Futuro do presente (survey)

Share Embed


Descrição do Produto

Longevidade

1

Longevidade estudo desenvolvido por Zhuo Consultoria e Giacometti Comunicação março/2013 2

, Indice

Introdução .................................................................................................................................. Metodologia ............................................................................................................................... O horizonte ................................................................................................................................. O reflexo da realidade ................................................................................................................ Projeções sobre o envelhecimento .................................................................................... O significado da morte ...................................................................................................... Viver até os 120 anos ......................................................................................................... A reflexão ................................................................................................................................... Notícia auspiciosa? ............................................................................................................ E os brasileiros estão conscientes disso? ........................................................................... Como o brasileiro encara o envelhecimento? .................................................................... O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje? ............................................. Os jovens diante da própria velhice e dos idosos .............................................................. A longevidade como ideologia?! ........................................................................................ Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos? ..... Velhice na hipermodernidade não tem significado ............................................................ A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico .......................................... Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé? ......................... Pontos para reflexão sobre o sentido da vida ..................................................................... A saudabilidade e o sonho de consumo ...................................................................................... A saudabilidade ................................................................................................................. O trabalho, a leitura, o conhecimento e o sonho de consumo impactando na longevidade. Conclusão ................................................................................................................................... 3

004 009 017 025 028 050 074 123 126 138 149 163 178 193 206 231 242 252 259 278 280 306 338

Introducao ,˜ 4

Sabemos que algumas correntes de investigação da biotecnologia, da neurotecnologia, da nanotecnologia e da medicina afirmam que uma criança nascida hoje, se ficar atenta a uma prática saudável de vida, pode viver até os 120 anos ou mais.

5

Nesse sentido, o objetivo geral deste estudo foi o de averiguar o grau de consciência dos brasileiros, principalmente entre os não idosos, com relação a essa possibilidade, bem como os impactos e as mudanças (positivas ou negativas) nas ideias, nas representações e no comportamento social da nossa população diante dessa nova realidade. 6

Quanto aos objetivos específicos, estão relacionados a um convite para uma reflexão sobre o presente e o futuro p r ó x i m o, b e m c o m o s o b re o envelhecimento, o significado da morte nos dias de hoje, o significado da saudabilidade e o nosso consumo do dia a dia.

7

Como pano de fundo, buscamos investigar em que medida os brasileiros têm no autoconhecimento uma prática diária como uma ferramenta de evolução pessoal.

8

Metodologia 9

1ª FASE Organizamos dois grupos de profissionais, de d i f e re n t e s á re a s d e c o n h e c i m e n t o, e provocamos um profundo debate em torno “da nova longevidade”. 10

IRENE GAETA ARCURI • PSICÓLOGA

CARLOS FREDERICO LÚCIO • ANTROPÓLOGO

Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP Mestre em Gerontologia pela PUC-SP Coordenadora de Psicoterapia Junguiana e Psicogerontologia na UNIP

Doutor em Ciências Sociais pela UNICAMP Mestre em Antropologia pela UNICAMP Professor de Antropologia na FAAP e ESPM

DANTE MARCELLO CLARAMONTE GALLIAN • HISTORIADOR

JOÃO TONIOLO NETO • GERIATRA

Pós-doutor em Ciências Sociais pela École des Hautes Études (Paris) Doutor em História Social pela FFLCH-USP Diretor do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde da Escola de Medicina da UNIFESP

Diretor clínico do Instituto Toniolo de Geriatria

JOSÉ CARLOS FERRIGNO • PSICÓLOGO

FRANK USARSKI • CIENTISTA DA RELIGIÃO

Doutor em Filosofia pela Universidade de Hannover (Alemanha) Livre-docente em Ciência da Religião pela PUC-SP

Doutor em Psicologia Social pela USP Especialista em Gerontologia pela SBGG e Universidade de Barcelona Consultor em Gerontologia, Programas Intergeracionais e Programas de Preparação para Aposentadoria

JORGE FELIX • ECONOMISTA POLÍTICO

JÚLIO SÉRGIO CARDOZO • CONTADOR E ADMINISTRADOR

Mestre em Economia Política pela PUC-SP Pesquisador membro do Núcleo de Pesquisas Políticas para Desenvolvimento Humano Jornalista especializado em envelhecimento

Livre-docente em Finanças pela UERJ Professor da FGV e do Programa de Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ Presidente da Júlio Sérgio Cardozo e Associados

JÚLIO CÉSAR POMPEU • FILÓSOFO

ROBERTO CARLOS BURINI • BIOMÉDICO

Doutor em Filosofia Professor de Ética e Teoria do Estado do Departamento de Direito da UFES

Pós-doutor em Metabolismo e Nutrição pelo MIT (Cambridge, EUA) Livre-docente em Bioquímica Clínica e professor titular em Patologia Clínica Coordenador do Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição

MARIA LÚCIA SANTAELLA BRAGA • SEMIOTICISTA

Livre-docente em Ciências da Comunicação pela ECA-USP Coordenadora da Pós-Graduação em Tecnologia da Inteligência da PUC-SP

SHIRLEI SCHNAIDER BORELLI • DERMATOLOGISTA

Médica dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia Pesquisadora do Centro de Estudos do Envelhecimento da UNIFESP-EPM Presidente da Clínica Dra. Shirlei Borelli

PEDRO LUIZ RIBEIRO DE SANTI • PSICANALISTA Doutor em Psicologia Clínica pela PUC-SP Mestre em Filosofia pela USP Professor e pesquisador do CAEMP da ESPM

11

2ª FASE O produto final do debate foi extremamente rico e obviamente base para as fases complementares. Antes, porém, de iniciarmos a fase quantitativa, junto à população brasileira, optamos por realizar seis minigrupos com os representantes dela, visando pré-testar a estrutura de abordagem às principais questões, referentes ao novo universo dessa nova longevidade. 12

Minigrupos: 20 a 30 anos

31 a 40 anos

41 a 60 anos

Homens e Mulheres AB

5 pessoas

5 pessoas

5 pessoas

Homens e Mulheres C

5 pessoas

5 pessoas

5 pessoas

13

3ª FASE Com todas as hipóteses em mãos, validamos as questões através de uma pesquisa quantitativa, nas seguintes praças: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife. Tamanho da amostra: mil casos. 14

Quantitativa: Sexo: masculino e feminino Idades: 20 a 35 anos / 36 a 55 anos / 56 a 69 anos / 70 anos e mais Classes Sócio-Econômicas: A, B e C (Critério Brasil) Amostra

15

São Paulo

500

Rio de Janeiro

200

Porto Alegre

150

Recife

150

TOTAL

1.000

Tabela Critério Brasil: Classes

Renda média bruta familiar no mês em R$

A

9.263

B1

5.241

B2

2.654

C1

1.685

C2

1.147

DE

776

Fonte: ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa) 2012 / Dados com base no Levantamento Sócio-Econômico 2011 - IBOPE 16

O horizonte 17

Fácil seria escolher apenas uma perspectiva para compreender este estudo: a otimista, através da qual existiria, sim, uma esperança e então tudo ficaria mais leve, mais promissor... Ou a pessimista, em que predominaria a teoria do quanto pior, melhor... Estamos, mesmo, no Kaliuga e nada nos re s t a a n ã o s e r a g u a rd a r p e l o insuperável... 18

Na verdade, o que veremos a seguir, na minha modesta opinião, é uma imagem perfeita de que, de fato, não existem mais coisas entre o céu e a terra as quais a nossa “vã” Filosofia não dê mais conta de compreender... Parece-me que está, sim, tudo escrito, t u d o d i a g n o s t i c a d o, m u i t o b e m compreendido. 19

Nosso maior desafio, então, seria o de encontrar um caminho para superar as contradições entre o que essas teorias certeiras nos dizem sobre a atual condição humana e a nossa prática diária, em que, na maioria das vezes, teimamos em nadar contra o sentido natural das forças deste nosso Universo.

20

Estamos, sim, irremediavelmente sozinhos neste labirinto e poucos enxergam a saída, é verdade; mas como é prazeroso saber que esses poucos, de fato, estão sendo bem-sucedidos!

21

Veremos que tanto os “analisandos”, os brasileiros estudiosos, os nossos pensadores, quanto os “analisados”, os brasileiros como nós, possuem distintas perspectivas sobre como evoluir nessa questão da longevidade!

22

N a re a l i d a d e, n ã o e x i s t e u m a perspectiva “vencedora”. São correntes de pensamento ascendentes, descendentes, circulares que vez por outra provocam grandes turbulências de tal f orma que pessimismo e otimismo se comprimem, tornando-se, assim, quase irrelevantes...

23

E é nessa atmosfera que propomos o nosso mergulho nos resultados que veremos a seguir, tentando manter em mente que essa questão é muito nova, impensável poucos anos atrás, de tal forma que seria melhor iniciarmos este processo de investigação sem nenhum preconceito, desarmados mesmo, o que já seria um imenso desafio... 24

O reflexo da realidade 25

Nossa escolha Optamos por inverter a lógica da apresentação dos resultados, vis-à-vis com a metodologia utilizada (através da qual iniciamos este estudo, junto aos profissionais especialistas), uma vez que as informações advindas de brasileiros de vários cantos deste Brasil pertencem, ao mesmo tempo, a um universo simples de se expor e complexo de se compreender. 26

De tal forma... ...que as contribuições dos profissionais especialistas, que veremos após a primeira parte quantitativa deste estudo, tornar-se-ão bem mais ricas para a compreensão deste complexo universo social brasileiro.

27

Projeções sobre o envelhecimento

28

Até quantos anos você acha que vai viver? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

menos  de  55  anos

   3%

-­‐        

-­‐        

-­‐        

 1%  

de  56  a  65  anos

   8%

   7%

   2%

-­‐        

   6%

de  66  a  75  anos

21%

25%

18%

   3%

20%

de  76  a  85  anos

39%

41%

42%

42%

40%

de  86  a  95  anos

16%

17%

21%

34%

20%

de  96    a  100    anos

11%

   9%

14%

17%

11%

mais  de  100  anos

   2%

   1%

   3%

   4%

   2%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

29

KEY POINT

Os jovens não querem viver muito!!!

Apenas 13% dos jovens, no total, entre 20 e 35 anos, acreditam que vão ultrapassar a casa dos 90 anos. Mais adiante temos a informação de que, destes, apenas 40% têm o conhecimento (e não a consciência) de que, se “capricharem”, poderão viver até os 120 anos com uma significativa qualidade de vida. É importante observar as diferenças regionais e notar o destaque para as regiões do Recife e do Rio de Janeiro, onde influências da natureza, do estilo de vida e da religiosidade fazem com que a vontade de viver seja prolongada. Já em Por to Alegre, predomina uma visão mais racionalizada, talvez influenciada por uma maior presença da cultura europeia nos dias de hoje. Lá, um número maior de jovens (21%) acredita que chegará tranquilamente aos cem anos, mas nada além disso. 30

KEY POINT

Os jovens não querem viver muito!!!

A conclusão mais importante a que chegamos aqui é que o lado inconsciente do jovem lhe inspira pura potência, inabalável força, “eu sou o super-homem” e a outra face da moeda, a do lado consciente, não tão bem informado, lhe impõe dúvidas e incertezas sobre um futuro distante. Abre-se aqui uma oportunidade incrível para debatermos com esses jovens a possibilidade de ampliarmos as nossas perspectivas, objetivando aprofundar as raízes sobre o significado da vida. 31

Statements

Na visão dos brasileiros (minigrupos)

“Poucas  pessoas   conseguem  enxergar   o  centenário  com   bons  olhos,  no  sen7do  da  saúde,  de  lidar  com  todas  as   perdas.   Não   quero   chegar   lá.   Tem   que   ser   muito   regrado.   Vejo   que   a   alimentação   tem   que   ser   muito   balanceada,  regrada   e   não   me   vejo   fazendo   isso  a  longo   prazo.   A   solidão   é   outro   fator.   Não   me   vejo   dando   trabalho,   sendo   um   peso   para   a   minha   família.   Minha   avó  vivia  chorando,  pois   enterrou   os   sete  filhos.  Fora  as   dores,  ficava  resmungando  o  dia  todo.” Jovem AB 32

KEY POINT

O desejo de viver e o medo de depender

O desejo de viver somente até a idade projetada vem do medo da dependência, ou seja, a faixa etária que vai de 76 a 85 anos, para a maioria, é o limite para não ficar dependente e o suficiente para acompanhar as futura gerações. Além disso, conforme a parte quantitativa do estudo, é esta a idade que a maioria tem como referência familiar. Vale ressaltar também que a sabedoria (variável que representa 13% no total) citada não é uma sabedoria que vem do conhecimento teórico, e muito menos de autoconhecimento. Ela tem origem nas experiências ao longo da vida, na chamada “escola da vida”. 33

Você trabalha regularmente?

Comparativo das diferentes praças

TOTAL

SP

RJ

REC

POA

{ { { { {

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

sim

76%

85%  

57%

14%

70%

não

24%

 15%

43%

86%

30%

sim

86%

88%  

59%

20%

75%

não

14%

 12%

41%

80%

25%

sim

77%

83%  

42%

   8%

65%

não

23%

 17%

58%

92%

35%

sim

41%

85%  

57%

   7%

61%

não

59%

 15%

43%

93%

39%

sim

79%

81%  

65%

   7%

69%

não

21%

 19%

35%

93%

31%

34

KEY POINT

Como sustentar uma situação como essa?

A maioria das pessoas que estão na terceira faixa etária (56 a 69 anos) pretende viver, no máximo, 85 anos para uns e 95 anos para outros. Esse aspecto entra em contradição com o número de pessoas que não estão trabalhando com essa idade: em média 44% disseram não realizar uma atividade remunerada regularmente (como observamos no quadro anterior). No caminhar da reflexão sobre este estudo, veremos o potencial negativo dessa informação, não só para o indivíduo em si, como também para a sociedade em geral. A pergunta que fica agora é: que novo sentido essas pessoas vão dar à vida (até no máximo entre os 85 e os 95 anos)? 35

Qual o principal medo de envelhecer? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

depender  de  alguém

31%

39%

40%

41%

37%

ficar  só

31%

33%

25%

41%

32%

ficar  inúQl

28%

30%

40%

38%

32%

ver  os  outros  parQrem

25%

19%

18%

25%

21%

adoecer

 8%  

11%

10%

16%

10%

abandono

   9%

   6%

   6%

14%

   8%

ver  a  morte  se  aproximar

11%

   6%

   7%

   4%

   7%

preconceito

   4%

   1%

   4%

-­‐        

   2%

outros

   3%

   3%

   1%

   2%

   3%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

36

Statements

Na visão dos brasileiros (minigrupos)

“O   maior   medo   no  mundo   é   envelhecer,   pois   gera   limitações   e  eu   não   gosto  de   ser   limitado.  Tem  que  saber  lidar  com  isso,  e  é  frustrante!” “Dependência  é  o  que  pega:  financeiramente   e  fisicamente.  A  ausência   dos   amigos,  os   jovens  que  não  querem  proximidade  porque  os  obje7vos  acabam  mudando...” Adulto AB

“Na  casa  dos  idosos,  a  maioria  fica  lá,  jogada  pelos  cantos.” Adulto C

“Me  preocupa  mais  ser  tratado  como  velho  do  que  eu  me  sen7r  um  velho.” Sênior AB

“Depressão,   ansiedade,   estresse.   As   pessoas   idosas   são   jogadas   no   asilo.   Esse   é   o   medo  que  vai  crescer  com  o  tempo.” “Tenho   medo   de   envelhecer   largado.   Deve   ser   terrível   depender   de   alguém   para   trocar  a  sua  fralda.  A  minha  avó  sempre   foi  uma  pessoa  muito   a7va,  fazia  coisas  para   todo   mundo   e   ela   se   sen7a   humilhada   quando   cuidávamos   dela.   Tenho   certeza   de   que,  se  ela  pudesse,  pediria  para  que  Ele  a  levasse  embora  logo.” Sênior C

37

KEY POINT

Reinventar-se aos 60 anos?

As respostas dadas a essa questão nos remetem a um ponto estratégico no que se refere a políticas públicas no Brasil. Com a possibilidade real do aumento acelerado da expectativa de vida, passa a ser fundamental uma reflexão profunda, com o objetivo de evoluir, e muito, no sentido de fazer retornar para a sociedade toda essa experiência, essa vivência desses segmentos populacionais idosos. Enquanto em inúmeros países orientais existe uma reinserção natural deles na sociedade, por meio de uma redefinição de papéis desses idosos, desde dirigindo, coordenando creches, até participando do alto conselho de grandes empresas, é possível, sim, realizar uma revolução se acrescentarmos a essa vivência, a essa experiência dos idosos, mais conhecimento (pr incipalmente, o autoconhecimento). 38

KEY POINT

Reinventar-se aos 60 anos?

Com esse procedimento, além de reduzirmos as incertezas que o idoso tem com relação a si próprio, estaremos potencializando a expansão das demais gerações ao agregar esse conhecimento (que estamos jogando fora atualmente) às gerações mais novas. Contudo, temos um obstáculo, um grande desafio, se avizinha para a realização desse sonho: trata-se do elevado índice dos chamados, tristemente, analfabetos funcionais (27% da população brasileira). Estamos constatando pelos statements aqui apresentados a simplicidade da visão de mundo da maioria dos brasileiros e, ao mesmo tempo, veremos mais adiante a sofisticação de pensamento dos estudiosos brasileiros, demonstrando que essa desigualdade na “distribuição” do conhecimento vai ter seu preço logo ali na frente. Assim, abre-se mais uma oportunidade imensa para entidades, empresas privadas e políticas públicas investirem nesse novo e importantíssimo “mercado”. 39

KEY POINT

Reinventar-se aos 60 anos?

Sem falar no incremento do PIB que esse “novo” idoso pode trazer para o país... Com isso, conseguiremos, ainda, amenizar o impacto no orçamento da União no que se refere à manutenção dos custos desses segmentos sociais atualmente “aposentados”, descartados. Esse desafio da reeducação dos “idosos”, aos 60 anos, é tão fundamental quanto o ensino fundamental, pela sua grandiosidade e complexidade, como mencionamos, uma vez que, sabemos, a partir de 2020, esses “idosos” passarão a ser maioria e não teremos como sustentá-los em todos os aspectos: físicos, mentais e filosóficos; eles precisam e podem viver por conta própria até os cem anos. 40

KEY POINT

Reinventar-se aos 60 anos?

Esses jovens idosos de 50, 60 anos, necessitam ter a consciência da importância d e re s g a t a re m a s i p r ó p r i o s p a r a potencializarem seu autoconhecimento, indo às profundezas do seu eu, redirecionando as energias de sua alma, de sua natureza, para se reinventarem. Só assim conquistarão a admiração não só daqueles que os cercam, mas também, e pr incipalmente, dos segmentos sociais ao seu redor. 41

O que você se imagina fazendo quando envelhecer? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

aproveitando  a  vida

46%

47%

39%

45%

viajando

43%

40%

33%

39%

morando  em  um  lugar  tranquilo

46%

47%

39%

31%

cuidando  da  família

28%

29%

38%

29%

ajudando  o  próximo

12%

10%

12%

11%

trabalhando

   9%

   8%

   8%

   8%

estudando

   4%

   5%

   4%

   4%

descansando

   1%

   1%

   3%

   1%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  total:  892  entrevistados  

42

O que você se imagina fazendo quando envelhecer?

Por classe social

Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

classe  A

classe  B

classe  C

TOTAL

aproveitando  a  vida

55%

41%

45%

45%

viajando

47%

39%

40%

39%

morando  em  um  lugar  tranquilo

34%

32%

33%

31%

cuidando  da  família

25%

25%

30%

29%

ajudando  o  próximo

 8%  

10%

15%

11%

trabalhando

   8%

10%

10%

   8%

estudando

   5%

   2%

   3%

   4%

curQndo  os  netos

   5%

   2%

   3%

   3%

dançando

   5%

   2%

   3%

   2%

fazendo  caminhadas/esportes

   5%

   2%

   3%

   2%

descansando

   2%

   2%

   4%

   1%

base  classe  A:  123  entrevistados  /  base  classe  B:  383  entrevistados  /  base  classe  C:  386  entrevistados  /  base  total:  892  entrevistados   43

KEY POINT

Com a fé ninguém está sozinho!

Falando em correntes ascendentes, na perspectiva otimista, a classe média brasileira parece mesmo ter consolidado, nos últimos anos, os seus sonhos de consumo. Nada mais normal, uma vez que se trata de necessidades básicas, o que inclui, até mesmo, a lista completa dos eletrodomésticos, bem como dos equipamentos que permitem a conectividade. Podemos concluir que fica para uma segunda fase da vida, ou até mesmo para a próxima geração, evoluir na relação com amigos, nos estudos, seja para o autoconhecimento ou para a profissionalização, especialização, etc. Sem falar da nossa relação com o Princípio, com este imenso universo; evoluir na nossa religiosidade/espiritualidade. Se compararmos essas últimas possibilidades conquistadas com as de outros países emergentes (e não precisa ser o BRIC), veremos que a distância é longa, tendo-se em vista países como Chile, Vietnã e Cingapura. 44

KEY POINT

15% pretendem fazer o bem ao próximo quando envelhecerem!

Numa sociedade extremamente individualizada como a nossa, realmente não podíamos imaginar respostas melhores do que a que obtivemos nesse último quadro, pois nada melhor mesmo do que viajar, aproveitar a vida, morar numa cidade do interior, etc., do ponto de vista de uma sociedade individualista. Ventos diferentes vêm, predominantemente, das classes mais desfavorecidas, em que o índice de solidariedade e de preocupação com aqueles que não estão tão próximos é mais elevado do que o encontrado na classe A. Daí, o “fazer bem ao próximo”, sonho que pertence pelo menos a 15% da classe C, além de aumentar a nossa esperança em dias melhores, nos indica que muitos de nós já estão preparados ou até mesmo já estão em ação para, através de “n” atividades, contribuir para a reinvenção dos “jovens” de 40 anos e principalmente daqueles com 60 anos. 45

Frase de concordância

“Tenho medo de envelhecer porque vou ficar inválido(a), inútil.” Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

TOTAL

20  –  35  anos   20%

16%

15%

49%

36  –  55  anos   22%

16%

15%

47%

56  –  69  anos   22%

19%

16%

43%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 46

Frase de concordância

“Prefiro morrer a depender de alguém.” POA 20  –  35  anos   37%

21%

18%

24%

36  –  55  anos   38%

25%

14%

22%

56  –  69  anos   24%

18%

44%

14%

70  +  anos 20%

20%

20%

40%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 47

Frase de concordância

“Futuramente, não haverá tanto preconceito com os idosos.” 20  –  35  anos   22%

37%

24%

17%

36  –  55  anos   23%

34%

25%

18%

56  –  69  anos   25%

31%

25%

19%

70  +  anos 32%

31%

20%

17%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 48

KEY POINT

Consequência de um contexto urbano mais humanizado

Em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, as pessoas encaram a velhice de uma maneira mais negativa, pelo medo de ficarem dependentes e de perderem a beleza. Já na faixa etária das pessoas com mais de setenta anos, percebemos que a população da região de Pernambuco, mesmo com o físico mais enfraquecido, é a que mais quer viver. No extremo oposto, está Porto Alegre. Mais adiante, aprofundamos essa questão dos “medos” da velhice nas diferentes regiões, surgindo aí uma constatação maravilhosa a favor das cidades onde o contexto urbano é mais humanizado. 49

O significado da morte

50

Qual o significado da morte? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

fim  da  vida

41%

42%

40%

42%

42%

única  certeza

20%

24%

24%

29%

24%

vida  nova

14%

11%

12%

   5%

12%

renovação

   8%

11%

13%

10%

11%

luto/tristeza

   9%

   6%

   5%

19%

   8%

perda

   9%

   6%

   7%

10%

   7%

desencarnação

   5%

   5%

   3%

   9%

   5%

descanso

   1%

-­‐        

   1%

-­‐        

   1%

vida  nova:  No  Recife  essa  porcentagem  chega  a  17%  no  total  e  23%  na  classe  C. renovação:  No  Rio  de  Janeiro  esta  porcentagem  chega  a  16%  no  total. base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

51

Qual o significado da morte? Por classe social

classe  A

classe  B

classe  C

TOTAL

fim  da  vida

40%

41%

43%

42%

única  certeza

29%

21%

25%

24%

vida  nova

12%

12%

11%

12%

renovação

10%

11%

10%

11%

luto/tristeza

10%

   7%

   8%

   8%

perda

14%

   6%

   7%

   7%

desencarnação

   2%

   5%

   6%

   5%

descanso

   1%

   2%

   1%

   1%

caminho  sem  volta

-­‐        

   1%

   1%

   1%

missão  cumprida

-­‐        

-­‐        

   1%

   1%

base  classe  A:  125  entrevistados  /  base  classe  B:  436  entrevistados  /  base  classe  C:  439  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados   52

KEY POINT

O reflexo da religião levada a sério

Interessante a presença do conceito de uma vida nova após a morte. Mais interessante ainda é a diferença na quantidade das respostas a favor desse conceito na região do Recife. Sem dúvida nenhuma é a religião praticada além dos limites de uma simples fé, que é comum à maior ia dos brasileiros, a fomentadora nata dessa crença. 53

Do que você sente mais medo: de morrer ou envelhecer?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

morrer

71%

62%

56%

53%

62%

envelhecer*

24%

33%

38%

33%

32%

nenhum  dos  dois

   5%

   5%

   6%

14%

   6%

*No  Rio  de  Janeiro  esta  porcentagem  chega  a  46%  no  total. base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

54

Statements

Na visão dos brasileiros (minigrupos)

“Tenho   medo  da   morte;   ela   me   assusta  porque  não  sei  como   eu   vou  morrer.” Jovem C

“Tenho  muito  medo  da  morte.  Tanto  que  eu  não  vou  a  enterros.   Não  gosto.” “A  morte  é  inevitável,   mas  quero  ela   longe.  Não  quero   saber  dela,   não.” Sênior AB

55

Você se considera uma pessoa de fé?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

sim

89%

95%

94%

96%

94%

não

11%

   5%

   6%

   4%

   6%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

56

Qual a importância da fé na sua vida? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

ajuda  a  enfrentar  os   obstáculos

72%

68%

75%

78%

71%

traz  esperança

23%

18%

23%

33%

22%

dá  equilíbrio  espiritual

13%

12%

18%

55%

18%

dá  ânimo/oQmismo

15%

14%

13%

29%

16%

traz  paz  e  amor

   9%

13%

   9%

34%

14%

dá  sabedoria/ discernimento

11%

   8%

   9%

17%

10%

constrói  valores

   8%

   6%

   6%

13%

   7%

ajuda  na  saúde

   4%

   3%

   6%

30%

   7%

ajuda  a  ser  uma   pessoa  melhor

   6%

   2%  

   5%

19%

   6%

base  20  -­‐  35  anos:  221  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  425  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  185  entrevistados  /  base  70  +  anos:  104  entrevistados  /  base  total:  935  entrevistados  

57

KEY POINT

Fé. Só quando dói! Nas discussões qualitativas, em grupo, quando questionamos sobre o significado da fé, percebemos que ela é “acionada” apenas em momentos de dificuldade e está ligada à crença em Deus, mas nada além disso. A fé apareceu pouco como algo maior, inabalável e fomentadora da espiritualidade, pois quase sempre é enfraquecida pela racionalidade e dificuldades do dia a dia. Essa constatação reflete diretamente no significado da fé nesta parte quantitativa do estudo. As questões que a tratam como algo maior (que vai além dos momentos de dificuldades), que a associam ao sentido da vida, aos valores e à evolução pessoal não apareceram com tanta representatividade. Isso dá força a todas as outras constatações que fizemos e iremos fazer ao longo do estudo: esta fé, que na maioria dos casos é superficial e não exercitada, impacta na vontade de viver, no autoconhecimento e nas angústias em relação ao futuro. Os que contam com ela de maneira fortalecida encaram a vida como algo maravilhoso e querem fazer de tudo para prolongá-la. 58

O que é mais maravilhoso na sua vida hoje? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

amor  da  família

48%

74%

51%

55%

46%

filhos

32%

39%

40%

38%

38%

ter  saúde

   9%

16%

15%

30%

15%

namorado/noivo/cônjuge

10%

10%

   9%

   9%

   9%

trabalho/profissão

   7%

15%

   3%

   5%

   9%

não  ter  dívidas

   5%

   6%

   6%

   2%

   5%

poder  viajar

   2%

   6%

   4%

   3%

   4%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

59

O que é mais maravilhoso na sua vida hoje? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

amigos

   6%

   4%

   2%

   3%

   4%

religião*

   4%

   4%

   5%

   3%

   4%

conquistar  objeQvos/metas

   1%

   3%

   2%

   8%

   3%

ter  liberdade/independência

   3%

   1%

   1%

   1%

   2%

casa  própria

-­‐        

   1%

   2%

   1%

   1%

   2%

   1%

   1%

estudar

-­‐          

   1%

*Na  região  do  Recife  esta  porcentagem  é  maior,  chega  a  8%  no  total   e  tem  um  peso  maior  na  3ª  faixa  etária  (17%)  e  na  classe  C  (10%). base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

60

Quais são os principais valores que sua família te passou e são importantes na sua vida? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

honesQdade/ transparência

56%

64%

64%

74%

63%

amor

25%

24%

19%

31%

25%

dignidade

26%

25%

20%

29%

25%

trabalho

26%

26%

23%

22%

25%

sinceridade

22%

19%

16%

14%

19%

união

20%

18%

15%

22%

19%

honesQdade:  ver  explicação  mais  adiante  no  Key  Point base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

61

Quais são os principais valores que sua família te passou e são importantes na sua vida? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

fidelidade

12%

   9%

13%

12%

11%

educação

   4%

   9%

   9%

   7%

   8%

bom  caráter

   6%

   7%

   8%

   9%

   7%

humildade

   8%

   3%

   5%

   6%

   5%

respeito

   4%

   5%

   4%

   2%

   4%

outros

   1%

   2%

   2%

-­‐        

   2%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

62

KEY POINT

Honestidade não vai além do próprio umbigo

É importante ressaltar que o valor da honestidade em questão está ligado diretamente aos círculos mais próximos, começando pela família, que são “os meus”, e se estendendo, porém com menos importância, aos amigos e ao universo do trabalho; portanto, a importância dada a esse valor deve ser relativizada, pois, quando não se está dentro da esfera emocional, entre os seus, deixa de ser importante. Bauman diz: “a preocupação com a condução da vida, nesta sociedade hiperindividualizada, distancia o ser humano da reflexão moral”. Nós nos preocupamos intensamente com a competitividade, com o obter resultados de tal forma que isso nos afasta da reflexão sobre nós mesmos e a forma como vamos nos alinhar com o nosso real destino. Portanto, não importam muito os meios com os quais realizo as minhas conquistas materiais, o que importa é conquistá-las. 63

Ao longo de todos esses anos, quais foram as suas principais conquistas/alegrias? 70  + anos ter  construído  uma  família/união  familiar

30%

ter  Qdo  filhos

30%

ser  avô/avó

30%

ter  comprado  a  casa  própria

28%

ter  alcançado  estabilidade  financeira

19%

ter  encaminhado  os  filhos

14%

ter  conservado  a  saúde

   9%

casamento  dos  filhos

   5%

ter  Qdo  um  bom  emprego

   5%

ter  viajado  bastante

   3% 64

Feita  apenas  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

base  70  +  anos:  108  entrevistados  

Quais são os principais medos em relação à vida? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

violência

38%

31%

43%

39%

36%

depender  de  alguém

18%

29%

28%

43%

28%

solidão*

21%

25%

31%

34%

26%

desemprego

32%

25%

16%

   2%

22%

morte

   6%

14%

10%

15%

13%

ficar  doente

   6%

14%

17%

13%

13%

drogas/álcool

   7%

   7%

   7%

   2%

   7%

não  conquistar  objeQvos

   9%

   3%

   5%

-­‐        

   5%

perder  pessoas  queridas

   3%

   5%

   9%

   6%

   5%

envelhecer

   1%

   1%

   1%

-­‐        

   1%

*Na  região  de  Pernambuco  esta  porcentagem  é  menor,  10%  no  total. base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados   65

Quais são os principais medos em relação à vida?

Por classe social

classe  A

classe  B

classe  C

TOTAL

violência

43%

33%

33%

35%

depender  de  alguém

18%

29%

23%

25%

solidão

27%

29%

20%

25%

desemprego

16%

20%

26%

22%

morte

20%

   9%

10%

11%

ficar  doente

12%

13%

12%

12%

drogas/álcool

10%

   4%

   7%

   6%

base  classe  A:  125  entrevistados  /  base  classe  B:  436  entrevistados  /  base  classe  C:  439  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados   66

Quais são os principais medos em relação à vida?

Por classe social

classe  A

classe  B

classe  C

TOTAL

não  alcançar  os  objeQvos

   8%

   5%

   3%

   5%

perder  pessoas  queridas

   6%

   5%

   5%

   5%

ficar  inválido

   1%

   1%

   2%

   1%

se  endividar/falir

-­‐        

   1%

   1%

   1%

envelhecer

-­‐        

   1%

   1%

   1%

base  classe  A:  125  entrevistados  /  base  classe  B:  436  entrevistados  /  base  classe  C:  439  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados   67

Ao longo de todos esses anos, quais foram suas frustrações/tristezas? Feita  apenas  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

70  + anos falecimento  do  pai/mãe

30%

nenhuma

17%

falecimento  dos  filhos

11%

falecimento  do  cônjuge

10%

falecimento  de  pessoas  queridas

   9%

não  ter  alcançado  os  objeQvos

   7%

não  ter  aproveitado  mais  a  vida*

   5%

* E n t e n d a -­‐ s e   c om o   n ã o   t e r   viajado,   não   ter   ido   mais   às   f e s t a s ,   n ã o   t e r   f e i t o   m a i s   programas   em   família   e   com   os   amigos.   Este   aproveitar   não   tem   relação   direta   com   a   valorização   da   vida.   Esse   arrependimento   p o d e   t e r   v i n d o   d a   responsabilidade   masculina   por   ser   o   provedor   financeiro   da   família   e   da   tripla   jornada   de   trabalho  feminina. base  70  +  anos:  108  entrevistados  

68

Ao longo de todos esses anos, quais foram suas frustrações/tristezas? Feita  apenas  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

70  + anos doenças  graves  na  família

   5%

problemas  pessoais  de  saúde

   5%

não  ter  se  esforçado  mais

   4%

separação

   3%

parentes  envolvidos  com  drogas

   3%

ter  ficado  dependente

   3%

não  ter  ajudado  os  filhos  estudarem

   3%

base  70  +  anos:  108  entrevistados  

69

KEY POINT

Família: ruim com ela, pior sem ela

Em um estudo anterior a este, o qual denominamos “Quem te inspira?”, já tínhamos a comprovação clara da importância do núcleo familiar na vida da maioria dos brasileiros. Dentro desse núcleo, o papel da mãe é fundamental, cabendo ao pai e aos irmãos relativa importância, quando não há relativas desconfianças. Porém, ruim com eles, pior sem eles, uma vez que em última instância, a família é o meu porto seguro. Se eu não puder contar com mais nada: saúde, dinheiro, vida social, apoio emocional, etc., é no mínimo prudente manter-me próximo dela e assim se cria um complexo relacionamento em que para o bem ou para o mal, a família é a coisa mais importante e, portanto, é o que mais me preocupa. 70

KEY POINT

Há remédio para a solidão?

Como veremos, mais adiante, no capítulo a Reflexão, no estudo feito junto a filósofos, sociólogos, psicólogos, etc., essa preocupação com a família é permanente, perpassando as várias fases da vida, com diferentes entonações. O ponto comum entre elas é a perspectiva, o medo da solidão. “Condenados a ser livres” terminamos com esse sentimento de desamparo, não temos mais hierarquia de valores para orientar nossas vidas; pelo contrário, temos excesso de valores e muitos de nós terminam levando a vida em busca de algo e em fuga de tudo. Uma rusga de otimismo surge quando percebemos, entre os que se denominam religiosos, espiritualizados, e não apenas possuidores de fé, uma relativização do atributo solidão - é o que acontece na região do Recife claramente. 71

KEY POINT

Há remédio para a solidão?

Essas pessoas tendem a suportar melhor essa questão na medida em que se consideram sozinhas, mas não solitárias, e encaram o envelhecimento de uma maneira mais positiva, conforme vimos nas questões anteriores. Bauman nos auxilia nessa reflexão dizendo que a autonomia do indivíduo, hoje existente, de tão exacerbada que é, não sustenta a autonomia da sociedade como um todo. Portanto, esse individualismo leva a relações frágeis, à falta de comprometimento e, consequentemente, ao medo do amor entre pessoas. 72

KEY POINT

Há remédio para a solidão?

A Ágora infelizmente não existe mais; resta-nos, para compensar, os botecos, a pracinha, os almoços com os amigos, o churrasco de final de semana. Mesmo assim, são tribos específicas que comungam interesses por pequenas causas, f lamenguistas que só conversam com flamenguistas... E restam, ainda, as “redes sociais” em que compartilhamos a superficialidade nossa de cada dia. Não temos tempo para nós mesmos... Daí a sensação, para os ativos, de que a vida passa muito rápido. 73

Viver até os 120 anos

74

Você sabia que:

Se você cuidar bem da sua saúde, bem mais do que você cuida hoje, fazendo exercícios físicos, melhorando a alimentação, lendo mais, se prevenindo mais, você pode viver até os 120 anos com muita qualidade de vida? Você já ouviu falar sobre isso? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

sim

40%

53%

48%

49%

não

60%

47%

52%

51%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  total:  892  entrevistados  

75

Gostaria de chegar até os 120 anos? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

sim

41%

40%

42%

41%

não

59%

60%

58%

59%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  total:  892  entrevistados  

76

Gostaria de chegar até os 120 anos? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

REC

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

sim

68%

59%

50%

59%

não

32%

41%

50%

41%

base  20  -­‐  35  anos:  37  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  68  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  30  entrevistados  /  base  total:  135  entrevistados  

77

Gostaria de chegar até os 120 anos?

Se SIM, por quê? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

para  ter  mais  tempo  de  realizar  os  sonhos

53%

43%

47%

46%

para  ficar  perto/acompanhar  as  pessoas  amadas

41%

33%

42%

37%

para  adquirir  mais  experiência/sabedoria

24%

12%

11%

15%

para  acompanhar  a  evolução  do  mundo

13%

12%

12%

12%

para  acompanhar  a  evolução  dos  filhos/netos

   7%

13%

12%

11%

para  transmiQr  conhecimento

   7%

   9%

11%

   9%

base  20  -­‐  35  anos:  102  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  180  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  83  entrevistados  /  base  total:  365  entrevistados  

78

Gostaria de chegar até os 120 anos?

Se NÃO, por quê? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

não  teria  qualidade  de  vida

42%

41%

49%

43%

medo  de  ficar  dependente

40%

37%

47%

40%

considera  muito  tempo

22%

26%

32%

26%

não  teria  lucidez

16%

13%

10%

13%

teria  uma  vida  limitada

15%

10%

14%

12%

seria  uma  pessoa  desiludida

   4%

   5%

   9%

   6%

as  pessoas  amadas  teriam  parQdo

   6%

   3%

   3%

   4%

perderia  a  virilidade

   2%

   1%

-­‐        

   1%

base  20  -­‐  35  anos:  147  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  267  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  113  entrevistados  /  base  total:  527  entrevistados  

79

O(A) senhor(a) sabe que, com os avanços da medicina e saúde pública, as pessoas vivem naturalmente mais do que antigamente? Uma pessoa que cuida muito da saúde hoje, consegue chegar até uns 120 anos. O(A) senhor(a) sabia disso? Feita  apenas  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

70  + anos sim

54%

não

46%

base  70  +  anos:  108  entrevistados  

80

Pensando nisso, o(a) senhor(a) acha possível melhorar a saúde que tem hoje para viver mais? Feita  apenas  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

70  + anos sim*

57%

não

43%

*A  porcentagem  é  de  70%  no  Rio  de  Janeiro. base  70  +  anos:  108  entrevistados  

81

Pensando nisso, o(a) senhor(a) acha possível melhorar a saúde que tem hoje para viver mais?

Se SIM, por quê? Feita  apenas  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

70  + anos pelos  avanços  da  medicina

32%

há  mais  recursos  médicos/ cuidados  com  a  saúde  são  mais  comuns

29%

hoje  há  mais  incenQvos

26%

hoje  há  mais  informações

26%

há  mais  incenQvos  à  práQca  de  aQvidades  msicas

14%

há  menos  resistências  para  mudar  os  hábitos

   5%

base  70  +  anos:  108  entrevistados  

82

Pensando nisso, o(a) senhor(a) acha possível melhorar a saúde que tem hoje para viver mais?

Se NÃO, por quê? Feita  apenas  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

70  + anos está  no  limite  que  a  medicina  pode  ajudar

41%

tem  a  saúde  muito  frágil

39%

já  se  cuida  bastante/é  bastante  regrado(a)

24%

já  tem  uma  boa  saúde/alimentação

11%

base  70  +  anos:  108  entrevistados  

83

Vontade de viver até os 120 anos.

Comparativo entre as idades

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

70  + anos

sim

41%

40%

42%

41%

57%

não

59%

60%

58%

59%

VS

43%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

84

Pensando que seja possível melhorar a sua saúde, o(a) senhor(a) se cuidaria para viver tanto? Feita  apenas  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

70  + anos sim*

65%

não

35%

*A  porcentagem  no  Recife  é  de  93%  e  no  Rio  de  Janeiro,  75%. base  70  +  anos:  108  entrevistados  

85

Quais seriam os principais medos de chegar aos 120 anos? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

ficar  doente

64%

77%

61%

58%

69%

depender  de  alguém

54%

60%

55%

56%

57%

ficar  sozinho

31%

34%

24%

29%

31%

falta  de  lucidez

   4%

   3%

   5%

   1%

   3%

ver  as  pessoas  queridas  parQrem

   4%

   3%

   3%

   2%

   3%

outros

   4%

   3%

   3%

-­‐        

   3%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

86

KEY POINT

Viver é inexorável A boa notícia: querer viver mais é inexorável para quase a maioria dos brasileiros (quer seja por medo da morte, quer seja para “curtir” a vida). A outra boa notícia: governos e as suas políticas públicas, empresas, universidades, estudiosos, etc. têm uma tarefa, uma responsabilidade significativa a partir destes nossos dias, como dissemos anteriormente, no sentido de rever todos os seus sonhos, seus projetos, suas práticas, visando responder às demandas que esses brasileiros longevos, cujas etapas de vida se mesclam de tal forma que os antigos estereótipos do século passado, nos quais eram facilmente classificadas, não estão hoje presentes de forma contundente. Temos jovens de 30 anos que, por exemplo, de tanto trabalhar, tem aparência, mental e física, de 40 anos; por outro lado, temos “senhores” de 60 anos que, em plena saúde mental e forma física, no ápice da sua capacidade de entrega para a sociedade, estão aposentados. É urgente então a tarefa de reconhecê-los e reidentificá-los, objetivando decifrar o DNA de uma nova sociedade que emerge. 87

Quais seriam as principais alegrias de chegar aos 120 anos?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

acompanhar  as  próximas  gerações

59%

63%

69%

67%

64%

transmiQr  experiência/conhecimento

51%

35%

45%

45%

42%

mais  tempo  para  aproveitar  a  vida

31%

27%

29%

25%

28%

nenhuma

   8%

   8%

   7%

10%

   8%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

88

O que faria com esse tempo a mais? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

viajaria

61%

53%

44%

44%

52%

cuidaria  de  si  mesmo

41%

48%

46%

49%

46%

descansaria

42%

36%

41%

46%

40%

se  dedicaria  à  família

14%

13%

18%

12%

14%

faria  trabalho  voluntário

10%

10%

   9%

16%

11%

estudaria

   4%

   3%

   3%

   2%

   3%

trabalharia

   2%

   2%

   2%

   3%

   2%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

89

KEY POINT

Outra boa notícia!

É muito encorajador ver que 11% dos brasileiros, quando idosos, pretendem se dedicar a um trabalho voluntário; que a metade consiga realizar esse sonho, já seremos muitos milhões contribuindo com sua experiência, paciência e conhecimento para uma sociedade melhor.

90

O que faria com esse tempo a mais?

Por classe social

classe  A

classe  B

classe  C

TOTAL

viajaria

58%

63%

53%

52%

cuidaria  de  si  mesmo

48%

53%

51%

46%

descansaria

33%

44%

49%

40%

se  dedicaria  à  família

12%

12%

17%

14%

faria  trabalho  voluntário

13%

15%

11%

11%

estudaria

   2%

   5%

   3%

   3%

base  classe  A:  125  entrevistados  /  base  classe  B:  436  entrevistados  /  base  classe  C:  439  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

91

O que faria com esse tempo a mais?

Por classe social

classe  A

classe  B

classe  C

TOTAL

curQria  os  netos

   1%

   3%

   2%

   2%

trabalharia

   2%

   4%

   3%

   2%

namoraria  mais

   2%

   1%

-­‐        

   1%

se  dedicaria  à  pesca

   1%

   1%

-­‐        

   1%

-­‐        

   1%

-­‐        

   1%

   1%

   1%

-­‐        

   1%

praQcaria  esportes

faria  dança  de  salão  

base  classe  A:  125  entrevistados  /  base  classe  B:  436  entrevistados  /  base  classe  C:  439  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

92

Quais seriam as barreiras para chegar lá?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

saúde

66%

69%

67%

75%

69%

limitações  msicas

55%

56%

56%

55%

56%

dinheiro

27%

22%

15%

16%

21%

tempo

12%

10%

11%

   9%

11%

hábitos  alimentares

   4%

   2%

   4%

   2%

   3%

medo

-­‐        

   1%

   1%

-­‐        

   1%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

93

Como você se imagina com 120 anos?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

48%

40%

39%

40%

42%

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

52%

60%

61%

60%

58%

OBS:  Nem  mesmo  “roubando  no  jogo”  com  a  foto  colorida  versus   a  preto  e  branca,  conseguimos  uma  autoprojeção  posiQva. base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

94

Frase de concordância

“Não estou disposto a mudar meus hábitos para viver até os 120 anos. A vida é agora!” REC

20  -­‐  35  anos 6%

16%

8%

70%

36  -­‐  55  anos 12%

21%

7%

60%

56  -­‐  69  anos 13%

23%

3%

61%

70  +  anos 20%

20%

33%

27%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 95

Frase de concordância

“Não estou disposto a mudar meus hábitos para viver até os 120 anos. A vida é agora!” POA

20  -­‐  35  anos 34%

16%

32%

18%

36  -­‐  55  anos 29%

27%

25%

19%

56  -­‐  69  anos 29%

26%

29%

16%

70  +  anos 26%

26%

22%

26%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 96

Frase de concordância

“Mudaria toda a minha rotina para viver até 120 anos, mesmo que precisasse abrir mão de coisas que me dão prazer.” TOTAL

20  -­‐  35  anos 24%

22%

24%

30%

36  -­‐  55  anos 26%

19%

24%

31%

56  -­‐  69  anos 25%

24%

20%

31%

70  +  anos 32%

23%

21%

24%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 97

Frase de concordância

“Mudaria toda a minha rotina para viver até 120 anos, mesmo que precisasse abrir mão de coisas que me dão prazer.” RJ

20  -­‐  35  anos 31%

42%

19%

8%

36  -­‐  55  anos 32%

28%

26%

14%

56  -­‐  69  anos 22%

39%

17%

22%

70  +  anos 42%

42%

13%

3%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 98

Frase de concordância

“Mudaria toda a minha rotina para viver até 120 anos, mesmo que precisasse abrir mão de coisas que me dão prazer.” REC

20  -­‐  35  anos 46%

14%

30%

10%

36  -­‐  55  anos 49%

16%

28%

7%

56  -­‐  69  anos 47%

23%

13%

17%

70  +  anos 27%

13%

33%

27%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 99

Frase de concordância

“Mudaria toda a minha rotina para viver até 120 anos, mesmo que precisasse abrir mão de coisas que me dão prazer.” POA

20  -­‐  35  anos 18%

24%

24%

34%

36  -­‐  55  anos 16%

22%

19%

43%

56  -­‐  69  anos 18%

21%

21%

40%

70  +  anos 27%

13%

33%

27%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 100

Frase de concordância

“Quero viver o máximo que puder para aproveitar a vida, descansar, viajar, ter uma vida tranquila.” TOTAL

20  -­‐  35  anos 68%

24%

3% 5%

36  -­‐  55  anos 65%

25%

6%

4%

56  -­‐  69  anos 72%

20%

5% 3%

70  +  anos 64%

30%

6%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 101

Frase de concordância

“Quero viver o máximo que puder para aproveitar a vida, descansar, viajar, ter uma vida tranquila.” REC

20  -­‐  35  anos 92%

8%

36  -­‐  55  anos 76%

24%

56  -­‐  69  anos 80%

20%

70  +  anos 73%

27%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 102

Frase de concordância

“Quero chegar aos 120 anos para aprimorar e compartilhar meu conhecimento.” TOTAL 20  -­‐  35  anos 39%

17%

22%

22%

36  -­‐  55  anos 38%

19%

18%

25%

56  -­‐  69  anos 39%

26%

13%

22%

70  +  anos 51%

26%

15%

8%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 103

Frase de concordância

“Quero chegar aos 120 anos para aprimorar e compartilhar meu conhecimento.” POA 20  -­‐  35  anos 37%

8%

24%

31%

36  -­‐  55  anos 25%

17%

19%

39%

56  -­‐  69  anos 24%

26%

9%

41%

70  +  anos 67%

27%

6%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 104

Frase de concordância

“Quero chegar aos 120 anos para aprimorar e compartilhar meu conhecimento.” REC 20  -­‐  35  anos 38%

16%

11%

35%

36  -­‐  55  anos 44%

13%

21%

22%

56  -­‐  69  anos 30%

7%

30%

33%

70  +  anos 60%

33%

7%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 105

KEY POINT

Conhecimento: para que te quero?

Constatamos nesses últimos quadros a impor tância relativa do conhecimento compartilhado quando a pessoa é idosa; na perspectiva de uma sociedade individualizada, realmente, fica mais fácil “aceitar” tal colocação. No entanto, a proposta para nos reinventar aos 60 anos, depois aos 80 e aos cem (o que vai ser inexorável diante dos avanços tecnológicos e da produção de conhecimento) com certeza vai reequilibrar esse quadro. 106

Frase de concordância “Só quero chegar aos 120 anos se tiver pessoas da minha família por perto.” TOTAL 20  -­‐  35  anos 36%

21%

19%

24%

20%

23%

36  -­‐  55  anos 33%

24%

56  -­‐  69  anos 33%

31%

15%

21%

70  +  anos 51%

22%

13%

14%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 107

Frase de concordância

“Não quero chegar aos 120 anos, é muito tempo.” TOTAL 20  -­‐  35  anos 32%

18%

16%

33%

36  -­‐  55  anos 31%

16%

17%

36%

56  -­‐  69  anos 29%

16%

23%

32%

70  +  anos 19%

18%

23%

40%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 108

Frase de concordância

“Não quero chegar aos 120 anos, é muito tempo.” RJ 20  -­‐  35  anos 31%

17%

19%

33%

36  -­‐  55  anos 20%

30%

15%

35%

56  -­‐  69  anos 42%

14%

14%

30%

70  +  anos 4%

13%

25%

58%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 109

Frase de concordância

“Não quero chegar aos 120 anos, é muito tempo.” REC 20  -­‐  35  anos 5%

8%

19%

68%

36  -­‐  55  anos 15%

19%

19%

47%

56  -­‐  69  anos 17%

13%

20%

50%

70  +  anos 27%

33%

13%

27%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 110

Frase de concordância

“Conquistar esse tempo “extra” seria importante para mim, pois gostaria muito de ajudar outras pessoas.” TOTAL

20  -­‐  35  anos 36%

28%

17%

19%

36  -­‐  55  anos 39%

28%

16%

17%

56  -­‐  69  anos 40%

29%

17%

14%

70  +  anos 36%

24%

20%

20%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 111

Frase de concordância

“Conquistar esse tempo “extra” seria importante para mim, pois gostaria muito de ajudar outras pessoas.” REC

20  -­‐  35  anos 73%

19%

5% 3%

36  -­‐  55  anos 69%

25%

6%

56  -­‐  69  anos 63%

37%

70  +  anos 27%

13%

27%

33%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 112

Frase de concordância

“Conquistar esse tempo “extra” seria importante para mim, pois gostaria muito de ajudar outras pessoas.” RJ

20  -­‐  35  anos 50%

29%

13%

8%

36  -­‐  55  anos 35%

37%

22%

6%

56  -­‐  69  anos 25%

44%

17%

14%

70  +  anos 50%

42%

8%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 113

Frase de concordância

“Conquistar esse tempo “extra” seria importante para mim, pois gostaria muito de ajudar outras pessoas.” POA

20  -­‐  35  anos 21%

39%

8%

32%

36  -­‐  55  anos 30%

25%

11%

34%

56  -­‐  69  anos 29%

21%

29%

21%

70  +  anos 13%

7%

33%

47%

Concorda  totalmente                              Concorda  parcialmente                            Discorda  parcialmente                              Discorda  totalmente 114

KEY POINT

Compartilhando o peixe: onde come um, comem dois!

Mais uma vez, a “filosofia praiana” suportada por um lado emocional mais equilibrado potencializa, e muito, o indivíduo solidário, mais com aqueles que estão mais próximos, é verdade, mas, ainda assim, uma bela esperança para que essas “tribos” convirjam para um solidarismo lato sensu, para a prática do bem comum, sem olhar os olhos de quem quer que seja.

115

Você acredita que é possível viver até 120 anos sem fé?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

sim

14%

   8%

   9%

11%

10%

não

86%

92%

91%

89%

90%

OBS:  Esta  fé  segue  a  mesma  lógica  das  perguntas   anteriores;  não  é  uma  fé  profunda  e  exercitada. base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

116

Qual é o sentido da vida? Qual a receita para uma vida feliz? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

viver  com  alegria

31%

33%

32%

46%

34%

família  unida

25%

27%

25%

59%

30%

ter  esperança

27%

30%

37%

25%

30%

ter  fé

18%

22%

26%

22%

22%

não  se  privar  do  que  gosta

26%

16%

19%

32%

21%

cuidar  bem  da    saúde

17%

17%

17%

30%

18%

correr  atrás  dos  objeQvos

20%

13%

18%

18%

16%

ter  esperança:  No  Recife,  a  porcentagem  chega  a  49%  no  total. ter  fé:  No  Rio  de  Janeiro,  a  porcentagem  chega  a  30%  e  em  Porto  Alegre,  a  19%  no  total. base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

117

Qual é o sentido da vida? Qual a receita para uma vida feliz? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

ter  amigos  por  perto

12%

   7%

11%

16%

11%

ser  honesto

10%

10%

11%

   8%

10%

trabalhar  muito*

10%

   9%

   7%

11%

   9%

praQcar  esportes

   4%

   5%

   4%

   8%

   5%

estabilidade  financeira

   5%

   4%

   4%

12%

   5%

estudar

   5%

   2%

   1%

   5%

   3%

*Em  Porto  Alegre,  a  porcentagem  chega  a  14%  no  total,  e  é  mais  forte  na  primeira  e  segunda  idades. base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

118

Que conselho você daria a um jovem de 20 anos? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

estudar  bastante*

46%

41%

38%

30%

39%

não  se  envolver  com  drogas

26%

39%

34%

35%

36%

trabalhar/ser  úQl

28%

27%

35%

34%

30%

respeitar  os  pais

19%

17%

17%

16%

17%

lutar  pelos  ideais

20%

14%

23%

10%

16%

não  adquirir  vícios

14%

14%

12%

20%

15%

ajudar  o  próximo

17%

10%

16%

18%

14%

*Em  Porto  Alegre,  a  porcentagem  chega  a  43%  no  total. base  20  -­‐  35  anos:  83  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  834  entrevistados  

119

Que conselho você daria a um jovem de 20 anos? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

ser  honesto

11%

14%

17%

13%

14%

ter  fé

   8%

14%

18%

10%

14%

evitar  más  companhias

10%

10%

12%

15%

11%

se  diverQr

24%

   9%

   9%

10%

11%

cuidar  da  saúde

   8%

   8%

   7%

16%

   9%

cuidar  da  aparência

   2%

   5%

   6%

   2%

   4%

praQcar  esportes

   4%

   2%

   5%

   4%

   3%

base  20  -­‐  35  anos:  83  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  834  entrevistados  

120

KEY POINT

Entre uma geração e a próxima

O que uma geração apreende da anterior e o que ela passa adiante. Dos meus pais escuto: seja honesto, transparente, sincero (83%); tenha amor em tudo o que faz (25%); seja digno (25%); trabalhador (25%). Para meus amigos mais jovens e filhos, direi: estude bastante (39%); evite as drogas (36%); trabalhe duro (20%); respeite os seus pais (17%); lute por seus ideais (16%); ajude o próximo (14%); seja honesto (14%); tenha fé (14%). Nitidamente, quando refletimos sobre a substituição de alguns valores, na passagem de uma geração para outra, percebemos, consciente ou inconscientemente, a presença de uma sociedade individualizada, competitiva, que, para enfrentá-la, necessitamos estudar muito, trabalhar duro, respeitar os pais (como um possível oásis), lutar por nossos ideais (somos “guerreiros de causa própria”) ativistas de movimentos sociais secundários. 121

KEY POINT

Entre o céu e a terra.

Em contrapartida, surge a importância da fé; o contraponto, um suporte que carrega consigo a esperança de uma interdependência social, ao contrário da individualização (pelo menos pertenço a uma tribo e contribuo para a construção de “nossas igrejas”). Já mencionamos anteriormente que essa fé, na maioria dos casos, não está associada a uma prática religiosa relevante, mas com certeza desses 14%, 2% estão buscando religar suas conexões com este universo. Então, mais uma boa notícia: já somos milhões de pessoas evoluindo na sua prática espiritual e, como consequência, a atual geração recomenda à futura (14%) a ajuda ao próximo; sabemos também que a maioria desses 14% refere-se aos “próximos mais próximos”, mas, ainda assim, temos centenas de milhares de jovens já trilhando esses novos caminhos. 122

A reflexao ˜ 123

Os brasileiros estudiosos e os brasileiros A seguir veremos os pontos de vista dos vários especialistas, vez por outra, entremeados com as percepções das pessoas que participaram de discussões em grupos provenientes das classes A, B e C da cidade de São Paulo.

124

A lógica de apresentação deste segmento V i s a n d o o rd e n a r a a p re s e n t a ç ã o d o s pr incipais pontos discutidos entre os profissionais especialistas, separamos cada grande questão por tema. A exposição deles será precedida por um resumo básico; na sequência, um sumário organizando a ordem d o s s t a t e m e n t s d o s d e b a t e d o re s e , eventualmente, fechamos com nossos Key Points. 125

Notícia auspiciosa? No Brasil, a expectativa de vida aumentou significativamente nos últimos anos. Ela chegaria a 74 anos... mas nós temos o genoma, a carga genética, para chegar, nos dias de hoje, aos 120 anos!!!

126

RESUMO

Notícia auspiciosa?

Carga genética para os 120 anos Os avanços da ciência, da tecnologia, da biotecnologia, da neurotecnologia e da nanotecnologia contribuíram para a constatação de que temos o genoma, a carga genética, para chegar aos 120 anos. Esse cenário fica mais positivo ainda quando lembramos que estão sob controle as doenças perinatais, infectocontagiosas, entre outras, que impediriam, teoricamente, que 100% das pessoas que nascem morram com a idade máxima. Resta ainda resolvermos o problema das doenças crônicas, somatórias, como as cardiovasculares, decorrentes de um estilo de vida não saudável, em que o ambiente impede que as pessoas apresentem a expectativa de vida máxima. O transumanismo, uma filosofia emergente que analisa e incentiva o uso da ciência e da tecnologia para superar essas limitações e melhorar a própria condição humana ao longo do tempo, já é uma realidade. 127

RESUMO

Notícia auspiciosa?

A longevidade Já existem locais no mundo onde as pessoas são mais longevas, ultrapassando a marca dos cem anos de idade; são as chamadas Zonas Azuis (Loma Linda, na Califórnia; península de Nicoya, na Costa Rica; Sardenha, na Itália; Icária, na Grécia; ilhas de Okinawa, no Japão). Esses grupos possuem características e práticas específicas que corroboram essa alta incidência em longevidade, como, por exemplo, vida harmônica em sociedade, respeito à família e às tradições, alimentação natural e atividades físicas frequentes. Portanto, se de um lado temos a possibilidade de uma vida biológica cada vez mais longa, por outro, temos ainda que vencer o desafio de uma vida profissional, corporativa cada vez mais curta, o que é agravado com a ausência de emprego suficiente para todos. A maioria das pessoas ainda não se deu conta dessa realidade e não compreendeu por que precisam se preparar, de todas as maneiras e em todos os sentidos, para não correrem o risco de perder o sentido da sua própria vida. 128

RESUMO

Notícia auspiciosa?

Aprender com exemplos Se pegarmos como exemplo a Alemanha, podemos evidenciar traços culturais que são completamente antagônicos aos do Brasil. Trata-se de um país formado por um enorme contingente de idosos, o que levou o Estado a focar o bemestar social. Já o Brasil mantém características de país subdesenvolvido, onde poucas coisas funcionam bem, que hipervaloriza a juventude, desrespeita o velho e, consequentemente, o cuidado dos idosos depende deles mesmos e/ou dos próprios filhos. Ou seja, para atingirmos a longevidade, pensando num cenário que abrace melhor a qualidade de vida, dependemos de uma verdadeira revolução na educação e na prática das políticas públicas e privadas. 129

Notícia auspiciosa?

Sumário dos statements • A real possibilidade de se chegar aos 120 anos. • Com isso, o surgimento das chamadas Zonas Azuis. • Sendo assim, caminhamos para o transumanismo? • Nem tudo são flores: os contrapontos da longevidade. • E ainda temos a disparidade na cultura do envelhecimento.

130

Notícia auspiciosa?

A REAL POSSIBILIDADE DE SE CHEGAR AOS 120 ANOS



        São  dois   aspectos   conceituais  importantes:  um  é  a   expecta7va   de  vida   e   o   outro,  a  longevidade.  A  longevidade  diz  por  que  100%  das  pessoas  que  nascem   não  morrem  com  a  idade  máxima.  Então  você  tem  que  ver  que  as   doenças  que   mais  matam,  as  chamadas  perinatais,  doenças  infectocontagiosas,  etc.  já   estão   sendo   dominadas   pela   ciência,   então   temos   uma   redução   da   mortalidade   infan7l   e   temos   um   aumento   da   mortalidade   dos   jovens,   par7cularmente   mortes  violentas.  No  Brasil,   a   expecta7va  de  vida   chegaria   a  74  anos,   eu   não  sei   se  120.  Tem  uma  série  de   cálculos,  mas  nós  temos  o  genoma,  a  carga  gené7ca,   para  chegar   aos  120  anos.  Já  a  expecta7va  de  vida  abrange  tudo  o  que  impede   que   100%  das  pessoas   que  nascem   cheguem  lá  na  frente.  Falamos   de  doenças   cardiovasculares,  que  são   crônicas,  pois  se   trata  de   somatórias.  Aí  grande  parte   dos  fatores  de   risco  dessas  doenças  crônicas   é  decorrente  do  es7lo  de  vida  não   saudável,  em  que  o  ambiente   impede  que  as  pessoas   apresentem  a  expecta7va   de  vida  máxima  –  quer  dizer,  à  medida  que  o   tempo  passa  e  que  a  ciência  está   dando  sua  contribuição,  então  temos  um  aumento  dessa  expecta7va  de  vida.



por Roberto Carlos Burini 131

Notícia auspiciosa?

COM ISSO, O SURGIMENTO DAS CHAMADAS ZONAS AZUIS



       No  Brasil  tem  um  con7ngente  de  cerca  de  23  mil  centenários;   na   França,   em   2005,   estava   em   torno   de   17,   18   mil;   no   Japão   também.   Quer   dizer,   estamos   evoluindo   como   todo   o   resto   do   mundo.   Mas   existe   esse   ambiente  ideal  dos  genes  longevos?  Então  tem  as  chamadas  Zonas  Azuis,   locais   no   mundo   onde   as   pessoas   são   mais   longevas,   ultrapassando   a   marca   de   cem   anos   de   idade:   Loma   Linda,   na   Califórnia;   península   de   Nicoya,   na   Costa   Rica;   Sardenha,   na   Itália;   Icária,   na   Grécia   e   as   ilhas   de   Okinawa,   no   Japão.   Tais   regiões   foram   iden7ficadas   por   cien7stas   e   demógrafos   que   constataram,   nos   locais,   caracterís7cas   e   prá7cas   específicas   que   corroboram   essa   alta   incidência   de   longevidade:   os   habitantes   dessas  regiões  têm  pontos  em  comum,  vivem  harmonicamente   em  sociedade,  respeitam  a  família,  têm  tradições,   alimentação  baseada  em   alimentos   integrais   e   naturais,   são   fisicamente   a7vos.   Então,   tem   um   padrão  que  é  um  paradigma  para  nós.  



132

por Roberto Carlos Burini

Notícia auspiciosa?

SENDO ASSIM, CAMINHAMOS PARA O TRANSUMANISMO?



       Longevidade  é  uma  promessa  que  vem  dos  países   de  primeiro  mundo,   dos  avanços  tecnológicos,   em  termos  que  me  parecem  uma   ficção.  Basta   entrar   na   internet   que   vocês   vão   ver   uma   tendência   que   hoje   se   chama     transumanismo   (trata-­‐se   de   uma   filosofia   emergente   que   analisa   e   incen7va   o  uso  da  ciência   e  da   tecnologia,   especialmente  da   biotecnologia,   da   neurotecnologia   e   da   nanotecnologia,   para   superar   as   limitações   humanas:   intelectuais,   rsicas   e   psicológicas   e   assim   poder   melhorar   a   própria   condição   humana).   É   a   possibilidade   de   você   extrair   o   cérebro   e  



colocá-­‐lo  num  outro  corpo,  porque  o  nosso  está  obsoleto.

por Maria Lúcia Santaella Braga 133

Notícia auspiciosa?



NEM TUDO SÃO FLORES: OS CONTRAPONTOS DA LONGEVIDADE

Existem   três   fenômenos   que   estão   acontecendo   ao   mesmo   tempo,   dos   quais   as   pessoas  ainda  não  se  deram  conta: 1.   A   vida   biológica  está   cada   vez   mais   longa:  74  anos   é   a   expecta7va   média   de   vida.   Já     temos  23  mil  pessoas  com  mais  de   cem  anos  no  Brasil.  Então  nós  vamos  viver  mais.   O  que   os  franceses  levaram  cem  anos  para  fazer,  que  era  a  expecta7va  de   vida,  o  brasileiro  fez   em  50.  Nós  somos  apressados! 2.   A   carreira,   a  vida  corpora7va  é  cada   vez   mais   curta:  você  vai   chegando   aos  55  anos  e  o   seu   chefe   o   chama  para  uma   conversa,   falando   que   está   na   hora   de   você   enfrentar  um   novo  desafio  –  daí  você  é  demi7do. 3.   Não  há   emprego   para  todo  mundo,   devido  ao  fenômeno  da   tecnologia  digital:   em  cada   dez  alunos  de  uma  faculdade,  quatro  nunca  terão  um  emprego  decente. Veja  o   paradoxo:  vida   biológica   mais   longa,   com  uma   vida  corpora7va  mais  curta  e   não   tendo  emprego  para  todo  mundo.  Aí  entra  a  racionalidade:  você  precisa  se  preparar! Num  congresso  preparatório  para  os  futuros  aposentados,  chegou-­‐se  à  conclusão  de  que   ninguém  sabia  o   que  iria   fazer   até  lá.  Falar   que  vamos   viver   até  os  120  anos  fará  com  que   a   maioria   saia   correndo   apavorada,   porque   as   pessoas   não   estão   preparadas   para   isso.   Tem  gente  de  20  anos,  gente  com  60  anos  se  preparando  para  viver  bem  a  longevidade,   e   o  segredo  é  você  ser  relevante  no  meio  em   que  vive.  Você  não   pode  ficar  sem  nada  para   fazer. por Júlio César Cardozo 134

Notícia auspiciosa?

E AINDA TEMOS A DISPARIDADE NA CULTURA DO ENVELHECIMENTO



        A   Alemanha   e   o   Brasil   são   os   dois   países   de   culturas   mais   antagônicas   que   podemos   ter.   A   Alemanha   é   um   país  de   velhos   e   está   tudo   preparado   para   eles.   Falamos  de   um  país  onde   o   Estado   cuida,  ou  seja,  é   um  Estado-­‐pai;   a  família  lá  é   nuclear,   então   o   filho   casa   e   cada   um   tem   o   seu   núcleo.   Já   no   Brasil   existe   a   preocupação:  se   meu  pai  e  minha  mãe   ficarem  velhos,  eu   é   que  vou  ter  que  cuidar.   Aqui   é   o   avesso:   nós   vivemos   num   país   de   hipervalorização   da   juventude,   que   maltrata   o   velho,   que   não   está   preparado   para   o   envelhecimento   depois  dos   70,   imagine  então  dos  120  anos!  Vivemos  uma  heterogeneidade  radical:  enquanto   na   Alemanha   você   tem   um   país   de   bem-­‐estar   social,   aqui   você   tem   um   capitalismo   selvagem,   em   que   poucas   coisas   funcionam   bem,   então   temos   um   país   para   construir.   Vamos  pegar   o   exemplo   do  BRIC.  Se   formos  olhar   cada  um  dos   países,  é   um  pior   que   o   outro,   mas  na   China   tem  gente   que   ganha   US$   5   por   dia,   mas,   ao   mesmo   tempo,   o   país   está  fazendo   a   coisa  correta,   pois   está  inves7ndo  tudo   o   que   pode   em   educação!   Então   as   diferenças   sociais   na   Rússia,   Brasil,   Índia   e   China   são   dramá7cas,  profundas,  drás7cas,  mas  par7cularmente   no   Brasil,  parece   endêmico   e   incorrigível:   longevidade   depende   da   educação   da   população   e   da   vontade   polí7ca. por Maria Lúcia Santaella Braga 135

KEY POINT

Notícia auspiciosa?

Falta de planejamento?! Na verdade, nos falta um projeto de país, pois estamos tentando equacionar questões que eram impor tantes ontem (no período capitalismo selvagem) e que viraram urgentes hoje. Mal estamos conseguindo dar conta de projetos básicos em todas as frentes, da infraestrutura à educação. Esta última, então, tem um desafio imenso, que, não é mais o de copiar o modelo sulcoreano da década de 60!!! 136

KEY POINT

Notícia auspiciosa?

Falta de planejamento?! Como vimos na parte quantitativa deste estudo, o grau de despreparo da sociedade brasileira para o que está por vir é significativo. Temos que repensar do zero a política educacional: F u n d a m e n t a l , M é d i o, U n ive r s i t á r i a e principalmente a dos Seniores. São tarefas hercúleas e urgentes, uma vez que, sabemos, a partir de 2020, os chamados idosos serão maioria e essa imaturidade deles mesmos, com relação a sua visão de mundo com certeza vai nos levar a grandes gargalos na economia e no relacionamento social. 137

E os brasileiros estão conscientes disso?

138

RESUMO

E os brasileiros estão conscientes disso?

Saber não é querer fazer! A longevidade está na moda como uma espécie de imperativo ético contemporâneo, mas não significa que a partir dessa premissa exista um movimento diário e constante a favor de um estilo de vida mais saudável, principalmente se projetado para alcançar um futuro mais “tranquilo”. A maioria das pessoas sabe que pode viver mais, mas prefere limitar seu tempo de acordo com os padrões familiares recorrentes, ou seja, os 80 anos, porque a perda de saúde, a dependência e a solidão são fatores negativos que acabam pesando mais que os positivos, que necessariamente significam mudanças e mais disciplina, tanto física como mental. É perceptível que ninguém está muito disposto a abrir mão das suas indulgências, seja pelos fatores externos, que contribuem como obstáculos, seja porque esse é um assunto adiado pela distância da sua chegada. 139

RESUMO

E os brasileiros estão conscientes disso?

O papel da mulher agora é a soma do velho e do novo As mulheres têm uma certa vantagem no envelhecer melhor, porque elas são mais autônomas e se viram mais facilmente sozinhas, enquanto o homem que fica viúvo busca rapidamente um novo par que possa cuidar dele, para ter, então, uma vida mais regrada na velhice. Mas é importante ressaltar que a condição da mulher brasileira mudou: ela já não tem como prioridade apenas a busca pelo seu lugar de afirmação pessoal e maternal, como era o costume. Agora ela luta pela sua participação no mercado de trabalho e o desejo passa a ser, também, o de afirmação social. 140

E os brasileiros estão conscientes disso?

Sumário dos statements • A longevidade em voga. • Projeções otimistas sobre o envelhecimento. • Então, para melhorar, mudei parte dos meus hábitos. • A prática mostra que as mulheres já saem na frente. • Isso porque elas têm um novo estímulo.

141

E os brasileiros estão conscientes disso?

A LONGEVIDADE EM VOGA



       A  longevidade  virou  um  assunto  de  pauta   com   a  constatação  dos  efeitos   dos   avanços   da   medicina.   Não   só   com   a   constatação   lógica   das   possibilidades  reais  de  extensão  da  vida,  mas,  mais  do  que  isso,  virou  um   tema   é7co   contemporâneo,   uma   espécie   de   impera7vo   é7co   contemporâneo.  Começa   com  a   ideia   de   potência.  A   vida   pode   ser   vivida   de  forma  potente,   por   todo  e  qualquer   um,   de  tal  forma  que  lhe   cobram   uma  espécie  de  dever  moral  de  manter  a  própria  potência,   sob  pena  de  ser   acusado  de  falta  de  amor  próprio:  você  não  se  ama,  você  sabota  a  sua  vida,   porque  a  vida  nela   mesma,  a  vida  tal  qual  lhe  é  dada,  lhe  é   franqueada,  é  a  



vida  que  pode  ser  vivida  na  plena  potência.

142

por Júlio César Pompeu

E os brasileiros estão conscientes disso?

PROJEÇÕES OTIMISTAS SOBRE O ENVELHECIMENTO Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Com  saúde,  lúcido,  com  dinheiro  e  uma  vida  tranquila.” Jovem AB

“Vou  ser  uma  velhinha  cheia  de  netos.” Jovem C

“Chegando   com   saúde   e   lúcido,   acho   ó7mo!   Viver,   aprender   a   cada   dia,   viajar.  O  que  a  gente  leva  desta  vida  é  o  conhecimento.” Adulto AB

“Super-­‐humanos!   Pessoas   especiais   com   qualidade   de   vida   e   bem-­‐estar.   Me  vejo  a7vo,  como  o  Oscar  Niemeyer.”   Sênior C

143

E os brasileiros estão conscientes disso?

ENTÃO, PARA MELHORAR, MUDEI PARTE DOS MEUS HÁBITOS Na visão dos brasileiros (minigrupos) Vou  ao  médico  de  seis  em  seis  meses.” Jovem AB

“A   gente   é   o   que   come.”   /   “Eu   me   preocupo   com   a   saúde   e   quero   ir   ao   médico  para  modular  meus  hormônios:  não  quero  envelhecer.” Adulto AB

“Estou  tentando  fazer  caminhada,  tentando  que  vire  um  hábito.” Sênior AB

“Procuro   comer   comida   colorida,   legumes,   frutas.   Nada   em   demasia,   o   suficiente   para   saciar   a   fome.   Tomo   bastante   líquido.”   /   “Sou   a7va,   faço   exercício.  É  men7ra  quem  fala  que  não  dá  para  fazer,  é  só  querer.” Sênior C 144

E os brasileiros estão conscientes disso?

A PRÁTICA MOSTRA QUE AS MULHERES JÁ SAEM NA FRENTE



       Acho  que  as  mulheres,  no  fim,   acabam  tendo  uma   certa   vantagem  de   envelhecer   melhor,   porque   elas   se   viram   mais   facilmente   sozinhas.   O   homem  que  fica  viúvo  rapidamente   quer  arrumar  alguém  para  cuidar  dele   e   ele  tem   sorte,  porque  é  a  lei  da   oferta  e  procura:  nos  bailes   do  SESC,   por   exemplo,   os   homens   desfilam   feito   uns   pavões,   com   um   ego   desse   tamanho,   porque   são   disputados   a   tapa.  E,   se   ele   consegue   alguém   para  



cuidar  dele,  está  ó7mo,  vai  ter  uma  vida  mansa  na  velhice.

por Jose Carlos Ferrigno 145

E os brasileiros estão conscientes disso?

ISSO PORQUE ELAS TÊM UM NOVO ESTÍMULO



    A   condição   da   mulher   mudou.   Por   que   ela   não   quer   mais   ter   filhos?   Porque   ela   quer   encontrar   o   seu  lugar   na   sociedade!  Nós  ganhamos  essa   liberdade   nos  anos  60  e   70,  com  a   pílula  an7concepcional,  e  outra  coisa:  a   mulher  brasileira  tem  caracterís7cas  muito  especiais,  se   comparada  com  a   mulher   americana,   que   acabou   encontrando   sua   voz   naquele   feminismo   ridículo.  A  brasileira  tem  um  princípio  de  busca  que  é  muito  interessante,   é   a   par7cipação  no  mercado  de  trabalho  e   o  desejo  de  encontrar   seu  lugar  



de  afirmação  social  e  não  apenas  pessoal  e  maternal.

por Maria Lúcia Santaella Braga 146

KEY POINT

E os brasileiros estão conscientes disso?

O inconsciente da consciência A consciência dos brasileiros, diante da longevidade, existe e é fato: 49% dos brasileiros, de alguma maneira, têm acesso às informações sobre os avanços nas diferentes áreas da saúde e consequentemente sabem como isso impacta no aumento da expectativa das suas vidas. Mas, como tudo na vida, a teoria é uma, enquanto a prática é outra; poucos aplicam esse conhecimento no cotidiano, porque a transformação depende de uma autoestima e de um autoconhecimento. O ato de envelhecer, para a maioria, ainda está atrelado à limitação física e mental, em que o significado dos anos acaba se resumindo à decrepitude. Então, se tiverem a sorte de ter saúde com independência financeira e a alegria de algum neto como motivador, já está de bom tamanho; ou seja, é assustador perceber que os anos de vida a mais acabam sendo rejeitados pela ausência de sentido e ocupação. 147

KEY POINT

E os brasileiros estão conscientes disso?

E o que será da mulher?

A mulher está cada vez mais ambiciosa e há tempos já não se contenta mais em ser uma boa dona de casa e boa mãe. Ela precisa ser uma boa profissional também e suas principais características femininas, ou seja, saber ouvir, ser mais atenta, intuitiva, mais sensível e acolhedora, além da conquista do espaço nas universidades, a tornaram mais apta para as ocupações do trabalho remunerado. O reconhecimento financeiro foi o pivô para se transformar no principal objetivo de realização pessoal, principalmente quando a mulher passou a contribuir com o orçamento familiar. Como consequência, cresceram os fatores tipicamente masculinos: a agressividade já é uma constante no antigo “sexo frágil”; o consumo de drogas legais, como o tabaco e a bebida, e as ilícitas; a carga de trabalho e suas responsabilidades acarretaram a incidência de infartos, derrames e câncer. Então, os mesmos valores que capacitaram e diferenciaram as mulheres, no início da década de 60, hoje diminuem na mesma medida em que elas aumentam sua participação no mercado de trabalho. Nasce uma mulher híbrida? 148

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

149

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

RESUMO

Negação As pessoas não se enxergam nada velhas. O que predomina é a negação da velhice, por conta da fixação na juventude. Então, a questão do envelhecimento, de acordo com a atemporalidade do insconsciente freudiano, mostra que ainda precisamos que outras pessoas nos informem sobre essa passagem de nível na vida, que geralmente é feita através do tratamento cada vez mais reverencial. Outra forma de negação é a opção por uma vida de ativismo, que é uma armadilha, pois é uma obsessão por estar sempre fazendo alguma coisa e age como um fator de alienação, um mecanismo de defesa contra a angústia de se estar cada vez mais próximo da morte. Já a escolha por uma vida ativa é cercada por atividades que fazem sentido para a pessoa e atua como fator de integração, autoconhecimento e desenvolvimento de uma consciência crítica em relação à realidade. 150

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

RESUMO

O ato de envelhecer A reflexão que temos que considerar sobre o envelhecimento é baseada nas escolhas que fazemos, pois tudo depende do olhar que colocamos sobre a realidade: se valorizamos mais as perdas ou se enfatizamos o ganho. Morrer não é o pior cenário; pior mesmo é a perspectiva da decrepitude e da perda da identidade, situações que colocam a dignidade das pessoas em xeque. Nesse sentido, uma das coisas mais tristes e cruéis é a necessidade de dependência da família ou de um cuidador, somada às perdas que vão se acumulando nessa trajetória. Temos então as principais questões que levam o ser humano a desistir da própria vida. 151

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

RESUMO

Morte que fica e a que vai A condição humana tem outro problema: não sabe lidar com a morte, com a finitude. O enfrentamento da morte é uma questão mal resolvida, pois existe uma cobrança acirrada da sociedade para os que ficaram, de se recuperarem logo e mostrarem alegria instantânea, ou seja, entra a alienação contra a tristeza. Mas ainda não existe remédio melhor do que encarar a tristeza no momento em que ela surge e chorar até que ela parta, porque assim você se liberta e não precisa mais carregar esse sentimento pelo resto da sua existência. No caso das pessoas que se vão, a fórmula utilizada para se manterem na eternidade está na ideia da obra, para se manterem imortais, mas ainda não encontraram um jeito de se tornarem “imorríveis”! 152

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

Sumário dos statements • Não encara!!! Ele é informado pelo outro! • Velho? Eu??? • Vida ativa não significa ativismo. • Reflexões que levam a escolhas. • A decrepitude é mais pavorosa do que a morte. • Sua visão é sempre a de um cenário sombrio. • De frente para a morte. • E como fica a vida diante das perdas? • Então é melhor enfrentar do que fugir. 153

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

NÃO ENCARA!!! ELE É INFORMADO PELO OUTRO!



      A   questão   do   envelhecimento   é   informada   pelo   outro.   Embora   todo  

mundo   tenha   espelho   em   casa,   de   fato,   a   velhice   surge   a   par7r   do   tratamento  que  nos  dão:  primeiro  “7o”,  depois  “senhor”,  então  “avô”  –  a   coisa  cada  vez  mais  reverencial   no  tratamento,  a  gente  vai  se   dando  conta   de   que   está   entrando   em   uma   outra   fase   da   vida.   Sem   entrar   muito   no   “psicologuês”,   eu   penso   que,   de   acordo   com   o   inconsciente   freudiano,   o   envelhecimento  é   atemporal,  e   me  pergunto  também   se  ele  tem   toda  essa   influência  sobre  o  nosso  comportamento.  Se  não  é  exatamente  por  causa   dessa   atemporalidade   que   a   gente   não   sente   por   dentro,   que   o   tempo  



passa  e  precisa  ser  informado  pelo  outro.  É  um  fenômeno  estranho  esse!

por José Carlos Ferrigno 154

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

VELHO? EU???



        É   absolutamente  incrível   que  as   pessoas   não   se   veem  nada  velhas.   Isso,  

no   consultório,   é   uma   doideira.   Coisa   mais   comum   é   a   pessoa   sair   ou   entrar   na   sala   e   comentar:   ‘Nossa   Senhora!   Quantos   anos   ela   tem?   Está   acabada…’,  sendo  que  ela  é  cinco  anos  mais  nova  do  que  a  que  entrou.  Isso   é  ro7na!  





por João Toniolo Neto

       Eu  acho  que  é  uma   fixação  na  juventude,   uma  não  percepção  do  tempo.  

Como  já  se  falou,  velho  é  o  outro,   eu  não.  Eu  me  recuso  a   aceitar  a   imagem   que   o   espelho   me   propõe.   Provavelmente   o   espelho   está   louco,   não   sou   essa   pessoa   refle7da.   Então,   acho   que   a   questão   da   negação   da   velhice   ainda  é  predominante.



por Shirlei Schnaider Borelli 155

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

VIDA ATIVA NÃO SIGNIFICA ATIVISMO



         Você  tem  que  ser  a7vo,  então  é  importante  a  gente  refle7r:  o  que  é  uma  

vida   a7va   e   o   que   é   um   a7vismo.   Eu   conheci   pessoas   idosas   que   eram   obsessivas   para   estarem   sempre   fazendo   alguma   coisa   e   percebi   que,   muitas   vezes,   isso   era   um   mecanismo   para   a   pessoa   se   defender   da   angús7a   de   saber   que,   à   medida   que   se   envelhece,   está   cada   vez   mais   próximo  da  morte,  do  fim.





por João Toniolo Neto

      Há   que   se   diferenciar   uma   vida   a7va   de   uma   vida   caracterizada   como   a7vismo   febril,   porque,  é  óbvio,   as   a7vidades  têm  que  fazer  sen7do  para  a   pessoa   e   elas   não   podem   ser   um   fator   de   alienação;   pelo   contrário,   têm   que  ser  um  fator  de  integração,   autoconhecimento  e  desenvolvimento  de   uma   consciência   crí7ca   em   relação   à   realidade.   E   a   gente   percebe   que   muitos  idosos  caem  nessa   armadilha,  de  achar  que   envelhecer  bem  é  ficar   irrequieto  o  tempo  inteiro.



por José Carlos Ferrigno 156

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

REFLEXÕES QUE LEVAM A ESCOLHAS



      Tudo   na   vida   tem   os   prós   e   os   contras,   ou   seja,   vantagens   e  

desvantagens.   Por   um   lado   pode   ser   dircil   enfrentar   o   momento   de   ruptura.  Tudo  depende  de  como  a   gente  lida   com   a   vida:   se  a   gente  olha   principalmente   para   a   perda   ou   se   enfa7za   o   ganho,   é   uma   escolha   do   olhar   que   a   gente   coloca   sobre   a   realidade.   Então   é   um   momento   de   transição   que   nos   força,   evidentemente,   a   pensar   sobre   a   questão   do   envelhecimento,   e   eu   vou   con7nuar   pensando   até   o   úl7mo   suspiro,   se   7ver  sorte  e  não   dementar.   Então,  essa  é  a  questão   agora:  refle7r  sobre  o  



próprio  envelhecimento  é  sempre  uma  coisa  dircil.

por José Carlos Ferrigno 157

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

A DECREPITUDE É MAIS PAVOROSA QUE A MORTE



        Parece  que  morrer  não  é  o  pior;  o  pior  é  a  perspec7va  da  decrepitude,  

perder   a   iden7dade,   preocupar-­‐se   que   pessoas   tenham   que   cuidar   da   gente.   A   decrepitude   é   incrivelmente   triste.   A   situação   que   coloca   a   dignidade  da  pessoa   em  decrepitude,  diante  da  família   ou  dos  cuidadores  



em  torno,  é  muito  cruel.

por Pedro Luiz de Santi

158

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

SUA VISÃO É SEMPRE A DE UM CENÁRIO SOMBRIO Na visão dos brasileiros (minigrupos)

“Se  eu  parar  de  fazer   tudo  o  que   eu  faço  hoje,   acho  que  morro:   primeiro   na  alma  e,  na  sequência,  no  corpo.” “O  idoso   não  tem   condições   de  mobilidade   urbana   e  isso  acaba   afetando  a   qualidade  de  vida  dele.” Adulto AB

159

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

DE FRENTE PARA A MORTE



       O  que  o  ser  humano  quer?  Ele  vive  150  anos  e  não  resolveu  o  nosso  problema   fundamental,  que  está  lá  em  Lacan:  “O  que  nós  ganhamos  ao   viver?  A  morte!”.   Heidegger  dizia:  “O  ser  humano  é  um  ser  para  a  morte”.  O  ser  humano  é  o  único   animal   que   sabe   que   vai   morrer   porque   tem   consciência   e   isso   nos   descarna.   Uma  das   questões  da   desistência   da  vida  são  as   perdas  que  vão  se  acumulando.   Então,  numa  sucessão  de  perdas,  a  pessoa  perde  mesmo  a  vontade  de  viver.



por Maria Lúcia Santaella Braga



       A   condição  humana  tem  um  problema  que   é  não  saber  lidar  numa  boa  com  a   morte  e  com   a  finitude.  Você  tem  consciência,  então  deve  saber  lidar  com  isso.  E   como   você   lida   com   isso?   Pela   alienação,   você   se   aliena   da   morte.   Como   faz   isso?  Na  ideia   da   obra,  a  obra  que  eu  faço  ficará  para   a  eternidade,  como  se  o   fato  de  alguém  ficar   recitando   o  seu  livro   daqui  a  cem  anos  signifique   que  você   não  morreu.  Imortais  da   Academia  Brasileira   de  Letras  são  imortais,  mas  não  são   imorríveis. por Júlio César Pompeu 160

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

E COMO FICA A VIDA DIANTE DAS PERDAS? Na visão dos brasileiros (minigrupos)

“Viver  no  presente  com  a  cabeça  no   passado,  vivendo   de   lembranças   e  de   saudades.”   Adulto AB

“É  complicado.  Quando  o  meu  irmão  morreu,  eu  achava   que  seria   o  fim  do   mundo.  Foi  duro,  mas  o  mundo  não  acabou.” Adulto C

161

Como o brasileiro encara o envelhecimento?

ENTÃO É MELHOR ENFRENTAR DO QUE FUGIR



       Existe   a   questão  entre  o   enfrentamento  da  morte  de   um  ente   querido   e  

a   cobrança   da   sociedade   para   que   a   pessoa   fique   logo   bem,   e   a   minha   colocação   é:   qual  seria  o  “tristômetro”  que  mede   a   tristeza  adequada   para   a   morte?   As   pessoas   cobram   a   alegria   das   pessoas   três   dias   depois   da   morte,   por   quê?   Porque   você   tem   que   ser   alienado   à   tristeza,   completamente.   Precisa   procurar   um   psiquiatra,   porque   alguém   tem   que   lhe   dar   uma   bolinha   para   que   fique   feliz.   Se   o   momento   é   de   tristeza,   a   melhor   coisa   que   se   tem   a   fazer   é   encarar   a   tristeza,   porque,   se   não   encarar   a  tristeza  no  momento   da   tristeza  e  ficar  se  alienando   a  ela,   então   vai   carregar   esse   sen7mento   pelo   resto   da   sua   existência   e   vai   chorar   a   morte   não   chorada,   mesmo   naquele   momento   em   que   a   vida   está   mais   animadinha  e  tem  tudo  para  valer  a  pena.  

162



por Júlio César Pompeu

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

163

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

RESUMO

As fases no gerúndio A biologia conceitua a adolescência como a fase da conquista, da força, da velocidade, enquanto a senescência é a fase das perdas, principalmente as fisiológicas. Só que vivemos numa época em que não existe mais uma identidade definida e as divisões das etapas da infância, adolescência, maturidade e terceira idade ficaram tão imprecisas que desapareceram quase por completo. O ritmo do envelhecimento é muito individual em função dos fatores endógenos e exógenos, ou seja, não existe um grupo majoritário que vai envelhecer do mesmo jeito, com as mesmas necessidades e as mesmas possibilidades, porque esse é o momento em que todo o seu ciclo de vida e o ciclo genético deságuam. Nesse contexto, os otimistas viverão mais que os pessimistas e a expectativa do velho desaparecerá. 164

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

RESUMO

O limbo da transição Nesse momento de transição, nenhum de nós sabe muito bem que espaço ocupar, que roupas usar e como devemos nos relacionar. A única certeza que temos sobre o futuro é que ele será completamente diferente do que é hoje, tão avassaladora é a aceleração das transformações sociais e psíquicas que influenciam o comportamento e até as habilidades mentais. O modelo de vida voltado para a plena potência da juventude, em que a promessa de viver eternamente como jovens reafirma o imediatismo e, consequentemente, o desejo de adiar tudo o que vem pela frente, desencadeia também uma ausência de perspectiva de vida, ou seja, do que queremos construir para nós mesmos, refletindo no acomodamento, tanto pessoal como profissional. 165

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

RESUMO

O que se espera de cada um Essa crise de identidade começa com a cobrança social feita quando o indivíduo ainda é adolescente e acaba servindo como balizamento para o resto de sua vida. As regras impostas são para que ele estude, seja um bom profissional, constitua família, seja um cidadão do bem e bem-sucedido em todos os aspectos. Cumprida essa parte, não existe uma regra clara de continuidade do que se esperar da pessoa que está envelhecendo, pois o seu discurso é contraditório e ambíguo, uma vez que o ideal gira em torno de um idoso bacana e ativo, sendo que o próprio interlocutor não acredita que isso seja possível. 166

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

Sumário dos statements • Uma época sem identidade definida. • Qual é a fórmula do envelhecimento se cada um é um? • Não existe padrão para a chegada da velhice! • Ou seja, vivemos num momento de transição. • Onde a velocidade das mudanças é avassaladora. • “Quando se navega sem destino, nenhum vento lhe é favorável” - Sêneca. • Futuro profissional: uma luz ou um completo limbo? • Ambiguidade no discurso do que se espera de cada um. 167

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

UMA ÉPOCA SEM IDENTIDADE DEFINIDA



     A  gente  vive  numa  época  que  não   tem  mais   uma  iden7dade  definida.  A   princípio,  o  que   é  ser  criança,   adolescente,   adulto,  idoso?  Isso   meio  que  se   esfumaçou   num   espaço   de   dez,   20   anos   e   a   gente   pode   imaginar   que   alguém  com  40  anos  seja  jovial,  ou  que  alguém  com  60,  70,  ou  mesmo  80   anos   também   não   tenha   iden7dade   de   velho,   daquelas   que   a   gente   não   queria   para   a   gente.   Ninguém   mais   sabe   dizer   o   que   é   um   adolescente,   pouca  gente  acha  que  existam  adultos,  ou  adultos  estão  em  ex7nção;  em  



compensação,  do  outro  lado,  a  expecta7va  do  velho  desaparece.

por Pedro Luiz de Santi 168

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?



QUAL É A FÓRMULA DO ENVELHECIMENTO SE CADA UM É UM?

        Quando   o   sujeito   nasce,   existe   o   pediatra.   Depois   tem  a   primeira   infância,   a   idade   pré-­‐escolar,   quer   dizer,   em   dez   anos   de   vida,   ele   tem   pelo   menos   umas   quatro  ou  cinco   classificações.  Mas  o  sujeito,  após  os  30,  é  maduro;  após  os  60  é  da   terceira   idade,   sendo   que,   claramente,   biologicamente,   a   gente   sabe   que   não   é   isso.  Uma   pessoa  de  70  anos  tem  um  es7lo  de   vida  diferente   do  de   uma  de  90.  Por   que  a  gente  tem  que   classificar  o  tempo  todo?  Eu  acho  que,  em  Biologia,  existe   um   conceito   mais   eclé7co:   você   tem   adolescência,   que   é   uma   fase   de   conquista,   em   que   você  conquista  força,  velocidade;   e  você   tem  a  senescência,  que  é   a  parte  de   perdas;  ela  é  mais  fisiológica.  Agora,  existem  pessoas   que  não  precisam  estar  com   70   anos   para   perder;   tem   pessoas   que   perdem   aos   40.   A   gente   perde   massa   muscular,   1%   a   2%   por   década   e   perde   força,   3%   por   década.   Mas   tem   muitas   pessoas  que  com  40   anos  já  estão   debilitadas.   Aí  começa   a   haver   essas  doenças  de   base,  câncer,  etc.  O  problema  do  envelhecimento   no   país  é  cultural,  nós  não   temos   essa   cultura.   A   gente   precisa   se   preparar,   tem   que   fazer   escola   e   fiquei   muito   curioso,  pois   como  seria  esse  ensinamento  para  envelhecer?  Porque  cada  um  tem   um   es7lo   e,   se   as   pessoas   nem   se   aceitam,   como   é   que   você   vai   achar   a   possibilidade  de  uma  car7lha  do  envelhecimento?



por Roberto Carlos Burini

169

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

NÃO EXISTE PADRÃO PARA A CHEGADA DA VELHICE!



        Tem   um   problema   limiar,   porque,   oficialmente,   a   terceira   idade   é   a   velhice   e   dizemos   que   começa   aos   60,   mas   é   sempre   uma   coisa   um   tanto   quanto   imprecisa.   Obviamente   o   ritmo   do   envelhecimento   é   muito   individual   em   função   de   muitos   fatores  endógenos  e  exógenos,  ambientais  e  gené7cos.





por José Carlos Ferrigno

          A   população   idosa   é   o   segmento   mais   heterogêneo   da   sociedade,   porque   não  

existe  um  grupo  majoritário  que  vai   envelhecer  do  mesmo  jeito,  que   tenha   as   mesmas   necessidades,   as   mesmas   possibilidades,   porque  é   onde  deságua   todo   o  seu  ciclo  de   vida  e   o  seu  ciclo  gené7co.  Então  é  muito  dircil  eu  estabelecer,  para  mim  mesmo,   que   vou  chegar  com  prazer  até  meus  cem  anos.





por Jorge Felix

            Uma   universidade   americana   constatou  que  os  o7mistas   vivem  em  média   três  

anos   a   mais   que   os   pessimistas.   Eu   pensei:   Nossa,   que   no•cia   maravilhosa   para   os   pessimistas!   Porque  é  tudo   o  que   o  pessimista   quer.   Se   você   acha   que   a   vida   é  uma   desgraça,  quanto  menos  durar,  melhor.  É  o  Éden:  vida  breve,  brevíssima.



por Júlio César Pompeu 170

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

OU SEJA, VIVEMOS NUM MOMENTO DE TRANSIÇÃO



      Há   um   modelo   para   a   vida   que   pode   ser   vivida   na   plena   potência:   é   o   da   juventude.   É   como   se   nós   vendêssemos   a   ideia   de   que   todos   podem   viver   eternamente   como   jovens   a   ponto   de   desaparecer   um   pouco   o   conceito   de   fases  da   vida:  infância,  fase  adulta,  velhice;  até   na  moda   você   vê   isso  com  muita   clareza   –   roupa   para   criança:   menina   ves7da   de   marinheiro;   adultos:   terno   e   gravata;  idade  avançada:  roupa  sisuda,  sóbria.  Há  um  critério  claro  de  dis7nção   social,  que  também  desaparece  em  favor  desse  modelo.



por Júlio César Pompeu



       Estamos  no  momento  de  transição,  nós  estamos  fazendo  a  passagem.  Eu  acho  

que,   tanto   o   jovem   quanto   o   idoso,   ninguém   sabe   muito   bem   que   lugar,   que   espaço  ocupar,  que  roupa   usar,  como  viver,  como  funcionar,  como  se  relacionar.   Tem  pessoas   com  60,  70  anos  se   divorciando,   pois  percebem  que  tem  mais  dez   anos  de  vida   e  querem  sossego,  querem  viver  em  paz.  São  coisas  muito  novas.   Quer   ver   uma   outra   situação   interessante?   O   filho   que   tem   que   sustentar   os   pais,  e  os   pais  falam:  “Mas  eu  sustentei  você”,  e  o  filho  responde:  “Mãe,  você   me  sustentou  por  20  anos,  eu  estou  te  sustentando  há  40  anos!”



por Irene Gaeta Arcuri 171

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

ONDE A VELOCIDADE DAS MUDANÇAS É AVASSALADORA



      A   única   certeza   que   nós   podemos   ter   sobre   o   futuro   é   que   ele   será  

completamente   diferente   do   que   é   hoje.   A   aceleração   da   transformação   social  e  psíquica  hoje  é   avassaladora.   É   só   a  gente   comparar  a  cultura  oral   e   a   escrita:   duraram   dezenas   de   séculos   e   mais   do   que   isso,   não   sei   quantos  mil  anos;  depois  da  cultura  impressa  para  cá,  até  o  século  XIX,  foi   a   era   de   Gutenberg.   Nós   já   estamos   na   quinta   formação   cultural   e   esta,   mais  recente,  que  é  a  cibercultura,  já  está  no   quarto  estágio,  em  20  anos!   Isso   traz   transformações   sociais   profundas,   no   modo   de   vida   e   no   psiquismo,   no   comportamento   e   até   nas   habilidades   mentais.   A   inteligência   humana,   hoje,   está   crescendo   e   a   gente   tem   que   levar   em   consideração   que  o   futuro   para  o  jovem  é  um  pensamento  con7nuamente   adiado,  porque  o  jovem  vive  muito  do  imedia7smo.



por Maria Lúcia Santaella Braga 172

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

”QUANDO SE NAVEGA SEM DESTINO, NENHUM VENTO LHE É FAVORÁVEL” - Sêneca



         Vivemos  na  ausência  de  uma  perspec7va   de  vida,  do  que  queremos  para  

nós   mesmos.   Temos,   então,   apenas   a   grande   perspec7va   que   já   é   colocada,  que  é  a  de  mercado.   Sendo  assim,  eu  discordo  que  isso  seja  um   problema   da   juventude   atual,   porque,   na   nossa   idade,   na   nossa   geração,   era   diferente.  A   gente  se  propunha  a  conquistas,   sonhos,  utopias  e  coisas  



que  hoje,  no  segmento  social  com  o  qual  eu  lido,  não  existem  mais.

por Carlos Frederico Lúcio 173

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

FUTURO PROFISSIONAL: UMA LUZ OU UM COMPLETO LIMBO? Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Até   os   28   anos,   estudar,  pretendo  ter   uma  escola  com   foco   diferente   das   escolas   de  hoje:   quero  resgatar  as  crianças  da  favela,  mostrar  que  estudar  é  muito  mais   do  que  ler  e  escrever,   é  viver   a  vida,  conhecer  culturas   e  se  desenvolver  através  delas.”  /  “Inquietude,  mudar   para   ganhar  conhecimento  e  depois  consolidar.” Jovem AB

“Defini7vamente  não  faço  o  que  gosto.  Não  estou  sofrendo,  mas  não  gosto  do  que  faço.” Jovem C

“Meu  foco   é   uma   profissão.   Estou   estudando,   me   preparando  para  outro   curso  para  poder   compe7r  cara  a  cara   no  mercado.”  /   “Se  eu  inventar  de  estudar  à   noite,  a  minha   esposa  me   pede   o  divórcio,   ainda  mais   com   gêmeos.   Eu   sou  segurança   em   uma  fábrica,   já  faço  o   que   gosto,   penso   em   melhorar,   mas,   para   ser   mais   ousado,   só   depois   que   as   crianças   forem   maiores. Adulto C

“Não  estou  atuando  na  área  em   que  me  formei.  Financeiramente  não  está  bom,  mas  não  7ve   opção  nas  entrevistas,  pois  sempre   era  barrada  na  questão  da  idade,   então   abri  mão  do   meu   plano  de  carreira.” Sênior AB

174

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

AMBIGUIDADE NO DISCURSO DO QUE SE ESPERA DE CADA UM



        Vive-­‐se  uma  crise  de  iden7dade.  Há  dois  momentos  crí7cos  -­‐   não  para  

todos;  evidentemente  não  dá  para  generalizar.  De   modo  geral,  no   ciclo  de   vida   nós   temos   o   momento   da   adolescência   e   a   meia-­‐idade.   Então,   a   pergunta   que   o   sujeito   faz,   obviamente,   é   quem   eu   sou   e,   no   caso   do   adolescente,  a   sociedade  ainda  dá  um  balizamento  para  ele:  “Olha,  o  que  a   gente   espera   de   você?   Que   você   estude,   seja   um   bom   profissional,   cons7tua   família,   seja   um   cidadão   do   bem   e   bem-­‐sucedido   em   todos   os   aspectos”.   E   o   que   se   espera   da   pessoa   que   está   envelhecendo?   Aí   a   sociedade  é  muito  contraditória  e  as  suas  mensagens  também.  No  discurso   de   ser  um  idoso   bacana,  a7vo,  nem   sempre   as  próprias   pessoas  que  estão   dizendo  acreditam  que  de  fato  chegarão  a  isso  e  nem  que  é  possível  chegar   a   isso.   Então,   quem   está   nessa   fase   de   transição   vai   absorver   um   pouco   dessa  ambiguidade  e  vai  ter  que  saber  lidar  com  ela.  Não  é  fácil!



por José Carlos Ferrigno 175

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

KEY POINT

De repente 40! Ensinaram-nos a estudar nas melhores universidades, não nos envolver com drogas, trabalhar com afinco e respeitar os pais (fonte: estudo quantitativo). Sei que estou sozinho e em última instância só posso contar com a minha família, portanto, sou um guerreiro de causa própria, sem grandes ideais e não tenho tempo para perder. Ainda sonho com a casa própria, o carrão do ano, a casa na praia e as viagens (fonte: estudo quantitativo). Essas serão as minhas conquistas!!! Terei formado uma família e... E agora? Qual é o sentido da minha vida? 176

O que é ser criança, jovem, adulto e idoso nos dias de hoje?

KEY POINT

De repente 40! Tenho corrido tanto e andado tão pouco! Preciso me reinventar! Compactei minha infância, minha adolescência, a minha maturidade para aquilo que a sociedade esperava de mim e quem sou eu hoje? Não me conheço! Isolei-me de tudo, de mim mesmo, do universo e só me restou a família. Tenho mais 40 anos pela frente?!

177

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

178

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

RESUMO

A realidade A cobrança da sociedade é feita em cima do modelo eleito da juventude na potência, ou seja, todos não só podem ser jovens, como devem ser jovens, menos os jovens! Eles são criminalizados porque estamos numa era que vê no adolescente o doente, o problema, a pessoa que não se contém e, nesse modelo, nessa concorrência, os dominantes sociais são as pessoas que têm condições para bancar essa vida de consumo e que querem desqualificar esses mais aptos fisicamente, numa tentativa de deter o modelo de vida potente, mas acabam percebendo que não podem e isso acaba gerando um certo dissabor e a consequente perda da vontade de viver muito mais. 179

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

RESUMO

O confronto A longevidade só funciona à medida que se toma cuidado com a qualidade de vida, e é uma promessa antagônica à juventude, porque, para ela, a morte é tão adiada que a explosão da energia leva a uma dissipação irresponsável, pois acha que pode tudo. O jovem brasileiro é impaciente e maleducado com os mais velhos pela completa falta de consciência do significado do envelhecer. Ele faz exercícios porque precisa emagrecer e não porque faz bem à saúde! O valor magno para esses jovens é o sucesso, é aquilo que vão ganhar; eles se baseiam na perspectiva de carreira, da profissão, isso em todas as faixas sociais. Fazer o que se gosta é a grande conquista da vida, mas nem sempre coincide com o sucesso profissional da carreira, que é o que oferece o retorno para uma vida condizente com o padrão de consumo que estipulou para si. 180

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

RESUMO

A projeção Onde há o indivíduo, há uma organização social que, diante da morte, se apresenta como a responsável por lembrar da finitude o tempo todo, através dos rituais da morte: o velório, o caixão com o vidrinho, para que você possa olhar de frente a sua face. Tem um lado entristecedor e tem também, um papel redentor, porque essa experiência plena da existência, que lembra da vida e da morte, é uma espécie de condição para cuidar da manutenção do corpo e também construir certos valores sociais, da organização econômica e política, que tornam a vida coletiva possível. 181

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

RESUMO

Perspectiva da velhice Onze por cento da nossa população passou dos 65 anos, mas já temos os 75 anos como a nova média de expectativa de vida. Isso significa que é ascendente a taxa de crescimento da população mais idosa. A preocupação que surge é saber quais são as medidas preparatórias para essa realidade tão próxima. Nesse sentido, uma saída pode estar apoiada n a s g e r a ç õ e s m a i s n ov a s , p o i s , e m b o r a o envelhecimento não seja o universo do jovem, ainda faz parte do seu universo o convívio com os mais velhos. Então, naturalmente e em última instância, eles serão os futuros cuidadores dos seus próprios idosos. 182

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

Sumário dos statements • Sem consciência, sem paciência, sem educação. • A juventude é sinônimo de alienação. • A alegoria da morte. • E o sucesso profissional é a moeda de troca. • A estatística indica o que mostra a prática. • Cuidar do outro. • Jovem: ser ou não ser? 183

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

SEM CONSCIÊNCIA, SEM PACIÊNCIA, SEM EDUCAÇÃO



        Há   20  anos,  a  média   da  expecta7va  de  vida   era  de  65   anos  e  aumentou   para  75,   então,  em  que  medida   este  país  está  se  preparando  para  isso?  Por   outro  lado,  existe  a  falta  de  consciência  do  significado  do  envelhecimento   para   o   próprio   jovem   brasileiro,   que   é   impaciente   e   deseducado   com   a   pessoa   mais   velha,   pois   essa   promessa   é   um   pouco   antagônica   à   juventude,   porque   funciona   à   medida   que   se   toma   cuidado   com   a   qualidade  de   vida   e   porque   a  morte   para   eles  é   tão   adiada   e  a   explosão   da   energia   leva   a   uma   dissipação   irresponsável.   Nenhum   jovem   está   pensando:  ele  corre  porque  precisa  emagrecer  e  não  porque  vai  viver  mais.  



Então,  é  uma  consciência  que  falta  completamente.

por Maria Lúcia Santaella Braga 184

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

A JUVENTUDE É SINÔNIMO DE ALIENAÇÃO



      A   condição   de   existência   ou   o   problema   do   jovem   é   a   alienação   da   tristeza,   a   alienação   da   morte:   posso   tudo   e   vamos   embora.   É   uma   constatação  lógica  que  morreremos  algum  dia,   mas  isso   não  é   para   mim!   Mas   nessa   alienação,   é   como   se   a   vida   perdesse   um   pouco   do   sabor   e,   quando   você   se   encontra   com   a   morte,   reencontra   a   plenitude   da   existência  diante  de  si,  de  morte,   alegria  e  tristeza.  O  preço  dessa   chamada  



talvez  seja  viver  uma  vida  de  qualidade.

185

por Júlio César Pompeu

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

A ALEGORIA DA MORTE



    Se   existe   isso   da   condição   humana,   essa   alienação,   tem   também,   na   organização   social,   uma   série   de   contramedidas   à   alienação.   Você   tem   uma   sociedade  que  lembra  da  morte  e  da  finitude  o  tempo  todo,  através  dos  rituais   da  morte:  o  velório  não  deixa  de  ser  um   espetáculo,  afinal,  por  que  o  caixão  tem   o  vidrinho?  Por  que  temos  que  olhar  a   face  da  morte?  Por  que  a  sociedade  faz   questão   de   lembrá-­‐lo?   Se   tem   um   lado   entristecedor,   tem   também   um   papel   redentor.  Essa   experiência   plena  da  existência,  que  lembra  da  vida  e  da   morte,  é   uma   espécie   de   condição   para   você   construir   certos   valores   sociais   e   da   organização  econômica   e  polí7ca,  que   tornam   a  vida   cole7va   possível.  Porque,   se   levamos   à   radicalidade   essa   alienação   com   relação   à   própria   finitude,   tendemos  a   um  modelo  de  existência  de  onipotência,  porque  faz  parte  da  morte   e   da   finitude   você   perceber   que   também   depende   dos   outros   para   exis7r.   Eu   tenho  como   condição  de  existência  não  só   a  manutenção  do  meu  corpo,  mas  a   manutenção   de   certas   relações   sociais   e   econômicas,   que   tornam   a   coisa   possível.



por Júlio César Pompeu 186

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

E O SUCESSO PROFISSIONAL É A MOEDA DE TROCA



        Eu  não   acho   que  o   jovem  de  hoje  não   tenha  perspec7va.   Ele  tem  sim  a   perspec7va   de   carreira,   do   sucesso   profissional,   e   em   todas   as   faixas   sociais.   Eu   acho   que,   hoje,   o   valor   magno   para   esses   jovens   é   que   eles   tenham  sucesso.  Não  é  o  trabalho  em  si,  como  é  para  nós  que  trabalhamos   com   o   intelecto.   Para   eles,   não,   é   aquilo   que   vão   ganhar.   Eu   7ve   uma   experiência  com  um  jovem,  que  trabalhava  numa  consultoria  de  mercado,   que  imagina  que  aos  40  anos  iria  mudar   de  vida;  essa   pessoa  7nha  lá  um   cargo   extraordinário   aos   37   anos   e   declarou   que   dali   a   uns   5   anos   iria   largar  tudo  para  fazer  o  que  gostava.  Porque   fazer  o  que  gosta  é  a  grande   conquista  da  vida  e   nem  sempre  fazer  o   que  gosta  coincide  com   o  sucesso   profissional   da   carreira,  que  lhe   oferece   retorno   para   ter  uma  vida  em  que   se  entra  no  padrão  de  consumo.



por Maria Lúcia Santaella Braga 187

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

A ESTATÍSTICA INDICA O QUE MOSTRA A PRÁTICA



      Nós   estamos   com   11%   da   população   com   mais   de   65   anos,   ou   seja,  

estamos   com   crescimento   do   mais   idoso,   como   chamamos   os   que   têm   além   de   80   anos,   num   ritmo   muito   acelerado.   Então   todos   nós   seremos   cuidadores  de  idosos.





por Jorge Felix

      Pode   não   ser   o   universo   do   jovem,   mas   é   do   universo   dele   lidar   com  

pessoas   mais   velhas,   pois   sempre   se   tem   um   avô,   pai,   etc.   Se   perguntar   quem   são  as  pessoas  com  quem  ele  se  relaciona  e  como  é  a  relação  dele   com   os   velhos   que   aparecem   no   seu   co7diano,   talvez,   respondendo   e   lidando  com  essas  questões,  ele  comece  a  pensar  em  si  mesmo.    



por Carlos Frederico Lúcio 188

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

CUIDAR DO OUTRO Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Tem   diferença   entre   ser   independente   e   ser   ingrato.   Não   acho   errado   ser   independente  e,  na   maioria   das   vezes,  é  em  relação  às  finanças,  pois  achamos   que  todo  o  resto  deriva  disso.  Ingrato  é  o  abandono.” Jovem AB

“A   ins7tuição  família  está  em  decadência.  Como   os  pais  estão  fora  trabalhando,   não  se  dedicam  tanto  à   educação  e  isso  acarreta  a   diminuição  do  vínculo  e  do   respeito.” “Eu  não  acho  que  envelhecer  é  feio.  A  forma   como  isso  é  tratado  é  que  é  feia,   jogar  os  pais  no  asilo.   As  a7vidades  do  SESC  mostram  como  os  idosos  podem   ser   plenos.”   Adulto AB

“Quero  um  profissional;  prefiro.” Adulto C 189

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

JOVEM: SER OU NÃO SER?



        Todos  não  só  podem  ser  jovens  como  devem  ser  jovens,  menos  os   jovens!  Entre  os   seres   com  os   quais  convivemos,   o  único  grupo  no  qual  a   juventude   é  criminalizada  é  o   dos   jovens!   Estamos   em  uma  era  que  coincide  no  adolescente  o  doente,   o  problema,  a   pessoa  que  não  se  contém  e,  nesse  modelo,  nessa   concorrência,   os   dominantes  sociais   somos   nós,   que   temos   grana   para   bancar   a   mesada   desse   adolescente.   Mas   o   adolescente   é   aquele   que   tem   o   corpo   mais   apto   à   existência,   tal   qual   o   modelo.   Então,   para   tornar   a   compe7ção  um  pouco  mais  viável,   nós  desqualificamos   os   mais   aptos   corporeamente   a   fim   de   deter   o   modelo   de   vida   potente   e,   por   sua   vez,   nos   permi7mos   afirmar   que   podemos,   que   nós   devemos.   Agora,   se   isso   é   vendido   com   obrigação,   é   uma   espécie   de   soma   desse  paradoxo:   você   pode   viver   a   vida   potente,   mas,  ao  mesmo   tempo,  percebe  que   não   pode   e   isso   gera  um  certo   dissabor.  Por   que   você   tem   que   viver   essa   vida   nesse   modelo   jovem?   Porque   não  é   só   o   consumo  de   produto,   é  o  consumo  de  um  modelo  de  existência   e,   quando  você   percebe  que  não   pode  chegar  lá,   perde  a  vontade  de  viver  muito  mesmo,  é  desanimador  e  então  vêm   as  forças  para  que   você  mantenha,  por  exemplo,  a  tristeza.  A  vida  jovem  pressupõe  a   alienação  da  morte,   da  tristeza  e  da  euforia,  ou   seja,  é  a  carnavalização  da  existência   constante.



por Júlio César Pompeu 190

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

KEY POINT

A materialização O significado da vida, quando transferido para a matéria, para o consumo exacerbado, resulta na desvalorização do passado e do futuro. A busca pelo viver intensamente o presente significa, ainda, a privação da vivência da tristeza, das perdas e do luto, ações que fazem com que o indivíduo busque saídas irrefletidas e imediatas para a exclusão de sentimentos que se apresentem como obstáculos na conquista da felicidade ideal; por exemplo, consumir mais ainda. 191

Os jovens diante da própria velhice e dos idosos

KEY POINT

A materialização Em vez de conquistar uma possível felicidade real, o indivíduo contemporâneo, portanto, que se identifica com o modelo da sociedade atual, pode se deparar com um esvaziamento interior, com uma sensação de perda no sentido vital da sua natureza, que ele, na maioria dos casos, desconhece. Daí, o comportamento observado no estudo quantitativo, de que o sonho maior seja viajar, ir para uma cidade do interior, se dedicar à família, descansar e poder compartilhar o seu “conhecimento” com os mais próximos. Conhecimento esse que, sabemos, se trata de relatar a sua vivência. Vivência que, também sabemos, é produto dessa história consumista. 192

A longevidade como ideologia?!

193

RESUMO

A longevidade como ideologia?!

Um país sem educação Para falar de qualidade de vida, que é do que se trata a questão da longevidade, temos que falar em educação. Nesse sentido, nosso quadro é preocupante. Vivemos num país onde 27% da população é analfabeta funcional, a nota do nível dos alunos do ensino médio é 3,4 e 38% dos jovens que saem das universidades não têm alfabetização plena! A profissão de professor ainda não é valorizada, em todos os aspectos, e ainda significa se sujeitar a humilhação e desrespeito. 194

RESUMO

A longevidade como ideologia?!

Ausência do presente Um estudo, embora feito com presidiários, mostra dois tipos de discursos sobre a vida que também são representativos para parcela da população brasileira; trata-se de uma narrativa que não tem presente, só uma vida no passado e outra no futuro. O resultado disso é que o presente não é reconhecido. Além disso, há os jovens que não têm um discurso consolidado para o hoje, porque, entre outros aspectos, não pensam no envelhecimento como um processo natural que vai sendo construído durante a vida. Parcela da população prefere viver por viver, seguindo apenas o seu fluxo, até o momento da morte. E que ela venha, preferencialmente, quando estiverem dormindo! 195

RESUMO

A longevidade como ideologia?!

O momento da aposentadoria A maioria das pessoas que trabalham tem a expectativa de que na aposentadoria possa, finalmente, usufruir a vida e não percebem que, nesse discurso, toda sua vida útil e produtiva parece ter sido “jogada fora”. A aposentadoria ainda é considerada um grande mistério, porque cada um olha esse momento de acordo com suas fantasias e representações: uns ficam muito preocupados por acreditar que serão esquecidos por todos e outros se sentem invejados por terem a chance de finalmente começar a viver. 196

RESUMO

A longevidade como ideologia?!

Viver mais e melhor Seguindo o raciocínio anterior, chega-se à conclusão de que a longevidade não é para levar mais tempo para morrer, mas para levar mais tempo vivendo bem! Sartre já dizia que o ser humano está condenado a ser livre e, por mais paradoxal que possa ser essa afirmação, ela quer dizer que não é fácil ter muitas escolhas, ao mesmo tempo em que se anseia por isso. Temos que quebrar esse paradigma e viver a vida intensamente, de acordo com a capacidade física individual. 197

A longevidade como ideologia?!

Sumário dos statements • Tudo começa na educação. • Negar o presente não é o caminho. • Carpe diem. • Longevidade não é para levar mais tempo para morrer! • Ter escolhas nem sempre é mais fácil. • E o legado que eu quero deixar é:

198

A longevidade como ideologia?!

TUDO COMEÇA NA EDUCAÇÃO



        Se  nós  que   estamos  aqui,  que   somos  a   elite,   nos  perguntamos   para  que   serve  ter   qualidade  de  vida,  se   nós  ainda  temos  essa  interrogação,   imagine   os   outros!   Ou   melhor,   nós   temos   essa   interrogação,   os   outros   não   têm.   Para   falar   de   qualidade   de   vida,   pois   é   do   que   trata   a   questão   da   longevidade,  temos  que  falar  em  educação.  Educação  num  país  onde  27%   da   população   é   analfabeta   funcional   e   38%   dos   jovens   que   saem   das   universidades  não   têm  alfabe7zação   plena!   É  dramá7co,  acabou  de  sair   na   Folha  de  S.Paulo*  que  o  nível  dos  alunos  do  ensino  médio  é  3,4.  Então,   isso   confirma  que  toda  essa  nossa  discussão  é  a  preocupação  de  uma   elite  da   elite,   porque   o   resto  da   população  não   está   nem   entendendo   o   que   isso   significa.  No   meu   caso,  nunca  pensei  em   ter  outra  profissão   na  vida  senão   a   de   professora,   embora   eu   não   assine   que   sou   professora;   assino   pesquisadora,  porque,  se  você  quer  se  humilhar  neste  país,  é   só  dizer  que   é  professor.  Mas  a   minha   vocação  é  realmente  ser   professora  e  eu  tenho   sen7do   isso   na   pele:   oriento   teses   de   doutorado   de   pessoas   que   não   sabem  escrever.



por Maria Lúcia Santaella Braga

*h„p://www1.folha.uol.com.br/fsp/co7diano/60948-­‐com-­‐ensino-­‐medio-­‐estagnado-­‐mec-­‐ja-­‐planeja-­‐mudancas-­‐no-­‐curriculo.shtml 199

A longevidade como ideologia?!

NEGAR O PRESENTE NÃO É O CAMINHO



       Par7cipei  de   uma   pesquisa  num   presídio,   coisa   de  curso  de  Direito,   e   percebi  dois  7pos  de  discurso   sobre   a   vida:   o  preso  que  falava  de   uma  vida   antes  da  prisão  e  uma  vida  depois;  durante,  não.  É  uma  narra7va  que   não   tem  presente,   só  fazia   ou  vai  fazer,   não  tem   o  eu  faço.  Os  que  só  7nham   passado   acreditavam   que   a   vida,   de   certa   forma,   7nha   acabado,   que   era   um   caixão,   que   não   sairiam   mais   de   lá   e,   mesmo   que   saíssem,   ela   não   exis7a   mais.   Por   outro   lado,   vi   um   programa   em   que   um   arquiteto   espanhol   entrevistava   o   Niemeyer   e   ele   queria   saber   como   foi   fazer   Brasília,   enquanto,   que   pela   cara   do  Niemeyer,   você  via   quão   enfadonho   era,  pois  ele  queria  falar   do  que  iria  fazer,   pensando  no  futuro.  Para  falar   de   longevidade,   precisamos   saber   como   é   que   as   pessoas   percebem   a   própria  existência.   Existe   uma  concepção   de  futuro   e   de  passado,   e  eu  não   me  assustaria  se  você  encontrasse  jovens  sem  um  discurso,  sem  futuro.



por Júlio César Pompeu 200

A longevidade como ideologia?!

CARPE DIEM



        Tornei-­‐me  antropólogo  porque  sou  um  pouco  índio  nesse  processo,  eu  nunca  me   preocupei  com  absolutamente   nada   e  fui  me  preocupar   com  condições,   entre   aspas,   de  envelhecimento  com  quase  40  anos,   porque,   até  então,  a   vida  é  aquilo  que  você  vai   construindo.   O  dever  de  casa,  como   dizia  o   meu  analista,  eu  faço:  faço  exercícios,  me   alimento   bem   e  pronto,   acho  que   mais   que   isso  não   tenho  muita   condição   de   fazer.   Não   vou  ficar  neuró7co  procurando   formas.  Em  relação   à  morte,  a   gente   já  pensa   isso   como   um  badline,  e  eu  penso  na  ponta  de   lá,  não  penso  no  envelhecimento  como  um   processo  natural  que  eu  vou  construindo  durante  a  vida.  Vou  construindo  laços,  sejam   de   família,   sejam   de   amizade,   então,   nunca   me   tocou.   Mas   agora   vem   me   preocupando,   porque   o   meu   pai   faleceu   de   câncer,   a   minha   mãe   está   com   mal   de   Alzheimer   e   você   começa   a   lidar   com   essas   doenças.   Eu   não   transformo   isso   num   cálculo   para   pensar   as   coisas   que   eu   preciso   construir.   Se   eu   for   colocar   isso   como   expecta7va,   acho   que   enlouqueço   pensando   nos   mecanismos   que   vou   ter   que   construir  para  chegar  lá.  Não,  eu  prefiro  viver,  seguir  a  minha  vida  e  aí  o  processo  de   envelhecimento  é  interessante,   é  qualidade.  Quero  viver  com  qualidade.  Quando  me   perguntam  dessa  coisa  de  morte,  eu  falo  que  eu  quero  morrer  dormindo.



por Carlos Frederico Lúcio 201

A longevidade como ideologia?!

LONGEVIDADE NÃO É PARA LEVAR MAIS TEMPO PARA MORRER!



        Para   quem   tem   25  anos,  50   é   velho.   O  jovem   fala:  ‘Ah,   eu  não  quero   ficar   velho  igual  ao   meu  pai   e  não  aproveitar   nada  da  vida’.   Para  ele,   o   pai  já   é   velho,   coitado,  e  agora,  que  chegou  aos  50  anos,  a  vida  já  passou.



por Irene Gaeta Arcuri



    Quem   tem   que   esperar   chegar   aos   50   anos   para   aproveitar   a   vida?   A   longevidade   não   é  para   levar  mais  tempo   para  morrer,  longevidade  é  para  levar   mais   tempo  vivendo   bem!   Eu  vejo  o  pessoal   de   60  anos  falando:  “Agora   estou   pronto   para  usufruir  a  vida.”  Então,   nos  anos   que  passou  na   fase   produ7va,  não   aproveitou  a  vida?  E  a  resposta:  “Não,  eu  trabalhei  para  ganhar   dinheiro.”  E  por   acaso   o   dinheiro   vai   resolver?   Agora   não   tem   saúde   e   está   com   dinheiro   no   banco,   então   vai   ser   enterrado   igual   ao   faraó?   Temos   que   quebrar   esse   paradigma,   temos   que   viver  intensamente   a   vida   de   acordo   com   a   capacidade   rsica   individual.   Não   há   nada   pior   que   um   jovem   pessimista   ou   um   velho   o7mista. por Júlio Sérgio Cardozo 202

A longevidade como ideologia?!

TER ESCOLHAS NEM SEMPRE É MAIS FÁCIL



        Eu  pude  me  preparar   para   a   aposentadoria,   porque  eu  soube,   com   muitos   meses   de  antecedência,   a   data   do   meu   desligamento.   No  começo  é  um   pouco   afli7vo  e  a   pergunta   que  se  faz  é:  “Será   que  vão  se  lembrar   de  mim?”  Depois,   em   função   dos  contatos  que  eu  7nha  quando  trabalhava   na   empresa,  comecei  a   ficar   mais   feliz   por   ser   lembrado   aqui   e   acolá.   Enfim,   estou   administrando   o   tempo  de  outro  jeito,  bem  diferente,  pois  antes  passava  dentro  de  uma  empresa   oito,   nove   ou   dez   horas   por   dia   e,   agora,   tenho   esse   tempo   todo   para   poder   escolher   o   que   fazer!   Sartre   já   dizia   que   o   ser   humano   está   condenado   a   ser   livre.  Por  mais   paradoxal   que  possa  ser  essa   afirmação,  ela  quer  dizer   que  não  é   fácil   ter   muitas   escolhas,   ao   mesmo   tempo   que   se   anseia   por   isso.   Alguns   colegas   me   olhavam   com   olhar   preocupado,   pensando   se   eu   iria   aguentar   o   tranco,   enquanto   outros   me   olhavam   com   uma   inveja   evidente   de   quem   finalmente   iria   começar   a   viver.   Ou   seja,   cada   um   olha   conforme   as   suas   fantasias   e   representações,   mas,   de   fato,   é   um   caminho   complexo.   Evidentemente  isso  faz  parte  de  um  fenômeno  cultural.



por José Carlos Ferrigno 203

A longevidade como ideologia?!

E O LEGADO QUE QUERO DEIXAR É: Na visão dos brasileiros (minigrupos)

“Bens   materiais   são   conquistas   que   todos   podem   ter.   Acho   que   o   mais   importante  é  a  essência  que  vem  de  dentro.” “Sou   brasileiro  e  a   minha   cultura   me  faz   pensar   que   vou  postergar   até   o   úl7mo  minuto  e  daí  não  terei  mais  tempo  para  realizar  o  que  me  propus.” Jovem AB

“Oportunidade  de  ser  uma  pessoa  melhor  a  cada  dia.” Adulto AB

“A   vida   vale   a   pena   porque  existe   uma   outra   vida   além   desta.   Isso  que   é   bonito  na  vida  espiritual  e  temos  que  prestar  contas,  evoluir  na  terra.” Sênior C

204

KEY POINT

A longevidade como ideologia?!

Quando o bônus vira ônus A estrutura deficitária da sociedade que não privilegia a educação e nem a cultura estimula a visão negativa da longevidade pelas perspectivas de um modelo tradicional, que já se tornou limitado por não se encaixar com agilidade às mudanças que se sucedem. Os entrevistados acreditam que o caminho para se chegar aos 120 anos, na verdade, trata-se de um tempo extra e não é visto como um horizonte aberto de oportunidades e, sim, um calvário, por falta de um olhar mais profundo sobre a vida e da completa ausência de um autoconhecimento. 205

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

206

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

RESUMO

Questão da renda Esta nossa sociedade líquida, com suas facilidades tecnológicas e a mobilidade, imprime um novo modus operandi de desagregação das famílias, que, quando somado à perspectiva da longevidade, acaba por impactar diretamente nas questões voltadas à renda e à saúde. No caso da renda, temos um sistema democrático moderno que ainda não conseguiu equacionar a questão fundamental da previdência, o que exige da economia muito mais do que ela pode oferecer e acaba repercutindo como mais um desafio para a sociedade brasileira, que precisa saber como se planejar financeiramente, principalmente nas famílias mononucleares. Outro fator relevante é o consumo de um modelo de existência baseado na vida jovem, na vida potente, voltado exclusivamente para o consumo, em que poucos podem bancar, porque a realidade é limitadora. 207

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

RESUMO

Questão da saúde A saúde é outro assunto mal resolvido, pois a população brasileira continua resistente em relação à frequência ao médico. Considerando o ponto de vista do envelhecimento populacional, isso também impacta diretamente no sistema de saúde. Mas não é só isso. Apesar de ter adquirido mais consciência sobre os benefícios dos alimentos saudáveis e naturais, os brasileiros continuam com uma dieta deficiente. A grande dificuldade está na resistência natural em abrir mão das coisas que dão prazer e que, infelizmente, fazem mal à saúde. Em paralelo, a prática de exercícios físicos também não é mais novidade para ninguém e, ainda assim, o hábito ainda não foi estabelecido. A maioria prefere viver o autoengano, para suportar a pressão da cobrança social por um corpo perfeito, que esteja dentro dos padrões da potência da juventude. 208

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

RESUMO

Um modelo que não ajuda O modelo de vida que supervaloriza a juventude cria diferentes perspectivas entre o olhar masculino e o feminino, então já partimos da premissa de que envelhecer para um não é a mesma coisa para o outro. Para o homem é mais simples, ele aceita melhor, principalmente se estiver bem fisicamente, porque assim manterá a vitalidade e, consequentemente, continuará explorando o máximo possível sua sexualidade. No caso das mulheres, envelhecer é muito difícil, porque elas ainda precisam competir com as mais novas, em todos os pontos de vista: profissional, sexual, amoroso. Mas a beleza é muito mais do que isso, é propriedade daquilo que é natural de cada momento e de cada idade; envelhecemos da maneira como vivemos e isso é um evento de todos os dias e de todas as questões; trata-se da adequação da evolução interna com a externa, então, exercer o lado externo da própria velhice é exercitar a energia vibrante, que é o que de fato faz ser jovem. 209

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

RESUMO

Dois pesos, duas medidas A vida potente e longeva virou sinônimo de felicidade e a vida é a alternância desbalanceada de alegria e tristeza, pois talvez a tristeza venha em baldes, enquanto a alegria venha em conta-gotas. Então essa qualidade de vida que aparece via discurso do senso comum gira em torno de um modelo que pode ser muito mais a capacidade de usufruir o momento. Isso pressupõe aceitar a existência e também esse modelo impreciso do eternamente jovem, que reafirma a não percepção da autoimagem, em que a potência é masculina e a beleza é feminina. 210

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

RESUMO

Será essa a sua raiz? A longevidade reduz uma das perspectivas que mais obrigam as pessoas a agir, a mortalidade. Aumentando o tempo de vida, aumenta-se também a cultura de preguiçoso, de postergar o que se tem para fazer, ou seja, a perspectiva de infinitude gera uma sensação de ócio. Segundo a psicologia analítica de Carl Jung, o segredo está na capacidade de integração entre o desenvolvimento intelectual e o emocional, a integração entre os instintos, os sentimentos com a razão. Então, no final, talvez a pergunta que tenhamos que fazer é: o que é viver bem? A busca pela qualidade de vida é em função do quê? 211

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

Sumário dos statements • A questão da renda. • É preciso manter o consumo do modelo de existência! • E a questão da saúde? • A aversão ao médico ainda é muito comum. • O autoengano em relação às atividades físicas. • E o campeão da resistência: os hábitos alimentares. • Então tudo o que é bom... faz mal? • Como queremos viver na longevidade. • Carpe diem com qualidade: falsa conotação de felicidade? • Um modelo que supervaloriza a juventude! • Então é natural a importância da beleza. • A busca pela beleza supera a busca pela saúde. • Diferentes olhares, diferentes percepções. • E, no final, mais tempo significa mais oportunidade? • Negar a velhice talvez não seja a saída. • Jung explica as resistências às transformações. 212

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

A QUESTÃO DA RENDA



      No   sistema   democrá7co   moderno   temos,   entre   outras,   uma   questão     fundamental   que   não   foi   equacionada,   a   previdenciária.   Eu   acredito   que   há   uma   grande  confusão  por  força  da  medicina,   da  gené7ca,  do  avanço  das  pesquisas   que   estão   se   propondo   a   estender   a   vida.   Elas   estão   confundindo   a   questão   da   longevidade  com  a  do  envelhecimento  populacional  -­‐  este  demanda  a  visualização   de   duas  taxas  simultaneamente:  o  aumento  da  expecta7va  de  vida,  concomitante   com   a   taxa   de   fecundidade,   que   caminham   em   direções   opostas.   Como   consequência,   o   capitalismo   brasileiro   está   exigindo   da   economia   muito   mais   do   que  ela  pode  oferecer.  Então,  saber  como   você  vai  se  planejar  financeiramente   é  o   grande  desafio   da   sociedade  brasileira   numa  família  mononuclear:  pai,  mãe  e  filho;   é  uma  situação  para  onde  caminhamos  num  ritmo  mais  acelerado.   Com  a  questão   de  ter  1,8   filho   por   mulher  (nossa   taxa  de  fecundidade),  o  planejamento  financeiro   é   totalmente   diferente,   inclusive   prestando   atenção   nas   pessoas  que   são   minhas   dependentes,  não   só  para  frente,   mas  para   trás  também,  e   vou  tentando  adaptar   a   minha   vida,   para   ter   essa   questão   de   segurança   no   futuro,   uma   vez   que   a   perspec7va  de  vida  está  aumentando.



213

por Jorge Felix

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

É PRECISO MANTER O CONSUMO DO MODELO DE EXISTÊNCIA!



      Nós   podemos   viver,   mas  quem   quer   viver   até   os  60?   Quem   é   que   me  

garante   que   aos   50   já   não   se   começa   a   sen7r   a   tal   da   decrepitude   ou   a   perda  da  potência  para  se  viver  a  vida  que  se  prega?  É  como  se  a  única  vida   que  valesse  a   pena   fosse  a  vida  jovem,   a  vida  do  consumo.  Consumo  não   só   no   sen7do   da   aquisição   de   bens,   mas   o   consumo   de   um   modelo   de   existência   que  eu   não  sei   se  terei  condições  de   bancar.  Os  grupos   sociais   de  pessoas  dominantes  que  consomem  luxo  são  os  que  têm  grana,  ou  seja,   a  vida  potente  é  vendida   como   possibilidade,  mas  o  fato   é  que  quem   pode   viver   a   vida   potente   que   se   vende   é   quem   tem   como   condição   acesso   à  



medicina  de  ponta.

por Júlio César Pompeu 214

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

E A QUESTÃO DA SAÚDE?



      Num   estudo   de   um   médico   acadêmico,   observou-­‐se   que   a   relação   do  

sexo   masculino   com   o   médico   é   diferente   da   mulher   pela   própria   necessidade  fisiológica:   a   mulher  adolescente   já  começa  a  frequentar   cedo   o  médico  ginecologista  e  cria  esse  hábito.  O  homem,   não.  Então  o  estudo   levanta   uma   série   de   coisas   do   ponto   de   vista   do   envelhecimento  



populacional  e  o  impacto  que  isso  causaria  no  sistema  de  saúde.

por Jorge Felix 215

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

A AVERSÃO AO MÉDICO AINDA É MUITO COMUM Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Só  quando  dói.” “Nem  quando  dói!” “Estou  bem,  vou  ao  médico  e  ele  me  arranja  um  monte  de  problemas.” Adulto AB

O AUTOENGANO EM RELAÇÃO ÀS ATIVIDADES FÍSICAS Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Academia  tem  um  ambiente  narcisista:  são  40  minutos  enfadonhos.  Tem   um   cara  que   começou  junto  comigo,  passou   um  tempo  e  ele  já  está  maior   do  que  eu!  Com  certeza  ele  deve  tomar  bomba,  daí  fica  fácil.” Jovem AB 216

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

E O CAMPEÃO DA RESISTÊNCIA: OS HÁBITOS ALIMENTARES Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Não  consigo   comer   nada   verde.”   /   “Gosto   de   des7lado.  Posso  trocar   por   um   vinho,   mas  eu  gosto  mesmo  é  de  ficar  levemente  embriagado.” Jovem AB

“Eu  não  ligo  muito  para  alimentação,  não,   eu  como  o  que  gosto  e  nunca  7ve  problema   com  isso.” Jovem C

“A   gente   come   muito   fora   e   acaba   exagerando.”   /   “Sou   viciado   em   chocolate   e   cerveja.”  /  “Adoro  Outback,  Burger  King,   McDonald’s.  Tenho  paladar   infan7l,   vou  fazer   o  quê?  Amo  sorvete!”  /  “Para  cortar  o  chocolate,  tenho  que  cortar  o  útero!” Adulto AB

“Por  enquanto  eu  como  de  tudo,   até  o  dia  em  que  o  médico  falar  que  está  proibido!”  /   “Ah,  cerveja,   um  bom  churrasco,  uma   boa  picanha  com  aquela  gordurinha...  Tudo  de   bom,  né?!” Sênior AB

“Quero  comer  certo,  mas,  se  a  minha  filha  quer  pizza,  não  tenho  como  falar  não.”   Sênior AB 217

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?



ENTÃO TUDO O QUE É BOM... FAZ MAL?

       Na  realidade,  ninguém  abre  mão  do   conforto,  bem-­‐estar  e  nem  do  bom,   não  é?  Tudo  o  

que  é  bom  na  vida  ou  engorda  ou  dá  câncer  ou  é  pecado!  Existe  uma  resistência  natural   em  abrir  mão  dessas  coisas  que  dão  prazer,  que  fazem  mal  à  saúde.  É  que  cada  vez   mais   estamos   adeptos   ao   es7lo   de   vida   sedentário,   em   função   de   uma   tecnologia   do   bem-­‐ estar:   controle   remoto,   carro,   televisão,   etc.   Então,   reduzindo   a   a7vidade   rsica,   você   deixa  de  usar  seus  500  músculos,  mais  os  400  ossos  e,  sabidamente,  se   não  usa,   atrofia.   Você   perde  e,   perdendo  um  tecido  tão   grande,  você  começa  a  ter  resistência  à  insulina,   hipertensão.   Então   é   uma  cascata,   em  função   de  uma   mudança  de   es7lo  de   vida,  que   é   recente.  Você  verifica  que,  embora   os  pediatras  digam  que  a  criança   não   é   um  adulto   em   miniatura,  do  ponto  de  vista  da  patologia,  a  criança  é  um  adulto  em  miniatura.  A  criança   obesa  fica  assim  pelas   mesmas  causas  dos  adultos,  ela  também  tem  hipertensão  como  o   adulto,   também   tem   resistência   à   insulina,   um   indício   de   epidemia   e   ela   também   está   sendo   medicada.   Então   estamos   diminuindo   a   transmissão   epidemiológica,   as   doenças   infectocontagiosas   e   estamos   aumentando   as   doenças   crônicas,   até   nas   crianças.   Conversando   com   o   agente   funerário   de   Botucatu,   ele   falou   das   dificuldades   que   está   tendo  em  fazer  caixões   para  adolescentes.  Isso  não  se  enquadra  em  modelo  nenhum.  Se   você   pega   alguns   estados   dos   Estados   Unidos,   que   têm   um   bom   levantamento,   a   expecta7va   de   vida   já   está   diminuindo.   E   os   epidemiologistas   são   draconianos   [excessivamente   severos  ou  rigorosos]  em  dizer  que  nós  estamos  evoluindo  para  uma  fase   ímpar  da  humanidade,  em  que  os  pais  vão  começar  a  enterrar  os  seus  filhos.



por Roberto Carlos Burini 218

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

COMO QUEREMOS VIVER NA LONGEVIDADE



      Eu   tenho   um   histórico   não   muito   alentador,   do   ponto   de   vista   clínico,  

então,  na  questão   da   alimentação,  do  exercício  rsico,  de  fato,  é  uma  coisa   com   que   a   gente   tem   que   se   preocupar,   mas   a   qualidade   é   para   quê?   Simplesmente   ficar   lutando   contra   as   limitações,   até   quando?   Não   tem   jeito,  longevidade  é  um  jogo  em  que  você  vai  negociar  um  pouco  mais  de   tempo  e  a  morte,  nesse  sen7do,   já  ganhou.  A  questão  é:  como  a  gente,  até  



o  final  do  jogo,  vai  levar  a  par7da?  O  que  é  viver  bem?

por Dante Marcello Gallian 219

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

CARPE DIEM COM QUALIDADE: FALSA CONOTAÇÃO DE FELICIDADE?



       A   vida  potente  e  longeva   virou  sinônimo   de  felicidade.   Felicidade  é  diferente  de   alegria.   Felicidade   é   alegria   que   con7nua   indefinidamente,   sem   tristeza   para   avacalhar.   Eu   acho   que   a   percepção   disso   tudo   foi   uma   espécie   de     desencanamento:   a   vida   é   alegria   e   tristeza,   e   talvez   a   tristeza   venha   em  baldes,   enquanto   a   alegria  venha  em  conta-­‐gotas.  Isso   é   existência,  é   um   ganho,  porque,   no   final   das   contas,   esse   modelo   que   se   vende   de   potência   é   uma   espécie   de   alienação  da  vida  como  ela  é:  a   alternância  de  alegria  e  tristeza,   de  momentos   em   que   realmente  não  se   tem  vontade  de  viver  e  outros   em   que  você  diz:  “Nossa,  eu   quero   viver   muito”;   ou:   “Agora   eu   sei   para   que   eu   existo”,   ou   ainda:   “O   que   eu   estou  fazendo  aqui?”  Isso  permite  encarar  os  momentos  como  eles  são:  a  tristeza   na  tristeza  e  a  alegria   na  alegria.  Então  a  qualidade  de  vida  que  aparece  por  aí,  via   discurso   do   senso   comum,   é   uma   qualidade   em   torno   de   um   modelo   que   talvez   seja   muito   mais   a   capacidade   de   você   usufruir   um   instante,   o   momento   do   instante.   Isso   pressupõe   você   aceitar   sua   existência,   considerando   as   oscilações   (alegrias  e   tristezas),  aceitar   que   não   existe   um  modelo  e   desencanar  dele.  Mas  a   longevidade  vem  com  o  modelo,  goela  abaixo.

220



por Júlio César Pompeu

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

UM MODELO QUE SUPERVALORIZA A JUVENTUDE!



         No  Brasil  e  para  o  homem,   envelhecer   não  é  a  mesma   coisa  que  é  para   a  

mulher.   É   muito   dircil   para   a   mulher   envelhecer,   porque   este   é   um   país   que  hipervaloriza  a   juventude,   a   beleza.  Basta   andar   por   aí   e  ver  quantos   quiosques   de   revistas   têm   mulheres   peladas:   é   a   valorização   do   corpo.   Potência  é  masculina.  A  mulher  nem  pensa  em  potência,  ela  está  pensando   na   beleza,   no   semblante.   Aquilo   que   é   a   potência   para   o   homem,   para  



manter  então  a  qualidade  de  vida,  é  a  beleza  da  mulher.  

por Maria Lúcia Santaella Braga



      Eu   fico   na   questão   puer   aeternus,   do   eternamente   jovem.   As   pessoas  



trazem  a  questão  de  uma  não  percepção  da  autoimagem.

por Irene Gaeta Arcuri 221

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

ENTÃO É NATURAL A IMPORTÂNCIA DA BELEZA



        Eu   sou   dermatologista   e,   para   mim,   é   ainda   mais   dircil   envelhecer.  

Acabei   redefinindo   o   conceito   de   beleza,   porque   eu   preciso   me   adequar   também  à  minha  própria  evolução  interna  e  externa.  Beleza  é  propriedade,   é  aquilo  que  é  próprio  e  natural  de  cada  momento  e  de  cada  idade.  Olho   para  a  minha  vida  e  vejo  se  estou  construindo  uma  história  que  eu  gosto,   que   me   traz   felicidade,  que  me  dá  paz  interior,  em  que   eu   vejo  as   pessoas   felizes  com  isso   que   estou  disseminando.  A  gente   não  fica   velho  da  noite   para   o   dia,   a   gente   vai   envelhecer   da   maneira   como   viveu,   e   isso   é   um   evento   de  todos  os  dias   e  de   todas  as  questões.  E  ainda  tenho  que  exercer   o   lado   externo  da   minha   própria   velhice   ou   da   minha   própria   juventude,   porque   acho   que   essa   coisa   de   ser   animada,   de   ter   essa   energia   muito   vibrante,   é  o  que  de  fato   faz   ser   jovem.  Não   é  a   contagem   das  dúvidas  e   sim  das  certezas.



por Shirlei Schnaider Borelli 222

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

A BUSCA PELA BELEZA SUPERA A BUSCA PELA SAÚDE Na visão dos brasileiros (minigrupos)

“Sou  a   favor  da   plás7ca,  porque  a   academia   vai  demorar   muito.  Eu  usava   38   e   hoje   me   recuso   a   ver   o   que   uso,   então   vou   fazer   recauchutagem   geral.” Jovem AB

“Quando  não  gosto  do  meu  cabelo,   vou  cuidar.  Se  não  gosto  do  corpo,   vou   na  academia  e  tento  não  comer  fritura.” Jovem C

“A  aparência  é  a  nossa  vitrine.” Sênior C

223

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

DIFERENTES OLHARES, DIFERENTES PERCEPÇÕES



      Eu   tenho   um   projeto   de   mudança   de   es7lo   de   vida   saudável   na  

prevenção   de   doenças  crônicas  há  22  anos,   e  como  é  complicado  trabalhar   com   a   mulher!   O   homem   aceita   o   envelhecimento,   já   a   mulher,   77%   da   minha   amostra,   na   faixa   etária   de   54   anos   em   média,   ou   seja,   a   maioria   ‘menopausada’,  é  muito  mais  complicado.





por Roberto Carlos Burini

      Eu   acho   que   precisamos   conceituar   o   envelhecimento,   pois   ele   não   é  

igual  para  todo  mundo.  A   mulher   entende  muito  mais  do  lado  de  fora  do   que   o   homem.   Estamos   falando   da   perda   da   beleza   e   ela   não   quer   ficar   velha,  porque  compete  também  com  as  mais  novas,  de  todos  os  pontos  de   vista:   profissional,  sexual,  amoroso;  sendo   assim,  o  pensamento  de  que  se   pudesse  estar  sempre   linda,  então,  talvez  custasse  menos   envelhecer.  Já  o   homem   entende  que  o  envelhecimento  é  vitalidade  e  ele  quer   explorar   o   máximo  possível  a  sua  sexualidade.  

” 224

por Shirlei Schnaider Borelli

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

E, NO FINAL, MAIS TEMPO SIGNIFICA MAIS OPORTUNIDADE?



        Se   você  me   permite,  eu  não  gostaria  de  viver  indefinidamente,  de  jeito  

nenhum.  Acho  que  uma  das  perspec7vas  que  mais  obrigam  a  gente  a  agir  é   a  noção   de   que  a  gente  vai  morrer.  É   a  mortalidade.  A  imortalidade   criaria   uma   cultura   de   preguiçoso:   amanhã   eu   faço,   medicina   eu   faço   aos   80,   plano  de  saúde  contrato  aos  120  anos.  A  perspec7va  de  infinitude  me  daria   uma  sensação  de  ócio  horrorosa.   Todo  mundo   que  passou  muito  perto   da  



morte  valoriza  mais  a  vida  e  vive  com  uma  intensidade  incrível.

por Pedro Luiz de Santi 225

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

NEGAR A VELHICE TALVEZ NÃO SEJA A SAÍDA



        Evidentemente   tem   um   pouco   de   negação   da   velhice,   sem   dúvida  

porque   ainda   há   muitas   barreiras,   muita   dificuldade   de   aceitação   dos   velhos,   o   preconceito   ainda   não   terminou.  Avançamos   muito,   tem   idosos   pulando   de  paraquedas  e   asa-­‐delta,  mas,   no  meio  disso,  tem  também   uma   velhice  deteriorada,  pobre,  sofrida  e  alvo  de   muito  preconceito.  Não   estou   negando  esse  mecanismo  de  negação,  mas  acho   que,   além  disso,   alguma   coisa   da   ordem   do   inconsciente   nos   dificulta   a   percepção   do   nosso  



envelhecimento.

por José Carlos Ferrigno 226

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?



JUNG EXPLICA AS RESISTÊNCIAS ÀS TRANSFORMAÇÕES

        Jung   diz   que  existem  vários   núcleos,  que  ele  chama  de  complexos,  e   que   podem  nunca  

amadurecer.  É  muito   dircil  mesmo.  Por  exemplo,   eu  7nha  um   grupo   de   psicanalistas  no   meu   consultório,  e  eles   falavam  assim:  “Mas   Irene,  meus   pacientes   sabem   tudo  sobre  a  neurose,   sabem   de  cor  e  salteado  e  falam:   Olha,  eu  tenho  isso,  isso,  isso...  mas   eles  não  mudam!  O  que   eu  faço?”   Eles  têm  que   sen7r,  e  sen7r  é   mudar  e   transformar,  então   não  adianta   eu   teorizar,   eu  tenho  que   entrar   em  contato,  e  entrar  em   contato  é  sofrido,  às  vezes  tem  que   deprimir.   Por   que   as   pessoas   têm   que   fazer,   fazer?   Isso   entra   no   polo   oposto,   da   mania,   que   é   um   quadro  depressivo  também.  Bipolar  é  uma  doença  que   está  na  moda:   num  polo  ele  está  para   fora,  dominando  tudo;   no  outro,  está  para  dentro,   no  mundo  interior,   ele  está  pequeno.  Jung   citava  que  vários   grandes  personagens  da  história  7nham  um  comportamento  absolutamente   infan7l,  porque   se  desenvolveram  muito   intelectualmente  e   emocionalmente,  não.   São  esses   campos  que  ele  denomina  de  complexos  e  teria   que  fazer  essa  integração.   Não   é  fácil,   mas  é   interessante.   Por   exemplo,   uma   pessoa   espiritual:   ela   consegue,   porque   os   complexos   são   verdadeiros   demônios   e   eles   têm   autonomia,   então  você   fala:   “Não,  Irene,   eu  sou  um   cara   calmo”.   Daí  vem   um  outro  cara  e  te  fecha  e,   quando  você   vê,  já  virou  um  monstro,   porque   aquela   raiva  toda   se   apossou  do  seu  ser  e  toda  a   ideologia   caiu  por  terra,  por  quê?  Porque  a   gente  tem   que  integrar   os  ins7ntos   e   os  sen7mentos  com  a  razão,   então  não  dá  para  fazer  as   coisas  separadas.  Aí  vem  a   questão  religiosa,  do  monoteísmo.  Eu   amo  e  eu  odeio  ao  mesmo   tempo:  “Você  gosta  da  sua  mãe?  Ah,  eu  gosto,  a  minha  mãe  é  legal,  mas  eu  odeio  quando  ela   me   pega   no  pé”.   Quer   dizer,   você   tem   que   conviver,   tem   que   saber   que   você   ama  e  odeia   simultaneamente   tudo,   não   pode   ser   unilateral.   Quanto   mais   unilateral   você   for,   mais   o   monstro  te  pega  ali  na  esquina. por Irene Gaeta Arcuri

227

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

KEY POINT

A resistência fundamental Tales de Mileto já dizia, antes de Cristo, que “a coisa mais fácil da vida é falar dos outros; e a mais difícil é conhecer a si próprio”. Muito poucas pessoas, sendo otimista, neste estudo todo, junto aos dois públicos entrevistados, brasileiros estudiosos e brasileiros, colocaram essa questão às claras. Poucos se perguntam, ou melhor, se questionam diariamente, quem sou eu no plano físico, no mental e na forma como eu me relaciono com este universo. Poucos, muito poucos mesmo, sequer percebem que têm algum tipo de vínculo com este universo, que, por exemplo, nosso corpo é formado por 73% de água e que, portanto, estamos sujeitos, como a Terra, a Lua, as marés, a qualquer tipo de fluxos e refluxos das energias do universo. Um simples átomo humano contém carbono, da mesma molécula proveniente de uma estrela morta bilhões de anos atrás. 228

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

KEY POINT

A resistência fundamental Então, será que, de alguma forma, eu não tenho nada a ver com isso?! E, se tenho, como deve ser maravilhoso viver! E, se de fato é, por que eu resisto a não querer viver mais? Aproximadamente 45% dos entrevistados têm consciência de que podem viver mais, sim, mas imaginam que chegarão lá mais decrépitos ainda, pois a muitos falta a informação de que a tecnologia, a biotecnologia, etc. vão levá-los até lá com qualidade de vida, sim! Outros têm medo da solidão, de ver os seus parentes, amigos morrerem e então se sentir só. Nascemos dependentes, acreditamos que crescemos de forma independente e vamos morrer dependentes?! 229

Quais são os principais fatores de resistência à pretensão de se chegar aos 120 anos?

KEY POINT

A resistência fundamental Se eu tenho algo a ver com este universo, a morte lá (no universo) não se situa no campo da dependência e sim da interdependência. Tudo está conectado a tudo no universo; no universo do nosso corpo e no da nossa mente. Portanto, talvez não estejamos tão sós assim, pois estamos relacionados a algo maior! Assim, eu, “guerreiro de causa própria”, vou desistir, entregando os pontos como o meu avô e o meu pai, morrendo com a mesma idade? Cabe a muitos de nós, levantar essa bandeira para alterar esse quadro, quebrar esse paradigma, quebrar essa resistência num futuro próximo. Precisamos levar essa revolução do conhecimento, do autoconhecimento ao jovem e ao jovem idoso brasileiro. 230

Velhice na hipermodernidade não tem significado

231

Velhice na hipermodernidade não tem significado

RESUMO

A invisibilidade da velhice Vivemos um novo tempo, em que os modelos constantes de vida desapareceram completamente, ou seja, ruiu aquele paradigma que existia quando o mundo era estável, segundo o qual pessoas mais velhas tinham prestígio e sua longevidade significava terem muito a dizer sobre como viver. Com as mudanças constantes em todos os setores, os idosos acabam não tendo mais velocidade para acompanhar, então tendemos a não os valorizar por princípio. A discriminação fica cada vez mais evidente, uma vez que a maioria da população concorda que o Brasil tem preconceito com seus idosos e, ao mesmo tempo, não se considera preconceituosa, ou seja, quem tem o preconceito é sempre o outro! Os jovens continuam achando que os velhos não têm direito a namorar, o governo não colabora oferecendo condições mais apropriadas para as restrições comuns nessa idade, tanto materiais como psicológicas, e, para piorar, os próprios idosos acabam se posicionando numa situação de infantilização. 232

Velhice na hipermodernidade não tem significado

RESUMO

Apequenamento Precisamos passar por uma mudança cultural mais profunda, de maneira que as gerações estejam mais próximas e integradas. Nossa sociedade é bombardeada por uma série de estímulos positivos para o fast food e o sedentarismo, então temos que trabalhar em todos os níveis, desde o aconselhamento individual aos com caráter político, para uma contraposição a tudo o que possa representar a alienação. Sendo assim, não podemos apenas responsabilizar o indivíduo, porque há uma produção social nesse sentido e o que discrimina não é a pessoa, é a sociedade... mas não existe sociedade sem pessoas! Existem duas saídas na forma de encarar a longevidade: aproveitar a vida até o final ou ficar com o cobertor por perto, para esperar a morte chegar. E o questionamento que fica então é: até que ponto as pessoas se apequenam diante da velhice, principalmente quando começam a perceber que a sua hora está chegando e não sabem mais como reagir? 233

Velhice na hipermodernidade não tem significado

Sumário dos statements • Porque ela é invisível. • Preconceito declarado de maneira velada. • Ou abertamente. • No final, a discriminação está em todos nós. • Qual é a solução? Apequenar-se diante da velhice?

234

Velhice na hipermodernidade não tem significado

PORQUE ELA É INVISÍVEL



       Uma  sociedade  que  tem  modelos  constantes  de  vida  -­‐  ou  seja,  a  vida  que   eu  levo   é  a   que  o  meu   avô  levava   e   a   que   eu  tenho   certeza   de   que   meu   filho   levará   -­‐   desapareceu   completamente.   A   vida   que   eu   levo   hoje   é   completamente  diferente  da   que  eu  levava  há  15  anos.  De  cara,   telefone   celular   era   coisa   de   ficção  cien•fica;   o   Agente   86   7rava   o   sapato   e   usava   aquilo   para   falar.   Hoje   é   um   mundo   inimaginável   e,   nesse   modelo,   as   pessoas   mais  velhas  têm  pres•gio   quando  o  mundo  é  estável,   porque,  se  a   vida  é  a  mesma  sempre,  quem  já  a  viveu  por  mais  tempo  tem  muito  a  me   dizer   sobre  como  viver.  Mas,   quando  a  vida   muda   o  tempo  todo,   então  o   idoso   não  tem   nada  a  me   dizer  e   eu  tendo,  portanto,  a  não  o  valorizar  por   princípio.   Projete   o  futuro.   Ainda  que  para  o  jovem  a  ideia  de  longevidade   possa   ser   uma   coisa   distante,   como   ele   formula   isso   no   imaginário?   Aparecem   traços   de   solidariedade   ou   de   respeito   por   princípio?   Ou   alienação?  É  mais  radical.



por Júlio César Pompeu 235

Velhice na hipermodernidade não tem significado

PRECONCEITO DECLARADO DE MANEIRA VELADA



      O   SESC,   junto   com   a   Fundação   Perseu   Abramo,   fez   uma   pesquisa  

chamada  “Idosos  no  Brasil”  e  buscou  retratar  um  pouco  das  condições  de   vida   e  também  as  representações   que  os   idosos  faziam   deles  mesmos.  O   grande   con7ngente   era   formado   por   jovens   de   16   a   59   anos,   para   se   contrapor   a   outro   grupo   com   mais   de   60   anos,   e   foi   feita   a   seguinte   pergunta:  “Existe  preconceito  em  relação  ao  velho  no  Brasil?”  Noventa   por   cento   dos   entrevistados   disseram   que   sim.   Na   sequência,   perguntaram   para  os   respondentes;   no  caso,  os  mais   jovens:   “E  você  tem   preconceito?”   Não.   Então   os   que   diziam   que   não   7nham   preconceito   também   representavam  uma  porcentagem  imensa,  ou  seja,  quem  tem  preconceito  



também  é  o  outro,  não  é?

por José Carlos Ferrigno 236

Velhice na hipermodernidade não tem significado

OU ABERTAMENTE

“ “

      Eu   vejo   pelos   meus   filhos,   eles   falam:   “Não!   Pelo   amor   de   Deus,   velho   namorar?  Que  coisa  horrível,  que  nojo!”



por Shirlei Schnaider Borelli

       É  material  e  não  apenas  psicológico:  calçadão,  ônibus...  Como  o  idoso  vai  se   movimentar   numa   cidade   como   essa?   A   exclusão   não   é   apenas   pelo   preconceito,  mas  também  pelas  condições.





por Frank Usarski

       Houve  um  incen7vo  do  governo  japonês,  na  década   de  90,  no  Brasil,  para  o   desenvolvimento   de   uma   pesquisa   que   7nha   como   obje7vo   saber   como   as   pessoas   envelhecem  e  o   que   esperavam  da  vida.  Aí  surgiram  milhões  de  grupos   de   terceira   idade   que   infan7lizaram   os   próprios   idosos.   É   uma   coisa   horrível.   Não   é   preciso   ser   uma   miss   idosa,   mas   também   não   precisa   transformar   os   idosos  em  um  jardim  de  infância. por Irene Gaeta Arcuri 237

Velhice na hipermodernidade não tem significado

NO FINAL, A DISCRIMINAÇÃO ESTÁ EM TODOS NÓS



       No   Brasil,  precisamos  passar  por  uma  mudança  cultural  mais  profunda,   em   que,   em   primeiro   lugar,   as   gerações   estejam   mais   próximas,   mais   integradas.   Não   podemos   apenas   responsabilizar   o   indivíduo,   porque   há   uma   produção   social   nesse   sen7do.   Não   que   cada   indivíduo   seja   um   autômato  e  não  tenha  uma  capacidade  de  discernimento,  mas  eu  acho  que   é   muito   perigoso   a   gente   par7r   para   uma   postura   de   culpabilização   do   indivíduo,   em  uma  sociedade  em  que  nós  somos  bombardeados  o  tempo   inteiro   com   uma   série   de   es•mulos   para   o   ‘sim’   ao   fast   food,   o   ‘sim’   ao   sedentarismo.  Sendo  assim,  temos  que  trabalhar  em  todos  os  níveis,   desde   o   nível   de   aconselhamento   individual   -­‐   o   pai,   a   mãe,   o   professor   -­‐   aos   outros   níveis,   com   caráter   polí7co   mesmo,   de   fazer   uma   contraposição  a   toda   essa   alienação   da   indústria   farmacêu7ca,   enfim,   de   tudo   aquilo  que   pode  representar  a  alienação.  Então,   na  verdade,  o  que  discrimina  não  é  a   pessoa,  é  a  sociedade.  Mas  não  existe  sociedade  sem  pessoas.



por Júlio Sérgio Cardozo 238

Velhice na hipermodernidade não tem significado

QUAL É A SOLUÇÃO? APEQUENAR-SE DIANTE DA VELHICE?



         Então,  até  que  ponto  a  pessoa  também  se  apequena,  sobretudo  porque,   não   digo   tanto   aos  60,  mas   quando   vai  chegando  aos  80  ou  90   anos  e   seus   irmãos   já   foram,   assim   como   seus   amigos   de   infância,   e   você   já   foi   ao   velório  deles.  Você  começa   a  perceber  que  a  sua   hora  está  chegando  e  não   sabe  como  reagir:   vai  aproveitar  até   o  final  ou  vai  ficar  com  o  cobertor   por  



perto,  porque  daqui  a  pouco  ela  [a  morte]  chega?

por Júlio César Pompeu

239

Velhice na hipermodernidade não tem significado

KEY POINT

Significado esvaído A hipermodernidade se caracteriza por evidenciar o aspecto mutável, corrobora a busca pelo novo, o questionamento dos valores, a confiança nos sistemas abstratos, pela obsolescência e descartabilidade de objetos, pessoas e relações, como um menosprezo pelo valor da vida. Dentro desses padrões, em que a preservação da imagem do corpo é desmedida na busca para manter os valores próprios de si, então envelhecer significa fundamentalmente retardar; agora o desafio está na conservação da imagem corporal, que demanda tempo e dinheiro, fatores importantes para a economia. 240

Velhice na hipermodernidade não tem significado

KEY POINT

Significado esvaído Mas retardar o corpo não ajuda em nada o retardar da mente, de tal forma que o idoso de hoje, diante das aceleradas mudanças em curto espaço de tempo, não consegue mais contribuir para a formação do jovem, uma vez que ele está “totalmente desatualizado”. Nesse círculo vicioso, o idoso autocrítico se retira de cena, “indo descansar na cidade do interior”. Assim, contribui-se para esvaziar o significado da velhice através dos próprios idosos e dos jovens, também já velhos por não conseguirem propor a sua própria reinvenção da velhice. 241

A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico

242

A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico

RESUMO

Não podemos parar! Quando se chega à fase da aposentadoria, teoricamente se conquista uma nova liberdade, porque uma das perspectivas é parar de trabalhar mesmo. O sonho é esse, mas vem primeiro, naturalmente, a preocupação com a família, o dever de suprir os filhos até estarem criados. Concluída essa missão, aí, sim, pode-se pensar em qualidade de vida. Só que a realidade é outra, vivemos em uma sociedade em que não se consegue parar de trabalhar porque existem questões do ponto de vista econômico para equacionar, como a formalização da economia para que todos estejam incluídos no sistema previdenciário, a questão da produtividade e o analfabetismo. 243

A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico

RESUMO

O idoso em ascensão Para as pessoas que têm mais de 65 anos e que não possuem renda familiar, existe o Estatuto do Idoso, que contribui mensalmente com um salário mínimo. Para alguns soa como um privilégio, enquanto para outros, trata-se de um benefício importante, porque, além de ajudar na movimentação dos comércios locais, também passa a valorizar o idoso, que migra de uma posição decadente e de ônus em peso para a família para, muitas vezes, a de provedor. Sendo assim, hoje, o idoso pode ser considerado um segmento equacionado, pois está muito fora da linha da pobreza e muito aquém das outras faixas etárias. 244

A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico

Sumário dos statements • A chegada da aposentadoria: uma nova fase. • Terceiro turno? • O conservadorismo: plantar para colher. • Os idosos aquecendo economias locais. • O idoso do futuro.

245

A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico

A CHEGADA DA APOSENTADORIA: UMA NOVA FASE



       Ser  aposentado,  para  ir   para   a  Índia,  me  livrar  de  vários  elementos  de   iden7dade   e   poder   então   ler,   voltar   a   ler!   Você   tem   a   perspec7va   de   atravessar  a  vida  adulta  e   poder  chegar  à  aposentadoria  e  conquistar  uma   nova   liberdade.  Sonhamos  com  isso,   naturalmente,   mas  acho   que   primeiro   tem   essa   coisa   da   família:  depois  que  os  filhos  es7verem   criados,   aí  tudo   bem,   podemos   ter   qualidade   de   vida   e,   ainda,   se   puder   viver   com  



autonomia  e  inteligência,  quero  escrever  e  ler,  sem  pressa.

por Pedro Luiz de Santi

246

A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico

TERCEIRO TURNO?



        Uma   perspec7va   da   aposentadoria   é   a   de  parar   de  trabalhar   mesmo.   Mas  nós  percebemos  que,  na  sociedade  brasileira,  a  pessoa  não  consegue   parar,   porque   existem   três   questões   do   ponto   de   vista   econômico   para   equacionar:   a   formalização   da   economia   (de   todos   estarem   incluídos   no   sistema  previdenciário),  a  questão  da  produ7vidade  (que  tem   a  ver  com  a  



educação,  processos  e  metodologias)  e  o  analfabe7smo.  

por Jorge Felix

247

A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico

O CONSERVADORISMO: PLANTAR PARA COLHER Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Minha  saúde  financeira  é  totalmente  deficiente,  estou  de  cadeira  de  rodas.” “É  muito  mês  para  o  meu  dinheiro.” Jovem C

“Sempre   fui   seguro   financeiramente,   nunca   dei   um   passo   maior   do   que   eu   podia.” Adulto AB

“Eu  já  me  preocupei  cedo,  comprei  meu  imóvel,  consegui  dar  um  apartamento   para   o   meu  filho   e   deixar  uma   boa   poupança,  então  essa   preocupação   eu  já  não   tenho  mais.” Sênior AB

“Eu  fiz  uma  previdência  privada  por  fora  e  o  CapMais  do  Itaú.” Sênior C 248

A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico

OS IDOSOS AQUECENDO ECONOMIAS LOCAIS



       Esse  Estatuto   do  Idoso   pode   soar   para   alguns  como  um   direito  legí7mo;   para   outros,   pode   ser   visto   como   privilégio,   mas   é   um   benercio   importante  ,  que  dá  direito  a  um  salário  mínimo  para  maiores  de  65  anos   que   não   têm   renda   familiar.   Para   nós   pode   ser   uma   quan7a   irrisória,   ridícula,  mas  imagine  você  numa  cidade  do  interior  do  Piauí,  pequenininha,   como  o  dono  da   venda  fica  feliz  quando  os  velhinhos  começam  a   receber   aquele   salário   mínimo   para   movimentar   o   comércio   local.   Podemos   ver   como  se   passa,  mesmo   entre  os  idosos   mais  humildes,  de  uma  posição  de   decadentes   e   ônus   em   peso   para   a   família,   muitas   vezes,   para   a   de   provedor,   de   tal   forma   que  algumas   famílias  ficam   olhando   com   inveja   o  



vizinho,  porque  ele  tem  o  velhinho.

249

por José Carlos Ferrigno

A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico

O IDOSO DO FUTURO



    Em   termos   de   Brasil,   o   idoso   hoje   eu   diria   que   é   um   segmento   equacionado:  está  muito  fora  da   linha  de   pobreza  e  muito  além  das   outras   faixas  etárias.  E  o  que  interessa  hoje  para  a  sociedade  brasileira  é  o  idoso   do  futuro.



por Jorge Felix

250

A terceira idade e o seu potencial econômico/mercadológico

KEY POINT

O$ ido$o$ O avanço do poder econômico dos mais v e l h o s é c o m p rov a d o p o r i n ú m e r a s estatísticas. Atualmente, eles respondem por quase 20% do poder de compra do país. Há duas décadas, esse percentual era de 5%. Estima-se que 70% dos idosos brasileiros tenham independência financeira, o que representa o dobro de 20 anos atrás.

251

Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?

252

Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?

RESUMO

O que importa é a fé! A extensão da vida gera inúmeras questões, profundas e aparentemente insolúveis, mas a religião trabalha em cima de quatro modelos: a projeção da vida, imaginando uma eternidade; a ressurreição de um corpo analógico para o dia do juízo final; trabalhar a questão da alma e do espírito para oferecer esperança; e a imortalidade através da obra, do legado. Só que o que mais conta é a questão da espiritualidade, nem tanto da religiosidade, porque a vida interior é muito mais importante, pois, no final, é ela que oferece um certo sentimento de acolhimento, de conforto, de contextualização por algo maior. A maioria das pessoas se apega muito mais à fé do que à religião, pois ela já reside dentro de cada um e acaba sendo o grande motivador para enfrentar as adversidades da vida com otimismo. 253

Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?

Sumário dos statements • Teorias sobre a extensão da vida. • Onde o aspecto espiritual provê alento. • E a voz do povo é a voz de Deus...

254

Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?

TEORIAS SOBRE A EXTENSÃO DA VIDA



         O  problema   mais  profundo  do  ponto   de  vista  da   extensão  da  vida  não  é  

suficiente   para   resolvê-­‐lo   com   50   ou   mesmo   500   anos.   Há   teorias   que   nascem  aqui  e  a  religião  trabalha  exatamente  com  quatro  modelos: 1.  De   um  lado  está  a  morte  de  todos  os  cantos,  o   que  não  tem  nada  a  ver   com  nós  que  somos  jovens,  e  do  outro  lado,  a  possibilidade  de  projetarmos   a  vida,  imaginando  a  eternidade. 2.   Ressurreição   de   um   corpo   analógico,   em   que   você   tem   o   corpo   quase   idên7co  ao  original  e  é  chamado  para  o  dia  do  juízo  final. 3.   Questão   da   alma,   do   espírito,   em   que   a   sua   religiosidade   resolve   os   problemas  e  lhe  dá  esperança. 4.   Imortalidade,   em   que   você   transforma   o   lado   rsico   para   viver   para   sempre;  é  ser  citado  até  hoje,  deixar  uma  obra.

255



por Frank Usarski

Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?

ONDE O ASPECTO ESPIRITUAL PROVÊ ALENTO



      A   vida   interior   é   muito   importante.   Para   mim,   conta   a   questão   da  

espiritualidade,  eu  não  falaria  religiosidade.   Tem  pesquisas   que  sustentam   essa   minha   própria   experiência,   que   é   a   espiritualidade,   desenvolvida,   digamos,   a   par7r   da   própria   razão,   a   experiência   com  todas  as  dúvidas  que   a   gente   tem   durante   a   vida   e   o   que   resta   é   um   certo   sen7mento   de   ser   acolhido,   de   ser   contextualizado   por   algo   maior   e   isso   me   dá   muito  



conforto.  Para  mim,  80%  dos  problemas,  entre  aspas,  seriam  resolvidos.

por Frank Usarski

256

Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?

E A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS... Na visão dos brasileiros (minigrupos) “A   fé   move   montanhas   e   minha   fé   hoje   me   move   para   chegar   ao   lugar   que   acredito  que  quero  alcançar.” Jovem AB

“Se  a  vida  já  está  dircil,  imagine  sem  Deus?” Adulto C

“Tem   sempre   que  ter  esperança,  porque,  se   perder,  acabou  tudo.   Se  você  não   acreditar,  se  não  7ver  fé,  não  vai  chegar  lá,  vai  perder  a  esperança  no  caminho  e   não  vai  alcançar.” Sênior AB

“Fé   para  mim  é   o   firme  fundamento  das  coisas  que  a  gente  não  vê,  mas  que  se   espera.  É  o  que  nos  mo7va   a   con7nuar  vivendo,  uma  mo7vação,  esperança   de   que  tudo  vai  dar  certo.  O7mismo.” Sênior C 257

Na era da hipermodernidade, do hiperconsumo, existe espaço para a fé?

KEY POINT

A fé na ciência e na religião A ciência diz: “compreendei e acreditareis”. Já a religião diz: “acreditai e compreendereis”. O domínio do mistério é um campo aberto às conquistas da inteligência. Todo o saber é um sonho impossível, e quem não ousa aprender tudo não sabe que, para saber alguma coisa, é preciso resignar-se a estudar sempre! Na ordem religiosa, colocamos a ciência com a revelação e a razão com a fé, para revelar o equilíbrio universal das forças naturais. A fé, quando relacionada à esperança ou a motivos mais nobres, ou ainda a motivos estritamente pessoais e egoístas, tem origem emocional, é uma força que nasce dentro do ser humano e que o impulsiona a agir, a suportar todas as adversidades e torna-se o alento para as tristezas, porque ela é o bálsamo que alivia as dores e anima os dias cinzentos. 258

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

259

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

RESUMO

Família como o principal elo

A população brasileira, em geral, compartilha o sentimento de que sua vida não lhe pertence, porque tudo acaba girando em prol das necessidades da sua família. Isso significa que grande parte do seu esforço, durante o período ativo de sua vida, acaba se transformando numa rotina voltada para o suporte e bem-estar dessas pessoas, com o objetivo de acompanhar a vida desse dependente, até que adquira autonomia própria, ou até que descanse em paz. Como tudo na vida se gasta, passado algum tempo, podemos dizer que o afeto também se gasta e uma forma de se renovar é através da chegada dos netos, quando volta diferente, intenso, tão forte que transborda. Então você tem uma nova motivação para continuar vivendo, porque você quer ver essa criança se desenvolver. Nesse contexo, a família se consolida como a base de tudo, o amálgama que garante um futuro distante da solidão e esse fator emocional a enaltece como uma das coisas mais maravilhosas na vida dos brasileiros. 260

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

RESUMO

Limites Podemos balizar a questão do sentido da vida na forma como organizamos nossa existência e isso está diretamente ligado ao problema do conhecimento. Sem ele, a perspectiva de futuro pode caminhar para a alienação, uma muleta ilusória para a dor da existência: uma vida sem sentido precisa de outro, nem que seja fictício, para suportar os trancos das adversidades. O sentido da vida por que você passa é a vida que você preserva, a vida que você transmite e o legado que você deixa, porque a ideia é que, de alguma maneira, mesmo de forma diferente, você continue através da vida do seu filho. Nesse contexto, a longevidade surge como uma oportunidade para cumprir essa missão de se aprofundar naquilo que efetivamente dá sentido à vida, aproveitando melhor esse tempo, driblando as limitações, abrindo novos caminhos e transformando a vida dos que vêm atrás de você. 261

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

RESUMO

Um passo após o outro Desconhecer o sentido da vida e nós mesmos não significa que não exista uma resposta. O aprofundamento nessa direção impede, de certa forma, que fiquemos simplesmente lutando contra as limitações físicas ou psicológicas da vida e oferece mais elementos de qualidade e dimensão para a longevidade. Já dizia Er ik Er ikson que, na f ase de transição do envelhecimento, o ser humano poderia seguir dois caminhos: o de se “ensimesmar”, mais provável diante da realidade que vivemos, pois nossa sociedade é muito narcisista, fato que estimula cada vez mais a exacerbação na aquisição dos bens de consumo; ou o de desenvolver uma geratividade, em que aproveita as experiências da vida para se voltar mais para fora, ou seja, encontra satisfação em servir e contribuir com a felicidade alheia. Se as pessoas perceberem o valor disso, certamente vão envelhecer melhor do que só ficar pensando em aproveitar a vida para si. 262

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

RESUMO

O que vem depois A organização social cuida para que haja um script perfeito até os 50 anos, em que o foco está na persona, na construção de uma base sólida: a família, a profissão, o matrimônio; depois disso, não temos mais nada, então o envelhecimento, dentro desse padrão pode ser considerado totalmente pós-moderno. Segundo Jung, essa primeira metade da vida é comparada com o Sol, quando toda sua energia se volta para o lado de fora. A outra metade é quando o Sol de põe e você passa a se iluminar. Significa, então, viver a vida interior, do autoconhecimento; nessa jornada, não existe lugar que não possa ser visitado. A criatividade e a vitalidade estão alinhadas com o self, o desafio da busca pelo objetivo da vida ganha proporções maiores e o questionamento que fica é: o que alimenta a minha alma? 263

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

Sumário dos statements • Vivemos em função do outro. • Então nossa batalha diária é em prol de quem? • Uma nova vida inspira uma nova motivação. • A dor da existência. • A organização da vida oferece mais sentido a ela. • Conhecimento da vida: um enigma sem solução. • Então perguntamos: o que é mais maravilhoso na sua vida? • E o grande desejo em relação à vida é: • Repercute na mesmice do sonho de consumo. • É preciso romper com o narcisismo. • Perspectiva da psicologia analítica segundo Jung. • Confúcio: diante dessa máxima, a concordância. 264

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

VIVEMOS EM FUNÇÃO DO OUTRO



    Meu   sen7mento   é   que   minha   vida   não   pertence   a   mim.   A  

responsabilidade   com   a   própria   vida   passei   a   sen7r   de   um   jeito   pesado   mesmo   quando   7ve   minhas   filhas.   Eu   tenho   hoje   uma   direção,   uma   responsabilidade   de   acompanhar   a   vida   delas   até   elas   adquirirem   a   autonomia.   Porque   eu   tenho   um   histórico   familiar   de   doenças,   então   desde   os  35  eu   faço   exames  regulares;   tenho  tendência   a   ganhar   peso,   a   comer  muito,  então  tento   segurar  meu  peso   razoavelmente,  mas  faço   isso   diferente  por  causa   das  minhas  filhas.  Se  não  fossem  elas,  eu  não  teria   isso   como   preocupação,   acho   que   seguiria   mais   a   linha   do   Frederico,   do   desfrute.  Os  cuidados  muito   específicos,   de   previdência   privada,   imóveis,   etc.   não  são  porque  a  minha  vida  está  em  jogo,  são   responsabilidades   por   ter  outras  vidas  que  eu  acompanho.

” 265

por Pedro Luiz de Santi

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

ENTÃO NOSSA BATALHA DIÁRIA É EM PROL DE QUEM? Na visão dos brasileiros (minigrupos)

“Família.” “No  presente,  mais  para  mim  mesmo.” Jovem AB

“Ser  um  bom  pai  e  um  bom  marido.” Jovem C

“Muitas  pessoas  precisam  da  gente  e  temos  a  obrigação  de  ajudar.” “Meus  netos,  me  preocupo  muito  com  o  futuro  deles.” Sênior C

266

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

UMA NOVA VIDA INSPIRA UMA NOVA MOTIVAÇÃO



    Tornei-­‐me   avó,   então   filho   é   uma   coisa,   neto   é   outra   coisa,  

completamente  diferente.  Depois  que  a  gente   viveu,  o   afeto  se  gasta.  Isso   falando   de   marido,   de   mulher,   do   co7diano,   dos   hábitos.   Então,   quando   vem  o  neto,  o  afeto  volta  de  uma  forma  tão   forte  que  ele  transborda  e  te   dá   vontade   de   con7nuar   vivendo,   ou   seja,   você   quer   ver   essa   criança   crescer  e  a  pergunta  é   até  quando  eu  vou   ver?  Essa  pergunta  começa  a  te   perseguir   e   pensar   na   morte   é   um   pensamento   adiado,   porque   eu   não   quero  saber,  eu  não  quero  pensar.



por Maria Lúcia Santaella Braga

267

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

A DOR DA EXISTÊNCIA



      O   que   é   a   vida   feliz,   afinal   de   contas?   É  como   você   pensa   a   vida   feliz.  

Existe  uma   perspec7va  de  futuro  em  torno  disso?  E  o  outro  ponto  é  a  ideia   de  sen7do   da  vida.  A  alienação  pode  ser   interpretada  como  uma  desgraça,   a  necessidade   de  ter   uma  muleta  ilusória   para   exis7r,  mas,  por  outro  lado,   será  que  essa  muleta  metarsica  você  consegue  encarar?  Então  a  vida  não   tem   sen7do   nem   valor,   ela   é   uma   sucessão   caó7ca   de   imagens,   é   uma   ilusão,   que,   no   final   das   contas,   não   tem   sen7do   nenhum.   É   você   que   inventa  um  sen7do  para  ela,  para  aguentar  o  tranco,  sobretudo  quando  o   momento   é   triste.   É   a   pequena   dor   da   sua   existência.   Talvez   a   gente   necessite   inventar   um   sen7do   para   a   vida   e,   por   mais   que   a   gente   saiba   que  esse  sen7do  é  precário,  efêmero,  inventado,   ainda  assim  ele  não  deixa   de  ser   importante.  Então   qual  é  o  sen7do  da   existência?   Esse  sen7do  vai   ser  formulado  em  termos   de  futuro  ou  em  termos   de  presente.  Quais   são   as  questões  de  tempo  que  vão  aparecer  nessa  ideia  de  vida?



por Júlio César Pompeu 268

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

A ORGANIZAÇÃO NA VIDA OFERECE MAIS SENTIDO A ELA



         Sobre  a  questão  do  sen7do  da  vida,  eu  acho  que,  inevitavelmente,  quando   você   se   coloca   o   problema   da   idade,   você   se   coloca   com   a   problemá7ca   do   sen7do  da   vida,  ou  seja,  como  é  que  você  organiza   isso  que  a  gente  chama   de   existência,   que  parece  ser  uma  coisa  que   vem  do   nada  e   vai  para  o  nada?   Afinal   de   contas,   o   que   nós   estamos   fazendo   aqui?   Isso,   por   sua   vez,   também   está   ligado  ao  problema  do  conhecimento:  o  sen7do  da  vida  por   que   você  passa,  da   vida  que  você  preserva,  da  vida  que  você  transmite  e  o  legado  que  você  deixa,   porque   a   ideia   é   que   a   sua   vida,   de   certa   forma,   vai   con7nuar   na   vida   do   seu   filho,  claro,  de  uma  maneira  diferente.  É  entender  também  a  longevidade   como   oportunidade  de  cumprir  essa  missão,  na  busca  do   sen7do,  e  legar  para  os  que   vêm   atrás   de   você.   Aproveitar   esse   tempo   de   vida   sabendo   lidar   com   as   limitações,  para   se   aprofundar  naquilo  que   dá   sen7do   efe7vamente  a  ela   e  ao   tentar  se   aprofundar   nisso,   deixar   um   legado  melhor,   fazendo  com   que  a   vida   dos  que  vêm  atrás  de  você  faça  mais  sen7do.



por Dante Marcello Gallian

269

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

CONHECIMENTO DA VIDA: UM ENIGMA SEM SOLUÇÃO



         O  inves7mento  no  conhecimento  da  vida  e  de  nós  mesmos  é  um  enigma  que   talvez  não  tenha   solução,  mas  o  fato  de  tentarmos   resolver,   ainda  que  saibamos   que  também  é   uma  par7da  que   não  vamos  ganhar,   só   o   fato  de  estarmos   nesse   movimento  talvez   seja   o  que   dê   esse   elemento   de  qualidade,  que   vai   além   do   que   simplesmente   ficar   lutando   contra   as   limitações   rsicas   ou   psicológicas   da   vida.   Esse  ponto   do  inves7mento  do  conhecimento  na  busca   do  sen7do  da  vida,   não  no  sen7do  barato,  numa  espécie  de  autoajuda,  mas  no  sen7do  mesmo  de   você   tentar  a  cada   momento  e  quando   parece  que  está   chegando  perto  de   uma   solução,  percebe  na  verdade  que  está  muito  mais  longe   ,   e  aí,   isso   te   provoca  e   te  puxa  para  trás.  A  questão  de   que  toda  essa   luta  em  busca  de  sen7do,  que  dá   qualidade  e  uma  certa  dimensão  para  a  longevidade,  mais  do  que  uma  simples   batalha   perdida,  é  a   questão  do  legado,  que   eu  acho  que  tem   muito  a   ver  com  a   questão  do  sen7do.



por Dante Marcello Gallian 270

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

ENTÃO PERGUNTAMOS: O QUE É MAIS MARAVILHOSO NA SUA VIDA? Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Me  sinto  amado  pelos  que  me  cercam.” Jovem C

“Meus  cachorros.” “Minha  liberdade.” “Minha  espiritualidade,  com  foco  no  que  vale  a  pena  e  na  família.” Adulto AB

“O   brasileiro   é   muito   apegado   à   família,   é   sociável.   A   meninada   tem   a   mentalidade   diferente,  mas  vai  chegar  o  momento  em  que  eles  vão  sen7r  a  necessidade  de  voltar   ao  ambiente  da  família.  Hoje  estão  voando,  mas  vão  voltar.” Sênior AB

“A   vida  é   bela,  ô   se  é!  A  felicidade   está   dentro  de  mim.  Vou  casar  pela   terceira   vez.  Se   existe   um  milagre,   eu  sou   ele!   Tive   câncer   e   fiquei   desenganada   pelos   médicos,   7ve   trombose  e  quase  me   amputaram  a   perna,  e   ainda   estou   aqui!  Eu  gosto   da  vida  e  não   quero  ir  agora.” Sênior C 271

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

E O GRANDE DESEJO EM RELAÇÃO À VIDA É: Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Casar,  ter  filhos,  formar  uma  família.” Jovem AB

“Felicidade.” “Paz   de   espírito   e   paz   financeira,   o   nirvana   interior:   é  preciso   ter   fé   para   7rar  as  energias  para  vencer  as  dificuldades.” “Progresso  moral  e  intelectual.” Adulto AB

“O   meu   maior   sonho   era   ter   um   sí7o,   um   can7nho,   que   agora   tenho.   O   meu   sonho   agora,   apesar   de   ser   o   mesmo,   mudou,   pois   agora   quero   me   mudar  para  lá!” Sênior AB

272

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

REPERCUTE NA MESMICE DO SONHO DE CONSUMO Na visão dos brasileiros (minigrupos) “Casa  própria.” “iPhone:  7ve  2,  fui  roubado  e  quero  outro.   Sempre  cur7  pela  facilidade,  a   tecnologia  do  touch   não  7nha  nada   igual,  fora  que  é  lindo!  Sou  fã   da  Apple,   ela  me  fascina,  me  atrai.  É  vaidade,  beleza,  status,  moda.” “Roupa   de  marca.  Uma  camisa  pode  custar  R$  200,00,  enquanto  tem  umas   de  R$  20,00,  é  a  Armani  x  Hering.” Jovem AB

“Ter  uma  casa  na  praia.” “Comprar   uma   BMW,   apesar   de   ser   perigoso.   Vai   que   um   ladrão   me   assalta...  mas  eu  acho  lindo!” “Eu  vivo   o  que  posso,   como  o  que  eu  gosto  e  pronto!  Sonho  em   ter   uma   bela  casa  e  uma  Ferrari.” Sênior AB 273

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

É PRECISO ROMPER COM O NARCISISMO



        Eu   acho   que  a  gente  vive  numa  sociedade  muito  narcisista,  então,  quando   a  gente   faz  a  pesquisa  e  pergunta  o  que  você  quer  fazer,   já  pressupõe   que  o  cara  vai  dizer   que   quer   usufruir   as   coisas   para   ele.  Ora,   uma   coisa   que   pode   dar   muita   sa7sfação  para   uma  pessoa,  principalmente  nessa  etapa  da  vida,  é  servir  outras  pessoas,  é  contribuir   com   a   felicidade   alheia.   Se   as   pessoas   perceberem   o   valor   disso,   certamente   vão   envelhecer  melhor   do  que  só  ficar   pensando  em  aproveitar   a   vida  para  si.  Erik  Erikson,   um   psicólogo   importante,   estabelece   fenômenos   específicos   por   fases   da   vida   e   ele   afirma  que,  na  fase  de  transição,   no  envelhecimento  e   mesmo  um   pouco  mais  além,  o   sujeito   pode   se   ‘ensimesmar’   ou   ele   pode   desenvolver   uma   gera7vidade   (tendência   que  os  mais  maduros  teriam  em  cuidar  e  melhorar  a  vida  da  próxima  geração   usando   suas  competências),  ou   seja,  aproveitar   essa  experiência  de   vida  e  se  voltar   um  pouco   mais   para   fora   e   não   querer   apenas   usufruir   egois7camente   do   dinheiro   que   acumulou,  ou,  enfim,   do  status  que  conseguiu.  Seria  interessante  pesquisar  até  onde   vai   esse   egocentrismo;   acho   que   vai   ser   avassalador,   acho   que   terá   pouquíssimas   respostas  que  vão  dizer   assim:   ‘Na   minha  velhice,   eu   quero  fazer  alguma   coisa   pelos   outros’,  infelizmente.



por José Carlos Ferrigno 274

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA ANALÍTICA SEGUNDO JUNG



        Nós   temos   uma   fase  da   vida   denominada   metanoia.  Na   primeira   fase   temos   um   script  perfeito  até  os  50  anos  e,  depois,   não  temos  mais.  Por  mais  paradoxal  que  possa   parecer,   o   envelhecimento   é   totalmente   pós-­‐moderno.   Na   primeira   metade   da   vida   estamos   focados  na  construção   de  um   alicerce,  de  uma  base  sólida,  ou  seja,  a   família,   o  trabalho,  a  profissão,  o  matrimônio.  Jung  compara  isso  com  o  Sol,  toda  sua  energia   está  para  fora  e,  quando   o  Sol  se  põe,  você  passa  a  se  iluminar  e  isso   significa  viver  a   vida   interior.  É  muito  dircil,   porque  não  tem  lugar   que  a   gente   não  visite   no  próprio   mundo   interno.   Eu  lembro   quando   o  Oscar   Niemeyer   fez   aniversário,   ele   falava   que   não   via   a   hora   em   que   o   dia   amanhecesse   para   fazer   alguma   coisa.   Quer   dizer,   ele   7nha  tanta  cria7vidade  e  vitalidade,  porque  está,  digamos  assim,  alinhado  com  o  self,   com  esse  interior.  Então  existem  muitas  coisas  para  fazer  e  a   questão  é  saber  o  quanto   você   foi   capaz   de   se  visitar,   o   quanto   a   gente   viveu  só  na   persona,   que   no  caso   é   a   professora   Irene  Gaeta  com  filhos  e  tal.  Tem  todo  um  script,  mas  eu  não   sou  isso,  eu   sou  algo  anterior  a   isso,  então  o  que  eu  sou  de  fato?  Qual  é  o  meu  anseio?  Qual  é  o   meu  obje7vo,  o  que   alimenta  a  minha  alma?   Então   eu  acho   que  essa  é  a  busca  maior,   o  alimento  da  alma,  e  é  o  desafio  maior  também! 275



por Irene Gaeta Arcuri

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

Citamos para os entrevistados: “Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para re c u p e ra r a s a ú d e. Po r p e n s a re m ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido.”

Confúcio 276

Pontos para reflexão sobre o sentido da vida

DIANTE DESSA MÁXIMA, A CONCORDÂNCIA Na visão dos brasileiros (minigrupos)

“A  vida  assim  não  tem  um  sen7do.” Jovem C

“Tem   gente   que   não  sabe   viver   o  momento.  Se   o   filho  nasce   hoje,   então   ele   leva   o   computador   ao   hospital   para   trabalhar   de   lá,   para   cur7r   esse   momento  tão  especial.” Adulto AB

“As  pessoas  se  apegam  muito  ao  dinheiro.  As  pessoas  são  materialistas  e   isso  acaba  acontecendo  mesmo.  A  maioria  é  assim.” Sênior C

277

A saudabilidade e o sonho de consumo 278

Construção nos diferentes planos A seguir veremos como, no dia a dia, a maioria dos brasileiros realiza suas práticas no plano físico (alimentação, exercícios físicos, etc.) e no do consumo, objetivando, ou não, construir o seu perfil de uma longa vida. Na verdade, essa construção, sabemos, se inicia por esse plano, o das atividades físicas, ascende para o plano da evolução mental e, em seguida, se fizer parte da sua natureza, para um plano espiritual. 279

A saudabilidade

280

Por ordem de importância, quais são suas principais preocupações hoje? 1ª  citação 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

filhos

28%

39%

27%

22%

32%

saúde

21%

20%

32%

47%

25%

família  em  geral

23%

23%

24%

23%

23%

violência

   6%

   7%

   9%

   6%

   7%

emprego

   8%

   6%

   1%

   2%

   5%

estabilidade  financeira

   8%

   4%

   6%

   1%

   5%

estudos

   7%

   1%

   1%

-­‐        

   3%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

281

Por ordem de importância, quais são suas principais preocupações hoje? 2ª  citação 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

saúde

32%

33%

26%

31%

31%

família  em  geral

26%

22%

28%

28%

25%

filhos

     6%

15%

17%

22%

14%

estabilidade  financeira

10%

13%

   8%

   8%

11%

violência

   6%

   7%

11%

   9%

   8%

emprego

13%

   7%

   9%

   1%

   8%

estudos

   8%

   2%

   1%

   1%

   3%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

282

Por ordem de importância, quais são suas principais preocupações hoje? 3ª  citação 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

saúde

25%

25%

30%

20%

25%

estabilidade  financeira

17%

18%

19%

18%

18%

família  em  geral

12%

18%

20%

21%

18%

violência

10%

14%

13%

19%

13%

emprego

22%

11%

   2%

-­‐        

11%

filhos

   5%

   8%

14%

21%

10%

estudos

   9%

   4%

   2%

-­‐        

   4%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

283

Você está satisfeito com o seu corpo? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

sim

66%

64%

70%

66%

não

34%

36%

30%

34%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  total:  892  entrevistados  

284

Você está satisfeito com o seu corpo?

Se NÃO, o que você mudaria? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

perderia  peso

50%

48%

46%

48%

diminuiria  barriga

36%

41%

44%

40%

faria  uma  lipo

     5%

11%

17%

11%

colocaria  silicone

   8%

   6%

   7%

   7%

faria  uma  plásQca

   7%

   7%

   5%

   7%

reduziria  seios

   8%

   2%

   3%

   3%

engordaria  um  pouco

   2%

   2%

   3%

   2%

base  20  -­‐  35  anos:  84  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  159  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  59  entrevistados  /  base  total:  302  entrevistados  

285

De 0 a 10, quanto você está satisfeito com o seu corpo? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

0

-­‐        

-­‐        

-­‐        

-­‐        

1

-­‐        

-­‐        

-­‐        

-­‐        

2

   1%

-­‐        

-­‐        

-­‐        

3

   1%

-­‐        

-­‐        

   1%

4

   3%

   3%

   4%

   3%

5

   5%

10%

   9%

   8%

6

   9%

11%

11%

10%

7

19%

15%

16%

16%

8

26%

24%

22%

24%

9

14%

16%

15%

16%

10

22%

21%

23%

22%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  total:  892  entrevistados  

286

KEY POINT

Eu me cuido para ficar bonito e não para ser saudável.

Mais à frente, veremos o reflexo dessa satisfação com o corpo em todas as questões que envolvem os cuidados com a saúde. Como o nível de satisfação está relativamente alto, não há razão para cuidados mais assíduos com a saúde, pois eles estão mais atrelados à aparência do que à saúde. Esse fato pode ter origem na falta de perspectiva a longo prazo do brasileiro, pois não há uma motivação de vida maior, o que faz com que os cuidados com a saúde, em todas as esferas, também fiquem no plano superficial. 287

Quais são as boas práticas da sua alimentação? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

comer  legumes  e  vegetais

71%

80%

81%

83%

78%

não  comer  frituras

13%

19%

26%

26%

20%

evitar  alimentos  gordurosos

     8%

12%

   8%

   9%

10%

comer  arroz  com  feijão

   7%

   9%

17%

-­‐        

10%

tomar  suco  natural

10%

   9%

10%

   9%

10%

ter  uma  alimentação  balanceada

   8%

   8%

   8%

12%

   9%

se  alimentar  nos  horários  certos

10%

10%

   6%

   7%

   9%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

288

KEY POINT

É mais fácil incluir do que abdicar.

Podemos observar que há uma maior facilidade de incluir alimentos saudáveis (legumes, vegetais, frutas, arroz com feijão e suco de frutas) na rotina do que evitar comer alimentos que fazem mal, ou seja, o bem e o mal convivem. Adiante, veremos quais são as tentações que nos levam a esse comportamento.

289

Quais são as práticas que você sabe que não estão certas, mas não consegue abandonar? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos  

TOTAL

frituras

55%

48%

37%

30%

46%

carne  vermelha/churrasco

36%

39%

33%

34%

37%

doces

26%

25%

25%

23%

25%

bebidas  alcoólicas

28%

26%

21%

12%

24%

chocolate

22%

21%

17%

14%

20%

refrigerante

20%

11%

   7%

   4%

12%

lanches/sanduíches

11%

   6%

   3%

   2%

   6%

nenhuma

   2%

   3%

   8%

14%

   5%

massas

   4%

   4%

   4%

   1%

   4%

salgadinhos

   6%

   4%

   2%

   1%

   4%

comidas  gordurosas

   2%

   4%

   6%

   5%

   4%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados   290

KEY POINT

Deixar de participar? Nunca!

Analisando as respostas mais representativas da questão anterior, percebemos que esses alimentos estão presentes no final de semana, nas atividades sociais que vão além da rotina dos brasileiros. Estão presentes no churrasco, no bar, nos happy hours, nas comemorações, na praia, etc. Deixar de consumir esses alimentos significa deixar de participar. A partir da segunda faixa etária (principalmente para as pessoas acima de 70 anos), como a alimentação saudável se faz mais presente, deixar de consumir alimentos que fazem mal é menos difícil se analisarmos as porcentagens da variável “nenhuma”. 291

Mudaria seus hábitos alimentares para viver mais?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

sim

71%

69%

70%

51%

68%

não

29%

31%

30%

49%

32%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

292

KEY POINT

Mais uma vez, você é a sua cidade!

Mais uma vez, podemos comprovar a influência de um contexto urbano menos hostil na motivação para viver mais. Sabemos que uma pessoa que tem mais contato com a natureza tem também muito mais potencial para desenvolver hábitos saudáveis (principalmente no Rio de Janeiro, como veremos a seguir na questão que envolve exercícios físicos), pois já cuida mais da saúde naturalmente. No Recife, podemos dizer que esse potencial também está fortemente influenciado à questão religiosa, pois, mesmo o contexto urbano sendo aparentemente mais humanizado - sabemos não é -, a vida é levada sob uma forma menos estressante. 293

Você pratica atividades físicas regularmente?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

sim

41%

38%

35%

32%

38%

não

59%

62%

65%

68%

62%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

294

Você pratica atividades físicas regularmente?

Se SIM, qual?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos  

TOTAL

caminhadas

21%

44%

71%

63%

44%

academia/musculação

39%

34%

19%

14%

30%

futebol

17%

13%

   4%

   3%

12%

andar  de  bicicleta

15%

   6%

   7%

   3%

   8%

natação

   8%

   9%

   6%

11%

   8%

corrida

11%

   3%

   4%

   3%

   5%

ginásQca  aeróbica

   4%

   3%

   1%

-­‐        

   3%

esteira

   2%

   1%

-­‐        

   6%

   2%

dança

   2%

   2%

   3%

   3%

   2%

outros

   4%

   1%

-­‐        

-­‐        

   3%

base  20  -­‐  35  anos:  102  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  171  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  69  entrevistados  /  base  70  +  anos:  35  entrevistados  /  base  total:  377  entrevistados  

295

Com que frequência pratica atividade física?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

uma  vez  por  semana

18%

17%

10%

   8%

15%

duas  vezes  por  semana

15%

20%

16%

17%

18%

três  vezes  por  semana

34%

30%

22%

32%

29%

todos  os  dias

33%

33%

52%

43%

38%

base  20  -­‐  35  anos:  102  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  171  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  69  entrevistados  /  base  70  +  anos:  35  entrevistados  /  base  total:  377  entrevistados  

296

Você pratica atividades físicas regularmente?

Se NÃO, por que não pratica?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

não  tem  tempo

62%

75%

48%

12%

59%

tem  preguiça

35%

22%

29%

23%

26%

não  gosta

22%

18%

27%

42%

24%

não  tem  dinheiro

   9%

   4%

   3%

   1%

   5%

não  tem  companhia

   3%

   2%

   5%

   1%

   3%

não  tem  mais  idade

-­‐        

-­‐        

-­‐        

15%

   2%

base  20  -­‐  35  anos:  147  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  276  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  127  entrevistados  /  base  70  +  anos:  73  entrevistados  /  base  total:  623  entrevistados  

297

Hábitos alimentares saudáveis X Atividades físicas Comparativo

Você se considera uma pessoa de hábitos alimentares saudáveis? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

sim

42%

53%

64%

83%

56%

não

58%

47%

36%

17%

44%

VS Você pratica atividades físicas regularmente? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

sim

41%

38%

35%

32%

38%

não

59%

62%

65%

68%

62%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

298

KEY POINT

Não dá tempo de criar novos hábitos ou não queremos encontrar esse tempo?

No total, a porcentagem de “sim” para a prática de alimentação saudável é bem maior do que para as atividades físicas, demonstrando que os brasileiros têm mais facilidade para incluir novas práticas em uma determinada rotina do que para criar um novo hábito. Na realidade, essa inclusão de novas práticas alimentares não significa a eliminação da parte ruim desses mesmos hábitos; para a maioria, na verdade, essa inclusão significa compensação ineficiente para reduzir a sua culpa, portanto não há uma alteração efetiva no estilo de vida. Dados do IBGE claramente comprovam isso (43% da população brasileira tende à obesidade). 299

KEY POINT

Não dá tempo de criar novos hábitos ou não queremos encontrar esse tempo?

Como vimos no capítulo “Viver até os 120 anos”, para 31% das pessoas, o sentido da vida é viver com alegria, 30% dizem que é ter a família unida, outros 30% alegam que é ter esperança, ter fé aparece com 22% e não se privar do que gosta, 21%!!! (respostas múltiplas) Se os fatores vitais que dão sentido à vida são esses, realmente, a questão da saudabilidade (manifestada apenas por 18% da população) não é relevante para a maior ia. Assim, mesmo vivendo em cidades potencialmente influenciáveis pela presença gritante da natureza, a nossa autoestima é baixa com relação ao respeito pela nossa própria natureza. 300

Você se considera uma pessoa vaidosa?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

sim

67%

56%

43%

43%

55%

não  

14%

25%

37%

38%

26%

mais  ou  menos

19%

19%

20%

19%

19%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

301

Com o que você gasta mais dinheiro para ficar bonito(a)? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

roupas

55%

48%

44%

39%

48%

salão  de  beleza

49%

47%

47%

43%

47%

cosméQcos

33%

35%

29%

27%

33%

sapatos

30%

24%

21%

27%

25%

nada

   3%

   4%

   9%

12%

   6%

perfumes

   5%

   5%

   6%

   4%

   5%

tratamentos  estéQcos

   6%

 6%  

   5%

-­‐        

   5%

bijuterias/acessórios

   7%

   3%

   1%

   2%

   4%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

302

O que você faz para manter-se bonito(a)? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos  

TOTAL

cuida  do  cabelo

70%

71%

60%

71%

68%

cuida  das  unhas

43%

40%

30%

36%

38%

usa  cremes

40%

37%

31%

30%

36%

alimentação  saudável

12%

18%

23%

25%

18%

aQvidades  msicas

19%

15%

15%

12%

16%

compra  roupas

14%

   8%

   6%

   6%

   9%

faz  a  barba

   5%

   6%

11%

   8%

   7%

usa  maquiagem/perfumes

   8%

   7%

   6%

   6%

   7%

faz  tratamentos  estéQcos

   9%

   7%

   4%

-­‐        

   6%

nada

   2%

   5%

   8%

   6%

   5%

usa  bijuterias/acessórios

   2%

   1%

   4%

   4%

   2%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados   303

Quantas vezes por ano você frequenta o médico?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

uma  vez  por  ano

34%

37%

25%

15%

31%

duas  vezes  por  ano

28%

27%

26%

19%

26%

três  vezes  por  ano

16%

12%

14%

15%

14%

quatro  vezes  por  ano

   7%

   6%

12%

10%

   8%

cinco  vezes  por  ano

11%

13%

19%

41%

17%

não  vai

   4%

   5%

   4%

-­‐        

   4%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

304

Em quais situações?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

prevenção

40%

35%

38%

30%

36%

roQna

32%

32%

39%

52%

35%

algum  sintoma

43%

29%

21%

24%

30%

dores

25%

20%

16%

17%

20%

monitoramento

   3%

   5%

14%

29%

   9%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

305

O trabalho, a leitura, o conhecimento e o sonho de consumo impactando na longevidade 306

Você está feliz com a carreira que escolheu? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

sim

82%

88%

79%

85%

não

18%

12%

21%

15%

Pessoas  com  ensino  superior,  técnico  e/ou  profissional  liberal base  20  -­‐  35  anos:  68  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  122  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  43  entrevistados  /  base  total:  233  entrevistados  

307

Você está feliz com a carreira que escolheu?

Por classe social

Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

classe  A

classe  B

classe  C

TOTAL

sim

82%

84%

92%

85%

não

18%

16%

   8%

15%

Pessoas  com  ensino  superior,  técnico  e/ou  profissional  liberal base  classe  A:  70  entrevistados  /  base  classe  B:  114  entrevistados  /  base  classe  C:  49  entrevistados  /  base  total:  233  entrevistados  

308

Você está feliz com a carreira que escolheu?

Se NÃO, por quê? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

falta  oportunidade  na   área  de  formação

56%

50%

40%

50%

está  acomodado(a)

11%

40%

20%

25%

não  exerce  a  profissão   de  formação

22%

-­‐        

20%

13%

foi  a  única  opção  que   encontrou

11%

10%

20%

12%

Pessoas  com  ensino  superior,  técnico  e/ou  profissional  liberal base  20  -­‐  35  anos:  12  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  14  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  9  entrevistados  /  base  total:  35  entrevistados  

309

O que você espera do seu futuro profissional? Como você se vê no futuro, em relação a carreira? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

ganhar  mais

24%

20%

13%

20%

ocupar  um  cargo  mais   elevado/ser  chefe

21%

21%

   8%

18%

ter  o  próprio  negócio

   2%

   2%

13%

17%

se  aperfeiçoar/especializar   na  área  que  atua

24%

   7%

   6%

12%

estabilidade  na  função/ empresa

   5%

14%

   8%

11%

se  aposentar

   1%

   9%

15%

   9%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  total:  892  entrevistados  

310

O que você espera do seu futuro profissional? Como você se vê no futuro, em relação a carreira? Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

TOTAL

conseguir  um  emprego   melhor

12%

   5%

   8%

   8%

se  realizar  no  cargo  que   venha  a  ocupar

   9%

   7%

   8%

   7%

trabalhar  na  área  de   formação

   3%

   4%

   1%

   3%

expandir  o  negócio

   5%

14%

   8%

   3%

está  sem  perspecQvas

   4%

   2%

   7%

   3%

outros

11%

   8%

10%

   9%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  total:  892  entrevistados  

311

O que você espera do seu futuro profissional? Como você se vê no futuro, em relação a carreira?

Por classe social

Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

classe  A

classe  B

classe  C

TOTAL

ganhar  mais

19%

20%

21%

20%

ocupar  um  cargo  mais   elevado/ser  chefe

11%

19%

20%

18%

ter  o  próprio  negócio

12%

18%

17%

17%

se  aperfeiçoar/especializar   na  área  que  atua

11%

12%

12%

12%

estabilidade  na  função/ empresa

   8%

11%

10%

11%

se  aposentar

10%

   7%

10%

   9%

base  20  -­‐  35  anos:  123  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  383  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  386  entrevistados  /  base  total:  892  entrevistados  

312

O que você espera do seu futuro profissional? Como você se vê no futuro, em relação a carreira?

Por classe social

Não  foi  feita  para  quem  Qnha  mais  de  70  anos.

classe  A

classe  B

classe  C

TOTAL

conseguir  um  emprego   melhor

   5%

   7%

10%

   8%

se  realizar  no  cargo  que   venha  a  ocupar

   8%

   7%

   6%

   7%

trabalhar  na  área  de   formação

   3%

   3%

   3%

   3%

expandir  o  negócio

   7%

   3%

   2%

   3%

está  sem  perspecQvas

   2%

   2%

   5%

   3%

outros

10%

11%

   8%

   9%

base  20  -­‐  35  anos:  123  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  383  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  386  entrevistados  /  base  total:  892  entrevistados  

313

KEY POINT

Aspirações saudáveis!!!

Se unirmos as variáveis “ocupar um cargo mais elevado/ser chefe” com “ter o próprio negócio”, somamos 35% de indivíduos com ambição de evoluir rapidamente. Muitos de nós, portanto, têm o empreendedorismo por natureza e o que aprendemos em outros estudos realizados por nós é que essa força empreendedora deve ser guiada e liderada por instituições privadas ou públicas, visando melhor orientar esses indivíduos. Ou seja, a orientação dessas entidades, como já dizia Peter Drucker na década de 80, “deve estar focada no management e não no fomento do empreendedorismo”. 314

KEY POINT

Aspirações saudáveis!!!

Fica fácil de compreender o porquê disso quando colocamos essas informações sob a perspectiva de uma sociedade extremamente individualizada, competitiva, o que cada vez mais nos levará ao desenvolvimento de “espécies” de profissionais com veias predominantemente empreendedoras, mas, força bruta sem direcionamento, sabemos, não vai a lugar nenhum.

315

Como anda a sua saúde financeira?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

óQma

   5%

   6%

   6%

10%

   6%

boa

44%

47%

47%

45%

46%

regular

40%

37%

41%

38%

39%

ruim

   8%

   7%

   4%

   6%

   7%

péssima

   3%

   3%

   2%

   1%

   2%

Fizemos  cruzamentos  por  classe  e  os  resultados  foram  muito  parecidos  nas  três   classes.  Para  a  maioria,  a  situação  financeira  foi  considerada  boa  ou  regular.   base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

316

Para onde vai a maior parte do seu dinheiro? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

supermercado

35%

55%

58%

51%

50%

contas  em  geral

40%

52%

54%

44%

49%

roupas/sapatos

27%

22%

18%

   9%

23%

educação  dos  filhos

16%

23%

13%

-­‐        

17%

cartão  de  crédito

23%

17%

13%

   5%

17%

estudos

13%

   4%

-­‐        

-­‐        

   5%

carro/moto

   6%

 5%  

   7%

   2%

   5%

aluguel

   5%

22%

   6%

-­‐        

   5%

prestação  da  casa/terreno/ material  de  construção

   1%

   7%

   7%

-­‐        

   5%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados   317

Para onde vai a maior parte do seu dinheiro? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

ajuda  a  família

   5%

   3%

   6%

   6%

   4%

plano  de  saúde

   1%

   2%

   4%

   6%

   3%

remédios

-­‐        

   1%

   3%

22%

   3%

balada/bares/namorado(a)

   5%

   2%

-­‐        

-­‐        

   2%

poupança

   2%

   1%

   4%

   1%

   2%

salão  de  beleza

-­‐        

   1%

-­‐        

   2%

   1%

viagens/lazer

   2%

 1%  

   2%

-­‐        

   1%

invesQmento  na  empresa

-­‐        

   1%

-­‐        

-­‐        

   1%

pensão  alimentar

   1%

   1%

   1%

-­‐        

   1%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

318

O que você compra hoje que é essencial? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

supermercado

76%

81%

86%

74%

80%

roupas/sapatos

42%

32%

26%

   7%

31%

farmácia

10%

   9%

29%

43%

17%

livros

   3%

   1%

-­‐        

-­‐        

   1%

material  de  construção

   2%

   1%

-­‐        

-­‐        

   1%

produtos  infanQs/fralda

   2%

   1%

-­‐        

-­‐        

   1%

eletrodomésQcos

   1%

   1%

-­‐        

   1%

gás

   1%

-­‐        

-­‐        

   1%

-­‐              1%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

319

KEY POINT

1% preocupante!

Um por cento do total de brasileiros considera a aquisição de livros como algo essencial para sua vida. Num estudo realizado pela Giacometti em 2012, de nome “Quem te inspira”, confirmamos que 31% da população brasileira lia livros (de qualquer tipo), 30% liam às vezes, 23% dificilmente liam e 16% nunca liam. Entre os que liam, 35% preferiam ficção, 20%, religião e 13%, espiritualidade, relacionamento e autoajuda. Levando-se em conta ainda o que dissemos lá trás, sobre 27% da população ser considerada analfabeta funcional, fica claro que é mais do que urgente o desenvolvimento de esforços, tanto no setor público como no privado, das instituições de ensino, etc., para fazer com que todos entendamos a importância de evoluir permanentemente o nosso conhecimento através da vida. 320

KEY POINT

1% preocupante!

Esse cenário é altamente preocupante e, com certeza, a sua solução passa por uma revolução no ensino brasileiro, pois só quem tem uma educação consistente que inspire a curiosidade, a investigação, a dúvida e principalmente a prática dessas teorias todas, e não o decorar ou “arquivar o depositado pelo professor no meu cérebro”, pode evoluir. Consequentemente, estaremos inspirando o hábito de leitura e, mais do que isso, o hábito de estudar prazerosamente; só assim conseguiremos dar condições para que as futuras gerações se reinventem totalmente. Não nos interessa ainda, nenhuma revolução baseada em modelos do tipo da Coreia do Sul, pois esta já virá muito tardia e, ao mesmo tempo, velha, superada, para nos tirar desse quadro endêmico. 321

KEY POINT

1% preocupante!

Não necessariamente necessitamos de grandes investimentos, encher as salas de aulas com equipamentos eletrônicos, computadores, tablets, etc. Sem alterar conteúdo, isso não nos levará a nada. A verdadeira riqueza da escola não está só nesse tipo de investimento, e sim em descobrir junto com os alunos quais são as suas reais riquezas. Platão nos diz: “primeiro a educação dos sentimentos e o ensino das virtudes, depois o ensino da razão”. Milhares de anos depois, ainda estamos muito longe disso. 322

O que você compra hoje que é supérfluo? 20  –  35 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

não  compra  nada   supérfluo

36  –  55 anos  

14%

18%

21%

44%

20%

roupas  de  marca/roupas   de  marca  em  excesso

20%

17%

19%

13%

18%

sapato/tênis

12%

12%

17%

   9%

13%

besteiras  quando  come   fora  de  casa

16%

12%

12%

16%

13%

bebidas  alcoólicas

   9%

   8%

   7%

   4%

   7%

bijuterias/maquiagem

   7%

   7%

   5%

   2%

   6%

cosméQcos

   8%

 6%  

   4%

   2%

   6%

perfumes/perfumes   importados

   6%

   4%

   6%

   3%

   6%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados   323

O que você compra hoje que é supérfluo? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

cigarro

   3%

   4%

   3%

   2%

   3%

comer  em  restaurantes

   3%

   4%

   4%

   1%

   3%

brinquedos/jogos   eletrônicos

   2%

   4%

   4%

   1%

   3%

DVD/CD

   1%

   3%

-­‐        

-­‐        

   2%

celular  moderno

   1%

   2%

   1%

   2%

   2%

aparelhos  eletrônicos

   2%

   2%

   1%

   1%

   2%

refrigerante

   1%

 2%  

   3%

   1%

   2%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

324

Você se preocupa com dinheiro no futuro?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos  

TOTAL

sim

87%

83%

69%

43%

77%

não

13%

17%

31%

57%

23%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

325

Você se preocupa com dinheiro no futuro?

Se SIM, por quê?

20  –  35 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

para  ter  mais  segurança   financeira

36  –  55 anos  

27%

34%

42%

42%

34%

para  ter  uma  velhice   tranquila

11%

24%

32%

   2%

21%

para  garanQr  o  futuro

15%

15%

16%

15%

15%

para  garanQr  a  educação   dos  filhos

15%

12%

26%

13%

15%

para  cuidar  da  família

   6%

12%

   9%

51%

12%

para  adquirir  um  bem   material

11%

   5%

10%

   4%

   7%

para  realizar  as  metas

   5%

 5%  

   1%

-­‐        

   4%

medo  de  falir

   2%

   4%

   1%

   2%

   3%

para  garanQr  os  estudos

   7%

-­‐        

-­‐        

   2%

   2%

base  20  -­‐  35  anos:  218  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  373  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  136  entrevistados  /  base  70  +  anos:  47  entrevistados  /  base  total:  774  entrevistados   326

Você se preocupa com dinheiro no futuro?

Se NÃO, por quê?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos  

TOTAL

vive  o  momento

45%

28%

   7%

   6%

19%

conta  com  a  aposentadoria

-­‐        

   5%

23%

41%

19%

não  se  preocupa  com  o  amanhã

16%

15%

18%

20%

17%

cuida  mais  da  parte  espiritual  do   que  da  financeira

19%

16%

12%

10%

14%

tem  estabilidade  financeira

   6%

11%

23%

   3%

12%

já  tem  tudo  o  que  precisa

-­‐        

   4%

10%

11%

   7%

tem  pensão  do  marido

-­‐        

   5%

   5%

   6%

   5%

não  consegue  poupar

10%

   5%

   5%

-­‐        

   4%

ainda  não  parou  para  pensar   no  assunto

13%

   5%

-­‐        

-­‐        

   4%

tem  a  família  para  ajudar

10%

   3%

   2%

   3%

   3%

ganha  pouco,  não  dá  para   guardar

-­‐        

   7%

-­‐        

   3%

   3%

base  20  -­‐  35  anos:  31  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  74  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  60  entrevistados  /  base  70  +  anos:  61  entrevistados  /  base  total:  226  entrevistados   327

O que você faz para poupar? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

poupança

41%

48%

45%

41%

45%

não  consegue  poupar

47%

35%

41%

42%

40%

seguro  de  vida

   6%

   8%

   5%

   6%

   7%

aplicação  no  banco

   4%

   7%

   7%

   2%

   6%

guarda  em  casa

   6%

   4%

   8%

   7%

   5%

investe  em  imóveis

   1%

   5%

   6%

   7%

   4%

previdência  privada

   3%

 4%  

   3%

   3%

   4%

investe  em  ações

-­‐        

   1%

   2%

-­‐        

   1%

consórcio

-­‐        

-­‐        

-­‐        

-­‐        

   1%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

328

KEY POINT

A classe média faz direitinho a lição de casa! Sem dúvida, hoje as nossas classes média e média alta, se as compararmos a números de dez anos atrás, amadureceram bastante na sua forma de se relacionar com o dinheiro. Ainda temos 40% da nossa população que não consegue poupar, principalmente os mais jovens, mas esse comportamento evidencia a perspectiva, muito utilizada por eles, de que a velhice está muito distante, portanto somos a tribo do carpe diem. Consolidada nos próximos anos a base da pirâmide de Maslow, a da necessidade básica, podemos prever uma próxima década tendenciando para uma maior demanda por “bens duráveis”, quer seja na área financeira, quer seja na aquisição de imóveis, educação, viagens/cultura, como veremos mais adiante. Isso não significa que a pessoa deixará de consumir os bens não duráveis, tais como roupas, sapatos, automóveis, etc. Ocorre que a maioria confia no aumento gradual da renda, a qual, aí sim, seria mais bem distribuída entre esses dois grandes segmentos de consumo. 329

Você tem algum sonho de consumo?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos  

TOTAL

sim

95%

89%

77%

64%

85%

não

   5%

11%

23%

36%

15%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

330

Você tem algum sonho de consumo?

Se SIM, qual?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

casa  própria/casa  maior

40%

29%

20%

15%

29%

carro/moto  0km

29%

21%

16%

23%

22%

casa  na  praia/chácara/síQo

   6%

17%

21%

37%

17%

viajar  pela  Europa

   4%

   5%

   6%

   5%

   5%

trocar  carro  por  um  melhor

   3%

   7%

   5%

   1%

   4%

viajar  pelo  Brasil

   3%

   3%

   8%

12%

   4%

abrir  o  próprio  negócio

   3%

 4%  

   4%

-­‐        

   4%

reformar  a  casa

   1%

   3%

   8%

   1%

   3%

eletrodomésQcos  modernos

   3%

   3%

   6%

   7%

   3%

morar  no  interior

   1%

   2%

   6%

12%

   3%

base  20  -­‐  35  anos:  236  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  398  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  151  entrevistados  /  base  70  +  anos:  69  entrevistados  /  base  total:  854  entrevistados   331

Você tem algum sonho de consumo?

Se SIM, qual?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

fazer  cirurgia  plásQca

-­‐        

   1%

   1%

-­‐        

   1%

comprar  jet  sky/lancha/iate

   1%

   1%

-­‐        

-­‐        

   1%

terminar  a  faculdade

   3%

   1%

-­‐        

-­‐        

   1%

trocar  os  móveis

-­‐        

   1%

   1%

-­‐        

   1%

TV  de  plasma/LED/TV  grande

   1%

   3%

-­‐        

-­‐        

   1%

terminar  de  pagar  o  apartamento

-­‐        

   4%

-­‐        

-­‐        

   1%

tablet

   1%

-­‐        

-­‐        

-­‐        

-­‐        

notebook

   1%

-­‐        

-­‐        

-­‐        

-­‐        

ar  condicionado

   1%

-­‐        

-­‐        

   1%

-­‐        

base  20  -­‐  35  anos:  236  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  398  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  151  entrevistados  /  base  70  +  anos:  69  entrevistados  /  base  total:  854  entrevistados   332

Se você tivesse um aumento no seu salário de:

R$ 1.000 (classe C), R$ 2.000 (classe B) e R$ 3.000 (classe A),

o que você compraria?

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

casa  própria

19%

11%

12%

10%

16%

um  carro/moto

22%

18%

   7%

13%

16%

guardaria  dinheiro

   8%

12%

18%

17%

12%

roupas/sapatos/bolsas

16%

10%

11%

10%

11%

TV

   7%

   8%

   1%

12%

   8%

eletrodomésQcos   (geladeira/micro-­‐ondas)

   4%

   9%

   8%

10%

   8%

viajaria  mais

   6%

 7%  

   8%

12%

   7%

pagaria  as  dívidas

   8%

   5%

   5%

-­‐        

   5%

casa  na  praia

   2%

   5%

   4%

   6%

   4%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados   333

Se você tivesse um aumento no seu salário de:

R$ 1.000 (classe C), R$ 2.000 (classe B) e R$ 3.000 (classe A),

o que você compraria? 56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

   4%

   3%

   5%

   4%

   2%

   3%

   6%

   5%

   4%

móveis

   4%

   2%

   7%

   9%

   4%

computador

11%

   8%

   5%

   2%

   4%

ajudaria  a  família

   2%

   2%

   3%

11%

   3%

faria  uma  plásQca

   5%

   3%

   3%

   1%

   2%

jóias

   2%

 1%  

   2%

   2%

   2%

terreno

22%

-­‐        

-­‐        

-­‐        

   1%

faria  academia

   1%

-­‐        

-­‐        

-­‐        

   1%

ar  condicionado

   6%

   1%

   2%

   2%

   1%

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

produtos  eletrônicos

   5%

materiais  de  construção

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados   334

Qual é a compra irresistível? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

roupas/roupas  de  grife

54%

27%

20%

23%

32%

sapato/tênis

22%

17%

16%

14%

18%

não  compra  nada  por   impulso

11%

10%

17%

25%

13%

perfumes

   6%

   8%

   7%

   6%

   7%

novidades  no  supermercado

   8%

   2%

   6%

   9%

   5%

cremes/cosméQcos

   3%

   4%

   1%

   7%

   4%

produtos  eletrônicos

   5%

 6%  

   3%

-­‐        

   4%

-­‐        

   3%

   5%

   5%

   3%

objetos  de  decoração

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

335

Qual é a compra irresistível? 20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

70  + anos

TOTAL

livros/revistas

   2%

   3%

   2%

   2%

   3%

bijuterias/acessórios

   2%

   3%

   3%

   3%

   3%

celular  moderno

   4%

   3%

   3%

-­‐        

   3%

lanches/fast  food/chocolate

   6%

   3%

   3%

   1%

   2%

DVD/CD

   3%

   2%

   1%

   3%

   2%

bolsa/bolsas  de  grife

   4%

 2%  

   1%

   1%

   2%

acessório  para  carro

   3%

   1%

   1%

   1%

   2%

não  sabe

   2%

 1%  

   4%

-­‐        

   2%

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

336

Qual é a compra irresistível? 70  + anos

TOTAL

   1%

-­‐        

   1%

   1%

-­‐        

-­‐        

   1%

   3%

   1%

   1%

-­‐        

   1%

lingerie

   2%

   1%

-­‐        

   1%

   1%

brinquedo  para  os  filhos

   1%

   1%

   1%

-­‐        

   1%

óculos  de  sol

   2%

 3%  

-­‐        

-­‐        

   1%

produtos  R$  1,99

   2%

   3%

-­‐        

   1%

   1%

vinhos

-­‐        

 3%  

   3%

   1%

   1%

sorvete

   1%

 3%  

   1%

-­‐        

   1%

20  –  35 anos  

36  –  55 anos  

56  –  69 anos  

eletrodomésQcos

   1%

   1%

relógios

   2%

maquiagem

base  20  -­‐  35  anos:  249  entrevistados  /  base  36  -­‐  55  anos:  447  entrevistados  /  base  56  -­‐  69  anos:  196  entrevistados  /  base  70  +  anos:  108  entrevistados  /  base  total:  1000  entrevistados  

337

Conclusao ˜ 338

O propósito deste estudo foi i n i c i a r u m p ro c e s s o d e conhecimento em torno da questão da longevidade. Portanto, seria muita pretensão concluir alguma coisa no caso de um assunto que acaba de emergir à nossa realidade. 339

Acreditamos de fato que o re v e l a d o n e s t a p r i m e i r a sondagem deste estudo seja a “ponta de um iceberg”. Seria, desse modo, um bom roteiro para críticas e estudos específicos mais bem elaborados... 340

341

Longevidade

342

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.