Grito de Esperança pela Amazônia – Manifesto

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Manifesto da Campanha - Grito de Esperança pela Amazônia Carta aberta à ONU pela criação do Ano Internacional da Amazônia.    

foto: João Meirelles Filho

A nossa campanha se inaugura com esta carta em que solicitamos à Organização das Nações Unidas que declare o Ano Internacional da Amazônia. Tratase de um gesto de amor. A nossa iniciativa atende à necessidade do urgentíssimo respeito que a Amazônia clama, diante das ameaças cada dia mais graves a seus povos, suas florestas e suas águas. A Amazônia é a casa de mais de 30 milhões de pessoas, em seus verdes nove países da América do Sul – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, França (Guiana Francesa), Guiana, Peru, Suriname e Venezuela –, abrigando mais de 400 povos originais, cada qual com a sua cultura e conhecimentos associados à biodiversidade. Nos últimos 50 anos, aumentou substancialmente a pressão sobre os povos tradicionais e perdemos 1 milhão de km2 dos 7 milhões de km2 de floresta amazônica (a área desmatada equivale a toda Região Sudeste do Brasil). Quatro quintos do desmatamento e das queimadas resultam do forte crescimento do consumo de carne bovina, o que significou, apenas na Amazônia Brasileira, aumentar o rebanho de 2 milhões a 80 milhões de cabeças. A Ciência afirma faz tempo que a Amazônia desempenha importante papel no equilíbrio climático global e, contudo, poderá entrar em colapso se persistir o processo de exploração desenfreada de seus recursos.

Em menos de 5% da área terrestre, esta nossa última grande floresta tropical do planeta, protege mais de ¼ das águas doces superficiais e 25% da biodiversidade. São mais de um trilhão de árvores que pedem proteção e inumeráveis plantas e animais, muitas ainda desconhecidas, porventura de virtudes preciosas. Se a Amazônia é reconhecida pela sua relevância ambiental e o potencial econômico de seus recursos naturais, poucos consideram sua diversidade cultural, populações tradicionais e as enormes e crescentes desigualdades sociais. Estas desigualdades resultam em conflitos culturais, conflitos fundiários, marginalização econômica, desigualdade no acesso a serviços e, principalmente, o que dificulta populações tradicionais amazônicas de tomar decisões sobre suas próprias vidas. Se a concentração do poder e da riqueza nos nove países amazônicos está entre as maiores do mundo, na Amazônia esta relação é ainda mais injusta e evidente. O isolamento e a falta de segurança territorial da maioria dos mais de 6 milhões de índios, quilombolas e caboclos, e da população rural pobre, aumenta este desequilíbrio. Não precisamos justificar a proteção da Amazônia: Só a sua valiosa existência já exige extremo cuidado com a sua vida, importante para as presentes e futuras gerações! (Falamos em nome das crianças que ainda vão nascer.) A sua beleza e a sua cultura, resultante de cem séculos de convívio do Homem com a Floresta, são valores que exigem cuidado e a sua conservação. Este manifesto tem raiz antiga: a dolorosa experiência e a indignação moral pela destruição de milhões de indígenas e a maior parte dos biomas brasileiros, entre os quais destaca-se a eliminação de mais de 93% da Mata Atlântica (que já recobriu 1,5 milhão de km2 do Brasil). Não podemos aceitar que a floresta amazônica e seus povos tenham o mesmo destino. É preciso dar fim, em nome da vida e da própria grandeza da condição humana, ao perverso desmatamento, às queimadas e à poluição indiscriminada das águas. Como cidadãos do planeta, sentimo-nos extremamente perplexos com o fato de que a declaração da ONU de 2011 como o Ano Internacional das Florestas, haja mobilizado tão poucos brasileiros. Por isso que nos reunimos como signatários desta Campanha, que é também um brado pela conscientização, e para que a ONU estabeleça o Ano Internacional da Amazônia. É preciso que cada ser humano, reflita sobre o impacto de nossas ações, fruto da ambição e da cobiça, sobre a Amazônia. Indivíduos, organizações e países, consideremos a relevância da responsabilidade nossa, de legarmos às futuras gerações uma Amazônia melhor, mais justa, mais bela e mais querida do que aquela que recebemos. O Grito de Esperança pela Amazônia é um chamado mundial. Vamos dar a nossa voz e gritar pela Esperança. Participe desta campanha e assine a lista abaixo. 5 de novembro de 2011, por ocasião da 3a Edição do Grito de Frans Krajcberg, pelo Ano Internacional das Florestas, em Nova Viçosa, BA. Frans Krajcberg, artista plástico, Nova Viçosa, BA Thiago de Mello, poeta e escritor, filho da floresta, Barreirinha, AM João Meirelles, escritor e diretor do Instituto Peabiru, Belém, PA A carta também foi assinada por diversas pessoas, entre as quais, o jornalista André Trigueiro, os artistas Christiane Torloni e Vitor Fasano, a cineasta Regina Jeha, o ambientalista Mario Mantovani, entre outros.

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