Geração Centralizada e Descentralizada de Energia Eólica: Vantagens e Desvantagens

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Geração Centralizada e Descentralizada de Energia Eólica: Vantagens e Desvantagens Silva G. P. Aguiar Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás - Campus Goiânia. Rua 75, Nr. 46 - St. Central, Goiânia/GO, Brasil, 74055-110 [email protected] Coordenação do Programa de Mestrado em Tecnologia de Processos Sustentáveis

Resumo – Este trabalho apresenta por meio de revisão bibliográfica as vantagens e desvantagens das redes centralizadas e descentralizadas de

tecnológicas industriais e a experiência operativa desses tipos de fonte acumulada nos últimos anos em todo o mundo [1].

distribuição de energia eólica, principalmente no que se refere aos

A energia eólica é uma energia considerada limpa e

aspectos socioeconômicos, ambientais e tecnológicos.

sustentável pelo fato de fazer uso de fonte renovável para a geração.

I. INTRODUÇÃO De acordo com Edna Elias Xavier et al (2014) da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) o Brasil possui um perfil energético com potencial técnico promissor para adoção de estratégias voltadas para a utilização de fontes renováveis não tradicionais. Notadamente, as centrais eólicas, a energia solar, as centrais hidrelétricas de pequeno porte (PCHs) e a bioeletricidade, [...] são cada vez mais relevantes para o suprimento

das

demandas

energéticas.

Essas

fontes

contribuem com a diversificação da matriz elétrica, além de estarem

usualmente

relacionadas

a

projetos

menos

Observa-se que principalmente em decorrência do recente desenvolvimento tecnológico e de políticas públicas de incentivo, há um gradual incremento da participação dessas fontes na matriz energética nacional. Além disso, observa-se que a questão ambiental certamente é um dos argumentos mais importantes para a expansão da utilização dessas fontes

eletricidade já que agrega numerosas vantagens frente às energias tradicionais e mesmo em comparação a outras renováveis. Dentre as características mais atrativas em termos de planejamento energético, pode-se citar a implantação rápida e, em geral, o impacto reduzido na ocasião da construção dos parques eólicos [2]. Porém, a energia gerada nas grandes centrais eólicas também necessita ser transportada para as regiões de

Neste panorama, as centrais eólicas e a energia solar assumem papéis de destaque no cenário energético nacional. Em especial porque geralmente tais projetos estão associados socioambientais

Ao transportar-se energia eólica de grandes centrais de geração, valendo-se de grandes empresas, para diversas localidades por meio de linhas de transmissão aéreas ou subterrâneas, tem-se o processo de distribuição centralizada. Conforme

o

Conselho

Empresarial

para

o

Desenvolvimento Sustentável de Portugal (2009) a produção descentralizada de energia ou microgeração, refere-se à

nos últimos anos.

impactos

eólica tem assumido um importante papel como fonte de

demanda.

impactantes.

a

Ainda segundo Edna Elias Xavier et al (2014) a energia

menos

expressivos

se

comparados aos de outras fontes convencionais. A essa vantagem somam-se o desenvolvimento de suas bases

possibilidade de o consumidor, particular ou empresa, poder produzir a sua própria energia, recorrendo para tal a equipamentos de pequena escala, como, por exemplo, painéis solares, microturbinas, microeólicas ou mini-hídricas. A energia produzida pode ser aproveitada para [...] a produção

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de energia eléctrica, que pode ser vendida à rede de

forma centralizada como descentralizada, de modo a

distribuição nacional [3].

minimizar os possíveis impactos resultantes da grande

Assim, o processo de distribuição descentralizado eólico

demanda energética.

refere-se a micro-centrais de geração de energia eólica que III. ENERGIA EÓLICA

abastecem a pequenas regiões de demanda menor de energia. De posse à revisão bibliográfica, este artigo apresentará

Conforme apresentado no Balanço Energético Nacional de

processos

2015 da EPE, em 2014 a participação de renováveis na

centralizados e descentralizados de distribuição de energia

Matriz Energética Brasileira manteve-se entre as mais

elétrica eólica no tocante aos aspectos socioeconômicos,

elevadas do mundo, mas caiu para 74,6% devido às

ambientais e tecnológicos.

condições hidrológicas desfavoráveis e ao aumento da

vantagens

e

desvantagens

presentes

nos

Com este artigo espera-se contribuir e subsidiar novas

geração térmica [4].

pesquisas em energia de fontes renováveis. II. CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL Acessou-se ao site da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e tomou-se nota do consumo de energia elétrica na rede das cinco regiões Brasileiras, o que tornou possível a criação do seguinte gráfico e tabela:

Fig. 2 – Participação de renováveis na Matriz Energética Fonte: Agência Internacional de Energia. Elaboração: EPE

A partir do gráfico apresentado, percebe-se o avanço brasileiro em relação a outros países ao investir em fontes renováveis. O gráfico abaixo também apresentado no Balanço Energético Nacional de 2015 da EPE ilustra a evolução da Fig. 1 – Consumo de Energia Elétrica na Rede (MWh). Janeiro de 2015. Fonte: Adaptado de Empresa de Pesquisa Energética (2015).

geração eólica brasileira.

TABELA I – CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NA REDE Consumo de energia elétrica na rede (MWh). S istema S imples: 2015 JAN

FEV

MAR

ABR

MAI

JUN

40.662.282

40.571.730

39.778.732

39.559.594

38.196.235

37.169.938

Norte

2.695.502

2.545.415

2.684.971

2.616.020

2.676.285

2.706.982

Nordeste

6.960.505

6.765.093

6.886.401

6.713.622

6.705.760

6.481.420

Sudeste

20.858.677

20.774.377

20.148.003

20.094.075

19.242.836

18.641.554

Sul

7.346.758

7.691.772

7.302.161

7.263.926

6.736.957

6.595.795

Centro-Oeste

2.800.840

2.795.073

2.757.196

2.871.951

2.834.397

2.744.186

TOTAL

No gráfico apresentado percebe-se que o consumo de

Fig. 3 – evolução da geração eólica. Fonte: EPE.

energia na região sudeste é maior, o que ocasiona maior

A produção de eletricidade a partir da fonte renovável

pressão sobre os recursos ambientais disponíveis para esta

eólica alcançou 12.210 GWh em 2014, equivalente a um

região. Mostra-se imprescindível a inclusão de fontes

aumento de 85,6% em relação ao ano anterior, quando se

renováveis de energia no sistema de distribuição, tanto de

3 de 5

atingiu 6.578 GWh. Em 2014, a potência instalada para geração eólica no país expandiu 122,0% [5].

De Acordo com Calabró (2013) a qualidade do fornecimento de energia elétrica da GD, por dispensar o

Percebe-se um avanço representativo e contínuo na

transporte por longas distâncias [...] é superior à geração

geração de energia eólica brasileira. Neste sentido pesquisas

convencional. A geração próxima às cargas torna o sistema

em geração de energia eólica se fazem relevantes.

mais estável e confiável [8], é o que ilustra a Fig. 4. Ainda segundo Calabró (2013) a GD é capaz de aliviar a

A. Geração Centralizada De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (2005) as centrais de grande porte têm potencial para atender uma significativa parcela do Sistema Interligado Nacional (SIN) com importantes ganhos: contribuindo para a redução da emissão, pelas usinas térmicas, de poluentes atmosféricos; diminuindo a necessidade da construção de grandes reservatórios; e reduzindo o risco gerado pela sazonalidade hidrológica,

à

luz

da

complementaridade

citada

anteriormente. [...]

sobrecarga e o congestionamento do sistema de transmissão e de manter a tensão em níveis adequados, especialmente quando posicionada ao longo de redes de grande extensão, proporcionando maior confiabilidade ao sistema ao reduzir o número de quedas de energia e blackouts. A GD ocorre nas cercanias do centro consumidor. O primeiro resultado positivo de sua implantação é diminuir perdas

decorrentes

do

transporte

da

energia,

com

correspondente aumento da eficiência energética [9].

Os impactos visuais são decorrentes do agrupamento de torres e aerogeradores, principalmente no caso de centrais eólicas com um número considerável de turbinas, também conhecidas como fazendas eólicas. Os impactos variam muito de acordo com o local das instalações, o arranjo das torres e as especificações das turbinas. Apesar de efeitos negativos, como alterações na paisagem natural, esses impactos tendem a atrair turistas, gerando renda, emprego, arrecadações e promovendo o desenvolvimento regional. Outro impacto negativo das centrais eólicas é a possibilidade de interferências eletromagnéticas, que podem causar perturbações nos sistemas de comunicação e transmissão de dados (rádio, televisão etc.) apud (TAYLOR, 1996). De acordo com este autor, essas interferências variam muito, segundo o local de instalação da usina e suas especificações técnicas, particularmente o material utilizado na fabricação das pás. Também a possível interferência nas rotas de aves deve ser devidamente considerada nos estudos e relatórios de impactos ambientais (EIA/RIMA) [6]. B. Geração Descentralizada (GD) Ainda segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (2005) as pequenas centrais podem suprir pequenas localidades distantes da rede, contribuindo para o processo de universalização do atendimento [7].

Fig. 4 – Antes e depois do blackout de 2003 em Nova York. Fonte: Associação da Indústria de Cogeração de Energia 2013.

Ainda de acordo com Calabró (2013) são benefícios da GD: a) Econômico 1. Contribui na diversificação da matriz energética e do setor elétrico; 2. Dispersão de impactos ambientais: reduz impactos ambientais decorrentes da construção de reservatórios e de longas LT’s;

4 de 5

3. Geração de empregos e desenvolvimento econômico:



estabilidade na produção pela indústria nacional;

Diminuição da necessidade da construção de grandes reservatórios;

4. Diversificação de investimentos privados: ampliação do



número de Agentes geradores e participantes no setor

do

risco

gerado

pela

sazonalidade

hidrológica, à luz da complementaridade; 

elétrico, distribuídos regionalmente;

Redução

Atração de turistas, gerando renda, emprego,

5. Eficiência no uso das fontes energéticas: valorização das

arrecadações e promovendo o desenvolvimento

fontes de custo variável unitário (CVU) nulo e de baixo

regional.

impacto ambiental.

As vantagens da geração eólica descentralizada se resumem

b) Sistema Elétrico

da seguinte forma:

1. Melhora a confiabilidade e a estabilidade do sistema: diminui

dependência

do

parque

gerador



despachado

contribuindo para o processo de universalização do

centralizadamente, mantendo reservas próximas aos centros de carga;

Suprem pequenas localidades distantes da rede,

atendimento; 

A qualidade do fornecimento de energia elétrica é

2. Descentraliza geração de energia: reduz necessidade de

superior por dispensar o transporte por longas

investimentos em redes de transmissão, inclusive para

distâncias;

interligação regional e distribuição para “coletar a energia



Estabilidade e confiança;

produzida”;



Alivio da sobrecarga e o congestionamento do

3. Reduz perdas elétricas no sistema: possibilita ganhos

sistema de transmissão;

compartilhados por todos os consumidores e geradores;



Manutenção da tensão em níveis adequados;

4. Agilidade no atendimento ao crescimento da demanda:



Redução do número de quedas de energia e

menor prazo e menor complexidade no licenciamento e na liberação para a implantação dos projetos [10].

blackouts; 

energia, com correspondente aumento da eficiência

IV. CONCLUSÃO Elaborado o presente artigo, percebem-se claramente as vantagens e desvantagens estabelecidas pelas gerações centralizadas e descentralizadas de energia eólica, uma vez que descreve sucintamente os impactos positivos e negativos correspondentes

aos

meios

técnicos,

Diminuição de perdas decorrentes do transporte da

econômicos

e

ambientais. O consumo de energia na região sudeste brasileira é de grande escala, o que ocasiona pressão sobre os recursos do

energética; 

Contribui na diversificação da matriz energética e do setor elétrico;



Reduz

impactos

ambientais

decorrentes

da

construção de reservatórios e de longas LT’s; 

Geração

de

empregos

e

desenvolvimento

econômico; 

Diversificação

de

investimentos

privados

distribuídos regionalmente;

meio, levando o país a investir em fontes renováveis. A fonte eólica se mostra em evolução neste sentido, mostrando-se



Eficiência no uso das fontes energéticas;

relevantes novos incentivos às pesquisas.



Agilidade no atendimento ao crescimento da demanda;

As vantagens da geração eólica centralizada se resumem da seguinte forma: 

Redução da emissão, pelas usinas térmicas, de poluentes atmosféricos;

As desvantagens da geração centralizada e descentralizada, em maior e menor proporção respectivamente, são: 

Impactos visuais;



Interferências eletromagnéticas;



Interferência nas rotas de aves.

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AGRADECIMENTOS Agradece-se a CAPES e ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Goiás – Campus Goiânia por proporcionarem o Mestrado Profissional em Tecnologia de Processos Sustentáveis, contribuindo para uma nação com consciência ambiental. REFERÊNCIAS [1]http://www.epe.gov.br/PDEE/Relat%C3%B3rio%20Final%20do %20PDE%202023.pdf. Em 07/09/2015, 15:30h. [2]http://www.epe.gov.br/PDEE/Relat%C3%B3rio%20Final%20do %20PDE%202023.pdf. Em 07/09/2015, 15:34h. [3] http://www.bcsdportugal.org/wpcontent/uploads/2013/10/News-2009-06-19-Energia.pdf.

Em

07/09/2015, 15:39h. [4]https://ben.epe.gov.br/downloads/S%C3%ADntese%20do%20Re lat%C3%B3rio%20Final_2015_Web.pdf.

Em

07/09/2015,

15:44h. [5]https://ben.epe.gov.br/downloads/S%C3%ADntese%20do%20Re lat%C3%B3rio%20Final_2015_Web.pdf.

Em

07/09/2015,

15:47h. [6] http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/06Energia_Eolica(3).pdf. Em 07/09/2015, 15:54h. [7] http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/06Energia_Eolica(3).pdf. Em 07/09/2015, 15:54h. [8]http://www.cogen.com.br/workshop/2013/Geracao_Distribuida_ Calabro_22052013.pdf. Em 07/09/2015, 15:57h. [9]http://www.cogen.com.br/workshop/2013/Geracao_Distribuida_ Calabro_22052013.pdf. Em 07/09/2015, 15:57h. [10]http://www.cogen.com.br/workshop/2013/Geracao_Distribuida_ Calabro_22052013.pdf. Em 07/09/2015, 15:57h.

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