Gestão de acervos de partituras: abordagem interdisciplinar

June 2, 2017 | Autor: Judson Oliveira | Categoria: Music, Library Science, Música, Biblioteconomia, Sheet Music, Partituras
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GT – Gestão da Informação e do Conhecimento Modalidade da apresentação: Comunicação oral

GESTÃO DE ACERVOS DE PARTITURAS: ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR Judson Daniel Oliveira da Silva1 [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Norte Resumo: O estudo tem por objetivo construir um referencial teórico básico para a gestão de acervos musicais, numa perspectiva interdisciplinar, em unidades especializadas em música. O artigo tem como foco o tratamento técnico e a formação e desenvolvimento de coleções de partituras. Para realização da pesquisa, adotou-se uma metodologia de revisão de literatura, além de análise de conteúdo tanto de ementas de disciplinas quanto da grade curricular do curso de bacharelado em música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A pesquisa aborda os principais gêneros musicais recorrentes no campo da música, além de indicar as principais tipologias físicas de partituras. Observou-se que para uma abordagem interdisciplinar se faz necessário observar aspectos históricos da rotulagem de gêneros musicais utilizadas no campo em questão, e que as políticas de formação e desenvolvimento de coleções devem prever a necessidade da participação direta de professores nos processos de seleção e aquisição de novos materiais. Palavras-chave: Gestão de acervos. Documentação. Partituras.

1 INTRODUÇÃO A interdisciplinariedade natural do campo da Biblioteconomia demanda de seus agentes conhecimentos sociais e culturais de inúmeras áreas do conhecimento humano. Isso se dá pela atuação de bibliotecários em unidades de informação responsáveis pela gestão da cultura letrada de todas as áreas do conhecimento. Necessitando esse, de diretrizes teóricas interdisciplinares para a sua atuação profissional no tratamento técnico e na formação e desenvolvimento de coleções de sua unidade informacional. Diante disso, para uma boa prática profissional o bibliotecário deve estar 1 Discente do curso de Biblioteconomia da UFRN; técnico em música pela EMUFRN.

atento as relações que devem ser construídas entre as produções científicas biblioteconômica e as da sua área de atuação. O presente estudo tem por objetivo produzir um referencial introdutório à interdisciplinariedade entre a Biblioteconomia e a Música. Tendo como foco a gestão de arquivos musicais, mais precisamente a de acervos de partituras. Busca-se indicar como o campo da Música pode influenciar tanto os aspectos temáticos e descritivos do tratamento técnico de partituras, quanto a implementação de políticas de formação e desenvolvimento de coleções das mesmas. Para tanto, realizou-se uma revisão bibliográfica em obras de referência do campo para indicar possíveis gêneros musicais, devidamente difundidos na área da música, para o tratamento temático das partituras. Realizou-se também um levantamento, na literatura da Ciência da Informação, de tipologias físicas de partituras, no intuito de indicar possíveis diretrizes para o tratamento descritivo das obras. O estudo se finaliza com a análise de conteúdo do programa pedagógico do Curso de Bacharelado em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e das ementas dos 8 níveis da disciplina de violino do referido curso, no intuito de levantar as demandas de partituras para a implementação de políticas de formação e desenvolvimento de coleções. 2 ASPECTOS TEMÁTICOS DO TRATAMENTO TÉCNICO DE PARTITURAS A música é arte e ciência que busca equilibrar a produção sonora de acordo com determinados princípios de proporção e tempo (MED, 1996). A produção musical é realizada pelo compositor através da junção de melodias, harmonias, contrapontos, ritmos e instrumentações, que manifesta-se através de interpretações e ouvintes. Segundo MED (1996, p. 11, grifo do autor) melodia é um “conjunto de sons dispostos em ordem sucessiva”, entendendo som como uma vibração regular, ou seja, de altura definida, que se distingue de barulho. Melodia também pode ser considerada uma disposição horizontal de sons, que formam ideias musicais. Já a harmonia, pode ser entendida como a disposição vertical de sons, ou seja, dois ou mais sons, de alturas definidas produzidos simultaneamente, ou seja, sons sobrepostos de forma harmoniosa. O efeito criado pela sobreposição de duas melodias, ou seja, de dois

conjuntos horizontais de sons executados simultaneamente, é conhecida como contraponto. E essas melodias, harmonias e contrapontos são executados seguindo determinadas proporções temporais, o que cria a ideia de ritmo, que é definido por Med (1996, p. 11) como “ordem e proporção em que são dispostos os sons que constituem a melodia e a harmonia”. Os interpretes executam determinada obra musical através de instrumentos, incluindo nesses a voz humana, e técnicas que devem ser expressas na notação musical, ou seja, devem, em regra, ser indicadas nos documentos musicais. As obras musicais são criadas majoritariamente para instrumentos, ou grupos de instrumentos, específicos. Contudo, a notação musical permite que um mesmo documento musical seja interpretado por instrumentos além do indicado pelo compositor. O conhecimento das características e da utilização desses instrumentos é denominado instrumentação ou orquestração, que segundo Westrup & Harrison (1976) é uma arte que lida com o uso em conjunto de instrumentos musicais, leva em consideração suas particularidades como extensão e projeção sonora, características técnicas e sonoridade. Salienta-se que a notação musical é incapaz de expressar a totalidade de detalhes necessários à devida execução da obra, criando assim a necessidade da interpretação, trabalho executado pelo intérprete, que na música deixa de ser um mero reprodutor para figurar como um coautor e responsável artístico da manifestação musical (MED, 1996). Segundo Andrade (1995, p. 62) o intérprete é uma “entidade subjetiva da manifestação musical, intermediária entre a atividade criadora da música e a passividade contemplativa do ouvinte”. O ouvinte, indivíduo que, pelo próprio subjetivo que o nomeia, poderia ser considerado apenas como “aquele que ouve”. Contudo, se tratando a música de uma manifestação artística, o ouvinte deve ser compreendido como um ser ativo na manifestação musical, como um ser psicológico que contempla a contempla. (ANDRADE, 1995). O início da manifestação musical tem sua gênesis no compositor, o sujeito que usa de sua criatividade para aplicar conhecimentos teóricos da música na construção de obras musicais. Diante do exposto, podemos compreender o processo de composição e escrita musical como o registro de informações em um suporte informacional e aferir que os usuários de informações provenientes de documentos musicais podem ser todos os sujeitos envolvidos no processo de manifestação musical. Contudo,

acrescenta-se a esses os pesquisadores e os estudantes do campo, porém sublinha-se que todos os sujeitos mencionados até o momento (compositor, intérprete, ouvinte, pesquisador e estudante de música) ocasionalmente trocam de papéis. Por exemplo: o estudante, na academia, cursa cadeiras de apreciação e composição musical e o compositor é ao mesmo tempo pesquisador e ouvinte. Portanto,

os

usuários

da

informação

frequentadores

de

unidades

especializadas em documentação musical podem assumir, individualmente, pressupostos e atitudes informacionais diversas. Contudo, os usos destinado a esses materiais podem ser bem definidos, como interpretação, estudo teórico ou contemplação. Ações que variam de acordo com a necessidade informacional momentânea. A música pode se manifestar em várias categorias, ou gêneros musicais, tais categorias pressupõem padrões específicos, que foram difundidos no decorrer dos séculos pelas evoluções tecnológicas dos próprios instrumentos e por revoluções sociais. Pela quantidade de gêneros musicais ser extensa, assim como suas definições, optou-se por expor apenas uma amostra, abordando assim os seguintes gêneros: a sinfonia, o concerto, o concerto solo, a ópera, o poema sinfônico, a sonata e o método ou estudo. A sinfonia, segundo Westrup & Harrison (1976) é em regra uma obra instrumental. Contudo, os autores afirma que o termo sinfonia recebeu vários significados no decorrer do tempo, no período barroco 2 poderia significar um prelúdio para uma apresentação musical ou uma abertura de ópera. Contudo, na atualidade o termo é utilizado tanto para nomear tal gênero musical quanto para intitular pequenas orquestras. O concerto é definido ainda por Westrup & Harrison (1976, p. 135) como “originalmente, uma obra para uma ou mais vozes com acompanhamento instrumental3”. Uma de suas principais subcategorias é o concerto solo, que segundo os autores representa uma obra em que uma única voz que é acompanhada por uma orquestra. Por sua vez, a ópera é uma “obra dramática em que a maior parte de um texto, ou um texto completo, é cantado com acompanhamento orquestral 4” 2 3 4

Período temporal a partir de 1600 d.C. até 1750. Tradução nossa. Tradução nossa.

(WESTRUP;

HARRISON,

1976,

p.

391),

podendo

contar

também

com

acompanhamento de um coro, normalmente apresentada com encenação, figurino e cenário teatral. Já o poema sinfônico é definido por Sadie (2001, p. 802) como uma obra em “forma orquestral na qual um poema ou programa provê narrações ou bases ilustrativas”, normalmente é acompanhado por um livreto contendo instruções de como “apreciar” a obra musical. Segundo Westrup & Harrison (1976) sonata é um termo utilizado para músicas originalmente escritas em instrumentações variadas, poderiam aparecer como obras para instrumento solo, ou para um pequeno grupo instrumental composto por um instrumento melódico (violino, flauta, oboé, etc), um instrumento de teclas (piano, cravo, pianoforte, etc) e um contrabaixo. Contudo, os autores indicam que a partir de 1750 se tornou comum o uso do termo sonata para piano solo, ou para duetos numa instrumentação de piano e instrumentos melódicos. Por fim, o estudo, também conhecido como método e recorrente na documentação musical com o título de capricho, é “uma peça musical designada para oferecer práticas em alguma área da técnica instrumental” (WESTRUP; HARRISON, 1976, p. 527). Sublinha-se que esta é apenas uma amostra dos gêneros musicais difundidos na literatura da área, amostra composta pelos gêneros musicais mais recorrentes no repertório musical de orquestras, grupos de música de câmara e estudos técnicos instrumentais, que aliados ao ensino teórico compõem a base do ensino de música nas universidades. 3 ASPECTOS DESCRITIVOS DO TRATAMENTO TÉCNICO DE PARTITURAS Segundo Matos (2007) são três os meios de registro de obras musicais: partitura; documento sonoro; e documento audiovisual. Para fins da presente pesquisa, optou-se por aprofundar a análise no suporte partitura, definido pela autora como uma “informação musical grafada, em papel, sob formas e linguagem variadas que acompanham a evolução da História da Música e das civilizações ao longo do tempo” (MATOS, 2007, p. 20) A partitura relaciona e apresenta, numa linguagem musical, todos os aspectos musicais indicados na seção anterior, como gênero, meio de execução (instrumento/voz), harmonia, ritmo, melodias e etc.

Segundo o Código de Catalogação Anglo-Americano (FEDERAÇÃO..., 2004) as partituras podem se dividir nas seguintes tipologias: partitura; partitura condensada; partitura fechada; partitura de bolso; parte do regente-pianista; partitura vocal; redução para piano; partitura de coro; e parte. Contudo, por falta de definições precisas quanto a cada uma dessas tipologias no Código, optou-se por aprofundar a análise descritiva nas tipologias apresentadas por Matos (2007) como as mais recorrentes em unidades informacionais especializadas, que são: partitura; parte de execução; partitura + partes de execução; e redução para piano. No caso da partitura “toda a informação musical a ser executada está descrita em somente um volume – página a página, simultaneamente – seja uma partitura somente para piano ou até para um grupo de instrumentistas – duo, trio, quarteto, quinteto etc.” (MATOS, 2007, p22). Já a parte de execução pode ser considerada um anexo de um conjunto de partituras de uma mesma obra e é recorrente em obras que têm por meio de execução dois ou mais instrumentos distintos. Segundo Matos (2007, p. 22) a parte de execução é “o volume que contém somente a linha de um instrumento, mas este instrumento é parte de um grupo onde vários outros instrumentos deverão executar juntos, cada um a sua parte”, para que a junção de todos se torne a manifestação musical pretendida pelo compositor. Ainda falando de obras musicais que tenham por meio de execução dois ou mais instrumentos, a partitura + partes de execução é um conjunto de partituras de uma mesma obra, segundo Matos (2007, p. 22) essa “obra é apresentada em um jogo de vários volumes, sendo que um volume descreve todas as linhas dos diferentes instrumentos e os outros volumes descrevem cada um a linha de um só instrumento.” Essa é a tipologia documental de acervos de orquestra ou demais grupos musicais, como: bandas marciais, bigbands, e etc. Para a execução musical, realizada por orquestras, por exemplo, o volume que apresenta todas as linhas musicais dos diferentes instrumentos indicados na obra é utilizada pelo regente, ou maestro. Já os volumes que apresentam as linhas individuais são distribuídas para os instrumentistas de acordo com seu respectivo instrumento, como mostra a FIGURA 1. FIGURA 1 - Distribuição espacial de instrumentos / partituras para execução musical

Fonte: Britânica escola

Segundo Matos (2007, p. 30) a redução para piano é realizada “a partir de uma partitura de orquestra, com várias linhas instrumentais, para ser executada ao piano. Para isso a reformulação deve ser pensada de acordo com os limites da execução pianística da obra.” Essa tipologia é bastante recorrente em obras do gênero musical concerto solo, trabalhada na sessão anterior. Nesse gênero, as harmonias e melodias que originalmente seriam executadas pelos instrumentos integrantes da orquestra são adaptadas e reescritas numa nova partitura para serem executadas por um único instrumento, o piano. 4 QUESTÕES DE FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE COLEÇÕES MUSICAIS EM UNIDADES UNIVERSITÁRIAS Uma das peculiaridades das bibliotecas universitárias é a necessidade de atender diretamente as demandas informacionais propostas nas ementas das disciplinas dos cursos de graduação e pós-graduação oferecidos pela instituição de ensino superior responsável pela biblioteca. O referencial bibliográfico presente nas ementas dessas disciplinas são estipulados inicialmente pelo programa pedagógico dos cursos. No campo da música isso não é diferente, o estudo instrumental são

orientados por ementas estruturadas para o desenvolvimento técnico e artístico dos estudantes e o repertório escolhido para alcançar tais objetivos é decidido no consenso entre professor e aluno 5 dentre as opções propostas na ementa de cada disciplina. Para melhor visualizar os pontos mencionados acima, utilizou-se do Projeto de Curso de Bacharelado em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Segundo esse documento, o curso tem sua estrutura curricular dividida em seis áreas, como apresentado no Quadro 1. QUADRO 1 – Áreas do conhecimento, e suas respectivas disciplinas, do curso de bacharelado em Música da UFRN. Áreas do conhecimento

Disciplinas

Habilitação

Canto 1-8; e Instrumento 1-8.

Performance

Musica de Câmara 1-4; Canto Coral; Improvisação 1-2; Fisiologia da Voz; Dicção Lírica 1-3; Laboratório de Ópera 1-2; Tópicos Especiais em Performance 1-2; Expressão Corporal e Vocal 1-3; Canto Complementar 1-2; e Regência 1-2.

Teoria da Música

Harmonia 1-6; Análise Musical 1-4; Tópicos Especiais em Análise Musical 1-2; Contraponto 1-2; Percepção Musical 1-4; Tópicos Especiais em Percepção; Música e Computação 1-2; e Oficina de Composição 1-2.

Musicologia

História da Música; Seminário em História da Música 1-5; Música Brasileira 1-2; Música Popular Brasileira 1-2; Filosofia da Música 1-2; Seminário em Musicologia 12; História e Literatura Vocal 1-2; História e Literatura do Instrumento 1-2; e Folclore Musical.

Metodologias e Projetos Metodologia da Pesquisa em Música; e Projetos em Música. em Música Exercícios Públicos e Exercício Público 1-4; Recital Solo; Recital de Música de Câmara; e Recital de Recitais Graduação. Fonte: adaptado de UFRN, 2006.

Como mostra o QUADRO 1, o curso de Bacharelado em Música da UFRN tem suas disciplinas divididas em 6 áreas: habilitação; performance; teoria da música; musicologia, metodologias e projetos, e exercícios públicos e recitais. Os cursos de bacharelado em música são direcionados à especialização em um único instrumento musical ou à performance vocal. Diante disso, nota-se a necessidade de um acervo musical com partituras que atendam a necessidade de especialização no instrumento/voz nas diversas classes relativas ao instrumento/voz de habilitação. Salienta-se que as disciplinas da área habilitação se estendem por 8 5

Observa-se que os cursos de música das universidades brasileiras, principalmente os cursos de bacharelado, possuem cadeiras de prática instrumental de aulas práticas em caráter individual.

semestres, podendo cada uma delas representar demandas informacionais específicas. O QUADRO 2 apresenta as demandas de partituras das 8 disciplinas da classe de violino do curso de Bacharelado em Música da UFRN. QUADRO 2 – Demanda de partituras pelas disciplinas de violino do Bacharelado em Música da UFRN Nível



Demanda de métodos / estudos KREUTZER, R. 42 estudos. New York: IMC. ŠEVČÍK, O. Escola técnica do violino, Op. 1. ŠEVČÍK, O. Escola de técnica de arco, Op. 2. FLESH, C. Sistema de escalas. New York: Carl Fischer. • FLESH, C. A arte do violino. New York: Carl Fischer. • SITT, H. 100 Estudes, Op. 32. Milão: Ricordi. • • • •

Demanda de repertório



Sonatas barrocas para violino e baixo contínuo.



FISCHER, S. Basics: 300 exercises and practice routines for the violin. New York: Peters. • DOUNIS, C.D. Violin players daily dozen. New York: Harms.





Itens anteriores



Itens anteriores





Itens anteriores



Itens anteriores



Itens anteriores







RODE, P. 24 Caprichos para violin. Buenos Aires: Ricordi América.

J.S.Bach. Sonatas e Partitas para violino solo. Maiz: Schott. • Sonatas do período clássico para violino e piano. •





Itens anteriores

Concertos para violino e orquestra de W.A. Mozart. • Sonatas do período romântico para violino e piano. • Peça brasileira para violino.





Itens anteriores





Peça brasileira moderna para violino.

Concertos do período moderno para violino e orquestra. • Sonatas do período moderno para violino e piano. • PAGANINI, N. 24 Caprichos, Op.1. New York: IMC. •





Itens anteriores

Fonte: elaboração própria (2015).

Como se vê no Quadro 2, as ementas das disciplinas de Instrumento 1-8, na habilitação em violino do Bacharelado em Música da UFRN apresenta referências de obras específicas de partituras de métodos e estudos. Contudo, algumas sem especificação de editora. Além disso, observa-se a indicação de poucas referências das partituras

indicadas como repertório, apresentando termos como “sonatas barrocas para violino e baixo contínuo”, e “sonatas do período clássico para violino e piano”. Nessas situações deve ocorrer a cooperação entre bibliotecário e professor no processo de formação e desenvolvimento de coleções. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A gestão de acervos de partituras musicais em abordagem interdisciplinar pode ser realizada através de modelos de representação temática que apliquem rotulações de acordo com os gêneros musicais difundidos no campo da música. Além de representações descritivas das tipologias de partituras apresentadas no decorrer da pesquisa, como partitura, parte de execução, partitura + parte de execução e redução para piano, uma vez que cada uma dessas categorias são direcionadas para grupos instrumentais relativamente específicos. Nota-se que para o tratamento temático de partituras se faz necessário observar as modificações conceituais realizadas, no decorrer da história da música, nos termos que nominam cada gênero musical, de forma que o modelo de representação temática utilizada deva obedecer tais mudanças, como as indicadas nos gêneros sinfonia e sonata, que sofreram ressignificações entre os períodos barroco e clássico da música. A análise das ementas das disciplinas de violino do curso de bacharelado em música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte mostrou que parcela dos gêneros musicais apresentados no decorrer do presente documento estão presentes nas

demandas

de

partituras

dos

referidas

disciplinas,

com

enfase

em

estudos/métodos, sonatas, e concertos. Estudos mais amplos podem indicar que cada instrumento (instrumento musical, voz, grupo de instrumentos) abordado nas disciplinas das categorias habilitação e performance possuirão demandas de partituras de gêneros relativamente específicos. A presença de indicações genéricas de obras musicais nas demandas de partituras das ementas estudadas mostram que a implementação de políticas de formação e desenvolvimento de coleções de partituras, que não prevejam a participação direta dos professores de cada classe de instrumento nos processos de seleção de novas obras musicais, podem acarretar a aplicação de recursos financeiros em materiais que não serão utilizados.

REFERÊNCIAS ANDRADE, Mario de. Introdução à estética musical. São Paulo: Hucitec, 1995. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ASSOCIAÇÕES DE BIBLIOTECÁRIOS, CIENTISDAS DA INFORMAÇÃO E INSTITUIÇÕES. Código de catalogação angloamericano. 2. ed. São Paulo: Imprensaoficial, 2004. MATOS, Alexsandra Linda Herbst. Documentação Musical: discussão sobre a representação temática de partituras a partir de um enfoque interdisciplinar. 2007. 116 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Mestrado em Ciência da Informação, Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: Acesso em: 31 jan. 2016. MED, Bohumil. Teoria da Música. 4. ed. Brasília: Musimed, 1996. SADIE, Stanley. New Grove Dictionary of music and musicians. 2. ed. Massachussets: Quebecor World, 2001. UFRN. Projeto de Curso. Projeto Político Pedagógico do Curso de Bacharelado em Música da UFRN. Disponível em: Acesso em: 31 jan. 2016. WESTRUP, Jack Allan; HARRISON, Frank Llewellyn. The new college encyclopedia of music. New York: Norton & Company, 1976.

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