Geocentrismo versus Heliocentrismo: um debate além do centro do universo

July 27, 2017 | Autor: Rogério Teza | Categoria: Philosophy of Science, History of Science, History of Astronomy, Astronomy
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GEOCENTRISMO versus HELIOCENTRISMO: UM DEBATE ALÉM DO CENTRO DO UNIVERSO Rogério de Souza Teza

Rogério S. Teza

Geocentrismo vs. Heliocentrismo: um debate além do centro do universo

1. INTRODUÇÃO Durante muito tempo, no período que vai dos gregos antigos a era moderna, prevaleceu a visão de que o mundo girava ao redor da Terra. Isso não significou, no entanto, que não tenha havido opositores e objeções. Depois de Copérnico, Kepler e Galileu, o heliocentrismo suplantou o geocentrismo. De novo, porém, não faltaram opositores. Neste trabalho se apresentarão três argumentos a favor do geocentrismo, três argumentos a favor do heliocentrismo, e três contra-argumentos aos argumentos anteriores. A exposição de argumentos das duas visões elucidará alguns pontos que sustentaram cada uma delas. O objetivo deste trabalho é, apesar disso, mais ousado. Diferentemente de outras dissertações com exposição de argumentos, nesta não há a intenção de se posicionar pró ou contra alguma das visões, mas justamente expor o enfrentamento. Assim, procurará se evidenciar que houve preconceitos que influenciaram nas construções argumentativas, e que a defesa de cada um dos pontos de vista também contou com uma forma de não reconhecer o argumento do outro. Esse objetivo está implicado na organização deste trabalho. Seu corpo é formado basicamente por duas partes: uma para o geocentrismo e outra para o heliocentrismo. No interior de cada parte, a ordem de apresentação dos argumentos considerou de onde supostamente se origina a hipótese para daí avaliar consequências. Seguindo a cronologia, iniciamos pelo geocentrismo. Seus dois primeiros argumentos, embora o segundo tenha a necessidade de pressupostos, partem da experiência da qual deriva sua “descoberta”. O terceiro argumento trata de uma teorização mais elaborada que justifique o geocentrismo. Duas das objeções estão nessa parte e se voltam para uma refutação dos dois primeiros argumentos. Depois se passa ao heliocentrismo, e o movimento será quase oposto. Uma vez que o heliocentrismo precisou de mais do que observações para poder ser concebido, a exposição trará os fenômenos somente após um argumento cosmológico que permita pensar o heliocentrismo. No caso deste, os dados empíricos tiveram principalmente o papel de permitir a articulação subsequente no seio deste paradigma, na tentativa de servir-lhe como prova. 1

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2. ARGUMENTOS A FAVOR DO GEOCENTRISMO 2.1

ARGUMENTO DA EXPERIÊNCIA COTIDIANA O primeiro argumento a favor do geocentrismo foi chamado aqui de

“argumento da experiência cotidiana”, porque é fruto de uma espécie de inferência vulgar. O que, contudo, não significa que o argumento não tenha sido elaborado pelos mais distintos pensadores, dentre eles Aristóteles. Na parte do Corpus Aristotelicus dedicado à Astronomia, o De Caelo (Sobre os Céus), Aristóteles diz: É claro que a Terra deve estar no centro [do universo] e imóvel, não apenas pelas razões já fornecidas, mas também porque corpos pesados atirados diretamente para cima retornam ao ponto de onde partiram, mesmo se fossem atirados a uma distância infinita. (ARISTÓTELES, De Caelo, XI, 14, 296b apud ÉVORA, 2005)

O fenômeno descrito que sustenta o argumento de Aristóteles é facilmente reproduzível. Basta atirar para o alto algum objeto, perpendicularmente ao chão, quando não houver vento. Segundo ele, é de se esperar que o objeto caísse no mesmo lugar de onde foi lançado. Caso houvesse algum movimento da Terra, em qualquer que fosse a direção, o resultado não seria diferente? A razão para se pensar assim é que, havendo movimento, enquanto o objeto estivesse no ar, o solo deveria se deslocar, e, consequentemente, o objeto deveria cair em um lugar diferente de seu ponto de partida. É como quando alguém atira a pedra ao alto em um navio parado, mas prestes a se pôr em movimento. Enquanto a pedra sobe e desce, o navio se desloca. E a pedra cai distante do lançador, que em relação ao navio permaneceu parado. Como na Terra isso não acontece, isto é, a pedra cai junto ao lançador, então, a Terra, diferentemente do navio, não se move. Daí ainda se infere que, por não haver movimento da Terra, todas as mudanças observadas nos céus devem provir da abóboda celeste mesma. A Terra, logo, está parada e os demais astros (as estrelas e o Sol) é que se movem ao seu redor. Este mesmo argumento pode ser aperfeiçoado, como de fato foi por Ptolomeu. Outros fenômenos corroboram ainda mais firmemente que a Terra se encontra parada. Pois, é o caso se houvesse alguma rotação da Terra (pelo cálculo do comprimento da 2

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circunferencial equatorial do planeta e pela duração do dia o movimento rotacional, que hoje sabemos que acontece, pode ser de aproximadamente impressionantes 1.700 km/h), os corpos que se encontram sobre a sua superfície deveriam ser atirados para fora, tal como os objetos que se encontram sobre um disco que gira; eles se afastam do centro do disco até cair para fora. Da mesma maneira, as nuvens deveriam se apresentar movendo-se sempre para oeste e, dependendo da latitude, a grande velocidade. Ou ainda, os alcances de flechas ou balas de canhão deveriam ser diferentes se fossem atirados para leste ou para oeste. Porém, nada disso acontece. Por modus tollens (isto é, se A implica B, e B é falso, então A também é falso) deve-se concluir que Terra não possui rotação. Sendo a premissa plausível (ora, é falso B, é falso que os objetos não caem no mesmo lugar, como é falso que se movimentam como se houvesse algum movimento do solo), então “o argumento é bastante forte”, como afirma Martins (1990, p. 30). “O senso comum indica que deveríamos notar algum efeito dessa velocidade enorme [de rotação] – mas nada se nota.” Contra-argumento ao 2.1 Embora o argumento seja bastante forte, a sua conclusão acerca da imobilidade da Terra tem que se provar falso para os heliocentristas. Quem forneceu uma tentativa de refutação à aparente imobilidade da Terra – antes mesmo de haver uma lei da Inércia – foi Galileu Galilei. No “Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo”, Galileu expõe a argumentação entre dois personagens fictícios; Simplício que defende a posição do “argumento da experiência cotidiana”, e Salviatti que propõe que um experimento é capaz de refutar o argumento acima, pondo-se a favor da hipótese de movimento da Terra. Salviatti resume a posição de Simplício (e dos aristotélicos e ptolomaicos) propondo que quando o navio está parado, a pedra cai ao pé do mastro e, quando ele está em movimento, a pedra cai afastada do pé, portanto, pela conversa, da queda da pedra ao pé infere-se que o navio está parado, e da queda afastada deduz-se que o navio se move; e porque o que acontece com o navio deve igualmente acontecer com a Terra, por isso da queda da pedra ao pé da torre infere-se necessariamente a imobilidade do globo terrestre. (GALILEI, 2001, p. 225) 3

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Salviatti afirma que a posição de Aristóteles e de Ptolomeu não possui sustentação empírica (ou seja, que a premissa de que B é falso está incorreta). Defende, assim, na sequência a realização de um experimento para demonstrar o equívoco. qualquer um que a fizer, encontrará que a experiência mostra totalmente o contrário do que está escrito: ou seja, mostrará que a pedra cai sempre no mesmo lugar do navio [perpendicularmente ao pé da torre], esteja ele parado ou movendo-se com qualquer velocidade. (GALILEI, 2001, p.226)

Comparando-se a Terra ao navio em movimento, tem-se provado experimentalmente que, mesmo a Terra estando em movimento, os corpos na sua superfície não sofrem efeito algum, devido aí ao princípio de movimento relativo. O experimento vai de encontro à premissa do argumento 2.1, como no exemplo das flechas ou balas de canhão. O experimento de Salviatti (uma demonstração da lei da Inércia) mostra que o fato de a Terra estar em movimento não implica que os alcances de flechas ou balas de canhão deveriam ser diferentes se fossem atirados para leste ou para oeste. Por outro lado, o argumento tampouco mostra que a Terra deve estar em movimento sendo, portanto, apenas uma objeção ao argumento dos antigos. Mais interessante é que Salviatti ainda questiona se os antigos não fizeram esse experimento. Apesar dessa pergunta aparentemente ser uma impertinente acusação a uma ciência pouco experimental dos antigos, ela também traz à luz a dúvida se ela poderia ser pensada ou concebível. 1.2 ARGUMENTO ASTRONÔMICO O segundo argumento a favor do geocentrismo é um argumento astronômico, por nós aqui chamado assim por exigir a observação de fenômenos celestes. Segundo Martins (1990, p. 31), este argumento foi apresentado por Ptolomeu da seguinte forma: em qualquer noite, de horizonte a horizonte, é possível contemplar, a cada instante, a metade do zodíaco. Se, no entanto, a Terra estivesse longe do centro da esfera estelar, então o campo de visão à noite não seria, em geral, a metade da esfera: algumas vezes poderíamos ver mais

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da metade, outras vezes poderíamos ver menos da metade do zodíaco, de horizonte a horizonte.

Para este argumento, Ptolomeu conclui de dados observacionais que a Terra se encontra no centro do universo. No céu, visto de ponta a ponta, se encontrará sempre exatamente metade do zodíaco. Caso a Terra não se encontrasse no centro, o campo de visão seria menor que a metade. A figura 1 compara as duas situações.

Figura 1 – Comparativo entre as porções visíveis da abóboda celeste, com a Terra no centro do Universo e com a Terra deslocada em relação ao centro.

Verificando-se que se observa metade da abóboda celeste a cada instante, segue-se que a Terra se encontra no centro do Universo. Mas o argumento de Ptolomeu exige uma premissa implícita para ganhar força. Pois, se imaginado que no esquema da esquerda da figura 1 se distanciasse a abóboda celeste, isto é, se a circunferência de raio maior tivesse seu raio ampliado algumas centenas de vezes, ter-se-ia uma figura similar a da direita. Logo, pode se considerar que Ptolomeu concebia o Universo bastante menor do que realmente é para poder pensar assim – de fato, Ptolomeu assumia esse pressuposto. Sendo o Universo menor, chega-se a outra premissa necessária para o argumento ptolomaico. Todas as estrelas (mas não os planetas) devem estar distribuídas sobre uma superfície esférica. Pois, se isso não ocorresse dada a dimensão que se concebia do Universo, se teria diferentes arranjos celestes de diferentes posições da Terra. Contra-argumento ao 2.2 Este argumento tem uma refutação interessante porque suas réplicas se dirigem aos pressupostos, mas apenas um experimento realizado há menos de 200 anos pôde sustentá-la. 5

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O argumento astronômico, na forma apresentada aqui, não é tão forte quanto o argumento 2.1, e é possível se contrapor a ele primeiramente denunciando a fragilidade de um de seus pressupostos. Conforme se afirmou, há a consideração de que as estrelas devem pertencer todas à mesma casca esférica. Mas essa consideração é importante porque se considerava o Universo significativamente menor do que hoje? Por que era necessária tal permissa? Admitindo-se o universo muito menor do que realmente é, com “raio não [...] muito superior à distância da Terra aos planetas” (MARTINS, 1990, p. 31), se as estrelas não estivessem no mesmo plano, alterando-se o ponto de observação dos céus a partir da Terra, se observaria também a mudança de posição das estrelas umas em relação às outras, no efeito chamado de paralaxe. Admitindo-se um Universo relativamente pequeno, Ptolomeu devia assumir a Terra como centro do Universo, ou então a observação estaria incorreta – anteriormente, no argumento do barco se viu que Galileu põe nas falas de Salviatti uma crítica aos antigos sobre suas observações. Mas a observação de Ptolomeu não estava incorreta. Pelo menos, não que se pudesse detectar sem ampliadores da capacidade da visão e de medições de distâncias angulares entre as estrelas. Aristarco de Samos, de quem se falará mais adiante, porém, já havia demonstrado que as distâncias celestes eram bem maiores do que as colocadas pela Física da época, sem precisar de outros instrumentos. “Aristarco”, conforme afirma Evans (1998, p. 67-8, tradução nossa), “descobriu que suas premissas implicavam um cosmos que era mais vastamente grande que qualquer outro que anteriormente se acreditou.” Como os demais astrônomos da época, sabia que se a Terra não ocupasse o centro e, por exemplo, se se movesse ao redor do Sol, deveria haver uma grande paralaxe anual. Explica Evans que as estrelas deveriam aparecer deslocadas umas em relação às outras conforme o movimento da Terra. Porque as constelações não mostram qualquer alteração ao longo do ano, Aristarco percebeu que o raio da esfera das estrelas fixas devia ser bastante maior que o raido da órbita da Terra. (A paralaxe anual de fato existe. Mas ela é tão pequena – menor que um segundo de arco mesmo para as mais próximas estrelas visíveis – que ela não foi detectada até o século dezenove.) (EVANS, 1998, p. 67-8, tradução nossa) 6

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O argumento de Ptolomeu, que a Terra deveria ocupar o centro do Universo para que se pudesse a cada instante observar exatamente metade da abóboda celeste, perde força, porque os pressupostos se tornam não necessários. Sendo o Universo tão maior, não era necessário pôr a Terra no centro para se contemplar as metades, pois a órbita descrita pela Terra ao redor do Sol se reduziria a ponto (se igualando a parte da direita da figura 1). E, assim, apesar da correta observação não é mais capaz de conduzir à conclusão por si própria. 3.3 ARGUMENTO COSMOLÓGICO O terceiro argumento a favor do geocentrismo é o que se chamou aqui de argumento cosmológico. Isto porque, diferentemente dos dois anteriores, ele repousa em uma investigação mais ampla e abrangente sobre a causa do movimento e do repouso dos corpos. À época de Aristóteles, esse campo de investigação era conhecido por Física, mas nos nossos tempos atuais, tendo a disciplina homônima ganhado contornos distintos, optou-se por chamar o argumento de cosmológico. Na época, o maior sistematizador de uma teoria sobre o assunto foi Aristóteles. E o conjunto de considerações que o estagirita fez a respeito é muito mais vasto que o escopo deste trabalho. O que se apresentará a seguir é um brevíssimo resumo para o que aqui interessa sobre a física e da cosmologia de Aristóteles: O Universo aristotélico é dividido em duas regiões nitidamente distintas: a celeste e a terrestre, ocupadas por materiais distintos e governadas por leis distintas [...] As coisas que compõem a região celeste, a saber, as estrelas, os planetas e as esferas cristalinas, são feitas de éter (elemento celeste, a quintessência, puro, eterno, inalterável e incorruptível). Todas as coisas que pertencem à região terrestre, por outro lado, são feitas de um dos quatro elementos terrestre: terra, água, ar e fogo (ou de uma combinação deles) [...] Os elementos, sejam celestes ou terrestres, movem-se naturalmente para os seus respectivos lugares ‘naturais’. Assim, o lugar natural da Terra – ou, usando a terminologia escolástica, o lugar da Terra, (locus terrae) – que é absolutamente pesada, é o centro do Universo, que por sua vez coincide com o centro da Terra, e o seu movimento natural é retilíneo para baixo, ou seja, em direção ao centro do Universo. (ÉVORA, 2005, p. 135-6)

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Logo, para Aristóteles, a esfera Terra não podia senão repousar imóvel no centro do Universo. Mas, é importante desdobrar o argumento para compreender essa conclusão como necessária. Os elementos, que são em número de quatro considerando-se apenas o mundo sublunar, têm “lugares naturais”. O “lugar natural” do fogo, por exemplo, que é absolutamente leve, é na região mais externa da esfera sublunar. Portanto, seu movimento é retilíneo radialmente para fora em relação ao centro do Universo. O lugar do ar é intermediário entre a água e o fogo. Dessa forma, seu movimento deve ter o mesmo sentido, exceto, entretanto, na região do fogo. Assim sucessivamente para cada “lugar”, de modo que cada um produz efeitos distintos, sendo que os corpos pesados se movem para baixo e os leves para cima, dependendo somente da sua natureza e da sua relação com os outros elementos. A partir disso que Aristóteles elabora uma Física na qual pode chamar “grave aquilo que está apto a mover-se para o centro, e leve aquilo que está apto a mover-se a partir do centro”. E o “muito pesado [...] está abaixo de todas as coisas que se movem para o centro, e muito leve o que se situa acima de todas as coisas que se movem para cima.” (ARISTÓTELES, De Caelo, I, 3, 269b apud ÉVORA, 1995) Pela teoria dos movimentos naturais, Aristóteles podia explicar a queda dos corpos sem precisar de uma teoria de atração gravitacional. Da mesma maneira como o próprio Aristóteles fornecia argumentos em defesa da questão sobre o repouso da Terra, sua teoria sobre o movimento dos demais corpos podia também ser facilmente atestada pelas observações cotidianas, mais facilmente que a atração gravitacional. Pois, como brinca Martins (2006, p. 33), “alguém se sente fisicamente puxado por uma montanha, quando está perto dela? Aparentemente, não.” Sendo gravidade para Aristóteles uma tendência dos corpos pesados de se aproximar do centro do universo, e como as partes da Terra são pesadas, elas todas devem estar, com efeito, em torno do centro do universo. Infere-se daí ainda que, se a Terra fosse retirada do centro do Universo, todas as suas partes deveriam se mover novamente em direção para esse centro e voltar a sua posição original.

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3. ARGUMENTOS A FAVOR DO HELIOCENTRISMO 3.1

ARGUMENTO COSMOLÓGICO O primeiro argumento a favor do heliocentrismo é um argumento aqui

nomeado de cosmológico. Trata-se de colocar o Sol no centro do Universo por nenhuma outra razão demonstrável senão pela proporcionalidade de sua importância no mundo. Foi um argumento apresentado sutilmente por Copérnico e empregado por Kepler para justificar suas adesões ao heliocentrismo antes mesmo de encontrarem provas científicas para tanto. Não se deixa de notar o perfume místico-hermético desta formulação. Sua primeira aparição, contudo, é difícil de precisar. Remonta possivelmente aos povos antigos, pois se sabe que os egípcios, por exemplo, atribuíam a Amon-rá, deus do Sol, um lugar privilegiado na sua hierarquia divina. No copernicanismo, o movimento dos astros se torna aparente. Eles se encontram em repouso. Suas mudanças de posição são, na verdade, efeito do movimento da Terra. É preciso notar, no entanto, que dizer que o Sol se encontra parado significa apenas apresentar um sistema heliostático. O heliocentrismo, neste caso, pode ser relativo. É possível que o centro do universo não coincida com a posição do Sol. É possível que haja mais de um centro, como afirma Copérnico (1990) na “Primeira Exigência” do Commentariolus. Não obstante, o Sol se encontra parado no centro do sistema de planetas que se transladam ao seu redor, incluindo a Terra. Neste caso, esse sistema de planetas é heliocêntrico, sem dúvida. Conforme expõe Paolo Rossi (2001, p. 119-20), para Copérnico, a condição de imobilidade do Sol [...] deriva da sua natureza divina, quer dizer, a sua centralidade decorre do fato que esta ‘lanterna do mundo’ chamada por outros também de ‘mente e reitor do universo’ está situada no lugar melhor de onde ‘pode iluminar cada coisa simultaneamente’

O argumento é claramente limitado. Requer como premissa que exista alguma natureza extramundana. Também é necessário que se tenha, nesta esfera, uma hierarquia de valores e um centro. Além disso, o Sol, enquanto simples “lanterna” do sistema Solar, sua luminosidade não atinge outros mundos mais do que a luminosidade de outras estrelas atingem a Terra. Não é difícil, então, compreender porque se diz que para

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Copérnico o Sol não coincide com o centro do mundo, mas apenas com o centro da órbita dos planetas. Sem embargo, Kepler foi um dos maiores defensores do copernicanismo e levou seu argumento mais adiante. Na cosmologia de Kepler, o Sol, sim, está no centro do universo. As razões de Kepler para tanto são expostos por Rossi (2001, p. 136) da seguinte maneira: O Sol é a sede da vida, do movimento e da alma do mundo. [...] Ao Sol, que supera em esplendor e beleza todas as coisas, cabe aquele ato primeiro que é mais nobre de todos os atos segundos. Imóvel e fonte de movimento, o Sol é a própria imagem de Deus Pai. [...] O Sol era concebido não só como o centro arquitetônico do cosmos, mas também como seu centro dinâmico.

O argumento de Kepler pode parecer ainda menos plausível que o de Copérnico, mas há nele algo novo, que abre o caminho para depois haver uma física diferente capaz de sustentar o heliocentrismo. Kepler diz que o Sol é a “sede do movimento”, “fonte de movimento”. Dentre os fenômenos celestes, e as tensões deste no sistema copernicano, havia o fato de que os planetas descreviam trajetórias mais lentamente quanto mais longe do Sol. Isso significa o mesmo que dizer que quanto mais próximo do Sol, também mais rápido é o movimento. Essa é base das primeiras duas leis de Kepler, a saber, que as órbitas dos planetas são elípticas com o Sol em um dos focos (então há um ponto de maior proximidade e um de maior afastamento dos planetas em relação ao Sol), e a lei das áreas que justamente descreve a velocidade em relação à distância do Sol (na segunda lei, Kepler descreve que o raio vetor que liga o planeta ao Sol deve cobrir áreas iguais em tempos iguais). Se quanto mais próximo do Sol, o planeta tem movimento mais acelerado, torna-se plausível pensar que do Sol provém a força que põe o planeta em movimento. Decorre que os planetas não têm a necessidade de um impetus próprio, nem precisam de uma alma própria. Assim, o Sol seria a origem e o princípio do movimento e da arquitetura do sistema Solar. Para Kepler, portanto, o Sol ainda não exerce uma atração, mas serve para promover e manter o movimento.

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Especialmente a segunda lei de Kepler apresenta, apesar de sua perspectiva mística, uma nova base para explicação sobre os movimentos dos corpos em que não é necessária uma metafísica animista para explicar o movimento de cada planeta em particular. Dela, pois, pode se reconhecer “a descoberta das variações quantitativas das forças misteriosas que agem no espaço e no tempo”. (ROSSI, 2001, p. 143) Pode se dar a Kepler o crédito pela originalidade quanto às justificativas de força exercida pelo Sol sobre os outros planetas. Mas suas principais contribuições foram dadas à astronomia matemática mais do que à cosmologia. Suas leis não precisariam passar de modelos pra salvar os fenômenos. É verdade que Kepler se apropriou de dados bem mais precisos que seus antecessores graças às heranças deixadas por Tycho Brahe, mas sua justificativa para se pôr o Sol no centro podia ainda assim abdicar de todo esse arsenal empírico. 4.2 ARGUMENTO ASTRONÔMICO O nosso segundo argumento a favor do heliocentrismo se baseia em um argumento similar ao anterior que, entretanto, pode ter partido da observação astronômica e medições astronômicas de acuidade metodológica grandiosa. Eis a razão de chamá-lo de argumento astronômico. Mas, de qualquer maneira, esse argumento é também duvidoso. Aqui estão apresentadas especulações sobre as formulações desse argumento apenas. Já se falou anteriormente em Aristarco de Samos. Pois bem, esse grego do século I a.C. de quem se conhece mais por notícias do que por obras próprias foi um dos poucos defensores do heliocentrismo na antiguidade, e muito ainda se especula de onde teria ele chegado a essa conclusão. Heath especula se se poderia atribuir a Aristarco tal argumento como princípio de sua hipótese heliocêntrica. Aristarco também se tornou famoso e posteriormente lembrado pelos cálculos astronômicos que procedeu com grande inventividade. Empregando a geometria e as observações astronômicas, chegou a resultados bastante precisos, embora hoje se revelem erros significativos. Pelos seus cálculos, “Aristarco encontrou que o Sol está cerca de 19 vezes mais distante que a Lua, que o diâmetro do Sol é cerca de 6,67 diâmetros da Terra e que o diâmetro da Lua é cerca de 0,351 diâmetros da Terra.” (EVANS, 1998, p. 69, tradução nossa)

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Diz Heath (apud MARTINS, 2006, p. 76-7) que a obra em que ele descreve essas ideias se perdeu. No entanto, grande número de testemunhos antigos concordam em atribuir-lhe a defesa desse modelo. Pode-se conjecturar que, tendo estabelecido através de suas medidas que o Sol era muito maior que a Terra, isso pode tê-lo levado a supor que era a Terra que deveria girar em torno do Sol e não o contrário.

O livro em que Aristarco argumenta a favor do movimento da Terra ao redor do Sol não sobreviveu. Poderia se conjecturar e supor um argumento para Aristarco, conforme abaixo, mas poucos elementos da física aristotélica sobrevivem. Vejamos: (1) A gravidade de um corpo é dada por sua constituição material. (Física aristotélica) (2) O peso é proporcional pela “densidade” do material de que é feito e pelo seu tamanho, isto é, volume. (Esses conceitos são modernos. Aristóteles não pode aceitar isso, todos os corpos do mesmo material caem todos à mesma velocidade) (3) Conservada a densidade, objetos maiores são, portanto, mais difíceis de mover. (Conclusão intermediária) (4) Não possuímos razões para crer que o Sol possua densidade muito menor do que a Terra. (Aristóteles também não pode aceitar isso. Os corpos celestes são de matéria completamente distinta dos corpos sublunares) (5) O Sol é maior do que a Terra (como provou Aristarco). (6) O Sol é mais pesado do que a Terra. (De (4) e (5), pois mesmo com a densidade inferior, se considerado o diâmetro do Sol calculado por Aristarco, o Sol tem volume quase 300 vezes maior) (7) Logo, de (3) e (6) se tem que a Terra se move em vez do Sol. Essa construção de um argumento possível para Aristarco é improvável. Foi necessário fazer considerações ausentes e, talvez, implausíveis, nas premissas (2) e (4). Não era conhecido o conceito de densidade, que mais precisamente hoje se chama massa específica, embora na mesma época Arquimedes descobria o efeito empuxo. Também é difícil para época crer que o Sol pudesse ter massa tão grande. Mesmo se os 12

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corpos celestes pudessem se constituir dos mesmos elementos do mundo supralunar. Isso dificulta aceitar as premissas e o argumento torna-se enfraquecido. Outra maneira seria imaginar se Aristarco não fez conjecturas de forma aproximada às de Copérnico e Kepler mais tarde. Sendo, assim, o maior astro é também o mais importante e deve, logo, ocupar uma posição central do sistema do mundo. Mas são todas especulações difíceis de provar com relação ao pensamento de Aristarco. A razão de trazer esse argumento é que ele pode ser considerado um esboço de heliocentrismo empregado admitindo-se a física moderna. As considerações sobre as premissas se alteram drasticamente e o argumento se torna muito forte. Com a lei de Newton para a gravitação universal a força de atração se torna proporcional às massas dos corpos, explicando e quantificando as forças misteriosas que Kepler antecipava. A ciência moderna também extinguiu a distinção entre a matéria supra e sublunar, tornando assumir que o Sol possa ter maior massa dado o maior volume. Ainda é necessária a segunda lei de Newton. Para esta uma mesma força, o corpo que sofre menor aceleração é o de menor massa. Assim, com o Sol e a Terra se atraindo mutuamente, é mais plausível se considerar que é o Sol a permanecer imóvel em vez da Terra. Aristarco demonstrou apenas que o Sol era bem maior que a Terra, sendo assim, no máximo da caridade, plausível atribuir a ele maior massa. Portanto, se Aristarco conseguiu intuir algo, nesse sentido, baseado nas suas medidas astronômicas em seu tempo, sua genialidade deveria ser maior do que normalmente lhe é atribuída corriqueiramente. 4.3 ARGUMENTO DA OBSERVAÇÃO COM INSTRUMENTOS O terceiro argumento a favor do heliocentrismo é comumente conhecido como argumento das “fases de Vênus”. Distintamente dos dois argumentos anteriores, este não é um argumento que busca justificar a elaboração de uma teoria heliocêntrica. Mas, de prová-la logicamente por modus ponens. Isto é, dado que os planetas orbitam em torno do Sol, eles devem poder ser observados possuindo fases, como a Lua. Tendo sido observadas fases para Vênus, logo ele gira em torno do Sol. Olhando-se atentamente percebe-se desde já a falácia, mas a explicação será apresentada no contra-argumento.

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É fato, observado desde a antiguidade, que Vênus tem um brilho inconstante. Diferentes hipóteses e modelos foram sugeridos para dar conta do fenômeno, inclusive os que o consideravam uma estrela com brilho próprio e de alma temperamental. No sistema mais completo e perfeito da antiguidade, o de Ptolomeu, Vênus, como os demais planetas e estrelas, girava em torno da Terra. E as alterações no seu brilho atribuíveis à maior ou menor proximidade em relação à Terra, devido aos epiciclos. Porém, se pudesse ser visto com nitidez apareceria como uma crescente, no caso mais frequente de sua órbita estar mais próxima à Terra do que a do Sol. Por outro lado, se se encontrasse para lá do Sol, apareceria como um disco (note-se que até a modernidade não há conclusão definitiva quanto à ordem dos orbes de Mercúrio, de Vênus e do Sol). No sistema copernicano, Vênus é colocado a circular em torno do Sol. Como consequência deveria apresentar um ciclo de fases completo, passando de um crescente para um disco, de maneira similar à Lua. De acordo com Leitão (2010, p. 96-7), O próprio Copérnico, no início do capítulo l0 do livro I do De revolutionibus se referira à diferente aparência de Vénus. dependendo da sua posição relativamente ao Sol. Mas Copérnico, sem telescópio, não tinha qualquer possibilidade de observar a face de Vénus.

A figura 2 a seguir expõe como seriam as observações de Vênus em cada um dos sistemas caso se pudessem ser feitas mais de perto.

Figura 2 – Fases de Vênus – Fonte: adaptado de SILVEIRA (s/d)

Com o auxílio de um perspicillium, Galileu observou nos últimos meses de 1610, um ciclo de fases para Vênus A descoberta (apenas uma feita com a ajuda de instrumentos que ampliavam as faculdades humana, no caso, a visão) permitiria decidir entre os sistemas. Ficava demonstrado que havia um planeta cuja órbita tinha o Sol como centro. A tese geocêntrica na qual se sustentava o sistema ptolomaico, pelo olhar aguçado de Galileu, ruía. A notícia, conta Leitão (2010, p. 97), se daria então assim: Galileu escreveu a Giuliano de Medici explicando a extraordinária importância da observação das fases de Vênus que [...] mostrava

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inequivocamente que Vénus circula em torno do Sol. [...]De facto, esta observação converter-se-ia para Galileu talvez no mais poderoso argumento a favor do copernicanismo.

Contra-argumento ao 3.3 Mas, conforme afirmado anteriormente, a observação de Galileu como argumento para o heliocentrismo tem sérios problemas. Ele é um argumento por meio de afirmação do consequente, falácia de modus ponens. Isso significa dizer que não respeita a estrutura dedutiva, sendo, portanto, inválido irremediavelmente. Pois, considera que se a hipótese H1 explica perfeitamente os dados da observação (O1, O2, etc.), então H1 é verdadeiro; porém não se pára para pensar se haveria outra hipótese H2, H3, etc. que também pudessem dar conta dos mesmos fenômenos. A única possibilidade de força do argumento de Galileu aconteceria se O negasse uma hipótese vigente e só houvesse a possibilidade de uma hipótese alternativa, H1. Não poderia haver H2, H3, etc. No caso de Galileu, H2 havia. Era o modelo de Tycho Brahe, ao qual Galileu não faz qualquer menção. Tycho o sugerira, cerca de vinte anos antes das observações de Galileu, como um sistema misto. “Do ponto de vista dos cálculos”, afirma Rossi (2001, p. 132), “o sistema [de Tycho Brahe, H2] era totalmente equivalente ao sistema copernicano e conservava todas as suas vantagens matemáticas”. Neste sistema, as fases de Vênus seriam igualmente observáveis e poderia muito bem ser aceita por Galileu pelas suas observações. Mas, “Galileu omitia qualquer menção ao sistema de Tycho Brahe, tornando assim as fases de Vénus num poderosíssimo argumento a favor do copernicanismo.” (LEITÃO, 2010, p. 97) 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Chega-se aqui ao fim da apresentação dos argumentos pró geocentrismo e pró heliocentrismo, além dos contra-argumentos. Obviamente que há inúmeros outros argumentos que permitiriam estender o debate longamente. Mas deste estreito conjunto o que pode ser tomado como lição? Os argumentos, junto com os contra-argumentos, mostram como uma visão pré-estabelecida é capaz de limitar o potencial da experiência. No primeiro argumento, o movimento da Terra não poderia ser comparado ao movimento dos barcos pelos 15

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antigos, uma vez que não havia as noções necessárias para o movimento referencial, nem a lei da Inércia. Logo, o experimento do barco, não fazia sentido impedindo não apenas a aplicação de seus resultados como contra argumento, mas também de não se poder sequer ser concebido. Com relação ao tamanho do Universo, mesmo com a existência das técnicas bastante avançadas de geometria aplicada conhecidas pelos egípcios, por exemplo, as medições de Aristarco tampouco ajudavam, dado que o Universo era concebido como limitado e muito menor como pressuposto cosmológico. O sistema geocêntrico também se encontrava de acordo com uma física (cosmologia) que o antecedia, embora o sistema ptolomaico tenha exigido muitas concessões. Porém, estas foram tratadas sempre como ajustes matemáticos, sem nunca precisar pôr por terra a sua fundamentação teórica. Por outro lado, os argumentos a favor do heliocentrismo procuravam mostrar como foi preciso uma boa dose de intuição e crenças místicas para se levar a cabo a investigação de um sistema contrário ao defendido nas Sagradas Escrituras. Principalmente ia de encontro aos fundamentos teóricos da física que o antecedia. Além da intuição, imaginação ou magia, também, precisou-se de uma boa dose de omissão, como no caso de Galileu, para que o heliocentrismo fosse suficientemente levado a sério até surgir uma nova física (newtoniana) que o sustentasse. Enfim, podemos afirmar que aqueles que mais contribuíram para o heliocentrismo não olharam apenas para os céus. Pois, foi preciso enxergar até o que não estava lá. Assim, a lição mais importante deste trabalho não são os argumentos em si, mas é atentar para o arrogante engano que o presente nos provoca. Correntemente apenas se conta para a posteridade a parte da ciência dada como correta, fazendo-se esquecer do tortuoso caminho necessário para se chegar até então.

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