Geocaching: perceções de professores sobre a sua utilização na aprendizagem

May 26, 2017 | Autor: Sónia Cruz | Categoria: Teaching and Learning, Geocaching
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Ana Amélia A. Carvalho, Sónia Cruz, Célio Gonçalo Marques, Adelina Moura, Idalina Santos (orgs.) (2014). Atas do 2.º Encontro sobre Jogos e Mobile Learning. Braga: CIEd.

Geocaching: perceções de professores sobre a sua utilização na aprendizagem

Sónia Cruz Faculdade de Ciências Sociais Universidade Católica Portuguesa, Braga [email protected]

Carina Meneses Faculdade de Ciências Sociais Universidade Católica Portuguesa, Braga [email protected]

Resumo – A realização de atividade pedagógicas fora da sala de aula poderão tornar-se em decisões pertinentes, capazes de complementar o ensino e promover a motivação e participação dos alunos, tornando-os mais ativos e autónomos. Este artigo tem como principal objetivo apresentar os principais conceitos e potencialidade inerentes a uma atividade que se pretende realizada em contexto fora da sala de aula, o Geocaching. Foi, igualmente, pensada e criada uma atividade, tendo como público-alvo um grupo de professores. A atividade ocorreu na cidade de Braga e visava aferir o conhecimento e utilização das tecnologias nas práticas letivas, em particular o Geocaching, bem como indagar sobre a utilização do Geocaching em contexto educativo, tendo-se concluído fortes possibilidades na sua implementação, dado terem-na considerado como uma mais-valia, inclusive para a aprendizagem de conteúdos. Palavras-chave: Geocaching, aprendizagem, formação de professores.

Introdução Resultado de um desenvolvimento tecnológico e evolução da Web, o aparecimento de ferramentas e tecnologia de posicionamento geográfico deu-se a um ritmo considerável, as quais permitem, em geral, a realização de atividades como visitas virtuais a qualquer lugar do planeta ou encontrar e explorar determinado objeto de diferentes tipologias (imagens, edifícios, ruas, endereços…), através de um dispositivo conectado à Internet. Termos como GoogleEarth e GoogleMaps são apenas exemplos de ferramentas da tecnologia de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e que integram a geração da pesquisa orientada por dispositivos tecnológicos. De acordo com Câmara (1994 op. cit. por Gomes, 2006), esta tecnologia permite “reunir, armazenar, manipular e representar informação referenciada geograficamente, isto é, de acordo com a sua localização” (p.11). Estamos em crer que, quando integradas no processo de ensino-aprendizagem, poderá ser uma solução conveniente para que seja possível aos alunos relacionar conteúdos transmitidos em sala de aula com situações que ocorrem à sua volta, com a possibilidade de experienciarem

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Ana Amélia A. Carvalho, Sónia Cruz, Célio Gonçalo Marques, Adelina Moura, Idalina Santos (orgs.) (2014). Atas do 2.º Encontro sobre Jogos e Mobile Learning. Braga: CIEd. Esta atividade surgiu no ano 2000 por iniciativa de Jeremy Irish, tendo criado para o efeito um website (www.geocaching.com) onde, além de toda a informação sobre este jogo de aventura real, são listadas as caches registadas pelos geocachers de todo o mundo. Geocaching na Escola A utilização de diferentes dispositivos móveis está a resignificar contextos. Alunos e professores acedem à internet, principalmente através dos dispositivos móveis pessoais, na escola, dando corpo à atual tendência BYOD (Bring Your Only Device). Para aceder à Internet, às redes sociais ou apenas para registar ‘o momento’ fotograficamente, é comum nos corredores das escolas a atualização constante da e-vida de cada um. Não obstante esta realidade, assim que a campainha da escola toca, essa e-vida entra em modo ‘stand-by’, dando lugar à aprendizagem formal que, por não entender os dispositivos móveis como oportunidades de aprendizagem, também não beneficia das suas potencialidades. Importa que professores se consciencializem e valorizem mais a aprendizagem não formal uma vez que outros estudos já nos tem alertado para o fosso entre a aprendizagem formal e não-formal (Clark et al., 2008). Importa, pois, que estejamos atentos a essa necessidade de se promover projetos e atividades que diminuam esse fosso e proporcionem o desenvolvimento de habilidades que possibilitem aos jovens a transferência de conhecimentos. Nesse contexto, o Geocaching na escola poderá assumir-se como uma atividade que possibilita aos alunos, além de uma nova aventura e descoberta, uma melhor compreensão do espaço que os rodeia e assimilação dos conteúdos teóricos através da tecnologia. Para Jewett (2011), “indo além dos espaços das escolas, os estudantes podem praticar múltiplas literacias necessárias para encontrar uma cache nas suas comunidades” (p.343). A atividade, por se apresentar como um jogo, um desafio desperta o interesse dos jovens e, inclusivamente, pode potenciar “que alunos com níveis baixos de motivação ou alunos que se sintam desligados dos conteúdos estudados na escola descubram que a informação e os conhecimentos adquiridos na sala de aula são úteis em vários campos da sua vida diária” (MTL+Q Project, 2012, p. 39), numa lógica do que a Agenda Digital Europeia determinou. É pois uma atividade pedagógica com mais-valias para o contexto educativo pois potenciará o desenvolvimento de aprendizagens significativas. Como afirma Karling (1991), as aprendizagens significativas são importantes pois são as que significam algo para o aluno, que ele gosta de estudar, estabelecendo ligações com aprendizagens/experiências anteriores. Tal como Karling (1991) refere, e que consideramos que se enquadrará na lógica do Geocaching, a aprendizagem significativa é feita por meio da descoberta, pois nesta o aluno percebe que quer e precisa de aprender e passa a gostar do que aprende. De facto, as tecnologias tornaram-se excelentes meios no desenvolvimento de novas formas de ensino e aprendizagem e de novos e diferentes contextos para a aquisição e concretização desse processo (Dias, 2004). Tratando-se de uma estratégia pedagógica considerada um jogo de aventura real e descoberta, consideramos que o Geocaching pode, em contexto educativo, constituir um exemplo para a aquisição de aprendizagens mais autónomas e ativas, uma vez que se pode tratar de uma atividade prazerosa.

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Ana Amélia A. Carvalho, Sónia Cruz, Célio Gonçalo Marques, Adelina Moura, Idalina Santos (orgs.) (2014). Atas do 2.º Encontro sobre Jogos e Mobile Learning. Braga: CIEd. Problema, Questão de Investigação, Objetivos Estando em crer que este tipo de atividade (Geocaching) poderá exercer um papel de relevo na aprendizagem, julgamos relevante inferir os conhecimentos e prática de utilização dos professores sobre a atividade Geocaching no sentido de compreender como é que os professores percecionam esta prática na aprendizagem não formal. Neste sentido, formulamos a seguinte questão de investigação: Em que medida estão os professores disponíveis para conhecer a forma de utilização e integração do Geocaching nas suas práticas pedagógicas? Partindo dessa questão, formulamos um conjunto de objetivos que procuramos alcançar: a) Aferir se os professores utilizam, nas suas práticas pedagógicas, tecnologias ou ferramentas web; b) Apurar aqueles que conhecem a atividade Geocaching e se a praticam para fins pedagógicos; c) Inquirir a recetividade dos professores para experienciar a atividade; d) Apurar a avaliação que os professores fazem dessa atividade; e) Identificar as perspetivas dos professores relativamente ao potencial do Geocaching nas suas práticas pedagógicas, bem como nas aprendizagens dos alunos, tendo em conta a experiência vivida.

Metodologia Levando em consideração os objetivos propostos e as condições disponíveis para a implementação do estudo, optámos, em termos metodológicos, pela recolha de dados através da aplicação de dois inquéritos por questionário com o objetivo de “explorar perceções, experiências ou significados de um grupo de pessoas que tem alguma experiência sobre uma dada situação” (Coutinho, 2013: 143). O primeiro questionário, enviado no início do mês de janeiro de 2014 via correio eletrónico, antes da realização da atividade, tinha como propósito caracterizar a amostra, aferir os conhecimentos dos professores e utilização da tecnologia e ferramentas Web nas suas práticas letivas, bem como questioná-los sobre o conhecimento que possuem sobre a atividade Geocaching e o interesse possível em a praticar/experienciar uma vez que todos os elementos se encontravam a lecionar. O segundo questionário, enviado no final do referido mês, igualmente por correio eletrónico, após a realização da atividade, pretendia auscultar a opinião dos professores sobre a atividade, quer ao nível do contributo da mesma nas aprendizagens dos conteúdos, quer nas suas práticas pedagógicas. Procedimentos A amostra deste estudo foi de conveniência, dado que se tratavam de professores da escola de lecionação da investigadora e que se mostraram recetivos a participar no estudo, que implicaria uma saída de campo. Num total de 11 professores contatados, foram preenchidos 9 questionários, sendo a nossa amostra esses 9 professores.

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Ana Amélia A. Carvalho, Sónia Cruz, Célio Gonçalo Marques, Adelina Moura, Idalina Santos (orgs.) (2014). Atas do 2.º Encontro sobre Jogos e Mobile Learning. Braga: CIEd. Seguidamente foi enviado um segundo e-mail, na tentativa de aferir a disponibilidade dos professores para a realização da atividade de Geocaching. Além de se propor uma data, hora e local, foi também em anexo um pequeno manual de utilização do Geocaching, para os interessados em realizar esta atividade compreenderem o conceito de Geocaching e como funciona (Dispositivos, Aplicações, Requisitos, Caches, Passo-a-passo). O envio deste documento teve como principais intenções solicitar aos professores que procedessem à instalação da aplicação Opencaching, além de transmitir informações e conhecimentos primordiais do Geocaching para a atividade que lhes estava a ser proposta. Descrição da atividade Para a construção da atividade prática foi necessária a escolha e utilização de uma aplicação de Geocaching, o Opencaching. Esta aplicação gratuita foi instalada previamente por cada professor no seu dispositivo móvel, tendo o dispositivo a particularidade (e requisito principal) de estar conectado à Internet para que o processo de instalação fosse executado, bem como a própria atividade, de procura de caches, fosse possível. A atividade, in loco, decorreu na cidade de Braga com um total de 5 professores, no dia 26 de Janeiro de 2014. Com a aplicação “Opencaching” instalada nos seus dispositivos móveis, foi-lhes explicado o objetivo da atividade e dados o nome das caches que seriam alvo de procura, nomeadamente a cache ‘Passagem Estreita 1’ e a cache ‘Learning adventure in Braga’. Ambas foram escolhidas previamente, tendo em conta o seu conteúdo didático e cultural da cidade. No final da atividade, informamos que para que este estudo pudesse ser concluído, enviáramos um novo e-mail com um link de acesso a um segundo questionário, o qual deveriam responder e enviar.

Amostra A amostra do estudo abrange professores de diferentes áreas disciplinares, num total de 9 professores, tendo apenas 5 professores experienciado a atividade de Geocaching. Caraterização da amostra De entre os 9 professores que responderam ao primeiro questionário, regista-se uma frequência maioritária do género feminino (67%), sendo 33% do género masculino. A maioria dos inquiridos situa-se na faixa etária entre os 30 e 39 anos (67%) (Tabela 1). Faixa etária Entre 20 e 29 anos Entre 30 e 39 anos Entre 40 e 49 anos Mais de 50 anos

f 2 6 1 0

% 22 67 11 0

Tabela 1 - Faixa etária da amostra Professores (N=9)

No que refere às habilitações académicas, 67% possui Licenciatura e os restantes têm Mestrado. Relativamente ao tempo de serviço, a maior parte dos professores (56%) possui menos de 5 anos

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Ana Amélia A. Carvalho, Sónia Cruz, Célio Gonçalo Marques, Adelina Moura, Idalina Santos (orgs.) (2014). Atas do 2.º Encontro sobre Jogos e Mobile Learning. Braga: CIEd. de experiência, sendo que outros 22% possuíam entre 5 e 10 anos de serviço. Dos inquiridos, 11% tem entre 10 e 20 anos de serviço e os restantes 11% tem mais de 20 anos de serviço. Quanto à distribuição dos professores pelas áreas disciplinares, 33% da nossa amostra pertence à área disciplinar de Informática/TIC e com 11% cada estão representadas as áreas disciplinares de Português, Inglês, Matemática, HGP/História, Geografia e Física Química (Gráfico 1). 3,5

33%

3 2,5 2 1,5

11% 11%

11%

11% 11%

11%

1 0,5

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

Gráfico 1 - Área disciplinar Professores (N=9)

No que se refere à situação profissional, 78% dos professores que constituem a nossa amostra são Contratados e com 11% cada estão as opções Quadro de Agrupamento e Quadros de Zona Pedagógica. Análise de dados Adotamos como forma de apresentação dos dados a sequência das questões de cada questionário. Dados referentes ao 1.º questionário Relativamente aos professores que tiveram contacto com tecnologia na sua formação base, do total da nossa amostra, 67% (6) indicaram que Sim e os restantes 33% (3) indicaram que Não (Tabela 2).

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Sim

Na sua formação base, teve alguma disciplina

Não

f

%

f

%

6

67

3

33

8

89

1

11

9

100

0

0

relacionada com tecnologias? Já teve oportunidade de adquirir conhecimentos sobre tecnologias e ferramentas Web? Nas suas práticas letivas utiliza alguma tecnologia ou ferramenta Web? Tabela 2 - Contato, aquisição e implementação de tecnologia ou ferramenta web (N=9)

Porém, 89% respondem que já tiveram a oportunidade de adquirir conhecimentos sobre tecnologias e ferramentas web. Apenas 11% diz que Não teve essa oportunidade. Quanto à utilização de alguma tecnologia ou ferramenta web por parte dos professores nas suas práticas letivas, a totalidade (100%) admite que Sim (Tabela 2). Relativamente à utilização de tecnologias ou ferramentas web nas suas práticas letivas, a amostra foi questionada no sentido de, face a um conjunto de tecnologias/ferramentas web, se posicionarem de acordo com a utilização ou não das mesmas (Tabela 3).

Que tecnologias ou ferramentas web utiliza nas suas práticas letivas? Sim

Não

f

%

f

%

Motores de busca

8

89

1

11

Plataformas (e.: Moodle)

8

89

1

11

Ferramentas de publicação vídeos online (ex.: Youtube) Quadro interativo multimédia

7

78

2

22

5

56

4

44

Ferramentas de comunicação instantânea (ex.: Skype) Ferramentas para armazenamento de ficheiros em formato .ppt (ex.: Slideshare) Redes sociais

5

56

4

44

5

56

4

44

4

44

5

56

Ferramentas de escrita colaborativa (ex.: Google Docs) Blogues

4

44

5

56

3

33

6

67

Ferramentas de busca e de 2 22 7 78 posicionamento geográfico (ex.: Google Earth) Tabela 3 - Utilização das tecnologias ou ferramentas web (N=9)

Podemos perceber que a maioria dos inquiridos utiliza quer os Motores de busca, quer as Plataformas (89%); 78% dos professores consideram utilizar as Ferramentas de publicação vídeos online, às quais 22% afirmam que Não; com 56% cada estão posicionadas as tecnologias e

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Ana Amélia A. Carvalho, Sónia Cruz, Célio Gonçalo Marques, Adelina Moura, Idalina Santos (orgs.) (2014). Atas do 2.º Encontro sobre Jogos e Mobile Learning. Braga: CIEd. ferramentas web: Quadro interativo multimédia, Ferramentas de comunicação instantânea e as Ferramentas para armazenamento de ficheiros em formato .ppt, as quais obtiveram cada uma percentagem de 44% de respostas negativas. Das demais possibilidades as que representam o menor número de respostas ‘Sim’, com percentagens de 44%, Redes sociais e as Ferramentas de escrita colaborativa, 33% os Blogues e 22% as Ferramentas de busca e de posicionamento geográfico. Tais tecnologias e ferramentas web arrecadaram o maior número de respostas ‘Não’ (Tabela 3). No que se refere à frequência com que os inquiridos revelaram utilizar as tecnologias e ferramentas web nas suas aulas, constatamos que com a maior percentagem de respostas (44%) estão as dos professores que admitem que utilizam Sempre, 33% admitem que utilizam Por vezes, e, logo em seguida a opção Muitas vezes com uma percentagem de 22%. Os professores não assinalaram nem a opção Nunca nem a de Raramente, sendo um bom sinal de mudança de ação em sala de aula. Questionados se consideram que o recurso às tecnologias e a diversificadas ferramentas web nas aulas pode aumentar o interesse dos alunos pelas matérias, observamos que 89% dos professores considera que Sim, 11% respondeu que Talvez, sendo que nenhum assinalou a opção Não. Tendo em conta que o nosso principal objetivo era verificar o conhecimento e utilização da tecnologias e ferramentas web, em particular a atividade Geocaching, dedicamos uma parte do questionário a esse tema. Assim, questionamos a amostra quanto ao sistema operativo do seu telemóvel e acesso à Internet. Verificamos que a maioria das respostas divide-se em igual número entre as opções Android e Não sei, com 44% cada e 11% indicam o sistema IOS. Relativamente ao acesso à internet nos telemóveis dos inquiridos, 78% responde que Sim e os restantes 22% responde que Não. Quando questionados se ouviram falar na atividade Geocaching, os inquiridos responderam, na grande maioria (67%) que Não e apenas 33% afirma já ter ouvido falar (Tabela 4). Já ouviu falar na atividade “Geocaching”? f

%

Sim

3

33

Não

6

67

Tabela 4- Conhecimento da atividade "Geocaching" (N=9)

Do total de professores inquiridos apenas 11% já praticou Geocaching. Questionado sobre a forma como o fez, esse sujeito refere Com Dois ou três amigos. Porém, esta atividade não foi utilizada para fins pedagógicos. Por último, foi questionado aos professores se gostariam de ter uma experiência com Geocaching, a fim de perceberem e verificarem como poderão integrar a atividade nas suas práticas pedagógicas: 89% responderam que Sim e apenas 11% responderem que Não (Tabela 5).

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Ana Amélia A. Carvalho, Sónia Cruz, Célio Gonçalo Marques, Adelina Moura, Idalina Santos (orgs.) (2014). Atas do 2.º Encontro sobre Jogos e Mobile Learning. Braga: CIEd. Gostaria de ter uma experiência com Geocaching, a fim de perceber/verificar como poderá integrar esta atividade nas suas práticas pedagógicas? f % Sim

8

89

Não

1

11

Tabela 5 - Pretensão do professor em ter uma experiência com o Geocaching (N=9)

Dados referentes ao 2.º questionário Após a realização da atividade de Geocaching pela nossa amostra, apresentamos e analisamos os resultados obtidos no que se refere à avaliação da satisfação (N=5). Assim, quanto à avaliação que os professores fazem da atividade de Geocaching, a maioria dos professores considerou a atividade Boa (80%). Apenas 20% a considerou Excelente. Nenhum professor avaliou a atividade como sendo Razoável ou Fraca. Relativamente ao que consideraram mais interessante, todos (100%) manifestaram Muito interesse por procurar e encontrar a cache, bem como o facto de estar em contato com o espaço envolvente (Tabela 6).

Na atividade de Geocaching foi interessante: Muito

Em parte

Pouco

Nada

F

%

f

%

f

%

f

%

Aceder às coordenadas com o seu dispositivo móvel Procurar mais informações para encontrar a cache Procurar (no terreno) a cache

3

60

1

20

1

20

0

0

3

60

2

40

0

0

0

0

5

100

0

0

0

0

0

0

Encontrar a cache

5

100

0

0

0

0

0

0

0

0

Estar em contacto com o espaço 5 100 0 0 0 0 envolvente Tabela 6 - Interesse manifestado pelos professores na atividade (N=5)

Pela análise efetuada, percebemos ainda que aceder às coordenadas com o seu dispositivo móvel e procurar mais informações para encontrar a cache foram tarefas consideradas Muito interessantes por 60% dos professores. Nenhum professor assinalou a opção Nada, logo depreendemos que a atividade, no geral, foi interessante (Tabela 6). Questionados se poderiam realizar esta experiência com alunos, verificamos que 100% dos professores respondeu que Sim sendo que 60% considera que a atividade poderia ser uma maisvalia nas suas práticas pedagógicas e 40% considera que Talvez o seja (Tabela 7).

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Ana Amélia A. Carvalho, Sónia Cruz, Célio Gonçalo Marques, Adelina Moura, Idalina Santos (orgs.) (2014). Atas do 2.º Encontro sobre Jogos e Mobile Learning. Braga: CIEd. Depois de ter feito a atividade, considera que esta poderia ser uma mais-valia nas suas práticas pedagógicas? f % Sim

3

60

Não

0

0

Talvez

2

40

Tabela 7 - Se os professores consideram uma mais-valia o Geocaching nas suas práticas pedagógicas (N=5)

Tendo em conta a sua área disciplinar, questionamos se o Geocaching poderá ser um contributo para a aprendizagem dos conteúdos. Percebemos, que 60% dos professores considera que Sim e 40% considera que Em parte poderá dar o seu contributo. Nenhum professor assinalou a opção Não (Tabela 8).

Tendo em conta a sua área disciplinar, considera que a atividade de Geocaching poderá ser um contributo para a aprendizagem dos conteúdos? f % Sim

3

60

Não

0

0

Em parte

2

40

Tabela 8 - Se os professores consideram que o Geocaching poderá ser um contributo para a aprendizagem dos conteúdos (N=5)

No que se refere em que medida os professores consideram que este tipo de atividade poderá fazer com que os alunos aprendam mais, tendo em conta o âmbito da disciplina que lecionam, observamos que os professores, de acordo com a categorização efetuada, consideram que a atividade pode ser um possível objeto ou espaço de estudo (4), exploração tecnológica (3) forma de aprender num ambiente descontraído (3), atividade mais direcionada para conteúdos de Geografia, História,…(3) (Tabela 9).

Em que medida considera que os alunos poderão aprender mais sobre a disciplina que leciona com este tipo de atividades? Exploração tecnológica

f

3

Contacto direto com o ambiente

1

Possível objeto ou espaço de estudo

4

Aprender num ambiente descontraído 3 (maior motivação, entusiasmo, dinâmica) Mais direcionada para conteúdos de 3 Geografia, História, … Exploração dos conteúdos/associar 2 matérias Tabela 9 - Em que medida os professores consideram que os alunos poderão aprender mais, no âmbito da disciplina que lecionam, com este tipo de atividade (N=5)

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Em menor destaque, estão as respostas exploração dos conteúdos/associar matérias (2) e o contacto direto com o ambiente (1). No entanto, cremos que estas respostas se podem todas relacionar, levando-nos a acreditar que todos os professores acreditam no potencial da atividade nas aprendizagens dos alunos e nas suas práticas pedagógicas. Nesta linha, foi igualmente questionado se pretendem utilizar a atividade do Geocaching com os seus alunos (Tabela 10).

Pretende utilizar a atividade do Geocaching com os seus alunos? f % Sim, em breve

0

0

Sim, quando tiver tempo Talvez

1

20

4

80

Não, não tenho tempo Não

0

0

0

0

Tabela 10 - Professores que tencionam utilizar a atividade do Geocaching com os seus alunos (N=5)

Através dos ddos, percebemos que a maior percentagem situa-se na opção de resposta Talvez (80%), seguida da opção de resposta Sim, quando tiver tempo (20%). Por último foi solicitado, em resposta aberta, que tecessem um comentário relativo ao potencial do Geocaching no ensino. Constatamos que lhe reconhecem valor pedagógico, de acordo com os comentários transcritos: “Uma atividade que poderá cativar os alunos para a descoberta.” (01) “Parece-me que será um excelente método de ensino no qual os professores devem apostar.” (02) “Uma experiência muito interessante, ótima para dinamizar visitas de estudo.” (03) “Ao nível de exploração, atividade cativadora para assimilação de aprendizagens.” (04) “Uma atividade que fomenta a curiosidade dos alunos, uma atividade que potencia a exploração.” (05)

Tais considerações levam-nos a acreditar que todos os participantes na atividade promovida perceberam o funcionamento e utilização da atividade, tornando-se, para alguns deles, oportuna para a integrar nas suas práticas pedagógicas e aprendizagens dos seus alunos. Conclusão De acordo com os resultados obtidos, nas respostas dos questionários aplicados, antes e depois da atividade de Geocaching, permitem-nos aferir que os professores utilizam tecnologias ou ferramentas web nas suas práticas letivas, se bem que as mais referenciadas não estejam relacionadas com a atividade de Geocaching. Tal razão deve-se ao facto de estes desconhecerem

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Ana Amélia A. Carvalho, Sónia Cruz, Célio Gonçalo Marques, Adelina Moura, Idalina Santos (orgs.) (2014). Atas do 2.º Encontro sobre Jogos e Mobile Learning. Braga: CIEd. a atividade e não a terem praticado para fins pedagógicos. Pudémos verificar também que a maioria dos professores está recetiva a experienciar uma atividade de Geocaching, ainda que sem conhecimentos sobre a atividade. No entanto, após a sua realização, proporcionada aos professores que mostraram recetividade em participar, observamos que estes a consideram Boa, evidenciando inclusive conhecimentos suficientes e vontade em utilizá-la pedagogicamente, uma vez que que lhe reconhecem muito interesse em diferentes vertentes, nomeadamente, procurar e encontrar caches e estar em contacto com o meio envolvente. Evidenciamos, igualmente, que os professores veem potencial neste género de atividade, quer para as suas práticas, quer para a aprendizagem dos alunos, pois acreditam que esta coloca o aluno no centro do processo ensino-aprendizagem, uma vez que serão autores na procura ativa da informação e do conhecimento estando em contato direto com o ambiente, possibilitando-lhes uma maior perceção da realidade. Concluímos este trabalho com a perceção de que o Geocaching poderá constituir uma excelente estratégia na promoção de aprendizagens significativas para os alunos, com resultados positivos ao nível da motivação, interesse e desenvolvimento de habilidades que os levarão a adquirir novas competências. Quanto à atividade associada às práticas pedagógicas dos professores, poderá estabelecer a ponte entre o método de ensino tradicional com o método com recurso à tecnologia emergente, a qual facilmente podem ter acesso, e, um outro aspeto relevante, a transdisciplinaridade e interdisciplinaridade, caraterísticas desta atividade cujo método utilizado pode despertar, nos alunos, o estímulo de aprendizagem, descoberta e de análise, bem como aperfeiçoar as metodologias de ensino na realidade dos alunos, uma realidade amplamente dominada pelas tecnologias. Referências Bottentuit Junior, J. & Lisbôa, E.; Coutinho, C. (2011). Google educacional: utilizando ferramentas web 2.0 em sala de aula. Rio de Janeiro: UFR – Universidade Federal do Rio de Janeiro – Escola de Comunicação. In CIEd – Revista EducaOnline. Vol. 5. pp. 17- 44. Disponível em: http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/12655/1/Google_Educacional.pdf (Acessível em 3 de janeiro de 2014). Clark, W., Logan, K., Luckin, R., Mee, A. and Oliver, M. (2009), Beyond Web 2.0: mapping the technology landscapes of young learners. Journal of Computer Assisted Learning, 25: 56– 69. Coutinho, C. (2013). Metodologia de Investigação em Ciências Sociais e Humanas: Teoria e Prática. Coimbra, Edições Almedina. Cruz, S. (2012). Jogar para aprender ou aprender para jogar?. In Carvalho, A. A. A., Pessoa, T., Cruz, S., Moura, A. & Marques, C. G. (orgs.) (2012). Atas do Encontro sobre Jogos e Mobile Learning. Braga: CIEd. Dias, P. (2004). Processos de Aprendizagem Colaborativa nas Comunidades Online. In Dias, A. & Gomes, M. (2004), E-learning para E-formadores. TecMinho/Gabinete de Formação Contínua da Universidade do Minho, (pp. 19-31). Gomes, N. (2006). Potencial Didáctico dos Sistemas de Informação Geográfica no Ensino da

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Ana Amélia A. Carvalho, Sónia Cruz, Célio Gonçalo Marques, Adelina Moura, Idalina Santos (orgs.) (2014). Atas do 2.º Encontro sobre Jogos e Mobile Learning. Braga: CIEd. Geografia: Aplicação ao 3º Ciclo do Ensino Básico. Mestrado, Instituto Superior de Estatística e

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Informação,

Lisboa.

Disponível

em:

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