Gil Vicente, Autos: Índia, Barca do Inferno, Inês Pereira, Coimbra, Angelus Novus · Centro de Literatura Portuguesa, 2015, 289 pp. Co-autores: Ana María García Martín e Pedro Serra.

June 5, 2017 | Autor: Pedro Serra | Categoria: Philology, Philology, Codicology, Critical Edition, Literatura Portuguesa, Gil Vicente
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Gil Vicente

AUTOS: ÍNDIA, BARCA DO INFERNO, INÊS PEREIRA

Edição de Ana María García Martín e Pedro Serra

Coimbra Angelus Novus · Centro de Literatura Portuguesa 2015

ÍNDICE

INTRODUÇÃO I. Da cena à página I.1. O teatro vicentino e a ‘fábrica do mundo’ I.2. Acordes e dissonâncias na obra vicentina I.3. Meios e remediações: sobre a voz de Gil Vicente II. Gil Vicente e a multiplicação do signo linguístico II.1. Língua de autor e português quinhentista II.2. Bilinguismo literário II.3. Língua de personagem II.4. Multiplicação do signo linguístico Os textos desta edição Bibliografía selectiva AUTO DA ÍNDIA AUTO DA BARCA DO INFERNO FARSA DE INÊS PEREIRA CRONOLOGIA

………………………………….. OS TEXTOS DESTA EDIÇÃO 1. Dos textos-base e dos aparatos de notas. Os fundamentos e a metodologia seguidos para a fixação dos três textos de Gil Vicente aqui reunidos obedecem a um princípio crítico. Foi nossa intenção, neste sentido, levar a cabo uma edição crítica do Auto da Índia, do Auto da Barca do Inferno e da Farsa de Inês Pereira. Gil Vicente, como de resto outros autores clássicos, beneficia da existência de diferentes edições críticas, fixações textuais cujo confronto deixa patente como determinados enfoques teóricos e metodológicos conduzem a lições que, tomadas em conjunto, podem ter resultados divergentes. As peças de Gil Vicente aqui coligidas e fixadas são um bom exemplo da necessidade de continuar a rever a edição dos clássicos da literatura portuguesa, pois dessa revisão depende em grande medida ulteriores trabalhos de índole interpretativa ou, se se quiser, hermenêutica. Cada letra fixada, em rigor, é já um exercício de leitura e interpretação, no caso dos textos vicentinos, com consequências para eventuais modelos semânticos atribuídos à fala de uma personagem, à própria personagem ou em última instância à peça como um todo que, subsumido pela coerência de um sentido, não pode obviar eventuais desacordos das partes que o conformam. Assim, partimos dos seguintes pressupostos que, em simultâneo, foram integrados num dispositivo de fixação da farsa Auto da Índia, do Auto da Barca do Inferno e da farsa Auto de Inês Pereira que permitisse dispor dos melhores textos possíveis, devidamente anotados do ponto de vista ecdótico e temático: i. a Copilaçam de 1562 contém lições das peças1 que, globalmente consideradas, são melhores do que aquelas que nos proporciona a Copilaçam de 1586 – alvo, como se sabe, da censura; ii. ainda, a Copilaçam de 1562, por diferentes razões, não é preferível, no caso do Auto da Barca do Inferno e do Auto de Inês Pereira, em relação aos testemunhos destas peças que se conservaram consignados nas folhas volantes2 quinhentistas que chegaram até nós: respectivamente, de cerca de 1518 e de 1523; iii. por outro lado, dispomos de edições das diferentes peças alentadas e pautadas pelo rigor filológico, edições críticas levadas a cabo por autoridades e especialistas da obra vicentina. Concretamente, Constantine Christopher Stathatos

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Veja-se a referência completa na ‘Bibliografia selectiva’. Fazemos uma menção exaustiva na ‘Bibliografia selectiva’.

foi responsável por A Critical Edition of Gil Vicente’s Auto da Índia 3 ; Israël Salvator Révah, por seu turno, deu a lume uma criteriosa edição do Auto da Barca do Inferno no volume Recherches sur les oeuvres de Gil Vicente: tome I: édition critique du premier ‘Auto das Barcas’4; desta peça, ainda, Paul Teyssier publicou a edição crítica intitulada La Barque de L’Enfer (Auto da Barca do Inferno)5; por último, o já mencionado Israël Salvator Révah, numa segunda entrega do seu labor editorial, concretizou uma edição crítica da Farsa de Inês Pereira, publicada num volume cujo título é Recherches sur les oeuvres de Gil Vicente: tome II: édition critique de l’‘Auto de Inês Pereira’6; iv. por último, contamos igualmente com edições de referência elaboradas com o intuito de reunir as ‘obras completas’ de Gil Vicente. São edições contemporâneas que conheceram e conhecem uma ponderosa fortuna editorial e curso académico: circunscrevendo-nos à bibliografia mais próxima de nós, sem propósito de exaustividade, destacam-se, neste sentido, a edição levada a cabo sob a direcção de Maria Leonor Carvalhão Buescu7 e, mais recentemente, a opus magnum organizada sob a direcção científica de José Camões8. A descrição deste elenco supõe já um recorte da amplíssima história editorial do

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Stathatos esclarece de modo sucinto a opção editorial por que enveredou: “The following text of the Auto da Índia is based on that of the editio princeps of 1562 as it appears in the line offset facsimile reproduction of 1928 by the Biblioteca Nacional. It has been shown that nor de edition of 1562 nor its facsimile offers a very reliable text. The problem is compounded by the idiosincrasies of Gil Vicente’s Spanish” (op. cit., ed. cit., pp. 41-42). 4 Révah, neste caso, descreve assim a disposição editorial seguida: “Si, comme j’espère le prouver, le texte de 1562 est nettement inférieur à celui de 1518, et si les modifications portent la marque la plus évidente de l’inauthenticité, le devoir du critique était également simple: rejeter le texte apocryphe de 1562 et donner une édition du texte de 1518 en se bornant à corriger les fautes d’impression qui sont nombreuses et cela pour une raison bien évidente: l’imprimerie portugaise, alors entièrement confiée à des étrangers, était très loin de la perfection éditoriale” (op. cit., ed. cit., pp. 26-27). 5 Teyssier resume, no seguinte parágrafo, a opção editorial que tomou: “Notre édition est fondée sur le texte de 1518. Nous possédons là, en effet, cas unique dans toute l’oeuvre du poète, un texte publié de son vivant, dont il est dit de plus qu’il a été ‘écrit de sa main, corrigé et imprimé sur son ordre’, alors que la Copilaçam a été faite longtemps après sa mort. Il est donc d’une bonne méthode de prendre ce texte pour base. Mais il convient évidemment de l’éclairer, et s’il le faut de le corriger, en le comparant à la Copilaçam” (op. cit., ed. cit., p. 129). 6 Révah, seguindo o juízo já apontado por Carolina Michaëlis e Óscar Pratt, considera nos seguintes termos o valor da folha volante conservada na Biblioteca Nacional de Madrid: “Interessa pois saber, para admitirmos a poluição do traslado que serviu à Compilação, que o exemplar de Madrid apresenta uma redacção mais perfeita, e portanto mais chegada à composição original” (op. cit., ed. cit., p. 7). 7 Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente, introdução e normalização do texto de Maria Leonor Carvalhão Buescu, 2 vols., Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1984. 8 Obras de Gil Vicente, direcção científica de José Camões, 5 vols. Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2002-2003.

Auto da Índia, do Auto da Barca do Inferno e do Auto de Inês Pereira, perspectivando centrar-nos nos testemunhos que há que ter em conta para uma edição crítica das peças em causa. Como é sobejamente conhecido, o melhor texto-base para a fixação do Auto da Índia é aquele que integra a Copilaçam de 1562, ao não dispormos de uma hipotética edição avulsa mais próxima da actividade teatral de Gil Vicente. Foi este texto-base que utilizámos para uma nova leitura da peça vicentina. Contudo, procedemos a um cotejo exaustivo desta lição com aquela que foi preparada por Constantine Christopher Stathatos, consignando o resultado desta comparação no aparato ecdótico do volume. Neste aparato, ainda, representamos o resultado do cotejo da nossa leitura com aquela que produziu a edição liderada por José Camões. Uma similar metodologia de trabalho determinou a fixação do Auto da Barca do Inferno. Contudo, neste caso, o texto-base é o da folha volante de cerca de 1518, seguindo a acertada opção de Révah e Teyssier nas edições mencionadas. Neste sentido, a nossa leitura foi contrastada com as fixações levadas a cabo por ambos os especialistas dos estudos vicentinos; para além de, ainda, ter sido cotejada com a já mencionada edição de José Camões. Por último, procedemos à fixação do texto do Auto de Inês Pereira a partir da folha volante de 1523, representando no aparato ecdótico as divergências de leitura apreciáveis na edição crítica de Israël Salvator Révah e na edição de José Camões. Para facilitar a leitura e assegurar a ‘limpeza’ da mancha gráfica do presente livro, dintinguimos dois aparatos de notas: a. o já mencionado aparato ecdótico, colocado no final de cada peça, utilizando um sistema de remissão a partir da numeração dos versos, registando as variantes que não condigam com a opção que adoptamos; b. uma anotação temática, em nota-de-rodapé, com numeração árabe corrida, onde se esclarecem os lugares do texto que podem dificultar uma leitura fluída. Este sistema de notas inclui o esclarecimento de vocabulário, o comentário linguístico e alguma orientação, digamos, ‘teórica’ (histórica, literária, sociológica) de que possa beneficiar a leitura do Auto da Índia, do Auto da Barca do Inferno ou do Auto de Inês Pereira. Valemo-nos, para tanto, não só da orientação e guia das outras edições críticas mencionadas, devidamente indicadas, quando for o caso, nas notas; como também de estudos de referência de especialistas na obra vicentina: Carolina Michaëlis, António José Saraiva, Costa Pimpão, Paulo Quintela, João Nuno Alçada, Stanislav Zimic, José Augusto Bernardes, José Alberto Ferreira ou José Camões, entre outros, com remissões consignadas nas notas e na descrição da bibliografía essencial. Ainda, para a clarificação de vocabulário, foram tidos em conta dicionários como o de Bluteau, o Morais, o Corominas, o Dicionário da Real Academia Española ou o Houaiss. Em síntese, esta anotação temática em nota-de-

rodapé tem, sobretudo, o intuito de acomodar a presente edição crítica dos textos aos objectivos da colecção em que se integra o volume: um colecção de perfil didáctico, dirigida a alunos e professores quer do Ensino Secundário, quer do Ensino Superior. Em ambos os aparatos, ecdótico e temático, foi utilizado o seguinte sistema de siglas, de que indicamos apenas as mais frequentes: REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

SIGLA

UTILIZADA

Copilaçam (1562) 1562

Copilaçam

Folha voltante do Auto da Barca do Inferno (1518) Folha voltante do Auto de Inês Pereira (1523)

1518 1523

C. C. Stathatos, Auto da India (1997) I. S. Révah, Premier “Auto das Barcas” (1951) P. Teyssier, La Barque de l’Enfer (2000) I. S. Révah, Auto de Inês Pereira (1955) J. Camões (2002)

Stathatos Révah Teyssier Révah Camões

Raphael Bluteau (1721) Antonio Houaiss (2001) António de Morais Silva (1949-59)

Bluteau Houaiss Morais

2. Dos critérios de fixação dos textos. O nosso intuito foi respeitar ao máximo as lições utilizadas, intervindo apenas naqueles casos em que a correcção da lição original era necessária para garantir a inteligibilidade do texto ou para corrigir evidentes erros tipográficos. Assim, corrigimos formas como remaremos > remareis, vaziõ > vazio, doas > boas, cacholica > católica, Palo > Pablo, san Son > Sansón, etc, constando do aparato ecdótico a lição original corrigida. A folha volante de c. 1518 do Auto da Barca do Inferno está pejada de hispanismos, que obviamente corrigimos a partir da Copilaçam 1562, pois eles resultam da intervenção do editor de origem espanhola. Assim: Comença > Começa, tenemos > temos, estoy > estou, voy > vou, os > vos, etc. Interviemos, igualmente, para corrigir versos truncados ou para acrescentar didascálias facilitadoras da compreensão dos textos, indicando a intervenção entre parênteses rectos.

Como já afirmamos na ‘Introdução’, a obra vicentina evidencia um estado linguístico tipicamente quinhentista, que se caracteriza por uma fonética e morfologia abundantes, assim como por usos sintácticos divergentes daqueles que se consolidaram no português moderno. Consideramos da maior relevância para a história da língua e cultura portuguesas editar os seus textos antigos e clássicos da maneira mais fiel e respeitosa dos seus traços linguísticos epocais. Consequentemente, mantemos nesta edição todas aquelas formas linguísticas que consideramos próprias ao português quinhentista, nos níveis fonético, morfossintáctico ou lexical. Actualizamos, no entanto, as variantes gráficas divergentes da norma actual quando interpretamos que não possuem qualquer relevância nos níveis linguísticos mencionados. Assim, actualizamos as grafias, acentuação e pontuação dos textos seguindo os seguintes critérios: • Actualiza-se o uso das grafias / e /, como em rey > rei, muyto > muito, ryo > rio, estaua > estava, viuas > vivas, leuar > levar. • Actualiza-se o uso de , como em auemos > havemos, oje > hoje, ey > hei, hia > ia, he > é. • As grafias e , quando correspondentes ao ditongo tónico [ãũ], são actualizadas em , pois no início do século XVI as antigas terminações e e o hiato tinham convergido já no ditongo nasal. Assim: tam > tão, daram > darão, sam > são, ermitam > ermitão. Quando o ditongo nasal é átono, actualizam-se as grafias segundo a norma em vigor. Assim: leixarom > leixaram, chamão > chamam. A edição de c. 1518 do Auto da Barca do Inferno apresenta uma especificidade em relação com a grafia do advérbio de negação, grafado nesta edição ora ora . Paul Teyssier considera, na sua edição desta obra (cf. 2000, pp. 26-27, nota ao verso 60), que essa variação gráfica poderia espelhar uma variação morfológica entre uma forma átona [nõ] do advérbio, grafada nom, e uma outra tónica ditongada [nãũ], grafada nam. Nós optamos por não considerar pertinente esta diferença gráfica, grafando em todos os casos. No entanto, assinalamos no aparato ecdótico todos aqueles casos em que Teyssier e Camões optaram por distinguir entre ambas as formas. • Simplificam-se as grafias vocálicas reduplicadas quando correspondem a uma crase vocálica já segura na língua quinhentista, como em aa > à, eramaa > eramá, berzebuu > Berzebu, maree > maré, soo > só.

• As grafias e dos plurais nominais e verbais são actualizadas em e , ditongos já consolidados nos inícios do século XVI. Assim: passaes > passais, achaees > achais, caes > cais, auees > haveis, etc. Uma problemática especial coloca a edição do Auto da Barca do Inferno, pois na folha volante de c. 1518 convivem, para as formas verbais de 2ª pessoa do plural, as grafias / junto com e . Dado que a grafia em é claramente mais frequente nesta edição, e as grafias em / muito limitadas (apenas 5 casos em formas tónicas), interpretámos as grafias reduplicadas em como correspondentes às formas em –ês/ê, interpretação que em posição de rima é normalmente ratificada pelo contexto. Assim, interpretamos: aueis > haveis, conhecereys > conhecereis, yres > irês, acharuoses > achar-vos-ês, tomares > tomarês, cuydarees > cuidarês (forma que rima com , deixando claro o valor vocálico simples da grafia ), remarees > remarês (rima com ). Apenas num caso, (v. 612), a rima faz-se com uma forma verbal ditongada, , razão por que a actualizamos em vereis. • Mantém-se a grafia dos encontros vocálicos e sem i epentético, como em Arreceo, mea, alhea, fea, etc., pois as formas sem epêntese são comuns ainda no século XVI. No entanto, actualiza-se a grafia dos encontros vocálicos, ditongos ou hiatos, que já se pronunciavam como na língua moderna: Mao > mau, soes > sóis, vyo > viu, comeo > comeu, ereos > heréus, ceos > céus, Deos > Deus, lingoagem > linguagem, legoa > légua, etc. A palavra Deus, grafada sempre como , quando ocorre em posição de rima, normalmente rima com outras formas acabadas nos ditongos eu ou éu, mas ocasionalmente rima com vós. Nesses casos de “rimas para a vista” (cf. Teyssier 2005, p. 376) mantemos a grafia original Deos. • Actualizam-se as grafias cultas ou com reduplicado, como em sancto > santo, annos > anos, çaffra > çafra, carauella > caravela, diuinall > divinal. • Mantém-se a grafia ç em posiçao inicial de palabra em casos como çapo, çafra, çapato e çapateiro, por ter pertinência fonológica na época a distinção entre o fonema africado ou já fricativo predorsodental surdo, que essa grafia representa, e o fonema fricativo ápico-alveolar surdo. • As abreviaturas são desdobradas sem qualquer indicação, como em v9 > vós, qnto > quanto, piq > pique, pncipe > príncipe, etc. O signo tironiano é expandido em e (y no texto castelhano).

• Introduzimos o apóstrofo e/ou o hífen nas frequentes contrações e amálgamas, como em agastasemo > agasta-se-m’o, trazias > trazi’as, Leyxamora > leixa-m’ora, nossamo > noss’amo, mostramessa > mostram’essa, etc. • Actualizamos as formas verbais de 3ª pessoa do plural têm e vêm com a acentuação que hoje vigora, embora essas formas tivessem a mesma pronúncia na época do que as correspondentes à 3ª pessoa do singular. • A pontuação foi actualizada visando facilitar a leitura de um texto em verso. • As didascálias são apresentadas em itálico e os apartes entre parênteses (). • Nas notas ecdóticas, mantemos a grafia original da Copilaçam 1562, desdobramos abreviaturas sem qualquer indicação e transcrevemos o signo tironiano como e. Por outro lado, impõem-se algumas precisões sobre a edição dos fragmentos escritos em castelhano, pois, dos textos editados, são bilingues o Auto da Índia e o Auto de Inês Pereira, concretamente correspondendo às intervenções nessas peças do Castelhano e do Ermitão respectivamente. Neste sentido, seguimos os mesmos critérios gerais para a edição dos fragmentos em língua castelhana que para a edição do texto em português, de forma que actualizamos a ortografia, acentuação e pontuação, respeitando as formas com pertinência linguística no castelhano dos inícios do século XVI. Assim, mantemos distinções pertinentes à fonologia do castelhano quinhentista, como: • a distinção entre as consoantes fricativas ápicoalveolares surda e sonora, grafadas em posição intervocálica como e respectivamente. • a distinção entre as grafias e , correspondentes no castelhano da época à distinção entre as consoantes africadas ou já fricativas predorsodentais surda e sonora. • a distinção entre as grafias e , correspondentes à distinção entre as consoantes fricativas palatais surda e sonora. • A distinção entre as grafias e tal qual aparece nas edições dos textos editados, como é habitual na edição dos textos renascentistas em língua castelhana. Por outro lado, o castelhano vicentino apresenta características próprias, que ora podiam fazer parte dos usos linguísticos próprios ao castelhano quinhentista —

como a vacilação de vogais átonas, o uso de formas morfológicas antigas, etc. —, ou bem são característicos do denominado “castelhano de Portugal”, isto é do castelhano usado por escritores clássicos portugueses, o qual apresenta características muito específicas, como lusismos e hipercorrecções. Respeitamos sempre esses traços típicos do castelhano vicentino, por terem um valor cultural e literário próprio, como respeitamos o latim macarrónico do Auto da Barca do Inferno, ideado pelo autor para conseguir um efeito cómico. …………………………………..

Gil Vicente, Autos: Índia, Barca do Inferno, Inês Pereira, edição de Ana María García Martín e Pedro Serra, Coimbra, Angelus Novus · Centro de Literatura Portuguesa, 2015, 289 pp.

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