GRAMATICALIZAÇÃO DE JUNTORES PARATÁTICOS: OS PADRÕES DE USO DE AGORA Luísa FERRARI1

July 24, 2017 | Autor: Letras Unesp | Categoria: Linguistics
Share Embed


Descrição do Produto



Universidade Estadual Paulista – UNESP; Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – IBILCE; Departamento de Estudos Linguísticos e Literários – DELL; São José do Rio Preto – São Paulo – Brasil; Orientação: Sanderléia Roberta Longhin; CNPq: 100341.


GRAMATICALIZAÇÃO DE JUNTORES PARATÁTICOS: OS PADRÕES DE USO DE AGORA

Luísa FERRARI

RESUMO: Este artigo apresenta um estudo de construções de junção com agora (que), que constituem um caso de gramaticalização, processo de mudança linguística que leva à emergência de funções e sentidos mais gramaticais. No domínio do significado, as construções em estudo experimentam os trânsitos tempo > causa e tempo > contraste. No âmbito da morfossintaxe, observa-se a flutuação categorial de advérbio para juntor.

UNITERMOS: gramaticalização; junção; polissemia.


1. Introdução

Nesta pesquisa, investigamos os novos padrões de uso de agora, que, derivado da junção entre os termos latinos hac + hora (esta + hora), constitui-se, originalmente, como um advérbio de tempo. Analisando o funcionamento de agora em dados linguísticos recentes, verifica-se que novos sentidos estão sendo expressos pelo item em determinados contextos, de modo que uma nova função, consequentemente, também pode ser identificada em seus novos usos. As novas construções com agora, que podem ser perifrásticas ou não-perifrásticas, expressam, além do sentido de tempo, os sentidos de causa e contraste. Ao veicular os valores semânticos de causa e contraste, agora assume o estatuto categorial de juntor. Nesse sentido, os novos usos juntivos de agora decorrem de mudanças nos níveis morfossintático e semântico, pois se verificam alterações tanto no estatuto categorial quanto no significado do item. As alterações morfossintático-semânticas verificadas nos novos usos de agora configuram, portanto, mudanças por gramaticalização, processo de mudança linguística em que itens menos gramaticais, em contextos específicos, tornam-se mais gramaticais, isto é, passam a assumir significados internos à linguagem, significados, portanto, mais abstratos (HOPPER; TRAUGOTT, 2003).
O trânsito semântico que é típico do processo de gramaticalização resulta de inferências de significados que são possibilitadas por elementos do contexto linguístico e estão intrinsecamente relacionadas às intenções de uso da língua. Nessa perspectiva, aspectos pragmáticos revelam-se fundamentais para as mudanças de significado que acompanham o processo de gramaticalização (HOPPER; TRAUGOTT, 2003). Tendo em vista que esse processo é marcado por estágios de mudança, e, ainda, que, nesses estágios, uma forma linguística possui um significado que lhe constitui – podendo ser considerado seu significado fonte –, e outro que é inferido por motivação pragmática, a polissemia consiste em um fenômeno típico desse processo, de modo que possui extrema relevância para a investigação das origens e dos fatores condicionadores dos novos significados e funções. Para Hopper e Traugott (2003, p. 78), a polissemia consiste em uma forma de otimizar o uso da língua, à medida que permite o reaproveitamento de formas já existentes para a expressão de novos sentidos.
Na mobilização de velhas formas para novas significações, é possível identificar uma direção prevista para as mudanças morfossintática e semântica. Em geral, itens linguísticos menos gramaticais, que expressam, portanto, fenômenos mais próximos da experiência humana, são mobilizados para a expressão de conceitos mais abstratos, tornando-se mais gramaticais. Entretanto, essa unidirecionalidade depende da existência de relação semântica entre o significado fonte e o significado alvo da forma linguística em gramaticalização. Nesse sentido, nosso objetivo principal é investigar a suposta relação genética existente entre os significados primário e secundário de agora, presentes em seus usos adverbial e conjuncional. Segundo Kortmann (1997), a gramaticalização de novos juntores a partir de advérbios é bem frequente. Assim, acreditando que o uso adverbial de agora pode estar na base da constituição de seu uso conjuncional, perseguimos dois objetivos específicos: (i) explicitar a relação que existe entre o sentido da conjunção agora e os sentidos temporais do advérbio agora, relação esta que estaria na origem da derivação histórica; e, (ii) explicitar o contexto linguístico que teria favorecido a alteração na fronteira dos constituintes e a posterior reinterpretação do advérbio como conjunção. Diante desses objetivos, analisaremos as construções com agora à luz do quadro teórico da gramaticalização, aliado a um modelo de junção de base funcionalista.
Para a investigação dos novos usos de agora, utilizamos dados de fala do interior paulista retirados de inquéritos do Banco de Dados Iboruna. Conduzimos a análise dos dados a partir de uma perspectiva sincrônica, à medida que focalizamos construções de textos falados de um período de tempo particular, o século XXI.


2. Pressupostos teóricos


Processos de gramaticalização podem ser diferenciados de outros processos de mudança linguística por meio de determinadas especificidades que são típicas desse tipo particular de mudança. Para que um conjunto de mudanças linguísticas possa ser considerado um caso de gramaticalização, precisa constituir-se de mudanças tanto (morfo)ssintáticas quanto semânticas, isto é, a forma linguística que experimenta a mudança precisa sofrer alterações em seu estatuto categorial, passando a assumir novas funções no discurso, e, ainda, em seu significado, pois passa a conceituar novos fenômenos.
A transição categorial não ocorre de maneira direta, mas se configura em um processo gradual, marcado por estágios de mudança, como Hopper e Traugott afirmam: "From the point of view of change, forms do not shift abruptly from one category to another, but go through a series of gradual transitions, (...)" (HOPPER e TRAUGOTT, 2003, p. 06). De tal modo, a gradualidade constitui um aspecto importante da mudança por gramaticalização, pois evidencia a não-discretude do processo.
As mudanças semânticas que acompanham o trânsito categorial também ocorrem de maneira gradual, sendo disparadas especialmente por mecanismos de caráter cognitivo. A importância da cognição na transferência de significados é destacada por Sweetser (1991), para quem os domínios de sentido envolvidos na gramaticalização são metaforicamente relacionados, o que justifica o papel fundamental que ela atribui à cognição nesse processo. Para ela, o fato de a língua operar metaforicamente é consequência do caráter essencialmente metafórico do próprio sistema cognitivo humano (SWEETSER, 1991, p. 08). Ela enfatiza que o uso metafórico de uma palavra não é apenas um fato de linguagem, mas se relaciona também à própria comunidade de falantes, que encontra uma correspondência metafórica entre o sentido original da palavra e o novo sentido que se quer expressar. Dessa forma, a conexão de significados que atua em mudanças semânticas é, para Sweetser, essencialmente cognitiva e metafórica, evidência de que os trânsitos polissêmicos não são arbitrários. Nas palavras da autora: "Words do not randomly acquire new senses, (...). And since new senses are acquired by cognitive structuring, the multiple synchronic senses of a given word will normally be related to each other in a motivated fashion" (SWEETSER, 1991, p. 09).
Ainda sob o ponto de vista de Sweetser, ocorre, nas conexões metafóricas, a ligação entre o domínio sociofísico e os domínios epistêmico e conversacional (SWEETSER, 1991, p. 13), sendo o primeiro mais próximo da experiência humana, mais concreto, portanto, ao passo que o epistêmico e o conversacional estão mais associados a processos mentais, revelando-se mais abstratos. Por meio de projeções metafóricas, os domínios epistêmico e conversacional tendem a ser significados a partir do domínio sociofísico. Dessa forma, vemos que, para Sweetser, as mudanças semânticas, conforme se desenvolvem, são marcadas por um aumento de abstração, que pode ser justificado pela unidirecionalidade dos mapeamentos metafóricos (SWEETSER, 1991). Nesse sentido, pode-se constatar que a autora considera a projeção metafórica um importante fator condicionante das mudanças semânticas. Neste trabalho, também vemos na metáfora um dos principais mecanismos atuantes no processo de gramaticalização em estudo, de modo que a discutiremos mais detalhadamente em 2.1, juntamente com um outro mecanismo que também se mostra muito importante para as mudanças por gramaticalização.
Se, em processos de gramaticalização, as formas linguísticas assumem novos significados, a polissemia consiste em um traço marcante desses processos. Já discutimos o caráter polissêmico das mudanças por gramaticalização, retomamos esse tópico aqui para levantar outra importante questão teórica relacionada a esse processo de mudança. Acreditamos que a polissemia, por evidenciar o ganho semântico que ocorre na gramaticalização, pode se configurar em um argumento pertinente para refutar a ideia de "desbotamento" do significado (ou semantic bleaching) que é defendida em muitas abordagens de gramaticalização, como na de Meillet (1965). Segundo Longhin (2003), não só nos primeiros trabalhos sobre gramaticalização, mas também em trabalhos mais recentes, era bastante difundida a ideia de que as mudanças observadas na gramaticalização são marcadas pela perda de traços semânticos. Entretanto, o aspecto polissêmico da mudança de significado da gramaticalização não permite a total validação dessa ideia, pois ressalta a emergência de novos sentidos. Pode-se dizer que, de certo modo, ocorrem algumas perdas, pois o sentido fonte da palavra torna-se obscurecido, mas esse obscurecimento ocorre para que um novo valor semântico torne-se saliente. Nesse sentido, evidencia-se que os processos de gramaticalização desenvolvem-se por meio de perdas e ganhos semânticos, de modo que os significados não são "desbotados", mas estendidos metaforicamente. Perdas e ganhos podem ser também reconhecidos nas alterações categoriais, já que, para assumir nova (s) função (ões) morfossintática (s), o item precisa "perder" determinados traços categoriais e adquirir outros, aqueles que são típicos da função categorial que ele está passando a assumir.


2.1 O disparar da mudança: a metáfora e a metonímia


Ao investigar formas linguísticas em processo de gramaticalização, não basta identificar e denominar as mudanças categoriais e de sentido verificadas, mas, inclusive para melhor compreendê-las, percebe-se a necessidade de indagar os mecanismos que desencadeiam o processo e marcam suas diferentes etapas. Esses mecanismos, pela forma como atuam, conduzem à identificação de um princípio geral que, no âmbito da gramaticalização, pode ser considerado único e fundamental (GONÇALVES et al., 2007, p. 37) e revela uma direção esperada nos processos de mudança. Trata-se do princípio da unidirecionalidade, entendido por Hopper e Traugott (1993, p. 95) como a relação entre estágios A e B, que ocorrem nessa ordem e envolvem categorias cognitivas, na medida em que relações de sentido não são estabelecidas apenas linguisticamente, mas são dependentes também do conhecimento humano externo à linguagem.
Dessa forma, para o estudo do desenvolvimento de formas mais gramaticais, é necessária a investigação de aspectos cognitivos e pragmáticos, como Heine (1994, apud GONÇALVES et al., 2007, p. 42) afirma: "(...), é necessário analisar a manipulação cognitiva e pragmática, razão pela qual a transferência conceptual e os contextos que favorecem uma reinterpretação devem ser observados". Nesse sentido, entendemos que o estudo dos mecanismos que motivam o processo de gramaticalização é de grande importância para a investigação do percurso percorrido pelos itens até que se tornem mais gramaticais. Focalizamos, portanto, a partir de agora, dois mecanismos que levam à transferência conceptual e à reinterpretação induzida pelo contexto. Referimo-nos, respectivamente, à metáfora e à metonímia.
No processo unidirecional percorrido pelos elementos linguísticos em gramaticalização, evidencia-se a exploração de velhas formas para novas funções (GONÇALVES et al., 2007, p. 42). Pode-se observar, ainda, que as novas funções que as formas passam a assumir expressam conceitos mais abstratos, ao passo que suas funções originais conceituavam fenômenos mais concretos. Contata-se, dessa forma, um processo de abstratização de significados, que está intrinsecamente relacionado ao princípio da unidirecionalidade, uma vez que não é evidente nas línguas uma forma que exprime um conceito abstrato passar a ser empregada para a expressão de um fenômeno concreto. A metáfora consiste no mecanismo que leva a esse processo de abstratização, permitindo que conceitos próximos da experiência humana sejam empregados para exprimir conceitos mais abstratos. Nota-se, assim, a importância do processo metafórico para a mudança semântica. Sweetser (1991), inclusive, refere-se à metáfora como "a major structuring force in semantic change" (SWEETSER, 1991, p. 19).
Segundo Gonçalves et al. (2007), a metáfora que se identifica na gramaticalização diferencia-se daquela relacionada às figuras de linguagem pelo fato de que, nesse processo, não ocorre a criação de novas expressões, mas "predicações preexistentes são introduzidas em novos contextos ou aplicadas a novas situações por meio da extensão de significados" (GONÇALVES et al., 2007, p. 43). Desse modo, por meio da transferência conceptual desencadeada pelo processo metafórico, pode-se apreender uma ideia (mais abstrata) por meio de outra (mais concreta). Sweetser afirma: "metaphor allows people to understand one thing as another, without thinking the two things are objectively the same" (SWEETSER, 1991, p. 08). Entretanto, essa reinterpretação só é possível pela existência de traços linguísticos do contexto, o que revela a importância da consideração de aspectos pragmáticos no estudo de elementos em processo de gramaticalização. O mecanismo que possibilita as inferências pragmáticas necessárias para a transferência conceptual constitui-se na metonímia, que pode ser entendida como a "motivação pragmática, que envolve a reinterpretação induzida pelo contexto" (GONÇALVES et al., 2007, p. 42).
Considerando que a metonímia exerce influência no processo de gramaticalização por meio de elementos contextuais, de inferências pragmáticas, podemos dizer que esse mecanismo atua na fase polissêmica da mudança, na medida em que opera, no processo de aumento de gramaticalidade, na etapa em que a passagem de um estágio A para um estágio B está em andamento, ocorrendo, portanto, a ambiguidade dos sentidos inerentes a A e B. O processo metonímico apreende, portanto, a face não-discreta da mudança de significado, pois se trata de uma fase em que as categorias de A e B se confundem, não sendo facilmente discriminadas. A metáfora, por outro lado, é marcada por uma natureza categorial, na medida em que envolve e relaciona os grandes domínios do conhecimento humano.
Embora os mecanismos de metáfora e metonímia apresentem diferenças no modo de atuação no processo de mudança, são mecanismos complementares e fundamentais para o processo de gramaticalização, tendo em vista que, para a transferência conceptual, é necessário um conjunto de traços do contexto que conduzem à leitura de determinado sentido.


3. Análise dos dados


O levantamento dos dados resultou em 107 ocorrências que veiculam contraste e 08 ocorrências que veiculam causa, em um universo de 421 ocorrências de agora.
Os dados revelam que há ambiguidade entre os sentidos de tempo e contraste e tempo e causa. Nas construções não-perifrásticas com agora, o sentido de contraste pode ser construído a partir de diferentes manobras, que resultam em diferentes padrões contrastivos, conforme mostra a tabela 01, em que especificamos os padrões encontrados e sistematizamos sua frequência.


Tabela 01: Frequência dos padrões contrastivos de agora

TEMPO/
CONTRASTE
CONTRASTE
Oposição semântica
-
53/64 (83%)
Diferença
41/43 (95%)
-
Quebra de expectativa: refutação
01/43 (2,5%)
11/64 (17%)
Quebra de expectativa: inesperado
01/43 (2,5%)
-
TOTAL
43/107 (40%)
64/107 (60%)


À medida que os novos sentidos assumidos pelas construções perifrásticas e não-perifrásticas com agora não são os mesmos, apresentamos suas análises separadamente.


3.1 Os padrões de agora


Analisando as construções em que agora marca relações de contraste entre orações, identificamos dois padrões: aquele em que o sentido de contraste é secundário, construído em meio a relações temporais, e aquele em que o sentido de contraste é o mais saliente, conforme, respectivamente, os exemplares (01) e (02):


(01) Eu tinha um professor só, agora eu vou ter vários (Iboruna/AC-006: 24).

(02) Tem gente que pega o carro e sai pra fazer racha, agora tem gente que é mais sossegada (Iboruna/AC-044: 115).


Podemos verificar traços comuns em ambos os tipos. As construções são compostas por dois segmentos – aos quais nos referimos como variáveis X e Y – que são colocados em comparação, constituindo-se em construções binárias e paralelas, em que notamos principalmente a estrutura "X agora Y". Tais variáveis podem corresponder a procedimentos, comportamentos, qualidades, constituindo-se, sintaticamente, de orações ou conjuntos de orações. O que se verifica em quase todas as ocorrências do corpus, independentemente do que é posto em comparação, é uma relação de desigualdade entre os elementos X e Y. Nesse sentido, observamos que o contraste marcado por agora, de acordo com os dados observados, constrói-se a partir de uma relação comparativa que apresenta traços de desigualdade entre os segmentos relacionados, conforme as ocorrências (03) e (04):


(03) Antes eu pegava uma folha e punha do lado, agora eu já faço sem olhar (Iboruna/AC-003: 6)

(04) O outro quase não faz nada, nem leva para a diretoria, pode bater nele que ele não faz nada, agora os outros inspetores são bravos (Iboruna/AC-005: 10).


Em (03), temos em contraste o procedimento utilizado pelo informante para realizar alguma atividade. Podemos dizer que estão sendo comparados dois procedimentos referentes à mesma tarefa: procedimento 1 (punha a folha ao lado) versus procedimento 2 (faço sem olhar). Em (04), por sua vez, nota-se a apresentação de uma desigualdade entre o comportamento de dois sujeitos.
A comparação contrastiva estabelecida por agora é reforçada por diversos elementos textuais verificados nos dados. É recorrente o uso da expressão não mais ou apenas do advérbio não para marcar a(s) diferença(s) entre X e Y, como observamos nas construções de (05) a (07):


(05) Ia ter piscina, agora não vai mais. (Iboruna/AC-010: 30)

(06) Ele deu aula pra mim na quinta e na sexta série, agora ele não tá dando mais porque ele já aposentou. (Iboruna/AC-016: 46)

(07) Tem quatro pessoas que eu vou sentir muita falta, sabe? Quando eu terminar o ano, agora o resto não. (Iboruna/AC-042: 102)


Encontramos também ocorrências em que termos ou expressões linguísticas levam a uma leitura de contraste, como se observa no exemplo (04), mencionado anteriormente, em que a expressão não fazer nada é colocada em oposição a ser bravo.
Embora seja possível identificar aspectos comuns nas ocorrências em que temos uma relação polissêmica entre tempo e contraste e naquelas em que o sentido de contraste é predominante, encontramos particularidades em cada uma das situações, configurando diferentes padrões de uso de agora, que serão explorados a seguir.
Nas construções associadas ao padrão de tempo/contraste, verifica-se o cotejo entre dois momentos no tempo, um momento anterior e o momento presente, posterior (antes versus agora). Nesse sentido, o contraste é estabelecido não apenas entre os segmentos X e Y, mas se dá também entre os momentos em que esses elementos estão inseridos no tempo. Assim, o que está em desigualdade, num primeiro plano, são as relações temporais, e, a partir delas, as mudanças observadas entre o momento anterior e o posterior, consequentemente, podem também ser interpretadas como constrastivas.
Apesar de estar em segundo plano, a leitura de contraste nessas construções em que agora ainda se caracteriza predominantemente pelo sentido de tempo revela que esse termo está ganhando um valor mais gramatical, em relação a seu sentido original de advérbio de tempo (menos gramatical).
Entre as construções polissêmicas (tempo/contraste), encontramos algumas em que há uma forma específica de marcação de contraste, por meio de uma atitude valorativa do falante em relação à mudança que ocorreu no tempo. Em geral, notam-se mudanças para estados ou condições melhores do que os anteriores, como vemos no exemplo (05), mencionado acima, e também nas construções (08) e (09):


(08) Eu nunca tive noção de como preencher um cheque, agora eu tenho noção de preencher um cheque nominal, cheque cruzado... (Iboruna/AC-039: 91)

(09) Não era muito boa não (a casa), era bem pequena, mas agora é bem melhor (Iboruna/AC-046: 121).


Foram observadas algumas construções (também marcadas pela ambiguidade tempo/contraste) que apresentam outro tipo de contraste, em que não se verifica o paralelismo em sua estruturação, como ocorre com a maioria das sentenças marcadas pelo contraste estabelecido por agora. Nesses outros tipos de construção, também ocorre o confronto temporal entre uma situação anterior e uma situação atual, entretanto, envolve-se nesse confronto uma pressuposição, que é condição para a leitura de contraste. Para refletirmos sobre esse tipo de construção, tomemos as sentenças (11) e (12), que representam esse caso:


(11) Doc.: e você vai pra fazenda?
Inf.: eu ia, agora meu vô vendeu a fazenda e comprou uma mini em Minas. (Iboruna/AC-005: 8)

(12) Ele tinha ido pro C.D.P. três vezes, essa é a quarta, agora não sabemos se ele vai sair agora. (Iboruna/AC-039: 89)


No exemplo (11), as informações explícitas apresentadas pelo informante não são diretamente contrastivas, o que permite a identificação de contraste entre elas é o pressuposto de que, se o avô vendeu a fazenda, o informante não vai mais. Essa conclusão não é explicitada pelo falante, mas pressuposta pelo seu interlocutor na situação comunicativa.
De modo parecido, em (12), o contraste se estabelece por meio de uma pressuposição: se ele havia ido para o local em questão três vezes e em todas elas ele conseguiu sair, o interlocutor pode pressupor que certamente na quarta vez ele também sairá. Prevendo essa conclusão do interlocutor, o falante se antecipa e a refuta, dizendo que não se sabe se dessa vez a pessoa de quem se fala conseguirá sair.
É possível notar que, embora em ambos os casos verifiquemos uma pressuposição condicionando a leitura de contraste – pois os elementos postos em comparação não são diretamente contrastivos –, há uma diferença na forma como o valor contrastivo é construído. Em (11), a informação apresentada em Y conduz a uma conclusão contrária à situação anterior ("ia" versus "não vou mais"), o que permite considerar Y um acontecimento inesperado, que dispara uma surpresa no interlocutor. Em (12), a pressuposição é consequência da informação trazida pelo elemento X, e é por meio da refutação desse pressuposto que se constrói o sentido de contraste.
À medida que nas duas situações representadas por (11) e (12) é necessária a recuperação de uma informação pressuposta para a leitura de contraste, podemos argumentar que o sentido de contraste, nessas ocorrências, é gerado por quebra de expectativa; no primeiro caso, em decorrência de um acontecimento inesperado, no segundo, decorrente de uma refutação.
Podemos distinguir, portanto, dois padrões de contraste estabelecido por agora em meio a relações temporais: (i) emprego de agora como marcador de diferença, e, neste caso, podemos ainda reconhecer casos em que há uma atitude valorativa do informante diante da mudança ocorrida; (ii) agora gerando quebra de expectativa em duas diferentes situações: (a) pela marcação de um acontecimento inesperado que vai de encontro a um pressuposto; (b) pela refutação de informação pressuposta.
Analisando os dados em que o sentido de contraste é o mais saliente, passando para o primeiro plano no nível semântico, notam-se construções que também promovem uma relação de desigualdade entre os segmentos X e Y, não havendo, entretanto, relações temporais entre eles. Dessa forma, são apenas os comportamentos, as situações, as características, entre outras questões postas em comparação, que estão em desigualdade, e não mais o tempo. Ainda podemos verificar a estrutura "X agora Y" nessas construções, mas agora, nesse caso, não está mais mediando uma relação temporal de anterioridade e posterioridade. Verifica-se, assim, uma mudança gradual de agora, que, enquanto relaciona X e Y no tempo, possui valor menos gramatical, e, ao mediar somente relações de contraste, passa a ser mais gramatical, no sentido de que é mais abstratizado.
Encontramos nos dados em que predomina o sentido de contraste duas formas de construção da relação de desigualdade. Uma delas pode ser considerada a oposição semântica, na medida em que itens ou expressões lexicais conduzem a direções opostas de sentido, tal como ocorre no exemplo (04), já mencionado, e ainda nas ocorrências (13) e (14):


(13) Doc.: ah, e nem conta nada [que ela gosta de alguém]?
Inf.: [nem conta] agora já minha outra irmã fala tudo. (Iboruna/AC-017: 44)

(14) A área que eu estudo é nova, foi construída recentemente, reformaram tudo, então tá tudo novinho, agora tem a área mais antiga assim onde as madres assim moram. (Iboruna/AC-042: 101)


Em (04), (13) e (14), temos a oposição de significado entre "não fazer nada" versus "ser bravo", "não contar nada" versus "falar tudo" e "área nova" versus "área antiga", respectivamente.
No outro modo de construção de contraste verificado, encontramos uma negação explícita que introduz uma diferença entre o que foi dito e o que vai ser exposto, como verificamos em (15) e (16):


(15) A educação que tem lá não é muito legal não, ter uma educação física é uma coisa pra brincar, agora lá no Equilíbrio não, era educação física mesmo, jogava já handebol. (Iboruna/AC-006: 27)

(16) Ah, ele é muito lerdo, (...), ele não chega na menina, conversa, agora aquele lá não, aquele lá já fica com um monte de menina, ele conversa. (Iboruna/AC-016: 42)


Verificamos nesses dados que, seguindo a negação explícita, é apresentada uma informação que contrasta com o enunciado anterior e, ao mesmo tempo, explica a negação. Assim, especificamos o sentido de contraste observado nesse caso argumentando que ele é construído por meio da refutação de uma ideia anterior. Neste caso, entretanto, diferentemente do contraste gerado pela quebra de expectativa por meio da refutação de uma informação pressuposta, que discutimos acima, a refutação é feita a uma informação anterior explícita.
Identificamos, desse modo, dois principais tipos de contraste nos dados em que esse sentido é o predominante: (i) contraste por oposição semântica; (ii) contraste por refutação.


3.2 Os padrões de agora que


No corpus analisado, encontramos 19 ocorrências em que agora e que são contíguos, dentre as quais pudemos identificar diferentes tipos de relação entre agora e que. Em alguns casos, essa relação é mais estreita, de modo que os termos estão fortemente ligados; em outras construções, a relação entre os dois elementos é mais independente e, portanto, o vínculo entre eles não é tão saliente. Observamos que as diferentes relações verificadas entre os itens configuram três padrões distintos de uso de agora que.
No padrão em que a relação entre agora e que se dá de forma mais independente (21% das ocorrências), observamos que o tempo, expresso pelo advérbio agora, é focalizado pela marca de clivagem que, não formando uma perífrase, como vemos em (17):


(17) a gente não teve muita amizade, e eu pequenininha sempre fazia alguma coisa pra chamar a atenção, pegava as coisas dela, deixava quebrar sem querer, era perfume caindo pro chão, e ela sempre brigando comigo, me batendo, aquela discussão, AGORA que a gente tá se entendendo (Iboruna/AC-024: 64).


Nesse caso, do qual (17) é um exemplo típico, verifica-se a manobra de clivagem, recurso linguístico que destaca um elemento da oração por meio do uso de que ou quem. Percebemos a independência entre agora e que pelo fato de não haver perda gramatical se retirarmos que da oração. O seu uso, entretanto, desencadeia consequências importantes para o significado, pois consiste em uma estratégia de focalização, que, ao colocar em foco um determinado elemento, acaba excluindo outro, disparando, consequentemente, o sentido de contraste por exclusividade.
Analisando os segmentos que são relacionados por agora que em (17), verificamos uma relação entre dois momentos no tempo: um momento anterior, marcado por discussões, e um momento atual, posterior, em que dois sujeitos se entendem e, portanto, vivem uma situação diferente daquela marcada por brigas.
O segundo tipo de construção observado no corpus também se constitui de uma relação mais independente entre agora e que. Nesse caso (correspondente a 16% do total de ocorrências), que inicia uma oração cuja função é especificar o tempo expresso por agora. Tomemos (18) e (19) como exemplos.


(18) você deixa acabar a mercadoria logo agora que tá engrenando, que tem que mandar embora isso daí até o final da semana... (Iboruna/AC-063: 172)

(19) se eu sempre fui bom, agora que eu arrumei uma coisa boa pra mim, por que vocês num me liberam? (Iboruna/AC-063: 174)


Em (18) e (19), as orações introduzidas por que particularizam o momento presente indicado por agora, apresentando características típicas daquele momento a que os falantes se referiam. Além disso, nos dois exemplos citados, podemos observar um caráter argumentativo nessas orações que especificam o sentido de agora, pois, ao mesmo tempo em que o fazem, constituem-se em argumentos para convencer o interlocutor de que algo deve ou não acontecer. Em (18), o fato de algo estar engrenando, provavelmente um estabelecimento comercial, é apresentado como um motivo para que não se deixe faltar mercadoria. A esse argumento o falante adiciona outro, também iniciado por que, referente à necessidade de cumprir um prazo estipulado. No exemplo (19), por sua vez, nota-se na oração que eu arrumei uma coisa boa pra mim a apresentação de um aspecto favorável à liberação do falante.
Nesse padrão de agora + que, verificamos que os dois itens ainda não formam uma expressão perifrástica, pois ainda há certo grau de autonomia entre eles. Entretanto, podemos dizer que essa independência não é tão saliente quanto nas construções clivadas com agora + que, pois, enquanto nestas há a possiblidade de eliminação de que sem perda gramatical, nas construções em que há uma especificação do tempo a exclusão de que gera maiores consequências para o sentido, à medida que a ausência do segmento especificador leva à sensação de ausência de uma complementação do sentido de agora. Imaginemos que nas construções (18) e (19) não houvesse a oração iniciada por que e fossem assim constituídas:


(18') você deixa acabar a mercadoria logo agora...

(19') se eu sempre fui bom, por que vocês num me liberam agora?


Nessas paráfrases, o leitor pode indagar o que, no momento em que tais enunciados foram formulados, faz com que a mercadoria não possa acabar e o que há/acontece nesse tempo para que o falante seja liberado, além do fato de sempre ter sido bom.
Nesse sentido, é possível que o uso contíguo de agora e que, mesmo com certa autonomia entre os dois itens, consista em um fator condicionante para a formação da perífrase agora que, na qual há uma relação intrínseca entre os dois componentes, como vemos em (20) e (21).


(20) ele falou que todo ano ele vai, agora que ele gostou bastante. (Iboruna/AC-037: 82)

(21) agora que eu já aprendi tudo, as pessoas chegam lá na loja, é muito mais fácil de atender. (Iboruna/AC-069: 187)


Essa relação dependente entre agora e que configura o terceiro padrão identificado nos dados, em que se observa dois segmentos (X e Y) vinculados pela perífrase. Nota-se, nas construções típicas desse padrão (63% das ocorrências de agora que), que o sentido de tempo é saliente, de modo que ainda se pode recuperar um traço de advérbio em agora. Entretanto, analisando os valores semânticos de cada segmento, podemos também identificar uma relação do tipo causa e efeito, em que agora que sempre introduz o valor causal. Ao desempenhar a função de vincular orações, a perífrase assume, consequentemente, o estatuto de juntor, o que evidencia a gramaticalização do item, pois se percebe que, a partir do sentido de tempo, expresso pelo advérbio agora, esse item, em seu uso perifrástico, está caminhando para o sentido de causa, tipicamente indicado por juntores, que se situam num domínio mais gramatical do que o domínio dos advérbios. Dessa forma, em (20) o fato de ele ter gostado bastante de determinado lugar consiste em uma causa que teve por efeito seu desejo de ir a esse local todo ano. No mesmo sentido, em (21), a facilidade sentida pelo informante para atender os clientes resulta do fato de já ter aprendido tudo.
A análise das ocorrências compostas por agora + que permitiu a distinção entre três padrões decorrentes do tipo de relação verificada no uso contíguo dos itens: (i) agora + que expressando contraste por focalização (clivagem); (ii) agora + que em construções do tipo: advérbio + oração que especifica o tempo expresso pelo advérbio; (iii) agora que veiculando, de modo ambíguo, os sentidos de tempo e causa.


4. Os caminhos da mudança semântica


Lançando mão das considerações de Kortmann (1997) a respeito de afinidades existentes entre determinados domínios semânticos, buscamos, neste seção, evidenciar os caminhos que foram percorridos por agora e agora que em seu desenvolvimento de novos usos.
Segundo Kortmann, o domínio semântico de tempo é o canal de derivação que mais promove relações de causa, condição, contraste e concessão (CCCC). O esquema abaixo, do autor, explicita esse trânsito semântico:

TEMPO
CCCC

No domínio de CCCC, de acordo com o autor, ocorre um aumento de gramaticalidade que conduz a um aumento de complexidade cognitiva. Analisando as novas construções com agora, constatamos que a direção tempo > CCCC se confirma, bem como se pode reconhecer uma expansão gramatical e cognitiva, à medida que seu significado original (fonte) é tempo, mas, em construções mais recentes, o item sustenta relações de causa e contraste. Nesse sentido, podemos reconhecer causa e contraste como significados secundários, derivados de tempo.
Considerando a compreensão, já discutida, de Sweetser (1991), de que a metáfora, realizada pela cognição humana, impulsiona as mudanças semânticas, podemos explicar os trânsitos tempo > contraste e tempo > causa como mapeamentos metafóricos que, de origem cognitiva, levaram agora a assumir valores causais e contrastivos.
Não é, entretanto, em qualquer construção com agora que esses sentidos podem ser identificados. As projeções metafóricas são induzidas por contextos específicos, dependendo, portanto, de inferências pragmáticas. Nesse sentido, os padrões polissêmicos nos possibilitam evidenciar os caminhos da mudança semântica. Já constatamos que esse percurso envolve os trânsitos tempo > causa e tempo > contraste; resta saber quais traços contextuais favorecem a passagem de A (tempo) para B (causa ou contraste). Quando analisamos as construções não-perifrásticas com agora, verificamos diversas ocorrências marcadas pelo padrão tempo/contraste, composto por segmentos que promovem uma relação de desigualdade temporal, pois é efetuada uma comparação entre um momento anterior e um momento atual, posterior. Não só as relações temporais, entretanto, estão em desigualdade, mas há diferenças também entre os acontecimentos envolvidos no tempo, de modo que se configura uma relação ambígua entre tempo e contraste. Nesse sentido, acreditamos que os contextos em que se desenvolve uma relação de anterioridade e posterioridade favorecem o processo metonímico de reanálise de agora como juntor contrastivo, e a polissemia entre a desigualdade no tempo e a desigualdade entre os acontecimentos inseridos no tempo possibilitou que o item assimilasse o valor contrastivo, de modo que, mesmo em contextos não constituídos de relações temporais, agora pode perder o significado temporal e assumir o sentido de contraste.
Nas construções perifrásticas com agora, por outro lado, não se observou em nenhuma ocorrência o obscurecimento total do sentido de tempo. Entretanto, em contextos nos quais se indica uma razão para um efeito (ou consequência), além da leitura de tempo, valida-se também a leitura de causa e agora que é reanalisado como locução conjuntiva.


Considerações finais


À medida que as metáforas tempo > causa e tempo > contraste revelam a abstratização de significados que está acompanhando as mudanças semânticas de agora, vemos que o caso de gramaticalização investigado neste trabalho confirma o princípio da unidirecionalidade, considerado fundamental nesse tipo de mudança linguística.
As relações de anterioridade e posterioridade, bem como as relações de causa e consequência, revelaram-se contextos favoráveis à reinterpretação do advérbio como conjunção. Nesse sentido, pudemos reconhecer a importância de fatores pragmáticos no processo de gramaticalização. Aspectos semânticos e cognitivos também se mostraram fundamentais, especialmente no que diz respeito ao caminho da mudança de sentido percorrido por agora.
Os padrões de polissemia evidenciaram a não-discretude e a gradualidade do processo, que não está acabado, à medida que os novos significados assumidos por agora ainda não foram convencionalizados, dependendo ainda de inferências conversacionais para que despertem no discurso.

FERRARI, Luísa. Gramaticalização de juntores paratáticos: os padrões de uso de agora. Mosaico. São José do Rio Preto, v. 14, n. 0, p. 0-0, 9999.

GRAMMATICALIZATION OF PARATACTIC JUNCTURES: USAGE PATTERNS OF AGORA


ABSTRACT: This article presents a study of juncture constructions with agora (que), which constitute a case of grammaticalization, process of linguistic change in which more grammatical functions and meanings arise. In the extent of meaning, the constructions studied here experience the metaphorical change time > cause and time > contrast. In the extent of morphosyntax, it is observed the categorial fluctuation from adverb to juncture.

KEYWORDS: grammaticalization; junction; polysemy.


Referências Bibliográficas:

GONÇALVES, S. C. L. et al. Tratado geral sobre gramaticalização. In: Gonçalves, S. C. L.; Lima-Hernandes, M. C.; Casseb-Galvão, V. C. (orgs). Introdução à gramaticalização: princípios teóricos e aplicação. São Paulo: Parábola editorial, 2007.

HOPPER, P.; TRAUGOTT, E. Grammaticalization. Cambridge: Cambridge University Press, 2003.

KORTMANN, B. Adverbial subordination: a typology and history of adverbial subordinators based on European languages. New York: Oxford University Press, 2007.

LONGHIN, S. R. A gramaticalização da perífrase conjuncional só que. Campinas, 2003. Tese (Doutorado em Linguística) – IEL - UNICAMP.

NEVES, M. H. M. Gramática de usos do português. São Paulo: Editora UNESP, 2000.

SWEETSER, E. From etymology to pragmatics: metaphorical and cultural aspects of semantic structure. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.