GAY, JUDEU E MALDITO: EXCLUÍDOS E EXILADOS NA FICÇÃO DE SAMUEL RAWET

September 7, 2017 | Autor: Leo Soares | Categoria: Literatura brasileira, Homossexualidade, Samuel Rawet, Literatura e Homossexualidade
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SEMINÁRIO    INTERNACIONAL  ENLAÇANDO  SEXUALIDADES     Direito,  Relações  Etnorraciais,  Educação,  Trabalho,  Reprodução,     Diversidade  Sexual,  Comunicação  e  Cultura   04  a  06  de  Setembro  de  2011   Centro  de  Convenções  da  Bahia   Salvador  -­‐  BA  

GAY, JUDEU E MALDITO: EXCLUÍDOS E EXILADOS NA FICÇÃO DE SAMUEL RAWET Leandro Soares da Silva1

RESUMO: Este trabalho propõe uma leitura da ficção de Samuel Rawet, focalizando os aspectos em que a identidade gay é vivenciada sob o signo do exílio e da exclusão em três contos: O encontro (1967), O terreno de uma polegada quadrada (1969) e As palavras (1981). Figura outsider, Rawet passou praticamente invisível pela crítica do século XX que, não podendo negar a força de sua narrativa marcada pela experimentação, preferiu se omitir diante de uma escrita em que o desejo homoerótico é exposto sem reservas ou dissimulação. Esses contos discorrem sobre uma subcultura homossexual identificada pela marginalidade, a solidão, o segredo e a violência de atos e palavras. A discussão sobre alteridade, que marca toda sua obra, é radicalizada pela aproximação da figura do homossexual com a do judeu, aqui ampliada em termos do exilado e do estrangeiro. Sem encontrar repouso, no entanto, seus contos terminam mais por evidenciar o caráter marginal da experiência gay, às vezes mesmo negando sua possibilidade, do que a celebração dessa característica. É através da escrita, nos jogos engendrados entre os clichês e a experimentação da linguagem, que o autor situa a resistência e a visibilidade desses sujeitos homoeróticos. A exploração feita pelo autor é um dos marcos menos debatidos da “literatura gay” brasileira. O trabalho segue as orientações críticas propostas por Daniel Welzer-Lang (2004), Eve K. Sedgwick (1998) e Judith Butler (2010).

Palavras-chave: Homoerotismo.

Literatura

Brasileira;

Samuel

Rawet;

Literatura

e

                                                                                                                        1

Mestre em Literatura, professor da UNEB, campus XVIII. Email: [email protected]  

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Nascido na Polônia em 1929, Samuel Rawet naturalizou-se brasileiro aos sete anos. Formou-se em engenharia e participou da equipe que projetou a cidade de Brasília. Ao falecer, deixou uma obra pouco conhecida. Rawet era judeu e gay2. Em suas páginas, essas marcas de sua identidade pessoal fulgem ora com maior, ora menor intensidade. Sua primeira coleção de contos é indicativa já no título: Contos do imigrante. O aspecto inadaptado do estrangeiro e do exilado centraliza boa parte de sua obra. Além de ficcionista, Rawet também escreveu ensaios bastante idiossincráticos, em que o tom e o estilo habitual desse gênero são invadidos por técnicas mais próximas da prosa de ficção. Em sua obra, há um repúdio pela condição segregada de judeus e imigrantes, que chega à rejeição do judaísmo, com o qual o autor rompeu em 1977. Parte do cânone literário do século XX é marcado por esse signo (Conrad, Levi, Nabokov, Brodsky...) em que o exilado político, de guerras ou conflitos étnicos, surge da biografia de seus autores para o tecido ficcional. O termo “exílio” se recobre de significados mais amplos também, atingindo uma gama de autores que escrevem “do subsolo”: registros de vivências marginais e das visões dos excluídos Para George Steiner, “parece apropriado que os que criam arte em uma civilização de quase barbárie que gerou tantos desabrigados, que arrancou línguas e povos pela raiz, deveriam ser poetas desabrigados e errantes através da língua.”3 Não chega a ser grande paradoxo o fato de que tantos autores pertencentes ao cânone ocidental façam parte dessa categoria que Steiner propõe ser “extraterritorial”, de uma literatura feita por e sobre exilados. Se a literatura do século passado for mesmo marcada por este signo, nada mais significa que o exílio, a derrelição e o Outro marcam a experiência modernista e seus desdobramentos.

                                                                                                                        2

Nenhuma fonte biográfica consultada informa que Rawet teria sido gay, apesar de sua ficção e de um ensaio em que explicita este dado. Embora muito intrigante e revelador sobre as percepções do autor, preferi ignorá-lo para que a análise de seus contos não fosse “contaminada” pelas suas convicções pessoais. Ademais, uma análise desse ensaio demandaria um espaço maior que este. 3 STEINER, G. Extraterritorial: a literatura e a revolução da linguagem. São Paulo: Companhia das letras, 1990, p. 21).  

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O florescimento de experiências como a das mulheres, dos negros e dos homossexuais só virão a ser computadas como dignas de nota um pouco mais tardiamente. O exilado “extraterritorial” de Steiner ainda é devedor do berço europeu ou a ele é relacionado. Aqui estamos a falar de um tipo de exílio que é construído ao longo dos anos e afeta a própria noção de indivíduo. Edward Said4 sintetiza: No fim das contas, o exílio não é uma questão de escolha: nascemos nele, ou ele nos acontece. Mas, desde que o exilado se recuse a ficar sentado à margem, afagando uma ferida, há coisas que aprender: ele deve cultivar uma subjetividade escrupulosa (não complacente ou intratável).

Se podemos falar de uma tradição homoerótica sustentando parte do que reconhecemos como nossa cultura, a invenção dessa subjetividade estigmatizada que é o homossexual só aparece em fins do século XIX. Assim, embora presentes nas comédias de Aristófanes e nos sonetos de Shakespeare, a experiência homossexual perpassa a história como Lorde Alfred Douglas, amante de Wilde, resume, sendo um amor “que não ousa dizer seu nome”. Para ser ainda mais claro: ainda estávamos no armário. Se a experiência gay vem à luz e como tal pode ser interpretada, é diante da ascensão desse sujeito homossexual, clinicamente identificado no limiar do século XX. Portanto, nada mais natural que se possa falar sobre uma literatura gay na medida em que ela trata explicitamente sobre as peculiaridades desses sujeitos, agora não mais entrevistos ou sugeridos, mas em última análise identificados como minimamente pertencentes a uma categoria própria. Como estamos lidando aqui com uma noção de gênero performativo, construído através do discurso literário, é importante estar alerta para aqueles discursos em que o homoerotismo é situado como um tipo de experiência clandestina, marcada pelo abandono e separação do usual. “O gênero é a estilização repetida do corpo”, afirma Judith Butler, “um conjunto de atos repetidos no interior de uma estrutura reguladora altamente                                                                                                                         4

SAID, E. W. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 57.  

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rígida, a qual se cristaliza no tempo para produzir a aparência de uma substância, de uma classe natural de ser.”5 Esse conceito de gênero performativo se alinha com uma distinção que este artigo procurará fazer na ficção de Samuel Rawet, que tem a ver com a própria emergência de uma identidade considerada como “homossexual”. Estamos ainda longe dos movimentos civis que darão início à liberação homossexual e sua consequente visibilidade. Num arco de tempo, entre 1869 e 1969, estaria um eixo em que se podem distinguir as identidades de “homossexual” e “gay”, esta última advinda dos movimentos de liberação sexual e “entendida como um estilo de vida multidimensional estruturado a partir de uma opção homossexual”, isto é, que passa de uma postura de “autodefesa a uma de autoafirmação, do questionamento da legitimidade da própria existência à afirmação inequívoca da mesma”6. Logo, segundo essa diferenciação, a identidade “homossexual” estaria num contexto menos esclarecido e mais negativamente marcado, porque anterior às mudanças dos movimentos gays pós-Stonewall (1969).7 No caso de Samuel Rawet, um dos objetivos deste texto é exatamente situar a produção do autor dentro desse eixo. Rawet aliou ao homoerotismo de alguns de seus contos o caráter segregado do judeu, unindo dois signos marcados pelo ódio e perseguição. Entre os grupos historicamente desprivilegiados, gays e judeus podem existir num sistema de segredo e clandestinidade. Perseguidos pelo fundamentalismo religioso e pelo holocausto nazista, gays e judeus não estão inapropriadamente vinculados por Rawet em sua obra. É essa identidade, sua construção e o legado de sua representação que importa ser estudado, afinal, de acordo com Butler, Seria errado supor que a discussão sobre a “identidade” deva ser anterior à discussão sobre a identidade de gênero, pela simples razão de que as “pessoas” só se tornam inteligíveis ao                                                                                                                         5

BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010, p. 59. 6 BARCELLOS, J. C. Literatura e homoerotismo em questão. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2006, p. 25-7. 7 Este marco é usado neste contexto por uma questão operativa, privilegiando o recorte a ser feito nos textos de Rawet. Mesmo Foucault já havia atentado para o fato de que houve uma “cultura gay” anterior ao século XIX, embora em termos diferentes da atual (ERIBON, 2008, p. 338-48).  

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adquirir seu gênero em conformidade reconhecíveis de inteligibilidade de gênero.8

com

padrões

Essas práticas reguladoras são responsáveis pela noção de identidade como um ideal normativo, em que a “coerência” e a “continuidade” da pessoa seriam “características lógicas ou analíticas” de sua condição, quando, de fato, não passam de “normas de inteligibilidade socialmente instituídas e mantidas”9. Daí o argumento da autora que de que o efeito substantivo da identidade de gênero é performativamente produzido e imposto pelas práticas reguladoras da coerência do gênero [...], é sempre um feito, ainda que não seja obra de um sujeito tido como preexistente à obra. [...] não há identidade de gênero por trás das expressões do gênero; essa identidade é performativamente constituída, pelas próprias “expressões” tidas como seus resultados.10

Entre os atos performativos está a escrita literária. Culler compreende duas maneiras de pensar a literatura como performativa: (1) “a obra literária realiza um ato singular, específico..., cria aquela realidade que é a obra, e suas sentenças realizam algo em particular naquela obra”; e (2) o texto literário se torna “um acontecimento, através de uma repetição maciça que adota normas e, possivelmente, muda coisas.”11 Diante das bases em que está situado este estudo, a proposta é uma leitura dos contos “O encontro” do livro Os sete sonhos (1967), “O terreno de uma polegada quadrada” (1969), de livro homônimo, e “As palavras”, da coletânea Que os mortos enterrem seus mortos (1981). O objetivo é mapear a subcultura homossexual identificada pela marginalidade, solidão, segredo e violência que caracteriza esses textos na edificação de uma identidade de gênero que situa um importante e pouco conhecido depoimento sobre homocultura no Brasil. “O encontro” adota o ponto de vista das duas personagens da estória: um garoto de programa e seu suposto cliente. Este é seguido pelo outro nas                                                                                                                         8

BUTLER, id., p. 37. Id., p. 38. 10 Id, p. 48, grifo da autora. 11 CULLER, J. Teoria literária: uma introdução. São Paulo: Beca Produções Culturais, 1999, p. 105. 9

 

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ruas da cidade, até uma clareira no cerrado, onde se dá o desfecho. A narrativa oscila entre monólogos interiores de ambos enquanto se dirigem ao local. Enquanto os dois perambulam, o michê relembra o momento em que se prostituiu com um homem pela primeira vez: esperando um cliente num quarto de hotel, concluíra que, mesmo que houvesse mulheres nas redondezas, “a tensão era forte, e a excitação não pedia propriamente afagos e beijos. Pedia apenas uma ejaculação intensa”. Depois, ao ouvir a aproximação do carro que trazia seu parceiro, a personagem sente alívio ao ver sua face: “naquele instante principiou a amá-lo. Quanto tempo levara para concluir que o vago, o possível, o apenas idéia, se resume nisso.”12 Saindo de suas lembranças, o michê e o cliente adentram na clareira. Mais uma vez, o desejo é descrito como ódio. Desta vez, nas palavras do cliente: Avançariam mais um pouco. Daria tempo a que o ódio do outro, hesitante com certeza, se recuperasse do imprevisto da facilidade. Era preciso que a mão não fraquejasse, que o fio do sentimento não se enroscasse sutilmente travando o gesto prometido. Açulou-o mais um pouco.13

É interessante que Rawet situe toda a descrição prévia de um encontro sexual entre dois homens como uma relação que é medida e catalisada pelo ódio de ambas as partes. O fato de que se trata, em primeira instância, de uma transação monetária, é mais um dado dentro da economia do ódio que a narrativa propõe. Estamos no penúltimo parágrafo, sequência da citação anterior: Principiou a tirar o dinheiro que pusera no bolso da camisa, e a soltar as notas uma a uma. Percebia pelas pausas dos passos que o seguiam que o tipo se abaixava para recolhê-las. Também ele principiou a fazer pausas. Soltava as notas de cinco em cinco, depois de duas em duas [...]. Então voltou-se. O tipo encarou-o duro, maciçamente duro, na certeza de que além do trabalho, e além do que havia recolhido, haveria ainda mais pelos bolsos. E mais duro ainda porque era suficientemente sagaz para perceber a humilhação.14

                                                                                                                        12

Id., p. 157. Id., p. 157-8, grifo nosso. 14 RAWET, S. Contos e novelas reunidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004, p. 158. 13

 

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O desejo identificado como ódio chega ao paroxismo da humilhação. O michê, que odeia o cliente antes mesmo de conhecê-lo, classifica os homens como “tipos”, na mesma proporção com que é classificado por seu cliente como um “tipo”. Mais que no território do estereótipo, estamos no da reificação: o outro é um “tipo”, uma identidade genérica. Daí a surpresa do garoto de programa ao “amar” seu primeiro cliente quando lhe vê o rosto. “Amar” advém da visão do rosto porque anula a percepção do outro como algo mais que uma coisa incômoda, cujo sentimento mais fácil de ser sentido é o ódio. Estamos lidando, neste contexto, com um problema que tem a ver com a própria questão da alteridade, que será discutida mais adiante. Esse ódio também é físico, com consequências reais. Ao impor ao michê que se abaixe para apanhar o dinheiro que pausadamente joga no chão, o cliente antegoza diante da humilhação provocada. Seu ódio difere em grau daquele do seu parceiro: não é apenas uma rejeição de uma alteridade, como também é o encadeamento violento dessa rejeição. Eis o desfecho: Foi então que ele deixou cair o último maço de notas no centro da pequena clareira em que se encontravam, a dois passos um do outro. E se aproximou do tipo que o esperava tendo já na mão o brilho de uma faca, lâmina larga, dois gumes, e ainda conseguiu abraçá-lo e beijá-lo antes que um reflexo de prata e sangue lhe tingisse os olhos.15

Apesar disso, não é sobre homofobia de que trata o conto. Pensar em homofobia fora de um contexto em que identidades gays sejam plenamente reconhecidas como tais, ou em que uma subcultura homossexual seja entrevista com a assertividade própria, é bastante temerário. Ao escrever sobre o desejo clandestino que claramente se instaura entre dois homens, culminando com o assassinato erótico (“a faca”, lembram os freudianos), Rawet sublinha sobretudo a estranheza desse desejo. É um território masculino, sem dúvida, mas não gay. Há ódio, rejeição e incompreensão demais na construção das personagens e situações para que se possa induzir a uma identidade de gênero inteligível. Butler16: “gêneros ‘inteligíveis’ são aqueles que, em certo                                                                                                                         15

Id, p. 158. BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010, p. 38.

16

 

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sentido, instituem e mantêm relações de coerência e continuidade entre sexo, gênero, prática sexual e desejo”. A ideia de que a homofobia é causada por homens que lutam contra sua própria homossexualidade é velha como a psicanálise e tão difundida que parece uma verdade pronta. O problema é que ela nos parece muito perigosa para uma época em que as identidades de homens e mulheres homo e transexuais possuem uma afirmação e legitimidade inéditas. A “homofobia internalizada” leva à crença de que existe, além da minoria gay, outra minoria, a de homens “inseguros de sua sexualidade”, responsáveis por atos homofóbicos. Eve K. Sedgwick nos alerta sobre isso num contexto jurídico em que a homofobia possa ser justificada, pois, segundo a autora, “essa anomalia permite um argumento baseado na diminuição da responsabilidade moral normal”.17 O argumento da homofobia internalizada põe a culpa dos atos violentos contra gays na própria homossexualidade de maneira indiscriminada, reproduzindo um discurso que alia os oprimidos às ideologias dos opressores. A definição de homofobia proposta por Daniel Welzer-Lang18, em certo sentido, neutraliza a responsabilidade da vítima na agressão a que é submetida: “[homofobia] é a discriminação para com as pessoas que mostram, ou a quem se emprestam, certas qualidades (ou defeitos) atribuídos ao outro gênero”. Pode-se concluir que em “O encontro” Rawet reproduz uma ideologia anterior às transformações políticas afirmativas da identidade gay, mas o faz com uma qualidade específica. Seu texto não é condescendente nem intransigente com a prática homossexual. A atualidade da história reside na ausência de julgamento ou tentativa de moralizar os costumes. O final abrupto corta as expectativas do leitor quanto ao erotismo que o texto vinha construindo e reforça na violência a secura de um relato que, apesar de não identificado no interior de uma cultura gay, é referência para pensar as relações homoeróticas que ainda existem.                                                                                                                         17

SEDGWICK, E. K. Epistemology of the closet. California: University of California Press, 2008, p. 20. 18 WELZER-LANG, D. Os homens e o masculino numa perspectiva de relações sociais de sexo. In: SCHPUN, M. R. (Ed.). Masculinidades. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004. p.118.  

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“O terreno de uma polegada quadrada” (1969) pertence ao mesmo eixo identitário. A partir da visão de Paulo, um professor, conhecemos seus amigos: Elias, um judeu comerciante, Guido, psiquiatra que sofre de colapsos nervosos, e Lolô, um “veadinho”. Paulo perambula pelo centro do Rio de Janeiro, nos apresenta outras personagens e toda a ação se passa num único dia. No final surge um jovem estudante, cuja fala é bastante importante para a narração. A história traça um pequeno painel de amizade e solidariedade masculina. Paulo, apesar de preocupado com seu encontro, é o centro difusor da ação ao ajudar cada um de seus amigos; sua função na narrativa, porém, parece ser mais que o responsável pelo encadeamento coerente da ação. Somos informados que Elias e Lolô, que é escritor, mantêm uma espécie de empatia, apesar do comerciante não conseguir suportar “os tiques..., os comentários em tom ambíguo” do outro e “naturalmente, sua condição” homossexual.19 A suposta ligação entre os dois se dá num artigo de jornal, em que Lolô se descreve como um judeu errante e medita sobre a condição judaica. Ao reler a crônica, guardada no interior de um livro, Elias vê “uma espécie de mensagem” de Lolô para ele, e indaga a si mesmo: “até que ponto não seria perniciosa uma simpatia tão franca e tão vasta?”20 Mais à frente, Elias é convocado a ir à delegacia para que, através de sua influência, consiga liberar Lolô, que foi preso, deduz-se, por causa de sua sexualidade. Assim é feito. Ao se despedirem, Lolô faz um longo monólogo. Elogia Elias e lamenta o fato de que a associação que possam fazer entre os dois prejudique o amigo judeu: O trabalho que ele vai ter para explicar, ou não explicar nada, aos amigos. Todos tipos bem enquadrados, sólidos, honestos, direitos. O que tem Elias, que aparentemente é igual a eles, com um veadinho como o Lolô? [...] Lamento também o trabalho que lhe dou, Paulo, mas já me habituei a desabafar com você, e você é bastante seguro de você mesmo para não ter medo da companhia de um veadinho como o Lolô.21

Que a personagem sempre se refira a si mesma em terceira pessoa é indício de uma percepção distorcida de sua própria identidade, como na                                                                                                                         19

RAWET, S. Contos e novelas reunidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004, 262. RAWET, S. Contos e novelas reunidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004, p. 267. 21 Id., p. 274 20

 

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sequência em que alude que um episódio da infância envolvendo o pai talvez possua alguma influência em sua “deformação”. Conclui que, apesar da “deformação”, sua homossexualidade é também uma espécie de rebeldia. A percepção que Lolô faz de si é dentro de uma ideia de marginalidade. Sua aproximação com Elias é sugerida pela origem étnica deste. Rawet, judeu apóstata, aproxima duas faces bem diversas e assim um discurso sobre alteridade é subliminarmente construído. Lolô escreve sobre a condição judia por ver na diferença o que os une como identidade: enxerga no judeu o exilado, o outro que é espelho de si, enquanto Elias, mesmo a contragosto, observa no amigo que os dois só podem usufruir de uma solidariedade na diferença. Não estamos no âmbito de uma identidade de gênero ainda. Lolô mal se vê com uma identidade: falar de si na terceira pessoa é só um sintoma. Para ele, sua sexualidade é anormal e rebelde. É a marginalidade de sua condição de homossexual que ele celebra, não sua homossexualidade. É por isso que ele e Elias, clandestinamente e à revelia, estão ligados. São estranhos estrangeiros. Em outra passagem, Lolô resume sua filosofia no prazer sensual: Todo pederasta é um humanista, gosta do homem, sem baboseiras nem latinórios ou outras frescuras. O resto é a aceitação dessa desordem, é o calor humano que você consegue com um contato total do corpo, com uma masturbação. [...] Confesso, Paulo, que nunca vi um instante de amor entre homens como o de um negro e um velho num recanto perdido de um desses pulgueiros de tarados e degenerados. O negro enrabava o velho, envolvendo-lhe com as mãos na cintura, e enquanto o outro segurava as calças ele lhe beijava a nuca, a orelha, os cabelos.22

A renúncia a uma compreensão que não passe pelo saber corporal enlaça o discurso de Lolô num vocabulário oriundo da instância normativa. Se falta à personagem autoconsciência é que ela representa a si mesma apenas como uma corporeidade em busca de um fim em si e como um ser que se vê pelos olhos do outro apenas. A alteridade da personagem é, assim, radical: porque não se configura como uma identidade ou gênero inteligível, porque só se reconhece a partir de uma concepção alheia. Na verdade, o texto acusa Lolô de rejeitar qualquer elucubração.                                                                                                                         22

RAWET, S. Contos e novelas reunidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004, p. 275, grifo do autor.  

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Há outro dado importante que Lolô, enquanto personagem, revela sobre as identidades gays. O desconhecimento de si reverbera numa contestação que a própria identidade gay contemporânea ainda enfrenta como obstáculo. Se Elias não possui dúvidas quanto à sua “judeidade”, ou se não é possível refutar essa característica, qualquer homossexual, no momento de sua saída do armário, já se deparou com questões como “Você tem certeza disso? Não será uma fase passageira?” Nenhuma dessas perguntas jamais foram feitas a uma mulher ou minoria étnica e religiosa que tenha sofrido algum tipo de opressão; não se concebe que se pergunte a um negro: "será mesmo que você é negro, ou são essas pessoas com quem você anda que estão te influenciando?" Contudo, ser gay parece ser algo impossível. A noção de identidade gay é muito problemática no sentido em que sua existência é posta em questão. O conceito de “homossexual” do século XIX é anterior ao conceito de “heterossexual” porque este seria a norma (a famosa “heterossexualidade compulsória”). A homossexualidade, investigada pelas ciências e pela psiquiatria, vai oscilar entre o ilegitimado e o desconhecido, sendo colocada em oposição à “identidade hétero”, que supostamente não precisa ser posta em dúvida. Eve K. Sedgwick sinaliza exatamente isso: Paradoxalmente, é a insistência paranoica com que as barreiras entre “os homossexuais” (minoria) e “os heterossexuais” (maioria) são reforçadas, neste século [XX], por não-homossexuais e, especialmente, por homens contra homens, que mais abala a capacidade de acreditar no “homossexual” como uma categoria distinta e não problemática de pessoas.23

O binarismo homo/ hétero tem como princípio uma homossexualidade que precisa ser compreendida para ser melhor domesticada, pois seria um desvio do padrão hétero, considerado natural e legítimo. A curiosidade, como aponta Sedgwick, é que os mais dedicados em marcar esta estrutura binária tenham sido homens heterossexuais. O texto de Samuel Rawet prossegue nesta discussão colocando em cena outra personagem que funciona, em certo sentido, como o oposto de Lolô. O jovem que surge no final elabora todo um discurso racionalizante para                                                                                                                         23

SEDGWICK, E. K. Epistemology of the closet. California: University of California Press, 2008, p. 83-4.  

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entender a sua homossexualidade. Paulo é interpelado por um aluno, que desabafa e explica que Guido, de quem era paciente, teve a crise nervosa por sua causa. Mas o jovem quer falar também sobre o artigo que havia escrito e o entrega a Paulo. Trata-se de uma tentativa de entender a homossexualidade e, claro, a si mesmo: Não pretendo chegar a conclusão alguma. Pretendo apenas partir para alguma coisa, que não sei o que é. Distinguir, se possível, o comportamento homossexual como fenômeno em si, e a situação do homossexual em relação aos outros, em relação ao possível comportamento dos outros diante dele.24

O tom e o vocabulário já indicam um entendimento que ambiciona ser “racionalizador”, embora não pretenda “chegar a conclusão alguma”. Em oposição a Lolô, que vivencia sua sexualidade, o jovem aluno sequer admite a ideia de ser homossexual. Seu discurso surge como o oposto do de Lolô na medida em que há uma rejeição da homossexualidade aliada ao interesse em dissecá-la. O fato é que seu “estudo” é baseado tão somente na identificação do “homossexual” apenas pelos atos sexuais, o que muito aproxima o estudante da “filosofia corporal” de Lolô. Ambos se veem, ou tendem a se ver, a partir do alheio. Textualmente, “em relação ao comportamento dos outros” diante deles. A alteridade radical, isto é, desprovida da contraparte que é a identidade, que ratifica os sujeitos enquanto tais, mais uma vez é reproduzida através dessas duas personagens. Novamente não estamos lidando com um conceito de identidade gay. A importância de Rawet para os estudos literários que consideram a cultura homossexual reside, pelo menos nos dois contos analisados até agora, na elaboração de uma obra que descreve o lento e dificultoso aprendizado que é tornar-se gay, do qual sua obra também participa. Como a famosa máxima de Simone de Beauvoir sugere, o conjunto de práticas, ditos, discursos e sistemas normativos moldam nosso comportamento numa escala binária hétero/ homo. Para homens e mulheres que não se incluem dentro desse esquema, resta o longo exercício que é produzir suas práticas legitimadoras. Isto se tornou muito mais fácil com os movimentos de

                                                                                                                        24

Id., p. 292, grifo nosso.  

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afirmação de identidade, mas não fácil o suficiente para que o binarismo que essa visão impõe seja finalmente destituído. Este artigo finaliza com um conto em que a paisagem é bastante diversa. Tanto na linguagem quanto no tema, em “As palavras” (1981) Rawet dá uma guinada que aponta para novas sensibilidades e também para uma transformação no trato do homoerotismo em sua obra. É o último livro publicado pelo autor e aquele em a linguagem está mais contida, o que se reflete na extensão mínima da maioria dos contos e no uso econômico do monólogo interior. Durante e depois de uma sessão de cinema, um homem de meia idade traça a origem da angústia que lhe abate na sua última festa de aniversário. Nos últimos meses mergulhara em clima sufocante, mantendo a custo o equilíbrio cotidiano. Trabalho, relações, alimento, sono. Embriagou-se na última festa de aniversário, ao ver subitamente irritado a sala cheia. Cinquenta anos. Mulher. Dois filhos, vinte e três, vinte e dois anos. Os pais. Os sogros. O amante. Acendeu outro cigarro. Sua passividade nunca lhe fora problemática. Aceitara-a com alegria na adolescência, levemente perturbado pelas alusões do ambiente, e nunca se preocupou com as consequências de vida dupla ao se apaixonar por uma vizinha.25

Esta personagem apresenta uma modificação crucial, em relação às anteriores, que está no modo tranquilo e “alegre” com que experimenta sua sexualidade, inclusive no que diz respeito à sua vida dupla. Os enunciados que descrevem as pessoas presentes na sua festa situam a personagem num âmbito doméstico bastante “sólido”, com a presença até do seu amante. Ao contrário das personagens dos outros contos, em que mal se reconhecia uma identidade homossexual, o homem casado de “As palavras” parece fazer parte da guinada axiológica do reconhecimento de uma identidade gay válida. Quando um colega de trabalho o surpreendeu na sauna abraçado a um homem julgou ver ameaçada qualquer coisa. Encarou-o sem hesitação, e beijou o companheiro. Sabia que contava a seu favor com um aspecto viril, e nunca se deixou iludir pelo lugar-comum do efeminado.26

                                                                                                                        25 26

RAWET, S. Contos e novelas reunidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004, p. 376. Id., p. 376.  

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Há algo curioso aqui. Ao confiar em sua virilidade, ele parece compreender o conjunto de atos performativos a partir do qual a heterossexualidade masculina é construída. Na verdade, o texto indica que ele nunca se “deixou iludir pelo lugar-comum do efeminado”, numa sutil indicação de que seu entendimento é que o desejo homoerótico também pode passar pelo lugar-comum do homem viril. Agindo desse modo, abre-se uma nova perspectiva de vivência homossexual que se desloca numa fuga da clandestinidade. De fato, a década de 70 e os anos anteriores à a epidemia da AIDS são marcados por um discurso da comunidade gay que privilegia a construção de uma imagem excessivamente viril do homossexual. Hoje compreende-se que houve a construção de outro estereótipo gay. Ainda assim, no mesmo período, houve uma reação a esse movimento no sentido de embaçar as fronteiras de gênero através da revitalização da androginia. Novamente, outra lição de como gênero e sexo são categorias naturalizadas, construídas através de uma série de atos performativos. O conto “As palavras”, então, se situa no eixo identitário oposto aos demais contos aqui analisados, o eixo em que não só é possível discutir sobre a existência de uma identidade gay válida, como também é possível deslindar os mecanismos de constituição das identidades de gênero. Isto se manifesta na narrativa na ausência das ponderações negativas sobre homossexualidade e na construção de uma personagem cuja crise nada tem a ver com sua vida sexual, que é sugerida como plenamente vivenciada, em ambos os lados de sua vida dupla. Ao situar a produção do autor dentro e fora de um arco temporal e epistemológico acerca da homossexualidade, a intenção foi levar Rawet para o campo de estudos sobre homocultura e também sobre literatura brasileira, ampliando o foco de discussão sobre o autor. As análises habituais da obra de Rawet recaem sobre o caráter judeu e esquecem quase que completamente o longo e elaborado diálogo que ela mantém sobre o homoerotismo. A seleção e estudo destes três contos diz mais respeito a um critério de amostragem do que a uma abordagem exaustiva: há muito mais para ser lido e analisado em seus livros de contos, novelas e ensaios que é importante tanto para os  

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estudos de gêneros e sobre a alteridade quanto para a teoria literária interessada no desenvolvimento do monólogo interior e da experimentação linguística na literatura brasileira. “O terreno de uma polegada quadrada”, por exemplo, teve aqui um recorte dentro da própria proposta deste artigo, pois este espaço não é suficiente para dar cabo da complexidade que é esta narrativa. Mas como o objetivo era traçar este pequeno esboço de painel em que

se

desenvolve,

na

narrativa

do

autor,

um

discurso

sobre

homossexualidade coadunado com sua época e criticamente aperfeiçoado, espera-se que outras análises tragam a obra de Samuel Rawet para a estante de mais leitores. Referências BARCELLOS, J. C. Literatura e homoerotismo em questão. Rio de Janeiro: Dialogarts, 2006. BUTLER, J. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. CULLER, J. Teoria literária: uma introdução. Culturais, 1999.

São Paulo: Beca Produções

ERIBON, D. Reflexões sobre a questão gay. Tradução Procopio Abreu. Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2008. RAWET, S. Contos e novelas reunidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004. SAID, E. W. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. SEDGWICK, E. K. Epistemology of the closet. California Press, 2008.

California: University of

STEINER, G. Extraterritorial: a literatura e a revolução da linguagem. Paulo: Companhia das letras, 1990.

São

WELZER-LANG, D. Os homens e o masculino numa perspectiva de relações sociais de sexo. In: SCHPUN, M. R. (Ed.). Masculinidades. São Paulo: Boitempo Editorial, 2004. p.107-128.

 

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