem deste estudo seja a “ponta de um iceberg”. Seria, desse modo, um bom roteiro para críticas e estudos específicos mais bem elaborados... 340
341
Longevidade
342
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