Gêneros de ativismo nas novas mídias: a classificação de Leah Lievrouw 1

June 4, 2017 | Autor: Marcus Ant | Categoria: Géneros, Ativismo digital
Share Embed


Descrição do Produto

Gêneros de ativismo nas novas mídias: a classificação de Leah Lievrouw[1]

Marcus Antônio Assis Lima[2]


Resumo
O mundo contemporâneo vem assistindo a uma intensificação no ativismo,
especialmente quando se trata da luta e garantia dos direitos humanos
universais, que se propaga rapidamente com o auxílio das novas mídias. Por
novas mídias, estamos nos referindo a sofisticadas maneiras de se acessar
informação e as tecnologias de comunicação. A intenção desse artigo é
apresentar os gêneros de ativismo que, nas sociedades contemporâneas, vêm
sendo empregados no ambiente virtual e não estabelecer uma história nem
mesmo uma epistemologia dessas maneiras de ativismo e inserção na sociedade
propiciadas pelas novas tecnologias de informação e comunicação.

Palavras-chave: Ativismo; Novas mídias; Gêneros de ativismo.
Genres of activism in new media: A classification by Leah Lievrouw
Abstract
The contemporary world has seen an intensification in activism, especially
when it comes to the fight and guarantee of universal human rights, which
spreads rapidly with the help of new media. For new media, we are referring
to sophisticated ways to access information and communication technologies.
The intention of this article is to present the genres of activism that, in
contemporary societies, have been employed in the virtual environment and
do not establish a history or even an epistemology of these ways of
activism and involvement in society afforded by the new technologies of
information and communication.

Keywords: Activism, New Media, Genres activism.

Géneros de activismo en los nuevos medios: clasificación de Leah Lievrouw
Resumen
El mundo contemporáneo se ha visto una intensificación en el activismo, en
especial cuando se trata de la lucha y la garantía de los derechos humanos
universales, que se propaga rápidamente con la ayuda de los nuevos medios.
Para los nuevos medios de comunicación, nos estamos refiriendo a formas
sofisticadas de acceso a tecnologías de la información y la comunicación.
La intención de este artículo es presentar los géneros de activismo que, en
las sociedades contemporáneas, se han empleado en el entorno virtual y no
establecer un historial o incluso una epistemología de estas formas de
activismo y participación en la sociedad que ofrecen las nuevas tecnologías
de la información y la comunicación.

Palabras clave: activismo, Nuevos Medios, Géneros activismo.

Introdução
O mundo contemporâneo vem assistindo a uma intensificação no
ativismo, especialmente quando se trata da luta e garantia dos direitos
humanos universais. Embora essas atividades venham crescendo em todo o
mundo, por causas as mais diversas, os estudiosos ainda não conseguiram
determinar como esse "novo" ativismo, que se propaga rapidamente com o
auxílio das mídias sociais, está organizado, como se estrutura, tendo em
vista a falta de lideranças ou hierarquias centralizadas.
Contrariando diversas previsões, o ativismo, na internet, tem
demonstrado uma persistência e voracidade com que angaria apoios e
manifestações no "mundo real", que vem surpreendendo tanto os
pesquisadores, das mais diversas disciplinas, quanto as autoridades
governamentais e a própria sociedade civil. E, dentro dessa nova maneira de
se lutar pelos direitos humanos, novos atores têm sido recrutados para não
apenas ampliarem as lutas, como também para intercederem junto às elites
econômicas, políticas, culturais. Assim, temos visto o surgimento daquilo
que há algum tempo vem sendo denominado de "celebridades diplomatas", pois
as mesmas, estrelas do cinema, da música ou dos esportes, estão realizando
atividades antes reservadas aos diplomatas de carreira.
A intenção desse artigo é apresentar os gêneros de ativismo que, nas
sociedades contemporâneas, vêm sendo empregados no ambiente virtual. A
intenção não é, propriamente, de estabelecer uma história nem mesmo uma
epistemologia dessas maneiras de ativismo e inserção na sociedade
propiciadas pelas novas tecnologias de informação e comunicação mas, ao
contrário, unicamente classificar e descrever certas atividades,
consideradas ativistas e alternativas às práticas comumente associadas aos
novos movimentos sociais e sua alocação e utilização dos recursos que as
novas mídias propiciaram.
Nesse sentido, apresentamos a classificação dessas diversas
atividades em gêneros, que procuram condensar manifestações diversas mas
que, entretanto, manifestam-se com determinadas características, elementos,
valores, práticas e propósitos específicos.

1. Por uma definição para as novas mídias
Afinal, o que são as "novas mídias"? O que se percebe é que esse
termo tornou-se, recentemente, um lugar comum e tanto os profissionais,
pesquisadores e o senso comum o utilizam sem um noção clara sobre a que
exatamente ele se refere. Por novas mídias, estamos nos referindo aos
últimos lançamentos tecnológicos, a novas formas de entretenimento,
sofisticadas maneiras de se acessar informação ou, certamente o mais comum
dos usos, qualquer coisa que tenha relação com a internet? Tendo em vista
essa proliferação de possíveis sentidos, precisamos, então, descrever o que
estendemos por novas mídias, de maneira geral, e por mídias ativistas, em
particular.
Nas Ciências da Comunicação, ao longo do tempo, muito esforço tem
sido depreendido para se definir as mídias e as tecnologias
comunicacionais. Podemos dividir essas tentativas em três aproximações. A
primeira, talvez a mais comum, definem as mídias a partir dos dispositivos
e suas capacidades técnicas, especialmente aquelas capacidades que
correspondem aos sentidos e comportamentos humanos. Por exemplo, imagem
fixa versus imagem em movimento; som versus silêncio; transmissão em uma
via versus transmissão em duas ou mais vias; texto versus imagem; papel
versus tela (para exemplos, Durlak, 1987; Schramm, 1977; Steuer, 1995).
Outra tentativa, muito comum em livros acadêmicos destinados aos iniciantes
nos estudos da área, define as tecnologias de comunicação segundo os
conteúdos que elas produzem, como elas são percebidas pelas pessoas que as
usam ou consomem esses conteúdos e quais efeitos eles provocam sobre essas
pessoas, seja na forma de programas televisivos, jornais impressos, livros,
filmes, jogos de computador ou outros formatos. Uma terceira aproximação
considera os diferentes sistemas de mídia (isto é, as tecnologias e as
organizações que as operam e as controlam) como instituições ou indústrias,
com objetivos culturais, econômicos ou sociais específicos, que transmitem
conteúdos por meio das tecnologias que detêm.
Seja qual for o entendimento, normalmente tende-se a ver o processo
comunicacional per se como que separado dos dispositivos e maneiras que as
pessoas utilizam para esse processo. Talvez isso seja adequado quando nos
referimos às mídias ditas tradicionais, isto é, o jornal impresso, a
televisão, o rádio etc. Entretanto, em se tratando das novas mídias, essa
distinção pode não ser tão simples. Não apenas porque elas combinam
conteúdos e capacidades de todos as outras mídias, mas também porque elas
embaçam a tradicional divisão entre os produtores e os consumidores, entre
os criadores de sistemas e seus usuários. De fato, uma das coisas mais
incríveis das novas mídias - aliás, o que faz com que as continuemos
chamando de "novas" - é que elas são o produto de uma constante combinação
inovadora de atividades, serviços, sistemas e usos que bloqueiam ou
eliminam distinções consagradas entre uma chamada telefônica, cartas,
cinema, jornais, televisão, fotografia, música...
Assim, neste artigo, trabalharemos com uma proposta mais acurada de
definição para as novas mídias, seguindo a definição proposta por Leah
Lievrouw e Sonia Livingstone (2002, 2006; e também Lievrouw, 2011; 2012),
que pode ser especialmente útil para se analisar os usos dessas novas
mídias em atividades de ativismo, como verificado recentemente nas
manifestações que tomaram conta das ruas por todo o Brasil. Para essas
autoras, as novas mídias são tecnologias de informação e comunicação, bem
como seus contextos sociais, que incluem três componentes principais: i) os
artefatos materiais, ou dispositivos, que tanto ampliam quanto extendem as
possibilities humans de comunicação e compartilhamento de significados; ii)
as atividades comunicacionais, ou práticas, nas quais as pessoas se engajam
ao utilizarem esses artefatos; e iii) os arranjos sociais mais amplos e as
formas de organização que as pessoas criam e constroem em torno desses
artefatos e práticas" (Lievrouw, 2012:474, itálicos no original).
Evidentemente, qualquer sistema de comunicação, não apenas as novas
mídias, incluem esses três elementos e, por isso mesmo, o passo seguinte na
definição das novas mídias será apontar porque seus artefatos, práticas e
arranjos as fazem distintas de outros sistemas tecnológicos, incluindo as
mídias ditas tradicionais.
Quatro fatores podem ser apontados para a especificidade das novas
mídias, sendo dois relacionados com os modos como as novas mídias
desenvolveram-se ao longo dos tempos, isto é, como elas foram concebidas e
moldadas e dois fatores relacionam-se às suas consequências para a
sociedade e a cultura: a) recombinação: ao longo do tempo, as novas mídias
desenvolveram-se como híbridos ou tecnologias recombináveis, ou seja, elas
resistem à estabilização e alteram-se continuamente, como resultado da
mistura de antigos sistemas (como o videoteipe) e inovações (a
possibilidade de armazenamento "nas nuvens") (Lievrouw, 2011:8-9); b)
arquitetura em rede: a possibilidade que elas possuem de interconectarem-
se, o que as fazem mais próximas dos antigos sistemas de telefonia e
telegramas que da difusão eletrônica, e que a transformam em uma 'rede de
redes' ou, utilizando a expressão que mais as caracterizam, a possibilidade
do hiperlink (Lievrouw, 2011:9-12); c) ubiquidade: a sensação de que elas
estariam presentes em todos os lugares, em todos os tempos e que afetariam
cada usuário individualmente (Lievrouw, 2011:12-13); d) interatividade: ao
dar aos usuários um grau sem precedentes de seletividade e escolhas na
busca por fontes informacionais e culturais; essa interatividade, por sua
vez, suporta e provê os usuários com o sentimento de participação
(Lievrouw, 2011:13-14).
Esse aspecto, a possibilidade de participação, torna-se o elemento
principal quando se pense em ativismo nas mídias sociais, por exemplo.
Embora as mídias tradicionais tenham tido, sempre, uma enorme capacidade
persuasiva, o principal modo de engajamento que as pessoas tinham com elas
era, especialmente, receptivo e, sabe-se, a exposição ou recepção de
mensagens podem, ou não, provocar algum ação por parte dos receptores. Ao
contrário, as novas mídias não apenas entregam conteúdos; as pessoas
precisam, ativamente, usá-los para alguma coisa, seja para buscar,
compartilhar, recomendar, estabelecer novas ligações etc. (Lievrouw,
2011:14). Mas, interação e participação são aspectos distintos das novas
mídias. Mark Deuze (2006), por exemplo, defende que haveria três maneiras
distintas de engajamento com as novas mídias: participação, remediação e
bricolagem. Para ele, a participação torna as pessoas "agentes ativos no
processo de geração de sentidos" (Deuze, 2006:66). Para Henry Jenkins
(2006), embora interatividade e participação sejam vistos como
intercambiáveis, eles são conceitos diferentes: interatividade refere-se
"aos modos como as novas tecnologias foram desenhadas para serem
responsivas à experiência dos usuários" (p.133), enquanto a participação
depende de "práticas e protocolos culturais" (p.23). Para Lievrouw
(2011:15), "interatividade é um aspecto da infraestrutura da mídia
(articulando artefatos, práticas e arranjos culturais) e participação é uma
forma particular de ação suportada por essa infraestrutura; mas uma depende
da outra". Ou seja, sendo interativas, as novas mídias oferecem
oportunidades para a participação.
No que diz respeito às principais características das
novas mídias - recombinação, arquitetura em rede,
ubiquidade e interatividade - elas também influenciam uma
às outras. Os fatores dos usos e formatos (recombinação e
redes) ajudam a moldar as consequências sociais do sistema
(ubiquidade e interatividade). Por sua vez, as
consequências sociais também influenciam os usos e
desenvolvimentos futuros (Lievrouw, 2011:15).

Resumindo, podemos dizer que as novas mídias (como qualquer outra
tecnologia de comunicação) podem ser definidas como uma combinação de
artefatos materiais, práticas individuais e os arranjos sociais e
organizacionais envolvidos no processo de comunicação humana. Entretanto,
elas diferem de outros formatos e sistemas midiáticos em termos de seus
usos, arquitetura e suas consequências sociais. Ao longo do tempo, a
arquitetura e os fatores de uso, por um lado, e as consequências sociais,
por outro, continuam a influenciar uns aos outros na medida que as
tecnologias - um conjunto de artefatos, práticas e arranjos - desenvolvem-
se.

2. Ativismo nas novas mídias
O fenômeno das novas mídias tem levantado um debate intenso no campo
dos direitos humanos sobre se o ativismo que daí surgiu tem algum impacto
na luta contra os abusos dos direitos humanos ou se esse ativismo deve ser
pensado apenas em termos de um 'sentir-se-bem-clicando'
Petições on-line, por exemplo, vêem há muito tempo sendo utilizadas
para fazer as pessoas tomarem consciência de algo e também para suscitar
uma ação individual ("por favor, assine esta petição") que signifique
alguma mudança politica. As petições são um meio popular de ativismo por
direitos humanos na época da internet, especialmente por intermédio das
redes sociais, "onde as assinaturas são coletadas eletronicamente ou
através do clique do mouse, ao contrário da fórmula fora de moda de se
coletá-las fisicamente" (Borer, 2012:151). "A internet está criando o
alicerce e possibilitando o surgimento de movimentos contrários à guerra e
a favor da paz e da justiça social, /.../ sem paralelo ao redor do mundo",
argumentam Richard Kahn e Douglas Kellner (2004:88).
Entretanto, as novas mídias não são, como às vezes elas têm sido
retratadas, um "pó mágico", feito de pixels, que pode ser espalhado sobre
problemas complexos para fazê-los melhores, mas elas são o começo de um
impacto no ativismo que vai além do "curtir" e dos "tweets". O fato é que
as novas mídias estão tornando possíveis para os indivíduos certos aspectos
do ativismo que antes estavam restritos apenas aos membros de organizações
centralizadas. "Elas não causam revoluções, mas elas estão revolucionando o
modo como os ativistas podem iniciar uma", afirma Sarah Kessler (2012:205).
O impacto das novas mídias no ativismo deve, assim, ser visto não apenas
pela ótica de pessoas envolvidas casualmente ou de ações de baixo custo.
Essas redes também estão contribuindo para o modo como os movimentos são
organizados, ou seja, elas estão definindo um novo modo de como os
ativistas se aproximam desses movimentos, ao darem poder a um coletivo[3]
de pessoas de levar adiante suas tarefas como ativistas de uma maneira
historicamente diferente da que sempre foi, quando as comparamos às formas
tradicionais de ativismo, dominadas por organizações centralizadas
(Kessler, 2012:213).
Entender as relações entre as novas mídias e o ativismo, nesse inicio
do século XXI, requer, então, um conhecimento mais amplo sobre os vários
modos nos quais os fluxos e forças sociais, econômicas e produtivas operam
dentro do domínio midiático atual. O certo é que a proliferação de conexões
via computadores tem resultado em novas formas de engajamento e ativismo
por parte dos cidadãos, facilitando o questionamento da legitimidade de
variadas formas de governo ao redor do mundo, embora, é necessário termos
claro, que realizações tecnológicas sozinhas não são suficientes para
causarem mudança social e o aperfeiçoamento das condições de vida ao redor
do globo, pois as "tecnologias podem ser implantadas facilmente tanto para
garantir quanto para negar acesso" (Cooper; Turcotte, 2012:182).
Como qualquer nova mídia, entretanto, o potencial das mídias sociais
ainda não foi totalmente alcançado e seus usos ainda estão para serem
descobertos. Mas é fato que "as mídias sociais tornaram mais fácil para as
pessoas se alinharem publicamente a alguma causa: não há mais necessidade
de panfletos impressos, cartas ou adesivos nos automóveis" (Kessler,
2012:207). "A mídia social é uma forma trans-demográfica e trans-geracional
que eu tenho para me alinhar publicamente com uma causa", revela Aaron
Sherinian, Diretor Executivo de Comunicação da United Nations Foundation.
"No passado, eu teria que sair como 'homem-sanduíche' pelas ruas para dizer
de maneira aleatória às pessoas que eu me importava com o meio ambiente,
com crianças ou com a saúde" (citado por Kessler, 2012:206).
O que queremos salientar é que o baixo custo de se alinhar
publicamente a alguma causa e a facilidade de distribuição por 'laços
fracos' fazem as novas mídias tão efetivas, senão mais efetivas, que
campanhas institucionais nas mídias tradicionais, e a habilidade dos
indivíduos de se auto-publicarem elevam a nível mundial a visibilidade de
alguns movimentos que talvez eles nunca fossem capazes de alcançar. Isso
porque uma organização – ou um indivíduo – pode utilizar ferramentas de
compartilhamento social para colocar o ônus da distribuição de petições,
cartas ou um boicote a cargo de um coletivo descentralizado de
indivíduos[4]. Assim, quanto mais pessoas engajam casualmente em uma causa,
mais oportunidades haverá para engajar os indivíduos que passaram essa
primeira etapa, ou seja, ações despretensiosas, como assinar uma petição on-
line, podem, teoricamente, ser uma 'porta de entrada' para o engajamento
mais profundo. Dessa maneira, os indivíduos que espalham mensagens e
realizam atividades de ativismo através das novas mídias estão, de certa
maneira, sendo recrutados por algum movimento. Assim, um indivíduo,
mantendo o seu nível de envolvimento constante, pode contribuir mais para
os objetivos do ativismo, usando novas mídias, do que ele poderia sem elas.

3. Gêneros de ativismo nas novas mídias
Tendo definindo o que entendemos por novas mídias, precisamos, agora,
clarear o que estamos chamando de "novas mídias ativistas ou alternativas".
Na última década, muitos pesquisadores exploraram os usos das mídia,
incluindo as novas mídias e as tecnologias de informação nos movimentos
sociais, políticos e culturais. John Downing (2008), por exemplo, notou que
esses trabalhos representaram uma ruptura com a visão mais tradicional, que
focava nos usos das tecnologias de comunicação, especialmente os meios de
comunicação de massa, pelos partidos e nas campanhas políticas, por uma
ênfase no engajamento dos cidadãos, dos ativistas ou das comunidades em
questões e movimentos com a internet e tecnologias relacionadas (veja,
ainda, Silver, 2003). Outros autores focaram naquilo que é chamado de
"mídia tática", que seria uma resposta à queda do comunismo na Europa nos
anos 1980, ao fracasso dos movimentos revolucionários de esquerda e a
ostensiva "vitória" do capitalismo. Os teóricos dessa visão, especialmente
Geert Lovink e David Garcia (1997), argumentavam que face à fragmentação
cultural e a subjetividade radical da pós-modernidade, a única maneira
viável de ativismo político seriam movimentos pequenos, esporádicos,
nômades e de rápida resposta, não revolucionários, mas de "resistência".
Genericamente falando, os analistas tratavam os projetos nas novas
mídias alternativas e ativistas como a última encarnação de uma longa linha
histórica de oposição por intermédio de mídias radicais, anarquistas ou
underground, incluindo jornais impressos, pequenas publicações, rádios
pirata e vídeos de acesso público, salientando o experimentalismo, a baixa
qualidade, a diversidade de pontos de vista e valores, o ecletismo e
subculturalismo de suas audiências, o amadorismo e a natureza voluntária da
participação e a marginalidade desses projetos em oposição ao alcance das
instituições midiáticas (Atton, 2002; Downing et al., 2001; McCaughey &
Ayers, 2003; Meikle, 2002; Vegh, 2003). Sandra Braman (2002), por exemplo,
identificou quatro características das mídias alternativas que poderiam ser
aplicadas às mídias táticas; "O uso dos meios como conteúdo, a rejeição da
ideologia, a emergência da política e das artes e a crença da habilidade
digital para fazer as coisas acontecerem mais rapidamente".
Entretanto, muitos poucos desses pesquisadores tentaram definir o que
distinguiria os projetos alternativos envolvendo mídias tradicionais
daqueles que utilizam a variedade de novas mídias. Alguns usaram conceitos
das pesquisas clássicas em comunicação de massas (a teoria dos usos e
gratificações, por exemplo) ou dos media studies (a tríade produção, texto
e audiência) para os casos envolvendo as novas mídias. Um dos poucos que
tentaram estabelecer alguma distinção foi Chris Atton, cuja análise
minuciosa tanto das mídias alternativas tradicionais e da "internet
alternativa" (Atton, 2004) ressaltou as diferenças entre os projetos
alternativos daqueles mainstream. Ele sugeriu que, ao longo do tempo, as
mídias alternativas vêm buscando ser participativas, emancipatórias, não-
comerciais, autênticas (isto é, crente nos pontos de vista ou experiências
das comunidades) e anti-institucionais. Segundo ele, elas combinam tanto
"uma expressividade criativa quanto uma responsabilidade social" (Atton,
2002:13-14) de uma maneira que as distancia das mídias alternativas
tradicionais. Dessa maneira, ele define a internet alternativa como "um
conjunto de projetos, intervenções e redes midiáticas que procuram
desenvolver formas diferentes de se 'fazer' a mídia, em oposição aos moldes
esperados e geralmente mais aceitos" (Atton, 2004:ix).
Inspirando-se nos trabalhos de Atton, Lievrouw propõe definir as
novas mídias alternativas e ativistas salientando que elas "empregam ou
modificam artefatos comunicacionais, práticas e arranjos sociais das
tecnologias de informação e comunicação de maneira a desafiar ou modificar
os modos esperados ou aceitos de se fazer a sociedade, a cultura e a
política" (Lievrouw, 2011:19). Para ela, as mídias alternativas e ativistas
não apenas refletem sobre ou criticam a mídia tradicional e a cultura mas,
especialmente, elas constituem ou intervêm sobre elas.
Tendo isso em vista, Leah Lievrouw (2011; 2012) busca empreender uma
taxonomia dos projetos ativistas ou alternativos nas novas mídias por
intermédio de uma classificação desses projetos em cinco grandes gêneros:
interferência cultural (cultural jamming), computação alternativa
(alternative computer), jornalismo participativo (participatory
journalism), mobilização mediada (mediated mobilization) e conhecimento
compartilhado (commons knowledge). Segundo ela, cada um desses gêneros
fazem referência a diferentes domínios da vida social, da cultura ou das
práticas tecnológicas. Por exemplo, a interferência cultural toma de
empréstimo, comenta ou subverte elementos da cultura popular, tais como o
entretenimento, a publicidade, as artes, a literatura, o cinema. A
computação alternativa simultaneamente critica e reconfigura a
infraestrutura das tecnologias da informação e comunicação. Projetos de
jornalismo participativo empregam práticas e éticas profissionais de
reportagem e opinião editorial para cobrir comunidades, acontecimentos e
pontos de vista que são rejeitados pela grande imprensa. As mobilizações
mediadas expandem e ativam o poder do "ao vivo", das organizações e
relações sociais locais. Projetos de conhecimento compartilhado reorganizam
e categorizam as informações de modos a desafiar ou reenquadrar os
conhecimentos especialistas das disciplinas e instituições culturais
tradicionais (Lievrouw, 2011:19-20).
Antes de descrevermos cada um desses gêneros, julgamos pertinente uma
breve abordagem sobre a noção de "gêneros", tendo em vista a enorme
polêmica que se costuma travar em relação a esse conceito, de modo a
deixarmos claro qual o entendimento dele na classificação proposta neste
artigo. De início, o conceito de "gênero" possui uma longa história, não
apenas nas Ciências da Comunicação, diga-se de passagem, desde a
classificação aristotélica dos diferentes tipos retóricos e do poder que
eles exercem para influenciar ou persuadir as audiências, passando pela
análise das principais formas literárias como a poesia e a ficção, até a
categorização de filmes e programas de televisão de acordo com os estilos,
formatos e conteúdos (por exemplo, filmes de ação, faroeste, noticiários,
talkshows etc.).
Basicamente, um gênero é um tipo de expressão ou comunicação que é
útil e/ou significativo dentre os membros de uma dada comunidade ou em uma
situação em particular. Os gêneros possuem tanto uma forma quanto um
objetivo, isto é, eles têm determinado formato material ou seguem
determinadas formas convencionadas e eles permitem às pessoas se
expressarem apropriadamente em dada situação. Apesar das características
dos gêneros dependerem, em grande medida, das tecnologias de comunicação ou
dos meios que são utilizados para produzi-los, gênero e meio não são a
mesma coisa - geralmente um gênero pode se original de um meio daí ser
transportado para outros meios. Os gêneros possuem muitas outras
importantes características que são relevantes para os projetos de mídia
alternativa ou ativista. Primeiro, eles ajudam a "mediar" ou facilitar a
comunicação entre membros de uma comunidade. Para Phil Agre (1998:81), os
gêneros são "o entroncamento entre processos de produção de materiais
midiáticos e os modos de utilizá-los". Denis McQuail observou que

um gênero pode ser considerado como um dispositivo prático
para auxiliar qualquer meio de comunicação de massa a
produzir de maneira consistente e eficaz de modo a
relacionar essa produção às expectativas da audiência
/.../ um mecanismo de ordenação das relações entre os
produtores e os consumidores (McQuail, 2005:370).

Em segundo lugar, os gêneros são uma maneira de criar e manter
contextos sociais e comunitários bem como os produtos culturais dessas
comunidades e contextos. Eles também podem ser tão específicos para a visão
de mundo de certos grupos que os outsiders podem não entendê-los; assim, os
gêneros podem também agir como fronteiras ou marcas que excluem os
outsiders ao mesmo tempo que reforçam os laços de pertencimento (Hebdige,
1979), ou, como sugeriu Sonia Livingstone (1990:155), "diferentes gêneros
são concebidos para estabelecer diferentes visões de mundo". De fato, "o
reconhecimento de um gênero em particular é um sinal de nosso pertencimento
a uma comunidade em particular", afirmam Crowston & Williams (2000:203).
Finalmente, um ponto importante em relação aos gêneros é que eles não são
fixos ou estáticos, mas ativos, modos dinâmicos de comunicação e expressão
que se modificam conforme as circunstâncias e os interesses dos usuários.
De modo a ilustrarmos, de maneira preliminar e esquemática, essas
considerações sobre os gêneros, correlacionamos, na Tabela 1 a seguir, os
cinco gêneros encontrados nas novas mídias alternativas e ativistas com os
domínios sociais e culturais que eles implicam, bem como os formatos e
propósitos típicos de cada um.

Tabela 1
Gêneros nas novas mídias alternativas e ativistas

"Gênero "Domínio social "Formatos "Propósitos "
"Interferência"Cultura popular, "Apropriação de "Crítica "
"cultural "mídia "imagens, sons e "cultural, "
" "tradicional, "textos da "política e "
" "publicidade "cultura popular "econômica "
"Computação "Computação, "Hacking, "Acesso livre "
"alternativa "telecomunicações,"sistemas de "para acesso e "
" "infraestruturas "códigos abertos,"compartilhamento"
" "midiáticas "compartilhamento"de informações e"
" "(softwares e "de arquivos "tecnologias de "
" "hardwares) " "informação "
"Jornalismo "Reportagens, "Serviços "Cobertura de "
"Participativo"notícias, "noticiosos em "grupos ou temas "
" "comentários, "rede, blogues "marginalizados, "
" "opinião pública " "reportagens "
" " " "investigativas "
"Mobilização "Movimentos "Mídias sociais, "Mobilização "
"mediada "sociais, "mundos virtuais,"ativista "
" "identidades, "blogues, mobs " "
" "políticas " " "
" "culturais, " " "
" "estilos de vida " " "
"Conhecimento "Especialistas, "Tagging, "Conhecimento "
"compartilhado"disciplinas e "bookmarking, "amador, "
" "instituições "wikis, "enciclopédias, "
" "acadêmicas ou "crowdsourcing "organização de "
" "técnicas, " "conhecimentos "
" "conhecimento " "dispersos "
" "social sancionado" " "


Fonte: Lievrouw, 2011:23

3.1. Interferência cultural
Esse gênero elabora uma crítica da cultura popular e mainstream,
especialmente o capitalismo corporativo, o comercialismo e o consumismo.
Nele, os artistas e ativistas midiáticos apropriam-se e reconfiguram
elementos da cultura popular criando novos trabalhos de um ponto de vista
irônico ou subversivo; dito de outra maneira, a interferência cultural
"mina" a cultura mainstream para criticá-la. Como forma de produção
artística política, a interferência cultural remonta ao dadaísmo e os
primeiros projetos de interferência cultural tomavam emprestado elementos
dos meios de comunicação de massa e fontes da cultura popular,
especialmente cartazes e imagens corporativas (p.ex., logotipos, slogans e
produtos). Entretanto, com o surgimento da rede mundial de computadores,
essas mesmas estratégias foram adotadas por ativistas online e artistas
gráficos nos anos 1990, incluindo o lançamento de "memes" e o chamado
"marketing de guerrilha" ou "viral".
O termo teria sido cunhado por Mark Dery, artista de São Francisco,
nos Estados Unidos, em 1984, para descrever a "alteração em cartazes e
outras artes underground que procuram iluminar o lado escuro da era dos
computadores" (Dery, 1990). Ele define a interferência cultural como
"recorte midiático, guerrilha informacional, arte terrorista e guerrilha
semiótica, tudo em uma coisa só" (Dery, 1993). Assim, a interferência
cultural captura e subverte as imagens e as ideias da cultura da mídia
tradicional para estabelecer um ponto crítico, ou seja, como gênero de
ativismo nas novas mídias, a interferência cultural toma a forma da cultura
popular com o propósito de subverter e criticar essa cultura" (Lievrouw,
2011:73, itálicos no original).
Muitos dos projetos de interferência cultural reconfiguravam imagens
comerciais e espaços públicos, especialmente outdoors e outras
publicidades, embora outras mídias impressas também fosse alvo desses
projetos. De certo é que as possibilidades para a interferência cultural,
como uma estratégia alternativa e ativista, foram tão diversas quanto eram
as mensagens e as tecnologias disponíveis. Uma forma de interferência
cultural de "contra-espionagem" emergiu como uma resposta política ao
crescimento do uso de câmaras de vigilância de circuito fechado (CCTV)
tanto em propriedades privadas quanto em espaços públicos (Monahan, 2006).
Grupos experimentais e de paródia dançavam em frente a câmaras de
vigilância nos caixas eletrônicos (Markoff, 2002). Um projeto usava focos
de raio laser como forma de dificultar o reconhecimento pelas câmeras em
locais públicos (Naimark, 2002), recurso utilizado nas manifestações
recentes no Brasil contra os âncoras de um dos mais assistidos e criticados
telejornais pelos ativistas. Nos anos 1990, a interferência cultural tornou-
se uma tática familiar entre os ativistas da mídia e foi amplamente
estudada por acadêmicos (Carducci, 2006; Harold, 2004; Wettergren, 2009).
Entretanto, ela entrou em uma fase mais vigorosa e nova com a introdução da
rede mundial de computadores e as tecnologias de navegação virtual.
Atualmente, ela é uma tática central na comunicação política, mas, como
estratégia e estilo comunicacional para atrair a atenção, ela também se
tornou um elemento estandardizado da cultura popular.
A interferência cultural é um tipo de ativismo na mídia que vai além
das fronteiras da internet e ela exemplifica muitos dos elementos-chave
mostrados na Tabela 1 anterior, a saber: a) o uso da ironia nas questões e
atividades que ela critica; b) acontece em pequena escala, isto é,
normalmente produzida por poucas pessoas e com poucos recursos financeiros;
c) é essencialmente intervencionista, de modo a salientar, nas práticas e
representações culturais e políticas que são seu alvo, as contradições e
hipocrisias delas; d) exige uma "competência cultural" (Lievrouw, 2011:95),
ou seja, a capacidade de reconhecer as convenções e clichês, símbolos e
lógicas empregados; e) é nitidamente colaborativa, exigindo não apenas um
esforço conjunto de seus criadores, o que pode ser chamado de
"metacolaboração" (Lievrouw, 2011:95); f) a interferência cultural é,
ainda, heterotópica, no sentido que ela cria espaços alternativos e
oportunidades distintas de se perceber a cultura por um novo ponto de
vista; g) sua transitoriedade pois, normalmente, são intervenções focadas
em uma prática ou representação específica. Entretanto, algumas
interferências culturais podem ganhar ares de "arte" quando são
incorporadas por coleções privadas ou públicas de galerias ou museus.
Entretanto, a interferência cultural corre o risco de se tornar
vítima de seu próprio sucesso, a partir do momento que suas táticas,
aproximações e propósitos podem ser incorporados e aplicados tanto nas
culturas alternativas quanto nas mais tradicionais formas de expressão.

3.2. Computação alternativa
Um segundo tipo de gênero nas novas mídias envolve a infraestrutura
material das mídias informativas e das tecnologias. Enquanto a
interferência cultural adota as formas, estilos e convenções da cultura
popular e do comércio - entretenimento, publicidade, marketing, moda,
logotipos - com o propósito de subverter e criticá-los, na computação
alternativa os ativistas constroem ou reconfiguram os sistemas com o
propósito da resistência política e econômica por meio do livre acesso à
informação ou uso dos sistemas.
A computação alternativa combina conhecimento técnico com compromisso
ético, ou seja, ela não está associada unicamente a ganhos pessoais ou
divertimento ou mesmo com objetivos criminosos (veja, por exemplo,
Nissenbaum, 2004). O conjunto de atividades que podem ser descritas com
computação alternativa incluem o desenvolvimento e distribuição de
softwares para acesso livre à informação, tendo em vista que os
desenvolvedores desses tipos de sistemas o fazem como uma crítica à
propriedade tecnológica restrita[5], assim como a criação e disseminação
dos "ovos de Páscoa"[6], como forma, principalmente, de demonstrar a
suscetibilidade de programas bastante utilizados aos vírus ou falhas de
segurança.
Lievrouw (2011:99) usa o termo para descrever um

conjunto de atividades, incluindo mas não se restringindo
à atividade de hackers, que estão ligados por um
comprometimento ético e político ao acesso livre à
informação, a sistemas abertos e ao controle pessoal sobre
a informação e a comunicação como um direito fundamental e
como uma condição necessária para a emancipação política e
a participação social igualitária (Lievrouw, 2011:99).

Embora projetos de computação alternativa possam ser utilizados com
propósitos criminais, terroristas ou de exploração comercial, a autora
prefere focar sua atenção em atividades que visam, primordialmente, ações
políticas, culturais ou sociais. Nesse sentido, costuma-se dividir a
computação alternativa entre as atividades benéficas, ou simplesmente
"hackers", que visam expor as fragilidades dos sistemas computacionais de
modo a evidenciá-las e resolvê-las, dos "crackers", que laçam vírus
computacionais para destruir ou roubar dados financeiros ou com ataques
contra rivais financeiros ou políticos (Leibowitz, 2003). Na computação
alternativa a infraestrutura tecnológica torna-se a arena para a mudança
social, não como um fim em si mesmo, mas como expressão e manifestação da
participação social e política propriamente ditas.
As diversas atividades de computação alternativa estão conectadas por
sua natureza deliberativamente intervencionista. De uma forma ou de outra,
esses projetos implementam, manipulam ou modificam a tecnologia mesmo para
chamar atenção para aspectos políticos, sociais, culturais ou econômicos.
Os ativistas engajados nesses projetos, sejam engenheiros profissionais ou
amadores "geeks"[7], possuem um alto grau de conhecimento tecnológico e
costumas compartilhar a crença de que, em boas mãos, a tecnologia da
computação é intrinsicamente boa (Lievrouw, 2011:101).
O termo "hacker" foi adotado dentro do campo da computação para
descrever os programadores excepcionalmente habilidosos adeptos à criação
de soluções elegantes ou contra-intuitivas, os "hacks"[8], para problemas
de computação (Levy, 1984; Nissenbaum, 2004, Peterson, 2003, Thomas, 2002).
"Hacks" pretendiam, assim, demonstrar suas habilidades técnicas masi do que
corromper ou destruir um sistema propriamente dito. A eles podem ser
creditados, por exemplo, o surgimento dos computadores pessoais; masi
recentemente, tecnologias do tipo peer-to-peer (P2P) para o
compartilhamento de arquivos eletrônicos, como músicas e vídeos (Lievrouw,
2011:103-115).
No ativismo ligado à computação alternativa, três elementos podem ser
identificados como suas características principais; a) projetos de
computação alternativa são intervencionistas por definição. Para os
especialistas em computação, profissionais ou amadores, não seria
suficiente apenas debater ou criticar a tecnologia como um poder na
sociedade; os ativistas das tecnologias demonstram esse poder
reconfigurando a infraestrutura propriamente dita. Assim, a computação
alternativa "pode ser mais forma que o ativismo eletrônico pode assumir"
(Allen, 2003:7) em uma sociedade onde todas as expressões e interações têm
sido mediadas extensivamente por redes de computadores, onde o legado das
tecnologias de impressão e difusão desempenham cada vez mais um papel
secundário, servindo tanto para as elites, por um lado, quanto a classes
subalternas, por outro; b) a computação alternativa também é profundamente
heterotópica em seus propósitos éticos, práticos e de visão de mundo, com
um desejo de se criar e preservar espaços, de uma maneira quase utópica,
onde as pessoas que se sentem "outsiders" possam vivem, trabalhar e se
divertir com seus pares; c) consistente com essa natureza heterotópica, os
projetos de computação alternativa também são, normalmente, de pequena
escala tanto em termos de concepção quanto de execução, embora eles possam
possuir consequências sociais e tecnológicas de alto impacto e alcance.

3.3. Jornalismo participativo
Práticas de jornalismo participativo são projetos de produção e
difusão de reportagens jornalísticas, normalmente alternativos ou radicais,
baseados em plataformas eletrônicas, que adotam práticas e filosofias dos
jornalismos cívicos, públicos, cidadãos e comunitários de modo a difundirem
notícias e opiniões alternativas. De maneira geral, eles criticam as
tradições e prerrogativas do jornalismo estabelecido e da grande imprensa,
principalmente a marginalização ou exclusão de temas e pontos de vista
locais, minoritários ou impopulares. Geralmente são associados ao interesse
particular pelos temas e questões que cobrem e são, de maneira geral,
realizados por voluntários. Na maioria dos casos, procuram romper com a
dicotomia entre os produtores de notícias e os cidadãos, cultivando a
conectividade e a interatividade com suas comunidades de base.
A expansão do jornalismo participativo - incluindo projetos de
jornalismo cívico, cidadão, de fonte aberta, ide notícias independentes e
blogues de opinião - demonstra o interesse em notícias de interesse local e
comunitário, muitas vezes como uma crítica ou apoio aos valores e práticas
da imprensa tradicional. Como os projetos de imprensa alternativa ou
radical, esses projetos procuram cobrir histórias, opiniões e fontes de
informação normalmente desprezados pelas grande imprensa, oferecendo uma
perspectiva alternativa ao ponto de vista dos especialistas e elites
culturais, econômicas e políticas.
Ao criticarem as práticas do jornalismo tradicional, o jornalismo
participativo objetiva a criação de um espaço diverso no qual todas as
vozes possam ser ouvidas e onde qualquer um pode contribuir produzindo
reportagens informativas ou opinativas com o mínimo de seleção prévia (uma
quase abolição dos processos de gatekeeping), refletindo o comprometimento
com uma possibilidade discursiva e participativa que vá ao encontro de uma
"democracia radical" (Pickard, 2006a; 2006b; 2008).
A prática do jornalismo é adotada como método para a participação;
assim, projetos de jornalismo participativo explicitamente separam as
práticas jornalísticas dos interesses comerciais e institucionais da
imprensa tradicional e das organizações noticiosas. Normalmente são
práticas realizadas por voluntários ou amadores, muitas vezes em
colaboração com jornalistas profissionais. Ao invés de do modelo suportado
pela publicidade, vários projetos adotam modelos alternativos, incluindo
cooperativas, coletivos, "crowdfunding" ou experiências anteriores de
jornalismo comunitário para suportar suas atividades (Kershaw, 2008).
Novas formas de jornalismo participativo consideram a conectividade,
a interatividade e a comunidade como essenciais para a prática do
jornalismo e a produção das notícias e rompem com as fronteiras e papeis
tradicionais entre as fontes de informação, os editores, os repórteres e
leitores em um ambiente facilitado pelas tecnologias de informação (Deuze,
2003), conclamando à criação de uma "comunicação compartilhada" que tem por
mote a expressão "Não odeie a mídia, torne-se a mídia" (Kidd, 2003).
O jornalismo participativo, assim como a interferência cultural e a
computação alternativa, cada qual em seu nicho, procura criticar e
reformular a imprensa como instituição ao envolver "amadores" ou "nativos"
como repórteres e produtores de notícias na prática do jornalismo,
afastando-se da visão do jornalismo entendido como "um domínio cultural de
especialistas" (Atton, 2004:60) em direção a um processo interativo e
conversacional que envolve os cidadãos na vida pública. O jornalismo
participativo, dessa maneira, "adota a forma das práticas e valores
jornalísticos profissionais com o propósito de desafiar e transformar a
imprensa como instituição" (Lievrouw, 2011:144, itálicos no original).
Como os outros gêneros de ativismo nas novas mídias, o jornalismo
participativo possui características distintas, que podem ser agrupadas em
três categorias básicas: a) Escopo: normalmente são projetos pequenos, de
modo a encorajar a participação de não-profissionais na cobertura de temas
locais ou especializados que a imprensa tradicional poderia considerar
menos importantes para se dedicar à produção de reportagens; b) Postura:
são normalmente heterotópicos (isto é, constituem espaços separados ou
alternativos aos tradicionais) e possuem uma sensibilidade mais apuradas
para as subculturas. Apesar disso, procuram manter os valores, práticas e
ethos profissionais da imprensa tradicional como forma de manter uma
cobertura noticiosa independente, acurada e de credibilidade; c)
Atividade/ação: definitivamente, projetos de jornalismo participativo são
intervencionistas, tanto porque eles criam um novo enquadramento para as
notícias, os discursos e os conteúdos simbólicos, quanto procuram modificar
as condições materiais do jornalismo como prática e da imprensa como
instituição. São, ainda, de pequena escala e colaborativos. Apesar de
criticar e se opor ao cinismo e distanciamento da imprensa tradicional,
projetos de jornalismo participativo adotaram os valores e práticas do
jornalismo tradicional como forma de transformar o conteúdo e a produção de
notícias de modo a redefinir o papel e romper com o poder governamental e
corporativo.

3.4. Mobilização mediada
Esse gênero de ativismo nas novas mídias diz respeito à natureza e
distribuição do poder nas comunidades e sociedades na promoção de uma
democracia radical e participativa, onde democracia participativa deve ser
entendida como o envolvimento abrangente e o envolvimento direto dos
cidadãos tanto nos processo políticos quanto na governabilidade (Lievrouw,
2011:149). Entretanto, a mobilização mediada vai um pouco além disso, ao
mobilizar os movimentos sociais, isto é, as ações coletivas onde as pessoas
organizam e trabalham em conjunto como participantes ativos e diretos nas
modificações sociais. Evidente que o uso de mídias eletrônicas não é
novidade em movimentos políticos e sociais, tendo em vista que o rádio, o
cinema e a televisão ajudaram a promover e mobilizar uma "cultura de
unidade nacional" de consumo, entretenimento popular, solidariedade,
especialmente em tempos de guerra ou crises profundas, tanto em níveis
culturais quanto políticos e econômicos (Graham, 2000).
Na cultural midiática contemporânea, entretanto, a visão de "massa"
da sociedade tem sido questionada em prol de uma perspectiva mais complexa
e dinâmica, onde a sociedade está constantemente se reorganizando através
de redes, nódulos, fluxos e conexões (Castells, 1996).
No que diz respeito a seu escopo, as mobilizações mediadas são,
evidentemente, colaborativas. De fato, elas podem ser vistas, em última
instância, como um processo de promoção de colaboração entre pessoas com um
mesmo ponto de vista. E, nesse caso, colaboração pode tomar várias formas,
desde as interações e relacionamentos interpessoais, com o intuito de criar
e compartilhar ideias, opiniões e informação via blogues, websites, wikis,
email etc., à participação em larga escala como protestos, oficinas,
conferências. Mobilização não é apenas coletar e alocar recursos (pessoas,
tempos, fundos financeiros, tecnologias, espaços), mas ela cria um
sentimento de pertencimento, solidariedade e identidade coletiva entre os
participantes que serão expressos por meio de suas atividades colaborativas
(Lievrouw, 2011:174).
A mobilização mediada, em termos do posicionamento dos movimentos
sociais com a sociedade como um todo, procura nutrir tanto aqueles
movimentos heterotópicos quanto os identificados com subculturas. De
maneira geral, os movimentos sociais dependem das habilidades dos ativistas
para articular e apresentar suas reivindicações em contraste e se opondo ao
status quo. Dessa forma, as tecnologias de comunicação em rede têm
permitido aos movimentos quebrarem com as estruturas organizacionais
fortemente hierarquizadas e centralizadas em favor de redes contingentes
decentralizadas que conectam uma enorme variedade de grupos, atores e
interesses em imporem uma agenda ou uma linha de ação dominante.
Finalmente, a mobilização mediada é fundamentalmente intervencionista
em seus propósitos, práticas e ethos. No aspecto geral, a mobilização
mediada ajuda os movimentos a intervirem nas instituições políticas e
culturais, modificando normas e valores e reconfigurando a distribuição de
forças e recursos. De maneira restrita, elas afetam as práticas
organizativas e estruturas dos movimentos sociais em si mesmo. Em um nível
interpessoal ou individual, a natureza intervencionista da mobilização
mediada nas atividades "proféticas" ou "metafóricas" (Lievrouw, 2011:176)
dos ativistas que colocam seus valores e comprometimentos em prática em
suas vidas cotidianas, tornando-se exemplos para os outros em como suas
ações pessoais podem promover a mudança política e social.

3.5. Conhecimento compartilhado
Segundo Lievrouw (2011:178), o conhecimento compartilhado permite uma
visão alternativa e complementar ao processo altamente disciplinar,
institucionalizado e autoritário de criação, distribuição e seleção de
conhecimento elaborado pelos especialistas que se desenvolveu nas
sociedades modernas. Ele abriu novas arenas para a produção colaborativa de
conhecimento que compete com a tradição, as convenções e privilégios dos
especialistas e do conhecimento institucionalizado.
Algumas características podem ser atribuídas ao conhecimento
compartilhado que o distingue das formas mais tradicionais,
institucionalizadas de produção e circulação de conhecimento,
características que qualificam o conhecimento compartilhado como
alternativo e ativista. Essas características demonstram como o
conhecimento compartilhado vem se tornando um importante elemento no
ambiente das mídias sociais e da web 2.0, ao se tornarem um potencial rival
das formas de conhecimento mais institucionalizadas e autoritárias.
Essas características são: i) o ideal alexandrino, isto é, a ambição
de se construir uma "biblioteca de Alexandria" contemporânea, que concentre
uma enorme e abrangente coleção do conhecimento produzido nas sociedades
contemporâneas assim como no estabelecimento de métodos estandardizados de
classificação de documentos que permitam que essas coleções sejam
organizadas e distribuídas entre organizações cooperadas em rede; ii) a
organização da informação de uma maneira mais intuitiva (folksonomic), isto
é, o uma forma de indexação dos conhecimentos que dependem mais dos pontos
de vista, expressões e significados das pessoas comuns que baseado nas
classificações especializadas (por exemplo, os sistemas indexadores
baseados em Dewey ou na Biblioteca do Congresso Americano). Esses sistemas
são, por isso mesmo, menos estáveis, onde o usuário comum pode criar uma
conexão da informação processada com outras fontes (um "bookmark") e,
assim, assinalá-los a suas próprias categorias (uma "tag") de modo a
indicar aos outros usuários de que se trata aquele documento ou fonte.
Embora as pessoas usem "bookmarks" e "tags" para organizar as fontes e
recursos de uso próprio, elas também servem para comunicar o entendimento
que os usuários possuem desses materiais aos outros - assim, criar "tags" é
uma atividade essencialmente comunicativa e social, bem como um elemento
distintivo da web 2.0; iii) desconfiança no conhecimento autoritário que,
por ser exclusivo de especialistas e membros das academias, representam uma
visão de mundo elitista e seletiva que pode, muitas vezes, obscurecer
pontos de vista e opiniões não-hegemônicas ou mesmo refletir um
posicionamento social, cultural e político centralizado.
Dessa maneira, o conhecimento compartilhado é intrinsicamente
colaborativo, afetando dois aspectos: o número de participantes envolvidos
e o tamanho do recurso produzido. Ambos são co-determinantes, uma vez que a
qualidade do recurso e sua capacidade para correção e auto-reparo se torna
maior a medida que o número de participantes aumenta e, quanto mais
participantes colaboram e usam o recurso, mais diversificado e abrangente
ele se torna. Em termos do posicionamento, o conhecimento colaborativo
encontra-se em processo de transição a medida que projetos dessa natureza
(e o exemplo mais notável é a Wikipédia) se tornam mais profissionalizados.
Em relação às formas de atividades e ação, o conhecimento compartilhado
apresenta uma variedade de posicionamentos e sua flexibilidade é
considerada sua força matriz, embora os detratores utilizem justamente essa
característica para alegarem que o conhecimento compartilhado não é
passível de credibilidade.

Considerações finais
Resumindo, a interferência cultural inverte os códigos, conteúdos e
métodos da cultura popular de modo a criticar essa cultura. A computação
alternativa usa as técnicas de arquitetura de sistema e a engenharia
computacional como crítica social e política, de modo a intervir
diretamente na infraestrutura digital e nas suas fundações institucionais.
O jornalismo participativo adota a ética e as práticas do jornalismo e da
imprensa como uma crítica e uma correção às falhas da indústria das
notícias e como maneira de criar novas arenas para as notícias, as opiniões
e análises que são negligenciadas ou marginalizadas pelas mídias
tradicionais. A mobilização mediata, por sua vez, os ativistas políticos e
culturais empregam a internet e as mídias digitais para suplantarem as
limitações informacionais, geográficas e culturais das organização dos
movimentos sociais convencionais. Por fim, no conhecimento compartilhado, o
escopo vai ainda além, na própria maneira como o conhecimento é
estruturado, isto, como ele é gerado, organizado e avaliado, quem decide o
que é conhecimento etc. como uma forma de garantir livre acesso e
possibilitar uma maneira mais orgânica e intuitiva de classificação e
produção do conhecimento que circula nas sociedades contemporâneas.

Referências

AGRE, P.E. "Designing genres for new medias: Social, economic, and
political contexts". In: JONES, S. G. (ed.), Cybersociety 2.0: Revisiting
computer-mediated communication and community. Thousand Oaks, CA: Sage,
1998, pp.69-99.
ALLEN, D.W. "Rtmark: Viral activism and the meaning of 'post-identity'."
In: Journal of the Midwest Modern Language Association, 2003:36(I), pp.6-
24.
ATTON, C. Alternative media. London:Sage, 2002.
ATTON, C. An alternative Internet. New York: Columbia University Press,
2004.
BIMBER, B.; FLANAGIN, A. J.; STOHL, C. "Reconceptualizing contemporary
media enviroment". In: Communcation Theory, 15(4), 2005:365-88.
BORER, T. A. (ed.). Media, mobilization and human rights: mediating
suffering. London: Zed Books, 2012.
BRAHAN, S. Defining tactical media: An historical overview. New York:New
Virtual Casebook Project, New York University [online]. Disponível em
.
Acessado em 24 de agosto de 2013.
CARDUCCI, V. 'Culture jamming: A sociological perspective". In: Journal of
Consumer Culture, 2006:6(I), pp.116-38.
CASTELLS, M. The rise of the network society. The information age: Economy,
society and culture (vol.2). Oxford: Blackwell, 1996.
COOPER, A. F.; TURCOTTE, J. F. "Celebrity diplomats as mobilizers?
Celebrities and activism in a hypermediated time". In: BORER, T. A. (ed.).
Media, mobilization and human rights: mediating suffering. London: Zed
Books, 2012 pp.181-204.
CROWSTON, K. and WILLIAMS, M. "Reproduced and emergent genres of
communication on the World Wide Web". In: The Informational Society,
2000:16, pp.201-15.
DERY, M. "Culture jamming: Hacking, slashing and sniping in the empire
signs". In: Open Magazine Pamphlet Series. Westfield, NJ [online].
Disponível em
.
Acessado em 24 de agosto de 2013.
DERY, M. "The Merry Pranksters and the art of hoax". In: New York Times,
1990 [online]..Disponível em . Acessado em 24 de agosto
de 2013.
DEUZE, M. "Networks and social movements: A research programme". In: DIANI,
M.D. and MACADAM, D. (eds.). Social movements and networks: Relational
approaches to collective action. Oxford: Oxfrod University Press, 2003,
pp.299-319.
DEUZE, M. "The web and its journalisms: Considering principal components of
a digital culture". In: The Information Society, 2006:22(2), pp.63-76.
DOWNING, J. , with FORD, T.V., GIL, G., and STEIN, L. Radical Media:
Rebellions communication and social movements. London: Sage, 2001.
DOWNING, J. "Social mobement theories and alternative media: An evaluation
and critique". In: Communication, Culture & Critique, 2008:I(I), pp.40-50.
DURLAK, J. T. "A typology of interactive media". In: M. L. McLaughlin
(ed.). Communication Yearbook 10. Newbury Park, CA: Sage, 1987, pp.743-56.
GARCIA, D.; LOVINK, G. The ABC of Tactical Media. [on-line]. Disponível em
.
Acessado em 2 de junho de 2013. (1997)
GRAHAM, M. "The threshold of the information age: Radio, television and
motion pictures mobilize the nation". In: CHANDLER, A.D.; CORTADA, J.W.
(eds.). A nation transformed by information, Oxford: Oxford University
Press, 2000, pp.137-76.
HAROLD, C. "Pranking rethoric: 'Culture jamming' as media activism". In:
Critical Studies in Media Communication, 2004:21(3), pp.189-211.
HEBDRIGE, D. Suculture: The meaning of style. London: Routledge, 1979.
JENKINS, H. Convergence culture: Where old and new media collide. New York:
New York University Press, 2006.
KERSHAW, S. "A different way to pay for the news you want". In: New York
Times, 2008, August 24, Week in Review section, p.1.
KESSLER, S. "Amplifying individual impact: social media's emerging role in
activism". In: BORER, T. A. (ed.). Media, mobilization and human rights:
mediating suffering. London: Zed Books, 2012, pp.205-215.
KIDD, D. "Indymedia.org: A new communications commons". In: MCCAUGHEY, M.
and AYERS, M.D. (eds.). Cyberactivism: Online activism in theory and
practice. New York: Routledge, 2003, pp.47-69.
LEIBOWITZ, B. "Hack, hacker, hacking". In: PETERSON, T.F. Nightwork: A
history of hacks and pranks at MIT. Cambridge: MIT Press, 2003, p.4.
LEVY, S. Hackers: Heroes of the computer revolution. Garden City, NY:
Anchor/Doubleday, 1984.
LIEVROUW, L. A. "Alternative and Activism New Media: A Genre Framework".
In: DURHAM, M. G.; KELLNER, D. M. Media and cultural studies keyworks.
(2.ed.). London: Wyley-Blackwell, 2012, pp. 471-490.
LIEVROUW, L. A. Alternative and activist new media. Cambridge, UK: Polity
Press, 2011.
LIEVROUW, L. and LIVINGSTONE, S. "Introduction to the updated student
edition". In: L.A. Lievrouw and S. Livingstone (eds.). Handbook for new
media (updated student edition). London: Sage, 2006, pp.1-14.
LIEVROUW, L. and LIVINGSTONE, S. "Introdution". In: L.A. Lievrouw and S.
Livingstone (eds.). Handbook for new media. London: Sage, 2002, pp.1-15.
LIVINGSTONE, S. Making sense of television: The psychology of audience
interpretation. London: Pergamon, 1990.
LOVINK, G. "The data dandy and sovereign media: An introduction to the
media theory of ADILKNO". In: Leonardo, 1997:30(I), pp. 57-65.
MARKOFF, J. "Protesting the Big Brother lens, Little Brother turns an eye
blind". In: New York Times, 2002: October, 7, Cr.
MCCAUGHEY, M. and AYERS, M.D. (eds.). Cyberactivism: Online activism in
theory and practice. New York: Routledge, 2003.
MCQUAIL, D. McQuail's mass communication theory. London: Sage, 2005.
MEIKLE, G. Future active: Media activism and the Internet. London:
Routledge, 2002.
MONAHAN, T. "Counter-surveillance as political intervention?" In: Social
Semiotics, 2006:16(4), pp.515-34.
NAIMARK, M. "How to ZAP a camera: Using lasers to temporarilly neutralize
camera sensors" [online]. Disponível em
. Acessado em 2 de julho de
2013.
NISSENBAUM, H. "Hackers and the contested ontology of cyberspace". In: New
Media & Society, 2004:6(2), pp.195-217.
PETERSON, T.F. Nightwork: A history of hacks and pranks at MIT. Cambridge:
MIT Press, 2003.
PICKARD, V.W. "Assessing the radical democracy of Indymedia: Discursive,
technical, and institucional constructions". In: Critical Studies in Media
Communications, 2006a:23(I), pp.19-38.
PICKARD, V.W. "Cooptation and cooperation: Institutional exemplars of
democratic internet technology". In: New Media & Society, 2008:10(4),
pp.625-45.
PICKARD, V.W. "United yet autonomous: Indymedia and the struggle to sustain
a radical democratic network". In: Media, Culture & Society, 2006b:28(3),
pp.315-36.
SCHRAMM, W. Big media, little media: Tools and technologies for
instruction. Beverly Hills, CA: Sage, 1977.
SILVER, D. "Epilogue: Current directions and future questions". In:
MCCAUGHEY, M. and AYERS, M.D. (eds.). Cyberactivism: Online activism in
theory and practice. New York: Routledge, 2003, pp.279-92.
STEUER, J. "Defining virtual reality: Dimensions determining telepresence".
In: F. Biocca and M.R. Levy (eds.). Communication in the age of virtual
reality. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum, 1995, pp.33-56.
STIMSON, B.; SHOLETTE, G. "Introduction: Periodizing collectivism". In:
STIMSON, B.; SHOLETTE, G. (eds.). Collectivism after Modernism: The Art of
Social Imagination after 1945. Minneapolis: University of Minnesota Press,
2007, pp.1-15.
THOMAS, D. Hacker culture. Minneapolis: University of Minneapolis Press,
2002.
VEGH, S. "Classifying forms of online activism: The case of cyberprotests
against the World Bank". In: MCCAUGHEY, M. and AYERS, M.D. (eds.).
Cyberactivism: Online activism in theory and practice. New York: Routledge,
2003, pp.71-96.
WETTERGEN, A. "Fun and laugher: Culture jamming and the emotional regime of
late capitalism". In: Social Movement Studies, 2009:8(I), pp.1-15.

-----------------------
[1] Artigo realizado com apoio da Bolsa de Pós-doutorado CAPES (2013-14).
[2] Doutor em Estudos Linguísticos. Professor Adjunto da Graduação em
Comunicação/Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Letras: Cultura,
Educação e Linguagens da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB).
Visiting Researcher Fellow na Goldsmiths College/University of London.
Email: [email protected].
[3] Stimson and Scholette (2007) falam de um "novo coletivismo" (new
collectivism) que estaria surgindo a partir dos novos usos e práticas
advindos com as novas tecnologias de informação e comunicação.
[4] Bimber, Flanagin e Stohl (2005:377), por sua vez, aplicam o termo
"romper limites" [boundary crossing] para a maneira 'homem-sanduíche' no
mundo virtual, ou seja, quanto mais fácil for para se alinhar publicamente
com alguma temática, mais fácil será para essa temática ser transferida do
discurso privado para o público sem a necessidade de ações coordenadas por
uma organização central. Ou seja, o tipo de ativismo associado às mídias
sociais seria construído em torno de "laços fracos" [weak ties], onde os
ativistas estão "conectados" com pessoas que eles nunca viram, como
argumenta Tristan Anne Borer (2012:29-30).
[5] Veja o GNU Manifesto, da Free Software Foundation, disponível em
.
[6] Em informática, um ovo de páscoa (ou "Easter egg", em inglês, como é
mais conhecido) é qualquer coisa oculta, podendo ser encontrada em qualquer
tipo de sistema virtual, incluindo músicas, filmes, videogames etc. Um "ovo
de Páscoa" é um segredo virtual.
[7] Uma pessoa que escolheu a concentração no lugar da conformidade;
alguFGHbcdlm3 9 @ ôõ
2
u
}
ë
ì
-
h
i
nopz{"óã×̳̾« ˜ ˜?³˜?ynyny?yncX³«P
hÆ5OJ[8]QJ[9]h¾}Uém que busca objetivo (em particular, técnicos) e
imaginação, não a adequação social padronizada. Geeks em geral sofrem de
neofilia (atração por tudo aquilo que é novidade) e são adeptos de
computadores.
[10] Do inglês, entre vários outros sentidos, "hack" pode ser traduzido por
mercenário.
Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.