Geoeconomia: O que é e como pensa o Brasil?

Geoeconomia: O que é e como pensa o Brasil? Geoeconomia é um ramo de pesquisa da geografia, uma observação sobre o tema é dada por Bomfim (2007) mostra que existia uma “geoeconomia francesa”(BOMFIM,2007:143) influenciando o IBGE nos anos 1970, então longe de ser um fenômeno da década de 1990’, o conceito já ronda a geopolítica a tempos no Brasil, confundida com planejamento territorial, e tratando de questões urbanas na grande maioria das publicações. Além disso se debatia temas como os conceitos de Perroux para se diferenciar a renda na nação e da nação, entre outras questões estatísticas ligadas ao órgão. Porém seu debate ressurge no advento da globalização, a revista “Politica Externa” (uma revista de Relações Internacionais) classifica a geoeconomia como o estudo das hegemonias econômicas globais, sinaliza que este estudo decanta da geopolítica e tem origem provável em Mackinder, fala também da importância de Eduard Luttwak para a construção do conceito, que a concebe como um modo especial de competição geopolítica. Salvador (1997) defende, quase na virada do século, que a geoeconomia seja caso de estudo da econometria, ou seja, segundo o mesmo a globalização superou determinadas hipóteses da economia e

cabe um esforço matematizavel para se

compreender esta realidade, que derrubou hipóteses Ricardianas: Mas os tempos mudaram: os anos 70 e 80 assistiram elaborao de um corpo teórico consistente em organização industrial, capaz de fornecer um conjunto de modelos de concorrência imperfeita, com rendimentos crescentes escala. O recurso a estes novos instrumentos de análise veio revolucionar outras reais que "acordaram" mais cedo. E o caso da verdadeira revolução por que passou a economia internacional, que abandonou a sua tradicional explicação do comércio com base nas vantagens comparativas tipoRicardo, para passar a basear-se em "vantagens competitivas" largamente derivadas das economias de escala e das economias de aglomeração. (SALVADOR,1997)

Ou seja, ele defende a geoeconomia como algo que deve ser matematizado e colocado dentro da ciência econômica- fora da geopolítica e da geografia. Para ele isso levaria a confirmar as hipóteses keynesiansas e de Marshal. Ainda a titulo de exemplo, publicações próprias da geografia como o clássico de Santos (2001) tratam do tema de geoeconomia como os efeitos da globalização econômica (neoliberal) no mundo. Harvey (2005) também trata do tema a modo de

enquadra-lo dentro de uma noção marxista de entendimento da dinâmica social e internacionacional. Logo, em termos gerais podemos enquadrar a geoeconomia como uma subárea da geopolítica, debatida como a relação de disputas/hegemonias/cooperações econômicas que ocorrem no globo e seus resultados no espaço e na sociedade. Conceituando desta forma, podemos criar um consenso, a titulo de especulação, que a explicação de mundo proposta pela geoeconomia hoje, se afasta enormemente do que pretendia Salvador (1997) e se aproxima de uma tentativa de explicações dos processos de disputa por hegemonia da economia global, tendo como temas comuns processos críticos do advento do neoliberalismo e a gradual ascensão e perca (aparentemente simultânea) de hegemonia estadunidense. Valem os exemplos – e a leitura- de livros como o de Michael Mann (2006) e Will Hutton (2008). O primeiro debate a incoerência do termo império para se classificar os EUA; o segundo pensa as incoerências internas da China que a impedem de ascender como hegemônica globalmente. Ambos não foram escritos por geógrafos ou economistas, mas por comentaristas internacionais e tratam, de temas ligados ao que nos referimos como geoeconomia. Nesta explicação global o Brasil toma diversas posições diferentes, em geral nas explicações de cunho critico colocavam o Brasil como um país dependente/ de terceiro mundo/etc. Estes termos, apesar de não terem sido refutados caem em desuso para o termo liberal “em desenvolvimento”. Isso induz a uma visão de mundo mais positiva acerca da posição do Brasil a nível global, isso leva o debate a ser elevado sobre os blocos econômicos que o Brasil faz parte e tentar estimar sua valia para o globo. Um exemplo é o artigo de Santos (2010) colocando os BRICS com papel importante para a manutenção e contra o colapso da economia global, em decorrência disso a importância do Brasil no processo, - mesmo fazendo uma critica ao bloco econômico em questão, devido a sua dependência da China; outro é Albuquerque (2002) que debate a importância do Mercosul ao Brasil e seu engajamento em diversos blocos econômicos. Logo, podemos dizer que a geoeconomia dos anos 2000 tem mostrado o Brasil como um “global player”, de uma geoeconomia engajada pelo globo, tentando cumprir

seu destino de “em desenvolvimento” para a etapa superior de “desenvolvido”; uma concepção que toca com um pé a realidade e com outro a ideologia. Bibliografia: ALBUQUERQUE, JOSÉ AUGUSTO GUILHON. O Brasil e os chamados blocos regionais. São Paulo Perspec., São Paulo , v. 16, n. 1, p. 30-36, Jan. 2002 . BOMFIM, Paulo Roberto de Albuquerque. A ostentação estatística (um projeto geopolítico para o território nacional: estado e planejamento no período pós-64). 2007. Tese (Doutorado em Geografia Humana) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. HARVEY, David. A produção capitalista do espaço. Tradução: Carlos Szlak. Coordenação: Antônio Carlos Robert Moraes. São Paulo: Annablume, 2005. HUTTON, Will. O aviso da muralha: A China e o ocidente no séc. XXI. São PauloSP: ed. Lourouse,2008. MANN, Michael. O império da incoerência: A natureza do poder americano . Rio de Janeiro- RJ:Ed. Record, 2006 SALVADOR, Regina. GEOECONOMIA: UMA CRITICA REPRESENTAÇÃO ECONOMICA DOMINANTE. Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, n." 10, Lisboa, Edies Colibri, 1997,pp. 233-239. SANTOS, Milton - Por uma outra globalização. Ed. Record, 6° edição; Rio de janeiro,2001 SANTOS, Leandro Bruno PAPEL DO BRIC NA ECONOMIA MUNDIAL. Mercator - volume 9, número 19: mai./ago,2010.

Geoeconomia: a lógica geopolítica no comércio mundial http://politicaexterna.com.br/2814/geoeconomia-logica-geopolitica-comercio-mundial/ Acessado 01/09/2016