Gonçalo Sampaio na Póvoa de Varzim em 1920: - cinco meses de trabalho liquenológico excepcional

June 3, 2017 | Autor: Joao Cabral | Categoria: History of Botany
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1. Diversidade morfológica dos líquenes. Líquenes crustáceos (Estampa de schaerer, 1850).

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Gonçalo Sampaio na Póvoa de Varzim em 1920: - cinco meses de trabalho liquenológico excepcional* P o r

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onçalo Antonio da Silva Ferreira Sampaio nasceu na freguesia de S. Gens de Calvos, concelho da Póvoa de Lanhoso, a 29 de Março de 18651. Em 1885, matriculou-se na Escola Normal do Porto, com o intuito de ser professor primário. No entanto, abandona a Escola Normal, voltando ao liceu de Braga onde finalmente concluiu o curso. Em 1890, inscreve-se na Academia Politécnica do Porto, que frequenta até 1895. Todavia, do curso da Academia Politécnica, G. Sampaio só teve aprovação nas 7.ª (Chimica inorganica), 10.ª (Botanica) e 11.ª Cadeiras (Zoologia) (Sampaio, 1912).

* Uma palavra de agradecimento ao Professor José Pissarra, actual presidente do Departamento de Botânica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), pelo apoio que lhe tem merecido o Herbário e o Museu do Departamento, à Dra. Elisa Folhadela, Assessora do Departamento de Botânica (FCUP), que tem carinhosamente velado pela preservação dos espólio documental de G. Sampaio e pelo Herbário do Departamento (Herbário PO) e à Directora deste Boletim pela cuidada revisão do texto inicial. Parte da bibliografia de G. Sampaio está disponível em http://bibdigital.rjb.csic. es/ e https://museuvirtual.up.pt/up/jsp/pesquisas.faces ** Professor do Departamento de Botânica da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e Investigador do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto. Faculdade de Ciências do Porto, Departamento de Botânica, Edifício FC4, Rua do Campo Alegre, s/n, 4169-007 Porto. E-mail: [email protected]. URL: http:// www.fc.up.pt/pessoas/jpcabral/ 1. Foram publicadas algumas biografias muito resumidas de G. Sampaio por morais (1937), rozeira (1946), pires de lima (1938, 1952) e salema (1991).

J o ã o

P a u l o

C a b r a l * *

i. G. Sampaio aluno e naturalista da Academia Politécnica do Porto G. Sampaio também frequentou o curso de Matemática da Universidade de Coimbra (provavelmente no ano lectivo de 1892-1893 e/ou 1893-1894), onde obteve aprovação em Álgebra Superior e Geometria Analítica. Cedo se terá revelado a paixão pela Botânica no jovem aluno da Academia Politécnica, porque logo em 1892, ainda aluno dos primeiros anos da Academia, contacta com o Herbário da Universidade de Coimbra e com o seu director J. Henriques2. Ao contactar com a Botânica da Universidade de Coimbra, G. Sampaio ter-se-á apercebido da importância da Sociedade Broteriana3, e em 1894, inscreve-se como sócio. Era um dos nove sócios envolvidos nas colheitas de plantas para as distribuições da Sociedade Broteriana. A sua actividade é logo destacada. Será um dos poucos colectores de plantas para a exsicata4 - «Flora lusitanica exsic-

2. Júlio Augusto Henriques (1838-1928) era formado em Direito e depois em Filosofia pela Universidade de Coimbra, onde se doutorou em 1865. Em 1874, é nomeado lente-proprietário, sendo-lhe então confiada a direcção do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Em 1879 cria a Sociedade Broteriana e funda o Boletim da Sociedade Broteriana. Deve-se a J. Henriques a compra do valiosíssimo herbário de Willkomm. Em 1906, inicia a publicação, em fascículos, do seu Esboço da Flora da Bacia do Mondego, que aparecerá como volume independente em 1913 (GEPB; coutinho, 1938; cabral & folhadela, 2006; cabral, 2007). 3. A Sociedade Broteriana tinha como finalidade o estudo da flora portuguesa e o intercâmbio de plantas (exemplares de herbário) entre os seus sócios. A Sociedade elaborou uma exsicata - Flora lusitanica exsiccata, que era permutada por outras exsicatas de Sociedades e Instituições nacionais e estrangeiras. O Boletim da Sociedade Broteriana era o porta-voz da Sociedade, tendo iniciado a sua publicação em 1883. Em 1930, iniciouse a publicação das Memórias da Sociedade, e em 1935, do Anuário (cabral, 2007). 4. Exsicata é uma colecção organizada de exemplares de herbário, devidamente etiquetados e identificados. Pode abranger um determinado grupo, como uma família ou um

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cata»5. Participa nas distribuições de plantas entre sócios6. Os progressos de G. Sampaio na botânica, em particular no estudo da flora portuguesa, são invulgarmente rápidos. Em 1895, publica o seu primeiro trabalho: «Quadro dichotomico para a determinação das famílias» (Sampaio, 1895). Logo no ano seguinte, G. Sampaio principia a publicação de estudos sobre a flora portuguesa. Em 1896, inicia a publicação de uma série de quatro trabalhos que intitula Estudos de flora local. Vasculares do Porto (Sampaio, 1896a, 1896b, 1897a, 1897b), seguida, em 1899, por uma série de trabalhos que intitula «Plantas novas para a Flora de Portugal» (Sampaio, 1899b, 1899c, 1900b, 1900c). Ainda neste período, publica diversos trabalhos monográficos sobre alguns táxones da flora portuguesa: a família Primulaceae (Sampaio, 1899a), e os géneros Echium (Sampaio, 1900a) e Mentha (Sampaio, 1901a). Em 1901, publica ainda uma pequena flora regional do Torrão (Sampaio, 1901b). A quantidade de trabalho é enorme, mas, mais importante, os trabalhos publicados revelam que G. Sampaio atingiu, com uma brevidade invulgar, um elevado nível de maturidade na taxonomia botânica. As excepcionais qualidades botânicas do jovem G. Sampaio não terão passado desapercebidas a Manoel Amandio Gonçalves7 - lente de Botânica, e terá sido quiçá por sua iniciativa que G. Sampaio entra como naturalista-adjunto da Academia Politécnica em 19018. Já tinha publicado diversos trabalhos sobre a flora portuguesa. O futuro científico de G. Sampaio terá parecido promissor às instâncias da Academia. Já referimos que os primeiros contactos científicos de G. Sampaio terão sido com o Herbário da Universidade de Coimbra. No entanto, a Escola Politécnica de Lisboa também possuía um excelente herbário. G. Sampaio também estabelece contactos com a Botânica da Escola Politécnica de Lisboa e com o seu director e professor A. X. Pereira Coutinho9.

género, ou uma flora regional. Muitos botânicos e instituições organizaram exsicatas que permutavam entre si (outras eram vendidas para coleccionadores). Era uma actividade muito difundida que permitia o intercâmbio de plantas, enriquecendo as colecções. 5. G. Sampaio recolheu exemplares para as centúrias XIV (BSB, XII), XV (BSB, XIV), XVI (BSB, XVI), e XIX (BSB, XXVI) da «Flora lusitanica exsiccata». 6 G. Sampaio participou nas distribuições dos anos de 1899 a 1902 (BSB, XIX) e 1903 a 1906 (BSB, XXI). 7. Manoel Amandio Gonçalves nasceu no Porto em 1861. Bacharel em Filosofia pela Universidade de Coimbra, foi nomeado lente-substituto da secção de Filosofia da Academia Politécnica do Porto, por Decreto de 19 de Junho de 1884, e lente-proprietário da 11.ª Cadeira – Zoologia desta Academia, por Decreto de 14 de Agosto de 1885. Em 1890, transitava para a Cadeira de Botânica. Em 1912, por motivo de doença, foi substituído na regência da Botânica por G. Sampaio. Aposentou-se em 1915 (Pires de Lima, 1942:31-32; FCP, 1969:245; Cabral, 2007). 8. É nomeado naturalista-adjunto da secção de Botânica, por Decreto de 5 de Dezembro de 1901. No mesmo Decreto é nomeado António Augusto da Rocha Peixoto, para a secção de Mineralogia, e Augusto Pereira Nobre, para a secção de Zoologia (AAPP 1901-1902). 9. D. António Xavier Pereira Coutinho (1851-1939) era formado em Agronomia, em 1874, pelo Instituto Geral de Agricultura em Lisboa. Iniciou a sua vida de professor no Instituto Geral de Agricultura, em 1880. É nomeado lente-proprietário, em 1882. É escolhido pelo Conde de Ficalho para seu sucessor no cargo de naturalista-adjunto da Secção de Botânica do Museu Nacional de Lisboa, anexo à Escola Politécnica de Lisboa, cargo que ocupa de 1890 até 1921, quando atingiu o limite de idade. Após a morte do Conde de Ficalho, ascendeu, em 1903, ao lugar de lente-proprietário da 9.ª Cadeira - Botânica. A este professor incumbia também a direcção do Jardim Botânico anexo à Politécnica. Publicou, em 1913, a 1.ª edição da sua «Flora de Portugal» e, em 1939, a 2.ª edição desta flora. Também se dedicou ao estudo dos líquenes. Publicou numerosas obras

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As publicações de G. Sampaio enquanto naturalista da Academia Politécnica confirmam a excepcional maturidade do naturalista, atingindo pontos elevadíssimos de qualidade e novidade científica com o trabalho monográfico sobre o género Rubus em Portugal (Sampaio, 1904) e as Notas criticas (Sampaio, 1905d). Além destes, continua a publicação da série Plantas novas para a Flora de Portugal (Sampaio, 1903a, 1903b). Publica vários trabalhos curtos, um sobre o Ranunculus gregarius Brot. (Sampaio, 1907), outro sobre algumas espécies de carvalhos (Sampaio, 1910c), e outro ainda sobre algumas espécies novas para a flora portuguesa (Sampaio, 1910b). Publica ainda algumas monografias sobre táxones da flora portuguesa: sobre os géneros Romulea (Sampaio, 1905a) e Digitalis (Sampaio, 1905c) e sobre a família Epilobiaceae (Sampaio, 1905b). Publica ainda uma pequena flora regional de Odemira (Sampaio, 1908). Quiçá sentindo já um aprofundado conhecimento da flora portuguesa, G. Sampaio inicia, em 1909, a publicação, em fascículos, do Manual da Flora Portugueza (Sampaio, 1909-1914) e do Prodromo da flora portugueza (Sampaio, 1909a, 1909b, 1910a, 1911), que pretendiam constituir, quando completos, uma nova flora de Portugal. A necessidade de uma Flora de Portugal moderna era premente, e sentida por todos os estudiosos da flora portuguesa, contemporâneos de G. Sampaio. Efectivamente, as floras disponíveis de Brotero10 e Link e van Hoffmansegg11 estavam muito desactualizadas, dado que tinham sido elaboradas há mais de um século. Por outro lado, em alguns países, como a França e a Bélgica, estavam a ser

destinadas ao ensino da Botânica e da Agricultura nos liceus e escolas primárias (GEPB; cabral & folhadela, 2006; cabral, 2007). 10. Felix de Avellar Brotero (1744–1828) nasceu em Santo Antão do Tojal, e morreu em Alcolena de Belém. Orfão desde os primeiros anos de idade, vivia amparado por um tio de modestos recursos. As suas ideias filosóficas e a amizade que o ligava a Filinto Elísio tornaram-no suspeito ao Santo Ofício, e assim, aos 33 anos de idade, viu-se obrigado a emigrar para França. Em Paris, foi discípulo de Buffon, Jussieu, Aubenton e Lamark. Doutorou-se na Escola de Medicina de Reims. Publicou em Paris, em 1788, o «Compendio de Botanica». Brotero regressou a Lisboa, em 1790. Pela reputação que já ganhara, foi nomeado, em 1791, lente de Botânica e Agricultura na Universidade de Coimbra, por Decreto de D. Maria I. Era imperioso proceder-se à elaboração de uma flora do nosso país. Brotero inicia então herborizações, recolhendo plantas em diversos locais, ao mesmo tempo que se ocupava do ensino e da instalação do Jardim Botânico de Coimbra. O facto de saber que os botânicos alemães van Hoffmansegg e Link preparavam também uma Flora de Portugal, levou Brotero, embora contrariado por não a considerar completa, a publicar em 1804 a sua «Flora lusitanica». Com as invasões francesas, viu a sua casa incendiada e o desaparecimento da sua livraria e do seu herbário. Depois de jubilado em 1811, Brotero passou para Lisboa, onde foi ocupar o lugar de Director do Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda, sucedendo a Vandelli. Aí prosseguiu os seus trabalhos sobre a flora de Portugal, elaborando os dois magníficos tomos da «Phytographia Lusitaniae selectior», publicados respectivamente em 1816 e 1827. Brotero também publicou trabalhos sobre a flora do Brasil (GEPB; fernandes, 1944; pires de lima, 1944; veiga, 1945; cabral & folhadela, 2006; cabral, 2007). Parte da bibliografia de Brotero está disponível em http://bibdigital.rjb.csic.es/ 11. Link (1767–1851), após ter terminado os seus estudos em Medicina e Ciências Naturais em Göttingen, leccionou em Rostock, Breslau e Berlim. Na companhia de van Hoffmansegg (grande apaixonado pelos estudos botânicos e grande mecenas), Link viajou em Portugal nos anos de 1797-1799. O relato da viagem aparece numa obra em três volumes «Voyage au Portugal». Como resultado dessas explorações foi publicada a monumental «Flore Portuguaise», que acabou por ficar incompleta. Os dois volumes são ornados de magníficas estampas. Parte dos desenhos feitos em Portugal, a partir das plantas frescas, são da autoria do próprio Conde. Os restantes foram executados na Alemanha, a partir de plantas de herbário, por um dos melhores pintores da especialidade. Adquiriu uma reputação durável de anatomista, de fisiologista e de sistemata, e estudou tanto talófitos como plantas vasculares (GEPB; cabral & folhadela, 2006; cabral, 2007). Parte da bibliografia de Link e van Hoffmansegg está disponível em http:// bibdigital.rjb.csic.es/

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publicadas floras nacionais actualizadas, que poderiam servir de material base e referência para a Flora de Portugal. B. Merino e F. Sennen estavam a trabalhar na elaboração de floras regionais espanholas. A publicação de uma flora moderna de Portugal urgia. Esta missão irá ser levada a cabo por J. Henriques, A. X. Pereira Coutinho e G. Sampaio, que publicam, quase em simultâneo, três floras de Portugal. No entanto, a abrangência das obras não é equivalente. J. Henriques inicia, em 1906, a publicação, em fascículos, do seu Esboço da Flora da Bacia do Mondego, que aparecerá como volume independente em 1913 (Henriques, 1913). Trata-se, portanto, de uma flora regional. São descritas 1515 espécies. As espécies são referenciadas às floras clássicas, nomeadamente às obras de Brotero e de Link e van Hoffmansegg. A. X. Pereira Coutinho será o único dos três botânicos a publicar uma flora completa. A 1.a edição é publicada em 1913 (Coutinho, 1913). A 2.a edição, revista pelo autor mas organizada por R. T. Palhinha12, já só será publicada após a sua morte (Coutinho, 1939). O Manual e o Prodromo de G. Sampaio não serão concluídos, não abrangendo, portanto, todas as famílias da flora portuguesa13.

II. G. Sampaio professor da Faculdade de Ciências do Porto O Decreto de 22 de Abril de 1911 criava a Universidade de Lisboa e a Universidade do Porto e reformava a Universidade de Coimbra. Pouco tempo depois, era publicado o importante Decreto de 15 de Maio de 1911, que organizava as Faculdades de Ciências de Lisboa, Coimbra e Porto. A completar os dois diplomas anteriores, o Decreto de 22 de Agosto de 1911 estabelecia os regulamentos das Faculdades de Ciências. No ano lectivo de 1910-1911, Manoel Amandio Gonçalves era o lente-proprietário da 10.ª Cadeira – Botânica, e G. Sampaio naturalista-adjunto da Cadeira de Botânica (AAPP, 1910-1911). No ano lectivo seguinte, Manoel Amandio Gonçalves adoece e «não se encontra em exercicio por motivo de doença verificada pela junta medica». O Conselho Académico da Faculdade encarrega G. Sampaio de, excepcionalmente, substituir o lente doente (AFSP, 1911-1912 a 1913-1914). A situação tem solução definitiva em 1912. Por Decreto de 7 de Dezembro, G. Sampaio era nomeado directamente para o topo da carreira de professor – Professor Ordinário da 3.ª Secção – Ciências Histórico-

12. Ruy Telles Palhinha foi o sucessor de A. X. Pereira Coutinho na direcção do Jardim e Herbário da Faculdade de Ciências de Lisboa. Estudou sobretudo a flora dos Açores. Também se dedicou a estudos da história das Ciências Naturais (cabral, 2007). 13. O Manual abrangia 115 das 131 famílias representadas na nossa flora, representando 534 géneros e 1.809 espécies. O Manual completo (a Flora portuguesa) só seria publicado postumamente, em 1946, por iniciativa de A. Pires de Lima (sampaio, 1946).

-Naturais, 2.º Grupo – Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto14.

III. G. Sampaio e o estudo dos líquenes portugueses Que conhecimento dos líquenes portugueses existia no início do século XX? Muito incipiente (Melo, 1987). Vandelli15, na sua Flora Lusitanicae et Brasiliensis specimen, tinha descrito 16 espécies de líquenes portugueses. Brotero, na sua Flora lusitanica, descreve 78 espécies. Welwitsch16 recolhe líquenes para os seus herbários. Os líquenes de Welwitsch serão estudados por Nylander17 e posteriormente integrados no Herbário da Escola Politécnica de Lisboa. F. Arnold, célebre liquenólogo, em Lichenes Lusitanicae, publicado em 1868, enumera 84 espécies. Estácio da Veiga, no seu trabalho Plantas de Monchique observadas em 1866, publicado em 1869, enumera os líquenes da região estudada. J. Henriques publica, em 1883, um relatório sobre uma expedição científica organizada pela Sociedade de Geografia de Lisboa à Serra da Estrela, onde inclui uma lista de líquenes determinados por Nylander. Isaac Newton18 recolhe grande número de espécimes, sobretudo no norte do país. No início do século XX, Valério Cordeiro explora a região de Setúbal e publica Lichens de Setúbal. Os seus espécimes (e os de Welwitsch) são estudados por J. Harmand, que publica, no Bulletin de

14. G. Sampaio é nomeado professor ordinário por proposta do conselho escolar da Faculdade, nos termos do parágrafo único do art. 41.º do Decreto de 19 de Abril e art. 42.º do Decreto de 15 de Maio de 1911. G. Sampaio regerá, nos anos lectivos de 1913-1914, as Cadeiras de Botânica (curso geral), Morfologia e Fisiologia Vegetais, Botânica Especial e Ciências Naturais (Botânica) (AFSP, 1911-1912 a 1913-1914). 15. Domingos Vandelli (1730–1816) nasceu em Pádua, em 1730, e faleceu em Lisboa, a 27 de Junho de 1816. Doutorou-se em Filosofia na Universidade de Pádua. Em 1772, é nomeado, pelo governo de D. José I, professor de História Natural e Química da Universidade de Coimbra. Em Coimbra, dirigiu os primeiros trabalhos para a criação do Jardim Botânico. Foi jubilado em 1793. Vem para Lisboa como Director do Real Museu e Jardim Botânico da Ajuda. Das suas obras de História Natural destaca-se o «Diccionario dos Termos Technicos de Historia Natural» (1788) (GEPB; cabral & folhadela, 2006; cabral, 2007). 16. Frederico Artur Welwitsch (1806-1872), médico austríaco, cedo se interessou pelas Ciências Naturais. Numa missão botânica aos Açores e Cabo Verde, passa por Lisboa, onde acaba por residir durante alguns anos. Foi conservador do Jardim Botânico da Ajuda. Herborizou frequentemente no continente, recolhendo muitos exemplares para herbário. Em 1853, o herbário de Welwitsch passa para a Escola Politécnica de Lisboa, onde ainda hoje se encontra. Neste ano, por iniciativa do visconde de Sá da Bandeira, parte para uma grande viagem científica a África. No deserto de Moçâmedes descobre a planta notável que em sua homenagem será designada de Welwitschia Bainesii Hooker (GEPB; palhinha, 1953; melo, 1987; cabral, 2007). 17. William Nylander (1822-1899) nasceu na Finlândia. Cedo se interessou pelo estudo dos líquenes. Foi professor na Universidade de Helsínquia, mas em 1863 parte para Paris onde permanece até à sua morte. Deve-se a Nylander a descoberta das reacções coloridas dos líquenes com a potassa e com o hipoclorito de cálcio, que serão designados de testes K e C. Não admitia a natureza simbiótica da associação liquénica proposta por Schwendener. Pouco receptivo a críticas, morreu em 1899, em isolamento científico (smith, 1921:16-17; hawksworth et al., 1995:318). 18. Isaac Newton, de ascendência inglesa, nasceu no Porto, em 1840. Foi um dos mais notáveis colectores de criptogâmicas portuguesas. Herborizou sobretudo nos arredores do Porto. Os exemplares de algas foram posteriormente estudados por Richter, os musgos e hepáticas por Lindberg, e os líquenes por Nylander. Participou na importante exsicata de algas - Phycotheca Universalis de Hanck e Richter. Os seus exemplares encontram-se hoje no Herbário do Departamento de Botânica (FCUP). Seu filho, Frederico Newton, foi naturalista e explorador africano (GEPB; cabral, 2007).

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2. Bibliografia liquénica fundamental com anotações manuscritas de G. Sampaio. A – Lichenographia Europaea Reformata de E. Fries (1831). B e C – Flora Italica Cryptogama de Jatta (1909-1911).

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la Société Botanique de France, Notes relatives à la lichénolographie du Portugal. O arranque do estudo sistemático e aprofundado dos líquenes portugueses por G. Sampaio terá começado em 1915. Num dos seus cadernos de apontamentos, G. Sampaio escreveu, no seu tom organizado habitual, numa página em forma de capa: «Liquenes portuguêses (apontamentos) por Gonçalo Sampaio,» Porto, 1915. Na folha seguinte do caderno, G. Sampaio escrevia sobre o seu método de trabalho e fontes de consulta: «Para o estudo dos líquenes portugueses sirvo-me de um microscópio Zeiss, grande modelo, com platina normal. Oculares empregadas n.° 4 e n.° 2 (micrométrica). Objectivos a*, C e E. Lupa Zeiss. Reagentes empregados: hidrato de potássio (K), hipoclorito de cálcio (CaCl) e agua iodada (J). Escala micrométrica: objectivo E e ocular 2: cada divisão do micrómetro ocular corresponde a 2½ micras (μ).». As colecções de líquenes de que dispunha para estudo e comparação eram descriminadas nesta mesma página19: «Coleções de líquenes consultados: 1.a – Coleção de líquenes portugueses, de Isac Newton, classificada por Nylander, existente na Faculdade de Sciencias do Porto. 2.a – Die Flechten Europa’s, von Ph. Hepp, existente na Faculdade de Sciencias do Porto. 3.a – Coleção de líquenes estrangeiros da Faculdade de Sciencias do Porto. 4.a – Guide élémentaire du lichenologue – exsiccata – do Abbé J. Harmand, existente na Faculdade de Sciencias do Porto. 5.a – Lichenes Gallici praecipui exsiccati – por Claudel et Harmand, existente na Faculdade de Sciências do Porto. 6.a – Coleção de líquenes estrangeiros da Universidade de Coimbra. 7.a – Coleção de líquenes portuguezes da Universidade de Coimbra. 8.a – Coleção de líquenes portuguezes de Welwitsch, da Universidade de Coimbra.». Na página seguinte, G. Sampaio descriminava a bibliografia de que dispunha20. Que obras tinha para consulta? A Flora italica cryptogama pars III21 de A. Jatta (Estampas 2B e 2C), Lichens de Françe22 de Harmand, Flore des Lichens de l’Orne23 de H. Olivier, Nouvelle Flore des Lichens24 de Boistel, The Lichen Flora of Great Britain

de W. A. Leighton, Systema Lichenum Germaniae25 de G. W. Koerber26, Lichenographia europaea reformata27 de E. Fries28 (Estampa 2A), Lichenographiae suecicae prodromus29, Methodus qua omnes detector Lichenes30, Lichenographia universalis31 (Estampa 3) e Synopsis methodica Lichenum32 de Erik Acharius33. Finalmente, G. Sampaio descriminava quais os «liquenólogos com que me correspondo». Nesta lista só constam dois investigadores, Bouly de Lesdain e F. Erichsen. Nos anos seguintes, G. Sampaio irá estabelecer correspondência com outros especialistas: A. H. Magnusson34, H. Olivier, A. Zahlbruckner35. O que terá levado G. Sampaio a dedicar-se afanosamente ao estudo dos líquenes de Portugal? Precisamente o conhecimento deficiente dos líquenes portugueses e a possibilidade de encontrar muitas novidades taxonómicas. Em 1916, A. X. Pereira Coutinho publica um catálogo dos líquenes do Herbário da Faculdade de Ciências de Lisboa, onde referencia 298 táxones (Coutinho, 1916). Era o mais recente catálogo de líquenes portugueses. O escrutínio crítico da obra do professor de Lisboa será também uma das motivações dos estudos liquenológicos de G. Sampaio. Sabendo da publicação deste catálogo de

25. koerber, g. w. (1855) Systema lichenum germaniae. Verlag Von Trewendt & Granier; Breslau. 26. Gustav Wilhelm Körber (Koerber) (1817-1885) foi professor na Universidade de Vratislavia na Polónia. Contribuiu decisivamente para um melhor conhecimento da natureza da associação liquénica em De gonidiis lichenum publicado em 1840, e para a taxonomia dos líquenes crustáceos, usando características microscópicas. As suas obras principais são Systema lichenum germaniae e Parerga lichenologica (hawksworth et al., 1995:229). 27. fries, e. (1831) Lichenographia europaea reformata. Typis Berlengianis; Lundae. 28. Elias Magnus Fries (1794-1878) é considerado o Lineu dos fungos. Estuda com Acharius e torna-se professor de Botânica, na Universidade de Upsália. O Systema mycologicum em três volumes (1821-1832) constituiu um enorme avanço na taxonomia dos fungos, e continua a ser um dos trabalhos mais importantes de micologia sistemática, especialmente para os himenomicetos (hawksworth et al., 1995:168). 29. Acharius, E. (1798) Lichenographiae suecicae prodromus. Lincopiae; D. G. Björn. 30. Acharius, E. (1803) Methodus qua omnes detector lichenes. Impensis F. D. D. Ulrich, Typis C. F. Marquard; Stockholmiae. 31. Acharius, E. (1810) Lichenographia universalis. Apud Iust. Frid. Danckwerts; Gottingae. 32. Acharius, E. (1814) Synopsis methodica lichenum. Litteris et Sumtibus Svanborg et Soc.; Lundae.

19. Estas colecções, já valiosas em 1915, seriam enriquecidas nos anos seguintes pela aquisição de outras colecções, nomeadamente: Herbarium A. Le Jolis; Lichenes Italiae meridionalis, de A. Jatta; Flora exsiccata Austr.-Hung., de Lojka; Lichenes rariores exsiccati, de A. Zahlbruckner; Lichenes Gallici exsicc., de C. Roumoguere; Swedish lichens e Lichenes Scandinavici, de A. H. Magnusson; Herbarium Bouly de Lesdain, de Bouly de Lesdain; Bryotheca, de C. Sbarbaro; Herbarium lichenum Moroviae, de Suza; Herbarium of Geo. Knox Merrill. Todas estas colecções permanecem no Herbário do Departamento de Botânica (FCUP). 20. As obras citadas por G. Sampaio são clássicas da bibliografia mundial e permanecem hoje na Biblioteca do Departamento de Botânica (FCUP). Apresentam extensas anotações manuscritas de G. Sampaio. Além destas obras, G. Sampaio consultou outras, que também permanecem na Biblioteca do Departamento de Botânica, e apresentam diversas anotações manuscritas de G. Sampaio. 21. jatta, a. (1909-1911) Flora italica cryptogama. Pars III. Società Botânica Italiana; L. Cappelli. 22. harmand, j. (1905) Lichens de France. Catalogue systematique et descriptif. Paul Klincksieck; Paris. 23. olivier, h. (s/d) Flore analytique et dichotomique des lichens de l’Orne. Chez l’auteur; Autheil (Orne). 24. Boistel, A. (1902) Nouvelle flore des lichens. 2.e Partie (partie scientifique). Paul Dupont; Paris.

33. Erik Acharius (1757-1819) foi o fundador da liquenologia moderna. Médico em Wadstena, na Suécia, cedo se interessou por este grupo de plantas. Foi aluno de Lineu e correspondente de E. Fries. Divide as criptogâmicas em seis «famílias», ocupando os líquenes um destes grupos. Os líquenes são distribuídos por classes com base nas características dos corpos frutíferos. Deve-se a Acharius as designações para importantes estruturas dos líquenes como «apotécio», «peritécio», «cifela» e «cefalódio». O entusiasmo por líquenes era tão grande que parece ter morrido (em 14 de Agosto de 1819) quando soube que uma grande colecção de líquenes de Espanha lhe tinha sido enviada (Smith, 1921:10-11; Hawksworth et al., 1995:3). 34. Adolf Hugo Magnusson (1885-1964) foi professor liceal em Gotemburgo, na Suécia, de 1909 a 1948. Dedicava o seu tempo livre à liquenologia, contribuindo em especial para o estudo da flora liquénica do Havai, da Escandinávia e da China, e para o conhecimento dos géneros Acarospora, Caloplaca, Lecanora e Lecidea. Descreveu cerca de 900 espécies novas em aproximadamente 150 trabalhos publicados (Hawksworth et al., 1995:261). 35. Alexander Zahlbruckner (1860-1938) formou-se pela Faculdade de Filosofia de Viena, em 1883. É assistente científico do Museu de História Natural de Viena («Naturhistorischen Museum»), em 1886, e seu curador, em 1912. Aposenta-se em 1922. O seu interesse por líquenes remonta a 1885, e o estudo da taxonomia destas plantas, começa em 1891. Adopta as ideias de Vainio e publica um novo sistema de classificação dos líquenes. Publica duas exsicatas de líquenes: Kryptogamae exsiccatae e Lichenes rariores exsiccati. Em 1916, inicia a publicação de um catálogo monumental de todos os táxones de líquenes descritos na bibliografia – o Catalogus lichenum universalis. Publica, em vida, nove volumes neste catálogo. O décimo volume seria publicado postumamente em 1940 (Hawksworth et al., 1995:493; Pišút, 2002).

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A. X. Pereira Coutinho, G. Sampaio escreve a A. Ricardo Jorge36, a 13 de Agosto de 1917, indagando da possibilidade de adquirir exemplares para si: «Se porventura os catalogos do P. Coutinho sobre liquenes e hepaticas estão à venda, peço-lhe o favor de m’os trazer, pois desejo te-los na colecção da biblioteca do Gabinete, como a todos os trabalhos portuguezes. Os que cá tenho são do A. Machado, a quem o P. Coutinho os ofereceu.» (BNP A/2090). Outra motivação ainda poderá ter sido a desarrumação e desorganização em que se encontravam, na altura, as colecções de líquenes do Herbário da Faculdade de Ciências do Porto. Escrevia a A. Ricardo Jorge, a 21 de Fevereiro de 1916: «Ando muito ocupado com a reorganização do herbario de criptogâmicas, de que desejo publicar os catalogos. A revisão do material acumulado – que é grande – tem-me dado que fazer durante um ano e penso que ainda me leva outro» (BNP A/2011). Assim como em relação às plantas vasculares, G. Sampaio irá estudar a flora liquénica portuguesa, focalizando a sua atenção em determinadas espécies, e não seguindo um estudo sistemático por grupos ou famílias. As suas publicações seguem o seu formato preferido – análise e discussão de 50 – 100 táxones críticos da flora portuguesa. Escrevia numa carta dirigida a A. Ricardo Jorge, datada de 21 de Fevereiro de 1916: «Os liquenes novos para Portugal vou publica-los em duas ou tres series de cerca 50 especies cada serie» (BNP A/2011). Dos trabalhos de G. Sampaio sobre a flora liquénica portuguesa resultou um número elevado de espécies (e um género) novas para a ciência. As espécies novas são geralmente acompanhadas de uma diagnose em latim. Como procedia em relação às plantas vasculares, G. Sampaio irá homenagear algumas pessoas ao escolher os epítetos específicos para as espécies novas e o nome do género novo. O primeiro trabalho que G. Sampaio publica sobre a flora liquénica portuguesa data de 1916 (Sampaio, 1916a). Seguem-se três trabalhos da série Líquenes novos (Sampaio, 1916b, 1917a, 1917d), um trabalho sobre os líquenes espanhóis do herbário de Willkomm37 (Sampaio, 1917b), um trabalho curto dedicado a espécies novas para a ciência (Sampaio, 1917c), a descrição de uma espécie nova para a ciência (Sampaio, 1918b), e mais um trabalho sobre a flora liquenológica portuguesa (Sampaio, 1918a).

3. Lichenographia Universalis, de Acharius (1810), uma das obras fundamentais da liquenologia mundial, consultada por G. Sampaio no seu estudo dos líquenes portugueses. Notar que os líquenes dos géneros Verrucaria Schrad., Endocarpon Hedw. e Trypethelium Spreng., representados na figura, formam peritécios como estruturas reprodutoras sexuais.

36. Arthur Ricardo Jorge, filho do professor e distinto médico Ricardo Almeida Jorge, nasceu em 1886. Formou-se em Medicina e cedo ocupa o cargo de médico dos Hospitais de Lisboa. No entanto, a paixão pelas ciências biológicas leva-o a abandonar o exercício da Medicina para se dedicar, primeiro à Botânica, e, depois, à Zoologia. Em 1911, entra como assistente da recentemente criada Faculdade de Ciências de Lisboa. Sob a orientação de G. Sampaio, inicia-se no estudo da flora liquenológica portuguesa. Auxilia o professor portuense na edição da exsicata de líquenes. Passa a naturalista em 1919. Em 1921, rege Cadeiras de Zoologia. Foi Ministro da Instrução em 1926, nos governos de Gomes da Costa e de Óscar Carmona (GEPB; Cabral, 2007). 37. No Herbário da Universidade de Coimbra estava integrado o notável Herbário de Willkomm, adquirido por iniciativa de J. Henriques, uma decisão histórica de grande alcance. Era constituído por 100.000 exemplares representando 10.000 espécies, principalmente da região mediterrânea. Tinha servido de base ao Prodromus Florae Hispanicae, trabalho basilar de Willkomm e Lange sobre a flora portuguesa (BSB, X:6-7; Fernandes, 1977).

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Em 1920, G. Sampaio vive durante cinco meses na Póvoa de Varzim e trabalha febrilmente, estudando os líquenes portugueses daquela região. É sobre este período de trabalho liquenológico excepcional que trata este trabalho. Antes, porém, para compreender o alcance do trabalho liquenológico realizado por G. Sampaio na Póvoa de Varzim, torna-se necessário abordar dois temas fulcrais: o que são os líquenes e o que é a nomenclatura botânica.

IV. O que são os líquenes?

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Os líquenes são associações permanentes e estáveis entre um micobionte39 e um fotobionte40. O corpo vegetativo dos líquenes tem caracteres definidos e específicos que variam entre as diferentes espécies. Esta associação não é obrigatória, sendo possível isolar o micobionte do fotobionte, e cultivá-los separadamente «in vitro»41. No entanto, nem

38. Bibliografia geral para este capítulo: Richardson (1971, 1999), Souchon (1971), Ahmadjian (1973), Huneck (1973), Jahns (1973), Pyatt (1973), Santesson (1973), Hale (1974), Cordoba (1975), Seaward (1977), Smith (1981), Lawrey (1986), Smith & Douglas (1987), Honegger (1993), Fahselt (1994), Hamada et al. (1994), Hill (1994), Kappen (1994), Nash (1996), Purvis (2000); Brodo et al. (2001) e Seymour et al. (2005). 39. Designam-se de micobiontes os fungos que existem nos líquenes. Os fungos são organismos que apresentam as seguintes características fundamentais: eucarióticos (as bactérias são procariontes); não-fotossintéticos (as algas e as plantas são fotossintéticas); heterotróficos para o carbono (exigem uma fonte de carbono orgânico para o crescimento); propagação e dispersão por meio de esporos; organização miceliana (constituída por hifas – filamentos tubulosos, estreitos e compridos, geralmente ramificados, delimitados por uma parede celular rígida, podendo apresentar septos); nutrição osmotrófica (os nutrientes – moléculas de pequenas dimensões -, passam através da parede e são transportados pela membrana citoplasmática); o glicogénio é a principal substância de reserva; existe geralmente a interpolação de uma dicariofase (cada célula apresenta dois núcleos haplóides, com n cromossomas) entre a haplofase (cada célula tem um núcleo haplóide) e a diplofase (cada célula apresenta um núcleo diplóide, com n pares de cromossomas). 40. Designam-se de fotobiontes os organismos fotossintéticos que ocorrem nos líquenes. Podem ser cianobactérias ou algas verdes (clorófitas). 41. É ainda possível voltar a juntar o micobionte com o fotobionte e obter o líquene original. Este processo, designado de re-síntese liquénica, foi obtido com sucesso, pela primeira vez, pelo investigador Ahmadjian, na década de 1970. A técnica é muito demorada, e o cultivo dos dois «partners» juntos exige meios de cultura muito pobres, e alternância entre luz e escuridão e entre humidade e secura, simulando as condições

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os micobiontes nem muitos dos fotobiontes se encontram a viver separadamente na natureza, e, quando cultivados isolados, formam colónias muito diferentes do corpo liquénico, sugerindo que se trata de uma associação antiga, em que os dois «partners» evoluíram conjuntamente e interagindo um com o outro. Quando o micobionte é isolado do líquene e cultivado «in vitro», forma colónias extremamente compactas e densas, sem forma definida, de crescimento muito lento, e exigindo factores de crescimento como a tiamina e a biotina. Pelo contrário, os fungos de vida livre, nãoliquenizados, formam geralmente colónias com uma forma definida e de crescimento rápido ou moderado. Estima-se que existam 10.000 a 20.000 espécies de líquenes, sendo as das regiões tropicais mal conhecidas. A nomenclatura dos líquenes rege-se pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica, que também estabelece normas para os outros vegetais incluindo as cianobactérias, os fungos e as plantas fósseis. Na grande maioria dos líquenes existe um micobionte e um fotobionte, mas excepcionalmente podem existir dois ou mais fotobiontes no mesmo talo liquénico. Que micobiontes ocorrem nos líquenes? A grande maioria são ascomicetos42, e, por outro lado, cerca de metade dos ascomicetos são liquenizados. Que fotobiontes ocorrem nos líquenes? A grande maioria são clorófitas43 (Estampa 4). Cerca de 10%

da natureza. Em meios de cultura habituais, o micobionte prolifera exageradamente e destrói o fotobionte. 42. Ascomicetos são fungos que formam, no ciclo sexual, ascos com ascósporos. O soma pode ser unicelular (nas leveduras) ou miceliano. No ciclo assexual, podem formar-se gémulas (nas leveduras) ou conídios (esporos assexuais mitóticos, nos ascomicetos filamentosos). No ciclo sexual, ocorre a fusão de células sexuais (indiferenciadas ou bem diferenciadas) formando-se um asco, onde ocorre a meiose, dando origem a ascósporos (esporos sexuais meióticos) no seu interior. Após a fusão das células sexuais, pode existir uma fase dicariótica intermédia constituída por hifas ascogénicas. 43. Clorófitas são as algas (organismos eucarióticos, fotossintéticos, sem raíz, caule e folhas, com células sexuais nuas e de habitat tipicamente aquático) verdes. Os organismos apresentam uma grande diversidade organizacional. Existem espécies unicelulares, coloniais, filamentosas, ou formando talos membranosos ou tubulares. As células apresentam uma parede celular rígida, constituída por fibrilhas de celulose, xilosanas (polímeros de xilose) ou manosanas (polímeros de manose), embebidas numa matriz de hemiceluloses. Os cloroplastos são simples, não revestidos por membranas adicionais.

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4. Fotobiontes vulgares nos líquenes: a cianobactéria filamentosa Nostoc (A) e a clorófita unicelular Trebouxia (B) (adaptado de Brodo et al., 2001).

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dos líquenes apresentam cianobactérias44 como fotobionte. As clorófitas mais vulgares nos líquenes são dos géneros Trebouxia45 e Trentepohlia46. As cianobactérias mais comuns nos líquenes pertencem aos géneros Nostoc, Stigonema, Gloeocapsa, Chroococcidiopsis e Myxosarcina. Quanto à morfologia geral do talo, os líquenes podem ser classificados em três grupos principais: crustáceos, fruticulosos e foliáceos (Estampas 1,5 a 8). Nos líquenes crustáceos, o talo é uma crosta aplanada, intimamente aderente ao substrato, ou mesmo nele imerso. Podem ocorrer no solo, em rochas ou na casca das árvores. Os líquenes fruticulosos assemelham-se a pequeninos arbustos, erectos ou pendentes. Os líquenes foliáceos têm um talo laminar, achatado, membranoso, parcialmente aderente ao substrato, por meios de rizinas47 ou de um umbigo central. As principais camadas estruturais no talo liquénico são o córtex, a camada algal, a medula, e o eixo interno (Estampa 6: Figuras 6Bb e 6Bc; Estampa 7: Figura 7Bb; Estampa 8: Figura 8Bb). O córtex é a camada superficial do talo liquénico. É constituído por um tecido em que as células têm um arranjo compacto, sem espaços intercelulares. É uma camada relativamente impermeável, adequado a proteger o líquene contra uma agressão mecânica e contra os preda-

O DNA plastidial ocorre em nucleóides dispersos. Os tilacóides formam grupos de 3-6. Os pirenóides encontram-se no interior do cloroplasto, podendo ser atravessados pelos tilacóides. Os pigmentos fotossintéticos são as clorofilas a e b, o β-caroteno, e diversas xantofilas (luteína, violaxantina e neoxantina). A substância de reserva é o amido (uma α-1,4-glucosana – polímero de glucose com ligações α-1,4), acumulado no interior dos cloroplastos, sob a forma de grânulos à superfície dos pirenóides. O estigma (conjunto de glóbulos lipídicos, constituídos por carotenóides) localiza-se no interior do cloroplasto. As células reprodutoras são flageladas. Os zoósporos (células assexuais flageladas) apresentam dois, quatro, ou mais flagelos. Os gâmetas (células sexuais) são biflagelados. Os flagelos apresentam um comprimento semelhante e inserem-se na parte anterior da célula. Os flagelos são nús, ou revestidos por pêlos não-tubulares (cílios) ou escamas.

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dores, e a evitar que as células do fotobionte recebam uma excessiva radiação luminosa que as danificaria. Os líquenes crustáceos só apresentam um córtex superior. Nos líquenes fruticulosos existe um córtex que reveste todo o talo. Nos líquenes foliáceos existe geralmente um córtex superior e um córtex inferior, de organização semelhante mas não idêntica. A camada algal é uma camada pouco organizada, subjacente ao córtex, onde se encontram dispersas as células do fotobionte. Observa-se um contacto íntimo entre as células do fotobionte e as do micobionte. Esta proximidade é obtida pela formação de apressórios48 e haustórios49. Em ambas as estruturas, a hifa do micobionte fica aderente ou mesmo no interior da célula do fotobionte, tornando as trocas entre os dois «partners» rápidas e intensas. A medula é a camada interna do talo liquénico. É constituída por um tecido em que as hifas estão entrelaçadas num arranjo muito frouxo. Existem assim muitos espaços entre as hifas da medula. Estes espaços podem estar repletos de gases ou de água (líquida ou vapor). A medula é efectivamente o reservatório de água dos líquenes, tamponando a abundância com a privação50. As hifas das células da medula apresentam, à sua superfície, incrustações de substâncias liquénicas. Finalmente, o eixo interno, que só observamos em alguns líquenes fruticulosos como as espécies do género Usnea, é formado por um tecido fibroso, de apreciável rigidez e consistência, conferindo assim ao líquene um porte arborescente erecto ou pendente. As mais importantes estruturas de dispersão dos líquenes são os sorálios e os isídios (Estampa 9). Os sorálios são massas pulverulentas, desorganizadas, de sorédios.

44. As cianobactérias, também designadas de algas azuis, são bactérias fotossintéticas aeróbias.

48. Apressório é uma estrutura fúngica, em forma de ventosa, que adere fortemente a uma célula hospedeira.

45. As trebouxia são clorófitas unicelulares. As células apresentam um cloroplasto central, estrelado. Existem 16-25 espécies. 46. As trentepohlias são clorófitas filamentosas. As células apresentam-se repletas de glóbulos de carotenóides.

49. Haustório é uma estrutura fúngica que penetra na célula do hospedeiro. A hifa modificada perfura (por meios mecânicos e enzimáticos) a parede da célula hospedeira e invagina a sua membrana. No interior da célula hospedeira, a hifa ramifica-se formando uma estrutura vesicular ou arbuscular.

47. As rizinas são orgãos de fixação dos líquenes ao substrato. A morfologia é muito variável, sendo taxonomicamente importante.

50. Os líquenes são organismos extremamente resistentes à secura e às temperaturas extremas. Encontramos espécies a viver nos desertos quentes ou frios mais inóspitos.

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Um sorédio é um corpúsculo, de reduzidas dimensões, não-organizado, constituído por células do micobionte e do fotobionte. Os isídios são protuberâncias cilíndricas do talo – prolongamentos em forma de dedo do córtex superior. Têm uma estrutura interna organizada, coerente com a do talo principal. Os sorédios e os isídios contêm assim células tanto do micobionte como do fotobionte, sendo capazes de originar um novo talo quando destacadas e colocadas num ambiente propício. São dispersas pelo vento, chuva e pequenos animais. Os líquenes comportam-se como organismos autotróficos para o carbono, mas na realidade só o fotobionte é autotrófico e fotossintético, dado que os fungos são, sem excepção, organismos heterotróficos. Assim, tem de ocorrer uma transferência de carbono orgânico do fotobionte para o micobionte. Quando o fotobionte é uma alga clorófita, o pro-

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duto de transferência é um álcool – ribitol e eritritol são os mais comuns. As cianobactérias transferem o carbono sob a forma de glucose. Estas moléculas orgânicas são posteriormente transformadas pelo micobionte em arabitol e manitol, sendo uma pequena parte consumida no metabolismo e a maioria armazenada no citoplasma. Esta transferência do fotobionte para o micobionte é intensa e apreciável – grande parte da actividade fotossintética do fotobionte é mesmo para «dar graciosamente» ao seu «partner» fúngico51. Este facto está relacionado com a biomassa dos dois componentes da associação e com a importante função que certos álcoois desempenham na fisiologia do micobionte. O fungo ocupa a maior parte da biomassa do talo – o seu consumo energético é assim muito superior ao das células do foto-

51. Este é um dos argumentos dos defensores da concepção dos líquenes como fenómenos de parasitismo do fotobionte pelo micobionte.

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5. Diversidade morfológica dos líquenes. Líquenes crustáceos (A), fruticulosos (B) e foliáceos (C) (estampas de Schaerer, 1850).

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6. Morfologia e estrutura de Usnea florida (L.) Weber ex F.H. Wigg. (1780), um líquene fruticuloso. A – Aspecto geral do líquene. B – Morfologia, organização interna e estruturas reprodutoras (estampa de smith, 1918). a – Morfologia externa. b – Corte transversal do talo. c – Corte longitudinal do talo. c1 – Córtex. c2 – Camada algal. c3 – Medula. c4 – Eixo interno. d – Corte do apotécio. e – Um asco e uma paráfise. f – Dois ascósporos.

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bionte. O arabitol e o manitol, que constituem 1-10% da massa total das hifas, são decisivos para que o micobionte resista à desidratação e às temperaturas extremas52. Um dos fenómenos que mais tem intrigado os liquenologistas desde há décadas é descobrir de que forma as células do fotobionte reconhecem as células do seu «partner» da associação e se desencadeia a transferência de carbono das células do fotobionte para as do micobionte. Efectivamente, se separarmos os dois «partners» e os colocarmos juntos não ocorre a transferência de carbono – esta só se inicia com o processo de re-síntese do talo original. A maioria dos líquenes é ascomicético. As suas estruturas reprodutoras sexuais são semelhantes à dos ascomicetos de vida livre, não-liquenizados53. Encontramos, assim, vulgarmente apotécios54 (mais frequentemente) (Estampa 6: Figura 6Bd; Estampa 7: Figura 7Bc; Estampa 8: Figura 8Bc) e peritécios55 (em algumas espécies) (Estampa 3) como estruturas reprodutoras dos líquenes. A organização interna destas estruturas dos líquenes é semelhante à dos fungos de vida livre. Tanto os apotécios como os peritécios contêm os ascos, e estes têm, no seu interior, os ascósporos. Os ascósporos são libertados dos líquenes, germinam e, se encontrarem células do fotobionte compatível, originam um novo talo da mesma espécie. Podemos ainda encontrar estruturas reprodutoras assexuais nos líquenes – os picnídios (Estampa 8: Figura 8Bc). Os picnídios são estruturas globosas, imersas no talo, com os conidióforos e conídios no seu interior. Existem duas interpretações para a natureza da associação liquénica – simbiose mutualística ou parasitismo? Os defensores da interpretação mutualística referem que ambos os «partners» tiram vantagens da associação. O micobionte tem carbono «grátis». O fotobionte tem, no interior do talo liquénico, «um ambiente acolhedor» - está protegido da exposição directa à radiação solar (os ultravioletas são muito agressivos para as células do fotobionte) e da dissecação excessiva (a medula armazena e tampona a água do talo), e o córtex, sendo pouco permeável, aumenta a concentração de dióxido de carbono no interior do talo (o dióxido de carbono é libertado pela respiração do micobionte e do fotobionte), potenciando a actividade fotossintética. Os defensores da interpretação de parasitismo salientam que o micobionte «recebe mais do que dá» ao seu «partner», e que existe uma tendência latente «reprimida» de destruição do fotobionte pelo micobionte. Como já foi referido, a medula é um reservatório de água e de substâncias liquénicas. O que são as substân-

cias liquénicas? São metabolitos secundários, aromáticos, de natureza fenólica, insolúveis em água, sintetizados pelo micobionte e acumulados principalmente à superfície das hifas da medula. Os micobiontes isolados dos líquenes também podem sintetizar, em condições particulares, substâncias liquénicas. Pelo contrário, as células do fotobionte não participam na sua síntese. Os fungos de vida livre, não-liquenizados, também não sintetizam este tipo de substâncias. São, portanto, específicas dos micobiontes liquénicos. Constituem uma fracção apreciável da massa do talo – cerca de 0,1 a 5%. As substâncias liquénicas desempenham importantes funções nos líquenes. Destas funções destaca-se a defesa contra parasitas e predadores. Na realidade, muitas substâncias liquénicas têm actividade antimicrobiana56, anti-herbívora e alelopática. Evitam, assim, que o líquene seja infectado e destruído por bactérias e fungos e «comido» por animais predadores, e que consiga proliferar na presença de competição pelas sementes das plantas. As substâncias liquénicas são também importantes na regulação da absorção da radiação solar, absorvendo os ultravioletas nocivos e emitindo radiações utilizáveis na actividade fotossintética. São importantes, pois, para a sobrevivência destes organismos no ambiente. Foram já identificadas centenas de moléculas diferentes de substâncias liquénicas. As substâncias liquénicas podem ser identificadas por métodos diversos: morfologia dos cristais observados por microscopia óptica; testes coloridos; métodos cromatográficos. A presença de determinadas substâncias liquénicas num dado líquene tem, geralmente, valor taxonómico. É por isso quase sempre indispensável fazer acompanhar a descrição de um líquene pela determinação das suas substâncias liquénicas específicas ou dos seus grupos de substâncias. Existem quatro testes coloridos principais utilizados na identificação de grupos de substâncias liquénicas. Os testes K, C e KC foram descobertos por Nylander, em 1866, e o teste Pd pelo investigador Ashina, em 1934. Os testes executam-se aplicando, por meio de uma vareta de vidro, o reagente apropriado a um fragmento do líquene em estudo. O reagente para o teste K é uma solução concentrada de KOH. Os resultados positivos são reacções amarelas, vermelhas e violetas. O reagente para o teste C é uma solução de hipoclorito de cálcio, podendo utilizar-se a lixívia doméstica. Os resultados positivos são reacções de cor laranja a vermelha. No teste KC, aplica-se o reagente K, retira-se o excesso de reagente com papel absorvente, e aplica-se o reagente C. Os resultados positivos são colorações amarela, laranja, rosa, vermelha ou violeta. O reagente do teste Pd é uma solução alcoólica de p-fenilenediamina. Os resultados positivos são reacções amarelas, laranjas ou vermelhas.

52. Como já foi referido, os líquenes são organismos muito resistentes à secura e às temperaturas extremas. Podem sobreviver durante anos sem receber água das chuvas. 53. O fotobionte, só em condições particulares, forma células reprodutoras sexuais. 54. Apotécio é um dos tipos de corpos frutíferos dos ascomicetos. Tem, geralmente, a forma de uma taça, com o himénio na parte superior. 55. Peritécio é um dos tipos de corpos frutíferos dos ascomicetos. Tem, geralmente, a forma de garrafa, com um pescoço mais ou menos acentuado.

56. Esta actividade antimicrobiana é, sobretudo, potente contra bactérias Gram-positivas, e está na base da utilização de certos líquenes em formulações farmacêuticas antissépticas.

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7. Morfologia e estrutura de Flavoparmelia caperata (L.) Hale (1986), um líquene foliáceo. A – Aspecto geral do líquene. B – Morfologia, organização interna e estruturas reprodutoras (estampa de smith, 1918). a – Morfologia externa. b – Corte transversal do talo. b1 – Córtex superior. b2 – Camada algal. b3 – Medula. b4 – Córtex inferior. c – Corte do apotécio. d – Um asco e uma paráfise. e – Dois ascósporos.

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8. Morfologia e estrutura de Lobaria pulmonaria (L.) Hoffm. (1796), um líquene foliáceo. A – Aspecto geral do líquene. B – Morfologia, organização interna e estruturas reprodutoras (estampa de smith, 1918). a – Morfologia externa. b – Corte transversal do talo. b1 – Córtex superior. b2 – Camada algal. b3 – Medula. b4 – Córtex inferior. c – Corte do apotécio. d – Um asco e uma paráfise. e – Dois ascósporos. f – Estrutura de um picnídio.

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9. Estruturas de dispersão dos líquenes. Organização interna de um sorálio (A) e de um isídio (B) (adaptado de jahns, 1973).

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O que é a nomenclatura botânica? 57

A nomenclatura botânica é um método para atribuir nomes às plantas, de acordo com um conjunto de regras e procedimentos seguidos por todos os taxonomistas. A nomenclatura botânica encontra-se regulamentada por um Código - o Código Internacional de Nomenclatura Botânica. Todos os botânicos, ao atribuir nomes aos táxones vegetais, têm de obedecer a estas regras. Caso contrário, os seus resultados não serão aceites pela comunidade científica internacional. O primeiro Código moderno foi aprovado no Congresso Internacional de Botânica, realizado em Viena, em 1905. O Código aplica-se a todos os grupos tradicionalmente estudados na Botânica: as cianobactérias (as restantes bactérias são regidas por um código à parte), os fungos, as algas e as plantas, tanto actuais como fósseis.

57. Bibliografia geral para este capítulo: Porter (1959), Lawrence (1973) e Greuter (1994).

Um grupo taxonómico de qualquer categoria designa-se de taxon (singular) ou táxones (plural). As principais categorias de táxones, por ordem decrescente de abrangência, são as seguintes: Reino, Divisão, Classe, Ordem, Família, Género e Espécie. O sistema é hierárquico. Assim, as espécies de um dado género têm as características do género, mais as particulares de cada espécie. Os géneros de uma dada família têm as características dessa família, mais as determinadas de cada género. O mesmo raciocínio se aplica a toda a hierarquia. Os nomes das categorias taxonómicas são nomes latinos. Acima da família inclusive, têm terminações fixas. Assim, por exemplo, todos os nomes de famílias têm de terminar em «-aceae» e nas ordens em «-ales». Todos os nomes dos táxones têm uma autoria – o(s) botânico(s) que o publicaram e caracterizaram. Os nomes dos autores são, geralmente, escritos abreviadamente. Outros princípios fundamentais da nomenclatura botânica são os seguintes: 1. A aplicação dos nomes a famílias e a táxones de categorias inferiores é determinada por tipos nomenclaturais. O conceito de tipo nomenclatural é muito antigo, era preconizado pelo Código de Rochester de 1892 e pelo Códi-

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10. Trabalho de G. Sampaio publicado em 1920, onde descreve as duas espécies novas para a ciência, encontradas na Póvoa de Varzim, em 1920.

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go Americano de 190758, mas só foi incorporado no Código oficial bastante tempo depois do Congresso de Viena59. Na época de G. Sampaio este conceito encontrava-se bem definido na mente dos investigadores, mas o Código não o regulamentava. O que é o tipo nomenclatural de uma espécie vegetal? É um espécime ou ilustração únicos, que representam tipicamente essa espécie. Hoje não é admitido publicar uma espécie nova sem designar um espécime para ser o seu tipo nomenclatural. Os exemplares-tipo têm de estar depositados numa colecção de acesso público, como um herbário de uma instituição universitária. Existem diversos tipos nomenclaturais. A sua definição é relevante para o contexto deste trabalho60. O holótipo é o espécime expressamente designado pelo autor do taxon, para «fixar» a aplicação do nome específico. O lectótipo (Estampa 14) é um espécime seleccionado por um botânico especialista, entre o material original, para «ilustrar» o taxon, quando o seu autor não o fez expressamente, ou quando o holótipo se perdeu ou foi destruído61. O lectótipo tem precedência em relação aos seguintes outros tipos nomenclaturais. O síntipo (Estampas 13, 15 e 16) é um espécime mencionado na publicação original do taxon. O neótipo é um espécime que substitui o holótipo, quando não existe nenhum espécime recolhido pelo autor do taxon. O isótipo é um duplicado do holótipo, um espécime recolhido na mesma localidade e data do holótipo. O parátipo é um espécime referido na publicação original do taxon (além do holótipo). 2. A nomenclatura das famílias e dos táxones de categorias inferiores baseia-se na prioridade da publicação, a partir de uma data, que é considerada como o início da publicação válida. Para os nomes de géneros e espécies da maior parte dos grupos de plantas é a publicação das obras monumentais Genera Plantarum e Species Plantarum de Lineu em 1754 e 1753, respectivamente. Nomes publicados antes, não são, em princípio, válidos, a não ser que tenham sido aceites e citados por Lineu. Para os nomes depois publicados, o primeiro tem prioridade. Os nomes posteriores são considerados sinónimos do primeiro, válido. No entanto, podem existir excepções à aplicação estrita do Código — nomes conservados. São nomes que, por uma aplicação rigorosa do código, seriam rejeitados (por exemplo, nomes que são anteriores à data de início da publicação válida ou que não têm prioridade), mas que estão tão enraizados no

uso botânico que se considera inconveniente a sua supressão. Os nomes conservados constam de apêndices ao Código. Este princípio fundamental data do Código de Viena. G. Sampaio foi sempre um acérrimo opositor aos nomes conservados, achando que o princípio da prioridade deveria ser absoluto, sem excepções. 3. Cada família e taxon de categoria inferior só pode ter um nome correcto. Este é o mais antigo de acordo com as regras, excepto em determinados casos. 4. As regras são retroactivas, excepto em determinados casos. 5. Todos os nomes de táxones novos têm de ser publicados em obras impressas. Comunicações orais, nomes colocados em colecções (exsicatas, por exemplo) ou em jardins não constituem publicação válida. 6. Os nomes de táxones novos só são válidos quando acompanhados de uma descrição (diagnose) em latim. 7. As regras só podem ser modificadas em Congresso Internacional de Botânica.

58. Estes Códigos eram sobretudo apoiados pelos botânicos americanos (G. Sampaio concordava com diversas regras destes códigos), mas não foram aprovados nos Congressos Internacionais de Botânica, pelo que não eram «oficiais». São também designados de códigos dissidentes. 59. Só ficou bem estabelecido no Congresso de Estocolmo de 1950. 60. Nas estampas são apresentados diversos tipos nomenclaturais de táxones de líquenes propostos por G. Sampaio. 61. Como no tempo de G. Sampaio, ainda não estavam bem definidos os tipos nomenclaturais, para a maioria das espécies e variedades novas para a ciência que propôs (tanto de líquenes como de plantas vasculares), não existem holótipos. Para as espécies novas de líquenes que são mencionadas neste trabalho, não existem holótipos, mas existem outros tipos nomenclaturais, atribuídos pela investigadora galega Paz-Bermúdez que estudou criteriosamente o herbário de líquenes de G. Sampaio (paz-bermúdez et al., 2002).

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VI. G. Sampaio na Póvoa de Varzim em 1920 : cinco meses de excepcional trabalho liquenológico 62

Que elementos dispomos para estudar o trabalho desenvolvido por G. Sampaio durante os cinco meses de estadia na Póvoa de Varzim? Diversos e muito ricos: 1. A documentação epistolar com A. Ricardo Jorge. 2. Os trabalhos publicados, sobretudo os Liquenes inéditos (Estampa 10) e as Novas contribuições para o estudo dos líquenes portugueses. 3. A exsicata Lichenes de Portugal (que todavia só seria distribuída em 1923). 4. Os cadernos de apontamentos onde tomava notas sobre os exemplares recolhidos nas herborizações pelo concelho (Estampa 11). 5. A lista geral dos líquenes do Herbário da Faculdade de Ciências do Porto (Estampa 12). 6. Os exemplares recolhidos por G. Sampaio e actualmente existentes no Herbário do Departamento de Botânica (FCUP). Deixemos, por agora, a documentação epistolar. Com os restantes elementos, cuja informação mais relevante se encontra nos Quadros I e II, que imagem se pode conceber para o trabalho liquenológico realizado por G. Sampaio na Póvoa de Varzim?

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B 11. Cadernos de apontamentos de G. Sampaio. A – Caderno referente à exsicata «Lichenes de Portugal», onde G. Sampaio anotou alguns dos exemplares recolhidos na Póvoa de Varzim em 1920, que incorporará na exsicata, distribuída em 1923. B – Caderno de notas sobre a excursão de 19 de Janeiro, com a lista das espécies observadas.

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62. A estadia de G. Sampaio na Póvoa de Varzim, em 1920, parece ter sido discreta, dado que não foi relatada na imprensa periódica da época. Estas publicações, sem excepção, anunciavam nas suas páginas, todos os pormenores da vida social das vilas e cidades do nosso país, como a simples chegada ou partida de um seu estudante universitário, «proprietario» ou «academico», ou a doença ou convalescença de um seu morador «ilustre». Não encontrámos qualquer referência à presença de G. Sampaio na Póvoa de Varzim na seguinte imprensa periódica que consultámos: 1. O Commercio da Povoa de Varzim, «semanário do partido republicano português», com A. Santos Graça como director e editor. Este jornal semanal tinha uma secção – o «Boletim semanal», onde anunciava as estadias e partidas, os doentes, os casamentos, nascimentos e aniversários. Foram consultadas as edições de 1 de Janeiro a 4 de Julho de 1920. 2. O Liberal, com Leonardo da Silva Velloso como director e editor, e Amandio Bernardo Pereira, como proprietário. Este jornal semanal tinha uma secção - «Varias noticias», onde inseria noticias referentes a moradores na Póvoa. Foram consultadas as edições de 4 de Janeiro a 27 de Junho de 1920. 3. O Intransigente, da Povoa de Varzim, «semanário defensor dos interesses da Povoa», com Baptista de Lima como director, proprietário, editor e administrador. Pelo conteúdo das suas notícias, a publicação assumia-se como adepta do partido republicano português. Na secção - «Album semanal», à semelhança de O Comércio da Póvoa de Varzim, eram publicadas notícias referentes a aniversários, casamentos, nascimentos, doenças, partidas e chegadas. Foram consultadas as edições de 11 de Janeiro a 6 de Junho de 1920. 4. O Primeiro de Janeiro tinha uma secção intitulada «A vida na província» em que inseria factos e acontecimentos de muitas vilas e cidades do norte do país. Foram consultadas as edições de 31 de Dezembro de 1919 a 4 de Março de 1920. 5. O Commercio do Porto também relatava acontecimentos da «província». Foram consultadas as edições de 1 de Janeiro a 7 de Fevereiro. Por que razão ficou por noticiar a estadia de G. Sampaio na Póvoa de Varzim em 1920? Quiçá, por duas razões principais: 1. Não era poveiro, nem tinha estado antes na Póvoa, apesar de ter contactos epistolares com poveiros ilustres como Rocha Peixoto. 2. Era um monárquico fervoroso e tinha estado preso pouco tempo antes durante a efémera Monarquia do Norte de 1919 (cabral, 2007). Dois dos jornais locais que citámos assumiam-se como fervorosamente republicanos. Os dois jornais diários portuenses inseriam notícias locais, mas, efectivamente, a vida na Póvoa de Varzim não era muito noticiada.

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12. Caderno manuscrito de G. Sampaio, com o registo geral dos líquenes do Herbário da Faculdade de Ciências. Páginas com a entrada dos líquenes recolhidos na Póvoa de Varzim, em 1920.

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13. Tipo nomenclatural (síntipo) de Acarospora varzinensis Samp., uma espécie nova para a ciência, descoberta na Póvoa de Varzim, em 1920.

Em termos de excursões botânicas, G. Sampaio terá realizado herborizações para recolher líquenes nos seguintes dias: 17, 18, 19, 20 e 21 de Janeiro; 1, 3, 8 e 27 de Fevereiro; 4 de Março; 5, 6 e 17 de Abril; 16, 17, 18, 20, 21, 23 e 28 de Maio. Em algumas destas herborizações foi acompanhado por seus filhos Joaquim63, Fernando64 e/ou Alberto65.

63. Joaquim António Ferreira Sampaio nasceu no Porto, em 1898. Frequentou a Faculdade de Ciências do Porto. Foi colector do Gabinete de Botânica, ingressando como naturalista do Instituto de Botânica, em 1926. Estudou exaustivamente as cianobactérias e as desmídias portuguesas. Publicou diversos trabalhos na revista Broteria. (Pires de Lima, 1942).

Em que locais recolheu líquenes? Na Póvoa de Varzim (centro), Amorim, Aver-o-Mar, Beiriz, Laundos, monte de S. Felix, Estela; tanto perto do mar como no interior do concelho. Que líquenes recolheu? Consideremos as colheitas liquenológicas de G. Sampaio na Póvoa de Varzim, neste período, em quatro categorias: A. Espécies novas para a ciência, da autoria de G. Sampaio, descobertas na Póvoa de Varzim: 1. Acarospora varzinensis Samp. (Estampa 13), que terá sido descoberta pela primeira vez a 17 de Janeiro. Escrevia em Líquenes inéditos: «Encontrei-a nas paredes graníticas, junto da beira-mar, na Póvoa de Varzim e na Foz do Douro.». 2. Lecidea Chodati Samp. (Estampa 14), que terá sido recolhida pela primeira vez a 18 de Janeiro. Escrevia em Líquenes inéditos: «Dedico esta nova espécie, que é abundante nas paredes dos campos e dos montes em volta da Póvoa de Varzim, ao meu amigo, eminente e sábio botânico dr. Robert Chodat, professor na Universidade de Genebra.». B. Espécies novas para Portugal, descobertas na Póvoa de Varzim: 1. Acarospora Heppi Korb., observado pela primeira vez, em Fevereiro. 2. Acarospora Lesdainii Harm. in A. L. Smith, observado pela primeira vez, a 19 de Janeiro. 3. Arthopyrenia consequens Arn., descoberto em Fevereiro. 4. Aspicilia recedens (Tayl.) Arn. / Lecanora recedens Nyl.,

64. Fernando Ferreira Sampaio faleceria de tuberculose, em finais de 1924. 65. Alberto Ferreira Sampaio faleceria em 1920. Em Líquenes inéditos (Sampaio, 1920), G. Sampaio dedicar-lhe-ia uma espécie nova para a ciência – Acarospora Alberti Samp. dedicada «á adorada memória de meu filho Alberto, para quem era sempre um grande prazer acompanhar-me nas minhas excursões liquenológicas. Que o nome do pequeno

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líquen fique lembrando a creança alegre, inteligente e boa que comigo passou dias dos mais felizes naquela tranquila aldeia e que hoje deve gosar no seio de Deus o merecido prémio da sua vida exemplar».

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14. Tipo nomenclatural (lectótipo) de Lecidea Chodati Samp., uma espécie nova para a ciência, descoberta na Póvoa de Varzim, em 1920. Esta espécie fez parte da exsicata «Lichenes de Portugal» (# 103). Capas das três centúrias da exsicata.

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15. Tipo nomenclatural (síntipo) de Lecanora Celestini Samp., uma espécie nova para a ciência, descoberta antes, mas também recolhida na Póvoa de Varzim, em 1920.

recolhido pela primeira vez, a 27 de Fevereiro. 5. Caloplaca phlogina Flag., observado pela primeira vez na herborização de 19 de Janeiro. 6. Lecania sampaiana B. de Lesd. 7. Physcia sciastrella Harm., registado pela primeira vez, a 19 de Janeiro. 8. Physma chalazanellum A. L. Smith., observado pela primeira vez em Fevereiro. G. Sampaio escrevia nas Novas contribuições para o estudo dos líquenes portugueses: «É uma espécie nova para o país. O primeiro exemplar colhi-o na Póvoa de Varzim, em Fevereiro de 1920.». 9. Porocyphus areolatus Koerb. 10. Verrucaria viridula Ach., descoberto pela primeira vez, a 21 de Janeiro. C. Espécies novas para a ciência, da autoria de G. Sampaio, observadas antes, mas também recolhidas na Póvoa de Varzim. Algumas tinham sido publicadas antes de 1920, outras só seriam depois, outras ainda não seriam publicadas como tendo sido recolhidas na Póvoa: 1. Lecania citrinella Samp., observada pela primeira vez na Póvoa de Varzim, a 17 de Janeiro. Já tinha sido observada antes, em Leça da Palmeira. 2. Lecanora Celestini Samp. (Estampa 15), desco-

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berta pela primeira vez na Póvoa de Varzim, em Fevereiro. Já tinha sido observada antes em Ponte de Lima e Braga. 3. Lecanora lisbonensis Samp. (Estampa 16), registada pela primeira vez na Póvoa de Varzim, a 4 de Março. 4. Lecidea macrocarpoides Samp. e Rinodina confinis Samp. D. Espécies novas para Portugal, observadas antes, mas também recolhidas na Póvoa de Varzim. Destas, Lecidea lithophiloides Nyl. foi descoberta pela primeira vez na Póvoa de Varzim, em Fevereiro, e publicada com esta localização. Outras espécies foram, efectivamente, observadas e recolhidas na Póvoa de Varzim, mas G. Sampaio não publicou estes dados. O presente trabalho constitui a primeira divulgação desta informação. Analisemos agora a documentação epistolar entre A. Ricardo Jorge e G. Sampaio66. A primeira correspondência é

66. As transcrições dos manuscritos encontram-se entre aspas, em itálico (as de documentos impressos, em letra redonda). Nas transcrições de manuscritos seguimos as recomendações de Costa (1982), transcrevendo de acordo com os originais, em que a

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16. Tipo nomenclatural (síntipo) de Lecanora lisbonensis Samp., uma espécie nova para a ciência, descoberta antes, mas também recolhida na Póvoa de Varzim, em 1920.

um bilhete-postal não-ilustrado, endereçado da Póvoa de Varzim, Rua António Graça, 32. Não está datado, mas tem um carimbo de correio com a data de 30 de Janeiro de 1920 (BNP A/2049). G. Sampaio informava A. Ricardo Jorge que se tinha mudado para a Póvoa de Varzim e que a flora liquénica da região lhe parecia muito interessante: «Meu caro amigo. Escrevo-lhe da Povoa de Varzim, onde estou a viver com a familia67, por não conseguir uma casa no Pôrto! Depois d’amanhã vou à Universidade, por causa de um exame, e de lá lhe mandarei os folhetos que me emprestou e que só por esquecimento não mandei ainda. Quanto a separatas é que estamos muito mal, porque tenho quasi tudo esgotado.

acentuação das palavras é muito irregular. Limitámo-nos a desdobrar as abreviaturas e a acrescentar alguma pontuação quando era indispensável para uma melhor leitura do texto. Comentários nossos intercalados nas transcrições encontram-se em letra redonda, entre parêntesis rectos. Sublinhámos os nomes de táxones. 67. G. Sampaio tinha uma família numerosa. Alguns dos seus filhos ajudá-lo-ão na recolha de líquenes durante a estadia na Póvoa de Varzim. Ver nota anterior.

Já estou, efectivamente, em exercicio mas vou pedir uma licença de 6 mezes, porque me não vale a pena ir d’aqui ao Porto dar aulas. Aqui, na Povoa de Varzim, tenho-me entretido a colher liquenes, á falta de outras plantas n’esta época, e algumas novidades interessantes colhi já. Pela primeira vez colhi a verdadeira Parmelia perfurata. A Parmelia soredians abunda aqui68. Mais tres especies novas para Portugal e uma Ramalina que não sei determinar. Especies raras, bastantes. Vou trazer do Porto o microscopio, reagentes e livros, para me entreter. Povoa de Varzim – Rua Antonio Graça, 32. Gonçalo Sampaio». Pelo conteúdo da carta é provável que G. Sampaio ainda não tivesse estudado com atenção o material que já tinha recolhido na Póvoa de Varzim, porque neste mês de Janeiro já tinha realizado várias herborizações e recolhido não só espécies novas para Portugal, como até para a ciência.

68. G. Sampaio tinha recolhido esta espécie na excursão do dia 20 de Janeiro.

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Em Março, no dia 11, G. Sampaio escreve novamente para A. Ricardo Jorge (BNP A/2087). Já tinha recolhido, em Janeiro e Março, duas espécies novas para a ciência. O entusiasmo era enorme e contagiante. Estava decidido e empenhado na edição de uma exsicata de líquenes de Portugal: «Meu caro amigo. Já tenho colados nos cartões quasi todos os líquenes (50 espécies) que devem constituir o 1.° fasciculo das minhas exsicatas numeradas dos “Lichenes de Portugal”69. Muito brevemente vão ser impressas as etiquetas e o folheto que acompanha cada fascículo. Portanto se quer colaborar nos fasciculos, tem de mandar 10 a 12 espécies pelo menos, quanto antes. De cada espécie mande para 16 colecções, que são as que se fazem apenas. Em Portugal só fica uma colecção no Porto, outra em Coimbra70 e outra na sua mão, se quizer colaborar. As restantes vão para os herbários estrangeiros. Neste 1.° fasciculo vão, pelo menos, essas 15 espécies que o meu amigo não deve ter, algumas delas novas para o país ou para a sciencia, até!: Lecidea sarcogynoides, Acarospora varzinensis, Samp., Porocyphus areolatus, Diphrathora holophaea Samp.71, Diphrathora subdisparata (Nyl.) Samp.72, Buellia indissimilis (Nyl.) Samp.73, Lecidea portuensis Nyl., Thelotrema leiospodium Nyl., Pyrenopsis triptococca Nyl., Lecidea macrocarpoides Samp.74, Lecanora [/] Caloplaca phlogina, Carlosia viridescens Samp. (género novo para a sciência, dedicado á memoria de D. Carlos I)75, Buellia Chodati Samp., etc. etc.76. Participo-lhe

69. A exsicata de G. Sampaio Lichenes de Portugal só seria publicada em Março de 1923. Seria constituída por 6 séries de 50 exemplares cada, num total de 300 espécimes. A exsicata segue uma ordem taxonómica. As espécies estão agrupadas por géneros, e estes, em famílias. Os primeiros espécimes são de líquenes foliáceos e fruticulosos. A maioria dos espécimes (178) foi recolhida por G. Sampaio. Um número apreciável (37) foi recolhido por A. Ricardo Jorge. Mais de 75% dos espécimes foram recolhidos entre 1920 e 1921. Destes, 20 foram recolhidos na Póvoa de Varzim, durante a estadia de G. Sampaio, de Janeiro a Maio de 1920 (Cabral, 2007). 70. G. Sampaio estaria a referir-se ao Herbário da Universidade de Coimbra, dirigido por J. Henriques. 71. G. Sampaio publicará este taxon como uma nova combinação num outro género - Solenospsora holophaea (Mont.) Samp. (Sampaio, 1921).

que encontrei aqui a célebre Lecidea lusitanica Nyl., numas pedras do litoral, sobre o talo da Lecanora galactina. É linda. Deve ter recebido os folhetos que lhe mandei registado. Se mandar liquenes para a colecção do 1.° fasciculo tenho interesse em que mande a Toninia lurida e Toninia albilabra e Toninia tabacina; mas servem quaisquer dos seguintes77: Polyblastia cupularis, Arthonia polymorpha, Arthonia tabidula (excelente. Já cá tem exemplares), Arthothelium taediosum (excelente), Opegrapha lyncea, Lecanactis spp., Graphis striatula (excelente), Graphis inusta (boa), Glyphis cicatricosa (boa), Chiodecton venosum (boa), Roccella fucoides, Bacidia miligrana78 (excelente), Heppia turgida, Pteryngium setubalense79, Pertusaria vellata80, Lecanora caesio-alba81 (boa), Lecanora scutellaris, Lecanora rubicunda (boa), Lecania algarbiensis (boa), Lecania turicensis (boa), Diphrathora82 olivacea, Ramalina pusilla, Teloschistes flavicans e villosus, Buellia maritima (boa), Rinodina beccariana (boa), Physcia setosa e Physcia [ilegível], Rinodina pruinella. Seu amigo. G. Sampaio. Povoa de Varzim – 11-3-1920. Rua Antonio Graça 32. P. Scr. – A Arthonia turbidula talvez chegue para a distribuição; por isso se não conseguir mais exemplares estes bastam. G. S.». Escrito à margem da primeira página: «O dr. Américo Pires de Lima83 tambem colabora na colecção de liquenes84.». O que terá motivado e decidido G. Sampaio a iniciar a sua exsicata de líquenes na Póvoa de Varzim nos primeiros meses de 1920? Já estudava profundamente os líquenes portugueses há cinco anos. Tinha, portanto, acumulado muitos exemplares da nossa flora. Na Póvoa, tinha descoberto alguns exemplares que lhe pareciam ser espécies novas para a ciência. Estava longe dos afazeres escolares e dos compromissos académicos. O «ambiente» e a altura eram propícios para iniciar a grande obra que se avizinhava. A. Ricardo Jorge responde a G. Sampaio numa carta datada de 29 deste mês de Março (Estampa 17). A resposta é naturalmente positiva. A. Ricardo Jorge terá compreen-

72. Combinação nova, publicada em Sampaio (1917d). Em trabalho posterior (Sampaio, 1921) irá transferir este taxon para o género Solenopsora - Solenopsora subdisparata (Nyl.) Samp. 73. Combinação nova, publicada em Sampaio (1921). Todavia o taxon não é válido, porque já tinha sido publicado por Bouly de Lesdain, em 1914. 74. Espécie nova publicada em Sampaio (1917a). Em trabalho posterior (Sampaio, 1922) irá considerar que afinal se trata de uma espécie já descrita – Lecidea platycarpoides Bagl. 75. Este género e espécie nova para a ciência só serão publicados por G. Sampaio, em 1923 (Sampaio, 1923b). Este documento indica que G. Sampaio recolheu e determinou este líquene novo antes de Março de 1920. 76. Destas seriam, realmente, inseridas na exsicata as seguintes: Acarospora varzinensis Samp. (exsicata #113); Diphrathora holophaea Samp. (exsicata #143; publicado como Solenopsora holophaea Samp.; G. Sampaio ter-se-á equivocado nesta carta com a ortografia correcta deste género que é Diphratora); Diphrathora subdisparata (Nyl.) Samp. (exsicata #140; publicado como Solenopsora subdisparata Samp.); Lecidea portuensis Nyl. (exsicata #97); Thelotrema leiospodium Nyl. (exsicata #3; publicado como Leptotrema leiospodium A. Zahlbr.); Pyrenopsis triptococca Nyl. (exsicata #40); Lecanora / Caloplaca phlogina (exsicata #123; publicado como Xanthocarpia phlogina Samp.); Buellia Chodati Samp. (exsicata #103; publicado como Lecidea chodati Samp.). Destes espécimes, a Acarospora varzinensis, a Lecidea chodati e a Xanthocarpia phlogina tinham sido recolhidas na Póvoa de Varzim. Os restantes tinham sido obtidos noutras localidades (no entanto, alguns também serão observados na Póvoa de Varzim). Portanto, G. Sampaio terá trazido do Porto material para a Póvoa de Varzim. O facto de ter utilizado, nesta carta, para diversas espécies, nomes diferentes dos que adoptaria quando as publicaria, efectivamente (como a Buellia Chodati que seria publicada em Dezembro como Lecidea Chodati), indica que G. Sampaio nesta altura ainda não tinha realizado um estudo aprofundado destes exemplares. Numa carta posterior, datada de 16 de Maio, já irá designar este líquene como Lecidea Chodati.

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77. Destas seriam, realmente, inseridas na exsicata as seguintes: Arthonia polymorpha Ach. (exsicata #19); Arthothelium taediosum Cout. (exsicata #21); Glyphis cicatricosa Ach. (exsicata #4); Roccella fucoides Wain. (exsicata #1); Diphrathora olivacea (exsicata #142; publicado como Solenopsora olivacea Samp.); Teloschistes flavicans Norm. (exsicata #129); Arthonia turbidula Nyl. (exsicata #20). Todos estes exemplares (excepto a Solenopsora olivacea) aparecem na exsicata como recolhidos por A. Ricardo Jorge, indicando que o botânico de Lisboa tê-los-á efectivamente enviado para G. Sampaio, após esta carta. 78. G. Sampaio ter-se-á equivocado na ortografia deste taxon, que é, efectivamente: Bacidia millegrana. 79. A ortografia correcta do nome do género é Pterygium. 80. A ortografia correcta do nome da espécie é Pertusaria velata. 81. A ortografia correcta do nome da espécie é Lecanora caesioalba. 82. A ortografia correcta do nome do género é Diphratora. 83. Américo Pires de Lima (1886-1966) era médico pela Escola Médico Cirúrgica do Porto. Entra para a Faculdade de Ciências do Porto como 2.° assistente, em 1913. Em 1919, passa a 1.° assistente, atingindo o topo da carreira docente em 1921. Foi director da Faculdade de Farmácia do Porto de 1929 a 1932, e director da Faculdade de Ciências de 1935 a 1945. Em 1935, por jubilação de G. Sampaio, sucede-lhe na direcção do Instituto de Botânica. É jubilado em 1956, por atingir o limite de idade. Publica trabalhos na área da medicina, da Botânica ultramarina e da história da Botânica (GEPB; Pires de Lima, 1942; FCP, 1969:250-259; Cabral, 2007). 84. Não se concretizaria a participação de A. Pires de Lima nesta exsicata.

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17. Carta de Arthur Ricardo Jorge para G. Sampaio, datada de 29 de Março de 1920.

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dido a importância duma colecção desta natureza e o pedido vinha do «seu» mestre do Porto: «Lisboa, 29-III-1920. Campo dos Mártires da Pátria, 142-2.°. Meu prezado amigo. Aproveito a ida de meu irmão ao Porto para ver se lhe faço chegar esta carta ás mãos com alguma segurança. Recebi passados 15 dias a sua carta da Povoa convidando-me a colaborar na sua 1.ª distribuição de liquenes. Excusado dizer-lhe que com o maior gosto desejo contribuir para ela e na realidade de poder tornar-me merecedor dum exemplar. Pena é que me mande pedir as especies com tamanha urgencia. Vou já esta semana meter-me a caminho para lhes obter. Como tem pressa irei buscar aquelas que conheço localidades. Assim desde já comprometo-me a enviar-lhe: Toninia albilabra (Cacem), Toninia lurida (Cacem), Arthonia tabidula (Lumiar), Opegrapha lyncea (Lumiar), Physcia setosa (Lumiar), Arthiothelium tediosum (Mafra), Melaspilea lentiginosa (Mafra), Roccella fucoides (Mafra), Rinodina pruinella (Cintra), Chiodecton venosum (Cintra), Glyphis cicatricosa (Cintra), Graphis inusta (Cintra)85. Farei as necessarias colheitas ainda nesta e em proxima semana, enviando-lhas, se ainda cá estiver, pelo Aníbal [ilegível] com quem falei [ilegível] a sua distribuição, a avaliar pelas especies que me cita na sua carta, é excelentissima. Não quero por forma alguma deixar de vir a possuir um exemplar de tão preciso fasciculo. Nesta ocasião envio-lhe tambem por intermedio de meu irmão, um cartão com algumas especies que lhe deverão ser interessantes: 1 exemplar de Gentiana lutea (S.a da Estrella); 2 orquideas que aponta com * no seu Herbário Português (dos arredores de Lisboa); um duplicado da Notholena86 colhida nos arredores por Welwitsch; e finalmente um exemplar da Cetraria islandica (S.a da Estrela). Entre os liquenes colhidos na Estrela tenho a Peltigera aphthosa, mas não houve meio de a descobrir agora para lhe mandar. Irá depois juntamente com alguns bons exemplares da Daveaua anthemoides87 do lugar classico. Este ano continuarei com herborizações fazendo incidir a minha atenção especialmente nos liquenes de Cintra88. Não tenho com efeito tempo disponível para herborizar longe, porque tenho regencias de cursos o que me impede de ausentar-me por muitos dias de Lisboa. Creio ter-lhe dito que tive de reger no semestre de inverno o curso de Zoologia do F. Q. N.89 o que me tirou muito tempo desviando-me a atenção e forçando-me a um grande trabalho para a preparação do curso90. Como compensação do esforço

e boa vontade que mostrei, levantou-se em torno de mim a campanha mais tendenciosa que possa imaginar. Felizmente que a minha Faculdade se manteve com toda a firmeza. Serão coisas a contar-lhe quando me encontrar consigo, coisas que me teem desgostado imensamente com a agravante de me terem feito perder um tempo precioso. Abraça-o seu amigo, Arthur Ricardo Jorge. P. S. – Meu irmão (Ricardo Jorge) encontra-se no Hotel do Porto até 6.a feira ás 2 horas da tarde. Caso queira acusar esta carta ou mandar-me alguma coisa deste seu criado poderá mandar-lhe a resposta para aquela direcção.». G. Sampaio responde a A. Ricardo Jorge, numa carta datada de 16 de Abril (BNP A/2089). O entusiasmo com a elaboração da exsicata Lichenes de Portugal mantinha-se alto. G. Sampaio tinha a noção de que já tinha recolhido na Póvoa espécimes valiosíssimos de líquenes. A Lecidea Chodati Samp. e a Acarospora varzinensis Samp., espécies novas para a ciência descobertas na Póvoa de Varzim, tinham sido colhidas já várias vezes. Eram irresistíveis para troca para qualquer liquenologista, e assim escrevia G. Sampaio a A. Ricardo Jorge: «Meu caro amigo. Dou-lhe a novidade de que os seus liquenes já hoje ficaram colados nos cartões. Com êles atinjo o numero de 30 especies para as distribuições, já colhidas e preparadas. No entanto, como vê, faltam-me ainda 70 para poder distribuir em junho o 1.° e o 2.° fascículo. Como lhe disse, cada fasciculo compreende 50 numeros e vai numa pasta especial, etiquetada na lombada. Colha tudo quanto poder, porque em troca vai receber excelentes liquenes, que fazem parte da colecção, entre os quais [ilegível] especies novas, como a Lecidea Chodati, Samp., a Lecidea Duartei, Samp.91 e a Acarospora varzinensis, Samp., etc. Alem dos liquenes que colhi em quantidade para a colecção outros novos para Portugal tenho colhido ultimamente, mas em numero de exemplares bastante limitado. Se quizer obter algum destes eu poderei trocar consigo por espécies das que me faltam e são citadas pelo Coutinho92. Para essas trocas ofereço: Buellia badia, Lecidea viridans Flot., Arthopyrenia cerasi, Arthopyrenia antecellens, Calicium [ilegível], Porina tenuifera, Porina lectissima, Porina leptalea, Arthonia epipastoides, Schismatomma perycleum93, Rinodina discolor (tipo), Bilimbia Nitschkeana, Aspicilia griseola, Lecanora Celestina94 Samp., Lecidea multipunctata Hepp., Leciographa lusitanica, Lecanora obvirescens, Blastenia obscurata,

85. Destas seriam realmente inseridas na exsicata as seguintes, além das mencionadas em nota anterior: Melaspilea lentiginosa Müll-Arg. (exsicata #16); Este exemplar aparece na exsicata como recolhido por A. Ricardo Jorge, portanto, o botânico de Lisboa tê-lo-á de facto enviado para G. Sampaio, após esta carta.

ciplinas de Zoologia surgia-lhe como um contratempo. Todavia, acabaria por deixar a Botânica e especializar-se, precisamente, neste outro ramo da Biologia.

86. A. Ricardo Jorge estaria a referir-se ao género de plantas angiospérmicas Notholaena. 87. Espécie de angiospérmica com uma distribuição muito restrita no nosso país. Ocorria em Belas, local onde seria recolhida por A. Ricardo Jorge. 88. A serra de Sintra, com o seu clima peculiar, era uma zona muito rica do ponto de vista florístico, e, por isso, muito estudada pelos botânicos desta época. 89. Trata-se do curso preparatório para Medicina, que era realizado nas Faculdades de Ciências, nesta época. 90. Nesta altura, A. Ricardo Jorge assumia-se como um botânico e a docência de dis-

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91. Esta espécie não seria incluída na exsicata, nem terá sido recolhida na Póvoa de Varzim. 92. G. Sampaio referia-se a A. X. Pereira Coutinho. A partir do início da década de 1910, emergem sérias divergências entre G. Sampaio e o professor de Lisboa, nomeadamente quanto ao estudo dos líquenes portugueses. A. Ricardo Jorge era naturalista da Faculdade de Ciências de Lisboa e tinha acesso ao Herbário desta Faculdade. Será, realmente, através de A. Ricardo Jorge que G. Sampaio estuda muitos dos exemplares de líquenes do Herbário da Faculdade de Ciências de Lisboa. 93. A ortografia correcta do nome da espécie é Schismatomma pericleum. 94. A ortografia do nome da espécie, conforme G. Sampaio publicou, é Lecanora Celestini.

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Sarcogyne privigna, Rinodina sophodes, Rinodina demissa, Bacidia umbrina, Opegrapha herpetica Rhizocarpon viridiatrum, Arthonia epipasta, Lecidea limborina, Rinodina pyrina, Lecidea insularis, etc., etc. Por cada liquen que quizer enviar-me, dos que vou indicar na desiderata, pode escolher dos mencionados o que quizer. Desejo receber os seguintes95: Verrucaria orbicularis Cout.96, Verrucaria ruderum Cout., Verrucaria umbrosa Cout., Polyblastia cupularis Cout., Dermatocarpon rufescens Cout., Arthopyrenia fallace Cout.97, Arthopyrenia grisea Cout., Graphis striatula Cout., Lecidea flavicans Cout. [o nome da espécie está sublinhado com tinta forte98], Bacidia miligrana99 Cout., Acarospora Schleicheri (tipo) Cout., Collema quadratum Cout., Heppia turgida Cout., Pertusaria isidioides Cout., Pertusaria amarescens Cout., Lecanora cinerea Cout., Lecanora caesio-alba Cout., Lecanora conyzea100 Cout., Lecania cyrtella Cout., Lecania algarbiensis Cout. [o nome da espécie está sublinhado com tinta forte101], Parmelia physodes Cout., Parmelia latissima Cout., Ramalina Panizei102 Cout., Buellia maritima Cout., Rinodina lecanorina Cout., Dermatocarpon cinereum Cout., Chaenotheca stemonea Cout., Lecidea speirea Cout., Lecidea vernalis Cout. [G. Sampaio assinalou este nome com uma cruz antes do binome], Lecidea albilabra Cout., Rhizocarpon badioatrum Cout. [G. Sampaio assinalou este nome com uma cruz antes do binome], Lecanora intumescens Cout., Lecanora atrynea Cout., Buellia [ilegível o epíteto] Cout., Buellia moriopsis Cout. Todos estes liquenes me interessam, porque desejo saber do que realmente se trata. Alguns deles nunca os encontrei e não creio na sua existencia no paiz, outros possuo-os mas creio que o Coutinho se refere a plantas diversas delas. Eu posso acrescentar ainda muito a lista de oblata, com especies que o meu amigo desejará certamente possuir. Ora muitos dos que desejo sãolhe faceis de obter, porque são dos arredores de Lisboa. Eu vou precipitar a redacção do Catalogo dos liquenes portugueses103, porque o dr. Julio Henriques insta constantemente pelo original para o Boletim da Sociedade Broteriana. Por

95. Como dissemos em nota anterior, G. Sampaio discordava de algumas opiniões de A. X. Pereira Coutinho quanto a diversos líquenes portugueses. Para enfatizar estas dúvidas, G. Sampaio utiliza aqui, propositadamente, uma forma incorrecta de atribuir a autoria aos táxones. Na realidade, estes não eram, na sua grande maioria (os táxones novos estão assinalados), táxones novos de A. X. Pereira Coutinho (como a forma de escrever de G. Sampaio poderia sugerir), mas antes determinações atribuídas por Coutinho a exemplares do Herbário de Lisboa. Era sobre estas determinações que G. Sampaio tinha dúvidas. 96. Combinação nova proposta em Coutinho (1916:6): Verrucaria orbicularis (Garov.) Cout. (1916). 97. G. Sampaio estaria aqui a referir-se a A. fallax citada em Coutinho (1916:9). 98 Combinação nova proposta em Coutinho (1916:25): Lecidea flavicans (Ach.) Cout. (1916). 99. A ortografia correcta do nome da espécie é Bacidia millegrana. 100. A ortografia correcta do nome da espécie é Lecanora conizaea. 101. Espécie nova proposta em Coutinho (1916:667): Lecania algarbiensis Cout. (1916). Por se tratar de uma espécie nova, G. Sampaio estaria particularmente interessado em observá-la e, por isso, sublinha o nome a tinta forte. 102. A ortografia correcta do nome da espécie é Ramalina panizzei. 103. Existe no espólio documental de G. Sampaio o manuscrito deste catálogo, que, todavia, permaneceu inacabado e inédito.

isso tenho agora o maior empenho em ver as plantas que o Coutinho cita e das quais eu ponho em duvida a boa determinação. Espero que se não descuide com as colheitas para a colecção. Seu amigo, Gonçalo Sampaio. Povoa de Varzim. 16-4-1920». A 12 de Maio A. Ricardo Jorge escrevia um bilhete-postal não-ilustrado para Gonçalo Sampaio (Estampa 18): «12/ V/1920. Campo dos Mártires da Pátria, 142-2.°. Meu prezado amigo: Ha dias mandei-lhe uma 2ª. remessa de liquenes104 com Arthonia polymorpha, Arthonia gregaria e exemplares suplementares de Arthonia turbidula. Hoje envio-lhe um 3.° pacote com a Arthonia algarbica105, segundo me parece, aqui de Lisboa. No 1.° pacote ia um liquen de Obidos que não sei determinar e que lhe pedia para me dizer o que era, bem como se os 2 pacotes chegaram e os exemplares são bons e são admitidos para a distribuição. Da Rinodina pruinella deve lá encontrar 6 exemplares suficientes que lhe enviei, colhidos nas Caldas, juntamente com exemplares da Lecania Lesdani do Bussaco, que o meu amigo rejeitou por estarem deformados. Brevemente vou a Cintra, donde trarei um bom numero de especies para a distribuição. Pode contar que lhe colherei 20 a 25 especies da sua lista, 20 pelo menos com segurança. Muitas das outras especies não as possuo e não as conheço. Tenho grande colheita da Estrela mas ainda não lhe mexi; em abundancia de exemplares decerto apenas terei colhido algumas Parmelia e Gyrophora; das outras especies trago poucos exemplares de cada. Já recebi uma infinidade (talvez 500 ou mais) de plantas do Sennen106. Vou fazer uma remessa de boas especies para a distribuição e para ele. Brevemente lhe escreverei de novo sôbre os seus desiderata de liquenes de que já em tempos lhe enviei alguns exemplares. Continuarei agora, procurando obter todos os que deseja, sendo alguns muito dificeis. De Côja e arredores fiz ano passado larga colheita (especialmente Lecidea, etc.). Quer que eu lhe mande amostras? Desejando o restabelecimento completo de seu filho, abraça-o o seu amigo, Arthur Ricardo Jorge.». A este bilhete-postal respondeu G. Sampaio logo a 16 deste mês de Maio numa carta endereçada da Póvoa (BNP A/2088): «Meu caro amigo: Cheguei agora do Porto, onde tenho estado há 15 dias com meu filho, cujo estado de saude continua, infelizmente, muito grave107. Ando desorientado

104. Destas duas remessas de líquenes seriam incorporados na exsicata os seguintes: Arthonia polymorpha Ach. (exsicata #19); Arthonia gregaria Koerb. (exsicata #17); Arthonia turbidula Nyl. (exsicata #20); Lecania lesdaini Samp. (exsicata #136). Estes exemplares aparecem na exsicata como recolhidos por A. Ricardo Jorge, indicando que o botânico de Lisboa tê-los-á efectivamente enviado para G. Sampaio, após esta carta. 105. Espécie nova de G. Sampaio publicada em Sampaio (1918a). 106. Frère Sennen (1861-1937), Étienne Marcellin Granier-Blanc, era francês. Organizou e distribuiu uma exsicata monumental - Plantes d’Espagne. A exsicata começou em 1906 e terminou em 1937. No seu conjunto foi constituída por 30 séries, totalizando 10.309 espécimes. Tanto G. Sampaio como A. Ricardo Jorge participaram nesta exsicata de Sennen, enviando plantas. Em troca, recebiam exemplares da exsicata. O herbário de Sennen, uma das maiores colecções particulares da época, constituído por cerca de 85.000 espécimes, encontra-se actualmente no Instituto Botânico de Barcelona (Cabral, 2007). 107. G. Sampaio estaria a referir-se a seu filho Alberto Sampaio? Ver nota anterior.

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18. Bilhete-postal de Arthur Ricardo Jorge para G. Sampaio, datado de 12 de Maio de 1920.

e longe dos liquenes. Aqui vim encontrar o seu postal e os seus pacotes de liquenes, que são bons. Amanhã verei o exemplar de Óbidos e do respectivo exame lhe darei o resultado. Já encontrei os exemplares da Rinodina pruinella que em tempos me enviou. Mande tudo quanto puder, não esquecendo a Gyalecta carneolutea Oliv. (= Pachyphiale carneo-lutea nob.108) que foi descrita pelo Stein como Pachyphiale lecanorina. A diagnose do Stein é perfeitissima e o que admira é que ele não reconhecesse na planta a Gyalecta carneolutea – descripta erroneamente pela maioria dos liquenologos, entre os quais a A. L. Smith! Pude estudar cuidadosamente exemplares inglezes e franceses da planta que é na verdade um Pachyphiale. Em Portugal temos, pois, a Pachyphiale carneo-lutea nob., a Pachyphiale limica nob.109 e a Pachyphiale decipiens nob.110 – que desejo distribuir juntos no proximo fasciculo (já tenho preparadas as 2 ultimas). O dr. Bouly de Lesdain111 pediu-me a Lecania Lesdaini112, que lhe enviei com outras plantas, algumas das quais novas, como a Lecidea Chodati nob., a Acarospora varzinensis nob.,

108. G. Sampaio publicará esta nova combinação como Pachyphiale carneolutea (Oliv.) Samp. em Sampaio (1921), e inclui-la-á na exsicata (#65). 109. G. Sampaio publicará esta espécie nova em Sampaio (1922). Todavia não a acompanhará de uma diagnose. 110. G. Sampaio tinha publicado este líquene como Gyalecta decipiens em Sampaio (1918a). Não publicará esta combinação nova. 111. Bouly de Lesdain era um reputado botânico, especialista em líquenes, que vivia em Dunquerque. Trocava correspondência com G. Sampaio, desde o início da década de 1900. 112. G. Sampaio tinha publicado esta espécie como Caloplaca Lesdaini (Sampaio, 1916a). Depois considerou-a como Lecanora Lesdaini (Sampaio, 1916b), e finalmente como Lecania Lesdaini (Sampaio, 1917d). Inclui-la-á na exsicata (#136) com o nome de Lecania lesdaini Samp.

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a Pachyphiale limica e a Pachyphiale decipiens. Ficou contentíssimo e promete-me uma colecção de coisas boas113. Suponho que a planta que em tempos classifiquei como Acarospora flavorubens angulosa seria apenas a Acarospora Lesdaini Harm. (descripta pela A. L. Smith). Mandei-lh’a assim etiquetada. Confirmou isto. Emende, pois, a minha primitiva determinação. O que eu não sei é se será espécie bem distinta da Acarospora flavorubum [sic], mas isso é lá com os liquenologos, que a admitem como tal. É certo que em Portugal as diferenças são constantes – o que me levou a estabelecer a variedade, não conhecendo ainda a diagnose da Lecania Lesdani. Emende tambem na planta que levou do litoral de Leça como Lecania rimularum114. Tendo dúvidas e parecendo-me diversa desta, consultei o dr. Bouly, perguntando-lhe se não seria espécie nova. Respondeu-me que o é, e boa espécie, dedicando-me-a com o nome de Lecania Sampaiana, B. de Lesd.115 Corrija portanto a determinação. E para que não fique sem a Lecania rimularum procurarei brevemente enviar-lhe um exemplar desta, dos meus duplicados. Vou submeter ao exame do dr. Bouly outras espécies sôbre que tenho dúvidas. Ele tem uma colecção de liquenes das melhores da Europa. Entre elas irá o Schismatoma chloroticum116, que me cheira a coisa de outros continentes e talvez já conhecida. Irão também 2 Polyblastias, uma Lecidea, e duas Forselia117 – genero novo para Portugal. Então gostou da remessa do Sennen? Eu tambem a recebi há dias. Distribui sempre plantas muito boas e em grande número. O que deve é preparar com mais pressão os seus exemplares, e com menos humidade. Entre as plantas do Welwitsch, de Coimbra, encontrei a Pertusaria monogona frutificada, de Coimbra. Cá pelo norte é sempre estéril. Era boa para as distribuições. A sua colaboração nos 2 fasciculos promete ser excelente. Seu amigo, G. Sampaio. P. de Varzim. 16-51920».

113. Nos cadernos de apontamentos de G. Sampaio existe um pequeno texto referente aos líquenes que terão sido enviados para Bouly de Lesdain e que se referem nesta carta. No topo da página, G. Sampaio escreveu: «Para o dr. Bouly de Lesdain – rue Emmery – 16 – Dunkerque (remetidas em fins de abril de 1920)». Segue-se uma lista dos exemplares enviados com a respectiva identificação e número de entrada do herbário da Faculdade. Dos 17 exemplares enviados por G. Sampaio, nove eram de espécies ou combinações novas suas: Acarospora Schleicheri raç. transtagana Samp., Acarospora varzinensis Samp. , Diphratora subdisparata (Nyl.) Samp., Lecania citrinella Samp., Lecania Lesdaini Samp., Lecidea Chodati Samp., Lecidea macrocarpoides Samp., Pachiphiale decipiens Samp., Pachyphiale limica Samp. No exemplar n.° 2349 G. Sampaio tinha colocado só a identificação genérica: «Lecania sp.?». À frente com outra tinta escreveu: «Lec. Sampaiana, B. Lesd.», provavelmente depois de ter recebido a resposta de Bouly de Lesdain. No final da página, escreveu: «Respondeu agradecendo e dizendo que eram quasi todos novas para ele e que lhe deram um grande prazer. Promete enviar liquenes e diz que a Lecania (2349) a julga nova e que teria muito desejo em dedicar-ma, caso eu não quizesse descrevê-la.». Seria, realmente, descrita por Bouly de Lesdain como uma espécie nova. Ver à frente nesta carta. 114. G. Sampaio tinha publicado este taxon como uma nova combinação de Lecanora rimularum Wedd. (Sampaio, 1917a). No entanto, esta nova combinação já tinha sido publicada antes por outros botânicos como Olivier, não sendo, portanto, válida. 115. Bouly de Lesdain publicaria efectivamente esta espécie nova pouco tempo depois (Bouly de Lesdain, 1921). Seria inserida por G. Sampaio na sua exsicata com o #137. Parece um pouco discutível a atitude do liquenologista francês em publicar, com a sua autoria, uma espécie nova encontrada por outro botânico, apesar de ter escolhido um epíteto específico dedicado a G. Sampaio. 116. A ortografia correcta do nome do género é Schismatomma. G. Sampaio publicará esta espécie como Pilocarpon leucoblepharum (Nyl.) Vain. var. chloroticum Samp. (Sampaio, 1923a). 117. A ortografia correcta do nome do género é Forssellia.

Logo no dia seguinte, 17 de Maio, G. Sampaio escrevia novamente para A. Ricardo Jorge, num bilhete-postal não-ilustrado (BNP A/2048): «Meu amigo: O líquen de Óbidos é, sem a menor das dúvidas, uma das muitas formas da Diphratora Cesati Jat., próxima ou talvez idêntica á var. grisea Bagl. Encontra uma boa descrição da espécie no Harmand, vol. 5.° pag. 1067-68, em que cita as principais formas que apresenta esta espécie polimorfa. Muito estimei o ficar possuindo esta forma de Óbidos. Como lhe disse na carta que lhe escrevi hontem á noite, ao chegar do Porto, as Gyrophoras e Parmelias servem, desde que sejam em quantidade suficiente para as distribuições. Quando poder mande a prometida Peltigera aphatosa118 da Estrela; em troca mandar-lhe-ei a Lecidea Chodati Samp., que é espécie lindissima, semelhante exteriormente, quando as apotécias são novas, a Lecanora intricata. O rebordo, porem, é próprio, isto é, desprovido de gonídios, e desaparece por fim. É uma forma interesantíssima. Se tiver particular interesse na determinação de outras espécies, pode mandar. Seu amigo, Gonçalo Sampaio. P. de Varzim. 17-5.°-1920». A mensagem continuava dois dias depois, a 19 de Maio, novamente num bilhete-postal não-ilustrado, endereçado da Póvoa de Varzim (BNP A/2047): «Meu caro amigo. Os seus exemplares já estão preparados, nos cartões. Num dos da Arthonia cinabarina119, colhida no Lumiar, encontrei meia dúzia de apotécias de uma Bacidia nova para mim e que não pode deixar de ser a Bacidia millegrana. As apotécias a principio são claras, ceráceo-subrosadas, depois escurecem lentamente, primeiro no disco, de modo que o bordo fica mais claro, e por fim tornam-se totalmente escuras. O talo é cinzento-esverdeado. Se não fosse a Bacidia millegrana seria espécie nova; mas tenho quasi a certeza de que é a decantada Bacidia millegrana e assim a etiquetei para o herbário. Poderia obter-me um exemplar melhor? É necessário procura-la, talvez à lupa, no dragoeiro e noutras plantas. Se conseguisse exemplares para as distribuições prestava um bom serviço á liquenologia, tornando conhecido exemplares desta interessante espécie. Tem a diagnose de Nylander, desta planta? Se tiver mande-me a copia, sim? Meu filho Joaquim colheu-me hoje, em quantidade, a Physcia sciastrella (Nyl.) Harm., que é uma boa espécie com o talo totalmente em plectênquima, sem medula. Nova para Portugal, creio eu120. Não se esqueça de mandar mais liquenes. Seu, G. Sampaio. P. do Varzim. 195.°-1920.». Novamente, a 22 de Maio, outro bilhete-postal de G. Sampaio dirigido a A. Ricardo Jorge. Não está datado nem endereçado, mas tem um carimbo de correio deste dia (BNP A/2046). As herborizações de G. Sampaio tinham re-

118. A ortografia correcta do nome da espécie é Peltigera aphthosa. 119. A ortografia correcta do nome da espécie é Arthonia cinnabarina. 120. Espécie nova para Portugal e descoberta pela primeira vez na Póvoa do Varzim, a 19 de Janeiro. G. Sampaio publicará esta informação, em 1921, no trabalho Novas contribuições para o estudo dos líquenes portugueses, e incluirá esta espécie na exsicata (#214). Curiosamente, G. Sampaio tê-la-á recolhido novamente no dia 20 de Maio, portanto, no dia seguinte a ter escrito este bilhete para A. Ricardo Jorge.

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sultado também em novidades de plantas vasculares: «Meu caro amigo: Tem-me esquecido de dizer-lhe que a Rinodina pruinella já apareceu e já está nos cartões121. Por isso não colha novos exemplares desta planta. Há dois dias que faço herborizações de fanerogámicas com meu filho Joaquim. Colhemos entre outras coisas boas a Tillaea Vaillanti, o Sium inundatum, o Isoetes setacea e Iosetes Duriaei (ambos novos para o norte) e uma planta, nada rara aqui, pelos charcos, de que nem sequer conheço a familia. É coisa nova para Portugal e tem ar de espécie americana naturalizada. No Porto verei do que se trata. Para as distribuições de liquenes colhi em Vila do Conde a Lecania Sampaiana que já está nos cartões122. Acabo de receber carta de dr. Bouly de Lesdain dizendo-me que me manda a cópia de toda as diagnoses de liquenes que eu quizer. Ele tem uma biblioteca magnifica. Seu, G. Sampaio.» No fim do mês de Maio, a 28, G. Sampaio anunciava a A. Ricardo Jorge a saída da Póvoa de Varzim (BNP A/2044). Pensava regressar à Povoa, o que, todavia, não se verificou: «Meu caro amigo: Vou retirar da Póvoa de Varzim para Braga; por isso escreva para o Porto – Faculdade de Sciencias. Para o outobro volto para aqui, onde aluguei casa por ano, fixando cá a residência. Não se esqueça de mandar líquenes, com força. Já tenho preparados os do 1.° fasciculo; ando agora com os do 2.° fasciculo e espero distribuir 3 ou 4 fasciculos juntos este ano, sem falta alguma. Se encontrar mais algum exemplar da Arthonia cinabarina mande, porque não chegaram bem a 15 exemplares os que vieram. Aproveitei os seus exemplares da Lecania Lesdaini; diga-me o mez e ano em que as colheu, sem falta. Hoje colhi uma pequena fanerogamica nova para Portugal de que lhe mandarei exemplares. Acabei de colar nos cartões a Diphratora holophaea que tinha colhido já em 1917123. O Bouly de Lesdain já me anunciou a remessa há dias de uma colecção de liquenes em que diz virem especies raras e que me devem interessar. Espero-a ansioso. Seu amigo, G. Sampaio. P. Varzim. 285-1920.». G. Sampaio escreve num canto do bilhete: «Meu filho está na mesma.» A. Ricardo Jorge responde poucos dias depois, a 30 de Maio (Estampa 19): «Meu prezado amigo: Desculpe de só agora vir responder aos seus ultimos folhetos. Tenho tido o tempo muito tomado com a regencia de cursos teoricos e praticos de Botanica, o que me tem fatigado excessivamente. Só em Julho estarei realmente em condições de activamente colaborar na sua preciosa distribuição, porque anceio que se faça. No passado domingo fui a Cintra, mas fui paralisado pela chuva. Consegui ainda colher: Sticta aurata, Pachyphiale carneo-lutea, Enterographa crassa, Pyre-

121. Todavia, não será incluída na exsicata distribuída em 1923. 122. Os exemplares distribuídos na exsicata (#137) serão, na realidade, estes recolhidos em Vila do Conde. 123. G. Sampaio incluirá na exsicata (#143) esta espécie com material recolhido em 1917, em Ponte de Lima. Publicá-la-á, em 1921, como uma nova combinação. Ver nota anterior.

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nula nitida e algumas outras grafidineas onde vou procurar os desejados Graphis striatula e Graphis inusta124. Amanhã devo fazer-lhe a remessa dos já colhidos e juntamente com ela dum exemplar da Bacidia do Lumiar que julga ser a B. millegrana de que lhe envio juntamente com esta carta e diagnose que me pediu. Os exemplares da Arthonia cinnabarina foram colhidos já quasi ás escuras e foi aqui em casa que notei a Bacidia que me pareceu curiosa e de que consegui dois exemplares, de que agora lhe vou enviar um. Estive a observar o exemplar citado por P. Coutinho e que parece ter sido determinado por Nylander; os dizeres de P. Coutinho condizem-lhe perfeitamente e apresenta lindamente todas as gradações desde as apotecias ceraseo-rosadas ás escuras, com rebordo claro, e ás completamente escuras. O exemplar que lhe mando condiz quanto ao talo mas difere na côr por sêr esverdeado; as apotecias são em geral mais escuras e tornam-se por fim mais connexas. Os esporos dum e doutro exemplar condizem: pluriseptados-aciculares com uma extremidade mais grossa; são do normal tamanho. Na proxima 5.a feira volto á Q.ta do Lumiar buscar mais exemplares da Arthonia cinnabarina e desta Bacidia colhida numa arvore (que não é um dragoeiro) exotica cuja situação fixei de modo a ir direitinho dar com ela. Mande dizer-me se realmente este novo exemplar confirma a sua 1.a determinação que o deixou em duvida. A Lecania Lesdani foi por mim colhida no Buçaco em 24 de Setembro de 1918. Não encontro nos livros de que disponho a diagnose da Lecidea derivata Nyl., que me pediu. O Sennen pede-me que lhe remeta o talão da distribuição de 1918. Vou vêr aqui se já a tenho na Alfandega. Acabo de lhe enviar 19 exemplares para a distribuição de 1919 que ele em breve vai realizar com 260 numeros que já me anunciou. Inunda-me de exsiccata! Brevemente hei-de de começar a mandar-lhe alguns dos seus desiderata das especies de P. Coutinho e podendo ser mesmo amostras autenticas como em tempos fiz e a que o Snr. agora torna a fazer referir. Eu tenho a lista dos 15 exemplares então enviados e das respectivas correspondências, o que me torna agora credor dalgumas das [ilegível] coisas que agora tem colhido e me tem [ilegível] fazendo-me nascer a agua na boca. É claro que prefiro especies que não venham depois nas distribuições visto contar merecidamente com 1 exemplar para mim. Assim, muito gostaria de receber: Parmelia cetrarioides, Parmelia perfurata125, Physcia sciastrella, Lecania rimularum, e outras que não faça tenção de distribuir nos fascículos126; como tambem cá fico á espera de fanorogamicas novas e podendo ser 2 Isoetes e das outras raridades que tenha colhido. Tambem em breve

124. Destas espécies, serão efectivamente incluídas na exsicata, com material recolhido por A. Ricardo Jorge: Stica aurata Ach. (exsicata #224); Pachyphiale carneolutea Samp. (exsicata #65); Enterographa crassa Fée (exsicata #6); Pyrenula nitida Ach. (exsicata #25). 125. A ortografia correcta do nome da espécie é Parmelia perforata. 126. Destas espécies, só a Physcia sciastrella Harm. foi recolhida por G. Sampaio, na Póvoa de Varzim, e seria incluída na exsicata (#214).

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lhe mandarei a Peltigera aphtosa127 (da Estrela) e a Daveaua anthemoides (óptimos exemplares da logar clássico)128. E já que comecei a pedir, muito desejava que me mandasse a folha da sua Flora que compreende as paginas 369-384 (desde genero Anagallis até familia Convolvulaceae) a qual me tem feito muita falta129. Quando tenciona terminar o que falta, não tenho perguntado com receio que me dirá que não será tão cedo. Tambem, e para terminar por hoje os pedidos, lhe agradecia muito um exemplar do seu “Herbário Português” com os 3 apendices130, para a Biblioteca do nosso Gabinete e se tivesse ainda um exemplar dos seus “Rubus Portuguêzes”131. Não se faça teimoso e satisfaça-me este meu desejo. Comprei há dias por 6 mil reis o Fasciculo I da Phytographia do Brotero, de 1800; foi boa compra, não é verdade? E guardei para final o que mais o deve ter affligido nos ultimos tempos – a doença do seu filho. Se realmente se trata de apendicite e se se não formou abecesso, não deixe operar senão depois de completamente resfriado. É conselho que deriva de já grande série de casos que tenho tratado. Resfriar primeiro com gêlo permanente, cama, dieta e clisteres diarios e operar passados 2 ou 3 mêses depois do desaparecimento dos sintomas agudos e em especial da febre. Creia que muito estimo saber que as melhoras se acentuaram definitivamente. Abraça-o o seu amigo muito obséquio, Arthur Ricardo Jorge. Lisboa 30/V/20. Campo dos Martires da Patria, 142-2.°».

Continuação dos trabalhos liquenológicos

Balanço final Que balanço se pode fazer da estadia de G. Sampaio na Póvoa de Varzim, em 1920? Do ponto de vista científico e do estudo dos líquenes portugueses, excepcional, com a descoberta de duas espécies novas para a ciência e dez novas para Portugal. Estas novidades seriam, na sua maioria, publicadas em dois trabalhos, datados de Dezembro de 1920 (Sampaio, 1920, 1921). O nome que G. Sampaio escolherá para uma das espécies novas - Acarospora varzinensis Samp., ligará o nome do concelho à literatura liquenológica mundial. Apesar da sua exsicata Lichenes de Portugal só ter sido, efectivamente, distribuída em 1923, foi na Póvoa de Varzim que, no início de 1920, arrancou a sua execução prática, e muito provavelmente, a sua concepção. Nesta colecção de 300 espécimes, G. Sampaio colocará 20 recolhidos na Póvoa de Varzim, dos quais 19 foram recolhidos nos cinco meses de permanência neste concelho, em 1920. A elevada qualidade científica do trabalho liquenológico de G. Sampaio ressalta de uma análise do Quadro II. Efectivamente, a grande maioria das determinações feitas por G. Sampaio, e examinadas por outros investigadores, foram confirmadas132. Um pequeno número de exemplares foi redeterminado com outra identificação. Muitas das espécies novas de G. Sampaio permanecem válidas, apesar de passadas muitas décadas de intenso trabalho liquenológico desenvolvido em todo o mundo.

Em Maio de 1920, G. Sampaio deixa a Póvoa de Varzim, onde não retornará para viver. Continuará os seus estudos liquenológicos intensos por mais alguns anos. Publica dois trabalhos com as novidades liquenológicas encontradas na Póvoa (Sampaio, 1920 e 1921). Publicará ainda um trabalho sobre líquenes portugueses em 1922 (Sampaio, 1922) e dois em 1923 (Sampaio, 1923a e 1923b). Em Março de 1923, distribuía a sua monumental exsicata Lichenes de Portugal. Não publicará mais nenhum trabalho sobre a flora liquénica portuguesa. Em 1970, é publicada uma colectânea de toda a obra liquenológica de G. Sampaio (Sampaio, 1970).

127. Ver nota anterior. 128. Ver nota anterior. 129. A. Ricardo Jorge estava a referir-se ao «Manual da Flora Portugueza» cuja publicação se tinha iniciado em 1909. Estas páginas foram publicadas em Novembro de 1913. Seriam publicados mais dois fascículos. O Manual terminaria na página 416 em Dezembro de 1914, nunca tendo sido completado. 130. A Lista das espécies representadas no Herbário Português. Pteridófitas e Spermatófitas e seus três apêndices foram publicados em 1913 e 1914 (Sampaio, 1913, 1914a, 1914b, 1914c). 131. O trabalho Rubus portuguezes. Contribuições para o seu estudo tinha sido publicado em 1904 (Sampaio, 1904).

132. Em alguns táxones ocorreram alterações de nomes devido a alterações na taxonomia.

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19. Carta de Arthur Ricardo Jorge para G. Sampaio, datada de 30 de Maio de 1920.

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Quadro I Líquenes recolhidos por G. Sampaio, na Póvoa de Varzim, em 1920133. Nome do taxon134

Quem colheu

Locais onde foi observado e/ou recolhido

Acarospora Heppi Korb.

J. Sampaio

Póvoa de Varzim

Acarospora Lesdainii Harm. in A. L. Smith (1918)

G. Sampaio

Datas prováveis de colheita em 1920

Trabalho de G. Sampaio que foi publicado com localidade em Póvoa de Varzim

Novidade científica135

parede do velódromo

Fevereiro

1921

B

Póvoa de Varzim

paredes do litoral

19 de Janeiro e 1923a Março

Póvoa de Varzim

paredes do 17 de Janeiro e litoral da beira1920 Março -mar

Acarospora varzinensis Samp.

G. Sampaio

Acrocordia biformis

G. Sampaio

Amorim

nos salgueiros

21 de Janeiro

Arthonia galactites

G. Sampaio

Póvoa de Varzim, Avenida

nos choupos

19 de Janeiro

Arthopyrenia consequens Arn.

G. Sampaio

sobre as Póvoa de Varzim e conchas das Amorim lapas e nos carvalhos

Fevereiro

Aspicilia intermutans

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

18 de Janeiro

Entre Amorim e Aver-o-Mar

nas pedras de um caminho húmido

27 de Fevereiro 1921

Aspicilia recedens (Tayl.) Arn. / Lecanora recedens Nyl.136

G. Sampaio

Borrera chrysophthalma

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nas árvores

21 de Maio

Buellia aethalea

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

não indicado

3 de Fevereiro

Buellia badia

G. Sampaio

Entre Amorim e Aver-o-Mar

nos penedos

20 de Janeiro Fevereiro

Buellia canescens

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

perto de cemitério

Buellia lactea

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

não indicado

Janeiro

Póvoa de Varzim

nos penedos maritimos

18 de Janeiro

Caloplaca aurantiaca var. vellanum Hepp. G. Sampaio

Beiriz

no aqueduto de Fevereiro Vila do Conde

Caloplaca fuscoatra

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos maritimos

Caloplaca phlogina Flag. / Xanthocarpia phlogina Samp.138

J. Sampaio e G. Póvoa de Varzim, Sampaio Avenida

Candelaria concolor

G. Sampaio

Cetraria aculeata Fr.

Fernando Sampaio

Chiodecton Hutschinsiae

1923a

B A

B

B

(*)137

D

17 de Janeiro

(*)

D

nas árvores

19 de Janeiro e Abril

1921

B

Póvoa de Varzim

não indicado

16 de Maio

Póvoa de Varzim

na terra

28 de Maio

G. Sampaio

Amorim, perto da igreja

num muro

21 de Janeiro

Cladonia foliacea

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

na terra e nas pedras

19 de Janeiro

Cladonia rangiformis Hoff.

Fernando Sampaio e G. Sampaio

Póvoa de Varzim

na terra

19 de Janeiro e 28 de Maio

Buellia subdisciformis

G. Sampaio

133. Todos estes exemplares permanecem no Herbário do Departamento de Botânica da Faculdade de Ciências do Porto, onde podem ser estudados a pedido. Não foram considerados os exemplares recolhidos na Póvoa de Varzim, mas que não foram determinados por G. Sampaio. 134. Ortografia original de G. Sampaio no caderno de registo do Herbário, nas etiquetas da exsicata ou nas próprias publicações. 135. A. Taxon novo para a ciência, da autoria de G. Sampaio. Descoberto pela primeira vez na Póvoa do Varzim. B. Taxon novo para Portugal. Descoberto pela primeira vez na Póvoa do Varzim. C. Taxon novo para a ciência, da autoria de G. Sampaio. Publicado antes, mas também observado na Póvoa de Varzim. D. Taxon novo para Portugal. Ob-

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Habitats onde foi recolhido

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servado antes, mas também recolhido na Póvoa de Varzim. Destes, a maioria não foi publicada com localização na Póvoa de Varzim. 136. Publicada como Lecanora recendens, mas no caderno de registo do herbário de líquenes, G. Sampaio identificou como Aspicilia recendens. 137. (*) Não publicado com localidade na Póvoa de Varzim, mas observado e recolhido neste concelho, de acordo com a documentação estudada. 138. Publicada e identificada no caderno de registo do herbário de líquenes como Caloplaca phlogina, mas na exsicata mencionada como Xanthocarpia phlogina.

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Cladonia sylvatica Hoff.

Fernando Sampaio e G. Sampaio

Póvoa de Varzim

na terra

20 de Janeiro e Maio

Endocarpum pallidum

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos muros

1 de Fevereiro

Graphis dendritica

G. Sampaio

Laundos

nos carvalhos

6 de Abril

Gyalecta cupularis

G. Sampaio

Amorim

não indicado

21 de Janeiro 17 de Janeiro

(*)

C

1922

B

1920

C

1921

C

A

Lecania citrinella Samp.

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos rochedos maritimos

Lecania sampaiana B. de Lesd.

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos maritimos

17 de Maio

Lecania seringia

G. Sampaio

Amorim

nos salgueiros

21 de Janeiro

Lecanora Celestini Samp.

G. Sampaio

Póvoa de Varzim, não indicado junto do cemitério

Lecanora glauco-lutescens Nyl.

Alberto Sampaio e G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos dos montes

3 de Fevereiro

Lecanora lisnonensis Samp.

G. Sampaio

Póvoa de Varzim, junto da estrada de Vila do Conde

nos muros

4 de Março

Lecanora orosthea

G. Sampaio

Póvoa de Varzim e Laundos, no monte de S. Felix

não indicado

19 de Janeiro e 6 de Abril

Lecanora sulphurea

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos maritimos

18 de Janeiro

Lecidea Chodati Samp.

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nas paredes graníticas dos montes e campos

18 de Janeiro e 1920 Março

Lecidea coarctata

G. Sampaio

Póvoa de Varzim e Laúndos, no monte de S. Felix

terra dos muros 4 de Março e 6 e nas pedras de Abril

Lecidea enteroleuca

G. Sampaio

Póvoa de Varzim, Avenida

nos ailantos

19 de Janeiro e Fevereiro

Lecidea grisea

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

não indicado

20 de Janeiro

Lecidea lithophiloides Nyl.

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

numa lage

Fevereiro

Lecidea macrocarpoides Samp.

G. Sampaio

nas trincheiras Póvoa de Varzim e dos caminhos Amorim e nos penedos marítimos

Janeiro, 18 e 21 (*) de Janeiro

Lecidea sarcogynoides

G. Sampaio

Póvoa de Varzim e Laundos, no monte de S. Felix

nas paredes

17 de Janeiro e 6 de Abril

Lichina confinis var. transfuga

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos maritimos

17 de Janeiro

Microphiale lutea

G. Sampaio

Laundos

num carvalho

6 de Abril

(*)

D

Ochrolechia subtartarea

G. Sampaio

Beiriz

na terra

Fevereiro

(*)

D

Fevereiro

1921

D C

Parmelia cetrata

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

20 de Janeiro

Parmelia dissecta

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

20 de Janeiro

(*)

D

(*)

D

Parmelia glomellifera

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

18 de Janeiro

Parmelia physodes

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

20 de Janeiro

Parmelia revoluta

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

20 de Janeiro

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Parmelia soredians Nyl.

Póvoa de Varzim

nos penedos

20 de Janeiro e (*) 5 de Abril

Parmelia sulcata

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

20 de Janeiro

Parmelia trichotera

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

20 de Janeiro

Pertusaria amara

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

em sobreiros

Março

G. Sampaio

Póvoa de Varzim, no largo da Sra. das Dores

não indicado

8 de Fevereiro

Physcia astroidea Nyl.

J. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos ailantos

18 de Maio

Physcia fusca A. L. Sm.

J. Sampaio e G. Póvoa de Varzim Sampaio

nos penedos

Maio

Physcia obscura

G. Sampaio

Póvoa de Varzim, na Avenida

não indicado

19 de Janeiro

Physcia sciastrella Harm.

J. Sampaio e G. Póvoa de Varzim Sampaio

nas árvores da Avenida

19 de Janeiro e 1921 20 de Maio

Physcia tribacia Nyl.

J. Sampaio e G. Póvoa de Varzim Sampaio

nos penedos e nas paredes

19 e 20 de Janeiro e 23 de Maio

Physcia tribacoides Nyl.

J. Sampaio e G. Póvoa de Varzim e nos ailantos Sampaio perto do cemitério

Physma chalazanellum A. L. Smith

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

na parede do velódromo sobre a argamassa

Porocyphus areolatus Koerb.

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

na argamassa de um muro no 17 de Janeiro litoral

Ramalina evernioides

G. Sampaio

Amorim, adro da igreja

nas paredes de 21 de Janeiro um muro

Ramalina subfarinacea Nyl.

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

18 de Janeiro e 5 de Abril

Rhizocarpon obscuratum

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

18 de Janeiro

Rhizocarpon viridiatrum

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

Rinodina confinis Samp.

G. Sampaio

Póvoa de Varzim: Anjos

nos carvalhos

Rinodina demissa Arn.

J. Sampaio

Póvoa de Varzim

Pertusaria exalbescens

2008 | 2009

G. Sampaio

B

Fevereiro e 18 de Maio

(*)

D

Fevereiro

1921

B

1921

B

18 de Janeiro

(*)

D

Abril

1923a

C

à beira-mar

Abril

(*)

D

(*)

D

D

Rinodina pyrina Arn.

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos choupos

Fevereiro e 17 de Maio

Rinodina roboris Arn.

G. Sampaio

Laundos

nos carvalhos velhos

6 de Abril

Sticta aurata

G. Sampaio

entre Estela e Apúlia

num pinhal

17 de Abril

Toninia caeruleonigricans

G. Sampaio

Póvoa de Varzim

na argamassa de um muro

1 de Fevereiro

Umbilicaria pustulata Hoff.

Fernando Sampaio e G. Sampaio

Póvoa de Varzim

nos penedos

18 de Janeiro e (*) Maio

Verrucaria macrostoma

G. Sampaio

na argamassa Póvoa de Varzim e de muros e Amorim paredes

Verrucaria viridula Ach.

G. Sampaio

Amorim

40

D

na argamassa dos muros

20 de Janeiro e Fevereiro 21 de Janeiro

1921

B

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Quadro II Líquenes recolhidos por G. Sampaio, na Póvoa de Varzim, em 1920 (continuação).

Nome do taxon139

# Registo140

Estatuto taxonómico actual do taxon141

Exemplares recolhidos na Póvoa de Varzim incluídos na exsicata Lichenes de Portugal

Acarospora Heppi Korb.

2335

Nome actual: Acarospora heppii (Nägeli) Nägeli (1859)

Não

Acarospora Lesdainii Harm. in A. L. 2229 e 2438 Smith (1918)

Nome actual: Acarospora smaragdula (Wahlenb.) A. Massal. (1852)

Não

Acarospora varzinensis Samp.

2233 e 5602

Nome actual: Acarospora subrufula (Nyl.) H. Olivier (1900). Confirmado por Paz-Bermúdez em 1999. SÍNTIPOS

#113

Acrocordia biformis

2236

Nome actual: Anisomeridium biforme (Borrer) R.C. Harris (1978)

Não

Arthonia galactites

2253

Nome actual: Arthonia galactites (DC.) Dufour (1818)

Não

Arthopyrenia consequens Arn.

2442

Nome actual: 142Arthopyrenia consequens (Nyl.) Arnold (1870)

Não

Aspicilia intermutans

2225

Nome actual: Aspicilia intermutans (Nyl.) Arnold (1887)

Não

Aspicilia recedens (Tayl.) Arn. / Lecanora recedens Nyl.

2292

Nome actual: Aspicilia recedens (Taylor) Arnold (1896)

Não

Borrera chrysophthalma

2357

Nome actual: Borrera chrysophthalma Ach. (1810)

Não

Buellia aethalea

2257

Nome actual: Buellia aethalea (Ach.) Th. Fr. (1874). Confirmado por Paz-Bermúdez & Giralt em 2007

Não

Buellia badia

2258

Nome actual: Buellia badia (Fr.) A. Massal. (1853). Confirmado por Paz-Bermúdez & Giralt em 2007

Não

Buellia canescens

2274

Nome actual: Diploicia canescens (Dicks.) A. Massal. (1852). Confirmado por Não Paz-Bermúdez em 2004

Buellia lactea

2252

Re-determinado como Buellia spuria (Schaer.) Anzi (1860) por Paz-Bermúdez Não & Giralt em 2007

Buellia subdisciformis

2234

Nome actual: Buellia subdisciformis (Leight.) Vain. (1890). Confirmado por Paz-Bermúdez & Giralt em 2007

Não

Caloplaca aurantiaca var. vellanum Hepp.

2276

Deverá ser a Caloplaca dalmatica (A. Massal.) H. Olivier (1909)

Não

Caloplaca fuscoatra

2215

Nome actual: Caloplaca aractina (Fr.) Häyrén (1914)

Não

Caloplaca phlogina Flag. / Xanthocarpia phlogina Samp.

2235

Nome actual: 143Caloplaca phlogina (Ach.) Flagey (1931)

#123

Candelaria concolor

2352

Nome actual: Candelaria concolor (Dicks.) Stein (1879)

Não

Cetraria aculeata Fr.

7022

Nome actual: Cetraria aculeata (Schreb.) Fr. (1826)

#266

Chiodecton Hutschinsiae

2216

Nome actual: Enterographa hutchinsiae (Leight.) A. Massal. (1860)

Não

Cladonia foliacea

2224

Nome actual: Cladonia foliacea (Huds.) Willd. (1787). Confirmado por Ahti & Burgaz em 1998

Não

Cladonia rangiformis Hoff.

2217

Nome actual: Cladonia rangiformis Hoffm. (1796). Confirmado por Ahti & Burgaz em 1998

#293

Cladonia sylvatica Hoff.

2218

Re-determinado como Cladonia mediterranea P.A. Duvign. & Abbayes (1947) #290 por Ahti & Burgaz em 1998

139. Ortografia original de G. Sampaio no caderno de registo do Herbário, nas etiquetas da exsicata ou nas próprias publicações. 140. Número de registo do Herbário do Departamento de Botânica da Faculdade de Ciências do Porto. 141. De acordo com Paz-Bermúdez et al. (2002) para os táxones da autoria de G. Sampaio. De acordo com Index Fungorum (http://www.indexfungorum.org/) para os restantes táxones. São mencionadas as revisões feitas por investigadores que estudaram os exemplares de G. Sampaio (confirmações e redeterminações). 142. Leptorhaphis epidermidis (Ach.) Th. Fr. (1860) de acordo com Llimona & Hladun (2001:220). 143. Caloplaca citrina (Hoffm.) Th. Fr. (1860) de acordo com Llimona & Hladun (2001:65).

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Endocarpum pallidum

2244

Nome actual: Endocarpon pallidum Ach. (1810)

Não

Graphis dendritica

2326

Nome actual: Phaeographis dendritica (Ach.) Müll. Arg. (1882)

Não

Gyalecta cupularis

2211

Nome actual: Gyalecta jenensis var. jenensis (Batsch) Zahlbr. (1924). Confirmado por Vezda em 1964 e citado em Andrés & lópez de Silanes (2002:264)

Não

Lecania citrinella Samp.

2261

Re-determinado como Lecanora actophila Wedd. (1875) por Esteve Llop em Não 1999

Lecania sampaiana B. de Lesd.

2351

Re-determinado como Lecania rabenhorstii (Hepp) Arnold (1848) por Esteve Llop em 1999 e como Lecania aipospila (Wahlenb.) Th. Fr. (1867) por van den Não Boom em 2004

Lecania seringia

2319

Nome actual: Lecania naegelii (Hepp) Zahlbr. (1909). Confirmado por Esteve Llop em 1999

Não

Lecanora Celestini Samp.

2285

Nome actual: Lecanora celestinoi Samp. (1920). Confirmado por Paz-Bermúdez em 1999. SÍNTIPO

Não

Lecanora glauco-lutescens Nyl.

2256

Nome actual: Lecanora glaucolutescens Nyl. (1880)

#82

Lecanora lisnonensis Samp.

2317

Re-determinado como Coscinocladium gaditanum (Clemente) A. Crespo, Llimona & D. Hawksw. (2004) por Hawksworth. SÍNTIPO

Não

Lecanora orosthea

2245 e 2323

Nome actual: Lecanora orosthea (Ach.) Ach. (1810)

Não

Lecanora sulphurea

2241

Nome actual: Lecanora sulphurea (Hoffm.) Ach. (1810)

Não

Lecidea Chodati Samp.

5644

Nome actual, de acordo com Knoph, em 1989, é Lecidella chodatii (Samp.) Knoph & Leuckert (1990), de acordo com Paz-Bermúdez et al. (2002) é Lecidella granulosa (Nyl.) Knoph & Leuckert. LECTÓTIPO

#103

Lecidea coarctata

2316 e 2325

Nome actual: Trapelia coarctata (Turner ex Sm.) M. Choisy (1932)

Não

Lecidea enteroleuca

2250 e 2280

Poderá se a Lecidea enteroleuca Ach. (1810) ou a Lecidea enteroleuca Nyl. (1881)

Não

Lecidea grisea

2232

Poderá ser a Lecidea grisea Zenk. (1829) ou a Lecidea grisea (Flagey) Zahlbr. Não (1925)

Lecidea lithophiloides Nyl.

2281

Nome actual: Lecidea lithophiloides Nyl. (1888) [1887-88]

Não

Lecidea macrocarpoides Samp.

2213 e 2254

Nome actual: Porpidia platycarpoides (Bagl.) Hertel (1987)

Não

Lecidea sarcogynoides

2228 e 2324

Nome actual: Lecidea sarcogynoides Körb. (1855)

Não

Lichina confinis var. transfuga

2246

Nome actual: Lichina confinis var. transfuga (Nyl.) Grummann (1963)

Não

Microphiale lutea

2936

Nome actual: Dimirella lutea (Dicks.) Trevis. (1880). Confirmado por Alvarez em 2000

Não

Ochrolechia subtartarea

2288

Nome actual: Lecanora subtartarea Nyl. (1859)

Não

Parmelia cetrata

2204

Nome actual: Parmotrema reticulatum (Taylor) M. Choisy (1952). Confirmado Não por Paz-Bermúdez em 2002

Parmelia dissecta

2219

Nome actual: Parmelinopsis minarum (Vain.) Elix & Hale (1987). Confirmado por Paz-Bermúdez em 2002

Não

Parmelia glomellifera

2222

Nome actual: Neofuscelia verruculifera (Nyl.) Essl. (1978). Confirmado por Esslinger em 2003

Não

2206

Nome actual: Hypogymnia physodes (L.) Nyl. (1896) [1895]. Confirmado por Paz-Bermúdez em 2002

Não

Parmelia revoluta

2202

Nome actual: Hypotrachyna revoluta (Flörke) Hale (1975). Confirmado por Paz-Bermúdez em 2003

Não

Parmelia soredians Nyl.

2348 e 7011

Nome actual: Flavoparmelia soredians (Nyl.) Hale (1986). Confirmado por Paz-Bermúdez em 2003

#247

Parmelia physodes

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Parmelia sulcata

2203

Nome actual: Parmelia sulcata Taylor (1836). Confirmado por Paz-Bermúdez Não em 2003

Parmelia trichotera

2205

Nome actual: Parmotrema chinense (Osbeck) Hale & Ahti (1986). Confirmado Não por C. N. Tavares e por Paz-Bermúdez em 2002

Pertusaria amara

2320

Nome actual: Pertusaria amara (Ach.) Nyl. (1873) f. amara

Não

Pertusaria exalbescens

2275

Nome actual: Pertusaria exalbescens Nyl. (1881)

Não

Physcia astroidea Nyl.

#210

Nome actual: Physcia clementei (Turner) Lynge (1952)

#210

Physcia fusca A. L. Sm.

#201

Nome actual: Anaptychia runcinata (With.) J.R. Laundon (1984)

#201

Physcia obscura

2208

Poderá ser a144 Physcia obscura Hampe ou a Physcia obscura (Humb.) Fürnr. (1839)

Não

Physcia sciastrella Harm.

2207, 2363

Re-determinados como Hyperphyscia adglutinata (Flörke) H. Mayrhofer & Poelt (1979) por Paz-Bermúdez em 2004

#214

Physcia tribacia Nyl.

2209 e 2220

Nome actual: Physcia tribacia (Ach.) Nyl. (1874). Confirmado por Moberg em 2004

#212

Physcia tribacoides Nyl.

2273

Nome actual: Physcia tribacioides Nyl. (1874). Confirmado por Paz-Bermúdez em 2004

#211

Physma chalazanellum A. L. Smith

2287

Nome actual: Lempholemma polyanthes (Bernh.) Malme (1924)

Não

Porocyphus areolatus Koerb.

2264

Nome actual: Porocyphus coccodes (Flot.) Körb. (1855)

Não

Ramalina evernioides

2223

Nome actual: Ramalina lacera (With.) J.R. Laundon (1984). Confirmado por Arroyo & Serina em 2007

Não

Ramalina subfarinacea Nyl.

2249

Nome actual: Ramalina subfarinacea (Nyl. ex Cromb.) Nyl. (1872)

#275

Rhizocarpon obscuratum

2226

Nome actual: Rhizocarpon lavatum (Fr.) Hazsl. (1884)

Não

Rhizocarpon viridiatrum

2221

Nome actual: Rhizocarpon viridiatrum (Wulfen) Körb. (1855)

Não

Rinodina confinis Samp.

#198

Nome actual: Rinodina confinis Samp. (1924)

#198

Rinodina demissa Arn.

#187

Nome actual: Rinodina gennarii Bagl. (1861)

#187

Rinodina pyrina Arn.

2272

Re-determinado como Rinodina oleae Bagl. (1857) por Paz-Bermúdez & Giralt em 2004

#188

Rinodina roboris Arn.

#191

Nome actual: Rinodina roboris var. roboris (Dufour ex Nyl.) Arnold (1881)

#191

Sticta aurata

2340

Nome actual: Pseudocyphellaria aurata (Ach.) Vain. (1890)

Não

Toninia caeruleonigricans

2247

Nome actual: Toninia sedifolia (Scop.) Timdal (1991). Confirmado por Esteve Llop em 1999 e Timdal em 2002

Não

Umbilicaria pustulata Hoff.

2210

Nome actual: Lasallia pustulata (L.) Mérat (1821)

#215

Verrucaria macrostoma

2262 e 2278

Nome actual: Verrucaria macrostoma Dufour ex DC. (1805) f. macrostoma

Não

Verrucaria viridula Ach.

2239

Nome actual: Verrucaria viridula (Schrad.) Ach. (1803)

Não

144. Phaeophyscia ciliata (Hoffm.) Moberg (1977) de acordo com Llimona & Hladun (2001:303).

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Bibliografia citada

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1923a Novos materiais para a liquenologia portuguesa. Boletim da Sociedade Broteriana, série II, 2: 161179. [Datado pelo autor de Março de 1924] 1923b Carlosia, Samp. Novo género de líquenes. Nota apresentada ao Congresso de Salamanca. [Datado pelo autor de Junho de 1923] 1946 Flora portuguesa. Dirigida por A. Pires de Lima. Imprensa Portuguesa, Porto, 792 pp.. [obra póstuma] 1970 Miscelânea dos trabalhos sobre líquenes. Publicações do Instituto de Botânica «Dr. Gonçalo Sampaio» da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, 3.a série, n.° 20, Porto. [obra póstuma] Santesson, J. 1973 Identification and isolation of lichen substances. In Ahmadjian, V. & Hale, M. E. (editores). The Lichens. Pp. 633-652. Academic Press; New York. Schaerer, Ludov. Emanuel 1850 Enumeratio critica lichenum europaeorum. Bernae. Seaward, Mark R. D. (editor) 1977 Lichen Ecology. Academic Press, London, 550 pp.. Seymour, Fabian A., Crittenden, Peter D. & Dyer, Paul S. 2005 Sex in the extremes: lichen-forming fungi. Mycologist, 19(2): 51-58. Smith, Annie Lorrain 1918 A monograph of the British lichens. Part I. British Museum, London. 1921 Lichens. Cambridge University Press, Cambridge. Smith, D. C. 1981 The symbiotic way of life. Transactions of the British Mycological Society, 77: 1-8. Smith, D. C. & Douglas, A. E. 1987 The Biology of Symbiosis. Edward Arnold, London, 302 pp.. Souchon, Christian. 1971 Les Lichens. Presses Universitaires de France, colecção «Que sais-je?» n.° 1434, Paris, 124 pp.. Veiga, A. B. C. 1945 Félix de Avelar Brotero. Revista da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra, 14: 5-14.

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ÍNDICE DE ESTAMPAS 1. Diversidade morfológica dos líquenes. Líquenes crustáceos (estampa de Schaerer, 1850). 2. Bibliografia liquénica fundamental com anotações manuscritas de G. Sampaio. A – Lichenographia Europaea Reformata de E. Fries (1831). B e C – Flora Italica Cryptogama de Jatta (1909-1911). 3. Lichenographia Universalis, de Acharius (1810), uma das obras fundamentais da liquenologia mundial, consultada por G. Sampaio no seu estudo dos líquenes portugueses. Notar que os líquenes dos géneros Verrucaria Schrad., Endocarpon Hedw. e Trypethelium Spreng., representados na figura, formam peritécios como estruturas reprodutoras sexuais. 4. Fotobiontes vulgares nos líquenes: a cianobactéria filamentosa Nostoc (A) e a clorófita unicelular Trebouxia (B) (adaptado de Brodo et al., 2001). 5. Diversidade morfológica dos líquenes. Líquenes crustáceos (A), fruticulosos (B) e foliáceos (C) (estampas de Schaerer, 1850). 6. Morfologia e estrutura de Usnea florida (L.) Weber ex F.H. Wigg. (1780), um líquene fruticuloso. A – Aspecto geral do líquene. B – Morfologia, organização interna e estruturas reprodutoras (estampa de Smith, 1918). a – Morfologia externa. b – Corte transversal do talo. c – Corte longitudinal do talo. c1 – Córtex. c2 – Camada algal. c3 – Medula. c4 – Eixo interno. d – Corte do apotécio. e – Um asco e uma paráfise. f – Dois ascósporos. 7. Morfologia e estrutura de Flavoparmelia caperata (L.) Hale (1986), um líquene foliáceo. A – Aspecto geral do líquene. B – Morfologia, organização interna e estruturas reprodutoras (estampa de Smith, 1918). a – Morfologia externa. b – Corte transversal do talo. b1 – Córtex superior. b2 – Camada algal. b3 – Medula. b4 – Córtex inferior. c – Corte do apotécio. d – Um asco e uma paráfise. e – Dois ascósporos. 8. Morfologia e estrutura de Lobaria pulmonaria (L.) Hoffm. (1796), um líquene foliáceo. A – Aspecto geral do líquene. B – Morfologia, organização interna e estruturas reprodutoras (estampa de Smith, 1918). a – Morfologia externa. b – Corte transversal do talo. b1 – Córtex superior. b2 – Camada algal. b3 – Medula. b4 – Córtex inferior. c – Corte do apotécio. d – Um asco e uma paráfise. e – Dois ascósporos. f – Estrutura de um picnídio.

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9. Estruturas de dispersão dos líquenes. Organização interna de um sorálio (A) e de um isídio (B) (adaptado de Jahns, 1973). 10. Trabalho de G. Sampaio publicado em 1920, onde descreve as duas espécies novas para a ciência, encontradas na Póvoa de Varzim, em 1920. 11. Cadernos de apontamentos de G. Sampaio. A – Caderno referente à exsicata «Lichenes de Portugal», onde G. Sampaio anotou alguns dos exemplares recolhidos na Póvoa de Varzim em 1920, que incorporará na exsicata, distribuída em 1923. B – Caderno de notas sobre a excursão de 19 de Janeiro, com a lista das espécies observadas. 12. Caderno manuscrito de G. Sampaio, com o registogeral dos líquenes do Herbário da Faculdade de Ciências. Páginas com a entrada dos líquenes recolhidos na Póvoa de Varzim, em 1920. 13. Tipo nomenclatural (síntipo) de Acarospora varzinensis Samp., uma espécie nova para a ciência, descoberta na Póvoa de Varzim, em 1920. 14. Tipo nomenclatural (lectótipo) de Lecidea Chodati Samp., uma espécie nova para a ciência, descoberta na Póvoa de Varzim, em 1920. Esta espécie fez parte da exsicata «Lichenes de Portugal» (# 103). Capas das três centúrias da exsicata. 15. Tipo nomenclatural (síntipo) de Lecanora Celestini Samp., uma espécie nova para a ciência, descoberta antes, mas também recolhida na Póvoa de Varzim, em 1920. 16. Tipo nomenclatural (síntipo) de Lecanora lisbonensis Samp., uma espécie nova para a ciência, descoberta antes, mas também recolhida na Póvoa de Varzim, em 1920. 17. Carta de Arthur Ricardo Jorge para G. Sampaio, datada de 29 de Março de 1920. 18. Bilhete-postal de Arthur Ricardo Jorge para G. Sampaio, datado de 12 de Maio de 1920. 19. Carta de Arthur Ricardo Jorge para G. Sampaio, datada de 30 de Maio de 1920.

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