Galiote Pereira_Algumas cousas sabidas da China_1992

June 4, 2017 | Autor: Rui Manuel Loureiro | Categoria: History of the Portuguese Empire, History of China, Sixteenth Century History
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Algumas sabidas

Cousas

da

China

GALIOTE PEREIRA INTRODUÇÃO, MODERNIZAÇÃO DO TEXTO E NOTAS DE RUI MANUEL LOUREIRO

ALGUMAS SABIDAS

CO USAS DA

CHINA

— GALIOTE PEREIRA-

2 1 1? 19S> . O 96 6 ')• 24. A maneira de que recebem esta honra e nome de loutea é darem-lhe[s] um cinto muito largo diferente dos outros e um barrete, por especial mandado d'el-

-rei (62). Mas ainda que os nomes sejam todos uns, há muita diferença de uns a outros. Porque os louteas de que el-rei se há-de servir em cargos grandes de justiça, estes são feitos por exame de letras (63); e os que são para os outros mais baixos, como são meirinhos (64) do mar e da terra, e para arrecadarem as rendas e outras coisas desta qualidade, estes são feitos por mercê. E são destes pequenos, numa cidade como esta, sem conto; e diante dos grandes servem de joelhos, sem embaraço dos barretes e nomes, servem todos uns. 25. É esta terra da China, como disse, repartida em treze províncias, e em cada uma há um governador a que chamão tutão, senão que há alguns destes que governam em duas (65). E sendo estes os maiores, há logo outros que se chamam chaci/is(66), que são corregedores com alçada. E não é um numa comarca des-

(38) Galiote Pereira refere-se aos arcos triunfais ou portões ornamentais erigidos nas ruas chinesas em memória de pessoas que de algum medo se tornaram famosas. (59 > ° ,errno brincos, em português antigo, era utilizado como sinónimo de «objectos de adorno». (»°) Galiote Pereira não se tinha ainda referido aos louteas (ver notas 1, 16 e 32). Loutea, do chinês lo-tia, significa literalmente «venerável pai», e ê um termo honorífico utilizado nos textos portugueses do século xvi como sinónimo de mandarim ou letrado. (6I) Os letrados ou mandarins eram um grupo social muito próprio da antiga China. Qualquer pessoa, independentemente da sua origem social, podia ascender a esta dignidade, através de intensos estudos literários e de rigorosos exames controlados pelo poder central. O funcionalismo público chinês era recrutado exclusivamente no interior deste grupe social. (62> As principais insígnias da dignidade de mandarim, como muito bem obesrva Galiote Pereira, eram um cinto e um barrete atribuídos após aprovação no exame estatal (ver notas 60 e 63). (#3) Referênciaa os exames estatais que se realizavam de três em três anos, através dos quais os aspirantes a letrados recebiam os diferentes graus do mandarinato. Sobre estes exames ver o parágrafo 29 deste Tratado. (M) ° meirinho era um antigo oficial de justiça português encarregado de proceder a todas as diligências ordenadas pelos tribunais e pelos magistrados. É curioso notar que Galiote Pereira, até aqui, nomeou explicitamente dois funcionários judiciais portugueses: o corregedor (ver nota 35) e o meirinho. Mais adiante referir-se-á a um outro (ver parágrafo 30 e nota 78). Este facto pode levar-nos a supôr que o autor do Tratado teria exercido algum cargo judicial antes do seu cativeiro na China. (65) Galiote Pereira está novamente bem informado: as províncias chinesas meridionais de Kuangtung e Kuangsi, designadas conjuntamente por Minchê, eram muitas vezes governadas por um só vice-rei. (6
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