Gijoncongresso. Produção e comércio de cerâmicas em B.A..pdf

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Unidad y diversidad en el Arco Atlántico en época romana II. PRODUCCIÓN, CIRCULACIÓN Y CONSUMO Gijón 2003, 109-122

PRODUÇÃO E COMÉRCIO DE CERÂMICAS EM BRACARA AVGVSTA RUI MORAIS Universidade do Minho

Fig. 1.- Bracara Augusta, no contexto do Entre Douro e Minho (in, Lemos, 1999:90)

I. INTRODUÇÃO Bracara Augusta, cidade romana fundada pelo imperador Augusto nos dois últimos decénios do período tardo-republicano, foi um importante centro administrativo e económico ao longo de muitos séculos, como o provam as suas funções de sede do Conventus Bracaraugustanus, capital da província da Galécia, a partir de Diocleciano, sede de Bispado e, posteriormente, capital do reino suevo. A sua localização privilegiada, situada nas proximidades da costa do Noroeste Atlântico, onde desembocam os rios Cávado, Ave e Douro, e na intersecção de dois eixos que haviam anteriormente servido as populações protohistóricas (um atlântico oriundo do vale do Tejo e um outro que ligava a Meseta à Orla Marítima), justifica, a importância da cidade que se tornará num dos “epicentros” fundamentais da rede viária do NO e num mercado privilegiado da região (fig. 1 e 2). A função de mercado privilegiado que a cidade desde cedo exerceu está, alias, bem documentada por um conjunto de inscrições aí encontradas. Para além de uma inscrição dedicada a Mercúrio, encontrada num muro da cerca do Seminário de Santiago em Braga (Tranoy, 1981: 315; Santos, Le Roux e Tra-

Fig. 2.- Traçado esquemático da rede viária de Bracara Avgvsta

noy, 1983: 188, nº 8; Est. IV, nº 10), actualmente em depósito no Museu Pio XII, e de três inscrições (vid. CIL, II, 2417; AE, 1973: 310) dedicadas aos Lares viales (uma das quais inédita), o papel económico da cidade está especialmente testemunhado por duas inscrições, uma (vid. CIL, II, 2413 = ILER, 547) consagrada ao genius do edifício do mercado (genius macelli) e outra (vid. CIL, II, 2423) dedicada, na época de Cláudio, a Caius Caetronius Miccio pelos cidadãos romanos que negociavam em Bracara Augusta (cives Romani qvi negotiantur Bracaraugusta) (fig. 3).

II. OS DADOS DA CULTURA MATERIAL Os dados arqueológicos reunidos na cidade nas últimas décadas, embora desiguais quanto ao volume e qualidade de informação, forneceram um acervo particularmente importante de material, sobretudo cerâmica, que inclui produções importadas e produções de proveniência local ou regional. Dentre as produções importadas salientamos as ânforas e as cerâmicas finas de mesa, estas representadas pelas produções de paredes finas e sigillatas do período Alto e Baixo-Imperial.

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Fig. 3.- Estado e leitura da inscrição no momento em que foi lida por G. Alföldy

Quanto às produções de origem local optamos por dar a conhecer os testemunhos da existência de olarias na cidade, através da presença de acessórios de olarias e de produções cerâmicas resultantes dessas actividades. Valoriza-se, ainda, a existência de moldes em cerâmica para a produção de sítulas em bronze e de lucernas e, em apêndice, damos conta dos os vestígios relacionados com a produção de vidro e o trabalho do metal e respectiva dispersão na cidade.

2.1. AS PRODUÇÕES IMPORTADAS 2.1.1. As ânforas As escavações realizadas na cidade permitiram reunir um conjunto de ânforas importadas desde a fundação da cidade até ao Baixo Império, o que nos parece deveras significativo. O seu estudo (Morais, 1998a: 683-696) permitiu verificar o predomínio acentuado das produções de origem bética (c. de 81,6%) relativamente a outras proveniências (histograma I). Relativamente aos produtos transportados constatou-se que as ânforas vinárias, particularmente as de produção Bética, são as melhor representadas (c. de 70,75%), contrastando com o índice notavelmente baixo das ânforas piscícolas (c. de 9,64%) e, em particular, das ânforas oleícolas (c. de 1,41%) com a mesma proveniência (histograma I e fig. 4).

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Fig. 4.- Quantidade de ânforas Béticas encontradas em Bracara Augusta

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Histograma I.- Número e percentagem de fragmentos por área de proveniência e conteúdo

O estudo das ânforas de produção bética (id.: ibidem) permitiu ainda, para além de constatar uma dispersão considerável e homogénea por toda a área ocupada da cidade romana, uma avaliação qualitativa e quantitativa do conjunto destas ânforas encontradas até ao momento (id.: ibidem). Esta avaliação (histograma II) teve em linha de conta o número mínimo de indivíduos (N. M. I.) calculados a partir de elementos significativos (bordos, asas e fundos) que permitiram identificar com segurança as respectivas formas. Estes dados não sendo absolutos não pecam por excesso mas antes por defeito.

No período Alto-Imperial há uma presença esmagadora de ânforas Haltern 70, representadas por cerca de 235 exemplares, que surgem associados a 11 exemplares da forma Dressel 2-4 e uma provável Dressel 28 (histograma II e fig. 4). Neste mesmo período evidencia-se, ainda, a presença de ânforas usadas no transporte de azeite e preparados de peixe: as primeiras representadas por 14 exemplares das tradicionais ânforas Dressel 20; as segundas por 49 exemplares, 43 dos quais pertencentes à forma Dressel 7-11/Beltrán I; dos restantes fragmentos, 2 pertencem à forma Beltrán II A, 3 à forma Beltrán II B e o último à forma Dressel 14 a (histograma II e fig.4). No período Baixo Imperial a presença de cerca de 24 ânforas “Almagro 50”/Keay XVI e de uma ânfora Beltrán 72, revelam uma continuidade na importação de ânforas de proveniência bética (histograma II e fig.4). Esta continuidade demonstra uma clara preferência por produtos oriundos desse mercado relativamente a outras áreas de produção mais próximas que ofereciam o mesmo género de produtos como a província da Lusitânia.

2.1.2. AS CERÂMICAS FINAS DE MESA 2.1.2.1. O período alto-imperial A análise quantitativa das produções cerâmicas importadas durante o período pré-flávio encontradas até hoje na cidade (Morais, 1997-98: 70-71) revelou uma maior quantidade de terra sigillata de tipo itálico (344 frag.) relativamente às restantes produções de terra sigillata do sul da Gália (209 frag.) e de paredes finas (74 frag.)1 (histograma III). Histograma II.- Avallação quantitativa das ânforas Béticas encontradas em Bracara Augusta

{1} Como se pode ver no histograma III, no período A existe um predomínio das produções do período “clássico” de terra sigillata de tipo itálica, associada a uma considerável presença de paredes finas e apenas um exemplar da produção “primitiva” da terra sigillata do sul da Gália. No período B verifica-se uma quebra da representação das produções, denominadas “tardias”, de terra sigillata de tipo itálica, agora em idêntica paridade numérica com as produções de paredes finas. No período C, como seria de esperar, diminui consideravelmente a presença das produções de terra sigillata de tipo itálica em detrimento das produções da terra sigillata do sul da Gália, cujas exportações estavam então no seu auge, ou “esplendor”. Ainda neste período a presença de paredes finas diminui consideravelmente relativamente aos períodos anteriores. Finalmente, no período D, dá-se uma quebra de todas as produções apesar da continuidade das importações da terra sigillata do sul da Gália que perdura, naturalmente, ao longo de todo o séc. I até cerca de meados da centúria seguinte (Morais, 1997-98. 70-71).

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RUI MORAIS 2.1.2. 2. O período baixo-imperial

Histograma III.- Produções por período

No período Baixo Imperial constata-se o predomínio da terra sigillata hispânica tardia, com c. de 630 exemplares, relativamente às restantes produções de cerâmicas finas importadas. A isto se deve seguramente a posição geo-estratégica da cidade, situada, como vimos, na intercepção de variados eixos viários que facilitaram as actividades comerciais no interior da Península, nomeadamente no Nordeste peninsular. A presença, também significativa, de terra sigillata africana de época tardia2, com c. de 440 exemplares (histograma V), juntamente com as restantes produções de origem africana e do mediterrâneo oriental (histogramas V e VI) (Morais (a), no prelo), resulta da relativa proximidade da cidade da costa do Noroeste Atlântico, beneficiando da rota comercial que se dirigia às Ilhas Britânicas, onde se localizaram materiais com a mesma proveniência (Jarrega Dominguez, 1991: 95; Tyers, 1996). Dentre estes materiais importados por via marítima destacamse, como dissemos, as sigillatas africanas de época tardia (Morais (a), no prelo), com o predomínio do fabrico D sobre o C (histograma V).

Se considerarmos a presença destas cerâmicas em todo o período AltoImperial a situação é naturalmente distinta. Neste caso a sigillata de tipo itálico itálica está pouco representada, contanto apenas com cerca de 5% da totalidade (c. de 344 frag.), relativamente à sigillata do sul da Gália, com cerca de 8% da totalidade (c. de 574 frag.). Ambas estão escassamente representadas quando comparadas com a sigillata hispânica proveniente da região de Tritium Magallum (La Rioja), que abunda em cerca de 85% da totalidade (c. de 6337 frag.). A presença de paredes finas importadas continua residualmente representada, contando apenas com cerca de 2% da totalidade (c. de 163 frag.) (histograma IV).

Histograma V.- Quantidade de exemplares por Produção/Período

Histograma IV.- Quantidade destas produções no período Alto Imperial

O apogeu destas importações situa-se no século IV com as produções de fabrico D, designadamente entre 290/300 a 400/420 (com c. de 256 fragmentos), sendo maioritárias as formas Hayes 59 e 61, com c. de 107 fragmentos cada. As produções deste fabrico diminuem consideravelmente no século V (testemunhando-se apenas c. de 27 fragmentos) para de novo recrudescerem nos fins do século V/inícios do VI a meados do século VII, com a presença de c. de 70 fragmentos (histograma V). O fabrico C proveniente da Tunísia Central, como referimos, menos abundante relativamente ao fabrico D do Norte da Tunísia, está melhor representado na sua 2ª fase de produção tardia, entre c. de 320/30 a 475, com c. de 52 fragmentos, do que relativamente à sua primeira fase da produção, de c. de 200 a 320/30, contando apenas com c. de 22 fragmentos, e, em definitivo, quanto à sua ultima e 3ª fase de produção, entre c. de 430 a inícios do séc. VI, com apenas um fragmento da forma Hayes 82 (histograma V). A presença do fabrico E do Sul da Tunísia é residual (histograma V), contando apenas com c. de onze fragmentos da forma 70, datáveis do século IV à 1ª metade do século V e um fragmento da forma 62, datado de c. 350 a 440 (id.: ibidem).

{2} Este material, ainda por estudar, ainda não está publicado. Agradecemos a Manuela Delgado esta informação.

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PRODUÇÃO E COMÉRCIO DE CERÂMICAS EM BRACARA AVGVSTA O aumento das importações de ânforas do Mediterrâneo oriental a partir dos meados a finais do século V parece ser comum no ocidente do Mediterrâneo. Esta situação talvez possa explicar a presença de outros materiais com mesma proveniência e difundidos, seguramente no mesmos âmbitos (histograma VI). Trata-se de c. de vinte e cinco exemplares de terra sigillata foceense (LRC) pertencentes a diferentes variantes da forma 3, na sua grande maioria datados de 450 a 475 (id.: ibidem). Ainda que residuais, devem também ser referidos dois fragmentos de terra sigillata cipriota (LRD) publicados por Manuela Delgado (1988: 35-49; Est. III, nº 2-3), juntamente com alguns fragmentos de terra sigillata foceense (LRC) (histograma VI). Fabricados nos meados do século VI estes fragmentos provêm duma camada de destruição dum hipocausto, provavelmente construído no decorrer do século IV e associados a fragmentos de dois pratos da forma 3 de terra sigillata foceense (LRC) e de vários fragmentos de diversos vasos de fabrico local que imitam a produção da terra sigillata cinzenta gálica tardia (id.: ibidem: 43; Morais (a), no prelo).

Histograma VI.- Quantidade de exemplares por Produção/Origem

2.2. AS PRODUÇÕES LOCAIS 2.2.1. A existência de olarias A importância das actividades oleiras na região está bem documentada no estudo realizado por Mário Barroca (1993: 159-170) sobre os “Centros Oleiros de Entre-Douro-e-Minho (Séc. XIII)…”. Neste estudo, realizado a partir de referências documentais e vestígios arqueológicos conhecidos na região, destaca-se a actividade oleira na zona do Prado/Cervães no contexto do abastecimento de uma vasta região do “Entre-Douro-e-Minho”, onde é reconhecida como uma das mais importantes e melhor documentadas para o período medieval (id.: ibidem: 163). A importância deste centro oleiro manteve-se, todavia, para além daquele período como se pode constatar pelo excelente estudo etnográfico que lhe consagrou Rocha Peixoto nos inícios do passado século (1900: 227-270; 2º ed., 1966: 9-60; Ests. I-XI; 3ª ed. 1967: 89-132); aí se refere a dispersão destes produtos, no sentido norte-sul, desde a Galiza até à Figueira e, para leste, até Trás-os-Montes e as Beiras. Um estudo mais recente

publicado por Viriato Capela (1992: 5-55), intitulado “Os despachos da Alfândega de Viana entre 1750 e 1830”, destingue este centro oleiro como “um dos núcleos de produção mais significativos, com uma das mais alargadas áreas de expansão comercial” (id.: ibidem: 5), penetrando, inclusivamente, no território alto-minhoto e galaico, através do porto de Caminha e do rio Minho (id.: ibidem: 14; ), sobretudo nas regiões costeiras (id.: ibidem: 21). A recorrência a estes barreiros em época romana era previsível se salientarmos que naquela área, para além da existência de um castro (entretanto destruído por uma fábrica de confecções), se encontraram importantes e abundantes vestígios de romanização muito próximos (4 km.) de uma via romana que estabelecia a ligação Bracara – Tude. Hoje podemos afirmar que, de entre as várias indústrias conhecidas na cidade romana, a olaria foi, sem dúvida, a mais significativa. Esta afirmação baseia-se, naturalmente, nos achados arqueológicos que têm vindo a ser exumados nas últimas décadas. Acontece, porém, que até ao momento não se encontraram evidentes estruturas associadas às diferentes oficinas que existiram na cidade. Apenas se conhece a referência a um possível forno encontrado em duas intervenções de salvamentos realizados pela UAUM, em 1978 e 1979, num terreno desaterrado para construção, situado entre as instalações da Livraria Cruz e a Rodoviária Nacional e da existência de um outro referido pelo Cónego Arlindo Ribeiro da Cunha (vid. Correio do Minho 5-11-1964 a 13-11-1964) resultante da abertura da R. Santos da Cunha no ano de 1955. A existência deste último forno foi posteriormente corroborado por Rigaud de Sousa (1966; 1969), quando, a propósito do estudo de dois moldes de lucerna encontrados durante a abertura da dita rua, refere os vestígios daquele forno, associado a uma grande quantidade de argila pronta a ser utilizada. Este último testemunho, deveras interessante, resultou das intervenções realizadas em 1966 por este último autor, aquando da construção de um edifício situado no ângulo Este das ruas Santos da Cunha e de Pêro Magalhães Gândavo. Aí foram identificados vários muros que formavam compartimentos rectangulares e, junto a estes, um outro constituído por fiadas de pedras irregulares ao qual estava adoçado um pavimento forrado por ladrilhos. Este pavimento era percorrido por profundos sulcos descrevendo figuras mais ou menos espiraladas e recobertos por barro nativo muito fino e depurado. A análise deste barro efectuada, nos laboratórios do Fundo de Fomento Mineiro por Rebolho Lapa, revelou tratar-se de uma argila proveniente dos barreiros da freguesia de S. Romão da Ucha (Concelho de Barcelos), situadas a cerca de 14 Km da actual cidade (Oliveira, 1998: 39). Além dos materiais cerâmicos propriamente ditos e da referência aos vestígios de fornos e um tanque para decantação de argila, deve destacar-se ainda a presença de alguns acessórios de olaria (Foto 1), representados por duas relas de roda de oleiro cavadas em suporte de argila, um calço de argila provavelmente utilizado para separar os vasos no forno e uma parte de um suporte bitroncocónico3. A ausência de vestígios de sobrecozedura neste último exemplar leva a supor que ele teria sido apenas utilizado como suporte para facilitar a secagem das peças e não utilizado como separador de um forno. Encontrou-se também um disco fragmentado proveniente das escavações realizadas em 1978 na “Casa da Bica”, situada na Colina da Cividade, idêntico a um outro proveniente duma villa (Póvoa do Lanhoso), eventualmente utili-

{3} Exemplos semelhantes utilizados para os mesmo fins foram encontrados, entre outros locais, no centro oleiro de Pinheiro para a secagem de ânforas lusitanas do tipo Almagro 51 c (Mayet, Schmitt e Tavares, 1996: 75; fig. 50, nº 166 a 169) e na bética no centro oleiro de Matagallares, para as ânforas Gauloise 4, Dressel 30 e Almagro 51 c (Lorenzo e Bernal Casasola, 1988: 437-438; figs. 171-172). Fora da península exemplos idênticos podem ser vistos em diversos ateliers galo-romanos que produziram cerâmicas comuns, ânforas, telhas (Rivet, 1986: 119-134; fig. 15) ou mesmo sigillatas, como por exemplo, no atelier de La Graufesenque (Vernhet, Bémont e Beck, 1987: 46-47). Na Suiça também se conhecem exemplares que cumpriam a mesma função em locais que possuíam fornos, designadamente, Aventicum (Castella, 1995: 129; 131-132; Ests. 4-5, nº 67-84), Aquae Helveticae-Baden (Drack, 1949: 21-30); Petinesca-Volderberg (Zwahlen, 1995: 126-127) e Lousanna-Vidy (Laufer, 1980: fig. 46, 58-59).

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2.2.2. Exemplos de produções locais As produções de cerâmica de origem local mostram uma grande diversificação e o savoir-faire dos oleiros de Bracara Augusta. Dentre estas produções destacamos a produção de cerâmicas finas de mesa, representadas pelas “paredes finas”, a cerâmica “bracarense”, a produção de lucernas com a assinatura da oficina de LVCRETIVS e ainda moldes de sítulas e de lucernas. 2.2.2.1. As cerâmicas de paredes finas

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zados na fase do torneamento ou enfornamento. Este tipo de elementos estão bem documentados em locais de produção de cerâmica sendo normalmente denominados como aneis-suportes, isoladores, separadores, etc (vid. Rivet, 1986: 129-130; fig. 15). Com uma função ainda não claramente determinada, mas provavelmente relacionada com a sua utilização nos fornos como separadores de cerâmicas durante o processo da cozedura (Bout, 1999: 80; 81, fig. 46)4, encontraram-se, ainda, quatro exemplares de forma cilíndrica com um orifício disposto verticalmente, três dos quais provêm das Cavalariças e o restante da R. Damião de Góis. Nas antigas escavações realizadas na Colina do Alto da Cividade foi recolhido um bloco de argila a que atribuímos um particular interesse, presentemente em depósito no Museu D. Diogo de Sousa. Trata-se de um bloco de argila primitiva (Foto 2) imperfeitamente amassado seguramente submetido à acção do sol, e com alguma probabilidade proveniente de um tanque de decantação. Encontrados nas escavações realizadas nas Cavalariças temos ainda pequenos restos de escórias de cerâmica (Foto 3), que supomos relacionados com fornos existentes in loco ou nas proximidades.

Até hoje insuspeitada, existiu de facto uma produção de paredes finas locais, embora, de momento tenha de ser considerada residual. Para a sua revelação contribuiu o estudo, entretanto por nós realizado (Morais, 1997-98), sobre as produções de paredes finas importadas que nos permitiu individualizar sete fragmentos com características de fabrico atípicas muito próximas produções locais. Tal hipótese foi confirmada pelas análises laboratoriais entretanto realizadas que, em definitivo, vieram comprovar que a produção destas cerâmicas foi realizada com argilas provenientes da região do Prado. Com excepção de um fragmento de fundo de forma indeterminada decorado com incisões dispostas transversalmente, copiam formas de paredes finas provenientes da Bética. Até ao momento encontraram-se quatro exemplares fragmentados, com decoração mamilar disposta de forma aleatória, três dos quais parecem inspirar-se no tipo Mayet XXXVII e o último, de perfil quase completo, no tipo Mayet XXXVIII B. 2.2.2.2. As cerâmicas bracarenses

Trata-se de uma produção com base em argilas cauliníticas como recentemente pôde ser confirmado pelas análises laboratoriais (Leite, 1995; Gomes, 2000). Caracteriza-se por uma pastas depurada muito clara e superfície sempre revestida por um engobe de cor pouco homogénea, variando entre o amarelado, mais frequente, e tonalidades laranja-acastanhadas e salmão. Esta produção caracterize-se também pela imitação das formas mais usuais da terra sigillata hispânica e de algumas formas de paredes finas típicas da região emeritense. Além desta louça fina de mesa muito requintada a “cerâmica bracarense” contempla ainda o fabrico de lucernas, algumas das quais assinadas por LVCRETIVS. A ausência de importações com características análogas a esta cerâmica e a análise atenta da sua produção mostra que não se trata de uma simples imitação de cerâmica importada feita por oleiros de origem local mas antes resul-

{4} Elementos idênticos, dados como separadores de cerâmicas durante o processo da cozedura, foram encontrados em fornos datados do século I, no estabelecimento de La Lagaste em Pomas e Rouffiac (Aude) (Rancoule, 1970: 61) e em contextos mais tardios, datáveis do século II/III, provenientes de Lavoye (Meuse) (Chenet e Gaudron, 1955: fig. 39, nº 14 e 15; fig. 45, nº 16 e 26) e Pont-des-Rèmes à Florent (Marne) (id. ibidem: fig. 42, nº 4).

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PRODUÇÃO E COMÉRCIO DE CERÂMICAS EM BRACARA AVGVSTA tado da vinda de oleiros da região da Bética, conhecedores de formas específicas de paredes finas da região emeritense e da terra sigillata de origem bética, em especial da terra sigillata de Andújar. 2.2.2.3. As lucernas com a assinatura da oficina de LVCRETIVS

No conjunto das marcas de lucernas presentes em Braga destaca-se a presença de lucernas cuja dispersão se centra quase exclusivamente na região do conventus bracaraugustano. Tal dispersão fez com que alguns autores situassem o respectivo local de produção na região compreendida Entre Douro e Minho (Mañanes-Balil, 1974-75: 303), ou mesmo, com alguma probabilidade, em Bracara Augusta (vid. Delgado, 1984: 184; Martins e Delgado, 1989-90a: 29, nota 71; Morillo Cerdán, 1999: 118; 295). A avaliar pelo tipo de fabrico e pelo conjunto das dez marcas até ao momento encontradas na cidade –referentes a quatro tipos distintos de lucernas– pode admitir-se que se trata de uma produção local. Como se observa no quadro seguinte um dos aspectos mais interessantes destas marcas é a variedade das assinaturas e formulários utilizados que determinam, pelo menos, sete marcas diferentes. A maioria destas marcas estão presentes numa variante regional do tipo Loeschcke V, datada de 75/80 a inícios de Adriano, e outras variantes regionais do tipo Dressel 20 e Loeschcke X, datáveis entre os finais do século I d. C. e a 1ª metade do século II.

A identificação da marca EO X / LVCRE[TI] numa versão regional do Tipo Dressel 28 comprova, aliás, a continuidade da laboração desta oficina ao longo de todo o século II e talvez ainda no século III e, como tal, a manutenção de uma autêntica tradição oleira, quer através de membros unidos por laços de sangue ou, simplesmente, de libertos (Pavolini, 1980: 124-125). Serve, ainda, como testemunho da sua importância a nível regional ou, pelo menos, na cidade. 2.2.2.4. Os moldes de sítula e de lucernas

Em definitivo, a presença de moldes provenientes de escavações permitem ampliar a importância e significado das olarias na cidade. Trata-se de moldes em cerâmica para a fundição de sítulas9 em bronze (Martins, 1988: 23-29; Ests. I - III) e para a produção de lucernas de barro10. Os moldes de sítulas, encontrados nas escavações realizadas nas Cavalariças (Foto 4) e no Albergue Distrital (Foto 5), provém de níveis não selados. O estudo de alguns destes moldes realizado por Manuela Martins (1988: 27-29), permitiu, todavia, datá-los, com alguma segurança, entre os finais do século I a. C. e os meados do século I da nossa era (id. ibidem: 27-28). Estes moldes, com pastas de tons variados (predominantemente negras no interior e com superfícies externas alaranjadas), correspondem à parte decorada de moldes bivalves que apresentam uma decoração geométrica com um número limitado de motivos, constituídos por elementos em SSS entrelaçados

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Provavelmente pertencentes aos Tipos Dressel 20 e Loeschcke X. Apenas se conhece a publicação da marca. 3 Atribuição incerta dado o estado de fragmentação.

Proveniência e quantidade de lucernas com a assinatura de LVCRETIVS

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{5} Seguramente pertencentes aos Tipos Dressel 20 e Loeschcke X. {6} Atribuição incerta dado o estado de fragmentação. {7} Apenas se conhece a publicação da marca. {8} Atribuição incerta dado o estado de fragmentação. {9} No actual território português o achado de moldes idênticos ao de Braga apenas se assinalam no castro de Santo António, Afife, Viana do Castelo (Silva, 1896: 168, 194, Est. LXXXIII-13). Quanto à presença de moldes para a feitura de armelas de sítula apenas se documenta, de acordo com a bibliografia consultada, em Conimbriga (Alarcão, 1994: 13; 78, nº 123; 79, nº 122). Na Galiza o achado de exemplares deste tipo de objectos é mais frequente como testemunham os moldes e lâminas e de suportes de asa, para além de vários suportes em bronze, encontrados nos Castros de Santa Trega, A Guarda (Pontevedra), Fozara, Castelo de Neiva e Sto. António (Carballo Arceo, 1983, 7-32, Ests. XII-XVII; id., 1989: 60-63, fig. 35; Est. VIII, 219-220, 125). {10} O achado de moldes de lucernas não é um feito demasiado frequente no Império. Na Península Ibérica Mª T. Amaré e V. García Marcos (1994: 284) e D. Bernal Casasola (1995: 149) recompilaram as peças hispânicas. Em Portugal, para além destes exemplares conhecidos para Braga, apenas se registaram, até ao momento, moldes de lucernas em Alcácer do Sal (Viana, 1948: 9-10; fig. 11 e 12), Quinta do Rouxinol (Almada) (Cordeiro, et alii, 1992: 43); Conimbriga (Bairrão, 1952: 29-30, nº15; Almeida, 1953: 186-87, Est. XLIV, nº 218; Belchior, 1969: 78, nº 198, Est. XXIV, 3); Serpa (Beja) (Teixeira e Silva, 1986: 147-152) e Setúbal (Silva e Coelho-Soares, 1980-81: 267-69; 276; 283, Est. V, nº 45).

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dispostos em bandas horizontais, decorações em espinha e linhas de pérolas também dispostas na horizontal. Um deles, representado pelas duas faces do molde bivalve (Foto 6), permite perceber que se trata de moldes para a fundição de lâminas decoradas provavelmente pertencentes à parte superior de sítulas. Um outro (Foto 7), correspondente à parte superior do suporte anelar da asa de uma armela de sítula, serviu para a produção de armelas de sítula em bronze com a representação de mascarões abundantes na cidade. Dos três moldes de lucernas11 encontrados na cidade, dois, correspondem à parte inferior de moldes bivalves e foram já dados a conhecer por Rigaud de Sousa em dois artigos (Sousa, 1965-66: 165-172; 1969: 309-311). Como já referimos, e de acordo com o autor, estes moldes foram encontrados em 1955 aquando da abertura da Rua Santos da Cunha (freguesia de Maximinos, Bra-

ga) onde apareceram associados a vestígios de um forno cerâmico e grande quantidade de argila pronta a ser utilizada. O primeiro a ser objecto de estudo e publicação (Fotos 8-9), de tonalidade esbranquiçada e muito bem cozido, serviu para fabricar lucernas de volutas12. O segundo molde, apesar das suas maiores dimensões (Fotos 10-11), apresentava, segundo o autor, as mesmas características do anterior (id.: ibidem). Infelizmente também se encontra mutilado e desta vez a fractura deuse exactamente onde devia estar a marca do oleiro, eliminando-a. O terceiro molde (Fotos 12-13), que corresponde à parte superior de um molde bivalve ricamente decorado, foi encontrado nas escavações realizadas nas “Cavalariças” e provém de uma camada de ocupação pré-flávia, entre uma

{11} Deve sublinhar-se que parte destas lucernas de fabrico local foram já motivo de estudo por parte de Manuela Delgado, na sua publicação conjunta com Manuela Martins, a propósito das necrópoles de Bracara Avgvsta (1989-90b: 170-71). Neste estudo a autora atribui à grande maioria das lucernas encontradas nas necrópoles uma origem local, provavelmente originária de Braga, e que imitavam os produtos importados ou neles se inspiravam (id., ibidem). {12} Segundo Rigaud de Sousa (1965-66: 169), trata-se da parte inferior de um molde de uma “lucerna de volutas do Tipo Dressel 14, Broneer XXII, British Museum 84, Loeschcke VI, Palol Salellas 8”. O facto de se desconhecer o paradeiro deste molde impede a confirmação desta tipologia. Todavia, a ser verdade, estaríamos perante um molde de lucernas integrável na mais recente tipologia de Bailey, designadamente do Tipo B (ii), datável do período tiberiano a inícios do reinado de Trajano (Bailey, 1980: 153-154; 157-183; Est. 10 a 15, nº 855 a 916).

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RUI MORAIS camada de derrube e um solo de terra batida (Morais, no prelo (b)). Como referimos no estudo por nós já realizado (id. ibidem) pensamos estar perante um exemplar utilizado para o fabrico de lucernas de volutas, designadamente do tipo Loeschcke I (sub-variante I A13), datado do período de Augusto a Tibério (id.: ibidem)14.

III. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AS IMPORTAÇÕES E PRODUÇÕES LOCAIS 3.1. AS IMPORTAÇÕES – Um centro urbano como Bracara Augusta implicava uma importante diversificação na vida económica, facilitada pela relativa proximidade da costa que permitia o acesso a pontos privilegiados para o intercâmbio económico de variados produtos originários doutras regiões. De facto, a ligação entre os diferentes portos costeiros, pequenos ancoradouros e vias de penetração para o interior foi primordial para o desenvolvimento económico da cidade e de todo o NO peninsular, como se pode verificar pelos vestígios materiais encontrados. – Bracara Augusta disputou certamente com Lucus Augusti e Asturica Augusta a função de centro redistribuidor do Noroeste. No entanto, o seu raio de influência parece não ter ultrapassado em grande escala a margem sul do Rio Douro, dado que as regiões centro e sul do actual território português dependiam, então, de outros circuitos comerciais. – Para enquadrar o tema do comércio de Bracara Augusta dentro dos parâmetros globais do Império Romano devemos partir da constatação de uma condição básica: a cidade, inserida no contexto da vertente atlântica do NO peninsular, não era um centro de passagem das principais rotas terrestres e sobretudo marítimas do Império, com excepção da rota atlântica. Neste contexto, compreende-se que a quantidade de produções cerâmicas importadas e o volume do comércio com as regiões mais afastadas do Império sejam escassos quando comparados com a realidade de outras cidades nucleares da Península. Devemos, todavia, levar em consideração que a apreciação sobre a actividade comercial e a vida social da população de Bracara Augusta não pode ter como único padrão o volume daquelas produções. De facto, a observação geral das ânforas encontradas na cidade permitiu, como já dissemos, verificar a presença destacada de ânforas de proveniência bética, o que vem confirmar a existência de um abastecimento regular do Noroeste, da Britannia e dos estabelecimentos mais setentrionais do limes germânico, que tiveram como eixo de circulação privilegiado uma rota marítima atlântica. – Podemos, assim, considerar que a presença esmagadora de ânforas de proveniência Bética, no período Alto Imperial, em Bracara Augusta e no Noroeste Peninsular, reflecte o intenso intercâmbio que então teria existido entre as províncias da Baetica e da Britannia, dificilmente sustentado com base noutras rotas comerciais marítimas, por demasiados dispendiosas, em comparação com a rota atlântica. – A presença significativa na cidade de terra sigillata africana tardia (ARS) ao longo de todo o século IV encontra paralelo noutros contextos conhecidos na península também eles abrangidos pelos fluxos comerciais da rota atlântica, como comprovam os sítios de Conimbriga (Delgado, 1975a: 261-266;

Delgado, 1975b: 71-72) ou da região Cantábrica, designadamente Gijón e Iruña (Jarrega Dominguez, 1991: 92; Carmen Ochoa, García Díaz, Uscatescu Barrón, 1992: 105-149). A diminuição destas cerâmicas durante o século V, provavelmente já na sua primeira metade, poderá estar relacionada com a chegada dos contigentes bárbaros, que no caso da cidade de Braga, data de 409. À semelhança de outros contextos peninsulares, no período correspondente aos finais do século V e inícios do seguinte, dá-se um ligeiro aumento no número destas produções, segundo alguns explicada pela maior diversificação formal (Jarrega Dominguez, 1991: 93). A quebra total deste comércio a partir do segundo quartel do século VI, fenómeno ocorrido em todo o contexto peninsular, ficou a dever-se seguramente à forte recessão das importações norte-africanas, em consequência das rivalidades entre os Visigodos e Bizantinos. – O predomínio de ânforas orientais tardias relativamente às ânforas africanas significa que deveria ter existido suficiente riqueza na cidade para adquirir tais artigos de luxo, ainda que essa riqueza estivesse nas mãos dos Suevos, ou daqueles romanos abastados que certamente continuavam a viver na cidade. – A existência de terra sigillata focense tardia (LRC) na cidade, seguramente difundida nos mesmos âmbitos, não deixa também de ser revelador da capacidade dos produtos orientais em competir com a terra sigillata africana (ARS) no seu próprio território estabelecido, o ocidente e o Atlântico, depois da conquista Vândala. A presença, ainda que meramente residual, de fragmentos de terra sigillata cipriota (LRD) parece vir em reforço desta situação.

3. 2. AS PRODUÇÕES LOCAIS Os dados obtidos a partir de uma perspectiva arqueológica e das análises laboratoriais realizadas permitem, desde já, afirmar a importância da indústria de olaria em Bracara Augusta. De facto, a par das produções de cerâmicas comuns de diversas funcionalidades, os oleiros de Bracara Augusta tiveram a iniciativa e a mestria de oferecer à população produções diversificadas de qualidade em alternativa às cerâmicas de importação cujas formas de maior êxito eles tão bem souberam imitar. Foi o caso bem documentado das “cerâmicas bracarenses”, da produção de lucernas e de “paredes finas” que, embora até hoje residuais, não deixa de ser exemplificava do savoir faire dos oleiros bracaraugustanos. Como nota final à produção oleira de Bracara Augusta deve ainda salientar-se a presença de alguns exemplares em cerâmica comum ou refractária que comprova a existência de indústrias ligadas às artes do fogo, à produção de vidro e fundição de bronze e ouro, ou às actividades têxteis e ao fabrico de pigmentos (vid. apêndice e fig. 5).

APÊNDICE: A DISPERSÃO NA CIDADE DE VESTÍGIOS RELACIONADOS COM OFICINAS LOCAIS (FIG. 5). Como comprovam os vestígios até ao momento reunidos, Bracara Augusta, à semelhança de outros aglomerados antigos de certa importância, acolhia numerosas oficinas artesanais, dependentes de fabri envolvidos em actividades tecnológicas específicas.

{13} A equivalência desta sub-variante para a tipologia de outros autores é a que se segue: Walters, 78-80; Broneer XXII; Ivanyi I; Palol 6A; Goldman XII; Dressel-Lamboglia 9A; Lerat III-2, A; Ponsich II-A, 1; Deneauve IVA; Alarcão e Salete B-I, 1a; Leibundgut V; Bailey A; Amare IV-2, Aa. {14} Em Portugal, de acordo com a bibliografia consultada, os exemplares desta sub-variante apenas se encontram documentados no Museu de Alcácer do Sal (Almeida, 1953: 1501, Est. XXX, nº 11-13) e no Museu de Conimbriga (Alarcão e Ponte, 1976: 96, Est. XXIII, nº 15).

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Fig. 5.- A dispersão na cidade de vestígios relacionados com oficinas locais

Como referimos, para isso contribui a posição geo-estratégica da cidade que determinou o seu desenvolvimento e favoreceu a difusão de produtos manufacturados e a aquisição de matérias primas. Dentre estas, a argila e a madeira eram adquiridas nas proximidades da cidade enquanto que os metais e o vidro, quando não apenas reciclados, podiam ser adquiridos sob a forma de lingotes e de seguida trabalhados em oficinas especializadas. Neste contexto, salienta-se uma estela encontrada no século XVIII, nas proximidades do “Convento dos Remédios”, decorada com motivos provavelmente relacionados com um atelier de ferreiro (Tranoy e Le Roux, 1989-90: 193-194, fig. 4). Esta estela foi dedicada por Agathopous, escravo de T. Satrius, a outro escravo seu colega, também este de nome grego, chamado Zethus (id.: ibidem). As oficinas de oleiros e telheiros, como certamente outras que provocavam poluição, foram geralmente estabelecidas na periferia das cidades, pois necessitavam de grandes espaços, de muita água, de muita lenha e, sobretudo, de

barreiras abundantes. Tal parece ser o caso da zona de Anobra, situada a cerca de 6 km a noroeste da cidade romana de Conimbriga, como zona provável para o estabelecimento de olarias, e de Avelar, situada a 25 km a sudeste, neste caso, para a extracção de argilas para a produção de louça de barro vermelha típica de uma produção tardia atestada nesta cidade (Alarcão, 1984: 2627; id.: 1994: 21; 23). No caso da cidade romana de Bracara Augusta a região do Prado/Ucha, situada a cerca de 14 km, foi seguramente um local para a extracção de barreiras e, quiçá, centro de estabelecimento de olarias destinadas ao abastecimento da cidade e respectiva região, situação, alias, comprovada desde os idos medievais até aos inícios do precedente século. A possível existência de oficinas de oleiros fora da cidade não invalida, porém, o seu estabelecimento no interior da mesma. De facto, a articulação das informações relativas a antigas referências e a vários achados encontrados nas escavações permite situar um importante sector artesanal fora da malha regular das insulae e quadrante

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sudoeste da cidade, testemunhado pela referência a um forno, um tanque de decantação de argila e dois moldes de lucernas. Os vestígios do trabalho de vidro, foram documentados em inúmeros quarteirões situados dentro e fora da malha regular das insulae. Dentre estes, os mais significativos encontram-se na periferia daquela malha provenientes das antigas escavações realizadas na Casa da Bica, situada na zona oeste da cidade, nas proximidades do decumanus máximo correspondente à actual Rua de S. Sebastião. Daqui provém um tijolo do tipo refractário coberto por escorregamentos de vidro fundido que, conjuntamente com escórias de pasta de vidro verde gelo comum aos vidros dos séculos I-II, encontrados nos entulhos de um poço romano, inequivocamente comprovam a existência de um atelier. Ao contrário da maior parte dos ateliers especializados isolados na periferia dos quarteirões de habitação, os testemunhos das actividades metalúrgicas estão documentados no interior da malha trama regular, à semelhança de outras cidade do mundo romano (Alarcão, 1984: 21; id.: 1994: 14; Krause, 2001: 56-57; Pettinau, 1993: 76). De facto, com excepção de fragmentos de cadinhos para a fundição de bronze e/ou outros metais encontrados na sua periferia, provenientes das escavações realizadas no Edifício Cardoso da Saudade situado na parte nordeste da cidade, os restantes testemunhos das actividades metalúrgicas estão documentados no âmago da cidade. Estes vestígios correspondem a cadinhos para fundição de ouro e bronze (Foto 14) e moldes para a fundição de elementos de sítulas (Fotos 4-5), designadamente a parte superior de lâminas decoradas e suportes anelares de armelas. Como se depreende da análise da dispersão dos vestígios relacionados com todas estas actividades destaca-se o núcleo das Cavalariças como o bai-

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rro artesanal por excelência. Esta situação resulta da variabilidade de concentração de indústrias que aí parece ter tido lugar. Efectivamente, nesta área foram encontrados vestígios relacionados com as actividades oleiras e metalúrgicas. A estranheza da concentração de todas estas actividades bem dentro da malha urbana deve, a meu ver, ser considerada à luz da cronologia precoce de alguns destes vestígios. Dentre estes destaca-se a presença do molde de lucerna datado do período de Augusto a Tibério (Morais, no prelo (b)) e dos moldes de sítula acima referidos datados do período pré-flaviano. Os restantes vestígios relacionados com as olarias encontradas no interior e no exterior da malha urbana são residuais e nem sempre fáceis de explicar. Estão neste caso as duas relas de oleiro (Foto 15), uma proveniente da insula das Carvalheiras e outra do Largo de Santa Cruz, e de um provável acessório de olaria de função indeterminada encontrado nas escavações na Rua Damião de Góis. Os vestígios relacionados com a produção de vidro encontrados no interior da malha urbana, provenientes da insula das Carvalheiras e da Misericórdia, podem, todavia, querer significar a existência de pequenas oficinas, trabalhando a uma escala restrita, para satisfazer as necessidades daqueles quarteirões habitacionais. De fora desta apreciação ficam os testemunhos encontrados nas escavações realizadas na antiga Quinta do Fujacal, situada no extremo sudeste da cidade romana. Trata-se de uma área junto à muralha do Baixo Império, cuja fundação data de finais do séc. III/inícios do séc. IV, onde abundam aterros de materiais cujo significado não pode ser valorizado para se concluir da localização de oficinas artesanais.

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II. P RODUCCIÓN , CIRCULACIÓN Y CONSUMO

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ABREVIATURAS BIBLIOGRÁFICAS AE CIL ILER

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