Grupo It ou Garotas do Contrera e Cia. - Proposta de ordem geral

September 14, 2017 | Autor: Rodrigo Contrera | Categoria: Teatro
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Olá, pessoal
Espero que as festas tenham sido proveitosas e também as férias (para alguns ou mesmo a maioria).
Tenho acrescido diversas atrizes e atores ao grupo e amadurecido uma série de questões. Muitas dessas questões são apresentadas em posts neste grupo. Mas, aos recém-inseridos, diversas questões devem estar meio vagas. Por isso precisei escrever este texto, que encimará o grupo, tal como em outros grupos que existem no face. Estes esclarecimentos não dizem respeito necessariamente ao método do grupo, sobre o qual venho postando textos seguidos, também no Academia.edu. São encaminhamentos de ordem geral.
Sim, temos mais de 60 membros. Todos eles são atores e atrizes? Não. Vários são pessoas que por algum motivo se interessam em seguir nossas atividades. Algumas dessas pessoas jamais farão cenas.
Não, para participar do grupo não se exige qualquer exclusividade. Todos os que estão no grupo vivem de suas próprias atividades. O grupo surgiu para que eu pudesse criar cenas para amigas e amigos que não tinham como nem o que apresentar no palco. Com o tempo, minha dedicação às atividades do grupo aumentou. Mas não passei a cobrar necessariamente o mesmo de ninguém. Em resumo, quando o ator/atriz aceita participar ele apenas se compromete a, se aceitar uma cena que eu lhe fiz, encená-la no Club Noir (Augusta, 331) uma determinada terça-feira, no Sarau da Terça, da Ivone FS (realizado normalmente na última terça de cada mês). Todo o sistema de criação da cena, atribuição, ensaio e direção é, por enquanto, meu.
Somos tantos grupos quanto duplas ou trios formados para criação e montagem das cenas. Ou seja, não somos UM grupo que se reúne frequentemente em algum lugar qualquer para montagem de uma peça (por exemplo) e apresentação em algum lugar específico (tipo um teatro). Não. Somos dezenas de grupos formados por duplas ou trios que, quando têm cena a apresentar, se reúnem onde for possível e conveniente para cada um para ensaios pontuais direcionados à apresentação de uma cena específica. Não há lugar específico para nos reunirmos, nem dia ou horário. Tudo isso, quem determina são os envolvidos na cena (os atores/atrizes e o diretor). Isso não quer dizer que eu não acredite em ensaios continuados (acredito), nem que não passe pela minha cabeça realizar peças com elencos bem maiores (passa), mas por enquanto esse não é o foco principal do grupo.
Praticamente todos os atores/atrizes do grupo eu os/as convido pessoalmente. Existem membros que eu não conheço pessoalmente (principalmente de outros estados) e membros que eu não vejo há muito tempo (amigos que por outros motivos se interessam bastante ou nem tanto pelo teatro do grupo), mas eles são minoria. Eu preciso conversar primeiro com muitas pessoas do grupo para sentir que vale a pena convidá-las a participar. Se não sinto segurança na pessoa ou um mínimo de comprometimento não continuo a indicar o meu grupo a ela.
Não existe um método prévio e fechado para os trabalhos do grupo. Existe uma proposta, sim, que é a que eu disponibilizo nos textos X e X. Mas essa proposta é oriundo mais da história do grupo e de minhas convicções derivadas do trabalho com as duplas e trios do que de um convencimento fechado e inamovível para um futuro trabalho com cenas e peças. Isso é assim porque, conforme a proposta inicial, a ideia sempre foi simplesmente fazer cenas realistas (ou não realistas), sem que elas necessariamente seguissem algum método ou proposta específico. O encaminhamento em direção a um método ou processo de certa forma similar ao do polonês Grotowski foi posterior, e eu ainda estou amadurecendo a ideia. Quem tem me acompanhado nos últimos meses sabe muito bem o quanto estou convencido disso que venho fazendo nos ensaios e nas próprias cenas, mas isso não quer dizer que eu tenha uma camisa de força para cada um/a, que se a pessoa não seguir irá levar a um posterior desinteresse de minha parte em fazer cenas com essa pessoa. Não tem nada disso. Há atrizes/atores que não têm interesse ou mesmo condições de trabalhar o método com o qual venho trabalhando. Há outras (atrizes/atores) que não ligam tanto para isso, simplesmente. Já há quem só quer trabalhar dessa forma. Tudo bem. Com cada um/uma trabalho da forma mais interessante, de forma a tudo acabar se traduzindo numa cena a ser apresentada rapidamente e por enquanto apenas uma vez.
Os atores/atrizes do grupo não vivem, salvo algumas exceções, da profissão de ator/atriz. A maioria vive de outras atividades e nem sabe se quer realmente se dedicar de corpo e alma ao ofício de atuação. As formações também são extremamente variadas. Há quem tenha curso superior em artes cênicas, outros por outro lado têm cursos técnicos, há quem nunca tenha feito curso nenhum e outros que fazem oficinas diversas por aí, com gente mais e menos conhecida. Há quem tenha um conhecimento bastante bom de peças de teatro e de filmes, assim como de literatura teórica sobre o assunto. Há quem não conheça praticamente nada. Vários nem têm tanto interesse assim em estudar peças ou livros teóricos ou metodológicos sobre o assunto. Muitas atrizes/atores do grupo são bastante tímidas/os e tendem a se deixarem levar pelas opiniões de quem sabe mais do que elas/es. Eu mesmo tenho um conhecimento bastante bom sobre peças (em várias línguas) e teoria, mas não é minha intenção fazer disso um diferencial, seja lá qual for o objetivo. Minha função é apenas conversar, fazer cenas, atribuir papéis, dirigir e criar as condições para a encenação no Club Noir. Quase todos os atores/atrizes não se conhecem entre si – nem isso é tão necessário, ao menos por enquanto.
Não recebo pagamento de ninguém. Não recebo nada das encenações no Noir. Não alugo (salvo casos especiais) salas para nossos ensaios. Não tenho a intenção de colocar minha mão no bolso para fazer o grupo, como todos esperam, DAR CERTO. Para mim o grupo já dá certo, em sua proposta e nas atividades desenvolvidas. O grupo tem 1 ano e pouco e mais de dez cenas já foram apresentadas no Noir, com envolvimento de várias das atrizes/atores do elenco. As cenas foram, muitas delas, fotografadas, e os textos estão comigo (a quem quiser, posso passar). Não costumo passar textos de duplas específicas para outros membros, pois considero que faço as cenas para os atores/atrizes em particular, que podem apresentá-las onde e quando quiserem. Salvo exceções, nenhuma cena do grupo está registrada na Biblioteca Nacional. Tenho muitas outras pequenas peças que ainda não foram encenadas pelo grupo ou por mais alguém, e estou em fase de atribuí-las a atrizes/atores do grupo para posteriores apresentações. Mas esse não é por enquanto o foco do grupo.
Tenho parceiros em diversas áreas envolvendo o grupo. O Marcos Loureiro, um puta diretor com que trabalhei e que costumo encontrar no Teatro Cemitério de Automóveis, do Mário Bortolotto, é um. O Louro dispõe-se a dirigir duplas sempre que puder ajudar. Já o Allan é um videomaker e diretor que acredita em minha proposta (inclusive com aquele método e processo sobre o qual falei) e que pretende trabalhar conosco de alguma forma. Existem diversos grupos com que tenho entrado em contato e com os quais pretendo trabalhar posteriormente (alguns já são parceiros). Esses grupos são, por exemplo, o do autor Marcos Gomes, o Pandora (de Perus), a Confraria da Paixão (da Barra Funda), o Hypocritas (de Carapicuíba), etc. Tenho uma proposta de apresentar nossas cenas em CEUs da periferia, mas isso é algo para o futuro (médio ou longo prazo, vai depender do andar da carruagem). Ninguém precisa se sentir comprometido com nada. Eu nunca obrigo ninguém a fazer nada só porque está no grupo ou fez cena criada ou dirigida por mim.
Estou desenvolvendo uma proposta formal para o trabalho do grupo, e para isso até estou conversando com antigos colegas de Filosofia. Mas isso está engatinhando e pode não dar em nada de específico. Mas já penso em concorrer a editais (estou montando uma empresa para trabalhar também com isso) e a nos apresentarmos em festivais (claro que cada caso é um caso). Minha intenção é criar um sistema todo próprio de trabalho, e com ele direcionar o foco de minhas criações (cênicas) e o trabalho do grupo a longo prazo. Mas não penso em desistir, de forma alguma, da proposta inicial (a criação de cenas para apresentação em bares). Simplesmente as coisas foram ficando mais sérias do que eu imaginava, e para isso preciso investir em minha formação e no direcionamento do trabalho em que eu realmente acredito.
O grupo não desenvolve oficinas. Não me interesso, muito especialmente, pela formação pregressa da atriz/ator que faz parte do grupo. É muito legal lidar com gente que sabe bastante, inclusive de trabalho de corpo, técnicas vocais, técnicas de ensaio, etc., mas não considero que isso seja tão importante assim, por enquanto, para o desenvolvimento das cenas. Eu aprendi a me guiar, no grupo, principalmente por minha sensibilidade, bastante aguçada. E é nela que me fio para orientar os atores/atrizes nas cenas específicas. Mas não desconsidero de forma alguma a importância das técnicas e da experiência. Simplesmente a gente lida com gente muito variada, e, se eu for privilegiar quem sabe mais, eu irei aos poucos desistindo de quem possa estar com muito mais interesse e gana que qualquer outra coisa. Existe no grupo quem não sabe realmente nada. Mas e daí? Se a atriz/ator quiser mesmo atuar, por que é que eu deveria levar em conta isso para atribuir-lhe uma cena em particular? Claro, se a pessoa não sabe nada (ou muito pouco), também não posso exigir demais. Mas só isso. Eu mesmo, quando comecei, não sabia NADA (mesmo). E hoje, graças aos diretores que confiaram em mim, atuo (com muitas limitações, claro) e agora até dirijo (algo que nunca me ocorreu). O maior erro que eu vejo por aí é excesso de ego, em atores/atrizes e diretores, e o problema não é necessariamente o tanto de conflito que surge disso, mas o efeito que isso causa nas pessoas (arrogância, queda de autoestima, medo, descrença, hipocrisia, etc.).
Sou um cara comum, formado em Jornalismo e Filosofia, com pós incompleta em Comunicação e Ciência Política. Também faço traduções. Não me considero especial, mas pela primeira vez na vida encontrei aqui uma forma de dar vazão à minha sensibilidade extremamente aguçada. E isso eu faço no palco, atuando e dirigindo outras pessoas. Não acredito em fórmulas. Não me sujeito ao saber alheio. Rendo-me a qualidades pessoais que aprendo a admirar e que são, em última instância, intransferíveis. Tendo a não acreditar em boas intenções (nem mesmo nas minhas). Acredito em que a melhor forma de provar algo é fazendo. Essa é uma filosofia bem punk. Não tenho admiração especial por quem diz que tem medo, principalmente se a pessoa não sabe que medo é esse. Acredito em compromisso. Se a pessoa promete e não cumpre cava sua própria sepultura.
Teria muito mais a acrescentar, mas isto aqui está ficando muito prolixo. Espero que com isso algumas questões, para alguns/mas, estejam mais claras e/ou resolvidas.
Para janeiro, haverá cena – só não sei ainda qual nem com quem.
Abraços, beijos
Contrera

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