GEOFÍSICA APLICADA À ARQUEOLOGIA HISTÓRICA: UM BREVE ESTUDO DE CASO NO ENGENHO INHAMÃ, IGARASSU, PERNAMBUCO, BRASIL

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E-BOOK DO I WORKSHOP DE GEOMORFOLOGIA E GEOARQUEOLOGIA DO NORDESTE VOL I Copyright© Grupo de Estudos do Quaternário do Nordeste Brasileiro – GEQUA Texto© 2016 diversos autores Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. Patrocinadores UFPE; PPGEO; PPGArq; GEQUA; FACEPE; INAPAS; MAP-UFPE; LMRI-DEN/UFPE; CAPES; CNPq Organizadores Fabrizio de Luiz Rosito Listo, Demétrio Mützenberg e Bruno de Azevedo Cavalcanti Tavares Projeto Gráfico Amanda de Azevedo Cavalcanti Tavares Editoração eletrônica Daniela Cisneiros e Larissa Monteiro Rafael Capa Amanda de Azevedo Cavalcanti Tavares

E-book do I Workshop de Geomorfologia e Geoarqueologia do Nordeste. Volume I. Fabrizio de Luiz Rosito Listo, Demétrio da Silva Mützenberg, Bruno de Azevedo Cavalcanti Tavares (Orgs.). Recife: GEQUA, 2016. 268 f. Vários colaboradores ISBN: 978-85-922143-0-2 1.Geomorfologia. 2.Geoarqueologia. 3.Quaternário. 4.Dinâmicas Superficiais. 5.Geotecnologias. 6.Paleoambientes. 7. Nordeste – Brasil. I.LISTO, Fabrizio. II.MUTZENBERG, Demétrio. III.TAVARES, Bruno.

GEOFÍSICA APLICADA À ARQUEOLOGIA HISTÓRICA: UM BREVE ESTUDO DE CASO NO ENGENHO INHAMÃ, IGARASSU, PERNAMBUCO, BRASIL Carlos Magnavita, Luiz Severino da Silva Jr, Demétrio Mutzenberg, Bruno Tavares e Cláudia Oliveira

INTRODUÇÃO Numa escala global, o uso pioneiro e experimental de métodos geofísicos aplicados à arqueologia remonta às décadas de 1930-1950, quando as primeiras prospecções de resistividade elétrica e magnetometria foram realizadas em sítios arqueológicos na Inglaterra e nos Estados Unidos. No entanto, é somente no decorrer das décadas seguintes (1960-1990) que grandes progressos técnicos e metodológicos começaram a ser feitos, melhorando tanto a performance de instrumentos empregados como ‘popularizando’ o seu uso na arqueologia (Clark, 1990; Scollar, 1990; Gaffney e Gater, 2003). A razão de tal popularidade e, de fato, a grande vantagem daqueles métodos advém principalmente da capacidade de detecção não invasiva de áreas de provável interesse arqueológico, permitindo assim a otimização do emprego de recursos disponíveis para pesquisa. Enquanto esta prerrogativa tem feito com que prospecções geofísicas sejam hoje procedimentos

padrões em projetos de salvamento e pesquisa na Europa e América do Norte, comparativamente pouco tem sido realizado neste campo na Austrália, África e América do Sul (Lowe, 2012; Reindel e Wagner, 2009; Magnavita, 2016). No Brasil, a região Nordeste parece ser uma daquelas com o menor número de prospecções geofísicas aplicadas à arqueologia. Tanto quanto sabemos, a primeira e única prospecção geofísica bem-sucedida em um sítio arqueológico nordestino foi feita recentemente no Lago da Lontra, Penalva, Maranhão (Rocha et al., 2015). Neste contexto, a presente publicação pode ser vista como uma pequena contribuição para o futuro desenvolvimento deste ramo de pesquisa no Nordeste. Com efeito, o breve estudo de caso aqui apresentado demonstra o grande potencial da metodologia empregada para a investigação da estrutura espacial interna de sítios arqueológicos da região, sejam estes históricos ou pré-históricos. Entre os mais antigos vestígios históricos deixados pela colonização portuguesa na região metropolitana do Recife encontram-se as primeiras unidades produtivas coloniais, os

242 engenhos. No âmbito do projeto Os primeiros engenhos coloniais da Sesmaria Jaguaribe, os autores deste artigo realizaram uma prospecção geofísica experimental na área central do Engenho Inhamã (séculos XVI-XVII). O objetivo central daquele trabalho foi a detecção e o mapeamento de estruturas ligadas ao engenho as quais ainda não haviam sido examinadas por escavações anteriormente realizadas no local. Antes de tratarmos os resultados e importância das atividades realizadas em campo, nós especificamos o contexto histórico, arqueológico e geoambiental do sítio arqueológico investigado. HISTÓRICO DAS PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS NA SESMARIA JAGUARIBE As pesquisas arqueológicas realizadas no litoral norte do estado de Pernambuco, onde se encontra localizado o Engenho Inhamã,

foram iniciadas em 2001, por meio do projeto Prospecção de Sítios Arqueológicos da Sesmaria Jaguaribe, hoje território dos municípios de Paulista, Abreu e Lima e Igarassu. Nesta fase foi localizado um conjunto de sítios que permite discutir aspectos sociais da interação entre grupos de diferentes posições sociais, como os indígenas, os de origem africana e europeia. Entre os sítios localizados encontra-se o Engenho Inhamã, objeto de estudo dessa pesquisa, situado na Região Metropolitana do Recife, mais precisamente no limite entre os municípios de Abreu e Lima e Igarassu (Figura 1). O interesse da pesquisa arqueológica nesta área centra-se também na história de Pernambuco e no período colonial no Nordeste, uma vez que várias unidades produtivas localizadas enquadram-se no sistema de produção do açúcar e da cal. Além disso, a prospecção permitiu o levantamento da ocupação indígena anterior à colonização e, possivelmente, contemporânea à mesma.

Figura 1: Localização do sítio arqueológico Engenho Inhamã.

243 A área da Sesmaria Jaguaribe é, portanto, um núcleo de povoamento do século XVI e nele procura-se estabelecer os sistemas produtivos econômicos, as relações sociais e culturais, resgatando a organização espacial e o cotidiano, assim como, a sua expansão ao longo dos séculos XVII ao XIX. O estudo desta área permite compreender o processo de assentamento do sistema colonial português, das populações pré-históricas, assim como o papel ou função desse núcleo em relação ao contexto histórico da época, analisando este espaço em relação aos centros históricos de Olinda e Igarassu. A importância do estudo de uma Sesmaria centra-se no fato de que esse planejamento ocupacional dividiu as terras da capitânia em: lotes, sesmarias e data de terras, demonstrando como se deu a exploração da colônia no século XVI. Pois, sesmaria foi o termo que indicava as terras incultas e com necessidade de cultivos, para que fossem exploradas e pudessem gerar as rendas desejadas (dízimos, redízimos, vintenas e pensões) entre os colonos e a coroa portuguesa (Salvador, 1918). Essa primeira divisão das terras ficou registrada tanto pelos cronistas da época como também pelos documentos históricos como cartas de doações. Através das fontes históricas é possível perceber a presença de uma economia bem estabelecida, denotando assim um desenvolvimento econômico importante para a área. Esse processo teve início em 1540 quando Duarte Coelho fez a doação dessas terras a Vasco Fernandes de Lucena, fundando assim um dos primeiros núcleos da porção norte do povoamento. No século seguinte os beneditinos de Olinda tomam posse de parte dessas terras e Pereira da Costa (1983:404), informa que: Todas estas terras, reunidamente, constituem uma grande, importante e rendosa propriedade, com uma capela, casas de vivenda, vastos campos de cultura, e fornos de fabricação de cal, de excelente qualidade, conhecida no mercado por cal de S. Bento, cuja

indústria se empregava grande número de escravos pertencentes à ordem, até que, em reunião...

Posteriormente, o viajante inglês Henry Koster, no seu livro “Viagens ao Nordeste do Brasil”, relata com extrema riqueza de detalhes, o dia a dia do povoado de São Bento. No início do século XIX ele havia arrendado o Engenho Jaguaribe e morou nesta área por volta de um ano. Outros fatos históricos relacionados à Confederação do Equador, à Revolução Praieira e à fuga dos escravos, demonstram a importância do litoral norte de Pernambuco e, em especial, a área da Sesmaria Jaguaribe, para a investigação sistemática de nossa história. Do ponto de vista da preservação da memória e do patrimônio arqueológico, o estudo das estruturas remanescentes da área onde existiu o Engenho Inhamã, centra-se na necessidade de conservação do patrimônio arqueológico brasileiro, conforme estabelecido pela legislação federal. Desta forma, o avanço urbano sobre os sítios arqueológicos históricos e préhistóricos da área da antiga Sesmaria Jaguaribe, configura-se como um dano de alto impacto sobre o patrimônio arqueológico nacional. No caso especifico do Sítio Arqueológico Engenho Inhamã, os danos foram provocados pela criação de um loteamento para construção de residências, que atingiu boa parte das ruinas do sítio arqueológico. Promovendo a destruição de camadas sedimentares ricas em fragmentos materiais da fase colonial. Com isso, um variado acervo de cerâmicas, vidros e peças metálicas, acumuladas ao longo de mais de três séculos, foi espalhado pela área do loteamento criado na segunda metade do ano de 2016. A terraplanagem para o loteamento também sepultou parte da área arqueológica que já havia sido pesquisada entre os anos de 2008

244 e 2012, quando as ruínas do engenho foram escavadas, servindo ainda para o ensino e capacitação de alunos do curso de arqueologia da UFPE (Figuras 2 a 4). Somando-se à abertura do loteamento e de um campo de futebol, além do corte de estradas, o contexto da paisagem do antigo engenho vai perdendo os aspectos visuais da área da fábrica e das moradias do antigo Engenho Inhamã. Porém, através da

geofísica, foi possível delimitar uma área de funções e pacotes sedimentares ainda não estudados, os quais foram apenas sepultados pela terraplanagem. Este achado permitirá, desta forma, a continuidade dos estudos na área, desde que a construção dos imóveis residenciais seja embargada pela autoridade competente, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artísitico Nacional IPHAN.

Figura 2: Vista das áreas previamente pesquisadas no sítio arqueológico Engenho Inhamã (2008). Fonte: Adaptado de Oliveira e Lara (2012).

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Figura 3: Terraplanagem na área do sítio arqueológico para criação de loteamento habitacional em 2016. Fonte das imagens: Google Earth.

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Figura 4: Vista norte do loteamento criado sobre a área do sítio arqueológico Engenho Inhamã (nov/2016).

Portanto, no âmbito do projeto Os primeiros engenhos coloniais da Sesmaria Jaguaribe e, considerando as circunstâncias descritas, os autores realizaram uma prospecção teste utilizando gradiometria na área central do engenho. Além de uma primeira avaliação do potencial de emprego do método em sítios arqueológicos da região, o objetivo primário da prospecção foi a detecção de estruturas antrópicas previamente não identificadas, entre elas a casa grande e uma possível capela. Antes de considerar os métodos e princípios de geofísica aplicada à arqueologia em geral, discutir o método utilizado e apresentar os resultados práticos do breve estudo de caso, será retratado o histórico das pesquisas na Sesmaria Jaguaribe, o quadro geoambiental da área em que o Engenho Inhamã foi implantado, o contexto histórico de sua construção e uso, assim como, as pesquisas arqueológicas já realizadas na área.

CARACTERIZAÇÃO GEOAMBIENTAL DA ENGENHO INHAMÃ

ÁREA

DO

O sítio estudado está inserido nos domínios das bacias sedimentares marginais de idade Cretácea e do Mioceno. Há presença da Formação Gramame (Cretáceo) e Formação Maria Farinha (Paleoceno), sendo estas sequências estratigráficas compostas de calcários areno-argilosos e calcários detríticos (Barbosa e Lima Filho, 2005). Os setores na paisagem estruturados por esses materiais respondem pelos modelados de relevo mais rebaixados na área, como as baixas vertentes e os fundos de vale. Nas cercanias do sítio Inhamã também há presença significativa dos sedimentos da Formação Barreiras de idade miocênica, os arenitos dessa unidade estratigráfica estruturam os topos colinosos e tabulares

247 que marcam a paisagem dos setores da mata norte pernambucana, as porções mais elevadas (69 m) apresentam espessos mantos de alteração, isso em decorrência das condições climáticas que permitem a alteração dos minerais pelo intemperismo químico. Os rios que dissecam a paisagem na área respondem pelos modelados com presença de material de idade Quaternário (Holoceno Superior), os sedimentos aluviais dispostos longitudinalmente ao longo dos canais entulham e colmatam as várzeas, as planícies dos pequenos rios são os modelados mais rebaixados na área (12 m). Em termos hidrográficos, o sítio está inserido na microbacia do rio Inhamã, este atua como um sistema fluvial dentro da Bacia do rio Beberibe. A dinâmica fluvial na área é marcada por uma sequência de rios de curta extensão que tem em suas cabeceiras os setores tabulares e colinosos e dissecam os principais compartimentos ao longo de toda a planície costeira e os tabuleiros da zona da mata. Em termos de clima, as condições tropicais úmidas apresentam uma média de precipitação na área de 1500 mm anuais. Os sistemas atmosféricos atuam intensamente no período do outono-inverno com o avanço da ZCIT (Zona de Convergência Intertropical), VCAN (vórtices ciclônicos de altos níveis) e os DOLs (Distúrbios ondulatórios de leste). Este último é o responsável pelas chuvas torrenciais que acometem a região metropolitana e zona da mata pernambucana nesse período. Com relação à cobertura da terra, os solos presentes na área estão associadas às classes de argissolos e latossolos nas vertentes e gleissolos nos setores rebaixados, nas várzeas. Os argissolos e latossolos apesentam alto teor de argila e uma vez retirada a cobertura vegetal que os protege torna-se susceptível à erosão linear. A

vegetação do sítio está bastante antropizada, não se encontrando mata nativa e sim uma vegetação secundária esparsa, juntamente com o cultivo, identificando-se bananeiras, coqueiros, mamoeiros, jenipapeiros cajazeiras e uma vegetação rasteira rarefeita que cobre a superfície do solo. No entorno, a vegetação predominante é de palmáceas e árvores de médio porte e nas margens do rio verifica-se uma vegetação rasa (Oliveira e Lara, 2012). O ENGENHO INHAMÃ Verifica-se na História que, após receber as sessenta léguas de terra de sua capitania, Duarte Coelho desembarca em 1535 no rio Igarassu, em terras de grupos Tupi e passa a distribuir as terras arrebatadas dos índios, através de sesmarias para a construção de engenhos e fazendas, em geral como recompensas àqueles que houvessem prestado determinados serviços à Coroa Lusa. Assim a Sesmaria Jaguaribe, foi concedida no ano de 1540, ao feitor e almoxarife da casa real na capitania de Pernambuco, Vasco Fernandes Lucena (Costa, 1983). Conforme José Antônio Gonçalves de Mello e Cleonir Xavier, no ano de 1548, começou a ser erguido na Sesmaria Jaguaribe, o Engenho Aiamá (Inhamã) e, em 1550, ele figura como um dos cinco primeiros engenhos que estavam em pleno funcionamento na capitania, citado na Carta de Duarte Coelho a El-Rei (Figura 5). Além deste, Pernambuco possuía o engenho de Duarte Coelho fundado até o ano de 1542; o Engenho Velho, fundado por Jerônimo de Albuquerque; o Engenho de Igarassu, de Afonso Gonçalves; o Engenho Camaragibe, que foi construído por um grupo associado a Diogo Fernandes (Mello e Albuquerque, 1997).

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Figura 5: Indicação do rio Inhamã (Aiamá) no mapa do século XVII de Visscher, Claes Jansz (1586-1652). Cartographe. Perfecte caerte der gelegentheyt van Olinda de Pharnambuco, Maurits-Stadt ende t'Reiffo / door Claes Ianss Visscher. 1648.

Nesta fase foram registrados vários conflitos entre os indígenas e os portugueses. Jerônimo de Albuquerque em carta de 1555, dirigida a El-Rey, relata que foram inteiramente destruídos os engenhos de Igarassu, de Afonso Gonçalves, e o de Camaragibe. Refere-se, ainda, a um terceiro engenho em Igarassu que foi danificado (Costa, 1983), que poderia ter sido, segundo José Antônio Gonçalves de Mello e Cleonir Xavier de Albuquerque, o Engenho de Aiaman, devido à sua localização. No século XVII, durante o período de domínio holandês no Nordeste, no Relatório de Adriaen Van Der Dussen ao Conselho dos XIX, entre os dez engenhos existentes na jurisdição de Igarassu em 1640, são citados o Engenho Aiama de Riba, então pertencente aos herdeiros de um Pero da Rocha Leitão, e o Engenho Aiama de Baixo, pertencente a Manuel Jácome Bezerra. Ambos são apontados, nesta documentação, como engenhos d’água e moentes. A

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Relatório sobre o estado das capitanias conquistadas no Brasil, apresentado pelo senhor Adriaen Van Der Dussen ao conselho dos

documentação aponta também os lavradores destas unidades produtivas6. A cartografia do período revela informações preciosas acerca dos Engenhos. No mapa de Johanes Vingboons (1660), surgem situados entre as antigas Vilas de Olinda e Igarassu. Em agosto de 2008, foram iniciadas escavações na área do Engenho Inhamã (Figura 2), onde foram abertas duas trincheiras, divididas por quadrículas de 2 x 2 m. As quadrículas foram escavadas de modo alternado, semelhante a um tabuleiro de xadrez. A Trincheira I foi aberta numa área que apresentava estruturas construtivas que, alinhadas, aparentavam um alicerce; a Trincheira II levou em consideração um alinhamento de colunas. Nesta fase foram evidenciadas várias estruturas, entre elas, vestígios de coluna de pedra calcária e arenito (Figuras 6 e 7), delimitando-se desta forma, parte da antiga moita ou fabrica do engenho, construída com pedras, lajotas e tijolos batidos (Figura 8).

XIX na câmara de Amsterdam, em 4 de abril de 1640 (Apud Mello, 1981:156).

249 MÉTODOS GEOFÍSICOS: SUMÁRIO

Figura 6: Trabalho de campo no Sítio Engenho Inhamã (Ayama). Fonte: Acervo Laboratório de Estudos Arqueológicos -LEA

Figura 7: Estrutura (restos de coluna). Sítio Engenho Inhamã (Ayama). Fonte: Acervo Laboratório de Estudos Arqueológicos -LEA

Figura 8: Estrutura evidenciada. Sítio Engenho Inhamã (Ayama). Fonte:Acervo Laboratório de Estudos Arqueológicos –LEA.

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PRINCÍPIOS UM SUCINTO

Hoje em dia, o arqueólogo dispõe de um variado número de métodos e instrumentos geofísicos capazes de localizar e mapear estruturas antrópicas em sítios de maneira eficiente e não-destrutiva. Entre os métodos mais utilizados neste contexto estão a resistividade elétrica, o eletromagnetismo induzido (EM), o radar de penetração no solo (GPR) e a magnetometria. Enquanto os três primeiros são métodos ativos, i.e. baseados na emissão e recepção de ondas eletromagnéticas ou correntes elétricas pelo aparelho, a magnetometria caracteriza-se por ser um método passivo que meramente capta as distorções (anomalias) geradas por estruturas subterrâneas no campo magnético terrestre local (Gaffner e Gater 2003:25-26). Todos os métodos mencionados têm suas vantagens e desvantagens. Isto se dá tanto no que diz respeito aos limites impostos pelos princípios físicos com que trabalham, quanto ao meio ambiente em que os sítios estão inseridos e à natureza das estruturas arqueológicas a serem detectadas. Por exemplo, uma das grandes vantagens da utilização de radar é a profundidade de detecção (>15m) assim como a detecção de estruturas bem definidas (fundações, muros, urnas funerárias), mas a grande desvantagem é a pequena produtividade do método (para grandes áreas) e a pouca fiabilidade na detecção de estruturas menos sólidas (fossas, valas). A utilização de resistividade elétrica é problemática em regiões áridas e semiáridas e na velocidade de prospecção, sendo especialmente adequada a pequenas áreas com construções maciças. Já a magnetometria (ou gradiometria) tem sido altamente relevante no mapeamento de sítios com grandes áreas, sejam estes com ou sem estruturas sólidas. Isso tem-se dado principalmente graças à existência de sistemas e instrumentos com vários canais, o que

250 permite a investigação de extensas áreas em um período de tempo relativamente curto. A sua grande desvantagem é que ela não funciona em áreas com um substrato geológico vulcânico ou metamórfico relativamente próximo à superfície. No entanto, seja qual for o método geofísico utilizado, o princípio básico de cada um deles refere-se à detectabilidade do contraste físico gerado entre uma estrutura antrópica (ou natural) e o solo ao seu redor: quanto maior este contraste, maior a probabilidade de detecção. Por causa de sua versatilidade e grande produtividade, a magnetometria (ou gradiometria) tem sido o método geofísico mundialmente preferido para uso em sítios arqueológicos (Kvamme, 2005:430-432). Este também foi o método empregado no estudo do Engenho Inhamã. Os instrumentos utilizados em magnetometria (os magnetômetros) podem diferir nos princípios físicos com que trabalham, mas todos têm um ponto em comum: eles têm o potencial de detectar e medir a amplitude da distorção ou anomalia magnética gerada por uma estrutura (ou) de subsurperfície, seja ela natural ou antrópica, em relação ao campo magnético local. A profundidade de alcance do método para fins arqueológicos é de aproximadamente 1,5 m, desde que as estruturas ou anomalias tenham amplitudes magnéticas suficientemente grandes para serem detectadas pelo instrumento na superfície. Todavia e já que os depósitos arqueológicos estão geralmente em pouca profundidade, o método funciona bem na grande maioria dos sítios. O magnetômetro mais comumente utilizado em propecções geofísicas na arqueologia é o fluxgate. Este tipo de instrumento é robusto para as atividades de campo, necessita de pouca ou nenhuma manutenção e tem uma sensibilidade suficientemente grande (ca. 0,1nT) para a detecção da maioria das estruturas arqueológicas. Embora existam outros tipos de magnetômetros (por exemplo, magnetômetros de vapor alcalino), em parte com sensibilidades ainda

maiores que os fluxgate (magnetômetros de vapor de césio, ca. 0,03-0,001nT), a complexidade de sua manutenção e custos associados os fazem menos recomendáveis para uso arqueológico. Atualmente, a grande maioria dos magnetômetros é produzida como gradiômetros, i.e., incluem dois sensores dispostos um acima do outro. Esta configuração tem uma aplicação prática, pois ela reduz o efeito da variação diurna do campo magnético terrestre, assim automaticamente melhorando a qualidade dos dados coletados. Neste caso, a magnetometria como método é chamada de gradiometria. Tanto os magnetômetros como os gradiômetros possuem a habilidade de detectar, medir e mapear as variações (contrastes) do campo magnético local na área a ser prospectada, resultantes de estruturas próximas à superfície. No caso de sítios arqueológicos brasileiros tais estruturas podem ser tanto fossas, valas e fundos de cabana, geralmente relacionados a assentamentos pré-históricos como áreas de produção (e.g., fornos), fundações e muros de edificações históricas. Seja qual for o tipo de sítio a ser prospectado por magnetometria, duas propriedades magnéticas são de grande importância neste contexto. Estas são a susceptibilidade magnética e a magnetização remanescente de materiais. Em sítios pré-históricos a primeira propriedade é de maior utilidade, pois é ela que geralmente proporciona a detecção de estruturas relacionadas a tais assentamentos. A susceptibilidade magnética refere-se à propriedade inerente de certos materiais de se magnetizar por indução na presença de um campo magnético. Sabe-se hoje que o estabelecimento de assentamentos humanos e uso de tais áreas por algum tempo elevam os níveis de suscetibilidade magnética dos solos. Isto acontece principalmente através da transformação de minerais de argila entre aqueles menos magneticamente supor meio

251 de efeitos térmicos e químicos consecutivos, conhecidos como Efeito Le Borgne (Aspinall et al., 2009:24). Em sítios arqueológicos tais transformações físicoquímicas se deram principalmente nas proximidades de fogueiras através da queima diária de material orgânico (e.g., lenha). Com o passar do tempo e como resultado da constante limpeza das fogueiras, a parte superior do solo (a camada húmica) de assentamentos enriquecem-se de partículas magneticamente mais suscetíveis do que a parte inferior. Já que o planeta terra possui um campo magnético, a parte superior do solo de assentamentos possui assim maiores níveis de magnetismo que a parte inferior. Hoje, sabe-se que os processos que contribuem para elevar os níveis de susceptibilidade magnética do solo em tais localidades sao muito mais complexos e diversos do que antes se pensava (Gaffney e Gater, 2003:38; Linford, 2006:2220; Schmidt, 2007:3). Embora conhecer as causas do aumento dos níveis magnéticos em sítios arqueológicos seja altamente relevante, a consequência de tais efeitos na formação de camadas arqueológicas e na sua possível detecção através de métodos geofísicos é ainda mais interessante do ponto de vista científico. De fato, sabe-se que qualquer depressão (e.g., fundos de cabanas) ou estruturas antrópicas escavadas no subsolo de sítios pré-históricos (fossas, valas) tendem a ser paulatinamente preenchidas com o solo húmico e magnetizado. Quando a concentração de solo magnetizado é suficientemente grande e os níveis de magnetismo (ou amplitude magnética) de tais estruturas superam aqueles da sensibilidade de magnetometros e gradiometros (fluxgate, < 1nT), teóricamente elas podem ser detectadas, medidas e mapeadas. Embora a suscestibilidade magnética também possa ser relevante na detecção de anomalias em sítios históricos, a magnetização remanescente é neste caso ainda mais importante. Entre os processos

conhecidos e descritos (Linford, 2006:2221; Schmidt 2007:2), o de maior significância pra o tipo de sítio arqueológico considerado aqui é a magnetização termo-remanescente. Enquanto rochas utilizadas em construções históricas podem ter um magnetismo remanescente natural que também pode ser detectado por magnetometria, a produção e uso de tijolos e outros produtos de construção são especialmente propensos a este tipo de prospecção. Isto se dá porque a queima da argila usada em tais materiais de construção se dá acima do Ponto Curie (> 578°C), o que significa que tais materiais são permanentemente magnetizados. Neste contexto, tanto os fornos onde esses materiais foram produzidos como concentrações desses em fundações e muros de edifícios podem ser detectados e mapeados por magnetometria. Além disso, até incêndios acidentais (ou propositais) em casas de taipa ou de tijolos crus pode elevar o magnetismo de tais construções a níveis que podem ser igualmente constatados por magnetometria. Desta forma e já que muitas edificações e estruturas históricas em Pernambuco, sejam elas domésticas, públicas ou industriais, foram construídas das maneiras acima descritas, é teoricamente possível localizá-las e documentá-las por meio de métodos geofísicos não invasivos antes que intervenções arqueológicas clássicas sejam iniciadas. INSTRUMENTO PROCEDIMENTOS

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A área central do Engenho Inhamã foi geofisicamente prospectada pelos autores em novembro de 2016. Por um lado, a prospecção serviu como teste para averiguar o potencial de utilização de gradiometria de fluxgate em sítios arqueológicos na região costeira de Pernambuco; por outro, ela tinha como objetivo prático detectar e mapear construções e outras estruturas ainda não conhecidas na área central do Engenho, tal

252 como a casa grande e uma possível capela. Anteriormente à prospecção propriamente dita, a área a ser examinada havia sido demarcada mediante o uso de trenas, delimitando dois retângulos contíguos com áreas de, respectivamente, 38x50,5 e 36x33 m. A prospecção em si abrangeu assim uma área total 3.107m² (ca. 0,31ha), tendo sido concluída em menos de duas horas de trabalho de campo. O instrumento utilizado consistiu de um gradipmetro Sensys sobre rodas com três canais e 55cm de distânciabase dos sensores fluxgate. O intervalo de amostragem foi de 0,25x0,50 m, assim produzindo uma malha com uma resolução de 8 leituras de campo magnético por metro quadrado (Figuras 9 e 10).

Figura 9: Equipe de pesquisa durante montagem do instrumento gradiometro Sensys sobre rodas.

Figura 10: Topografia da área prospectada com sobreposição da imagem geofisica do Sítio Arqueológico Engenho Inhamã

253 Como já descrito anteriormente, a área prospectada havia sido previamente impactada por trabalhos de terraplanagem para a construção de um loteamento residencial. Tais trabalhos modificaram o relevo original do sítio arqueológico consideravelmente. Antes da terraplanagem, a área consistiu de um terreno com declive relativamente acentuado em cuja parte inferior jazia próxima a um córrego, as ruínas da área de produção do Engenho (moita) e restos de outras construções cujas finalidades e contextos ainda estão indefinidos. Em contrapartida, a parte superior do sítio estava soterrada sob uma espessa camada (ca. 1,0 m) de sedimento e dejetos acumulados durante os séculos que procederam o abandono do Engenho. Diferentemente da parte inferior do sítio, esta área não havia ainda sido examinada arqueologicamente. Os trabalhos de terraplanagem levaram ao nivelamento completo do terreno. A espessa camada de sedimentos e dejetos na parte superior do sítio foi retirada da posição original e utilizada para aterrar a parte inferior. Por um lado, este procedimento soterrou os vestígios arqueológicos previamente escavados próximos ao córrego sob mais de dois metros de entulho. Por outro, ele expôs o nível arqueológico na área superior do sítio revelando no local, alguns achados dos séculos XVI e XVII e um alinhamento de pedras que poderia ser restos da fundação de uma edificação.A prospecção por gradiometria de fluxgate visou mapear esta edificação e localizar outras possíveis construções e estruturas ligadas ao Engenho que ainda poderiam estar encobertas por sedimentos e assim imperceptíveis a olho nu. RESULTADOS O resultado da prospecção magnética é visível na Figura 11. Ela mostra claramente a situação decorrente da terraplanagem. No lado esquerdo, a área soterrada próxima ao

córrego revela um espaço perturbado com inúmeras anomalias magnéticas de grande amplitude. Sem dúvida alguma, a grande maioria destas advém de dejetos e sucata metálicas dos últimos 300 a 400 anos, originárias do acúmulo de material na parte superior do sítio. Muito provavelmente e já que as estruturas arqueológicas anteriormente escavadas estão em grande profundidade, nenhuma delas é realmente visível na imagem. No lado direito da figura, a situação é completamente diferente. O espaço exposto pela terraplanagem na parte superior do sítio evidencia uma área relativamente calma, claramente desprovida do grande número de anomalias magnéticas (entulho e sucata) já discutidas. Sem sombra de dúvida, este é o nível aproximado da ocupação do século XVIXVII, sendo que pelo menos algumas das anomalias magnéticas ali visíveis provavelmente assinalam a localização de construções e estruturas ligadas ao Engenho. A anomalia que mais claramente salienta esta interpretação está na parte leste da área prospectada (Figura 12). Abrangendo uma área de aproximadamente 4x3 m, ela define um espaço retangular ou sub-retangular em que se encontra uma ou várias anomalias de menor tamanho no seu centro. Embora seja possível que este grupo de anomalias corresponda ao alinhamento de pedras visto na superfície e interpretado como restos da fundação de uma edificação, esta identificação é incerta no momento. Ela pode igualmente representar os restos de uma outra edificação ainda não avistada pelas inspeções de superfície. Pela sua amplitude magnética (ca. ±20nT), trata-se aqui possivelmente da fundação de uma construção ou feita com material rochoso alógeno à área, tijolos cozidos, argila queimada ou uma combinação de tais materiais. Além desta, pelo menos dois outros grupos de anomalias magnéticas chamam a atenção na parte direita da imagem. O primeiro grupo é aquele na área

254 central onde uma grande anomalia (ca. 5x3 m) está flanqueada por dois alinhamentos praticamente paralelos de pequenas anomalias. Diferentemente da anomalia discutida acima, é presentemente difícil de esclarecer o que este grupo de anomalias representa. A este respeito, embora seja possível que este grupo seja os restos de uma construção do século XVI-XVII, ele também pode ser sucata ainda enterrada no local. Por um lado, a regularidade dos alinhamentos de pequenas anomalias ao redor da maior parece apontar para a presença de uma construção. Por outro, todavia, a anomalia central tem uma amplitude magnética significativamente alta (ca. ±380nT), o que deixa dúvidas na

sua atribuição como uma edificação. O segundo grupo de anomalias magnéticas que podem estar ligadas ao Engenho encontra-se na parte oeste do espaço. Ela é composta por seis diferentes anomalias que juntas formam um arco ou semicírculo com um diâmetro de aproximadamente 20 m. Como no caso do grupo central, é difícil dizer no momento o que cada uma dessas anomalias/estruturas representam. Na verdade e devido às suas amplitudes magnéticas (variando de aproximadamente ±10nT até ±140nT), elas podem tanto ser arqueológicas (bases de fornos de cal?) quanto sucata. Pelo menos o seu arranjo parece refletir uma decisão consciente de posicioná-las naquele espaço.

Figura 11: Magnetograma do pseudo-gradiente vertical da área central do Engenho Inhamã após terraplanagem. Intervalo de amostragem: 0,25x0,50 m. Medições foram filtradas pela mediana e interpoladas

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Figura 12: Interpretação do magnetograma do Engenho Inhamã mostrando a localização de possíveis vestígios arqueológicos in situ.

CONCLUSÕES Obviamente, os resultados e interpretações da prospecção geofísica considerados acima só podem ser vistos como o começo das investigações arqueológicas na área central do Engenho Inhamã. Embora em pelo menos um caso a geofísica forneceu elementos que proporcionam uma interpretação mais precisa de estruturas arqueológicas ainda preservadas no subsolo, em outros tem-se que buscar indícios que corroborem uma ou outra interpretação. De fato, prospecções geofísicas auxiliam, mas não podem substituir completamente os resultados obtidos através de escavações. O ponto forte da prospecção geofísica teste realizada no Inhamã é que ela mostra a localização de estruturas e áreas de interesse potencial para ser examinadas arqueologicamente. Escavações no sítio estão programadas para ser realizadas no decorrer de 2017 por arqueólogos da UFPE e UNIVASF. No final das contas, serão os resultados daquelas escavações que dirão quais

anomalias/estruturas são realmente de interesse arqueológico e quais não são. Em todo caso e sejam quais forem os resultados obtidos, este breve estudo de caso demonstra claramente três coisas: (1) que o uso de gradiometria na região costeira de Pernambuco é geoambientalmente e geologicamente possível; (2) que gradiometria pode ser utilizada com êxito na detecção e mapeamento de estruturas arqueológicas, sejam elas históricas ou préhistóricas; (3) que outros métodos de prospecção geofísica como radar, resistividade elétrica e eletromagnetismo induzido poderiam desempenhar, juntamente com a gradiometria, um relevante papel em futuras pesquisas arqueológicas históricas e pré-históricas na região. De fato, uma combinação de pelo menos dois destes métodos (por exemplo, gradiometria e resistividade elétrica) poderia aumentar consideravelmente a qualidade de dados requeridos para se fazer interpretações mais precisas sobre potenciais estruturas arqueológicas, assim otimizando ainda mais o uso dos recursos disponíveis a pesquisas.

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